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1. Conhecer os tipos de fibra muscular esqueléticas e suas características de contração; O músculo consiste em dois tipos de células musculares: fibras rápidas glicolíticas e fibras lentas oxidativas As fibras vermelhas são também chamadas de Tipo I ou de contração lenta e as brancas de Tipo II ou de contração rápida. FIBRAS DE CONTRAÇÃO LENTA (Tipo I) - Sistema de energia utilizado: AERÓBICO; - Contração muscular lenta; - Capacidade oxidativa (utiliza o oxigênio como principal fonte de energia); - Coloração: Vermelha (devido ao grande número de mioglobina e mitocôndrias); - São altamente resistentes à fadiga; - São mais apropriadas para exercícios de longa duração; - Predomina em atividade aeróbicas de longa duração como natação, corrida. FIBRAS DE CONTRAÇÃO RÁPIDA (Tipo II) - Sistema de energia utilizado: ANAERÓBICO; - Alta capacidade para contrair rapidamente (a velocidade de contração e tensão gerada é 3 a 5 vezes maior comparada às fibras lentas); - Capacidade glicolítica (utiliza a fosfocreatina e glicose); - Coloração: Branca; - Fadigam rapidamente; - Gera movimentos rápidos e poderosos; - Predomina em atividades anaeróbicas que exigem paradas bruscas, arranques com mudança de ritmo, saltos. Ex.: basquete, futebol, tiros de até 200 metros, musculação, entre outros. Os dois tipos estão presentes em todos os grupos musculares do organismo, no entanto, há o predomínio de um tipo sobre o outro dependendo do músculo e de fatores genéticos, o que difere é o número de unidades motoras de cada tipo que serão recrutadas. Não há diferenças sexuais, porém, a distribuição das fibras varia de indivíduo para indivíduo. No atletismo, por exemplo, é fácil perceber a diferença. Atletas que correm longas distâncias possuem predominantemente fibras de contração lenta (90% a 95% no músculo gastrocnêmio) e os velocistas fibras de contração rápida. Já os atletas que competem em provas de media-distância possuem percentuais aproximadamente iguais dos dois tipos de fibra. O principal fator que influencia nessa variação do tipo de fibra muscular entre cada indivíduo é a genética, porém o treinamento físico é capaz de modificar até certo ponto a predominância de cada tipo de fibra muscular. Isso é possível, porque além desses dois tipos, a fibra Tipo II possui uma subdivisão, chamada de fibra intermediária ou Tipo II-A que possue características oxidativas e glicolíticas. O treinamento físico aeróbico é capaz de estimular a capacidade oxidativa desse tipo de fibra, promovendo ao indivíduo um maior número de fibras capazes de resistir à fadiga, ou seja, as fibras II-A adquirem maior característica do Tipo I. A ênfase no treinamento anaeróbico, por outro lado, como treinos de força, estimula a capacidade glicolítica, gerando maior força e potência muscular, porém se tornando menos resistente à fadiga. Apesar de o treinamento físico promover considerável modificação nas fibras musculares, a genética é o principal fator determinante no tipo de fibra que cada pessoa possui. Fatores hormonais, neurais, nutricionais e ambientais também influenciam no desempenho de cada pessoa. A variação na distribuição e número de fibras musculares é apenas uma das diversas diferenças no organismo de cada um. O tipo de músculo está estreitamente relacionado à função em músculos esqueléticos, e essa comparação pode facilmente ser vista em músculos cujas contrações são de movimentos ocasionais de explosão versus músculos utilizados continuamente para a manutenção da postura corporal (antigravidade). As colorações dos dois tipos de músculos estriados os distinguem rapidamente. Os músculos rápidos glicolíticos, utilizados para atividade de explosão, são esbranquiçados na aparência (como o peito de galinha) por conta de fluxo sanguíneo menor, densidade de mitocôndrias mais baixa e conteúdo de mioglobina reduzido, comparados com músculos de contração lenta oxidativos que são avermelhados. As fibras rápidas glicolíticas também têm reservas elevadas de glicogênio e conteúdos menores de gordura: elas dependem do glicogênio e da glicólise anaeróbica para explosões curtas de contração quando força muscular adicional é requisitada como nas respostas de estresse de “luta ou fuga”. Estas fibras musculares não são capazes de manter a contração por períodos longos. Ao contrário, as fibras lentas oxidativas, em músculos posturais (e em peito de ganso – gansos são aves migratórias) são bem perfundidas por sangue, ricas em mitocôndrias e em mioglobulina. Este tipo de músculo tem a capacidade de manter contrações de baixa intensidade por longos períodos. Os músculos lentos utilizam a oxidação de ácidos graxos para a geração de ATP, o que requer mitocôndrias. O músculo cardíaco, que está em contração contínua, tem várias características contráteis e metabólicas que são similares às dos músculos esqueléticos onde predominam fibras lentas oxidativas. O músculo cardíaco é bem perfundido por sangue, rico em mitocôndrias e depende muito do metabolismo oxidativo de ácidos graxos circulantes. 2. Compreender o substrato energético no metabolismo do músculo esquelético; GLICOGENÓLISE NO MÚSCULO A localização tecidual dos receptores hormonais fornece especificidade tecidual para a ação dos hormônios. Assim, somente aqueles tecidos com receptores para glucagon respondem a esse hormônio. O músculo pode ser rico em glicogênio, mesmo durante a hipoglicemia, mas não tem os receptores de glucagon nem Glc-6-Pase. Por esse motivo, o glicogênio muscular não pode ser mobilizado para reabastecer a glicose sanguínea. A glicogenólise muscular é ativada em resposta à epinefrina através do receptor β-adrenérgico cAMP-dependente, mas a glicose é metabolizada através da glicólise para a produção de energia. Isso ocorre não somente durante as situações de luta ou fuga, mas também em resposta às demandas metabólicas durante o exercício prolongado. Existem dois importantes mecanismos independentes de hormônio para a ativação da glicogenólise no músculo. Primeiro, o influxo de Ca2+ para o citoplasma do músculo em resposta à estimulação do nervo ativa a forma basal não fosforilada da fosforilase cinase pela ação do complexo Ca2+-calmodulina. Essa ativação independente de hormônio da fosforilase proporciona a rápida ativação da glicogenólise durante explosões curtas de exercício, mesmo na ausência da ação da epinefrina. O segundo mecanismo para a ativação da glicogenólise muscular envolve a ativação alostérica direta da fosforilase pelo AMP. O uso aumentado do ATP durante uma rápida explosão de atividade muscular leva ao rápido acúmulo de ADP, que é convertido em parte a AMP pela ação da enzima miocinase (adenilato cinase). O AMP ativa as formas basal e fosforilada da fosforilase, aumentando a glicogenólise na presença ou na ausência de estimulação hormonal. O AMP também atenua a inibição da fosfofrutocinase-1 (PFK-1) pelo ATP, estimulando a utilização de glicose através da glicólise para a produção de energia. Os efeitos estimulatórios do Ca2+ e do AMP garantem que o músculo possa responder às suas necessidades energéticas, mesmo na ausência de estímulo hormonal. O ATP é utilizado para a contração muscular Três ATPases são necessárias para a contração muscular: Na+/K+-ATPase, Ca2+-ATPase e miosina-ATPase. O decréscimo na disponibilidade de ATP ou a inibição de alguma dessas ATPases irá causar uma diminuição na produção de força muscular. Entretanto, a concentração intracelular de ATP não muda drasticamente durante o exercício. A contração muscular ativa se sustenta na regeneração rápida de ATP a partir de ADP. Os sistemas de energia que repõem ATP para a contração muscular incluem a “lançadeira” de fosfato de creatina, a glicólise anaeróbica e o metabolismo aeróbico via fosforilação oxidativa. Os sistemas de energia que regeneramATP não são equivalentes e afetam diretamente a quantidade e a duração da potência gerada pelo músculo em contração. Contrações de alta potência e curta duração No músculo esquelético a produção de alta força só pode ser mantida por curtos intervalos de tempo. Contrações próximas a ou em níveis de máxima potência dependem de alta atividade de miosina-ATPase e de rápida regeneração de ATP pela fosforilação em nível de substrato a partir do composto de alta energia, creatina fosfato (creatina-P). A creatina é sintetizada a partir da arginina e da glicina e é fosforilada reversivamente à creatina-P pela enzima creatina (fosfo)quinase (CK ou CPK). A CK é uma proteína dimérica e existe como três isoenzimas: as isoformas MM (músculo esquelético), BB (cérebro) e MB. A isoforma MB predomina no tecido cardíaco. A contração muscular pelo modelo do deslizamento de filamentos Alterações químicas e estruturais no complexo actomiosina pode induzir o encurtamento do sarcômero. A resposta contrátil depende da formação reversível de uma “ponte”, dependente de Ca2+ entre a cabeça da miosina e seu sítio de ligação na actina. Uma mudança conformacional nas regiões de dobradiça da miosina ocorre após a formação da ponte, fornecendo o “golpe de força” para a contração muscular. Esta mudança de conformação, o relaxamento da forma de alta-energia da miosina, é acompanhada pela dissociação do ADP e do Pi. Após o fim do golpe, a ligação com hidrólise do ATP restabelece a conformação de alta-energia. A estabilidade do estado contraído é mantida por interações actinamiosina múltiplas e contínuas, de tal forma que o deslizamento seja minimizado até que o cálcio seja removido do sarcoplasma, permitindo a dissociação do complexo actomiosina e o relaxamento muscular. Atividades da miosina ATPase mais altas aumentam os ciclos de formação de pontes, o que permite uma velocidade aumentada de contrações. Isoformas diferentes de miosina têm diferentes níveis de atividade de ATPase, tendo os músculos mais rápidos mais elevadas atividades de ATPase. Isoformas de actina e miosina são, também, encontradas no citoesqueleto de células não musculares, onde estas têm papéis em diversos processos como migração celular, transporte de vesículas durante a endocitose e exocitose, manutenção ou mudança na forma celular e ancoragem de proteínas intracelulares na membrana plasmática. Contrações de baixa intensidade e longa duração A disponibilidade e a utilização de oxigênio no trabalho muscular são as maiores limitações para manter uma atividade física contínua. A atividade contrátil de longa duração exige a oferta adequada de oxigênio e a capacidade para o músculo utilizar o oxigênio disponível. A oferta de oxigênio para o músculo é afetada pelas concentrações sanguíneas de hemácias e de hemoglobina, pelo número de capilares dentro do músculo e pela capacidade de bombeamento cardíaco. Os músculos altamente oxidativos dispõem de uma densidade de capilares maior do que os músculos glicolíticos, e esta aumenta pelo treinamento com exercícios de resistência. A utilização de oxigênio pelo músculo também está diretamente relacionada ao número e ao tamanho das mitocôndrias. Os músculos submetidos à atividade contrátil contínua, como os músculos posturais, têm mais mitocôndrias do que os músculos que se contraem pouco frequentemente. Uma observação típica de músculos submetidos a demandas de contração aumentadas é uma elevação da atividade enzimática oxidativa. Em repouso ou em trabalho físico de baixa intensidade, o oxigênio está prontamente disponível e a oxidação aeróbica de lipídeos predomina como a principal fonte de síntese de ATP. Entretanto, em trabalhos de maior intensidade, a disponibilidade de oxigênio e a utilização de lipídeos podem se tornar limitantes e, consequentemente, a velocidade de trabalho muscular diminui. Durante os primeiros 15-30 minutos de exercício ocorre uma troca gradual da glicogenólise e da glicólise aeróbica para o metabolismo aeróbico de ácidos graxos. Talvez essa seja uma resposta evolucionária para lidar com o fato de que o lactato, produzido pela glicólise, seja mais ácido e menos difusível do que o CO2. À medida que o exercício continua, a epinefrina contribui para a ativação da gliconeogênese hepática, fornecendo uma fonte exógena de glicose para o músculo. Os lipídeos se tornam, gradativamente, a maior fonte de energia no músculo durante os exercícios de longa duração e baixa intensidade, onde o oxigênio não é um fator limitante. O desempenho muscular de longa duração (stamina) depende dos níveis de glicogênio muscular O glicogênio é a forma de reserva de glicose no músculo esquelético e sua concentração muscular pode ser manipulada pela dieta, por exemplo, pelo consumo de carboidratos previamente à corrida de maratona. A fadiga, que pode ser definida como uma incapacidade de se manter a produção de força demandada, ocorre quando a velocidade de utilização de ATP excede a sua velocidade de regeneração. Para uma síntese eficiente de ATP, há uma exigência contínua de um nível basal de metabolismo do glicogênio, mesmo quando a glicose está disponível no plasma e quando as gorduras são as fontes primárias de energia muscular. O metabolismo do glicogênio é importante como uma fonte de piruvato, que é convertido em oxaloacetato pela reação anaplerótica da piruvato carboxilase. O oxaloacetato é exigido para a manutenção da atividade do ciclo do ácido cítrico (TCA), para a condensação com a acetil-CoA derivada dos ácidos graxos. Até certo ponto, o glicogênio muscular pode ser poupado, e o tempo de desempenho aumentado durante atividade física vigorosa de longa duração, pelo aumento da disponibilidade de glicose circulante, quer provenha da gliconeogênese quer da ingestão de carboidratos. A utilização aumentada de ácidos graxos durante estágios iniciais de exercício é uma importante adaptação de treinamento para a atividade física vigorosa regular, que pode, também, servir para poupar reservas de glicogênio. 3. Entender como acontece a hiperplasia e a hipertrofia das células musculares esqueléticas; As adaptações são alterações reversíveis em tamanho, número, fenótipo, atividade metabólica ou funções das células, em resposta a alterações do seu ambiente. HIPERTROFIA A hipertrofia é um aumento do tamanho das células que resulta em aumento do tamanho do órgão. O órgão hipertrofiado não possui novas células, apenas células maiores. O tamanho aumentado das células é devido à síntese de mais componentes estruturais das células. Células capazes de divisão podem responder ao estresse submetendo-se a hiperplasia e hipertrofia, enquanto em células que não se dividem (p. ex., fibras miocárdicas) o aumento da massa tecidual é devido à hipertrofia. Em muitos órgãos, hipertrofia e hiperplasia coexistem, contribuindo para o aumento do tamanho. A hipertrofia pode ser fisiológica ou patológica e é causada pelo aumento da demanda funcional ou por estimulação de hormônios e fatores de crescimento. As células musculares estriadas da musculatura esquelética e do coração possuem capacidade limitada de divisão e respondem ao aumento da demanda metabólica sofrendo principalmente hipertrofia. O estímulo mais comum para a hipertrofia do músculo é o aumento da carga de trabalho. Por exemplo, os músculos definidos dos fisiculturistas resultam do aumento do tamanho das fibras musculares individuais, em resposta ao aumento da demanda. No coração, o estímulo para a hipertrofia é geralmente uma sobrecarga hemodinâmica crônica, devido ou à hipertensão arterial ou a valvas deficientes. Em ambos tecidos, as células musculares sintetizam mais proteínas e o número de miofilamentos aumenta. Isto aumenta a quantidade de força que cada miócito pode gerar, aumentando assim a força e a capacidade detrabalho do músculo como um todo. O massivo crescimento fisiológico do útero durante a gravidez constitui um bom exemplo de aumento do órgão induzido por hormônio, resultante principalmente de hipertrofia das fibras musculares. A hipertrofia celular é estimulada por hormônios estrogênicos que agem nos receptores de estrogênio do músculo liso, resultando em maior síntese de proteínas do músculo liso e em aumento do tamanho celular. Embora a visão tradicional de que, no adulto, os músculos esquelético e cardíaco sejam incapazes de proliferação e, portanto, seu aumento seja inteiramente devido à hipertrofia, há, no momento, evidências de que esses tipos celulares são capazes de alguma proliferação, bem como de repopulação a partir de precursores, além da hipertrofia. Mecanismos da Hipertrofia Hipertrofia é o resultado do aumento de produção das proteínas celulares. A hipertrofia pode ser induzida por ações conjuntas de sensores mecânicos, fatores de crescimento (incluindo TGF-β, fator-1 de crescimento semelhante à insulina [IGF-1], fator de crescimento fibroblástico) e agentes vasoativos (tais como agonistas α-adrenérgicos, endotelina-1, e angiotensina II). Na verdade, os próprios sensores mecânicos induzem a produção de fatores de crescimento e agonistas. Esses estímulos atuam coordenadamente para aumentar a síntese de proteínas musculares que são responsáveis pela hipertrofia. As duas principais vias bioquímicas envolvidas na hipertrofia muscular parecem ser a via do fosfoinositídio 3-cinase/Akt e a via de sinalização em cascata da proteína G ligada a receptores (induzida por muitos fatores de crescimento e agentes vasoativos e considerada como sendo mais importante na hipertrofia patológica). A hipertrofia pode também estar associada com uma mudança das proteínas contráteis adultas para uma forma fetal ou neonatal. Por exemplo, durante a hipertrofia muscular, a isoforma α da cadeia pesada da miosina é substituída pela isoforma β, a qual possui uma contração mais lenta e energeticamente mais econômica. Além disso, alguns genes que são expressos apenas durante o desenvolvimento inicial são reexpressados em células hipertróficas e os produtos desses genes participam na resposta celular ao estresse. Por exemplo, no coração embrionário, o gene para o fator natriurético atrial é expresso tanto no átrio quanto no ventrículo, mas é sub-regulado após o nascimento. A hipertrofia cardíaca, no entanto, está associada com a reindução da expressão do gene do FNA. O FNA é um hormônio peptídico que causa secreção de sal pelo rim, reduz o volume sanguíneo e a pressão arterial e, portanto, atua no sentido de reduzir a carga hemodinâmica. Nesse estágio, ocorrem várias alterações regressivas nas fibras miocárdicas, das quais as mais importantes são lise e perda de elementos contráteis miofibrilares. Em casos extremos, ocorre a morte dos miócitos, por apoptose ou necrose. O resultado final dessas alterações é a insuficiência cardíaca. Embora a hipertrofia geralmente refira-se ao aumento em tamanho das células ou tecidos, algumas vezes uma organela subcelular pode sofrer hipertrofia seletiva. Por exemplo, os indivíduos tratados com drogas como os barbitúricos exibem hipertrofia do retículo endoplasmático agranular (REA) dos hepatócitos, o que representa uma resposta adaptativa que aumenta a quantidade de enzimas (oxidases de função mista citocromo P-450) disponíveis para desintoxicar as drogas. No decorrer do tempo, os pacientes respondem menos às drogas por causa dessa adaptação. A adaptação a uma droga pode resultar em aumento da capacidade de metabolizar outras drogas. Por exemplo, a ingestão de álcool causa hipertrofia do retículo endoplasmático agranular e pode levar a níveis reduzidos de barbitúricos disponíveis que estejam sendo utilizados ao mesmo tempo. HIPERPLASIA Hiperplasia é um aumento do número de células em um órgão ou tecido, resultando geralmente em aumento da massa de um órgão ou tecido. Embora hiperplasia e hipertrofia sejam processos diferentes, frequentemente elas ocorrem juntas e podem ser induzidas pelos mesmos estímulos externos. A hiperplasia ocorre se uma população celular é capaz de se dividir, aumentando, portanto, o número de células. A hiperplasia pode ser fisiológica ou patológica. Hiperplasia Fisiológica A hiperplasia fisiológica pode ser dividida em: (1) hiperplasia hormonal, que aumenta a capacidade funcional de um tecido, quando necessário e (2) hiperplasia compensatória, que aumenta a massa de tecido após lesão ou ressecção parcial. A hiperplasia hormonal é bem ilustrada pela proliferação do epitélio glandular da mama feminina na puberdade e durante a gravidez, geralmente acompanhada por aumento (hipertrofia) das células epiteliais glandulares. A ilustração clássica de hiperplasia compensatória vem do mito de Prometeu, que mostra que os gregos antigos reconheceram a capacidade do fígado de regenerar-se. Em indivíduos que doam um lobo do fígado para transplante, as células restantes proliferam de tal maneira que logo o órgão cresce e retorna ao seu tamanho original. Os modelos experimentais de hepatectomia parcial têm sido especialmente úteis para definir os mecanismos que estimulam a regeneração do fígado. Hiperplasia Patológica A maioria das formas de hiperplasia patológica é causada por excesso de hormônios ou fatores de crescimento atuando em células alvo. A hiperplasia endometrial é um exemplo de hiperplasia anormal induzida por hormônio. Normalmente, após um período menstrual, há um surto rápido de atividade proliferativa no epitélio que é estimulado por hormônios hipofisários e por estrogênio ovariano. É detida pelos níveis crescentes de progesterona, em geral cerca de 10 a 14 dias antes do fim do período menstrual. Entretanto, em alguns casos, o equilíbrio entre estrogênio e progesterona é alterado. Isso resulta em aumentos absolutos ou relativos de estrogênio, com consequente hiperplasia das glândulas endometriais. Essa forma de hiperplasia patológica é uma causa comum de sangramento menstrual anormal. Um outro exemplo comum de hiperplasia patológica é a hiperplasia prostática benigna induzida por respostas ao hormônio, neste caso, os androgênios. Embora essas formas de hiperplasia sejam anormais, o processo permanece controlado porque não há mutações em genes que regulam a divisão celular e a hiperplasia regride se a estimulação hormonal é eliminada. No câncer, os mecanismos de controle do crescimento tornam- se desregulados ou ineficientes devido às aberrações genéticas, resultando em proliferação irrefreável. Portanto, a hiperplasia é diferente do câncer, porém a hiperplasia patológica constitui um solo fértil no qual a proliferação cancerosa pode surgir posteriormente. Por exemplo, pacientes com hiperplasia do endométrio estão sob risco aumentado de desenvolverem câncer endometrial. A hiperplasia é uma resposta característica a certas infecções virais, como os papilomavírus, que causam verrugas cutâneas e várias lesões de mucosa compostas por massas de epitélio hiperplásico. Nesses locais, fatores de crescimento produzidos por genes virais ou por células infectadas podem estimular a proliferação celular. Mecanismos da Hiperplasia A hiperplasia é o resultado da proliferação de células maduras induzida por fatores de crescimento e, em alguns casos, pelo surgimento elevado de novas células a partir de células-tronco teciduais. Por exemplo, após hepatectomia parcial, são produzidos no fígado fatores de crescimento que se ligam a receptores nas células sobreviventes e ativam vias de sinalização que estimulam a proliferação celular. Porém, se a capacidade proliferativa das células hepáticas estiver comprometida, como ocorre em algumas formas de hepatite que causam lesão celular, os hepatócitos podem se regenerara partir de células-tronco intra-hepáticas. 4. Pontuar a farmacologia dos relaxantes musculares não paralisantes; FARMACOS ESPASMOLITICOS A espasticidade caracteriza-se por um aumento dos reflexos de estiramento tônicos e por espasmos dos músculos flexores (p. ex., aumento do tônus muscular basal), acompanhados de fraqueza muscular. Com frequência, está associada a lesão espinal, paralisia cerebral, esclerose múltipla e acidente vascular encefálico (AVE). Essas condições com frequência envolvem uma função anormal do intestino e da bexiga, bem como o musculo esquelético. Os mecanismos subjacentes a espasticidade clínica parecem envolver não apenas o próprio arco reflexo de estiramento, mas também centros superiores do SNC, com lesão das vias descendentes da medula espinal, resultando em hiperexcitabilidade dos motoneuronios alfa na medula espinal. Os fármacos que modificam esse arco reflexo podem modular sinapses excitatórias ou inibitórias. Por conseguinte, para a redução do reflexo de estiramento hiperativo, é desejável que se diminua a atividade das fibras que excitam o motoneuronio primário ou que se aumente a atividade dos neurônios internunciais inibitórios. Para o tratamento dessas condições de tônus excessivo do musculo esquelético, foram usados diversos agentes farmacológicos, descritos como depressores do arco reflexo “polissinaptico” espinal. Todavia, a depressão inespecífica das sinapses envolvidas no reflexo de estiramento pode reduzir a atividade inibitória GABAergica desejada, bem como a transmissão glutamatergica excitatória. Os fármacos atualmente disponíveis podem proporcionar alivio significativo dos espasmos musculares dolorosos, porém são menos efetivos para uma melhora significativa da função (p. ex., mobilidade e retorno ao trabalho). Diazepam Os benzodiazepínicos facilitam a ação do GABA no SNC. O diazepam atua nas sinapses GABAA, e a sua ação na redução da espasticidade é, pelo menos em parte, mediada na medula espinal, por ser pouco efetivo em pacientes com transecção da medula. Embora possa ser usado em pacientes com espasmo muscular de quase qualquer origem (incluindo traumatismo muscular local), o diazepam também produz sedação nas doses necessárias para se reduzir os tônus muscular. A dose inicial é de 4 mg/dia, aumentada gradualmente até o máximo de 60 mg/dia. Baclofeno O baclofeno (p-clorofenil-GABA) foi desenvolvido para ser um agente GABA mimetico atípico por via oral e um agonista dos receptores GABAB. A ativação desses receptores pelo baclofeno resulta em hiperpolarizacao por três ações distintas: 1) fechamento dos canais de cálcio pré-sinápticos; 2) aumento da condutância pós-sináptica do K+; e 3) inibição dos canais de influxo de cálcio dendriticos. Com a diminuição da liberação de transmissores excitatórios tanto no cérebro como na medula espinal, o baclofeno suprime a atividade dos aferentes sensitivos Ia, dos interneuronios espinais e dos neurônios motores. O baclofeno também pode reduzir a dor em pacientes com espasticidade, talvez ao inibir a liberação da substancia P (neurocinina-1) na medula espinal. O baclofeno é pelo menos tão efetivo quanto o diazepam na redução da espasticidade e provoca menos sedação. Além disso, não diminui tanto a forca muscular geral quanto o dantroleno. A dose inicial é de 15 mg, duas vezes ao dia, aumentada, quando tolerada, até 100 mg ao dia. Os efeitos colaterais desse fármaco incluem sonolência. Foi relatado aumento da atividade convulsiva em pacientes epilépticos. Por conseguinte, a suspensão do baclofeno deve ser efetuada muito lentamente. O baclofeno deve ser usado com cautela durante a gravidez; embora não haja relatos de que o baclofeno possa causar diretamente malformações fetais nos seres humanos, estudos em animais que utilizaram altas doses mostram que o fármaco causa comprometimento na ossificação do esterno e onfalocele. Devido a saída precária do baclofeno da medula espinal, os sintomas periféricos são raros. Por conseguinte, o indivíduo pode tolerar concentrações centrais mais elevadas do fármaco. Ha possibilidade de tolerância parcial ao efeito do fármaco depois de vários meses de terapia; todavia, essa tolerância pode ser superada com ajuste da dose para se manter o efeito benéfico. Os efeitos adversos do baclofeno em altas doses consistem em sonolência excessiva, depressão respiratória e coma. TIZANIDINA Os α2-agonistas, como a clonidina e outros compostos imidazolinicos, exercem uma variedade de efeitos sobre o SNC onde destaca-se a capacidade de reduzir o espasmo muscular. A tizanidina é um congênere da clonidina, estudado por suas ações espasmoliticas. A tizanidina exerce efeitos agonistas significativos nos receptores α2 adrenérgicos, porem reduz a espasticidade em modelos experimentais, em doses que provocam menos efeitos cardiovasculares do que a clonidina ou a dexmedetomidina. A tizanidina tem aproximadamente um decimo a um quinze avos dos efeitos da clonidina na redução da pressão arterial. Os estudos neurofisiológicos realizados em animais e seres humanos sugerem que a tizanidina reforça a inibição tanto pré-sináptica como pós-sináptica na medula espinal. Além disso, inibe a transmissão nociceptiva no corno dorsal da medula espinal. Acredita-se que as ações da tizanidina sejam mediadas pela restauração da supressão inibitória dos interneuronios espinais do grupo II, sem induzir qualquer alteração nas propriedades intrínsecas do musculo. A tizanidina produz menos fraqueza muscular, porem provoca um espectro diferente de efeitos colaterais, inclusive sonolência, hipotensão, tontura, boca seca, astenia e hepatotoxicidade. A sonolência pode ser evitada com a administração do fármaco a noite. A tizanidina está envolvida em interações medicamentosas; os níveis plasmáticos aumentam em resposta a inibição da CYP1A2. Em contrapartida, a tizanidina induz a atividade da CYP11A1, que é responsável pela conversão do colesterol em pregnenolona. Além de sua eficiência no tratamento das condições espasticas, a tizanidina também parece efetiva no tratamento da enxaqueca crônica. OUTROS FARMACOS ESPASMOLITICOS DE ACAO CENTRAL A gabapentina é um fármaco antiepiléptico, promissor como agente espasmolitico em diversos estudos de pacientes com esclerose múltipla. A pregabalina é um análogo mais recente da gabapentina que também é útil no alivio de distúrbios dolorosos, que envolvem um componente de espasmo muscular. Em estudos preliminares, foi também constatado que a progabida e a glicina reduzem a espasticidade. A progabida é um agonista GABAA e GABAB que possui metabolitos ativos, inclusive o próprio GABA. A glicina é outro neurotransmissor aminoácido inibitório, que parece exibir atividade farmacológica quando administrada por via oral e que atravessa facilmente a barreira hematencefalica. A idrocilamida e o riluzol são fármacos mais recentes para o tratamento da esclerose lateral amiotrofica (ELA), que parecem exercer efeitos de redução do espasmo, possivelmente pela inibição da transmissão glutamatergica no SNC. DANTROLENO O dantroleno é um derivado da hidantoina, relacionado com a fenitoina, que apresenta um mecanismo singular de atividade espasmolitica. Diferentemente dos fármacos de ação central, o dantroleno diminui a força do musculo esquelético ao interferir no acoplamento de excitação- contracao nas fibras musculares. A resposta contrátil normal envolve a liberação de cálcio de suas reservas no reticulo sarcoplasmático. Esse cálcio ativador produz a interação da actina com a miosina geradora de tensão. O cálcio é liberado do reticulo sarcoplasmático por um canal de cálcio, denominado canal do receptor de rianodina (RyR), visto que o alcaloide vegetal rianodina combina-se com um receptor na proteína do canal. No caso do canalde RyR1 do musculo esquelético, a rianodina facilita a configuração aberta. O dantroleno interfere na liberação do cálcio ativador através desse canal de cálcio do reticulo sarcoplasmático por sua ligação ao RyR1 e bloqueio da abertura do canal. As unidades motoras que sofrem rápida contração são mais sensíveis aos efeitos do fármaco do que as unidades de resposta mais lenta. Ocorre depressão mínima do musculo cardíaco e do musculo liso, visto que a liberação de cálcio de seu reticulo sarcoplasmático envolve um canal de RyR diferente (RyR2). O tratamento com dantroleno em geral é iniciado com 25mg ao dia, em dose única, aumentando até uma dose máxima de 100mg quatro vezes ao dia quando tolerado. Os principais efeitos colaterais consistem em fraqueza muscular generalizada, sedação e, em certas ocasiões, hepatite. Uma aplicação especial do dantroleno consiste no tratamento da hipertermia maligna, um raro distúrbio hereditário, que pode ser desencadeado por uma variedade de estímulos, inclusive anestésicos gerais (p. ex., anestésicos voláteis) e fármacos bloqueadores neuromusculares (p. ex., suxametonio). Os pacientes que correm risco de desenvolver essa condição apresentam uma alteração hereditária na liberação de Ca2+ induzida por Ca2+ através do canal de RyR1 ou comprometimento na capacidade do reticulo sarcoplasmático de sequestrar o cálcio por meio do transportador de Ca2+. Após a administração de um dos agentes desencadeadores, observa-se a liberação súbita e prolongada de cálcio, com contração muscular maciça, produção de ácido láctico e elevação da temperatura corporal. TOXINA BOTULINICA Essa neurotoxina produz quimiodesnervacao e paralisia local quando injetada em um musculo. Sete toxinas imunologicamente distintas compartilham subunidades homologas. As injeções faciais locais de toxina botulínica são muito utilizadas para o tratamento de curto prazo (1 a 3 meses por tratamento) das rugas associadas ao envelhecimento ao redor dos olhos e da boca. A injeção local de toxina botulínica também se tornou um tratamento útil para distúrbios espasticos generalizados (p. ex., paralisia cerebral). Até o momento, os estudos clínicos realizados envolveram, em sua maioria, a administração em um ou dois membros, e os benefícios parecem persistir por várias semanas a meses após um único tratamento. A BoNT praticamente substituiu as medicações anticolinérgicas usadas no tratamento da distonia. Os efeitos adversos consistem em infecções do trato respiratório, fraqueza muscular, incontinência urinaria, quedas, febre e dor. Embora a imunogenicidade seja, atualmente, uma preocupação bem menor do que no passado, os especialistas ainda recomendam que as injeções não sejam administradas com frequência maior do que a intervalos de 3 meses. Estudos estão sendo conduzidos para determinar a segurança de sua administração mais frequente. Além de complicações ocasionais, uma importante limitação ao tratamento com BoNT e o seu elevado custo. 5. Correlacionar a saúde mental do idoso com a síndrome da fragilidade no idoso. A influência do envelhecimento como predisponente para o desenvolvimento do processo de fragilização pode estar relacionado às modificações e declínio em múltiplos sistemas, decorrentes da interação de mecanismos fisiológicos e condições patológicas. Entretanto, embora o envelhecimento possa predispor à síndrome de fragilidade, nem todos idosos são frágeis e/ou pré-frágeis. Idosas separadas e viúvas apresentaram taxas de mortalidade 82% e 35% maiores que a observada para as casadas. O estado conjugal constitui-se como componente da rede de apoio social do idoso, pressupõe-se que a síndrome de fragilidade, possa ser comprometida em detrimento da ruptura e/ou ausência de laços sociais, ponderando-se o declínio das reservas fisiológicas e a possibilidade da existência de evento ou fator estressante. Ser mulher, possuir baixa renda e nível de escolaridade e viver sozinho representam risco para o desenvolvimento da síndrome de fragilidade, sugerindo desvantagens como prejuízos econômicos, educacionais e de saúde acumulados ao longo da vida. Indivíduos frágeis apresentam redução de sua capacidade para responder a condições de estresse, vulnerabilidade que os predispõe a doenças crônicas, anorexia, sarcopenia, osteopenia, déficits cognitivos e incapacidade, aspectos esses que podem justificar a maior susceptibilidade a desfechos adversos como a hospitalização. Ambientes hospitalares podem representar comprometimento do estado funcional de idosos, dificultando a recuperação dos estados de fragilidade e pré-fragilidade. A necessidade de ações para redução de internações por causas evitáveis, prevenção de complicações hospitalares, assim como implementação de protocolos de cuidado, considerando a admissão, procedimentos, cirurgias, tempo de internação, alta e pós-alta hospitalar. As condições de pré-fragilidade e fragilidade permaneceram associadas ao maior uso de medicamentos, especialmente naqueles que fazem uso de 5 ou mais medicamentos. A polifarmácia é considerada fator de risco para fragilidade em idosos, em que a sobreposição de múltiplos medicamentos, uso indiscriminado e suas reações adversas podem exacerbar essa condição. Referencia: Bioquímica - Baynes. Farmascologia - Katzung Patologia – Robins Social - Fatores associados à síndrome de fragilidade em idosos residentes em área urbana. 2014. Maycon Sousa Pegorari2 Darlene Mara dos Santos Tavares3
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