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04/11/2014 1 Prof. GIL IGNACIO LARA CANIZARES Universidade do Estado de Santa Catarina Centro de Ciências Agroveterinárias – CAV Lages - SC MANEJO DAS COLMEIAS A rentabilidade de um empreendimento apícola depende do planejamento e instalação do apiário de forma racional. Vários são os produtos coletados das colmeias: � O mel → com qualidade nutricional � A geleia real → alimento completo e medicamento; � A própolis → com uso medicinal; � O pólen → como alimentos (saladas, cereais, etc) � A cera → utilizada em cosméticos, velas e cera alveoladas; � O veneno (Apitoxina) → indicação medicinal A obtenção desses produtos a partir de colmeias de forma rentável depende, além do conhecimento da biologia da abelha, do apicultor conhecer o apiário como um todo: manejo das colmeias, colheita dos produtos, beneficiamento e gerenciamento da atividade apícola. Mel Geleia real Cera Pólen O manejo racional do apiário tem a função de garantir às abelhas a sobrevivência e a mantença das colônias, assim como, em época de abundancia de alimento (néctar, pólen) maximizar a produção dos produtos apícolas. O apicultor deve estar atento para agir em situações como: - Surto repentino de doenças - Saques (pilhagem) realizados entre colmeias; - Ataques de formigas; - Perda da rainha, ou queda brusca da postura; - Falta de alimento, entre outros. REVISÕES DAS COLMEIAS � Permite avaliar as condições das colmeias do apiário. � As abelhas são insetos perfeitamente manejáveis, apesar de possuírem grande capacidade defensiva quando se sentem importunadas. O apicultor deve agir de forma de não estimular essa característica. � Para realizar as revisões nas colmeias devemos levar em conta: - Quando fazer a revisão, - Motivo para fazer a revisão, e - Como fazer a revisão. O apicultor não deve mexer nas abelhas sem um motivo justo e quando tem que faze-lo o recomendado e abrir e mexer o menos possível a colmeia. � Em bom tempo, a melhor horário para lidar com as abelhas é pela manhã (8 a11 horas) e a tarde (15 a 16 horas). � A revisão deve ser feita de maneira rápida e objetiva (revisão normal, 5 minutos). � Em época de mantença das colmeia (entressafra) recomenda-se mexer nas colmeias 1 vez por mês. � Em época de produção (safra) a cada 15 dias. 1 - A colmeia não deve ser aberta em horários muito frios e em dias chuvosos; 2 - Cheiros fortes irritam as abelhas, portanto, evite a utilização de perfumes e macacão sujo; 3 - A revisão deve ser feita de maneira rápida e objetiva. 1 - A colmeia não deve ser aberta em horários muito frios e em dias chuvosos; 2 - Cheiros fortes irritam as abelhas, portanto, evite a utilização de perfumes e macacão sujo; 3 - A revisão deve ser feita de maneira rápida e objetiva. Evitar fazer revisões na colmeias: � Em dias de muito frio, ventos e chuvosos; � Cheiros fortes irritam as abelhas, portanto, evite a utilização de perfumes e macacão sujo; � Durantes os períodos sem flores, as abelhas estão muito propensas a pilhagem e o maior número de campeiras se encontram na colmeia, o que as torna mais agressivas, populosas e difíceis de manipular. Pilhagem 04/11/2014 2 � Nas revisões, observar a necessidade de: � Fortalecimento e união das famílias. � Divisão, colmeia poedeira. � Pilhagem. � Troca de quadros e caixas. � Quantidade de alimento disponível. � Presença e a qualidade da postura da rainha. � Desenvolvimento das crias. � Ocorrência de doenças ou pragas, etc. � Produção de mel (> 80% dos favos operculados para fazer a colheita). Fonte: Coleção apicultura 142. SENAR, 2010 REVISÕES DE ROTINA Aproximação pela lateral ou por trás da colmeia Aplicação de fumaça no alvado Vestimenta e equipamento necessário Aplicação de fumaça na colmeia Revisão dos quadros um a um deixando o primeiro fora da colmeia, o qual não deverá conter ovos e larvas (crias abertas) evitando seu resfriamento. Observar a existência de reserva de alimento (mel e pólen). Observar a presença de ovos larvas e pupas. Ovos nos alvéolos é indicador da existência de rainha. Fonte: Coleção apicultura 142. SENAR, 2010 Observar o estado dos favos que com o tempo de uso vão escurecendo (pigmentações → saliva das abelhas, camada de própolis, emanações do corpo das abelhas, resto de casulo e fezes entre outros) causando a diminuição do diâmetro dos alvéolos e dificultando a postura da rainha. Colocar a tampa de volta na colmeia. Duração da revisão normal da colmeia 5 minutos em média. Fonte: Coleção apicultura 142. SENAR, 2010 CICLO ANUAL DE PRODUÇÃO – ESTAÇÕES DAS ABELHA APIÁRIO FIXO Fonte: Manual prático de apicultura – Caron, 2010 Pré-colheita Fluxo de néctar Escassez de néctar ÉPOCAS DO ANO 1) REVISÃO DE PRE-FLORAÇÃO (ESTIMULAÇÃO) Esta revisão tem como objetivo preparar as colmeias para a produção. As diferentes tarefas são: - Substituição das rainhas velhas - Trocas de favos danificados e velhos por favos limpos ou cera laminada. - Verificação de famílias fracas (três ou menos quadros trabalhados) para união com outra colmeia também fraca. - Colocar melgueira nas colmeias fortes, próximo às Floradas - Estimulação da rainha para a postura com alimentação artificial (proteica e energética) 04/11/2014 3 2) REVISÃO DE PRODUÇÃO Nesta revisão o objetivo é avaliar as melgueiras para determinar se podem ser colhidas (80 % dos favos operculados) ou colocar mais melgueiras para produção. - Remanejar os favos com ovos, larvas ou pupas das melgueiras e transferi-los para a caixa ninho. > 80% de favos operculados 3) REVISÃO DE INVERNO É realizada após a colheita (safra), tem como objetivo fornecer as condições necessárias às colmeias durante a fase de escassez de alimento, quando a coleta de mel e pólen diminui drasticamente. As diferentes tarefas são: - Redução do alvado, para maior proteção das abelhas (frio, pilhagem); - Famílias fracas transporta-las para uma caixa menor (núcleo) ou fazer redução do ninho - Colocar quadros com mel no ninho para auxiliar na alimentação ou na falta colocar alimentadores artificiais. - Posicionar os quadros na área central do ninho para um melhor aquecimento. - Durante o inverno evitar abrir o ninho para evitar choque térmico. (baixa a temperatura interna ocasionando danos nas crias novas. RECUPERAÇÃO OU FORTALECIMENTO DE FAMILIAS FRACAS � A redução do número de abelhas da colmeia está relacionada com diversos fatores, tais como declínio da capacidade de postura da rainha, contato das campeiras com agrotóxicos, velhice precoce da rainha, existência de quadros com cera velha, escassez de pólen e mel. � Colônias fracas são, geralmente, consequência da falta de alimento disponível no campo, divisão natural de enxames, rainhas velhas e enxames recém-capturados. Além de não produzirem, essas colônias são alvo fácil de pragas e doenças. Para evitar esses, problemas o apicultor deve fortalecer ou unir essas colmeias. � Nas épocas de floradas a colmeia deve estar muito populosa para ter alta produtividade e se defender de seus inimigos naturais. Uma colmeia populosa é mais produtiva que duas fracas. � Alguns métodos podem ser utilizados para o fortalecimento dos enxames, visando a produção de mel, como: - a união de enxames fracos, - a inversão de posição de uma colmeia fraca e uma forte e, - a transferência de favos com crias operculadas de uma colmeia forte para uma fraca. � A alimentação suplementar estimula a postura da rainha e ajuda a aumentar a população, acelerando o crescimento do enxame. � A introdução de favos com crias fechadas prestes a nascerem ajudam a fortalecer os enxames fracos. � Enxames fracos não conseguem alimentar, aquecer e cuidar de uma grande quantidade de larvas. � A redução de alvadoauxilia as abelhas a defender o ninho e a manter a colônia na temperatura ideal para o desenvolvimento das crias. � Uso de mel e duas folhas de papel um pouco maiores que a tampa da colmeia. � Nos enxames a serem usados, selecionar uma das rainhas e eliminar a outra. � Colocar uma folha de papel no lugar da tampa da colmeia que ficou com a rainha. � Derramar um pouco de mel sobre o papel e colocar outro papel por cima. � Retirar o fundo da outra colmeia e colocar em cima do jornal. � 2 ou 3 dias após a união retirar os melhores quadros dos dois enxames e comportá-los em uma única caixa. � Mel incentiva as operárias a roerem e eliminarem no papel vagarosamente, onde os feromônios misturam-se e, quando o papel for totalmente removido, as abelhas dos dois enxames já ter-se-ão acostumado, não havendo brigas e rejeição. União das famílias 04/11/2014 4 Colocar o ninho vazio entre as duas colmeias que serão unidas União de dois núcleos ou famílias fracas Aplicar fumaça nos alvados das colmeias (núcleos) Retirar as tampas das três colmeias Eliminar a rainha mais velha, aquela que representa diminuição e irregularidade na postura Borrifar solução de agua com açúcar. Mantem as abelhas ocupadas Fonte: Coleção apicultura 142. SENAR, 2010 Transferir os quadros alternadamente para a nova colmeia. Os quadros com crias devem ser colocado no centro da nova colmeia e os quadros com alimento (caso exista) nos extremos da mesma. Transferir as abelhas restantes para a nova colônia. Fechar a colmeia com a tampa. Fonte: Coleção apicultura 142. SENAR, 2010 Inverter a posição de família fraca com família forte Aplicar fumaça na colmeia fraca (A) e na colmeia forte (B) Trocar as posições das colmeias Alimentação artificial da nova colmeia (pouca florada) Transferências de favos com crias de colmeia forte para fraca Retirar quadro com favo de crias operculadas da colmeia forte (B) Colocar o quadro com favo de crias operculadas na colmeia fraca (A) Fonte: Coleção apicultura 142. SENAR, 2010 Substituir rainhas improdutivas 1) Escolha de uma colônia forte (matriz) Característica da matriz ideal: � Deve ser a mais produtiva, � Pouco defensiva, � Apresente ótima regularidade de postura e, � Resistência às doenças. As futuras rainhas filhas da colmeia matriz apresentarão boas características genéticas, melhorando a produtividade do apiário. Método da puxada natural é uma técnica utilizada para produzir rainhas no próprio apiário Inconveniente. Demora 30 dias ou mais para que a colmeia se torne produtiva 04/11/2014 5 2) Retirar a rainha da colmeia (orfanar) 3) Colocar a rainha em uma gaiola 4) A gaiola com a rainha deverá ser colocada em outra colmeia 6) No prazo de sete a oito dias na colmeia matriz deve-se fazer a revisão para constatar a presença das realeiras 7) As realeiras formadas deveram ser retiradas com uma faca 5) A rainha retirada deverá ficar próximo aos quadros com crias abertas 8) Fixar as realeiras com alfinete na parte superior da gaiola, tendo o cuidado de não danifica-la. 9) Colocar as gaiolas com realeiras em um quadro porta gaiola. Fonte: Coleção apicultura 142. SENAR, 2010 10) O quadro porta gaiola deve ser colocado próximo aos quadros de cria aberta e esperar até o nascimento das rainhas virgens (princesas). 11) Orfanar as colmeias que tenham rainhas velhas. 12) Libertar a rainha virgem da gaiola dois dias após a introdução. A sua libertação pode ser de duas formas: abertura da gaiola pelo apicultor ou utilizando a pasta cândi (massa de açúcar) para preencher o canal da gaiola a fim de que a mesma se liberte. Divisão das famílias � Colônias fortes pode ser facilmente reconhecida pela grande quantidade de abelhas fora da colmeia. Quando a população do ninho aumenta muito, falta espaço para as abelhas na colmeia, a temperatura interna aumenta e o ferômonio da rainha começa a ficar diluído na população. � Esses fatores e a disponibilidade de alimento no campo levam as operárias a produzirem nova rainha e o enxame a dividir-se. � Na enxameação, cerca de metade das operárias e parte dos zangões vão embora do ninho acompanhando a rainha velha, e o restante do enxame permanece no local a espera do nascimento da nova rainha. � Quando a colônia está tão forte, esse processo pode ocorrer duas ou três vezes. MANUTENÇÃO DE COLÔNIAS PRODUTIVAS � Para não perder abelhas, o apicultor deve manejar e dividir a colmeia forte, aumentando as colmeias do apiário. Entretanto, a divisão pode reduzir temporariamente a produção de mel, e alguns produtores preferem adicionar melgueiras às colmeias fortes ou usar seus quadros para fortalecimento de outros enxames. Procedimentos para a divisão de colônias fortes: � Quando uma colmeias estiver muito populosa (colônias fortes), poderá ser dividida em duas colônias menores. � Deve-se privilegiar a manutenção de colmeias fortes, que serão responsáveis pela produção. � Repartir igualmente o número de quadros contendo favos de cria e alimento nas duas colmeias. � Deixar o maior número de ovos e crias novas para a colônia que for ficar sem rainha (necessários a formação da nova rainha). � Abelhas operárias devem ser divididas e o espaço vazio das caixas deve ser preenchido com quadros com cera alveolada. Passos para a divisão de famílias � levar a colmeia que vai ser dividida para um local distante alguns metros, a fim de que as campeiras, ao retornarem do campo, não encontrem mais a sua colmeia de origem. � A nova colmeia receberá as abelhas que retornam do trabalho e também receberá quadros com crias novas e postura e um ou dois favos com cria madura (operculadas) para reforço de abelhas matrizes. 04/11/2014 6 � A colmeia nova receberá também metade dos quadros com mel ou alimentação artificial para as duas famílias. � A rainha permanecerá na colmeia de origem, enquanto que a nova colmeia produzirá a sua própria rainha a partir de crias novas, com idade de 12 a 24 horas de nascidas. � Para finalizar esta operação, as duas colmeias devem receber quadros montados com cera alveolada em número suficiente para completar os dez. Para evitar enxameações: � Retirar realeiras em colmeias que tenham rainhas; � Selecionar famílias com menor tendência a enxameação; � Reduzir o nascimento de zangão utilizando lâminas de cera integral; � Adicionar melgueira para dar espaço às abelhas; � Usar tela excluidora no alvado � Dividir os enxames. Em colmeias sem rainha e sem cria, algumas operárias, na tentativa de preservar a espécie, desenvolvem o ovário e podem começar a realizar postura. As operárias deixam de ir ao campo para coletar alimento e permanem no ninho para fazer postura. Algumas dessas operárias chegam a ter um grupo de 5 a 10 abelhas cuidando de sua higiene e alimentação, como ocorre com as rainhas. Como as operárias poedeiras não são fecundadas, todos esses ovos darão origem a zangões, por isso são também chamadas de zanganeiras. colmeia poedeira ou zanganeira � Para a recuperação, recomenda-se: • Levar a caixa zanganeira para uma distância de cem metros do local de origem. • Colocar uma caixa nova no lugar da antiga. • Na colmeia zanganeira, sacudir os quadros, derrubando todas as abelhas, e levá-los para a nova caixa. É necessário ter o cuidado de destruir as pupas de zangão dos favos. Na caixa antiga, deve ser deixado um quadro com grande quantidade de ovos e larvas. As operárias que não tiverem desenvolvido os ovários voltarão ao local antigo, onde está agora a nova colmeia. Já as operárias poedeiras, por estarem com o ovário parcialmente desenvolvido, estarão muito pesadas e permanecem na caixa antiga. � A colmeia com operária poedeira é facilmente identificada pelo zumbido forte emitido pelas abelhas, grande número de zangõespequenos e nascendo em célula de operárias. � A característica mais marcante da colmeia são os alvéolos contendo vários ovos (várias operárias realizando a postura). • Na nova colmeia, introduzir uma realeira, rainha ou quadro com ovo e larva de até 3 dias de idade, dando oportunidade para que as operárias produzam nova rainha. • Fortalecer a colmeia nova com quadros contendo cria de todas as idades e abelhas recém emergidas. O enxame em recuperação com certeza estará fraco, o que dificulta os cuidados com a cria nova (ovo e larva); entretanto, o feromônio da cria nessa idade inibe o desenvolvimento do ovário das operárias, por isso, nesse caso, o apicultor deverá introduzir uma maior quantidade de quadros contendo larva do que quadros contendo pupa. • Fornecer alimentação artificial para ajudar no restabelecimento do enxame. Dois ou mais ovos no mesmo alvéolo COLMEIA POEDEIRA OU ZANGANEIRA
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