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REGIMES DE TRIBUTAÇÃO: APURAÇÃO E CONTABILIZAÇÃO A Aplicação do Lucro Presumido X Lucro Real para Empresas no Brasil Jainy Moraes Santos Tutor Externo: Juciaria Mota Silva Sousa Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Bacharelado em Ciências Contábeis – CTB0287 – Prática Módulo Seminário Interdisciplinar V 09/12/2017 RESUMO Como forma de estabelecer uma justiça fiscal, o governo permite às empresas a opção por um regime de tributação que lhes favoreça mais, ou seja, as empresas podem optar o modo de se recolher tributos que mais lhe seja favorável. A intenção de permitir as empresas a realizarem essa escolha reside ao princípio constitucional que determina ao Estado, tributar de acordo com o porte e capacidade daquele que contribui. Atualmente temos quatro regimes de tributação diferente, cada qual priorizando determinada característica. São eles: Simples Nacional, Lucro Presumido, Lucro Real . Trataremos nesse trabalho sobre a aplicação do Lucro Presumido e o Lucro Real para Empresas no Brasil, a fim de mostrar vantagens e desvantagens de cada opção no estudo de caso apresentado. Palavras-chave: Tributário. Regimes de Tributação. Custos 2 1. INTRODUÇÃO A necessidade de controlar o patrimônio não é algo refletido dos dias atuais; Desde a era primitiva se via a necessidade desse controle. Existem no país três formas de tributação: Simples Nacional, Lucro Presumido e Lucro Real. Lucro presumido é uma fórmula de tributação simplificada para determinar a base de cálculo do imposto de renda (Imposto de Renda Pessoa Jurídica) e da CSLL (Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido). Ela pode ser adotada por empresas que não estiverem obrigadas a adotar o regime do lucro real para o ano- calendário em questão O Lucro real é obrigatório para empresa em determinadas condições. O lucro real é o regime tributário em que a tributação é calculada sobre o lucro líquido do período de apuração, considerando valores a adicionar ou descontar conforme as compensações permitidas pela lei. Assim, antes de afirmar qual foi a lucratividade real, é preciso verificar o lucro líquido de cada ano ou período, conforme a legislação. O Simples Nacional alcança os tributos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, mediante regime único de arrecadação, inclusive obrigações acessórias. Embora as empresas tenham evoluído significativamente quanto à gestão econômico-financeira nas últimas décadas, uma das áreas de extrema importância e que está em permanente desafio é a tributação sobre o negócio, o que será discutido ao longo deste trabalho. 3 2. SIMPLES NACIONAL Simples nacional é um regime de arrecadação, cobrança e fiscalização de tributos criados pela Lei Geral para simplificar a vida do empreendedor de pequeno porte. A sua principal característica é que ele unifica oito impostos em uma única guia. O Simples Nacional alcança os tributos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, mediante regime único de arrecadação, inclusive obrigações acessórias. Para quem se encaixa em todas as regras, há o benefício da simplicidade como o próprio nome deduz. Nesse caso, existe uma forma simplificada de calcular esses impostos obrigatórios mensais, que serão arrecadados juntos em uma única guia chamada DAS (documento de arrecadação do Simples Nacional), que reduz sua carga tributária. A legislação exige algumas regras para que o empreendedor seja optante por esse regime, são os chamados fatores impeditivos ao Simples Nacional. São eles: Prestar serviços financeiros, como gestão de crédito e administração de contas; Possuir sócio no exterior; Possuir capital direto e indireto em órgão público; Conter débito com INSS; Prestar serviços de transporte intermunicipal e interestadual de passageiros, exceto fluvial; Gerar, transmitir, distribuir ou comercializar energia elétrica; Importar ou fabricar automóveis ou motocicletas; Importar combustível; Produzir ou vender atacado de cigarro, bebidas alcoólicas, bebidas sem álcool, munições e pólvoras, explosivos e detonantes; Atuar com loteamento e incorporação de imóveis; Realizar atividade de locação de imóveis próprios; Possuir um CNAE impeditivo; 4 Atuar com cessão ou locação de mão de obra, pintura, hidráulica, elétrica e carpintaria. 2.1 Lucro Real O lucro real é o regime tributário em que a tributação é calculada sobre o lucro líquido do período de apuração, considerando valores a adicionar ou descontar conforme as compensações permitidas pela lei. Assim, antes de afirmar qual foi à lucratividade real, é preciso verificar o lucro líquido de cada ano ou período, conforme a legislação. Em outras palavras, para a apuração desse valor, a empresa terá que saber exatamente qual foi o seu lucro auferido para realizar a base de cálculo do IRPJ e da CSLL. Dessa forma, os encargos irão diminuir ou aumentar de acordo com a apuração, sendo que, se forem computados prejuízos durante o ano, à empresa fica dispensada do pagamento. O regime adotado no lucro real não é cumulativo para o PIS e o COFINS. Apesar de a alíquota dessas contribuições serem superior ao lucro presumido — 9,25% sobre o faturamento —, aqui existe a possibilidade de descontar créditos com base em alguns fatores — como o montante da depreciação dos ativos, o consumo de energia elétrica, dentre outros. Para concluir, lembramos que, no lucro real, a empresa fica obrigada a apresentar à Receita Federal alguns registros específicos do seu sistema contábil e financeiro. 2.2 Lucro Presumido O lucro Presumido é uma fórmula de tributação simplificada para determinar a base de cálculo do imposto de renda e da CSLL (Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido). Ela pode ser adotada por empresas que não estiverem obrigadas a adotar o regime do lucro real para o ano-calendário em questão. Nesse regime de tributação, a apuração do IRPJ e da CSLL tem uma base de cálculo prefixada pela legislação, com uma margem de lucro específica, que muda 5 de acordo com a atividade da sua empresa. As margens presumidas são, basicamente, de 8% para as atividades de cunho comercial e de 32% para a prestação de serviços. Apesar de ficar dispensado do lucro efetivamente auferido — exceto o proveniente de algumas situações especificas, como os ganhos com aplicações financeiras —, o grande risco do modelo de lucro presumido é a possibilidade de a sua empresa acabar pagando mais impostos do que deve, caso as margens de lucro efetivas forem menores do que a estabelecida pela legislação. Além disso, não podemos nos esquecer de que, nesse regime, as arrecadações do PIS e do COFINS deverão ser cumulativas. Em outras palavras, os pagamentos de alíquota de 3,65% sobre o faturamento não geram abatimentos de crédito. 2.3 Planejamento Tributário Conceitua-se planejamento tributário como uma forma lícita de redução de carga tributária. Oliveira, et al., (2013, p. 22) afirma que: “trata-se do estudo prévio à concretização dos fatos administrativos, dos efeitos jurídicos, fiscais e econômicos de determinada decisão gerencial, com o objetivo de encontrar a alternativa legal menos onerosa para o contribuinte”. Vale citar que não se deve confundir planejamento tributário com sonegação fiscal. Planejamento nada mais é do que optar entre uma ou outra forma de tributação que seja legal e, que resulte em um custo tributáriomais econômico para a organização. De acordo com Ribeiro e Pinto (2012): Erroneamente, tem-se a impressão de que o planejamento tributário ou planejamento fiscal, como considerado por alguns profissionais, tem por finalidade auxiliar a entidade a burlar o fisco, buscando alternativas ilegais que possibilitem o descumprimento de obrigações acessórias ou principais, em função de deslizes ou lacunas existentes na legislação tributária. (p. 07). 6 A forma lícita de fazer um planejamento tributário é denominada elisão fiscal. Fabretti (2015, p. 9), afirma que “O planejamento tributário preventivo produz a elisão fiscal, ou seja, a redução da carga tributária dentro da legalidade”. Contudo, o oposto de elisão seria a evasão fiscal. Na evasão, o contribuinte utiliza de meios fraudulentos para sonegar e, desta forma, reduzir o desembolso no pagamento dos tributos. De acordo com Fabretti (2015, p. 9), “O perigo do mau planejamento é redundar em evasão fiscal, que é a redução 17 da carga tributária descumprindo determinações legais, classificadas como crime de sonegação fiscal (Lei nº 8.137/90)”. Sonegar tributos é crime previsto por lei. Ribeiro e Pinto (2012), afirmam que o ato de sonegar tributos é um crime praticado pelos contribuintes, tendo como objetivo a redução ou o não pagamento de tributos exigidos por lei. Para Oliveira, et al., (2013): Sem dúvida, para obter o melhor resultado em uma economia instável com altas taxas de tributação como a brasileira, um dos mais significativos instrumentos de que as empresas dispõem, para que possam racionalizar seus custos tributários, sem afrontar as diversas 18 legislações que regem os mais diversificados tributos, é o planejamento tributário, em todas as fases da cadeia de valores do ciclo produtivo e comercial. (p. 22). As organizações brasileiras têm necessidade de se tornarem mais competitivas no mercado atual e, para tal, o planejamento tributário é o meio mais utilizado como estratégia para redução de custos. 2.4 A Tributação sobre negócio No regime Tributário, quanto mais você fatura, mais aumenta sua alíquota de imposto. A alíquota é um percentual ou um valor fixo usado para o cálculo do valor de um tributo. Elas são definidas pelo governo, segundo o faturamento do último ano da empresa. Cada atividade permitida pelo programa está dentro de uma classificação por setor, seja comércio, indústria ou serviços. São 6 (seis) anexos, cada um deles com 20 faixas de faturamento. Se sua empresa é de comércio, a ela se aplica o anexo 1. Se é indústria, o anexo 2. Os anexos 3, 4, 5 e 6 são para empresas de serviços. 7 Pelo seu CNPJ, já é possível saber que tabela é a sua – o que é importante entender já de cara para fazer seu planejamento, pois as alíquotas variam bastante de uma tabela para outra. Para as tabelas 5 e 6, por exemplo, o imposto cai conforme aumenta o número de funcionários. As alíquotas iniciais variam de 4,5% até 16,93% dependendo do anexo em que o negócio se encaixa. Para saber o quanto de imposto você pagaria, é só aplicar esta porcentagem sobre o faturamento anual da empresa. É importante ressaltar que por causa dessa divisão por atividades, é possível que uma empresa que exerça mais de uma atividade tenha que pagar diferentes alíquotas de imposto. Por exemplo: Se ela provê suporte técnico de computadores (anexo 3), mas também desenvolve softwares sob encomenda (anexo 5), ela paga uma alíquota diferente sobre cada nota fiscal emitida para cada tipo de atividade. 3. APRESENTAÇÃO DO ESTUDO DE CASO A empresa analisada tem por atividade principal o comércio varejista de combustíveis para veículos automotores. No entanto, a empresa também possui uma loja de conveniência, a qual contribui para o aumento na obtenção da receita. O início de suas atividades ocorreu em 02 de janeiro de 2011, no município de Marabá/PA. Atualmente, a empresa possui 23 funcionários. No ano 2016, a empresa era optante pelo regime Lucro Presumido, surgindo dai a problemática deste estudo, que é analisar a melhor opção entre o Regime Tributário do Lucro Real ou Presumido, de modo á saber se é possível diminuir a geração de impostos federais optando por uma mudança no regime de tributação para o ano seguinte. 3.1 Coleta de dados A coleta de dados da empresa foi realizada através dos seguintes demonstrativos financeiros: Relatórios de compras e vendas de Mercadorias, Balancetes, Balanço Patrimonial e Demonstração do Resultado do Exercício referente aos exercícios 2015 e 2016. Com base no faturamento dos anos 2015 e 8 2016, foi projetado o resultado da empresa para o ano 2017, levando em consideração a inflação do período. O índice de inflação utilizado foi o Índice Geral de Preços do Mercado, que é uma das versões do Índice Geral de Preços é medido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e registra a inflação de preços desde matérias-primas agrícolas e industriais até bens e serviços finais. Segundo dados do Relatório de Inflação do Banco Central (2016), a projeção do índice para o ano 2017 é de 4,4%. Após o cálculo da taxa de crescimento do faturamento entre os anos 2015 e 2016, encontramos uma taxa de crescimento de 1,3%. Para encontrar a projeção do resultado para o ano 2017, foi necessário utilizar o valor corrigido do faturamento do ano 2016, considerando a taxa de crescimento de 1,3%, mais a taxa de inflação mensal projetada para o ano 2017, que é de 4,4%/12 = 0,37% a.m. O valor do faturamento projetado para o ano 2017 é R$ 5.800.426,54, conforme segue na Tabela 1. Tabela 1 – Projeção do Faturamento para 2017 com Base no Ano 2016 Considerando a Taxa de Crescimentos de 2015 Para 2016, mais Inflação Projetada para 2017. PROJEÇÃO DO FATURAMENTO PARA 2017 COM BASE NO ANO DE 2016 CONSIDERANDO A TAXA DE CRESCIMENTO DE 2015 PARA 2016, MAIS A INFLAÇÃO PROJETADA PARA 2017 MÊS FATURAMEN TO EM 2016 EM R$ INFLAÇÃO PROJETADA 2017 TAXA DE CRESCIMENTO RESULTADO PROJETADO PARA 2017 EM R$ JANEIRO 429.805,67 1,0037 1,30% R$ 431.437,50 FEVEREIRO 378.903,56 1,0037 1,30% R$ 380.342,13 MARÇO 456.400,12 1,0037 1,30% R$ 458.132,92 ABRIL 448.297,57 1,0037 1,30% R$ 449.999,60 MAIO 461.594,79 1,0037 1,30% R$ 463.347,31 JUNHO 474.892,02 1,0037 1,30% R$ 476.695,02 JULHO 488.189,24 1,0037 1,30% R$ 490.042,73 9 AGOSTO 501.486,47 1,0037 1,30% R$ 503.390,44 SETEMBRO 514.783,69 1,0037 1,30% R$ 516.738,15 OUTUBRO 528.080,92 1,0037 1,30% R$ 530.085,86 NOVEMBRO 541.378,14 1,0037 1,30% R$ 543.433,57 DEZEMBRO 554.675,37 1,0037 1,30% R$ 556.781,28 TOTAL 5.778.487,55 - - R$ 5.800.426,54 Fonte: Elaborado pelo Autor (Dados da Empresa Estudada) Conforme dados disponibilizados nos relatórios financeiros da empresa, referentes ao ano 2016 encontraram o percentual de participação de cada produto nas vendas da empresa, conforme Tabela 2 que segue. Tabela 2 – Faturamento Projetado para 2017, separado por Percentual de Participação de cada Produto na Receita. FATURAMENTO PROJETADO PARA 2017, SEPARADO POR PERCENTUAL DE PARTICIPAÇÃO DE CADA PRODUTO NA RECEITA MÊS FAT. TOTAL PROJ. 2017 EM R$ VEND. PROD. LOJA CONV. EM R$ GÁS NATURAL EM R$ VEND. COMB. EM R$ JANEIRO 431.437,50 43.148,87 68.148,87 R$ 320.139,75 FEVEREIRO 380.342,13 38.037,43 54.037,43 R$ 288.267,27 MARÇO 458.132,92 45.813,40 63.813,40 R$ 348.506,12 ABRIL 449.999,60 44.997,76 57.997,76 R$ 347.004,08 MAIO 463.347,3146.330,03 71.330,03 R$ 345.687,26 JUNHO 476.695,02 47.662,29 63.662,29 R$ 365.370,44 JULHO 490.042,73 48.994,55 66.994,55 R$ 374.053,63 AGOSTO 503.390,44 50.326,82 63.326,82 R$ 389.736,81 SETEMBRO 516.738,15 51.659,08 76.659,08 R$ 388.419,99 OUTUBRO 530.085,86 52.991,35 68.991,35 R$ 408.103,17 NOVEMBRO 543.433,57 54.323,61 72.323,61 R$ 416.786,35 DEZEMBRO 556.781,28 55.655,87 68.655,87 R$ 432.469,54 TOTAL 5.800.426,54 579.941,06 795.941,06 R$ 4.424.544,41 % COM BASE EM 2016 - 10,00% 13,72% 76,28% 10 Fonte: Elaborado pelo Autor (Dados da Empresa Estudada) 3.2 Cálculo dos Impostos Federais Projetado o faturamento para o ano 2017, tendo sido separado por produto, nos tópicos a seguir serão demonstrados os cálculos dos impostos federais para o ano 2017, pelos regimes do Lucro Real e do Lucro Presumido, para após ser feito um comparativo entre as formas de tributação. 3.3 Lucro Presumido - COFINS e PIS Cumulativos O faturamento da empresa em análise é constituído pela venda de Combustíveis, Gás Natural Veicular (GNV) e Mercadorias da Loja de Conveniência. Na revenda de Combustíveis a empresa não pagará PIS e COFINS, pois com base no art. 42 da Medida Provisória 2.158-35 (em vigor conforme Emenda Constitucional 32/2001) a alíquota do PIS e COFINS incidente sobre a revenda dos produtos supracitados ficou reduzida a zero, a partir e 01/07/2000. Dessa forma, somente consideramos base de cálculo para PIS e COFINS o faturamento relacionado à revenda de Gás Natural e Mercadorias, conforme demonstrado na Tabela 3 que segue. Tabela 3 – Lucro Presumido – Cálculo PIS e CONFINS Anual - 2017 Fonte: Elaborado pelo Autor (Dados da Empresa Estudada) LUCRO PRESUMIDO - CÁLCULO PIS E COFINS ANUAL 2017 TIPOS DE RECEITAS FATURAMENTO BASE DE CÁLCULO COFINS EM BASE DE CÁLCULO PIS VENDA DE COMBUSTIVEL 4.424.544,41 - R$ - VENDA DE GÁS NATUAL VEICULAR 795.941,06 795.941,06 R$ 795.941,06 VENDA DE MERCADORIAS 579.941,06 579.941,06 R$ 579.941,06 TOTAL 5.800.426,54 1.375.882,13 R$ 1.375.882,13 ALÍQUOTA 3,00% 0,65% COFINS E PIS A PAGAR R$ 41.276,46 R$ 8.943,23 11 Para poder apurar o valor dos impostos a pagar, são aplicadas sobre a base de cálculo as alíquotas de 3% para a COFINS e de 0,65% para o PIS. Com isso, foi apurado um valor a pagar de R$ 41.276,46 e R$ 8.943,23, para PIS e COFINS, respectivamente. A base de cálculo do IRPJ e do adicional será determinada mediante a aplicação do Percentual de Presunção de Lucro (PPL) sobre a receita bruta auferida. De acordo com o art. 15 da Lei 9.249/95, o PPL para a revenda de combustíveis e gás natural é de 1,6%, e de 8% para venda de mercadorias e produtos. Encontrada a base de cálculo, para apurar o valor a pagar aplica-se a alíquota de 15% para o IRPJ. Caso a base de cálculo ultrapasse R$ 240.000,00 por ano, sobre a parcela excedente deverá ser calculado o IRPJ adicional, no valor de 10%. Na empresa analisada, observou-se que a base de cálculo não ultrapassa o limite de R$ 240.000,00, então não é calculado o valor do adicional. Os cálculos do IRPJ anual são demonstrados a seguir, conforme tabela 4 abaixo: Tabela 4 – Lucro Presumido – Cálculo IRPJ Anual - 2017 Fonte: Elaborado pelo Autor (Dados da Empresa Estudada) Após os cálculos, foi apurado um valor a pagar de R$ 19.488,46 a título de IRPJ. 3.4 CSLL Cumulativo No Regime Cumulativo, a base de cálculo da CSLL será determinada mediante a aplicação do Percentual de Presunção de Lucro (PPL) sobre a receita bruta auferida. De acordo com o art. 22 da Lei 10.684/2003, o PPL a ser aplicado para a empresa em analise é de 12%. Encontrada a base de cálculo, para apurar o LUCRO PRESUMIDO - CÁLCULO IRPJ ANUAL 2017 TIPOS DE RECEITAS FATURAMENTO EM R$ % DE PRESUNÇÃ O BASE DE CÁLCULO PIS EM R$ VENDA DE COMBUSTIVEL 4.424.544,41 1,60% R$ 83.527,77 VENDA DE GÁS NATUAL VEICULAR 795.941,06 VENDA DE MERCADORIAS 579.941,06 8,00% R$ 46.395,29 TOTAL 5.800.426,54 R$ 129.923,05 ALÍQUOTA 15,00% IRPJ A PAGAR R$ 19.488,46 12 valor a pagar aplica-se a alíquota de 9% para a CSLL, conforme cálculos apresentados na Tabela 5, que segue. Tabela 5 – Lucro Presumido – Cálculo CSLL Anual - 2017 LUCRO PRESUMIDO - CÁLCULO CSLL ANUAL 2017 TIPOS DE RECEITAS FATURAMENTO EM R$ % DE PRESUNÇÃO BASE DE CÁLCULO PIS EM R$ VENDA DE COMBUSTÍVEL 4.424.544,41 12,00% R$ 530.945,33 VENDA DE GÁS NATURAL VEICULAR 795.941,06 12,00% R$ 95.512,93 VENDA DE MERCADORIAS 579.941,06 12,00% R$ 69.592,93 TOTAL 5.800.426,54 R$ 696.051,18 ALÍQUOTA 9,00% CSLL A PAGAR R$ 62.644,61 Fonte: Elaborado pelo Autor (Dados da Empresa Estudada) Pode-se verificar na tabela 5 acima, o valor da CSLL a pagar pelo Lucro Presumido será de R$ 62.644,61. 3.5 Lucro Real - COFINS e PIS Não cumulativos A Tabela 6, que segue abaixo demonstra os créditos a que a empresa em análise terá direito, conforme a Receita Federal. Como os valores foram calculados com base em dados do ano 2016, para encontrar a projeção dos créditos para 2017 foi necessário utilizar o valor corrigido considerando a taxa de inflação anual projetada, que é de 4,4%, segundo dados do Banco Central. Tabela 6 – Lucro Real – Créditos COFINS e PIS Anual - 2017 LUCRO REAL - CÁLCULO COFINS E PIS ANUAL 2017 TIPOS DE RECEITAS VALORES NO ANO DE 2016 INFLAÇÃO 4,4% a.a VALOR PROJETADO PARA 2017 EM R$ MERCADORIAS P/REVENDA 350.601,50 15.426,47 R$ 366.027,97 GÁS NATURAL VEICULAR 664.114,00 29.221,02 R$ 693.335,02 ENERGIA ELÉTRICA 142.873,92 6.286,45 R$ 149.160,37 LOCAÇÃO, MAQUINAS E EQUIPAMENTOS 88.245,76 3.882,81 R$ 92.128,57 TOTAL 1.245.835,18 54.816,75 R$ 1.300.651,93 Fonte: Elaborado pelo Autor (Dados da Empresa Estudada) 13 Após cálculo dos créditos, foi realizada a apuração dos valores a recolher de PIS e COFINS pelo regime não cumulativo, conforme Tabela 7, que segue. Tabela 7 – Lucro Real - Cálculo COFINS e PIS Anual 2017 LUCRO REAL - CÁLCULO COFINS E PIS ANUAL 2017 BASE DE CÁLCULO COM GÁS NATURAL E VENDA DE MERCADORIAS)* R$ 1.375.882,13 DÉBITO DE PIS (1,65%) R$ 22.702,06 DÉBITO DE COFINS (7,6%) R$ 104.567,04 BASE DE CÁLCULO - TOTAL DOS CRÉDITOS (CONFORMA TABELA 6) R$ 1.300.651,93 CRÉDITO DE PIS (1,65%) R$ 21.460,76 CRÉDITO DE COFINS (7,6%) R$ 98.849,55 TOTAL PISA RECOLHER R$ 1.241,30 TOTAL COFINS A RECOLHER R$ 5.717,50 *A receita com revenda de combustíveis não integrou a base de cálculo do PIS e COFINS, uma vez que a alíquota é reduzida a zero. Fonte: Elaborado pelo Autor (Dados da Empresa Estudada) Realizados os cálculos, foram apurados valores a pagar de R$ 1.241,30 e R$ 5.717,50 para PIS e COFINS, respectivamente. 3.6 IRPJ e CSLL Não cumulativos A base de cálculo para o IRPJ e CSLL no regime não cumulativo é o lucro real, determinado a partir do lucro líquido do período de apuração, obtido na Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) e demonstrado no LALUR, ajustado pelas adições, exclusões ou compensações prescritas ou autorizadas pela legislação fiscal. Na empresa analisada, o cálculo desses impostos foi efetuado com base em dados da DRE do ano 2016. Da mesma forma que foi aplicada o percentualde inflação (4,4% a.a.) nos demais cálculos (faturamento, créditos dos impostos, etc.), se fez necessário acrescentar esse percentual às despesas extraídas da Demonstração do Resultado do Exercício do ano 2016, para que se pudesse fazer a 14 projeção para 2017, e assim encontrar o Lucro projetado, que servirá de base tanto para o cálculo do IRPJ quanto da CSLL. A Tabela 8 a seguir, evidencia esses cálculos. Tabela 8 – Lucro Real - Despesas DRE 2016 - Projeção Para 2017 LUCRO REAL - DESPESAS DRE 2016 - PROJEÇÃO PARA 2017 DESPESAS VALORES NO ANO DE 2016 R$ INFLAÇÃO 4,4% a.a. VALOR PROJETADO PARA 2017 EM R$ Deduções de Vendas 183.644,43 8.080,35 R$ 191.724,78 Custo dos Produtos Vendidos 2.262.297,93 99.541,11 R$ 2.361.839,04 Despesas Gerais 826.396,98 36.361,47 R$ 862.758,45 Outras Receitas 4.072,01 179,17 R$ 4.251,18 TOTAL 3.276.411,35 144.162,10 R$ 3.420.573,45 Fonte: Elaborado pelo Autor (Dados da Empresa Estudada) Com base nos dados da tabela 08, e considerando o faturamento também atualizado para o ano 2017, foi elaborada a Demonstração do Resultado projetada para 2017, conforme Tabela 09 abaixo. Tabela 9 – Demonstração do Resultado do Exercício - Projeção Para 2017 DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO - PROJEÇÃO PARA 2017 LUCRO REAL Receita de Revenda de Combustíveis e Mercadorias R$ 5.800.426,54 (-) Deduções de Vendas R$ 191.724,78 (=) Receita Líquida de Vendas de Mercadorias R$ 5.608.701,76 (-) Custo dos Produtos Vendidos R$ 2.361.839,04 (=) Lucro Operacional Bruto R$ 3.246.862,72 (-) Despesas Gerais R$ 862.758,45 (+) Outras Receitas R$ 4.251,18 (=) Resultado do Exercício (antes de IR e CSLL) R$ 2.388.355,45 Fonte: Elaborado pelo Autor (Dados da Empresa Estudada) Na tabela 09 em comparação a tabela 08, o valor das (-) Deduções de Vendas foi ajustado sendo diminuído dos valores do IRPJ a pagar R$ 19.488,46 e CSSL a pagar R$ 62.644,61 sobre o Lucro presumido, correspondendo ao valor de R$ 78.674,38, para fins do cálculo do IRPJ e CSLL a pagar sobre o Lucro Real. Para encontrar a base de cálculo do IRPJ e da CSLL é necessário encontrar o lucro real tributável, através da elaboração do LALUR (Livro de Apuração do Lucro Real), onde são feitas as adições ou exclusões permitidas pela legislação. Como no período analisado a empresa não apresentou despesas/receitas que caracterizem adições 15 ou exclusões, ou mesmo compensação de prejuízos fiscais, o Lucro Real foi igual ao Lucro Líquido apurado na DRE. A seguir, a Tabela 10 demonstra os cálculos. Tabela 10 – TABE – Livro de Apuração do Lucro Real (LALUR) TABE LIVRO DE APURAÇÃO DO LUCRO REAL (LALUR) Resultado da DRE pelo Lucro Real R$ 2.388.355,45 (+) Adições R$ - (-) Exclusões R$ - (-) Compensação de Prejuízos Fiscais R$ - Lucro Tributável Bruto R$ 2.388.355,45 Fonte: Elaborado pelo Autor (Dados da Empresa Estudada) Por fim, encontrada a base de cálculo, para apurar o valor devido basta aplicar as alíquotas de 15% para o IRPJ e 9% para a CSLL, sobre a base de cálculo, conforme a Tabela 11 a seguir. Tabela 11 – Cálculo Provisão IRPJ e CSLL Anual - Lucro Real - 2017 Cálculo Provisão IRPJ e CSLL Anual - Lucro Real - 2017 Base de Cálculo (Lucro Real Tributável) R$ 2.388.355,45 IRPJ 15% R$ 358.253,32 ADICIONAL DO IRPJ = 10% R$ 35.825,33 TOTAL DO IRPJ A PAGAR R$ 394.078,65 CSLL 9% R$ 214.951,99 LUCRO APÓS PROVISÃO DO IRPJ E CSLL R$ 1.779.324,81 Fonte: Elaborado pelo Autor (Dados da Empresa Estudada) Após a realização dos cálculos, foi apurado um valor a pagar de R$ R$ 394.078,65 para IRPJ a pagar, e de R$ 214.951,99 para CSLL a pagar. COMPARATIVO - LUCRO REAL X LUCRO PRESUMIDO ANO 2017 CÁLCULO ANUAL LUCRO PRESUMIDO LUCRO REAL DIFERENÇA COFINS 41.276,46 5.717,50 R$ 35.558,97 PIS 8.943,23 1.241,30 R$ 7.701,94 IRPJ 19.488,46 394.078,65 -R$ 374.590,19 CSLL 62.644,61 214.951,99 -R$ 152.307,38 TOTAL 132.352,76 615.989,43 -R$ 483.636,67 Fonte: Elaborado pelo Autor (Dados da Empresa Estudada) 16 Após a análise das formas de tributação expostas neste trabalho, bem como nos dados apresentados na Tabela 12 pode-se concluir que, no ano 2017 será mais vantajoso para a empresa à opção pelo Lucro Presumido, pois optando pelo Regime não cumulativo neste ano a empresa pagaria R$ 483.636,67 a mais em de tributos. Se feita uma análise somente nos impostos COFINS, PIS E CSLL, a melhor opção seria o Regime do Lucro Real. O fator determinante para que o Regime tributário do Lucro Presumido fosse a melhor opção para a empresa foi o valor encontrado a título de IRPJ, que pelo Lucro Real foi cerca de 80% maior que Lucro Presumido, o que em valores resultou em uma diferença de R$ 374.590,19 conforme dados da tabela 12. No Regime do Lucro Presumido, a base de cálculo do IRPJ totalizou R$ 170.900,43, e no Regime do Lucro Real, R$ 2.388.355,45. Como a alíquota de IRPJ é a mesma para as duas modalidades (15%, segundo a legislação vigente), foi a diferença significativa nos valores das bases de cálculo que resultou em um imposto menor a pagar pelo regime Cumulativo. Isto se deu pela aplicação do fator de presunção de lucro de 1,6% sobre o Faturamento, neste caso pela venda de Combustíveis e Gás Natural Veicular (GNV), que tem maior peso de venda por ser a atividade principal da empresa analisada. Dessa forma, o Lucro Presumido no ano 2017 foi a melhor opção para essa empresa, sobretudo pela diferença no cálculo do IRPJ entre os dois tipos de regimes tributários, gerando assim, uma economia tributária para a empresa. 17 4. CONCLUSÃO No Brasil é preciso demonstrar detalhadamente o cálculo dos tributos, informar para quem suas vendas estão sendo realizadas, para qual local, quais produtos estão sendo vendidos etc. Todos esses dados, são enviados ao fisco (Federal, Estadual ou Municipal) por meio de formulários/arquivos eletrônicos, com objetivo de fiscalizar as empresas ou mesmo autuá-las caso as informações estejam erradas ou divergentes. No Lucro Presumido o volume e o detalhamento das informações são menores, pois como vimos acima, o cálculo dos tributos é de certa forma “simplificada”, não exigindo da empresa controles interna demasiadamente complexa. Porém, tal realidade muda completamente no Lucro Real, a contabilidade da empresa deve sempre estar em dia e ainda deve possuir bons sistemas de informação para evitar erros na prestação de conta – por exemplo, por meio de arquivos eletrônicos, como o SPED. Dessa forma, uma empresa não pode simplesmente querer optar pelo Lucro Real, ela deve estar pronta para esse perfil tributário, pois o custo desses “passos mal dado” pode ser maior do que a economia teoricamente gerada. Escolher o Regime Tributário com o qual seu negócio trabalhará pode definir um gasto enorme e desnecessário. Por isso, é de suma importância conhecer todos os setores da empresa, entender seus segmentos e os de seus fornecedores. Além disso, vale estudar cada um dos Regimes Tributários existentes para que seja realizada a melhor escolha. 18 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS MAMEDE, Gladston. Comentários ao Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte. São Paulo: Atlas, 2007. SEBRAE, Pesquisade Conjuntura Econômica. São Paulo: Sebrae, 2008. Disponível em: www.sebrae.com.br, acesso em: outubro/2017 SEBRAE, internet site: http://www.sebrae.com.br/ acesso em: outubro 2017 CINTRA, Marcos Cintra Cavalcanti de Albuquerque. Tributação no Brasil e o Imposto Único. São Paulo, Makron, 1994. CREPALDI, Silvio Aparecido et al. Planejamento tributário: A utilização do regime de lucro real para obter redução de tributos. Revista Contábil e Empresarial Fiscolegis. Disponível em: Acesso em: 25/05/2014. FABRETI, Láudio Camargo. Contabilidade Tributária. 11 ed. São Paulo: Atlas, 2009. FGV. Índice geral de preços do mercado-IGPM. Disponível em: . Acesso em: 04/04/2014. GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5. ed. São Paulo: Atlas, 1999. PRIOR, Guilherme; CARVALHO, Daltro Oliveira de. Sistema Público de Escrituração Digital – SPED Fiscal: O impacto causado nas empresas. Diálogos Acadêmicos, Sertãozinho, v.6, n. 1, p. 75-86, jan-jun, 2014. SANTOS, Adiléia Ribeiro; OLIVEIRA, Rúbia Carla Mendes de. Planejamento Tributário com ênfase em empresas optantes pelo Lucro Real. In: CONGRESSO 19 BRASILEIRO DE CONTABILIDADE, 18., 2008, Gramado. Anais... Gramado, 2008. p. 3.
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