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Unidade 4 Regimes Tributários André Juliano Machado © 2020 por Editora e Distribuidora Educacional S.A. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A. 2020 Editora e Distribuidora Educacional S.A. Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza CEP: 86041-100 — Londrina — PR e-mail: editora.educacional@kroton.com.br Homepage: http://www.kroton.com.br/ Imagens Adaptadas de Shutterstock. Todos os esforços foram empregados para localizar os detentores dos direitos autorais das imagens reproduzidas neste livro; qualquer eventual omissão será corrigida em futuras edições. Conteúdo em websites Os endereços de websites listados neste livro podem ser alterados ou desativados a qualquer momento pelos seus mantenedores. Sendo assim, a Editora não se responsabiliza pelo conteúdo de terceiros. Sumário Unidade 4 Regimes Tributários ...................................................................................... 5 Seção 1 Simples Nacional ................................................................................ 6 Seção 2 Lucro Presumido ..............................................................................17 Seção 3 Lucro Real ..........................................................................................32 Unidade 4 André Juliano Machado Regimes Tributários Convite ao estudo Caro aluno, nesta unidade de ensino, abordaremos os regimes tributários previstos na legislação, verificaremos a aplicabilidade dos tributos nas ativi- dades comerciais das organizações e observaremos os aspectos relacionados a cada um dos regimes tributários vigentes. Veremos o desenvolvimento da competência geral em conhecer os conceitos, os fundamentos, a legislação e as técnicas de planejamento tribu- tário, levando à competência técnica de conhecer e compreender os aspectos legais do planejamento tributário. Como proposta de trabalho, temos o seguinte caso: um grupo de empresários, deseja formar uma sociedade limitada com atividade de rede de lojas para venda de roupas no varejo. Para que obtenham sucesso, primeiramente precisam identificar qual será o regime tributário mais adequado ao novo empreendimento. Diante disso, o grupo de empresários realizou a contratação de uma empresa de consultoria tributária para identificar os impactos dos tributos sobre os resul- tados da empresa. A maior demanda, neste momento, consiste em optar pela forma tributária menos onerosa, que proporcionará menor incidência de pagamento de tributos aos entes tributantes. Assim, o trabalho que você desenvolverá será o de analisar, comparar e optar pelas melhores condições para a empresa. Vamos utilizar todo o conhecimento acumulado até aqui, pois para optar pelo regime tributário menos oneroso, os conceitos sobre incidência de impostos, sua base de cálculo, tributação cumulativa e não cumulativa, alíquotas e formas de cálculo dos impostos serão utilizados em cada momento do nosso estudo. Os dados apresentados pelo grupo empresarial levam em consideração a previsão de faturamento total em 12 meses no valor de R$ 3.000.000,00 sendo que o volume mensal de vendas é de R$ 250.000,00, suas vendas serão realizadas diretamente ao consumidor em suas lojas com alíquota de ICMS de 18%. O valor total das compras de mercadorias para revenda será de R$ 210.000,00 por mês e todas as mercadorias adquiridas são tributadas pelo ICMS com alíquota de 18%, os valores das despesas mensais será de R$ 15.000,00 e dentro das despesas mensais está previsto gastos com brindes no valor de R$ 1.000,00. Vamos solucionar mais este desafio! 6 Seção 1 Simples Nacional Diálogo aberto Caro aluno, o Simples Nacional foi instituído pela Lei Complementar nº 123/2006. Trata-se de um regime tributário com características de trata- mento diferenciado, favorecendo e simplificando as regras tributárias para as microempresas e empresas de pequeno porte. Aqui vamos ver os conceitos pertinentes ao regime tributário do Simples Nacional e entender sua aplicação. Um grupo empresarial contratou uma empresa de consultoria tributária para determinar todas as probabilidades de opção pelo regime de tributação menos oneroso para a nova empresa. Os dados apresentados levam em consideração a previsão de faturamento total em 12 meses no valor de R$ 3.000.000,00 sendo que o volume mensal de vendas é de R$ 250.000,00, suas vendas serão realizadas diretamente ao consumidor em suas lojas com alíquota de ICMS de 18%. O valor total das compras de mercadorias para revenda será de R$ 210.000,00 por mês e todas as mercadorias adquiridas são tributadas pelo ICMS com alíquota de 18% e os valores das despesas mensais será R$ 15.000,00 e dentro das despesas mensais estão previstos gastos com brindes no valor de R$ 1.000,00. Neste primeiro momento, a consultoria deve demonstrar como é realizada a apuração dos impostos pela sistemática do simples nacional, apontando qual o anexo adequado, tabela de cálculo, alíquota efetiva de acordo com o faturamento acumulado no período e finalmente qual será o valor a recolher por este regime de tributação. A consultoria deve ter a máxima atenção, entender qual é a atividade realizada pela empresa, para determinar quais impostos farão parte do sistema simplificado de recolhimento. Vamos solucionar mais este desafio! Não pode faltar O Simples Nacional é um regime tributário muito utilizado pelas empresas, mas não pode ser confundido como um regime único de arreca- dação de tributos, na verdade trata-se de um sistema diferenciado com vistas 7 a atender às microempresas (ME) e empresas de pequeno porte (EPP), no âmbito da União, Estados, Distrito Federal e os Municípios. Legislação básica De acordo com Padoveze (2017), esse regime tributário foi introduzido na legislação tributária brasileira pela Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006, que instituiu o tratamento diferenciado a ser utilizado pelas micro e pequenas empresas. Ainda segundo o autor, esta forma de tributação consiste no recolhimento de tributos de forma centralizada, que a soma dos valores a serem pagos sejam inferiores aos demais regimes previstos em lei. A escolha (opção) por esse regime tributário é facultativa, mas assim que for manifestada pela empresa torna-se irretratável para todo o ano calen- dário, ou seja, o empresário poderá optar por essa forma simplificada de tributação, mas em alguns casos pode não ser a mais eficiente do ponto de vista tributário, mesmo assim, ele poderá escolher outro regime tributário somente no ano calendário seguinte. De forma geral, é muito comum encontrarmos algumas referências ao Simples Nacional como forma unificada de recolhimento de tributos, pois deve-se a forma de recolhimento neste sistema que é realizada mediante o Documento Único de Arrecadação (DAS), onde constam o recolhimento de vários impostos e contribuições de âmbito federal, estadual e municipal, por isso não podemos confundir este regime tributário com um imposto único. O artigo 13 da Lei Complementar 123/2006, de acordo com o Quadro 4.1, traz de forma direta, quais são os impostos e contribuições incluídos neste sistema de arrecadação: Quadro 4.1 | Impostos e Contribuições recolhidos pelo DAS – Documento Único de Arrecadação Tributos Federais Tributos Estaduais Tributo Municipal • Imposto de Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ • Imposto sobre Produtos Industria- lizados - IPI • Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL • Contribuição para o Financiamen- to da Seguridade Social – COFINS • Contribuição para o PIS/Pasep • Contribuição Patronal Previden- ciária - CPP para a Seguridade Social, a cargo da pessoa jurídica • Imposto sobre Opera- çõesRelativas à Circu- lação de Mercadorias e Sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermu- nicipal e de Comunica- ção - ICMS • Imposto sobre Serviços de Qualquer Natu- reza - ISS Fonte: adaptado da Lei Complementar nº 123/2006 (BRASIL, 2006). 8 Enquadramento do Simples Nacional Quem pode optar pelo simples nacional? A maioria das empresas em atividade ou em processo de abertura podem exercer sua opção por este regime tributário, desde que cumpram com algumas condições previstas no artigo 3º da Lei Complementar nº 123/2006, onde estão previstos os limites de faturamento e as naturezas jurídicas das empresas, conforme o Quadro 4.2 a seguir: Quadro 4.2 | Enquadramento no Simples Nacional Características da Pessoa Jurídica Fundamentação Legal Natureza Jurídica • Sociedade empresária • Sociedade simples • Empresa individual de responsabilidade limitada – EIRELI • Empresário Individual Artigo 3º Definição de M.E e E.P.P • Microempresas (ME) e empresas de pequeno porte (EPP). • Microempresa: pessoa jurídica que tenha auferido em cada ano-calendário receita bruta igual ou inferior a R$ 360.000,00. • •PP: pessoa jurídica que tenha auferido em cada ano-calendário receita bruta superior a R$ 360.000,00 e inferior a R$ 4.800.000,00. Imposto sobre Ser- viços de Qualquer Natureza - ISS Fonte: adaptado da Lei Complementar nº 123/2006 (BRASIL, 2006). Vale lembrar que, caso a empresa venha a iniciar suas atividades durante o ano calendário, o limite a que se refere os incisos I e II do artigo 3º será proporcional ao número de meses em que a microempresa ou a empresa de pequeno porte houver exercido atividade, inclusive as frações de meses. Vedações ao Simples Nacional No parágrafo 4º do artigo 3º da Lei Complementar nº 123/2006, temos fatores impeditivos à opção por este regime tributário. Acompanhe, na sequência, as situações previstas em lei que impedem as empresas de ter acesso ao tratamento jurídico diferenciado do Simples Nacional: • De cujo capital participe outra pessoa jurídica. • Que seja filial, sucursal, agência ou representação, no País, de pessoa jurídica com sede no exterior. 9 • De cujo capital participe pessoa física que seja inscrita como empre- sário ou seja sócia de outra empresa que receba tratamento jurídico diferenciado nos termos desta Lei Complementar, desde que a receita bruta global ultrapasse o limite de que trata o inciso II do caput deste artigo. • Cujo titular ou sócio participe com mais de 10% (dez por cento) do capital de outra empresa não beneficiada por esta Lei Complementar, desde que a receita bruta global ultrapasse o limite de que trata o inciso II do caput deste artigo. • Cujo sócio ou titular seja administrador ou equiparado de outra pessoa jurídica com fins lucrativos, desde que a receita bruta global ultrapasse o limite de que trata o inciso II do caput deste artigo. • Constituída sob a forma de cooperativas, salvo as de consumo. • Que participe do capital de outra pessoa jurídica. • Que exerça atividade de banco comercial, de investimentos e de desenvolvimento, de caixa econômica, de sociedade de crédito, finan- ciamento e investimento ou de crédito imobiliário, de corretora ou de distribuidora de títulos, valores mobiliários e câmbio, de empresa de arrendamento mercantil, de seguros privados e de capitalização ou de previdência complementar. • Resultante ou remanescente de cisão ou qualquer outra forma de desmembramento de pessoa jurídica que tenha ocorrido em um dos 5 (cinco) anos-calendário anteriores. • Constituída sob a forma de sociedade por ações. • Cujos titulares ou sócios guardem, cumulativamente, com o contratante do serviço, relação de pessoalidade, subordinação e habitualidade. Assimile O que mais chama a atenção nas vedações dispostas na lei comple- mentar do Simples Nacional são os casos previstos de empresas consti- tuídas sob a forma de sociedades por ações, principalmente as S/As de capital aberto, as quais comercializam suas ações no mercado finan- ceiro e movimentam grandes quantias monetárias. As sociedades limitadas também podem ser impedidas de optar pelo simples, caso tenham uma pessoa jurídica figurando em seu quadro societário, algo também considerado um fator impeditivo à opção pelo simples. 10 Estas vedações justificam-se, pois, dessa forma, a lei estabelece o favorecimento às entidades que realmente são consideradas como micro ou pequena empresa e possa usufruir deste tratamento jurídico diferenciado. Tabelas do Simples Nacional Logo após verificarmos os requisitos e características para que uma empresa possa exercer a opção pelo simples nacional, temos que analisar em qual anexo a empresa vai estar enquadrada de acordo com a sua atividade. O Simples Nacional foi atualizado pela Lei Complementar nº 155, de 27 de outubro de 2016, promovendo alterações nas tabelas e sua sistemática de cálculo. Vamos nos familiarizar com as novas tabelas, passando pelos anexos atualizados, destacando a quantidade de faixas de faturamento que caiu de 20 para apenas 6. Quadro 4.3 | Tabela do Anexo I do Simples Nacional: empresas de comércio (lojas em geral) Receita Bruta Total em 12 meses Alíquota Valor a deduzir Até R$ 180.000,00 4% 0 De 180.000,01 a 360.000,00 7,3% R$ 5.940,00 De 360.000,01 a 720.000,00 9,5% R$ 13.860,00 De 720.000,01 a 1.800.000,00 10,7% R$ 22.500,00 De 1.800.000,01 a 3.600.000,00 14,3% R$ 87.300,00 De 3.600.000,01 a 4.800.000,00 19% R$ 378.000,00 Fonte: adaptado da Lei Complementar nº 123/2006 (BRASIL, 2006). Quadro 4.4 | Tabela do Anexo II do Simples Nacional: fábricas/indústrias e empresas industriais. Receita Bruta Total em 12 meses Alíquota Valor a deduzir Até R$ 180.000,00 4,5% 0 De 180.000,01 a 360.000,00 7,8% R$ 5.940,00 De 360.000,01 a 720.000,00 10% R$ 13.860,00 De 720.000,01 a 1.800.000,00 11,2% R$ 22.500,00 De 1.800.000,01 a 3.600.000,00 14,7% R$ 85.500,00 De 3.600.000,01 a 4.800.000,00 30% R$ 720.000,00 Fonte: adaptado da Lei Complementar nº 123/2006 (BRASIL, 2006). 11 Quadro 4.5 | Tabela do Anexo III do Simples Nacional: prestadores de serviços (Anexo III vai estar no § 5º-B, § 5º-D e § 5º-F do artigo 18 da Lei Complementar 123) Receita Bruta Total em 12 meses Alíquota Valor a deduzir Até R$ 180.000,00 6% 0 De 180.000,01 a 360.000,00 11,2% R$ 9.360,00 De 360.000,01 a 720.000,00 13,5% R$ 17.640,00 De 720.000,01 a 1.800.000,00 16% R$ 35.640,00 De 1.800.000,01 a 3.600.000,00 21% R$ 125.640,00 De 3.600.000,01 a 4.800.000,00 33% R$ 648.000,00 Fonte: adaptado da Lei Complementar nº 123/2006 (BRASIL, 2006). Quadro 4.6 | Tabela do Anexo IV do Simples Nacional: empresas que fornecem serviço de lim- peza, vigilância, obras, construção de imóveis, serviços advocatícios (a lista do Anexo IV vai estar no § 5º-C do artigo 18 da Lei Complementar 123) Receita Bruta Total em 12 meses Alíquota Valor a deduzir Até R$ 180.000,00 4,5% 0 De 180.000,01 a 360.000,00 9% R$ 8.100,00 De 360.000,01 a 720.000,00 10,2% R$ 12.420,00 De 720.000,01 a 1.800.000,00 14% R$ 39.780,00 De 1.800.000,01 a 3.600.000,00 22% R$ 183.780,00 De 3.600.000,01 a 4.800.000,00 33% R$ 828.000,00 Fonte: adaptado da Lei Complementar nº 123/2006 (BRASIL, 2006). Quadro 4.7 | Tabela do Anexo V do Simples Nacional: empresas que fornecem serviço de audi- toria, jornalismo, tecnologia, publicidade, engenharia, entre outros (a lista do Anexo V vai estar no § 5º-I do artigo 18 da Lei Complementar 123) Receita Bruta Total em 12 meses Alíquota Valor a deduzir Até R$ 180.000,00 15,5% 0 De 180.000,01 a 360.000,00 18% R$ 4.500,00 De 360.000,01 a 720.000,00 19,5% R$ 9.900,00 De 720.000,01 a 1.800.000,00 20,5% R$ 17.100,00 De 1.800.000,01 a 3.600.000,00 23% R$ 62.100,00 De 3.600.000,01 a 4.800.000,00 30,50% R$ 540.000,00 Fonte: adaptado da Lei Complementar nº 123/2006 (BRASIL, 2006). 12 Reflita Analisando todos os dados aqui expostos, pode-se verificar que o Simples Nacional de “simples” não tem nada. É claro, não podemos negar queos benefícios tributários são fatores determinantes e realmente ajudam as micro e pequenas empresas. Atenção às atividades desenvolvidas pela empresa e o enquadramento correto nos anexos estabelecidos na lei complementar fazem total diferença, influindo de forma direta no sucesso do negócio. Para entendermos da aplicabilidade deste regime tributário, vamos ao exemplo: Exemplificando Suponha que determinada empresa atuante no setor de comércio de calçados tenha auferido receitas nos últimos 12 meses no valor de R$ 1.900.000,00. No mês atual, ela obteve o faturamento de R$ 150.000,00, neste caso, o valor a ser pago referente ao simples nacional será: Resolução: 1º Passo: identificar o enquadramento da empresa, a qual desenvolve atividade comercial. Logo, deverá utilizar como parâmetro as alíquotas do anexo I. 2º Passo: identificar em qual faixa de contribuição da tabela do anexo I a empresa está inserida de acordo com a receita bruta acumulada nos últimos 12 meses. 3º Passo: realizar o cálculo de acordo com a fórmula ((RBT12 * Aliq) – PD) / RBT12, para encontrar a alíquota efetiva. Lembrando que devem ser utilizados os valores da receita bruta dos últimos doze meses, a alíquota e parcela a deduzir são encontradas na tabela do Anexo I, de acordo com a faixa de contribuição correta para a empresa. 4º Passo: calcular o valor do tributo de acordo com a alíquota efetiva relacionada ao faturamento acumulado da empresa. Dados: RBT12 = R$ 1.900.000,00 Dados do Quadro 4.3: Tabela do Anexo I do Simples Nacional Alíquota nominal = 14,3% Parcela a deduzir = R$ 87.300,00 Fórmula para encontrar a alíquota efetiva: RBT12 * Aliq – PD / RBT12 13 Logo: (1.900.000,00 * 14,3% - 87.300,00) / 1.900.000,00 (271.700,00 – 87.300,00) / 1.900.000,00 184.400,00 / 1.900.000,00 0,0971 ou 9,71% >>> essa será a alíquota efetiva que será utilizada para calcular o valor a recolher no mês pelo Simples Nacional. Faturamento do mês R$ 150.000,00 Alíquota efetiva 9,71% Portanto: R$ 150.000,00 x 9,71% = R$ 14.565,00 a recolher pelo Simples Nacional. É recomendado o acesso ao site do Planalto da Presidência da República (www.planalto.gov.br) para ler o conteúdo da Lei Complementar n° 123, já atualizada com as disposições da Lei Complementar n° 155, para conferir em qual anexo se enquadra a empresa. Sem medo de errar Um grupo empresarial contratou uma empresa de consultoria tributária para determinar todas as probabilidades de opção pelo regime de tributação menos oneroso para a nova empresa. Trata-se de uma sociedade limitada, com a atividade de rede de lojas para venda de roupas no varejo e os sócios querem saber primeiro o quanto terão de encargos tributários sobre as atividades da empresa, caso ela venha a exercer sua opção pelo simples nacional. Vamos relembrar algumas informações sobre as projeções fornecidas pelo grupo empresarial para que os cálculos possam ser iniciados. Os dados apresentados levam em consideração a previsão de faturamento total em 12 meses no valor de R$ 3.000.000,00, sendo que o volume mensal de vendas é de R$ 250.000,00, suas vendas serão realizadas diretamente ao consumidor em suas lojas com alíquota de ICMS de 18%. O valor total das compras de mercadorias para revenda será de R$ 210.000,00 por mês, todas as mercadorias adquiridas são tributadas pelo ICMS com alíquota de 18%, o valor das despesas mensais será de R$ 15.000,00 e dentro das despesas mensais estão previstos gastos com brindes no valor de R$ 1.000,00. Considerando os dados relatados, a consultoria deve iniciar seus serviços de acordo com as seguintes etapas: 14 1ª etapa – Verificar se a atividade desenvolvida pela empresa, forma de constituição (natureza jurídica) e o valor do faturamento acumulado são compatíveis, ou seja, permitidas para o ingresso do simples nacional. Resolução: • A futura empresa será constituída sob a natureza jurídica de socie- dade empresária limitada e sua atividade será comercial, pois se trata de uma rede de lojas de roupas no varejo. Analisando a Lei Complementar nº 123/2006, temos logo no artigo 3º a definição de quais são os tipos de empresa (naturezas jurídicas) e, neste caso, a sociedade empresária limitada está entre elas. • Outro fator importante refere-se ao faturamento acumulado da empresa, sabemos que se trata de uma projeção, mas já temos infor- mações suficientes para saber que o faturamento previsto está abaixo do limite máximo estabelecido no inciso II, onde está descrito que o faturamento acumulado de uma empresa deverá ser igual ou inferior a R$ 4.800.000,00. • Passando para a atividade comercial desenvolvida pela futura empresa, ela poderá recolher seus tributos de forma unificada utilizando a tabela de incidência prevista no Anexo I da Lei Complementar. 2ª etapa – Com o anexo I já determinado de acordo com a atividade da empresa, vamos determinar qual será a faixa de contribuição correta para definir a alíquota efetiva para o cálculo do simples nacional. • A projeção traz o valor acumulado em 12 meses de R$ 3.000.000,00. Analisando a tabela prevista no anexo I do Simples Nacional, a empresa está enquadrada na 5ª faixa de contribuição, com alíquota nominal de 14,30% e parcela a deduzir de R$ 87.300,00. 3ª etapa – Determinar a alíquota efetiva e o valor a recolher pelo simples nacional. • Nesta etapa vamos utilizar a fórmula para determinação da alíquota efetiva representada pela fórmula ((RBT12 * Aliq) – PD) / RBT12. • RBT12 = R$ 3.000.000,00. • Alíquota nominal 14,30% conforme tabela do Anexo I. • Parcela a deduzir correspondente a faixa de contribuição R$ 87.300,00. 15 • Substituindo os itens da fórmula pelos valores previstos no anexo teremos: – ((3.000.000,00 x 14,30%) – 87.300,00) / 3.000.000,00 = – (429.000,00 – 87.300,00) / 3.000.000,00 = – 341.700,00 / 3.000.000,00 = – 0,1139 ou 11,39% Como o faturamento mensal previsto para a futura empresa será R$ 250.000,00, neste caso teremos o valor a recolher R$ 28.475,00 (R$ 250.000,00 x 11,39%). Faça valer a pena 1. A Lei complementar nº 123/2006, que entre alguns benefícios tributários instituiu o tratamento diferenciado dispensado às microempresas e empresas de pequeno porte denominado Simples Nacional, na verdade traz os recolhi- mentos dos impostos de forma unificada através do Documento Único de Arrecadação (DAS). Considerando os artigos previstos na Lei Complementar, marque a alterna- tiva que corresponda a impostos que foram incluídos no regime do Simples Nacional. a. IRPJ, CSLL, PIS, COFINS, IOF. b. IRPJ, CSLL, PIS, COFINS, IPI. c. PIS, COFINS, ICMS, IPI, ITR. d. PIS, COFINS, ICMS, IPI, FGTS. e. IRPJ, CSLL, ICMS, IPI, FGTS. 2. Analisando os anexos previstos na Lei Complementar nº 123/2006, basica- mente, temos um tipo de tabela com suas respectivas faixas de contribuição, alíquota nominal e parcela a deduzir. Considerando uma empresa com ativi- dade de prestação de serviços de construção civil, com faturamento acumulado nos últimos 12 meses de R$ 900.000,00, é preciso primeiro determinar qual será o anexo correto predeterminado na legislação do simples nacional. Analisando a atividade realizada pela empresa, ela estaria enquadrada em qual anexo e em qual faixa de contribuição da tabela do Simples Nacional? 16 a. Anexo I e na 4ª faixa de contribuição da respectiva tabela. b. Anexo IV e na 5ª faixa de contribuição da respectiva tabela. c. Anexo III e na 4ª faixa de contribuição da respectiva tabela. d. Anexo IV e na 4ª faixa de contribuição da respectiva tabela. e. Anexo V e na 4ª faixa de contribuição da respectiva tabela. 3. Sabemos que a apuração do simples nacional de “simples” não tem nada. Considere uma empresa que realize atividades industriais com faturamento acumulado nos últimos 12 meses de R$ 3.000.000,00. De acordo com o anexo correto e faixa de contribuição previstos na legislação do Simples Nacional é possível identificar a alíquota nominal que será utilizada pela empresa. Considerando os dados apresentadosanteriormente – a atividade realizada pela empresa e seu faturamento acumulado –, marque a alternativa que corresponda à alíquota nominal prevista na tabela do Simples Nacional. a. 14,30%. b. 21%. c. 14,70%. d. 22%. e. 23%. 17 Seção 2 Lucro Presumido Diálogo aberto Olá! Nesta seção trabalharemos com o regime tributário Lucro Presumido; passaremos por seus conceitos, legislação básica, base de cálculo, alíquotas e formas de apuração e recolhimento do imposto nessa sistemática. Esse regime tributário pode ser um tanto desafiador, pois, antes de aplicarmos as alíquotas de 15% para o IRPJ e 9% para a CSLL, é obrigatório definirmos a base de cálculo para esses dois impostos. A origem do nome desse regime tributário vem da “presunção” da base de cálculo na qual ela será determinada mediante a aplicação dos percentuais de presunção estipulados na Lei nº 9.249/1995. Nessa legislação, temos as definições dos tipos de atividades desenvolvidas pelas empresas e os respec- tivos percentuais de presunção para encontrarmos a base de cálculo do IR e CSLL. Somente depois dessa etapa é possível calcular o valor final a recolher desses dois impostos a cada trimestre. Suponha que um grupo de empresários tenha a intenção de abrir uma rede de lojas para revenda de roupas. Para isso, esse grupo precisará de conhe- cimentos sobre os melhores regimes de tributação. Dessa forma, contrata uma empresa de consultoria tributária para entender melhor os sistemas de cálculo dos impostos nos regimes de tributação disponíveis. Já vimos a tribu- tação pelo Simples Nacional, agora vamos trabalhar com o Lucro Presumido. Nesse cenário, a empresa de consultoria tributária utilizará as informa- ções disponibilizadas pelo grupo empresarial e demonstrará, através dos cálculos, os diferenciais para o cálculo dos impostos no lucro presumido, os quais consistem primeiramente na determinação da atividade desenvol- vida pela empresa, que interfere de forma direta na formação da base de cálculo do imposto de renda e da contribuição social. Aqui deve ser levado em consideração o cálculo do adicional do imposto de renda, o qual ocorre sempre que uma empresa obtém lucro superior ao limite estabelecido na legislação pertinente. Nos relatórios de suas orientações, a consultoria deve destacar: • A possibilidade de opção pelo lucro presumido, citando a forma de constituição, a atividade desenvolvida pela empresa e se elas são compatíveis com este regime de tributação. 18 • Determinar os percentuais de presunção de acordo com a atividade da empresa, citando a legislação pertinente. • Determinar os impostos federais, estaduais e municipais de acordo com suas atividades, incidentes sobre as vendas no período. • Elaborar um quadro demonstrativo com os valores mensais dos impostos devidos. Além disso, as seguintes reflexões podem ajudar no desenvolvimento dos trabalhos: como você considera que a empresa de consultoria deve realizar suas atividades? Em quais informações e legislações ela deve se apoiar para atender aos preceitos desse cálculo? Vamos lá! Não pode faltar Prezado aluno, para iniciarmos nossos estudos, primeiro é fundamental reforçar que o regime básico de tributação para todos os efeitos é o Lucro Real. Essa informação pode causar estranheza no primeiro momento, mas devemos considerar que tanto o Lucro Presumido quanto o Simples Nacional são regimes de tributação optativos, e que as empresas podem exercer sua opção por essas formas de tributação sob algumas condições determinadas na legislação tributária. Pois bem, conceitualmente, podemos entender que esse regime tributário se refere a uma forma de simplificar a determinação da base de cálculo dos tributos a serem pagos, por exemplo, o IRPJ e a CSLL. Para Souza e Pavão (2012), o Lucro Presumido se apresenta como uma forma optativa de tributação simplificada reservada a pessoas jurídicas que estejam enquadradas dentro das regras para optar por apurar os tributos federais (IRPJ, CSLL, PIS e COFINS). Cabe observar aqui que empresas que estão obrigadas a declarar pelo Lucro Real estão automaticamente excluídas de exercerem esta opção de apuração. Lucro Presumido Considerando que esse regime de tributação é optativo, de acordo com o art. 13 da Lei nº 12.814/2013 e o art. 587 do RIR/2018, a legislação oferece, a cada exercício, uma alternativa para cálculo e recolhimento do Imposto de Renda e da Contribuição Social. Empresas que possuírem receita bruta anual no ano calendário anterior inferior a R$ 78.000.000,00 ou R$ 6.500.000,00 por mês podem optar por tal regime de tributação. 19 Reflita O Lucro Presumido pode ser uma alternativa de tributação viável em comparação aos outros regimes de tributação? Ao realizar o planejamento tributário de uma empresa, se estivermos comparando o Lucro Presumido com o Simples Nacional, devemos consi- derar como fator determinante os custos com a folha de pagamento da empresa, pois, no Lucro Presumido quanto maior for sua necessidade de mão de obra (funcionários registrados) maior será o valor da contri- buição patronal previdenciária. Por outro lado, no Simples Nacional, para a maioria das atividades desenvolvidas, essa mesma contribuição incide de forma direta sobre as vendas da empresa. Legislação básica A legislação tributária a respeito do Imposto de Renda e da Contribuição Social sobre o Lucro está disposta no Decreto nº 9.580, de 22 de novembro de 2018, que regulamenta a tributação, a fiscalização, a arrecadação e a administração do Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza. Nessa legislação, a partir do Título IX – Do Lucro Presumido, Capítulo I – Disposições Gerais, mais precisamente do art. 587 em diante, temos as dispo- sições específicas do Lucro Presumido. Dentre os assuntos tratados nesta legislação temos: • Pessoas jurídicas que podem optar pelo Lucro Presumido. • Limites de receita bruta anual ou mensal (proporcional). • Determinação da base de cálculo. • Percentuais de presunção. O Lucro Presumido possui essa denominação devido a sua forma de cálculo, pois devemos considerar as atividades desenvolvidas pela empresa para utilizar o percentual de “presunção” correto sobre o total das suas receitas. Ao utilizar esses percentuais, a empresa irá encontrar a base de cálculo sobre a qual será aplicada a alíquota final do IR. No Lucro Presumido, de acordo com Rezende, Pereira e Alencar (2010), o ICMS corresponde a um imposto não cumulativo, de competência estadual, o qual funciona no sistema de débitos e créditos em que os impostos são apurados e recolhidos separadamente. Ainda segundo Rezende Pereira e Alencar (2010), ao adquirir bens ou serviços tributados pelo ICMS, o contri- buinte adquire um crédito (um direito de compensação) junto às entidades governamentais, relativo ao imposto pago em sua aquisição. Ao realizar 20 uma operação de venda sujeita à incidência de ICMS, passa a ter um débito (obrigação de pagamento) junto às entidades governamentais. O ICMS é um tributo de competência estadual, o qual implica que cada Estado possui sua legislação quanto ao tributo. Empresas que podem optar pelo Lucro Presumido Com exceção das empresas que estão obrigadas ao Lucro Real, de acordo com o § 3º do art. 587 do RIR/2018, qualquer empresa poderá optar pela tributação pelo Lucro Presumido, mas devemos considerar alguns requisitos dispostos na legislação. Dessa forma, o Quadro 4.8 apresenta alguns dos requisitos para enquadramento no Lucro Presumido: Quadro 4.8 | Características para enquadramento no Lucro Presumido RIR/2018 – Art. 587 A pessoa jurídica cuja receita bruta total no ano-calendário anterior tenha sido igual ou inferior a R$ 78.000.000,00 (setenta e oito mi- lhões de reais) ou a R$ 6.500.000,00 (seis milhões e quinhentos mil reais) multiplicado pelo número de meses de atividade do ano-calen- dário anterior, quando inferior a doze meses. RIR/2018 – Art. 591 A base de cálculo deverá respeitar as disposiçõesda Lei nº 9.430/1996, artigos 1° e 25, inciso I; e Lei nº 9.249/1995, artigo 15, §1°. Como regra geral, o percentual de presunção base é 8%, mas para algumas atividades, de acordo com a legislação citada acima, os percentuais de presunção podem ser diferenciados. RIR/2018 – Art. 599 Para fins de pagamento, a pessoa jurídica poderá deduzir do imposto devido sobre a renda no período de apuração, o imposto pago ou retido na fonte sobre as receitas que integraram a base de cálculo, vedada qualquer dedução a título de incentivo fiscal. Fonte: elaborado com base em Brasil (2018). A opção pelo Lucro Presumido, quando exercida pela empresa, será definitiva para todo o ano-calendário. Sua manifestação, ou seja, o momento de opção ocorre com o pagamento da primeira ou única cota do imposto devido, relativa ao primeiro trimestre do ano-calendário ou ao trimestre correspondente ao início de sua atividade. Assimile Vimos todas as características de empresas que podem optar pelo Lucro Presumido, mas existem algumas empresas que, devido à sua forma de constituição, atividade desenvolvida ou outras causas previstas na legis- lação, estão obrigadas ao Lucro Real portanto, não podem optar pelo Lucro Presumido. Leia o texto do RIR/2018 e analise o art. 257 desse regulamento para constatar todas as situações que obrigam uma empresa ao Lucro Real. 21 BRASIL. Decreto nº 9.580, de 22 de novembro de 2018. Regulamenta a tributação, a fiscalização, a arrecadação e a administração do Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza. Brasília: Secretaria- -Geral/Subvhefia para Assuntos Jurídicos, [2018]. Definição de receita bruta e determinação da base de cálculo Antes de falarmos sobre a base de cálculo, cabe aqui trazermos a definição de receita bruta, que, conforme o art. 208 do RIR/2018, compreende: I. O produto da venda de bens nas operações de conta própria (produtos ou mercadorias). II. O preço da prestação de serviços em geral. III. O resultado auferido nas operações de conta alheia. IV. As receitas da atividade ou objeto principal da pessoa jurídica não compreendidos nos incisos de I a III. De acordo com Padoveze et al. (2017), fundamentalmente o Lucro Presumido tem duas bases de cálculo a saber: • A base de cálculo obtida com a aplicação do percentual de presunção sobre a receita bruta, deduzida das devoluções e das vendas cance- ladas e dos descontos incondicionais concedidos, de acordo com as atividades operacionais da empresa. (Art. 591, RIR/2018). • A base de cálculo formada por outras receitas que não sejam origi- nadas das atividades operacionais da empresa, ou seja, não fazem parte da receita bruta. Nesse caso, não há aplicação do percentual de presunção, ficando as outras receitas sujeitas à incidência direta das alíquotas do IR e da CSLL. Percentuais de Presunção De acordo com o art. 591 do RIR/2018, a base de cálculo do Imposto de Renda será determinada pela aplicação do percentual de 8% sobre a receita bruta auferida no período de apuração (trimestre), deduzida das devoluções, vendas canceladas e dos descontos incondicionais concedidos. O referido percentual de presunção é utilizado pela maioria das empresas com ativi- dades comerciais e industriais. Mas existem algumas exceções no RIR/2018 sobre percentuais de presunção diferenciados para algumas atividades. Esses percentuais diferen- ciados foram introduzidos no regulamento através do art. 15 da Lei nº 9.249/1995 e do art. 1º da Lei nº 9.430/1996, responsáveis por determinar 22 percentuais de presunção diferenciados para algumas atividades. Para conferir quais são as atividades e os respectivos percentuais, verifique o Quadro 4.9 a seguir: Quadro 4.9 | Percentuais de presunção para formação da base de cálculo do tributo do IRPJ e CSLL ESPÉCIES DE ATIVIDADES Percentuais sobre a receita IRPJ CSLL • Revenda para consumo de combustíveis (petróleo, álcool etílico carburante e gás natural). 1,6% 12% • Venda de mercadorias ou produtos; transporte de cargas; atividades imobiliárias (compra, venda, loteamento, incor- poração e construção de imóveis); serviços hospitalares; atividade rural; industrialização com materiais fornecidos pelo encomendante; outras atividades não especificadas (exceto prestação de serviços). 8% 12% • Serviços de transporte (exceto o de cargas); serviços (exceto hospitalares e de sociedade civil de profissão regulamentada, cuja receita bruta anual não seja superior a R$ 120.000,00); instituições financeiras e entidades a elas equiparadas. 16% 32% • Serviços em geral, para os quais não esteja previsto o per- centual específico, inclusive os prestados por sociedades ci- vis de profissão regulamentada, intermediação de negócios, administração, locação ou cessão de bens imóveis, móveis e direito de qualquer natureza, construção para administra- ção ou empreitada unicamente de mão de obra. 32% 32% Fonte: elaborado com base em Brasil (1996) e Brasil (2018). Exemplificando Considere uma empresa que seja um posto de combustível optante pelo Lucro Presumido. Em determinado trimestre, ela apurou sua receita bruta decorrente da venda de combustíveis e também obteve outra receita decorrente de ganhos de capital referentes à venda de um bem registrado em seu ativo imobilizado. Abaixo temos as informações fornecidas pelo departamento contábil da empresa: • Receita pela revenda de combustível: R$ 250.000,00. • Receita sem ganho de capital: R$ 50.000,00. Para determinarmos a base de cálculo do Imposto de Renda sobre Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), é necessário consultar a legislação prevista na Lei nº 9.249/1995, em cujo art. 15, temos os percentuais de presunção de acordo com as atividades 23 da empresa. Nesse caso, o percentual utilizado sobre a receita pela revenda de combustíveis será de 1,6% para o IRPJ e 12% para a CSLL, mas não haverá aplicação da presunção sobre a receita de ganhos de capital, pois essa terá a aplicação direta da alíquota final do IRPJ e da CSLL. Como serão feitos os cálculos para determinar a base de cálculo deles? Quadro 4.10 | Base de cálculo IRPJ e CSLL – Lucro Presumido Receitas Percentual presunção Base de Cálculo R$ 250.000,00 (revenda) IRPJ 1,6% CSLL 12% IRPJ R$ 4.000,00 CSLL R$ 30.000,00 R$ 50.000,00 (ga- nho de capital) Não há R$ 50.000,00 Base de cálculo total - R$ 84.000,00 Fonte: elaborado pelo autor. Não há aplicação do percentual de presunção sobre os ganhos de capital, pois esse tipo de receita é considerado “não operacional”, devendo a mesma ser somada à base de cálculo decorrente de suas atividades operacionais. Alíquota do Imposto de Renda e do Adicional De acordo com o art. 225 do RIR/2018, o valor a recolher para o IRPJ será obtido por meio da aplicação do percentual de 15% sobre a base de cálculo encontrada nos termos do art. 15 da Lei nº 9.249/1995 como exemplifi- cado anteriormente no Quadro 4.9. O mesmo critério será utilizado para a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), mas, para este imposto, a alíquota é de 9%. O parágrafo único do art. 225 dispõe ainda sobre o adicional do Imposto de Renda e deve ser calculado utilizando o percentual adicional de 10% sobre o valor da base de cálculo excedente a R$ 20.000,00 por mês ou R$ 60.000,00 no trimestre, pois o período de apuração de uma empresa optante pelo Lucro Presumido é trimestral. Não há nenhum tipo de cálculo de adicional para a CSLL e, independentemente do valor da sua base de cálculo, utilizamos sempre a alíquota de 9%. Agora, para melhor entendimento, vamos utilizar os conceitos apresen- tados e aplicar os procedimentos para determinação do cálculo do IRPJ e da CSLL no regime tributário pelo lucro presumido. 24 Exemplificando Uma empresa que presta serviços de consultoria empresarial apresentou, no último trimestre, a receita bruta de R$ 500.000,00. Os custos totalizaram o valor de R$ 130.000,00 e as despesas, de R$ 80.000,00. Considerando quea empresa está enquadrada no regime tributário Lucro Presumido, vamos determinar os valores do IRPJ e CSLL a serem pagos à União. Resolução: 1º Passo: determinar a base de cálculo para o Imposto de Renda sobre Pessoa Jurídica (IRPJ). Quadro 4.11 | Base de cálculo IRPJ – Lucro Presumido 1. Receita bruta R$ 500.000,00 2. Percentual de presunção sobre as receitas foi encontra- do considerando a atividade desenvolvida pela empresa, conforme Quadro 4.9, referente à Lei nº 9.249/1995. 32% 3. Base de cálculo (500.000,00 x 32%) R$ 160.000,00 Fonte: elaborado pelo autor. 2º Passo: determinar a base de cálculo para a CSLL. Quadro 4.12 | Base de cálculo CSLL – Lucro Presumido 1. Receita bruta R$ 500.000,00 2. Percentual de presunção sobre a receita foi encontrado considerando a atividade desenvolvida pela empresa, con- forme o Quadro 4.9, referente à Lei nº 9.249/1995. 32% 3. Base de cálculo (500.000,00 x 32%) R$ 160.000,00 Fonte: elaborado pelo autor. Obs.: Veja que, de acordo com a tabela de espécie de atividades, cada um dos segmentos tem o percentual de presunção correspondente. Neste caso, como a empresa é prestadora de serviços de consultoria, a presunção do lucro representará 32% das receitas tanto para o cálculo do IRPJ como para CSLL. 3º Passo: calcular o IRPJ e a CSLL. Quadro 4.13 | Cálculo do IRPJ e CSLL IRPJ (alíquota de 15% + 10% sobre o excedente – art. 225, RIR/2018) 25 R$ 160.000,00 x 15% (alíquota do IRPJ) R$ 100.000,00 x 10% (adicional sobre o valor excedente na base de cálculo do trimestre R$ 160.000,00 – R$ 60.000,00*) Total a pagar do IRPJ 24.000,00 10.000,00 R$ 34.000,00¹ CSLL (alíquota 9% sobre o lucro) R$ 160.000,00 x 9% R$ 14.400,00 *Obs.: o percentual adicional de 10% deve ser calculado sobre o excedente a R$ 20.000,00 por mês, o que equivale a R$ 60.000,00 por trimestre. Fonte: elaborado pelo autor. Nota 1 – De acordo com o RIR/2018, a alíquota do IRPJ para as empresas é 15% sobre o lucro apurado no período, mas, para as empresas optantes pelo Lucro Presumido, devemos determinar sua base de cálculo mediante a aplicação dos percentuais de presunção dispostos na Lei nº 9.249/95, em seu art. 15º. Após a aplicação do percentual de presunção, ficou determinado que a empresa obteve um lucro presumido de R$ 160.000,00 e, portanto, superior ao limite trimestral disposto no art. 225 do RIR/2018. Neste caso, devemos ainda aplicar o percentual de 10% sobre o excedente no trimestre, ou seja, R$ 160.000,000 – R$ 60.000,00 (limite trimestral) = R$ 100.000,00 x 10% = R$ 10.000,00. O valor R$ 24.000,00 somado ao valor encontrado, do adicional de R$ 10.000,00, será o total a recolher no trimestre, ou seja, R$ 34.000,00. O Lucro Presumido pode se revelar desafiador, pois vários fatores devem ser considerados antes que uma empresa realize a opção por esse regime tributário. Dados financeiros fornecidos pela empresa são cruciais, pois, em alguns casos, o Lucro Presumido pode ser mais vantajoso mesmo se compa- rado ao Simples Nacional. Cabe a nós, analistas tributários, verificarmos os dados apresentados e a legislação tributária que se apresenta para direcio- narmos os caminhos a serem percorridos pela empresa, visando sempre a economia tributária e o aumento de sua competitividade. Sem medo de errar Vamos relembrar nossa situação problema? Um grupo de empresários realizou a contratação de uma empresa de consultoria tributária para identificar os impactos dos tributos sobre os resultados da empresa. A maior demanda nesse momento consiste em optar pela forma tributária menos onerosa, que proporcionará menor incidência de pagamento de tributos aos entes tributantes. 26 Os dados apresentados pelo grupo de empresários foi o seguinte: • A empresa foi constituída sob a forma de sociedade empre- sária limitada. • A atividade da empresa é venda de roupas no varejo (rede de lojas). • Previsão de faturamento total em 12 meses no valor de R$ 3.000.000,00, sendo que o volume mensal de vendas é de R$ 250.000,00. • Suas vendas serão realizadas diretamente ao consumidor em suas lojas com alíquota de ICMS de 18%. • O valor total das compras de mercadorias para revenda será de R$ 210.000,00 por mês e todas as mercadorias adquiridas serão tribu- tadas pelo ICMS com alíquota de 18%. • Os valores das despesas mensais será R$ 15.000,00 e dentro das despesas mensais está previsto um gasto mensal com brindes no valor de R$ 1.000,00. A empresa de consultoria tributária, com as informações disponibilizadas pelo grupo empresarial, deve demonstrar através dos cálculos os diferenciais do cálculo dos impostos no Lucro Presumido, os quais consistem, primeira- mente, na determinação da atividade desenvolvida pela empresa, que inter- fere de forma direta na formação da base de cálculo do imposto de renda e da contribuição social. Deve ser levado em consideração o cálculo do adicional do imposto de renda, que ocorre sempre que uma empresa obtém lucro superior ao limite estabelecido na legislação do imposto renda. Em suas orientações, a empresa de consultoria deve destacar que a base de cálculo do imposto de renda será obtida considerando o percentual de presunção conforme suas atividades e quais serão os impostos devidos sobre suas atividades na esfera federal, estadual e municipal. Resolução: 1º Passo: possibilidade de opção pelo Lucro Presumido De acordo com o art. 257 do RIR/2018, temos algumas vedações quanto à opção pelo regime Lucro Presumido. Nesse exercício, a empresa será consti- tuída sob a forma de sociedade limitada e com atividade de comércio de roupas. Portanto, de acordo com o artigo da lei e seus respectivos incisos, não há nenhum obstáculo para que essa empresa possa optar por esse regime de tributação, caso venha a ser o mais vantajoso. 27 2º Passo: determinação dos percentuais de presunção de acordo com a atividade da empresa Conforme consta no art. 15 da Lei nº 9.249/1995, as atividades comerciais e industriais com o objetivo de venda de mercadorias ou produtos têm o percentual de 8% para determinar a base de cálculo do Imposto de Renda e 12% para determinar a base de cálculo da Contribuição Social. A empresa tem uma projeção de vendas totais de R$ 3.000.000,00, sendo que o volume de vendas mensal é R$ 250.000,00. Sabemos que a apuração do IRPJ e CSLL é feito trimestralmente para as empresas optantes pelo Lucro Presumido, dessa forma, a receita bruta utilizada para os cálculos será R$ 750.000,00 para o trimestre (R$ 250.000,00 x 3 meses). • Receita Bruta de vendas no trimestre – R$ 750.000,00 • Percentuais de presunção: – IR – 8% – CSLL – 12% • Base de cálculo do IRPJ: – R$ 750.000,00 x 8% = R$ 60.000,00 • Base de cálculo da CSLL: – R$ 750.000,00 x 12% = R$ 90.000,00 Já realizamos a apuração da base de cálculo para os referidos impostos aplicando os percentuais de presunção, portanto o cálculo para determinar o valor a recolher deve ser realizado da seguinte forma: • IRPJ – Base de cálculo R$ 60.000,00 x 15% = R$ 9.000,00 • CSLL – Base de cálculo R$ 90.000,00 x 9% = R$ 8.100,00 • Total de impostos sobre o lucro presumido no trimestre -> R$ 17.100,00 Neste exercício, não há a necessidade de cálculo do adicional do imposto de renda, pois, de acordo com o art. 225 do RIR/2018, não houve excesso de lucro no trimestre, ficando a empresa dentro do limite estabelecido em R$ 20.000,00 por mês ou R$ 60.000,00 no trimestre. Vale lembrar que tanto o IR quanto a CSLL são impostos trimestrais, portanto, o valor, se dividido por três meses, seria equivalente a R$ 5.700,00. 28 3º Passo: determinação dos impostos federais, estaduais e municipais incidentes sobre as vendas no período Considerando que a empresa realize a opção pelo Lucro Presumido, é necessário calcular todos os impostos que incidem sobre suas atividades. Relembrando algumas seções anteriores, comentamos o fato de que uma empresa que opte por esse regime de tributação também está sujeita ao regime cumulativo para apuraçãodo PIS e COFINS. Outro fator relevante se refere ao ICMS, pois, no Lucro Presumido, todos os impostos devem ser apurados e recolhidos separadamente. PIS – Regime cumulativo Vendas mensais – R$ 250.000,00 Alíquota do PIS cumulativo – 0,65% R$ 250.000,00 x 0,65% = R$ 1.625,00 COFINS – Regime cumulativo Vendas mensais – R$ 250.000,00 Alíquota COFINS cumulativo – 3% R$ 250.000,00 x 3% = R$ 7.500,00 ICMS – No Lucro Presumido, o ICMS deve ser apurado pelo regime não cumulativo, ou seja, a empresa deve apurar crédito sobre suas compras e débito sobre suas vendas. Compras realizadas no mês – R$ 210.000,00 Alíquota ICMS sobre compras – 18% R$ 210.000,00 x 18% = R$ 37.800,00 Este valor será utilizado como crédito e será compensado (deduzido) do valor total a recolher de ICMS sobre as vendas de mercadorias. Vendas mensais – R$ 250.000,00 Alíquota ICMS sobre vendas – 18% R$ 250.000,00 x 18% = R$ 45.000,00 Apuração do valor de ICMS a recolher no mês: R$ 45.000,00 – R$ 37.800,00 = R$ 7.200,00 29 4º Passo: quadro demonstrativo com os valores mensais dos impostos Quadro 4.14 | Quadro demonstrativo dos impostos Imposto Valor (R$) PIS cumulativo R$ 1.625,00 COFINS cumulativo R$ 7.500,00 ICMS a recolher (apurado mensalmente) R$ 7.200,00 IRPJ mensal (R$ 9.000,00 / 3 meses) R$ 3.000,00 CSLL mensal (R$ 8.100,00 / 3 meses) R$ 2.700,00 Total de impostos a recolher no Lucro Presumido R$ 22.025,00 Fonte: elaborado pelo autor. Se compararmos o valor referente ao lucro presumido (R$ 22.025,00) com o valor apurado na seção anterior pelo Simples Nacional (R$ 28.475,00), perce- beremos que, se a empresa optar pelo Lucro Presumido, terá uma economia tributária de R$ 6.450,00. É importante verificar os gastos com folha de pagamento, pois se os valores e quantidade de empregados forem elevados, esse regime de tributação deixa de ser vantajoso em relação ao Simples Nacional. Faça valer a pena 1. O Lucro Presumido se apresenta como uma forma optativa de tribu- tação simplificada reservada a pessoas jurídicas que estejam enquadradas dentro das regras dispostas na legislação tributária. Cabe observar aqui que empresas obrigadas a declarar pelo Lucro Real estão automaticamente exclu- ídas de exercerem essa opção de apuração. Analise a seguir algumas situações em relação ao enquadramento pelo Lucro Presumido: I. Ter receita bruta superior a R$ 48.000.000,00 no ano-calendário anterior. II. Obter lucro ou rendimento oriundo do exterior. III. Desempenhar atividade de banco comercial. IV. Estar autorizada, pela legislação tributária, a usufruir de benefício fiscal de isenção ou redução do Imposto de Renda. 30 Considerando as situações em razão das quais uma empresa não pode optar pelo Lucro Presumido, é correto o que se afirma em: a. II e III, apenas. b. I e IV, apenas. c. I, II e III, apenas. d. II, III e IV, apenas. e. I, II, III e IV. 2. Desde que a empresa não esteja obrigada ao Lucro Real, conforme previsto no art. 257 do RIR/2018, ela poderá optar pelo regime de tribu- tação Lucro Presumido, mas é necessário atender alguns requisitos previstos na legislação tributária. Para que a opção pelo Lucro Presumido seja formalizada, a empresa precisa realizar a manifestação de opção por esse regime de tributação. Assinale a alternativa correta referente à forma de opção pelo Lucro Presumido. a. Realizando o pedido de opção no portal do e-CAC. b. Realizando o pagamento do PIS e COFINS pelo regime não cumulativo. c. Realizando o pagamento da primeira cota ou cota única do imposto de renda. d. Realizando a exclusão da empresa no portal do Simples Nacional. e. Realizando o pagamento do PIS e COFINS pelo regime cumulativo. 3. Determinada empresa optou pela apuração do Imposto de Renda pelo regime Lucro Presumido. Sua atividade principal é a fabricação de aparelhos de ar condicionado e prestação de serviços na instalação destes aparelhos. Logo no primeiro trimestre foram extraídas as seguintes infor- mações de sua escrituração contábil. Receita bruta pela venda de produtos R$ 500.000,00 Receita bruta pela prestação de serviços R$ 200.000,00 Juros pagos R$ 5.500,00 Despesas operacionais R$ 150.000,00 31 Considerando que as alíquotas para o cálculo do lucro presumido sobre as vendas são 8% e sobre as prestações de serviços, 32%, é correto afirmar que a base de cálculo para apuração do imposto de renda pelo Lucro Presumido é de: a. R$ 40.000,00. b. R$ 64.000,00. c. R$ 54.000,00. d. R$ 48.500,00. e. R$ 104.000,00. 32 Seção 3 Lucro Real Diálogo aberto Caro aluno, os conceitos, os fundamentos, a legislação, as formas de cálculo e a tributação são a base de todo planejamento tributário bem-suce- dido. Todas as empresas, seja no momento da constituição ou a cada exercício social que se inicia, devem rever seus resultados, realizar projeções e verificar o impacto dos tributos sobre suas atividades. Vale lembrar que, ao analisarmos os possíveis regimes de tributação, devemos utilizar todo o conhecimento acumulado até aqui, pois, ao realizar a opção pela forma de tributação mais vantajosa, os conceitos sobre incidência de impostos, sua base de cálculo, tributação cumulativa e não cumulativa, alíquotas e formas de cálculo dos impostos serão utilizadas. Nesta seção trabalharemos com o regime tributário Lucro Real, passando por seus conceitos, legislação básica, formação da base de cálculo com a dedução de custos e despesas operacionais, alíquotas e formas de apuração e recolhimento do imposto nessa sistemática. Diante do contexto apresentado, verifique a situação a seguir: Uma empresa de consultoria foi contratada para identificar os impactos dos tributos sobre os resultados da empresa e demonstrar qual dos regimes tributários será menos oneroso, proporcionando menor incidência de pagamento de tributos aos entes tributantes. Assim, o trabalho que você irá desenvolver será o de analisar, comparar e optar pelas melhores condições para a empresa. Com as informações disponibilizadas pelo grupo empresarial, devemos demonstrar como será determinada a base de cálculo do Imposto de Renda e da Contribuição Social. Considerando os custos e despesas operacionais previstos no Regulamento do Imposto de Renda de 2018, serão analisados todos os valores que podem ser utilizados como dedução na base de cálculo e quais dessas despesas têm sua dedução vedada pelo fisco, impactando diretamente na formação da base de cálculo do Imposto de Renda e da Contribuição Social. Para isso, deve-se observar as seguintes etapas: 1. Apurar os impostos sobre a compra e sobre a venda (PIS: 1,65%; COFINS: 7,6%; ICMS: 18%). 2. Registrar dos impostos recuperáveis. 33 3. Elaborar a Demonstração do Resultado (DRE) sintética para apuração lucro contábil. 4. Apurar o Lucro Real e calcular o IRPJ e a CSLL (IRPJ: 15%; CSLL: 9%; Adicional de IRPJ: 10%). 5. Registrar os tributos sobre o lucro. 6. Demonstrar um quadro com os valores dos impostos a recolher no mês. Deve ser levado em consideração o cálculo do adicional do imposto de renda, que ocorre sempre que uma empresa obtém lucro superior ao limite estabelecido na legislação do imposto de renda. Em suas orientações, a empresa de consultoria deve destacar que a base de cálculo do imposto de renda será obtida considerando a legislação fiscal pertinente, elaborando um demonstrativo dos impostos sobre as vendas, custos e despesas que podem ser utilizados como deduções no cálculo para o imposto de renda e contribuição social. Os dados apresentados pelo grupo empresarial levam em consideração a previsão de faturamento total em 12 meses no valor de R$ 3.000.000,00, sendo que o volume mensal de vendas é de R$ 250.000,00 e que suas vendas serão realizadas diretamente ao consumidor em suas lojas com alíquota de ICMS de 18%. O valor total das compras de mercadorias para revenda será de R$ 210.000,00 por mês e todas as mercadorias adquiridas serão tributadas pelo ICMS com alíquota de 18%;os valores das despesas mensais serão de R$ 15.000,00 e dentro delas estão previstos gastos com brindes no valor de R$ 1.000,00. Vamos solucionar mais este desafio? Não pode faltar Na legislação tributária brasileira, temos basicamente três formas de tributação sobre as pessoas jurídicas: • Simples Nacional – regime de tributação com uma alíquota efetiva determinada de acordo com a receita bruta dos últimos 12 meses, a qual será aplicada sobre o faturamento do mês de apuração. Esse regime é destinado às empresas com faturamento bruto anual de até R$ 4.800.000,00. • Lucro Presumido – regime de tributação destinado às empresas com faturamento anual, no ano anterior, de até R$ 78.000.000,00. • Lucro Real – para as demais empresas. 34 É importante destacar que a adoção de qualquer um dos regimes de tributação previstos é opcional. Um exemplo básico que podemos utilizar aqui é o caso de uma pequena empresa com receita bruta acumulada em R$ 2.000.000,00. De acordo com o seu faturamento, tal empresa tem a liberdade de exercer a opção por qualquer um dos regimes de tributação, mas deve ficar bem claro que os dispositivos legais previstos na Lei Complementar nº 123/2006 e no Decreto nº 9.580/2018 também devem ser observados, pois, de acordo com algumas situações previstas na legislação, a empresa pode estar obrigada à apuração de seus impostos pelo Lucro Real. Portanto, é fundamental lembrarmos que o Lucro Real é o regime básico de tributação, cabendo ao Simples Nacional e ao Lucro Presumido a condição de regimes optativos. Contribuintes São contribuintes do IRPJ e da CSLL, todas as empresas que possuem personalidade jurídica, ou seja, empresas individuais, sociedades por ações, sociedades limitadas e sociedades em conta de participação, entre outras previstas na nossa legislação tributária. Contribuintes imunes De acordo com os artigos de 179 a 181 do RIR/2018, são considerados imunes à tributação do IR e da CSLL: • Os templos de qualquer culto. • Partidos políticos, suas fundações e entidades sindicais dos trabalhadores. • Instituições de educação e de assistência social sem fins lucrativos. Contribuintes isentos As características fiscais sobre a isenção estão previstas nos artigos de 184 a 192. Dentre elas podemos destacar: • Instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural e científico e as associações civis que prestem os serviços para os quais houverem sido instituídas e os coloquem à disposição do grupo de pessoas a que se destinam, sem fins lucrativos. • Entidades fechadas de previdência complementar e as entidades abertas de previdência complementar sem fins lucrativos. • Companhias estrangeiras de navegação marítima e aérea se, no país de sua nacionalidade, as companhias brasileiras de igual objetivo gozarem da mesma prerrogativa. 35 • Associações de poupança e empréstimo, constituídas sob a forma de sociedade civil, sem fins lucrativos. Não incidência De acordo com o art. 193 do RIR/2018, não haverá a incidência de tribu- tação do IR e da CSLL sobre as sociedades cooperativas sem objetivo de lucro. Importante destacar que a cooperativa deve pagar imposto se houver apuração de resultado positivo sobre as atividades estranhas à sua finalidade de constituição. Nessa situação, podemos tomar como exemplo a comerciali- zação de produtos adquiridos de não associados. Legislação base do Lucro Real De acordo com a nossa legislação tributária, o Lucro Real corresponde ao lucro tributável, ou seja, o lucro líquido demonstrado na Demonstração de Resultado do Exercício (DRE), ajustado pelas adições, exclusões e compen- sações previstas na legislação vigente, conforme o RIR/2018. Há dois tributos com incidência sobre o lucro tributável de uma empresa: • Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ). • Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). Esses dois tributos são de competência da União e toda a legislação sobre eles está prevista no Regulamento do Imposto de Renda, conforme o Decreto nº 9.580, de 22 de novembro de 2018. O RIR/2018 dispõe sobre a tributação das pessoas físicas e jurídicas, mas, especificamente sobre as formas de tributação das empresas, é só a partir do Livro II, art. 158, que temos todas as disposições legais previstas para as pessoas jurídicas. Esse decreto foi criado para unificar as recentes atualizações que ocorreram na legislação do imposto de renda, considerando as principais alterações ocorridas na Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, a qual dispõe sobre as sociedades por ações. A Lei nº 6.404/76, conhecida como Lei das S/A, passou por alterações devido às adaptações na estrutura contábil brasileira, as quais foram introdu- zidas pelas Leis nº 11.638/2007 e nº 11.941/2009. Juntas, essas duas legislações foram responsáveis pela maior reestruturação contábil do nosso país, pois, a partir de sua edição, a contabilidade de nossas empresas passou a atender às normas contábeis internacionais do International Financial Reporting Standards (IFRS), entrando em vigor em 1º de janeiro de 2010. Com a edição da Lei nº 12.973, de 13 de maio de 2014, ocorreram alterações na legislação tributária federal relativa ao Imposto sobre a Renda das Pessoas Jurídicas 36 (IRPJ), à Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), à Contribuição para o PIS/Pasep e à Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS). Essas alterações foram incorporadas ao antigo Regulamento do Imposto de Renda (RIR/1999), fazendo-se necessária sua reestruturação, a qual resultou no novo regulamento, particularmente denominado RIR/2018. Assimile Apesar das recentes e várias alterações introduzidas pelas Leis nº 11.638/2007 e 11.941/2009, a legislação das S/A continua sendo regida pela Lei nº 6.404/1976. No capítulo XV dessa lei, temos as principais disposições legais sobre as demonstrações financeiras obrigatórias para todas as empresas. Dessa forma, é fundamental definirmos que a apuração dos tributos sobre o lucro passa, primeiramente, pela apuração do resultado contábil (lucro ou prejuízo), de acordo com as regulações contidas na Lei nº 6.404/1976 e com as normas contábeis vigentes no país. Logo após a definição do lucro contábil, este deve passar por uma série de ajustes, mediante adições, exclusões ou compensações previstas no RIR/2018, para encontrarmos o lucro tributável (Lucro Real), o qual servirá de base de cálculo do IRPJ e da CSLL. Base de cálculo No Lucro Real, o fato gerador para o Imposto de Renda é o lucro contábil obtido em seus respectivos períodos de apuração. Deve-se destacar que, para determinarmos o lucro tributável, devemos ajustar o resultado do exercício mediante a aplicação das adições e exclusões. O mesmo ocorre com a CSLL, na qual também se configura, como fato gerador, o lucro obtido e ajustado no exercício. No Quadro 4.15 temos a demonstração dos procedimentos adotados na apuração do Lucro Real: Quadro 4.15 | Procedimentos para apuração do Lucro Real Lucro Contábil antes do IR e da CSLL (apurado no trimestre ou no final do exercício) (+) Adições determinadas na legislação tributária (-) Exclusões permitidas na legislação tributária = Lucro Real (lucro tributável) Fonte: elaborado pelo autor. Em termos gerais, as adições são representadas pelas despesas não dedutíveis para fins de tributação naquele exercício. Embora, em obediência 37 às normas contábeis, essas despesas devam ser reconhecidas e contabilizadas normalmente, para fins tributários, o RIR/2018 não aceita sua validade como dedução fiscal, cabendo à empresa efetuar os ajustes por adição ao lucro no Livro de Apuração do Lucro Real (LALUR). Já as exclusões são representadas, em termos gerais, pelos incentivos fiscais agregados como custos ou despesas dedutíveis no exercício (depreciação acele- rada, incentivos sobre gastos com pesquisa e desenvolvimento). Algumas receitas podem ser consideradas como não tributáveis pelo fisco (dividendos, equiva- lência patrimonial),portanto devem ser excluídas do lucro tributável. Período de apuração Conforme o art. 217 do RIR/2018, a apuração dos tributos sobre o lucro, ocorre em períodos de apuração trimestrais, encerrados em 31 de março, 30 de junho, 30 de setembro e 31 de dezembro de cada ano-calendário. Essa é a forma básica para apuração do IRPJ e da CSLL sobre o lucro, mas a pessoa jurídica poderá optar pelo pagamento mensal do imposto de renda e do respectivo adicional, se houver, em base estimada. A referida opção, de acordo com o art. 219, ocorrerá mediante o pagamento mensal, em base estimada (estimativa mensal), do imposto de renda correspondente ao mês de janeiro ou de início de atividade. Essa siste- mática de recolhimento pela estimativa mensal deve ser realizada de forma idêntica ao Lucro Presumido, mediante a aplicação do percentual de 8% sobre a receita bruta, ou de acordo com os percentuais previstos na Lei nº 9.249/1995 conforme a atividade desenvolvida pela empresa. Acompanhe no Quadro 4.16, as duas formas de apuração do IRPJ e da CSLL pelo Lucro Real: Quadro 4.16 | Períodos de apuração do IR e da CSLL pelo Lucro Real Trimestral Anual (estimativa mensal) 31/03 31/01 Apuração mensal: suspensão ou redução Para que ocorra a suspensão ou a redução no recolhimento do imposto mensal, são necessários balanços ou balancetes mensais evidenciando a base de cálculo pelo Lucro Real menor que a estimativa mensal. 28/02 31/03 30/06 30/04 31/05 30/06 30/09 31/07 31/08 30/09 31/12 31/10 30/11 31/12 Fonte: elaborado com base em Brasil (2018). 38 Para efeitos de comparação, uma empresa, ao decidir qual será a melhor forma de recolhimento, se trimestral ou anual, deve considerar as seguintes possibilidades: a sazonalidade é muito comum para a maioria das empresas, de modo que, em determinados meses ou trimestres, pode ocorrer a apuração de prejuízos, mesmo que no final do ano a empresa termine com lucro tributável. Nessa situação, a empresa pode optar pelo recolhimento de estimativa mensal e, nos meses de apuração em que houver prejuízo, poderá ser feito o levantamento do balanço patrimonial para evidenciar o resultado negativo, suspendendo o recolhimento do imposto naquele mês e assim sucessivamente, até a empresa voltar a apurar resultados positivos. Por outro lado, empresas que apuram lucro tributável de forma regular, nas quais não há perspectiva de prejuízo, o regime trimestral de apuração pode ser mais vantajoso, pois os recolhimentos trimestrais melhoram o fluxo de caixa da empresa. Ajustes • Adições de acordo com o art. 260 do RIR/2018: – Custos, despesas, perdas, provisões e quaisquer outros valores deduzidos na apuração do lucro líquido que não sejam dedutíveis na apuração do lucro real. – Os resultados, os rendimentos, as receitas e quaisquer outros valores não incluídos na apuração do lucro líquido que, de acordo com o disposto nesse Regulamento, devam ser computados na determinação do lucro real. – Outras adições também devem ser incluídas, conforme o parágrafo único, incisos de I a XIII do art. 260, tais como as despesas com brindes, as doações (exceto aquelas a que se referem o art. 377 e o caput do art. 385), as perdas incorridas em operações iniciadas e encerradas no mesmo dia, entre outros. • Exclusões e compensações de acordo com o art. 261 do RIR/2018: – Os valores cuja dedução seja autorizada por esse Regulamento e que não tenham sido computados na apuração do lucro líquido do período de apuração. – Os resultados, os rendimentos, as receitas e outros valores inclu- ídos na apuração do lucro líquido que, de acordo com o disposto nesse Regulamento, não sejam computados no lucro real. – O prejuízo fiscal apurado em períodos de apuração anteriores, limitado à compensação de 30% do lucro líquido ajustado pelas 39 adições e exclusões previstas nesse Regulamento, desde que a pessoa jurídica mantenha os livros e os documentos exigidos pela legislação fiscal, comprobatórios do prejuízo fiscal utilizado para compensação, observado o disposto do art. 514 ao art. 521 (Lei nº 9.065, de 20 de junho de 1995, art. 15, caput e parágrafo único). – Outras exclusões e compensações também devem ser incluídas de acordo com o parágrafo único, incisos de I a XI do art. 261, por exemplo, os dividendos anuais mínimos distribuídos, os juros reais produzidos por Notas do Tesouro Nacional, as rever- sões dos saldos das provisões não dedutíveis, a parcela equiva- lente à redução do valor das multas, dos juros e do encargo legal, entre outros. Um ponto importante a ser observado se refere às questões de registros que deverão ser procedidas pelas organizações enquadradas neste regime tributário. Vale destacar que os artigos de 265 a 283 ressaltam que se deve manter a escrituração de acordo com as leis comerciais e fiscais, facultando a pessoas jurídicas que possuem filiais a manutenção da contabilidade não centralizada, além da observância nos registros com operações inter- nacionais. Outro ponto que merece destaque diz respeito à elaboração e manutenção dos livros comerciais, fiscais e do sistema escritural eletrônico. Reflita No lucro real, para classificarmos as despesas como dedutíveis ou indedutíveis, devemos interpretar o fato ocorrido, aplicando e respei- tando o disposto no Regulamento do Imposto de Renda. Para que uma despesa seja considerada como dedutível, é imprescin- dível sua ligação com a atividade desenvolvida, ou seja, serão dedutíveis as despesas com bens e serviços diretamente ligados à sua atividade. Alíquotas IRPJ De acordo com o art. 29 da Instrução Normativa RFB n° 1.700/2017, para apuração do Imposto de Renda devido, será aplicada a alíquota de 15% sobre a base de cálculo (lucro tributável). No parágrafo primeiro desse mesmo artigo, temos as disposições legais sobre o cálculo do adicional do imposto de renda. Dessa forma, quando o valor resultante da base de cálculo exceder a multiplicação de R$ 20.000,00 pelo número de meses do respectivo período de apuração, ficará sujeito à incidência de adicional do Imposto de Renda à alíquota de 10%. 40 CSLL Conforme o art. 30 dessa mesma Instrução Normativa, para apuração da CSLL devida, aplica-se a alíquota de 9% sobre a base de cálculo (lucro tributável). Exemplificando Cálculo do IR e da CSLL pelo Lucro Real Considere uma empresa optante pelo Lucro Real Anual, que apurou lucro contábil anual de R$ 800.000,00. Será necessário realizar alguns ajustes por adições e exclusões para determinar o Lucro Real, o qual será a base de cálculo do Imposto de Renda sobre Pessoa Jurídica (IRPJ) e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). Acompanhe na demonstração, no Quadro 4.17, como devem ser realizadas as adições e exclusões no cálculo do IRPJ e CSLL: Quadro 4.17 | Exemplo Cálculo IRPJ e CSLL Base de cálculo – R$ IRPJ CSLL Lucro líquido do exercício (lucro contábil) R$ 800.000,00 R$ 800.000,00 (+) Adições Doações não dedutíveis (brindes) R$ 40.000,00 R$ 40.000,00 Provisão para perdas em processos traba- lhistas R$ 42.000,00 R$ 42.000,00 Soma das adições R$ 82.000,00 R$ 82.000,00 ( - ) Exclusões Depreciação fiscal complementar à contábil R$ 45.000,00 R$ 45.000,00 Lucro de equivalência patrimonial em controlada R$ 62.000,00 R$ 62.000,00 Soma das exclusões R$ 107.000,00 R$ 107.000,00 = Lucro Real R$ 775.000,00 R$ 775.000,00 Alíquotas por tributo 15% 9% Valor dos tributos (IRPJ/CSLL normal) R$ 116.250,00 R$ 69.750,00 Alíquota adicional do IRPJ 10% - Valor do IRPJ (excedente R$ 775.000,00 – R$ 240.000,00 = R$ 535.000,00) R$ 53.500,00 - Total a recolher no ano R$ 169.750,00 R$ 69.750,00 Fonte: elaborado pelo autor. 41 Os cálculos efetuados foram: IR – R$ 775.000,00 x 15% = R$ 116.250,00 IR – Adicional de 10% = R$ 775.000,00 – R$ 240.000,00 = R$ 535.000,00 x 10% = R$ 53.500,00 CSLL – R$ 775.000,00 x 9% = R$ 69.750,00 O cálculo do adicional do Imposto de Renda está previsto no parágrafo único do art. 225 do RIR/2018. Ele deve sercalculado utilizando o percentual adicional de 10% sobre o valor da base de cálculo excedente a R$ 20.000,00 por mês ou R$ 240.000,00 no ano, pois o período de apuração de uma empresa optante pelo Lucro Real com base em estima- tiva é anual. Não haverá nenhum tipo de cálculo de adicional para a CSLL, independentemente de qual seja o valor da sua base de cálculo. Lançamentos contábeis pela provisão dos tributos sobre o lucro: Provisões do IRPJ e CSLL: D – Despesas de IRPJ e CSLL (Despesa) R$ 239.500,00 C – IRPJ a recolher (Passivo Circulante) R$ 169.750,00 C – CSLL a recolher (Passivo Circulante) R$ 69.750,00 Pagamento do IRPJ e CSLL: D – IRPJ a recolher (Passivo Circulante) R$ 169.750,00 D – CSLL a recolher (Passivo Circulante) R$ 69.750,00 C – Bancos conta movimento (Ativo Circulante) R$ 239.500,00 Essa sistemática de cálculo foi efetuada considerando que a empresa seja optante pelo Lucro Real Anual. Deve-se lembrar que, no decorrer do ano-calen- dário, a empresa fez, então, recolhimentos mensais com base em estimativas mensais sobre o seu faturamento. Neste caso, quando os valores recolhidos durante o ano forem inferiores ao valor apurado no final do exercício social, fica a empresa obrigada ao recolhimento somente da diferença entre o valor apurado e os valores recolhidos pela estimativa mensal. Incentivos fiscais Além dos pagamentos já efetuados e das retenções na fonte, o art. 228 do RIR/2018 prevê a dedução dos incentivos fiscais instituídos pela legislação federal. Cada tipo de incentivo e sua forma de dedução, possui um artigo específico no RIR/2018, mas em alguns casos o incentivo fiscal pode conter uma legislação específica devido à sua relevância. O Quadro 4.18 a seguir, demonstra os principais incentivos e seus respectivos limites de dedução: 42 Quadro 4.18 | Incentivos fiscais, limites de dedução e base legal INCENTIVOS FISCAIS BASE DE CÁLCULO DO INCENTIVO LIMITE DE DEDU- ÇÃO INDIVIDUAL BASE LEGAL PAT – Programa de Alimentação do Traba- lhador 15% da despesa líquida ou 15% de R$ 1,99 x n° refeições fornecidas, o que for menor. 4% Arts. 641 a 647, 564 do Decreto n° 9.580/2018 (RIR/2018) PDTI – Programas de Desenvolvimento Tec- nológico Industrial 15% dos dispên- dios com o PDTI/ PDTA incorridos no período. PDTI – Programas de Desenvolvimento Tecnológico Industrial (aprovados até 3 de junho de 1993) PDTA – Programas de Desenvolvimento Agropecuário Programa Empresa Cidadã Dedução do imposto de renda em relação à prorrogação da licença-maternidade. Total da remunera- ção da empregada pago no período de prorrogação de sua licença-maternidade, vedada a dedução como despesa opera- cional. Instrução Nor- mativa RFB n° 991/2010; art. 648 do Decreto n° 9.580/2018 (RIR/2018) Fundos dos Direi- tos da Criança e do Adolescente (Doações Conselho dos Direitos da Criança) Doações efetivamen- te realizadas. 1% Art. 649 do Decre- to n° 9.580/2018 (RIR/2018) e Ins- trução Normativa SRF n° 86/94 Fundo Nacional do Idoso (Fundo Nacional do Idoso) Dedução do Imposto de Renda devido, em cada período de apuração, do total das doações feitas aos Fundos Nacional, Estaduais ou Munici- pais do Idoso 1% Art. 1° da Lei n° 12.213/2010 e art. 651 do Decreto n° 9.580/2018 (RIR/2018); Atividades de Caráter Desportivo (Incentivo ao Esporte – Desporto) Projetos desportivos e paradesportivos previamente aprova- dos pelo Ministério do Esporte. 1% Art. 1° da Lei n° 11.438/2006 e Decreto n° 6.180/2007 Programa de Cultura do Trabalhador Dedução do imposto de renda em relação à aquisição de vale- -cultura. 1% Lei n° 12.761/2012 e Decreto n° 8.084/2013 Fonte: elaborado com base em Brasil (2018) e legislação específicas. 43 Comparando os três regimes tributários, pode-se afirmar que o Lucro Real seja mais justo, considerando que a tributação da empresa deve ocorrer sobre os resultados efetivamente obtidos. O fator determinante na apuração do Lucro Real, também considerado como de maior importância, se refere aos ajustes por adições e exclusões que a empresa deve realizar para atender a legislação tributária. Devido a esses complicadores, muitas empresas optam pelo Lucro Presumido, mas nem sempre esse regime ou o Simples Nacional podem ser as melhores opções. Essa etapa é uma das mais importantes no Planejamento Tributário, pois é nela que a legislação tributária deve ser exaustivamente estudada e várias projeções de cálculo executadas para que tenhamos a certeza da melhor escolha. Sem medo de errar Vamos relembrar nossa situação-problema? Um grupo de empresários contratou uma empresa de consultoria tribu- tária para identificar os impactos dos tributos sobre os resultados da compa- nhia. Os regimes tributários do Simples Nacional e do Lucro Presumido já foram apresentados, mas agora vamos tratar do Lucro Real. O trabalho que você irá desenvolver refere-se à análise das informa- ções fornecidas para consultar a legislação vigente e estabelecer as formas de cálculos para todos os impostos previstos nesse regime de tributação. A empresa de consultoria deve destacar que a base de cálculo do imposto de renda será obtida através da consideração da legislação fiscal pertinente, elaborando um demonstrativo dos impostos sobre as vendas, custos e despesas que podem ser utilizados como deduções no cálculo para o imposto de renda e contribuição social. Os dados apresentados pelo grupo empresarial levam em consideração a previsão de faturamento total, em 12 meses, do valor de R$ 3.000.000,00, sendo que o volume mensal de vendas é de R$ 250.000,00 e que suas vendas serão realizadas diretamente ao consumidor em suas lojas com alíquota de ICMS de 18%. Por outro lado, o valor total das compras de mercadorias para revenda corresponde a R$ 210.000,00 e todas as mercadorias adquiridas serão tributadas pelo ICMS com alíquota de 18%; os valores das despesas mensais serão R$ 15.000,00 e dentro das despesas mensais estão previstos gastos com brindes no valor de R$ 1.000,00. Para resolvermos o exercício proposto, vamos considerar o período relativo a um mês e serão elaboradas as seguintes etapas: 44 • Apuração dos impostos recuperáveis – PIS, COFINS e ICMS, demonstrando os créditos sobre as compras de mercadorias e os débitos sobre as vendas. • Registro do custo da mercadoria (líquido dos impostos recuperáveis). • Elaboração de uma DRE sintética para apuração do lucro contábil. • Elaboração de planilha de apuração do Lucro Real e cálculo do IRPJ e da CSLL. • Lançamentos contábeis de provisão dos impostos sobre o lucro. • Quadro demonstrativo com os valores mensais dos impostos. O período anual, com base em estimativa mensal, foi escolhido para estabelecermos bases comparativas com outros regimes de tributação. Resolução: 1º passo: apuração dos impostos recuperáveis Todas as empresas, que estejam obrigadas ou sejam optantes pelo Lucro Real, devem apurar o PIS e COFINS pelo regime não cumulativo. Dessa forma, assim como o ICMS, eles são considerados impostos recuperáveis, portanto, a empresa poderá aproveitar créditos sobre as compras de insumos e mercadorias, conforme observado no Quadro 4.19. Quadro 4.19 | Apuração dos impostos recuperáveis Apuração dos impostos sobre vendas e compras no mês PIS COFINS ICMS Vendas R$ 250.000,00 X percentuais dos impostos sobre as vendas. 1,65% 7,6% 18% Total impostos sobre vendas R$ 4.125,00 R$ 19.000,00 R$ 45.000,00 Compras R$ 210.000,00 x percentuais dos impostos sobre as compras 1,65% 7,6% 18% Total dos impostos sobre as compras R$ 3.465,00 R$ 15.960,00 R$ 37.800,00 Valores a recolher no mês (Impostos s/ vendas – impostos s/ compras) R$ 660,00 R$ 3.040,00 R$ 7.200,00 Fonte: elaborado pelo autor. 45 2º passo: registro dos impostos recuperáveis (valores de mercadorias líquido dos impostos recuperáveis) No Lucro Real, devido ao regime de não cumulatividade,
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