Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Aula 01 Direito da Criança e do Adolescente p/ OAB 1ª Fase - com videoaulas Professor: Ricardo Torques ECA - XXII EXAME DA OAB teoria e questões Aula 01 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 1 de 42 $8/$��� ',5(,726�)81'$0(17$,6 SUMÁRIO 1 - Considerações Iniciais ....................................................................................... 2 Direitos Fundamentais 2 - Direitos Fundamentais do ECA ............................................................................ 2 2.1 - Direito à Vida e à Saúde .............................................................................. 3 2.2 - Direito à Liberdade, ao Respeito e à Dignidade ............................................... 4 2.3 - Direito à Educação, à Cultura, ao Esporte e ao Lazer ....................................... 6 2.4 - Direito à profissionalização e à proteção no trabalho ....................................... 9 3 - Direito à convivência familiar e comunitária. .......................................................10 4 - Família Natural ................................................................................................12 5 - Família substituta ............................................................................................14 5.1 - Guarda .....................................................................................................15 5.2 - Tutela ......................................................................................................16 6 - Adoção nacional ..............................................................................................23 6.1 - Requisitos objetivos da adoção ....................................................................25 7 - Adoção internacional ........................................................................................31 8 - Lista de Questões de Aula .................................................................................34 9 - Considerações Finais ........................................................................................42 ECA - XXII EXAME DA OAB teoria e questões Aula 01 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 2 de 42 1 - CONSIDERAÇÕES INICIAIS Sejam bem-vindos ao nosso Curso de Estatuto da Criança e do Adolescente para o XXII Exame da OAB. Esse é um assunto fundamental para o nosso Exame. Para que vocês tenham ideia, das 36 questões anteriores cobradas pela FGV em Estatuto da Criança e do Adolescente, 15 versaram sobre assuntos que serão estudados hoje. Desse modo, redobre a atenção. As duas questões do XX Exame de Ordem poderiam ser resolvidas com o estudo dessa aula. No XXI Exame foi uma questão de adoção! Os direitos fundamentais estão presentes entre os arts. 7º a 70 do ECA. Em síntese, todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa são assegurados às crianças e aos adolescentes, com o diferencial de que esses direitos devem ser assegurados com prioridade absoluta e objetivando à proteção integral. Com fins didáticos, nossa aula será dividida da seguinte forma: ª Na primeira parte da aula vamos destacar vários direitos previstos no ECA, mais especificamente: x direito à vida e à saúde x direito à liberdade, ao respeito e à dignidade x direito à educação, à cultura, ao esporte e ao lazer. Essa primeira parte será analisada com objetividade. Destacaremos as principais regras para a nossa prova. ª A segunda parte da aula será destinada ao estudo de alguns institutos fundamentais do ECA, tais como famílias (natural, substituta), guarda, tutela e adoção. É aqui que se concentra a parte mais significativa das questões. Boa aula a todos! 2 - DIREITOS FUNDAMENTAIS DO ECA Em relação aos direitos fundamentais o ECA disciplina os seguintes capítulos: x direito à vida e à saúde; x direito à liberdade, ao respeito e à dignidade; x direito à convivência familiar e comunitária; x direito à educação, à cultura e ao lazer; e x direito à profissionalização e à proteção no trabalho. Desses direitos deixaremos a parte relativa à convivência familiar e comunitária para tratar em capítulo específico, ainda nesta aula. Optamos por colocar em capítulo próprio da aula, em razão da grande incidência do assunto em Exames da OAB. Portanto, veremos: ECA - XXII EXAME DA OAB teoria e questões Aula 01 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 3 de 42 2.1 - Direito à Vida e à Saúde O direito à vida e à saúde são inerentes à condição humana. Em relação às crianças e aos adolescentes confere-se um tratamento privilegiado, em razão das peculiaridades da fase de sua existência. A efetivação desses direitos, de acordo com o art. 7º, do ECA, deve ocorrer por intermédio de políticas públicas para o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas. Nesse contexto, o ECA assegura o atendimento à gestação. Em relação a esse aspecto tivemos várias alterações promovidas pela Lei 13.257/2016. Devido ao fato de serem alterações recentes no ECA, vamos dar a devida atenção ao assunto. Essa lei recebeu a denominação de Marco Legislativo da Primeira Infância, com a fixação de princípios e diretrizes. Mas qual o conceito de primeira infância? De acordo com a Lei 13.257/2016 primeira infância compreende o período entre primeiros 6 anos completos ou 72 meses de vida da criança. Assim, a primeira informação que você deve levar para a prova é a seguinte: Essa nova lei trouxe diversas alterações. Temos alterações no ECA, na CLT, na Lei 11.770/2008 (Programa Empresa Cidadã) e até mesmo no CPP. Para o nosso estudo importa analisar as alterações promovidas no ECA! Em relação ao ECA e dentro do tópico pertinente ao estudo do direito à vida e à saúde nós tivemos uma completa reformulação dos dispositivos. DIREITOS FUNDAMENTAIS NO ECA direito à vida e à saúde direito à liberdade, ao respeito e à dignidade direito à educaçao, à cultura ao esporte e ao lazer direito à profissinalização e à proteção no trabalho PRIMEIRA INFÂNCIA Período que abrange os primeiros 6 meses de vida (ou 72 meses). ECA - XXII EXAME DA OAB teoria e questões Aula 01 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 4 de 42 Para fins de prova, nos interessa algumas informações específicas. Nota-se um esforço da legislação em desenvolver programas e políticas de atendimento adequadas à proteção da gestação. Lembre-se: ª A mãe terá direito de escolher, nos últimos 3 meses da gestação, do local onde será realizado o parto. ª É assegurado à gestante e à parturiente o direito a um acompanhante durante o período que estiver em estabelecimento hospitalar. ª O Poder Público deverá atuar a fim de garantir os direitos das gestantes perante a rede pública de saúde, atuará também em posição interventiva nos contratos de emprego, preservará o direito das gestantes que estiverem em restrição de liberdade. ª Além de promover os direitos das gestantes e parturientes, o Estado deverá coibir práticas discriminatórias e violadoras dos direitos das gestantes. Prevê o ECA atendimento integral à saúde da criança e do adolescente, pelo SUS, por intermédio de atendimento especializado, abrangendo: ª fornecimento de medicamentos, próteses e recursos ª�estabelecimentos que permitam a permanência dos pais em tempo integral ª controle das condições dos hospitais, notadamente em relação às situações de tratamentodegradante ou desumano. Por fim, prevê o ECA que compete ao SUS a promoção de programas de assistência médica e odontológica. 2.2 - Direito à Liberdade, ao Respeito e à Dignidade No que despeito à liberdade, assegura-se o direito de: O ECA trata do direito à educação de crianças e adolescente, com destaque para a vedação ao uso do castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante, em termos de correção e disciplina. Nesse contexto, o Estatuto fixou alguns conceitos, os quais devemos conhecer para a nossa prova. ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços comunitários opinião e expressão crença e culto religioso brincar, praticar esportes e divertir-se participar da vida familiar e comunitária, sem discriminação participar da vida política buscar refúgio, auxílio e orientação. ECA - XXII EXAME DA OAB teoria e questões Aula 01 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 5 de 42 Caso identificada algumas situações acima praticadas contra crianças ou adolescentes será determinado: ª encaminhamento a programa oficial ou comunitário de proteção à família ª encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico ª encaminhamento a cursos ou programas de orientação ª obrigação de encaminhar a criança a tratamento especializado ª advertência Vejamos como a matéria fora cobrada em exames anteriores: Questão - OAB/FGV - XVII Exame de Ordem - 2015 Um conselheiro tutelar, ao passar por um parquinho, observa Ana corrigindo o filho, João, por ele não permitir que os amigos brinquem com o seu patinete. Para tanto, a genitora grita, puxa o cabelo e dá beliscões no infante, na presença das outras crianças e mães, que assistem a tudo assustadas. Assinale a opção que indica o procedimento correto do Conselheiro Tutelar. a) Requisitar a Polícia Militar para conduzir Ana à Delegacia de Polícia e, após a atuação policial, dar o caso por encerrado. b) Não intervir, já que Ana está exercendo o seu poder de correção, decorrência do atributo do poder familiar. c) Intervir imediatamente, orientando Ana para que não corrija o filho dessa forma, e analisar se não seria recomendável a aplicação de uma das medidas previstas no ECA. sofrimento físico; ou lesão CASTIGO FÍSICO: ação de natureza disciplinar ou punitiva aplicada com o uso da força física sobre a criança ou o adolescente que resulte em: humilhe ameace gravemente ridicularize TRATAMENTO CRUEL OU DEGRADANTE: conduta ou forma cruel de tratamento em relação à criança ou ao adolescente que: ECA - XXII EXAME DA OAB teoria e questões Aula 01 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 6 de 42 d) Apenas colher elementos para ingressar em Juízo com uma representação administrativa por descumprimento dos deveres inerentes ao poder familiar. Comentários A presente questão cobra o conhecimento das alterações legislativas perpetradas pela Lei 13.010/14, conhecida como Lei da Palmada. Se for verificada a prática de castigo físico ou tratamento cruel ou degradante contra crianças e adolescentes, uma série de medidas deverá ser tomada. O órgão responsável por essas medidas é o Conselho Tutelar, conforme art. 18 ± B, do ECA. Art. 18-B. Os pais, os integrantes da família ampliada, os responsáveis, os agentes públicos executores de medidas socioeducativas ou qualquer pessoa encarregada de cuidar de crianças e de adolescentes, tratá-los, educá-los ou protegê-los que utilizarem castigo físico ou tratamento cruel ou degradante como formas de correção, disciplina, educação ou qualquer outro pretexto estarão sujeitos, sem prejuízo de outras sanções cabíveis, às seguintes medidas, que serão aplicadas de acordo com a gravidade do caso: I - encaminhamento a programa oficial ou comunitário de proteção à família; II - encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico; III - encaminhamento a cursos ou programas de orientação; IV - obrigação de encaminhar a criança a tratamento especializado; V - advertência. Parágrafo único. As medidas previstas neste artigo serão aplicadas pelo Conselho Tutelar, sem prejuízo de outras providências legais. Desse modo, Ana está infligindo castigo físico ao seu filho, por isso o conselheiro tutelar deve intervir na situação, uma vez que é sua função tratar de situações como essa. Portanto, a alternativa C está correta e pé o gabarito da questão. Gabarito: C Sigamos! 2.3 - Direito à Educação, à Cultura, ao Esporte e ao Lazer Em relação ao direito à educação, o ECA assegura: ª igualdade de condições para o acesso e permanência na escola. ª direito de ser respeitado por seus educadores. ª direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer às instâncias escolares superiores. ª direito de organização e participação em entidades estudantis. ª acesso à escola pública e gratuita próxima de sua residência. ECA - XXII EXAME DA OAB teoria e questões Aula 01 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 7 de 42 Ainda em relação ao direito à educação, o ECA estabelece que é dever do Estado garantir: ª ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não tiveram acesso na idade própria; ª progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio; ª atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino; ª atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a seis anos de idade; ª acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um; ª oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do adolescente trabalhador; ª atendimento no ensino fundamental, através de programas suplementares de material didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde. Do rol acima, extraímos que o ensino fundamental é obrigatório e gratuito, constituindo direito público subjetivo de todas as crianças e adolescentes, sob pena de responsabilização da autoridade competente. Em relação ao ensino médio, fixa-se o dever de implementá-lo progressivamente de forma obrigatória a todos. Em relação aos pais, fixa o ECA que eles têm o dever de matricular os filhos no ensino regular. Além disso, se no ambiente escolar forem identificadas situações de maus-tratos, faltas injustificadas, evasão escolar ou repetência, tais informações serão repassadas ao Conselho Tutela. No que diz respeito à cultura, valores culturais, artísticos e históricos serão levados em consideração no processo educativo. Além disso, o Poder Público deverá implementar políticas públicas na área cultural. O ECA trata, ainda, acerca da profissionalização e da proteção ao trabalho dos adolescentes. Sabe-se que a Constituição veda qualquer forma de trabalho, ainda que na condição de aprendiz, antes dos 14 anos de idade. Questão - OAB/FGV - VII Exame de Ordem ± 2012 Com forte inspiração constitucional, a Lei nº. 8.069, de 13 de julho de 1990, consagra a doutrina da proteção integral da criança e do adolescente, assegurando-lhes direitos fundamentais, entre os quais o direito à educação. Igualmente, é-lhes franqueado o acesso à cultura, ao esporte e ao lazer, preparando-os para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho, fornecendo-lhes elementos para seu pleno desenvolvimento e realização como pessoa humana. De acordo com as ECA - XXII EXAME DA OAB teoria e questões Aula 01 - Prof. RicardoTorques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 8 de 42 disposições expressas no Estatuto da Criança e do Adolescente, é correto afirmar que a) toda criança e todo adolescente têm direito a serem respeitados por seus educadores, mas não poderão contestar os critérios avaliativos, uma vez que estes são estabelecidos pelas instâncias educacionais superiores, norteados por diretrizes fiscalizadas pelo MEC. b) é dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente o ensino fundamental, obrigatório e gratuito, mas sem a progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio. c) não existe obrigatoriedade de matrícula na rede regular de ensino àqueles genitores ou responsáveis pela criança ou adolescente que, por convicções ideológicas, políticas ou religiosas, discordem dos métodos de educação escolástica tradicional para seus filhos ou pupilos. d) os dirigentes de estabelecimentos de ensino fundamental comunicarão ao Conselho Tutelar os casos de maus-tratos envolvendo seus alunos, a reiteração de faltas injustificadas e a evasão escolar, esgotados os recursos escolares, assim como os elevados níveis de repetência. Comentários A alternativa A está incorreta. As crianças e adolescentes possuem direito de serem respeitados por seus educadores e de contestar os critérios de avaliação. Vejamos os incisos II e III, do art. 53. Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho, assegurando-se-lhes: II - direito de ser respeitado por seus educadores; III - direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer às instâncias escolares superiores; A alternativa B está incorreta, pois é dever do estado assegurar, também a progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade do ensino médio. Vejamos o art. 54, inciso II. Art. 54. É dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente: II - progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio; A alternativa C está incorreta, pois os pais ou responsáveis tem o dever de matricular as crianças e adolescentes na rede de ensino, conforme prescreve o art. 55, do ECA. Art. 55. Os pais ou responsável têm a obrigação de matricular seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino. A alternativa D está correta e é o gabarito da questão, consoante dispõe o art. 56, do ECA. Art. 56. Os dirigentes de estabelecimentos de ensino fundamental comunicarão ao Conselho Tutelar os casos de: I - maus-tratos envolvendo seus alunos; II - reiteração de faltas injustificadas e de evasão escolar, esgotados os recursos escolares; ECA - XXII EXAME DA OAB teoria e questões Aula 01 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 9 de 42 III - elevados níveis de repetência. GABARITO: D 2.4 - Direito à profissionalização e à proteção no trabalho Referente ao assunto, o ECA estabelece algumas regras de formação profissional e protetivas do mercado de trabalho. Em relação à aprendizagem vejamos inicialmente o conceito e, em seguida, os princípios que a orientam. Ainda em relação ao adolescente aprendiz, assegura-se: ª bolsa de aprendizagem ªdireitos trabalhistas e previdenciários Na sequência o ECA estabelece algumas vedações em relação ao trabalho do menor, seja ele realizado como trabalho a partir dos 16, seja como aprendiz: APRENDIZAGEM formação técnico-profissional ministrada segundo as diretrizes e bases da legislação de educação em vigor. PRINCÍPIOS garantia de acesso e frequência obrigatória ao ensino regular atividade compatível com o desenvolvimento do adolescente horário especial para o exercício das atividades ECA - XXII EXAME DA OAB teoria e questões Aula 01 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 10 de 42 Por fim, o ECA trata do trabalho educativo que constitui programa social voltado para a capacitação do adolescente, com vistas ao exercício de atividade regular remunerada. Segundo o ECA: Com isso, encerramos a primeira parte do nosso estudo. Vimos o que há de mais importante referente aos direitos estudados acima. Vamos em frente! 3 - DIREITO À CONVIVÊNCIA FAMILIAR E COMUNITÁRIA. A Lei nº 12.010/2009, conhecida como Lei de Convivência Familiar, trouxe diversas alterações no ECA, tratando sobre o direito à convivência familiar e sobre a adoção. Essa lei parte do princípio de que a família é o lugar natural em que deve permanecer a criança. Assim, a retirada da criança ou adolescente de sua família natural ocorrerá unicamente em situações excepcionais, por decisão judicial devidamente motivada, garantindo-se o contraditório e a ampla defesa. A retirada se dá para entidade de acolhimento familiar ou institucional, e deve ter caráter provisório e com brevidade. Com o ECA, abandona- se a ideia de acolhimento em abrigo, para se falar em acolhimento institucional. A retirada da criança ou adolescente da família natural decorre de medida protetiva aplicada pelo juiz, a qual ocorre por meio da emissão de uma V E D A O T R A B A L H O noturno, realizado entre as vinte e duas horas de um dia e as cinco horas do dia seguinte perigoso, insalubre ou penoso realizado em locais prejudiciais à sua formação e ao seu desenvolvimento físico, psíquico, moral e social realizado em horários e locais que não permitam a frequência à escola TRABALHO EDUCATIVO a atividade laboral em que as exigências pedagógicas relativas ao desenvolvimento pessoal e social do educando prevalecem sobre o aspecto produtivo ECA - XXII EXAME DA OAB teoria e questões Aula 01 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 11 de 42 guia de acolhimento (individualizada), diante da qual a entidade produzirá um plano individualizado de ações, com a indicação das necessidades da criança e das ações previstas para viabilizar o retorno da criança à família natural e enviará relatórios regulares, no prazo e seis meses, relatando a evolução do acolhimento. Com base nesses relatórios interdisciplinares o juiz decide se a criança deve continuar na entidade, retornar à família natural ou extensa. Além disso, caso verifique tratar-se de situação na qual o retorno é impossível procederá à colocação em família substituta. Assim... A reintegração consiste no retorno da criança ou do adolescente à família natural ou extensa. O acolhimento institucional, por sua vez, consiste em deixar as crianças sob o cuidado do Estado, nas unidades institucionais de acolhimento. A permanência da criança e do adolescente em programa de acolhimento institucional não se prolongará por mais de dois anos, exceto em caso de comprovada necessidade que atenda ao seu superior interesse, por decisão fundamentada. O acolhimento familiar consiste na colocação da criança ou adolescente em família acolhedora, que gratuitamente recebe a criança, podendo obter a sua guarda. Ele é preferível ao acolhimento institucional pela maior proximidade da convivência familiar ou comunitária e que poderá ser desenvolvida por entidades governamentais ou não. Por fim, a colocação em família envolve as modalidades de adoção, que serão estudadas adiante. O ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL SERÁ avaliado a cada seis meses por intermédio de relatórios interdisciplinares decide-se pelareintegração, manutenção do acolhimento (institucional ou em família acolhedora) ou colocação em família substituta. ECA - XXII EXAME DA OAB teoria e questões Aula 01 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 12 de 42 Ainda em relação à convivência familiar, em alteração recente no ECA, foi conferido o direito de conviver com pais caso estejam privados de liberdade. Essa convivência será promovida por intermédio de visitas periódicas a serem promovidas porque detiver a responsabilidade direta pela criança. Essas regras iniciais devem ser cotejadas com o art. 226 da CF, que afirma que a família é a base da sociedade e, em razão disso, merecedora de proteção especial. O rol contido nesse artigo é meramente exemplificativo, de forma que é possível a existência de entidades familiares típicas e atípicas. A definição das famílias é dada pela dinâmica da vida em sociedade. O principal exemplo, atualmente, são as famílias compostas por pessoas do mesmo sexo. Entende a doutrina que a socioafetividade representa critério para formação da família, ainda que isso não represente a paternidade biológica da criança. Pode-se afirmar que: Vamos em frente! 4 - FAMÍLIA NATURAL Os tipos de famílias tuteladas pelo ECA podem ser divididas em três grupos SHOD� FKDPDGD� ³FODVVLILFDomR� WULQiULD´�� $VVLP�� H[LVWH� D� IDPtOLD� QDWXUDO�� D� família extensa ou ampliada e a família substituta. Vejamos um esquema: A SOCIOAFETIVIDADE SE SOBREPÕE AOS LAÇOS SANGUÍNEOS. ECA - XXII EXAME DA OAB teoria e questões Aula 01 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 13 de 42 Para manutenção da criança ou adolescente em determinada família, usa- VH�D�FKDPDGD�³OLQKD�GH�H[FHSFLRQDOLGDGH´��TXH�GHYH�REVHUYDU�D�VHJXLQWH� ordem de colocação: Nesse contexto, ECA diferencia família natural da extensa do seguinte modo: Família natural Pais e filhos. Família extensa ou ampliada Vai além da unidade pais e filhos, englobando os parentes com quem a criança mantém um vínculo de afinidade/afetividade. Família substituta em razão de guarda, tutela e adoção. 1º. Família natural 2º. Família extensa 3º. Família substituta composta por parentes Adoção nacional; Adoção internacional por brasileiros; Adoção internacional por estrangeiros. 4º. Família substituta composta por não parentes ECA - XXII EXAME DA OAB teoria e questões Aula 01 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 14 de 42 5 - FAMÍLIA SUBSTITUTA Na colocação da criança em família substituta, deve-se levar em consideração opinião de criança, sempre que possível. Já em relação aos adolescentes é necessário o consentimento. Esse direito está previsto, inclusive, no art. 12 da Convenção sobre Direitos da Criança da ONU. ARTIGO 12 1. Os Estados Partes assegurarão à criança que estiver capacitada a formular seus próprios juízos o direito de expressar suas opiniões livremente sobre todos os assuntos relacionados com a criança, levando-se devidamente em consideração essas opiniões, em função da idade e maturidade da criança. 2. Com tal propósito, se proporcionará à criança, em particular, a oportunidade de ser ouvida em todo processo judicial ou administrativo que afete a mesma, quer diretamente quer por intermédio de um representante ou órgão apropriado, em conformidade com as regras processuais da legislação nacional. Na apreciação do pedido levar-se-á em conta o grau de parentesco e a relação de afinidade ou de afetividade, a fim de evitar ou minorar as consequências decorrentes da medida. Desse modo, sempre que possível, os irmãos devem ser mantidos juntos. FAMÍLIA NATURAL a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentes FAMÍLIA EXTENSA (ou ampliada) aquela que se estende para além da unidade pais e filhos ou da unidade do casal, formada por parentes próximos com os quais a criança ou adolescente convive e mantém vínculos de afinidade e afetividade. Criança Sempre que possível deve ser ouvida. Opinião Adolescente Deve consentir, sempre Consentimento ECA - XXII EXAME DA OAB teoria e questões Aula 01 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 15 de 42 A regra em relação aos irmãos somente não será observada caso haja comprovada existência de risco de abuso ou outra situação que justifique a excepcionalidade de solução diversa. De todo modo, procura-se evitar o rompimento definitivo dos vínculos fraternais. A colocação em família substituta depende de decisão judicial, de modo que o Conselho Tutelar não poderá alterar a família na qual a criança está inserida. 5.1 - Guarda É a primeira forma de colocação em família substituta prevista no ECA. No entanto, é importante lembrar que a guarda também está regulamentada no Código Civil. A diferença é que a guarda tratada no Código aplica-se ao término do casamento, ou seja, nas hipóteses de divórcio e de anulação. Por exemplo, o CC disciplina a denominada guarda compartilhada. A guarda que estudaremos aqui é provisória e constitui uma das modalidades de colocação em família substituta e ocorrerá para a regularização de uma situação de fato, exercida sem controle judicial. De acordo com o ECA, a guarda traz o dever de assistência material, moral e educacional à criança ou adolescente, conferindo a seu detentor o direito de opor-se a terceiros, inclusive aos pais. Em face disso, o protegido terá a condição de dependente dos detentores da guarda, com validade, inclusive, para fins previdenciários. A guarda será concedida em regra no bojo das ações de tutela de adoção. Excepcionalmente, a guarda - que ora estudamos - será deferida para atender situações peculiares ou para suprir a falta momentânea dos pais. Além disso, a concessão da guarda não impede, em regra, o direito de visita dos pais e não elide a responsabilidade por prestar alimentos. Assim, se a criança estiver sob guarda poderá receber a visita dos genitores. Contudo, a visita poderá ser evitada em duas situações: Ö por decisão judicial fundamentada; e Ö em guardas concedidas no período do estágio de convivência. A guarda constitui um ato precário, revogável a qualquer tempo mediante decisão fundamentada do Juiz da Infância e Juventude, após ouvir o Ministério Público. Em síntese... ECA - XXII EXAME DA OAB teoria e questões Aula 01 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 16 de 42 5.2 - Tutela A tutela guarda um "plus" em relação à guarda, pois é a forma de colocação em família substituta que, além de regularizar a posse de fato da criança ou do adolescente, também confere direito de representação ao tutor. A tutela se aplica apenas a pessoa de até 18 anos e pressupõe a perda ou suspensão do poder familiar, além de implicar os deveres de guarda. Essa matéria é bastante incidente em provas. Vejamos algumas questões: Questão - OAB/FGV - XVI Exame de Ordem - 2015 B e P, vizinhos da criança Y, cuidam do menino desde a tenra idade, quando o pai da criança faleceu e sua genitora, por motivos profissionais, mudou- se para localidade distante, fazendo visitas esporádicas ao infante, mas sempre enviando ajuda de custo para a alimentação do filho. Quando a criança completou um ano de idade, a genitora alcançou patamar financeiro estável, passando a termeios para custear os gastos da criança também com educação, lazer, saúde etc. Assim, buscou a restituição do convívio diário P, vizinhos da criança Y, levando-a para morar consigo, o que gerou discordância dos vizinhos B e P, que ingressaram com Ação de Guarda e Tutela do menor, argumentando a construção de laços afetivos intensos e que a criança iria sofrer com a distância. Analise a situação e, sob o ponto de vista jurídico, assinale a afirmativa correta. provisória destina-se a regularizar um situação de fato dever de assistência material, moral e educacional à criança ou ao adolescente quem está sob a proteção da guarda será considerado dependente, inclusive, para fins previdenciários deferida para atender situações peculiares ou para suprir a falta momentânea dos pais. revogável por decisão fundamentada GUARDA forma de colocação em família substituto que confere o direito de representação ao tutor até os 18 anos de idade pressupõe a perda ou suspensão do poder familiar. TUTELA ECA - XXII EXAME DA OAB teoria e questões Aula 01 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 17 de 42 a) O afastamento da genitora do convívio cotidiano com a criança Y impede a reconstrução de laços afetivos, devendo ser, de pronto, conferida a guarda provisória aos vizinhos que o criaram e, ao final, a tutela do menor aos demandantes B e P. b) A reintegração à família natural, no caso, junto à mãe, deve ser priorizada em relação a outra providência, não havendo justo motivo para a que a criança seja posta sob tutela na hipótese narrada, uma vez que isso demandaria a perda ou suspensão do poder familiar, o que não encontra aplicabilidade nos estritos termos do enunciado. c) Os vizinhos que detinham a guarda de fato da criança Y têm prioridade no exercício do encargo de tutores, considerando esse o atendimento ao melhor interesse da criança, podendo eles assumir a função mesmo que a mãe mantenha o poder familiar, ante a precariedade e provisoriedade do referido encargo jurídico. d) A mãe da criança Y pode anuir com o pedido de colocação da criança sob tutela se considerar que atenderá ao melhor interesse do infante, hipótese em que a sentença homologatória poderá ser revogada a qualquer tempo, caso mudem as circunstâncias que a justificaram, não fazendo, pois, coisa julgada material. Comentários A alternativa A está incorreta, pois a manutenção ou reintegração da criança ao convívio com sua família terá sempre preferência, conforme art. �������GR�(&$��'HVVH�PRGR��D�FRORFDomR�³GH�SURQWR´�GD�FULDQoD�FRP�RV� vizinhos não é a primeira medida a ser tomada. Art. 19. Toda criança ou adolescente tem direito a ser criado e educado no seio da sua família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária, em ambiente livre da presença de pessoas dependentes de substâncias entorpecentes. § 3o A manutenção ou reintegração de criança ou adolescente à sua família terá preferência em relação a qualquer outra providência, caso em que será esta incluída em programas de orientação e auxílio, nos termos do parágrafo único do art. 23, dos incisos I e IV do caput do art. 101 e dos incisos I a IV do caput do art. 129 desta Lei. A alternativa B está correta e é o gabarito da questão. Conforme comentamos na alternativa acima, o convívio familiar e, especialmente, com a mãe, terá preferência. Além disso, caso a criança seja colocada sob os cuidados de alguém que não detém o poder familiar se faz necessária a decretação prévia de perda ou suspensão do poder familiar, conforma art. 36, § único. Art. 36. A tutela será deferida, nos termos da lei civil, a pessoa de até 18 (dezoito) anos incompletos. Parágrafo único. O deferimento da tutela pressupõe a prévia decretação da perda ou suspensão do poder familiar e implica necessariamente o dever de guarda. A alternativa C está incorreta. Como dito acima, a guarda da criança não pode ser dada aos vizinhos sem destituição do poder familiar. ECA - XXII EXAME DA OAB teoria e questões Aula 01 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 18 de 42 A alternativa D está incorreta, pois nesse caso não se fala em tutela, mas em guarda. Assim, a guarda é irrevogável. GABARITO: B Questão - OAB/FGV - XIV Exame de Ordem - 2014 A Declaração Universal dos Direitos da Criança reconhece como necessária ao desenvolvimento completo e harmonioso das crianças e dos adolescentes a necessidade de cuidados e um ambiente de afeto e de segurança moral e material, o que prioritariamente deve ocorrer na companhia e sob a responsabilidade dos pais. Mas, em circunstâncias excepcionais, a criança ou o adolescente podem ser confiados às chamadas famílias substitutas. A respeito da colocação de criança ou adolescente em família substituta, segundo os termos do Estatuto da Criança e do Adolescente, assinale a afirmativa correta. a) O ECA disciplina procedimento específico para a colocação em família substituta de criança ou adolescente indígena, que requer, obrigatoriamente, a intervenção e oitiva de representantes de órgão federal responsável pela política indígena e de antropólogos. b) A criança ou adolescente será prévia e necessariamente ouvida pela equipe interprofissional no curso do processo, dispensando-se o consentimento da criança ou adolescente, que será substituído pelo parecer da equipe. c) A colocação da criança ou adolescente em família substituta, por ser de caráter provisório e precário, exime o guardião ou o tutor dos deveres de companhia e guarda, que poderão ser transferidos a terceiros. d) A guarda e a tutela são as únicas modalidades de colocação da criança ou adolescente em família substituta, que pode ser nacional ou estrangeira, sendo a adoção medida de colocação em família definitiva, não em família substituta. Comentários A alternativa A está correta e é o gabarito da questão. De fato, se se tratar de criança ou adolescente de origem indígena, a colocação em família substituta obedece regrativa específica disciplinada no art. 28, § 6º. Art. 28. A colocação em família substituta far-se-á mediante guarda, tutela ou adoção, independentemente da situação jurídica da criança ou adolescente, nos termos desta Lei. § 6º Em se tratando de criança ou adolescente indígena ou proveniente de comunidade remanescente de quilombo, é ainda obrigatório: I - que sejam consideradas e respeitadas sua identidade social e cultural, os seus costumes e tradições, bem como suas instituições, desde que não sejam incompatíveis com os direitos fundamentais reconhecidos por esta Lei e pela Constituição Federal; II - que a colocação familiar ocorra prioritariamente no seio de sua comunidade ou junto a membros da mesma etnia; ECA - XXII EXAME DA OAB teoria e questões Aula 01 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 19 de 42 III - a intervenção e oitiva de representantes do órgão federal responsável pela política indigenista, no caso de crianças e adolescentes indígenas, e de antropólogos, perante a equipe interprofissional ou multidisciplinar que irá acompanhar o caso. A alternativa B está incorreta. Na colocação em família substituta a criança será sempre previamente ouvida e terá sua opinião considerada. É o que dispõe o art. 28, § 1º. Além disso, se maior de 12 anos, será necessário o consentimento para a colocação em família substituta, de acordo com o § 2º. § 1º Sempre que possível, a criança ou o adolescente será previamente ouvido por equipe interprofissional, respeitado seu estágio de desenvolvimento egrau de compreensão sobre as implicações da medida, e terá sua opinião devidamente considerada. § 2º Tratando-se de maior de 12 (doze) anos de idade, será necessário seu consentimento, colhido em audiência. A alternativa C está incorreta. A colocação em família substituta não admite a colocação da criança ou adolescente sob responsabilidade de terceiros. Vejamos o art. 30. Art. 30. A colocação em família substituta não admitirá transferência da criança ou adolescente a terceiros ou a entidades governamentais ou não- governamentais, sem autorização judicial. A alternativa D está incorreta. A colocação em família substituta ocorre mediante guarda tutela OU adoção, conforme caput do art. 28, supra citado. GABARITO: A Questão - OAB/FGV - X Exame de Ordem - 2013 Acerca da colocação da criança ou do adolescente em família substituta na modalidade adoção, assinale a afirmativa correta. a) A adoção extingue os vínculos pretéritos entre o adotado e a família anterior, porém, excepcionalmente, no caso de falecimento dos adotantes, o poder familiar dos pais naturais poderá ser restabelecido, se atender ao melhor interesse do menor. b) A adoção produz os seus efeitos a partir do trânsito em julgado da sentença declaratória do estado de filiação, porém, se o adotante vier a falecer no curso do procedimento os efeitos retroagirão à data do óbito. c) A adoção depende do consentimento do adotando, se maior de 12 anos de idade, e dos pais do adotando ou do representante legal deste ou do guardião legal ou de fato, na falta dos primeiros. d) A adoção produz os seus efeitos a partir do trânsito em julgado da sentença constitutiva, porém, se o adotante vier a falecer após inequívoca manifestação de vontade no curso do procedimento, os efeitos retroagirão à data do óbito. Comentários A alternativa A está incorreta. A ressalva da alternativa não está prevista em lei. Prevê o art. 41 que a adoção desliga o adotado de qualquer vínculo ECA - XXII EXAME DA OAB teoria e questões Aula 01 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 20 de 42 com seus pais e parentes. E a morte dos adotantes não reestabelece esse vínculo desligado, conforme art. 49. Art. 41. A adoção atribui a condição de filho ao adotado, com os mesmos direitos e deveres, inclusive sucessórios, desligando-o de qualquer vínculo com pais e parentes, salvo os impedimentos matrimoniais. Art. 49. A morte dos adotantes não restabelece o poder familiar dos pais naturais. A alternativa B está incorreta, pois a adoção produz efeitos a partir do trânsito em julgado da sentença constitutiva. Além disso, a adoção poderá ser deferida após inequívoca manifestação de vontade, mesmo que o adotante vier a falecer. Vejamos o § 7º, do art. 47 e o § 6º do art. 42. § 7º A adoção produz seus efeitos a partir do trânsito em julgado da sentença constitutiva, exceto na hipótese prevista no § 6o do art. 42 desta Lei, caso em que terá força retroativa à data do óbito. § 6º A adoção poderá ser deferida ao adotante que, após inequívoca manifestação de vontade, vier a falecer no curso do procedimento, antes de prolatada a sentença. A alternativa C está incorreta. A adoção não depende do consentimento do guardião legal ou de fato. O restante está correto. Vejamos o caput do art. 45. Art. 45. A adoção depende do consentimento dos pais ou do representante legal do adotando. A alternativa D está correta, com base nos artigos já citados na alternativa B. GABARITO: D Questão - OAB/FGV - II Exame de Ordem ± 2010 Dentre os direitos de toda criança ou todo adolescente, o ECA assegura o de ser criado e educado no seio de sua família e, excepcionalmente, a colocação em família substituta, assegurando- lhe a convivência familiar e comunitária. Fundando-se em tal preceito, acerca da colocação em família substituta, é correto afirmar que: a) a colocação em família substituta far-se-á, exclusivamente, por meio da tutela ou da adoção. b) a guarda somente obriga seu detentor à assistência material a criança ou adolescente. c) o adotando não deve ter mais que 18 anos à data do pedido, salvo se já estiver sob a guarda ou tutela dos adotantes. d) desde que comprovem seu estado civil de casados, somente os maiores de 21 anos podem adotar. Comentários ECA - XXII EXAME DA OAB teoria e questões Aula 01 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 21 de 42 A alternativa A está incorreta, pois, como dissemos, a colocação em família substituta far-se-á mediante guarda, tutela ou adoção. A alternativa B está incorreta. A guarda obriga a prestação de assistência material, moral e educacional à criança e ao adolescente, conforme art. 33 do ECA. A alternativa C está correta e é o gabarito da questão, pois reproduz o art. 40. A alternativa D está incorreta, pois a adoção independe do estado civil, de acordo com o art. 42. GABARITO: C Questão - OAB/FGV - II Exame de Ordem ± 2010 Tendo por substrato legal as alterações promovidas pela Lei n. 12.010, de 2009 no tocante à adoção, assinale a afirmativa correta. a) A morte dos adotantes não restabelece o poder familiar dos pais naturais. b) Para viabilizar a celeridade no processo de adoção, a legislação específica ± ECA ± admite a representação do adotante por procuração. c) Uma vez falecido o adotante no curso do procedimento de adoção e antes de prolatada a sentença, não poderá o juiz deferir a adoção, mesmo que tenha havido inequívoca manifestação de vontade do adotante. d) Os cartórios de registros públicos de pessoas naturais deverão fornecer certidão a qualquer requisitante, independentemente, de justificativa de seu interesse, em que conste o vínculo da adoção consi tuído por sentença judicial. Comentários A alternativa A está correta e é o gabarito da questão, pois a morte dos adotantes não restabelece o poder familiar dos pais naturais. A alternativa B está incorreta, tendo em vista que é vedada a adoção por procuração; A alternativa C está incorreta, pois a adoção poderá ser deferida ao adotante que, após inequívoca manifestação de vontade, vier a falecer no curso do procedimento, antes de prolatada a sentença. Já a alternativa D está incorreta, com base no art. 47, que diz que o vínculo da adoção se constitui por sentença judicial, que será inscrita no registro civil mediante mandado do qual não se fornecerá certidão. GABARITO: A Questão - OAB/FGV - I Exame de Ordem ± 2010 Assinale a opção correta no que se refere à família substituta. a) A colocação em família substituta ocorrerá mediante guarda, tutela, curatela ou adoção, conforme a situação jurídica da criança ou adolescente, o que só poderá ser reconhecido e determinado pelo juiz da vara da infância e da adolescência. ECA - XXII EXAME DA OAB teoria e questões Aula 01 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 22 de 42 b) Sempre que possível, a criança ou adolescente deverá ser previamente ouvido, e a sua opinião, devidamente considerada. c) Na apreciação do pedido de adoção, o grau de parentesco e a relação de afinidade ou de afetividade devem ser considerados, a fim de que sejam evitadas ou minoradas as consequências decorrentes da medida, o que não ocorre nos casos de guarda provisória e tutela, para cuja concessão o conselho tutelar considera requisito apenas a certidão de bons antecedentes da família substituta. d) Não se deferirá a colocação da criança ou do adolescente em família substituta à pessoa que apresente, por prazo superior a 180 dias, limitações em sua capacidade laborativa. Comentários A alternativaA está incorreta. A colocação em família substituta não ocorrerá mediante curatela. A alternativa B está correta e é o gabarito da questão. Já mencionamos isso repetidamente. A criança deverá ser ouvida e sua opinião deverá ser considerada. EM caso de maior de 12 anos é necessário o consentimento para a adoção. A alternativa C está incorreta. A relação de parentesco e afinidade também é observada em caso de guarda ou tutela. A alternativa D está incorreta. Não há qualquer previsão nesse sentido no ECA. GABARITO: B Esse assunto foi objeto de cobrança no XX Exame de Ordem: Questão ± OAB/FGV ± XX Exame de Ordem - 2016 Vanessa e Vitor vivem com o filho Marcelo, criança com 06 anos de idade, na casa dos avós paternos. Em um trágico acidente, Vitor veio a falecer. A viúva, logo após o óbito, decide morar na casa de seus pais com o filho. Após 10 dias, já residindo com os pais, Vanessa, em depressão e fazendo uso de entorpecentes, deixa o filho aos cuidados dos avós maternos, e se submete a tratamento de internação em clínica de reabilitação. Decorridos 20 dias e com alta médica, Vanessa mantém acompanhamento ambulatorial e aluga apartamento para morar sozinha com o filho. Os avós paternos inconformados ingressaram com Ação de Guarda de Marcelo. Afirmaram que sempre prestaram assistência material ao neto, que com eles residia desde o nascimento até o falecimento de Vitor. Citada, Vanessa contestou o pedido, alegando estar recuperada de sua depressão e da dependência química. Ainda, demonstrou possuir atividade laborativa, e que obteve vaga para o filho em escola. Os avós maternos, por sua vez, ingressam com oposição. Aduziram que Marcelo ficou muito bem aos seus cuidados e que possuem excelente plano de saúde, que possibilitará a inclusão do neto como dependente. Sobre a guarda de Marcelo, à luz da Proteção Integral da Criança e do Adolescente, assinale a afirmativa correta. ECA - XXII EXAME DA OAB teoria e questões Aula 01 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 23 de 42 A) Marcelo deve ficar com os avós maternos, com quem por último residiu, em razão dos benefícios da inclusão da criança como dependente do plano de saúde. B) Marcelo deve ficar na companhia dos avós paternos, pois sempre prestaram assistência material à criança, que com eles residia antes do falecimento de Vitor. C) Marcelo deve ficar sob a guarda da mãe, já que ela nunca abandonou o filho e sempre cumpriu com os deveres inerentes ao exercício do poder familiar, ainda que com o auxílio dos avós. D) Em programa de acolhimento familiar, até que esteja cabalmente demonstrado que a genitora não faz mais uso de substâncias entorpecentes. Comentários A questão parece extremamente complicada, mas é fácil! O raciocínio que devemos adotar na colocação de crianças e adolescentes em famílias substitutas é o de prestigiar a permanência perante a família natural. A colocação em família extensa ± no caso, os avós ± é medida de exceção que somente poderá ser determinada caso a genitora falte com os seus deveres. Por fim, é excepcionalíssima a colocação em família substituta, mediante guarda, tutela ou adoção. No caso, embora a genitora tenha se envolvido com entorpecentes, o que gerou o afastamento temporário, tal fato foi superado. Note que objetivamente temos: a) a genitora superou a mazela com drogas; b) trabalha; c) encontrou escola para criança. Mais importante que isso, todavia, é não ocorrido qualquer violação aos direitos da criança, seja com a negligência, não assistência, maus tratos etc. Desse modo, a alternativa C é a correta e gabarito da questão, devendo a criança permanecer junto à família natural! Gabarito: C. 6 - ADOÇÃO NACIONAL Antes da vigência do ECA e da nova política de proteção do menor, a adoção se dava em benefício dos adotantes. O próprio Código Civil de 1916 previa que somente os maiores de 50 anos e sem prole viva poderiam adotar. Com a mudança de entendimento, hoje, a adoção se dá em benefício do adotado, sendo obrigatória a demonstração das reais vantagens, tudo em nome do superior interesse da criança e do adolescente. Assim, desde logo, lembre-se... A adoção se dá em benefício do adotado, sendo imprescindível a demonstração das reais vantagens de tal modalidade de colocação em família substituta. ECA - XXII EXAME DA OAB teoria e questões Aula 01 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 24 de 42 A adoção possui certas características. 1ª característica: A adoção é ato personalíssimo, desta forma, é vedada a adoção por procuração. Essa norma comporta exceção importante, a adoção post mortem, ou seja, a adoção deferida a adotante morto, após a demonstração da sua vontade inequívoca de adotar, porém, antes da sentença definitiva. Nesse caso, o STJ admite ainda a adoção post mortem de pessoa que morre antes mesmo de ajuizar o processo, se, por outros meios, for possível a prova da vontade inequívoca de adotar. 2ª característica: A adoção é ato irrevogável. O adotante não pode voltar atrás na adoção. Se os adotantes não quiserem mais continuar com a adoção terá que ser feito um novo processo de destituição do poder familiar. 3ª característica: A adoção é ato incaducável. A presente característica implica no fato de que na hipótese d falecimento dos adotantes, os vínculos com a família natural não serão reestabelecidos. Devemos lembrar que a adoção resulta no rompimento total dos vínculos familiares, salvo os impedimentos matrimoniais. 4ª característica: A adoção é um ato excepcional. A colocação da criança ou do adolescente em família substituta pela modalidade de adoção somente ocorrerá após esgotamento das possibilidades de colocação perante a família natural, biológica ou extensa. Não havendo condições de deixar a criança sob os cuidados dos pais ou familiares, pode-se falar em adoção. 5ª característica: A adoção é ato pleno. Essa característica existe para evitar situações antes admitidas em nosso ordenamento, pelo qual se adotava, porém eram mantidos vínculos com a família de origem. 6ª característica: A adoção deve ser constituída por sentença judicial e somente produz efeitos a partir do trânsito em julgado. Essa característica impossibilidade a adoção por escritura pública. ECA - XXII EXAME DA OAB teoria e questões Aula 01 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 25 de 42 6.1 - Requisitos objetivos da adoção O ECA apresenta uma série de requisitos para que a adoção seja deferida, vejamos cada um deles. ª Idade O adotante deve ter, no mínimo, 18 anos, e uma diferença do adotado de pelo menos 16 anos. ª Consentimento dos genitores Exceto se houver a extinção ou destituição prévia do poder familiar, será necessário o consentimento dos genitores. Em relação ao consentimento são estabelecidas algumas regras: ª Oitiva da criança ou consentimento do adolescente. ªPrecedência de estágio de convivência. Adoção ato personalíssimo ato irrevogável ato incaducável ato excepcional deve ser constituída por sentença REGRAS PARA O CONSENTIMENTO O consentimento deve ser prestado após o nascimento. Antes não tem valor. Esse consentimento deve ser precedido de orientação. Deve ser prestado ou ratificado perante autoridade judicial. Pode ser retratado até a publicação da sentença. ECA - XXII EXAME DA OAB teoria e questões Aula 01 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br26 de 42 O estágio de convivência tem por finalidade avaliar a adaptação da criança na família adotante, especialmente a verificação quanto ao estabelecimento de vínculos. O período de estágio, se fixado, é obrigatório. À luz do caso concreto, o juiz determinará o período de estágio probatório, que poderá ser dispensado, caso o adotado esteja sob tutela ou guarda legal dos adotantes ou se verificado o vínculo constituído entre eles. Dada a importância da matéria, vejamos um quadro que compara o estágio de convivência na adoção nacional e na adoção internacional. ª Prévio cadastramento. Para a adoção, exige-se um procedimento prévio de habilitação dos pretendentes à adoção, expressamente disciplinado no ECA. Trata-se da inscrição dos pretendentes num cadastro de pessoa interessadas na adoção, que, atualmente, é nacional. Para determinação da adoção, observa-se a ordem cronológica de inscrição no cadastro de adoção, com a finalidade de moralizar a adoção, sem preferências entre os habilitados. Há, contudo, hipóteses excetivas, nas quais a ordem cronológica não será observada. Assim, a fim de memorizar essa ordem, vejamos: Outro aspecto importante referente à adoção é a intuito personae. Ela é vedada, em regra, pois viola as regras que vimos acima. Contudo, são Obrigatório pelo prazo que o juiz fixar. Pode ser dispensado se o adotado já estiver sob a tutela ou guarda legal do adotante e já existir um vínculo constituído entre eles. Nacional Obrigatório pelo prazo fixado pelo juiz, de no mínimo 30 dias. Não pode ser dispensado, devendo ser cumprido em território nacional. Internacional DETERMINAÇÃO DA ADOÇÃO REGRA ordem cronológica a contar da habilitação para a adoção EXCEÇÕES adoção unilateral adoção por parentes com vínculo de afinidade adoção por não parentes que tenham tutela/guarda legal e desde que a criança tenha mais de 3 anos. ECA - XXII EXAME DA OAB teoria e questões Aula 01 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 27 de 42 comuns situações no Brasil em que os pais oferecem a criança para terceiros cuidarem da criação, excepcionalmente admite-se essa modalidade de adoção, especialmente quando o vínculo afetivo já estiver estabelecido, em prol do superior interesse da criança. Além desses requisitos há os chamados requisitos subjetivos, quais sejam: ª Idoneidade do adotante. ª Motivos legítimos e desejo de filiação. ª Reais vantagens para o adotando. Por outro lado, a lei prevê os casos de impedimentos para a adoção. Em síntese, temos: Ö não podem adotar os ascendentes e irmãos, pois são considerados família extensa e não caso de adoção. Ö não é possível a adoção por tutor, enquanto não prestar contas e saldar o seu alcance (ou pagar o prejuízo). Questão - OAB/FGV - XII Exame de Ordem - 2013 Paulo, de 4 anos, é filho de Carla e não teve a sua paternidade reconhecida. Cláudio, avô de Carla e bisavô de Paulo, muito preocupado com o futuro do bisneto, pretende adotá-lo, tendo em vista que Carla ostenta uma situação financeira precária e, na opinião do avô, não é muito responsável. Acerca da possibilidade de adoção de Paulo por Cláudio, assinale a afirmativa correta. a) Cláudio sendo bisavô de Paulo e membro de sua família extensa, terá prioridade na adoção da criança, exigindo-se, contudo, que Carla, mãe de Paulo, autorize e que o adotando dê o seu consentimento em juízo. b) Cláudio, por ser bisavô de Paulo, não poderá adotá-lo, mesmo que Carla consinta, já que tal medida excepcional não é permitida quando o adotante é ascendente ou irmão do adotando. c) Como Cláudio só poderá adotar Paulo se Carla for destituída do poder familiar exercido em favor da criança, a medida, dada a sua excepcionalidade, só se justificaria na hipótese de adoção bilateral. d) Claudio, por ser bisavô de Paulo, por um lado, tem prioridade na adoção da criança, mas, por outro, só poderá adotá-lo se Carla, além de autorizar a medida, for destituída do poder familiar. Comentários A alternativa A está incorreta, pois não podem adotar os ascendentes e os irmãos do adotando, conforme § 1º, do art. 42. Além disso, se o ECA - XXII EXAME DA OAB teoria e questões Aula 01 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 28 de 42 adotando for maior de 12 anos o consentimento em juízo é exigido. No caso em tela o menor possui 4 anos. Art. 42. Podem adotar os maiores de 18 anos, independentemente do estado civil. § 1º Não podem adotar os ascendentes e os irmãos do adotando. A alternativa B está correta e é o gabarito da questão, com base no dispositivo citado acima. A alternativa C está incorreta, pois Cláudio não poderá pleitear a adoção. A alternativa D está incorreta, a família extensa possui prioridade na adoção, contudo, não poderão adotar os ascendentes do adotando. GABARITO: B Questão - OAB/FGV - IX Exame de Ordem ± 2012 Acerca do estágio de convivência precedente a adoção, assinale a afirmativa correta. a) O período do estágio de convivência será fixado pela autoridade judiciária, sendo dispensado na hipótese de o adotando encontrar-se sob a tutela, a guarda legal ou de fato do adotante durante tempo suficiente para a avaliação da conveniência da constituição do vínculo. b) A finalidade do estágio de convivência é permitir a avaliação da conveniência da constituição do vínculo familiar entre adotante e adotado, razão pela qual pode ser dispensado se, cumulativamente, o adotando já encontrar-se sob a tutela, guarda legal ou de fato do adotante e, em audiência, consentir com a adoção. c) O período do estágio de convivência será fixado pela autoridade judiciária, em observância as peculiaridades do caso, não podendo este ser inferior a 60 dias para os casos de adoção internacional e de 30 dias para adoção nacional, salvo a hipótese de convivência prévia em decorrência de tutela, guarda legal ou de fato. d) O período do estágio de convivência prévio a adoção internacional deverá ser cumprido no Brasil e terá prazo mínimo 30 dias, ao passo que para a adoção nacional inexiste prazo mínimo, podendo, inclusive, ser dispensado na hipótese de prévia convivência familiar em decorrência da guarda legal ou da tutela. Comentários A alternativa A está incorreta, pois o período de convivência não é dispensado em caso de guarda de fato. Vejamos o § 1º do art. 46. Art. 46. A adoção será precedida de estágio de convivência com a criança ou adolescente, pelo prazo que a autoridade judiciária fixar, observadas as peculiaridades do caso. § 1º O estágio de convivência poderá ser dispensado se o adotando já estiver sob a tutela ou guarda legal do adotante durante tempo suficiente para que seja possível avaliar a conveniência da constituição do vínculo. A alternativa B está incorreta pelo mesmo motivo exposto na alternativa A. Vejamos o § 2º do art. 46. ECA - XXII EXAME DA OAB teoria e questões Aula 01 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 29 de 42 § 2º A simples guarda de fato não autoriza, por si só, a dispensa da realização do estágio de convivência. A alternativa C está incorreta. O prazo de convivência no caso de adoção por pessoa residente no exterior será de 30 dias, cumpridos no país. Não há menção de prazo para a convivência por pessoa ou casal residente no Brasil. Vejamos os §§ 3 e e, do art. 46. § 3º Em caso de adoção por pessoa ou casal residente ou domiciliado fora do País, o estágio de convivência, cumprido no território nacional, será de, nomínimo, 30 (trinta) dias. § 4º O estágio de convivência será acompanhado pela equipe interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da Juventude, preferencialmente com apoio dos técnicos responsáveis pela execução da política de garantia do direito à convivência familiar, que apresentarão relatório minucioso acerca da conveniência do deferimento da medida. A alternativa D está correta e é o gabarito da questão, pois em consonância com o que prescreve os §§ acima. Gabarito: D Questão - OAB/FGV - V Exame de Ordem ± 2011 Fernando e Eulália decidiram adotar uma menina. Iniciaram o processo de adoção em maio de 2010. Com o estágio de convivência em curso, o casal se divorciou. Diante do fim do casamento dos pretendentes à adoção, é correto afirmar que a) a adoção deverá ser suspensa, e outro casal adotará a menor, segundo o princípio do melhor interesse do menor, pois a adoção é medida geradora do vínculo familiar. b) a adoção poderá prosseguir, contanto que o casal opte pela guarda compartilhada no acordo de divórcio, mesmo que o estágio de convivência não tenha sido iniciado na constância do período de convivência. c) a adoção será deferida, contanto que o casal acorde sobre a guarda, regime de visitas e desde que o estágio de convivência tenha sido iniciado na constância do período de convivência e que seja comprovada a existência de vínculo de afinidade e afetividade com aquele que não seja o detentor da guarda que justifique a excepcionalidade da concessão. d) a lei não prevê tal hipótese, pois está em desacordo com os ditames constitucionais da paternidade responsável. Comentários A questão cobra o conhecimento do art. 42, § 4º. § 4º Os divorciados, os judicialmente separados e os ex-companheiros podem adotar conjuntamente, contanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o estágio de convivência tenha sido iniciado na constância do período de convivência e que seja comprovada a existência de vínculos de afinidade e afetividade com aquele não detentor da guarda, que justifiquem a excepcionalidade da concessão. ECA - XXII EXAME DA OAB teoria e questões Aula 01 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 30 de 42 Assim, pelo exposto acima, a alternativa C está correta e é o gabarito da questão. GABARITO: C Questão - OAB/FGV - XVIII Exame de Ordem ± 2015 Isabela e Matheus pretendem ingressar com ação judicial própria a fim de adotar a criança P., hoje com 4 anos, que está sob guarda de fato do casal desde quando tinha 1 ano de idade. Os pais biológicos do infante são conhecidos e não se opõem à referida adoção, até porque as famílias mantêm convívio em datas festivas, uma vez que Isabela e Matheus consideram importante que P. conheça sua matriz biológica e mantenha convivência com os membros de sua família originária. Partindo das diretrizes impostas pelo ECA e sua interpretação à luz da norma civilista aplicáveis à situação narrada, assinale a afirmativa correta. A) Durante o processo de adoção, Isabela, que reside fora do país, pode, mediante procuração, constituir Matheus como seu mandatário com poderes especiais para representar sua esposa e ajuizar a ação como adoção conjunta. B) Dispensável a oitiva dos pais biológicos em audiência, desde que eles manifestem concordância com o pedido de adoção por escritura pública ou declaração de anuência com firma reconhecida. C) Concluído o processo de adoção com observância aos critérios de regularidade e legalidade, caso ocorra o evento da morte de Isabela e Matheus antes de P. atingir a maioridade civil, ainda assim não se reestabelecerá o poder familiar dos pais biológicos. D) A adoção é medida excepcional, que decorre de incompatibilidade de os pais biológicos cumprirem os deveres inerentes ao poder familiar, motivo pelo qual, mesmo os pais de P. sendo conhecidos, a oitiva deles no curso do processo é mera faculdade e pode ser dispensada. Comentários O assunto adoção é recorrente em provas da OAB. Não foi diferente neste XVIII, novamente a temática foi expressamente abordada em prova. Vamos analisar cada uma das alternativas. A alternativa A está incorreta, pois é vedada a adoção por procuração, conforme expressamente consta do art. 39, parágrafo único do ECA. A alternativa B e D também estão incorretas, pois, conforme dispõe o art. 161, §4º, do ECA, a oitiva dos pais é obrigatória sempre que eles forem identificados e estiverem em local conhecido. A alternativa C é a correta e o gabarito da questão. De acordo com o art. 39, §1º, do ECA a adoção é medida excepcional e irretratável, de modo que a morte dos pais adotivos não tem o condão de restabelecer o vínculo de origem. No XX Exame também foi cobrada uma questão sobre o assunto: ECA - XXII EXAME DA OAB teoria e questões Aula 01 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 31 de 42 7 - ADOÇÃO INTERNACIONAL A peculiaridade da adoção internacional reside no deslocamento da criança ou do adolescente do país de origem para um país de acolhida. De acordo com o ECA: Nesse assunto o ECA incorporou as normas da Convenção de Haia de Proteção à Criança e Cooperação à Adoção Internacional. Uma das principais regras diz respeito à cooperação internacional para a adoção, a fim de evitar o tráfico internacional de crianças. No Brasil, admite-se que cada Estado-membro tenha a sua autoridade central em matéria de adoção internacional. Há uma autoridade central federal, representada pela Secretaria Especial de Direitos Humanos, ligado à Presidência da República, bem como autoridades estaduais, representadas pelas Comissões de Adoção Internacional. Todo o procedimento de adoção internacional passa pelas comissões estaduais. Á autoridade central é conferida a atribuição de zelar pelo cumprimento das normas internas e da Convenção de Haia, bem como zelar pelos direitos relativos ao superior interesse das crianças. Assim, quem tiver interesse na adoção internacional, deverá procurar a autoridade do país de acolhida e comprovar que se encontra em condições de adotar, segundo as normas do seu país. Notem que o procedimento prévio de habitação para a adoção ocorrerá no país de origem dos adotantes, desde que observarão as prescrições da Convenção de Haia. Esse processe será encaminhado ao país de onde se pretende adotar. A autoridade competente verificará se há alguma criança em condição de adoção e, caso haja, encontre, procederá à verificação das condições do pretenso adotante. Preenchidos os requisitos para a adoção, será confeccionado laudo de habilitação que, por sua vez, é requisito à petição inicial de adoção. A fase judicial inicia-se com a apresentação dessa petição inicial que deve, necessariamente, conter o laudo de habilitação. Registre-se que o adotado não perde a condição de brasileiro, assim, a adoção internacional não é causa de perda da nacionalidade. Fases da adoção internacional: ADOÇÃO INTERNACIONAL aquela na qual a pessoa ou casal postulante é residente ou domiciliado fora do Brasil ECA - XXII EXAME DA OAB teoria e questões Aula 01 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 32 de 42 Questão - OAB/FGV - VI Exame de Ordem ± 2012 Um famoso casal de artistas residente e domiciliado nos Estados Unidos, em viagem ao Brasil para o lançamento do seu mais novo filme, se encantou por Caio, de 4 anos, a quem pretende adotar. Caio teve sua filiação reconhecida exclusivamente pela mãe Isabel, que, após uma longa conversa com o casal, concluiu que o melhor para o filho era ser adotado,tendo em vista que o famoso casal possuía condições infinitamente melhores de bem criar e educar Caio. Além disso, Isabel ficou convencida do amor espontâneo e sincero que o casal de imediato nutriu pelo menino. Ante a situação hipotética, é correto afirmar que a) a adoção só é concedida quando for impossível manter a criança ou o adolescente em sua família, razão pela qual o consentimento de Isabel é irrelevante para a apreciação do pedido do famoso casal, que será deferido caso represente o melhor interesse de Caio. b) independentemente da manifestação de vontade de Isabel, o famoso casal terá prioridade na adoção de Caio, depois de esgotadas todas as possibilidades de colocação de Caio em uma família brasileira. c) tendo em vista o consentimento da mãe de Caio, o famoso casal terá prioridade em sua adoção em face de outros casais já previamente inscritos nos cadastros de interessados na adoção, mantidos pela Justiça da Infância e da Juventude. d) a adoção internacional é medida excepcional; entretanto, em virtude do consentimento de Isabel para a adoção de seu filho pelo famoso casal, este só não terá prioridade se houver casal de brasileiro, residente no Brasil, habilitado para a adoção. Comentários A questão trata da adoção por pessoa ou casal internacional. Aqui pouco importa se o casal é famoso ou não. A adoção internacional é medida excepcional e somente será efetuada se não houver uma família brasileira adequada. Assim, a alternativa D está correta e é o gabarito da questão. Vejamos o art. 51, § 1º. Art. 51. Considera-se adoção internacional aquela na qual a pessoa ou casal postulante é residente ou domiciliado fora do Brasil, conforme previsto no Artigo 2 da Convenção de Haia, de 29 de maio de 1993, Relativa à Fases da adoção internacional Habilitação perante as autoridades centrais Processo Judicial perante a Vara da Infância e Juventude ECA - XXII EXAME DA OAB teoria e questões Aula 01 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 33 de 42 Proteção das Crianças e à Cooperação em Matéria de Adoção Internacional, aprovada pelo Decreto Legislativo no 1, de 14 de janeiro de 1999, e promulgada pelo Decreto no 3.087, de 21 de junho de 1999 § 1º A adoção internacional de criança ou adolescente brasileiro ou domiciliado no Brasil somente terá lugar quando restar comprovado: I - que a colocação em família substituta é a solução adequada ao caso concreto; II - que foram esgotadas todas as possibilidades de colocação da criança ou adolescente em família substituta brasileira, após consulta aos cadastros mencionados no art. 50 desta Lei; III - que, em se tratando de adoção de adolescente, este foi consultado, por meios adequados ao seu estágio de desenvolvimento, e que se encontra preparado para a medida, mediante parecer elaborado por equipe interprofissional, observado o disposto nos §§ 1o e 2o do art. 28 desta Lei. GABARITO: D Esse assunto foi objeto de cobrança no XX Exame de Ordem: Questão ± OAB/FGV ± XX Exame de Ordem - 2016 Casal de brasileiros, domiciliado na Itália, passa regularmente férias duas vezes por ano no Brasil. Nas férias de dezembro, o casal visitou uma entidade de acolhimento institucional na cidade do Rio de Janeiro, encantando-se com Ana, criança de oito anos de idade, já disponível nos cadastros de habilitação para adoção nacional e internacional. Almejando adotar Ana, consultam advogado especialista em infância e juventude. Assinale a opção que apresenta a orientação jurídica correta pertinente ao caso A) Ingressar com pedido de habilitação para adoção junto à Autoridade Central Estadual, pois são brasileiros e permanecem, duas vezes por ano, em território nacional. B) Ingressar com pedido de habilitação para adoção no Juízo da Infância e da Juventude e, após a habilitação, ajuizar ação de adoção. C) Ajuizar ação de adoção requerendo, liminarmente, a guarda provisória da criança. D) Ingressar com pedido de habilitação junto à Autoridade Central do país de acolhida, para que esta, após a habilitação do casal, envie um relatório para a Autoridade Central Estadual e para a Autoridade Central Federal Brasileira, a fim de que obtenham o laudo de habilitação à adoção internacional. Comentários Para responder à questão você deve conhecer o art. 52 do ECA: Art. 52. A adoção internacional observará o procedimento previsto nos arts. 165 a 170 desta Lei, com as seguintes adaptações: I ± a pessoa ou casal estrangeiro, interessado em adotar criança ou adolescente brasileiro, deverá formular pedido de habilitação à adoção perante a Autoridade Central em matéria de adoção internacional no país ECA - XXII EXAME DA OAB teoria e questões Aula 01 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 34 de 42 de acolhida, assim entendido aquele onde está situada sua residência habitual; II ± se a Autoridade Central do país de acolhida considerar que os solicitantes estão habilitados e aptos para adotar, emitirá um relatório que contenha informações sobre a identidade, a capacidade jurídica e adequação dos solicitantes para adotar, sua situação pessoal, familiar e médica, seu meio social, os motivos que os animam e sua aptidão para assumir uma adoção internacional; III ± a Autoridade Central do país de acolhida enviará o relatório à Autoridade Central Estadual, com cópia para a Autoridade Central Federal %UDVLOHLUD���«� Portanto, a alternativa D é a correta e gabarito da questão! Gabarito: D. Com isso, encerramos a aula de hoje! 8 - LISTA DE QUESTÕES DE AULA Questão - OAB/FGV - XVII Exame de Ordem - 2015 Um conselheiro tutelar, ao passar por um parquinho, observa Ana corrigindo o filho, João, por ele não permitir que os amigos brinquem com o seu patinete. Para tanto, a genitora grita, puxa o cabelo e dá beliscões no infante, na presença das outras crianças e mães, que assistem a tudo assustadas. Assinale a opção que indica o procedimento correto do Conselheiro Tutelar. a) Requisitar a Polícia Militar para conduzir Ana à Delegacia de Polícia e, após a atuação policial, dar o caso por encerrado. b) Não intervir, já que Ana está exercendo o seu poder de correção, decorrência do atributo do poder familiar. c) Intervir imediatamente, orientando Ana para que não corrija o filho dessa forma, e analisar se não seria recomendável a aplicação de uma das medidas previstas no ECA. d) Apenas colher elementos para ingressar em Juízo com uma representação administrativa por descumprimento dos deveres inerentes ao poder familiar. Gabarito: C Questão - OAB/FGV - VII Exame de Ordem ± 2012 Com forte inspiração constitucional, a Lei nº. 8.069, de 13 de julho de 1990, consagra a doutrina da proteção integral da criança e do adolescente, assegurando-lhes direitos fundamentais, entre os quais o direito à educação. Igualmente, é-lhes franqueado o acesso à cultura, ao esporte e ao lazer, preparando-os para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho, fornecendo-lhes elementos para seu pleno desenvolvimento e realização como pessoa humana. De acordo com as disposições expressas no Estatuto da Criança e do Adolescente, é correto afirmar que ECA - XXII EXAME DA OAB teoria e questões Aula 01 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 35 de 42 a) toda criança e todo adolescente têm direito a serem respeitados por seus educadores, mas não poderão contestar os critérios avaliativos, uma vez que estes são estabelecidos pelas instâncias educacionais superiores,
Compartilhar