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Material Termografia

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COOPERATIVA DOS PROFISSIONAIS DE ENGENHARIA 
EM INTEGRIDADE DE EQUIPAMENTOS LTDA. 
 
Estrada do Engenho D’Água, 1210 - Jacarepaguá - Rio de Janeiro - CEP 22765-240 – PABX: (21) 2427-6646 e-mail: integra@integra.org.br 
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Curso: Inspeção de Equipamentos e Instalações 
Petrobrás / UN-Rio 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
NOÇÕES SOBRE 
TERMOGRAFIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ARGEMIRO PERTENCE NETO 
Eng. Mecânico 
 
 
 
 
 
 
Ano: 2004 
 
COOPERATIVA DOS PROFISSIONAIS DE ENGENHARIA 
EM INTEGRIDADE DE EQUIPAMENTOS LTDA. 
 
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ÍNDICE 
 
 
 
Teoria da Radiação......................................................................................................................... 2 
 
Composição dos espectro ...............................................................................................................2 
 
Leis da Radiação..............................................................................................................................3 
 
Emissividade....................................................................................................................................3 
 
Valores de emissividade...................................................................................................................5 
 
Transmissão atmosférica..................................................................................................................6 
 
Equipamentos para termografia........................................................................................................7 
 
Aplicações da termografia.................................................................................................................8 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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TTeerrmmooggrraaffiiaa 
 
1. Teoria da radiação 
 
Em meados do século XIX, o físico britânico James Maxwell propôs ser a luz um tipo de 
radiação de natureza eletromagnética. Os estudos por ele apresentados indicavam a existência 
de outros tipos de radiação, além da luz visível, de natureza semelhante. 
 
Segundo Maxwell, o espectro da luz visível observado anteriormente por Isaac Newton seria 
apenas uma pequena parcela visível de um contínuo espectro de radiações invisíveis de maior 
amplitude. 
Maxwell observou, as ondas eletromagnéticas ou radiação eletromagnética são o resultado 
da oscilação de um campo elétrico numa direção perpendicular a um campo magnético. 
Este fenômeno radiante (ou radiação) se propaga no espaço físico em forma de ondas. 
 
A distância entre duas cristas consecutivas das ondas define seu comprimento de onda (λ). 
Se este comprimento estiver entre 0,0004 mm e 0,00075 mm, a radiação correspondente é 
aquela captada pela visão humana e é classificada como “luz visível”. 
 
O número de oscilações por unidade de tempo é a freqüência da radiação (f) e é medida em 
Hz (hertz ou ciclos por segundo). 
 
A radiação eletromagnética se propaga com a velocidade da luz ou cerca de 300.000 km/s no 
vácuo. A importância deste valor reside no fato de ele estabelecer a relação de 
proporcionalidade entre o comprimento de onde e a freqüência de um tipo de radiação ou: 
 
 c= f/λ 
onde: 
c = velocidade da luz (m/s) 
f = freqüência da radiação (em Hz) 
λ = comprimento de onda (em m) 
 
Radiação Faixa de freqüência 
(HZ) 
Faixa de comprimento de 
onda (m) 
Cor 
Raios gama 3 x 1019 a 3 x 1023 1,0 x 10 –15 a 1,0 x 10-11 Invisível 
Raios X 3 x 1016 a 3 x 1018 1,0 x 10 –11 a 1 x 10-8 Invisível 
Ultravioleta 7,5 x 1014 a 3 x 1015 1 x 10 –8 a 4,0 x 10-7 Invisível 
Visível 7,0 x 1014 a 7,5 x 1014 4,0 x 10 –7 a 5,0 x 10-7 Violeta 
 6,5 x 1014 a 7,0 x 1014 5,0 x 10 –7 a 5,5 x 10-7 Azul 
 6,0 x 1014 a 6,5 x 1014 5,5 x 10 –7 a 5,8 x 10-7 Anil 
 5,5 x 1014 a 6,0 x 1014 5,8 x 10 –7 a 6,2 x 10-7 verde 
 5,0 x 1014 a 5,5 x 1014 6,2 x 10 –7 a 6,5 x 10-7 Amarelo 
 4,5 x 1014 a 5,0 x 1014 6,5 x 10 –7 a 6,7 x 10-7 Laranja 
 4,0 x 1014 a 4,5 x 1014 6,7 x 10 –7 a 7,0 x 10-7 Vermelho 
Infravermelho 3,0 x 1011 a 4,0 x 1014 7,0 x 10 –7 a 1,0 x 10-4 Invisível 
Microondas 3,0 x 108 a 3,0 x 1011 1,0 x 10 –4 a 1,0 x 100 Invisível 
Ondas de rádio e TV 3,0 x 103 a 3,0 x 108 1,0 x 100 a 1,0 x 105 Invisível 
 
Tabela 1 – Composição do espectro de radiações eletromagnéticas 
 
 
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A radiação infravermelha foi inicialmente percebida no início do século XIX por Sir 
William Herschel, astrônomo da corte do rei George III, da Inglaterra. Herschel tentava repetir a 
experiência de Isaac Newton com o objetivo de descobrir materiais que servissem como filtros 
para a observação do sol. Ao medir com um termômetro o aquecimento produzido pela 
incidência de cada uma das cores do espectro, Herschel percebeu surpreso que o maior nível de 
aquecimento se dava, não em uma das sete faixas do espectro visível, mas numa faixa escura, 
situada além do extremo do vermelho ou “abaixo do vermelho” se considerarmos sua posição 
no espectro de radiações eletromagnéticas. Desta observação resultou a denominação adotada 
hoje – o infravermelho. 
 
O limite inferior do infravermelho coincide com o da nossa percepção visual da cor 
vermelha – próximo a λ = 0,75 µm – enquanto que o superior coincide com o limiar das 
radiações de microondas – na faixa de λ = 1 mm. 
 
 
2. Leis da radiação 
 
Em 1860, Gustav Kirchhoff demonstrou a lei que estabelecia a igualdade entre a capacidade de 
um corpo absorver e emitir energia radiante. Kirchhoff também propôs teoricamente o termo 
“corpo negro” para designar um objeto que absorvesse toda radiação incidente sobre ele; em 
conseqüência, o corpo negro seria o emissor ideal. 
Poucos anos mais tarde, Josef Stefan concluiu, a partir de experiências em laboratório, que a 
energia total irradiada (ou emitida) por um corpo negro é proporcional à quarta potência de sua 
temperatura absoluta. Ludwig Boltzmann confirmou a tese de Stefan através da termodinâmica 
clássica, o que resultou na Lei de Stefan-Boltzmann que determina: 
W = σ T4 
onde: 
W – energia irradiada (ou emitida) (W/m2) 
σ - constante de Stefan-Boltzmann (5,7 x 10-8 W/m2. K4) 
T – temperatura absoluta (K) 
 
3. Emissividade 
 
Os corpos reais não se comportam como corpos negros, reagindo à radiação incidente sobre eles 
de forma seletiva e particular. A radiação incidente sobre um corpo qualquer pode assumir três 
comportamentos, a saber: 
9 uma parcela (α) pode ser absorvida ou emitida, segundo a Lei de Kirchhoff; 
9 uma parcela (δ) pode ser refletida; 
9 uma parcela (τ) pode ser transmitida 
 
Assim, a soma das três parcelas equivale à totalidade da energia incidente sobre ele: 
α + δ + τ = 1 
 
 
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 Para corpos opacos à radiação (onde τ
= 0) temos: 
α + δ = 1 
A Lei de Kirchhoff estabelece a igualdade entre a capacidade de um corpo qualquer em absorver 
energia radiante e sua capacidade de reemiti-la. A esta última chamamos EMISSIVIDADE. 
 
Definimos EMISSIVIDADE de um corpo a relação entre a energia emitida (ou irradiada) por 
um corpo qualquer e a energia emitida por um corpo negro para um mesmo comprimento de 
onda que pode ser expressa assim: 
ε = W’/W 
onde: 
ε - emissividade 
W’ – quantidade de energia emitida por um corpo qualquer (λ constante) 
W - quantidade de energia emitida por um corpo negro (λ constante) 
 
 A EMISSIVIDADE varia em função da composição química e da textura superficial do 
material, bem como de sua temperatura e do comprimento de onda da radiação emitida. 
 
Figura 1 – Variação da emissividade em função do comprimento de onda 
: 
 
A tabela abaixo indica alguns valores típicos de emissividade para materiais encontrados em 
aplicações industriais 
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Material Temp (°C) Emissividade 
Alumínio (chapa comercial) 100 0,09
Alumínio (oxidado) 90 - 500 0,20 – 0,31
Latão (chapa laminada) 25 0,06
Latão (chapa oxidada a 600 ° C) 200 - 600 0,61 – 0,69
Cobre (comercial) 25 0,07
Cobre (oxidado) 25 0,78
Cobre (aquecido a 600 ° C) 200 - 600 0,57
Aço (inoxidável polido) 100 0,07
Ferro fundido (polido) 200 0,21
Aço inoxidável AISI 310 (altamente oxidado) 220 - 520 0,90 – 0,97
Aço carbono (tubo ou chapa novos) 25 0,66
Aço carbono ou baixa liga (oxidado a 600 ° C) 200 - 600 0,80
Chapa de aço carbono (superfície áspera) 40 -400 0,94 – 0,97
Tijolo refratário 1000 0,75
Tijolo refratário magnesítico 1000 0,38
Vidro (placa polida) 25 0,94
Vidro Pyrex 260 - 540 0,95 – 0,85
Madeira (plana) 25 0,90
Tinta alumínio em bom estado 100 0,52
Tinta laca preta fosca 80 - 150 0,91
Tinta laca branca fosca (sobre ferro) 25 0,87
Tinta laca preta ou branca 40 - 100 0,96 – 0,98
Papel de parede 25 0,91
Borracha (dura e lisa) 25 0,94
Borracha (macia e áspera) 25 0,86
Areia 25 0,90
Pele humana 32 0,98
Solo seco 20 0.92
Solo saturado de água 20 0,95
Água destilada 20 0.96
Gelo -10 0,96
Neve -10 0,85
Tabela 2 – Valores típicos para a emissividade de alguns materiais 
 
 
4. Transmissão atmosférica 
 
Após ser emitida por um corpo a radiação infravermelha interage com a atmosfera circundante 
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tendo alguns de seus comprimentos de onda absorvidos, transmitidos ou refletidos Este fenômeno é 
conhecido como atenuação atmosférica e sua ocorrência se dá em função da presença de gases e 
partículas em suspensão. 
A atmosfera terrestre não é inteiramente transparente à radiação infravermelha. A presença de 
vapor d’água e gás carbônico na atmosfera produz uma absorção seletiva em algumas faixas da 
radiação térmica, especialmente entre os comprimentos de onda entre 1 e 15 µm e em grande parte 
da radiação de comprimento de onda acima de 15 µm. Este fenômeno é o responsável pelo 
conhecido “ 
 
Figura 2 – Transmissão atmosférica para λ entre 3,0 e 5,5 µm 
 
 
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Figura 3 – Transmissão atmosférica para λ entre 6,0 e 14,0 µm 
 
 
Em atmosferas urbanas ou industriais, com alta densidade de fontes poluidoras, os efeitos de 
atenuação e reflexão da radiação infravermelha se tornam mais importantes, gerando a necessidade 
do uso de filtros espectrais para seleção dos comprimentos de onda menos atenuados nestas 
condições. 
 
5. Equipamentos para termografia 
 
As pesquisas visando a detecção de radiação infravermelha datam do século XVI, com Galileo 
Galilei. As experiências passaram por diferentes estágios e princípios, desde a variação de um 
volume conhecido de gás até que se descobriram materiais capazes de produzirem uma corrente 
elétrica ao serem atingidos por radiação infravermelha, o conhecido efeito foto-elétrico, no início do 
século XX. 
Grande impulso teve o desenvolvimento de equipamentos detectores de radiação térmica 
durante a Segunda Guerra Mundial (1939 – 1945). Sistemas de visão noturna e reconhecimento 
tático foram inicialmente empregados pela Wermacht alemã na frente russa em 1944. 
Ao fim da Segunda Guerra Mundial, já estavam em andamento estudos para a produção dos 
mísseis Sidewinder e Falcon, capazes de detectar e perseguir o calor emitido pela exaustão das 
turbinas dos jatos de combate. 
A partir da década 1960, tornou-se possível a aplicação com objetivos civis da nova tecnologia. 
Avanços foram obtidos no campo da micro-eletrônica, da ótica e de materiais sensíveis à radiação 
térmica – os detectores. 
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Os principais elementos de um equipamento de termografia são: 
- Sistema ótico formado por lentes (grande angular e teleobjetiva) 
- Filtros 
- Mecanismo de varredura da imagem 
- Detector 
- Processador de sinal 
- Monitor de vídeo. 
 
 Figura 4 – Equipamento portátil de termografia 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6. Aplicações da termografia 
 
As aplicações mais usuais da termografia são: 
 Militar 
 Medicina 
9 Indústria 
 
 - Geração e transmissão elétricas 
 - Petróleo & petroquímica 
 - Siderurgia 
 - Papel e celulose 
 - Caldeiras e fornos 
 - Máquinas 
 - Construção civil 
 
 
 
 
 
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- Uso Militar 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Figura 5 – Míssil termo-guiado ar-ar “Piranha”, de fabricação brasileiro 
 
 Figura 6 – Carro de combate israelense com mira infravermelha 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Figura 7 – Caça supersônico detectado por uma câmera termográfica 
 
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- Medicina 
Figura 8 – Termo-mamografia 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
– Sistemas elétricos de potência 
Figura 9 – Aquecimento anormal em 
uma das fases de um circuito trifásico 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
- Equipamentos rotativos 
Figura 10 – Termograma de um 
motor indicando sobreaquecimento 
no eixo, próximo ao acoplamento 
 
 
 
 
 
 
 
 
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– Indústria do petróleo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 11 – Aquecimentos localizados indicando falhas no revestimento refratário interno de um regenerador 
de uma planta de craqueamento catalítico fluido 
 
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Figura 12 – Aspecto térmico da câmara de radiação de um forno de uma unidade de destilação de petróleo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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- Refratários e isolamentos térmicos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 13 – Imagem visível e infravermelha da área do queimador de uma caldeira flamotubular 
indicando a presença de falhas no isolamento térmico 
 
Figura 14 – Termograma de uma chaminé de coqueria indicando trincas nos tijolos refratários-isolantes 
 
Termografia
Sessão Técnica
13revista abende revista abende revista abende revista abende revista abende revista abende
PRINCÍPIO
O princípio da termografia está basea-
do na medição da distribuição de tempe-
ratura superficial do objeto ensaiado,
quando este estiver sujeito a tensões tér-
micas (normalmente calor).
APLICAÇÕES
Atualmente a termografia tem aplica-
ções em inúmeros setores; na indústria
automobilística é utilizada no desenvolvi-
mento e estudo do comportamento de
pneumáticos, desembaçador do pára-bri-
sas traseiro, freios, sistema de refrigeração,
turbo, etc. Na siderurgia tem aplicação no
levantamento do perfil térmico dos fundi-
dos, durante a solidificação, na inspeção
de revestimentos refratários dos fornos.
Na indústria aeronáutica é utilizada no
ensaio de materiais compostos para se detec-
tar dupla laminação ou outros tipos de ruptu-
ras. Pontos quentes e falhas de coesão em
componentes elétricos e eletrônicos podem
ser determinados através da termografia.
A indústria química emprega a termo-
grafia para a otimização do processo e no
controle de reatores e torres de refrigeração.
As aplicações na engenharia civil in-
cluem a avaliação do isolamento térmico
de edifícios e a possibilidade de se deter-
minar detalhes construtivos das constru-
ções, etc.. Nas artes o método tem se mos-
trado de grande valia na detecção de
descascamento de pintura e de massas
reconstituintes bem como no diagnósti-
co geral para conservação e restauração.
Algumas vantagens na aplicação da téc-
nica permitem sua aplicação em áreas bem
diversificadas como: Medicina, Veterinária,
Segurança, Militar, Elétrica, entre outras.
Uma das maiores vantagens é a possi-
bilidade de fazer medições com a menor
interferência possível, uma vez que não
há necessidade de contato direto, possi-
bilitando monitorar objetos a uma distân-
cia segura em tempo real.
No campo de aplicação do sistema elé-
trico é uma técnica essencialmente preditiva,
uma vez que não há necessidade de desli-
gar equipamentos, a condição de carga mais
crítica torna-se o melhor momento para
aplicação da técnica em campo.
TÉCNICAS DE ENSAIO
As técnicas termográficas geralmente
são consistidas na aplicação de tensões
térmicas no objeto, medição da distribui-
ção da temperatura da superfície e apre-
sentação da mesma, de tal forma que as
anomalias que representam as desconti-
nuidades possam ser reconhecidas. Duas
situações distintas podem ser definidas.
• tensões térmicas causadas direta-
mente pelo próprio objeto durante a sua
operação: equipamento elétrico, instala-
ções com fluído quente ou frio, isolamen-
to entre zonas de diferente temperaturas,
efeito termoelástico, etc.
• tensões térmicas aplicadas durante o
Ensaio através de técnicas especiais (geral-
mente aquecimento por radiação ou con-
dução) e certas metodologias a serem es-
tabelecidas caso a caso, para que se possa
obter boa detecção das descontinuidades.
Em ambas as situações é necessário
haver um conhecimento prévio da distri-
buição da temperatura superficial (ou pelo
menos que possa ser assumida com uma
certa segurança), como um referencial com-
parativo com a distribuição real obtida du-
rante o Ensaio. O caso mais simples ocor-
rerá quando a distribuição da temperatura
for uniforme e as descontinuidades se
manifestarem como áreas quentes (por
exemplo: componentes com maior resis-
tência elétrica em uma instalação), ou áre-
as frias (fluxo interno de ar nos materiais).
LIMITAÇÕES
• As anomalias na distribuição das tem-
peraturas podem ser muito pequenas para
serem detectadas;
• Discrepâncias muito pequenas po-
dem ser mascaradas, pelo “ruído de fun-
do”, e permanecer sem detecção;
• As principais organizações de nor-
malização ainda não reconhecem a ter-
mografia como um método confiável de
END para avaliação e certificação dos pro-
dutos Ensaiados.
DESCONTINUIDADES
E APRESENTAÇÃO
DO OBJETO
A distribuição de temperatura pode
ser medida usando:
• pinturas sensíveis ao calor que alte-
ram a sua cor de acordo com a temperatu-
ra (termografia por contato);
• câmaras de vídeo termográficas que
permitem imagens no monitor (branco e
preto ou coloridas) da distribuição de tem-
peratura da superfície focalizada pela câ-
mara, de acordo com a sua temperatura
(termografia infravermelha). Neste caso, as
anomalias na distribuição da temperatu-
ra superficial correspondentes a possíveis
descontinuidades serão mostradas como
“remendos coloridos”.
DESENVOLVIMENTOS
Os melhoramentos nos sistemas de
termografia computadorizada e softwares
específicos para o processamento de
dados termográficos facilitarão a apli-
cação dessas técnicas, na medida que os
Ensaios ficam mais precisos.
Considerando-se o numeroso poten-
cial de aplicações do método, o desenvol-
vimento do ensaio termográfico em todos
os níveis industriais pode ser até previsto.
Atualmente, outras técnicas estão sen-
do pesquisadas e analisadas quanto aos
fenômenos térmicos em amostras de la-
boratórios (misturas, têxteis, compostos),
associados com os ciclos de fadiga ou ten-
sões de impacto.
Recentemente, a termografia foi utili-
zada nos testes de veículos no túnel de
vento; tanto a indústria automobilística
quanto a aeroespacial estão realizando
pesquisas nesta área.
Termografia
14 revista abende revista abende revista abende revista abende revista abende revista abende
Sessão Técnica
Exemplos de aplicação
no sistema elétrico
Uma das áreas que mais se benefici-
am com a aplicação da técnica de
termovisão é o sistema elétrico brasileiro.
Particularmente, a Chesf – Companhia
Hidro Elétrica do São Francisco, Empresa
atualmente com uma potência instalada
de 10.737.798 kW, 94 subestações distri-
buídas pelos 08 estados da região nor-
deste, mais de 18.000 km de linhas de
transmissão de alta tensão, tem a
termovisão como uma de suas principais
ferramentas preditivas desde 1974. É uma
das empresas de ponta na aplicação da
termografia, mantendo a atualização tec-
nológica, aplicando critérios e procedi-
mentos para inspeções de subestações,
incluindo conexões, equipamentos, servi-
ços auxiliares, usinas e linhas de transmis-
são. A gestão da
termografia da Chesf está
credenciada pelo sistema de gestão ISO
9001:2000, possui um sistema de banco
de dados que permite o gerenciamento
da atividade de forma descentralizada e
compartilhada entre usuários e clientes.
Sessão Técnica
Tereza Cristina
Leite Galindo,
engenheira
eletricista da Cia
Hidro Elétrica do
São Francisco -
CHESF, com pós
graduação em
eletrônica na UFPE.
Bolsista de Valor: Revista de divulgação do Projeto Universidade Petrobras e IF Fluminense v. 2, n. 1, p. 89-94, 2012 89
* Técnico em Mecânica pelo IF Fluminense, campus Campos-Centro.
** Técnico em Mecânica pelo IF Fluminense, campus Campos-Centro.
*** Técnico em Mecânica pelo IF Fluminense, campus Campos-Centro.
Termografia em manutenção preditiva: conceitos e 
aplicabilidades em máquinas e equipamentos industriais
André Melo de Abreu*
Ítalo Miranda Soares**
Sandro Talyuli de Oliveira Souza***
Resumo
Questões sobre a gerência de manutenção preditiva têm sido 
amplamente discutidas nas últimas décadas. Uma variedade 
de técnicas tem sido usada para o monitoramento da vibração, 
aquecimento e desgaste de equipamentos industriais. Este artigo 
apresenta uma breve revisão bibliográfica sobre os conceitos, 
aplicações e possibilidades do uso da termografia como forma de 
manutenção preditiva de equipamentos industriais. Para alcançar 
este objetivo o estudo faz uma breve abordagem dos diferentes tipos 
de manutenção e suas aplicabilidades. 
Palavras-chave: Manutenção preditiva. Termografia. Prevenção.
Introdução 
A mecanização dos processos produtivos trouxe 
consigo a necessidade da criação de sistemas de 
gerenciamento de manutenção que monitorassem 
os equipamentos industriais evitando desgaste, 
quebras e mau funcionamento das máquinas 
de modo a tornar equipamentos e instalações 
disponíveis o maior tempo possível para operação.
Esta disponibilidade tornou-se possível graças 
a programas de gestão de manutenção. A 
manutenção é o conjunto de todas as ações 
técnicas, administrativas e de gestão utilizadas 
no ciclo de vida de uma máquina ou componente 
(CABRAL, 2006 apud FARIA, 2011).
Os custos com manutenção são a principal 
parte dos custos operacionais das indústrias 
de manufatura e de produção. Nas indústrias 
alimentícias, por exemplo, a manutenção 
representa 15% do custo dos bens produzidos; 
nas indústrias pesadas como as siderúrgicas, 
indústrias de papel e celulose ela pode representar 
até 30% dos custos totais da produção. Portanto, 
a gerência ineficaz da manutenção pode significar 
sérios prejuízos para a produção diminuindo a 
competitividade do produto no mercado global 
(ALMEIDA, 2011).
Dentre as diferentes formas de manutenção, a 
preditiva é reconhecidamente uma técnica eficaz. 
As técnicas preditivas se baseiam em condições, 
ou seja, em fazer, regularmente, o monitoramento 
do estado mecânico, eletroeletrônico, 
eletropneumático, eletro-hidráulico e elétrico dos 
equipamentos e instalações; além de monitorar 
o rendimento operacional de equipamentos e 
instalações. As técnicas de manutenção preditiva 
incluem a análise de vibração, ultrassom, 
ferrografia, tribologia, monitoria de processo, 
inspeção visual, termografia dentre outras 
(ALMEIDA, 2011; SALLES e LIMA, 2011). 
Esse monitoramento diminui as ações de 
manutenção corretiva, pois reduz os intervalos 
entre reparos por quebras; reduz, ainda, os 
procedimentos de manutenção preventiva e seus 
reparos programados. O resultado é a maximização 
do rendimento do processo produtivo. 
Tipos de manutenção 
 A idéia de manutenção existiu desde épocas 
remotas, mas o termo só começou a ser 
conhecido por volta do século XVI na Europa 
central, simultaneamente ao surgimento do relógio 
mecânico e dos primeiros técnicos em montagem 
e assistência. A Revolução Industrial consolidou 
a prática de manutenção e ela se tornou 
uma necessidade durante a Segunda Guerra 
Mundial. Após a guerra, Inglaterra, Alemanha, 
Itália e principalmente o Japão alicerçaram seu 
desempenho industrial nas bases da engenharia e 
manutenção (TELECURSO, 2011a).
Pesquisas recentes sobre a eficiência da 
gerência de manutenção indicam que um terço de 
todos os custos desse processo são desperdiçados 
com procedimentos desnecessários ou realizados 
inadequadamente. A indústria americana gasta, 
em média, 200 bilhões de dólares por ano com 
manutenção de equipamentos. Esse custo 
representa um significativo impacto sobre a 
produtividade e o lucro na produção (ALMEIDA, 
2011).
Portanto, a gerência ineficaz da manutenção 
resulta numa grande perda financeira, eleva 
os custos e afeta qualitativamente os produtos, 
tornando-os menos competitivos no mercado 
global. De acordo com Almeida (2011), a principal 
causa da ineficácia da gerência de manutenção 
é a ausência de dados que quantifiquem a 
real necessidade de reparo ou manutenção da 
90 Termografia em manutenção preditiva: conceitos e aplicabilidades em máquinas e equipamentos industriais
maquinaria, equipamentos e sistemas da planta 
industrial. De modo geral, o planejamento de 
manutenção tem sido elaborado a partir de 
informações estatísticas ou quando há falha nos 
equipamentos.
A percepção de que a manutenção exerce um 
impacto direto sobre a qualidade do produto, 
os custos de produção e o lucro é recente. Nas 
últimas duas décadas o avanço tecnológico na 
área de microprocessadores e instrumentos 
computadorizados de monitoramento da 
capacidade operativa de equipamentos, maquinaria 
e sistemas fabris contribuiu para o aperfeiçoamento 
dos programas de gerenciamento e operações de 
manutenção. O uso de modernos equipamentos 
permite que a equipe de manutenção reduza ou 
elimine reparos desnecessários. Os resultados 
são: menor índice de falhas nas máquinas, redução 
do impacto negativo da operação de manutenção 
sobre o rendimento da planta industrial de 
manufatura e de produção.
Para entender melhor os programas de gerência 
de manutenção é necessário considerar primeiro 
as técnicas de gerência. Faria (2011) declara que 
a manutenção divide-se em duas categorias: a 
proativa e a reativa. A proativa está relacionada à 
reparação ou reconstrução de um equipamento ou 
máquina; a reativa relaciona-se, de modo geral, ao 
conceito de prevenção que nas últimas décadas 
evoluiu alcançando a ideia preditiva. 
Sobre os tipos de manutenção o módulo de 
mecânica do Telecurso 2000 (2011a) destaca dois 
tipos: a planejada e a não planejada. A manutenção 
planejada classifica-se em quatro categorias: 
preventiva, preditiva, TPM (Manutenção Produtiva 
Total) e Terotecnologia. 
A manutenção preventiva consiste no conjunto 
de procedimentos e ações antecipadas que 
visam manter a máquina em funcionamento. A 
manutenção preditiva é um tipo de ação preventiva 
baseada no conhecimento das condições de 
cada um dos componentes das máquinas e 
equipamentos. 
A evolução do conceito de prevenção e os 
diferentes tipos de manutenção 
A primeira forma de manutenção usada pelas 
indústrias foi a manutenção reativa, ou seja, um 
máquina ou componente trabalhava até sua 
avaria. Nesta perspectiva havia muito desperdício, 
perda de tempo e de esforços humanos. Ações 
para manter, prever e assegurar que o bem 
tivesse o tempo de vida para o qual foi desenhado 
não eram previstas neste tipo de manutenção 
(U.S.Department of Energy, 2007 apud FARIA, 
2011).
Al-Shayea (2007, apud FARIA, 2011) afirma que 
a manutenção reativa pode ser dividida em dois 
tipos: manutenção de emergência e manutenção de 
avaria. A reparação, substituição ou reconstrução 
de uma máquina são atividades da manutenção 
reativa. 
A avaria ou quebra de uma máquina ou 
equipamento pode representar um sério risco para 
os trabalhadores. Dhammar (2004, apud FARIA, 
2011) informa que há uma forte relação entre a 
ocorrência
de acidentes e a manutenção reativa, 
pois numa situação reativa algumas pessoas 
arriscam sua integridade física na tentativa de 
solucionar um problema inesperado.
Outra forma de manutenção que se assemelha 
à reativa é a manutenção corretiva, que segundo 
Al-Shayea (2007, apud FARIA, 2011) é realizada 
para que o equipamento volte ao estado de 
desempenho funcional normal. A manutenção 
corretiva se distingue da reativa pelo fato de as 
suas atividades serem planejadas e realizadas 
regularmente com a finalidade de manter o 
equipamento em condições operacionais normais. 
A manutenção corretiva está subdividida em três 
tipos: manutenção curativa, diferida e manutenção 
de paragem corretiva.
A partir da análise dos problemas e prejuízos 
ocasionados pelas quebras e paradas e os 
obstáculos à melhoria da qualidade, as indústrias 
passaram a dar ênfase à manutenção preventiva 
que é uma das formas de manutenção proativa.
O conceito de manutenção preventiva teve 
origem nos Estados Unidos e foi introduzido 
no Japão em 1950. Neste período os donos de 
fábricas se preocupavam em valorizar e manter seu 
maquinário e equipamentos, por isso precisavam 
considerá-los em termos de custos e ciclo de vida 
(TELECURSO, 2011b).
 A partir de 1960, as indústrias reconheceram a 
manutenção e a confiabilidade como elementos 
imprescindíveis à eficiência. A partir de então, o 
enfoque da manutenção passa a ser a confiança 
no setor produtivo quanto à qualidade do serviço 
de manutenção.
As atividades da manutenção preventiva 
consistem de um conjunto de ações realizadas 
em intervalos de tempo ou de funcionamento 
da máquina. O objetivo é identificar o início 
de degradação de uma máquina para que ela 
funcione de modo seguro e eficiente, reduzindo 
a probabilidade de quebra ou degradação do 
funcionamento de um equipamento além de reduzir 
ao mínimo os fatores que contribuem para as 
avarias e minimizar as consequências da quebra 
(ALMEIDA, 2011).
A quebra é a falha visível. A falha visível é 
causada por um conjunto de falhas invisíveis como 
num iceberg. Logo, se a manutenção evitar as 
Bolsista de Valor: Revista de divulgação do Projeto Universidade Petrobras e IF Fluminense v. 2, n. 1, p. 89-94, 2012 91
falhas invisíveis, a quebra deixará de ocorrer. As 
falhas invisíveis podem não ser detectadas por 
dois motivos: físicos ou psicológicos. Dentre os 
motivos físicos, encontram-se as falhas que não 
são visíveis por estarem em local de difícil acesso 
ou por estarem encobertas por detritos ou sujeiras. 
Os motivos psicológicos relacionam-se ao fato 
de as falhas deixarem de ser detectadas pelo 
despreparo e falta de capacitação dos operadores 
ou mantenedores (TELECURSO, 2011b). Portanto, 
um programa eficaz de manutenção deve conhecer 
as falhas invisíveis do processo de produção em 
seus aspectos físicos e psicológicos. 
A manutenção preditiva
A natureza da atividade industrial define a melhor 
forma de manutenção proativa a ser adotada. Para 
conhecer as causas invisíveis da falha de um 
equipamento, a manutenção preditiva apresenta-
se como uma forma eficaz de manutenção.
A manutenção preditiva é um tipo de ação 
baseada no conhecimento das condições de 
cada um dos componentes das máquinas e 
equipamentos. Esses dados são obtidos por meio 
de um acompanhamento do desgaste de peças 
vitais de conjuntos de máquinas e de equipamentos. 
Testes periódicos são efetuados para determinar a 
época adequada para substituições ou reparos de 
peças (TELECURSO, 2011b).
A manutenção preditiva baseada na condição 
utiliza medições e métodos de processamento de 
sinais para diagnosticar a condição do equipamento 
durante operação. As técnicas de monitoramento 
incluem: análise de vibração, ultrassom, ferrografia, 
tribologia, monitoria de processo, inspeção visual, 
e outras técnicas de análise não destrutivas. A 
combinação destas técnicas oferece os meios de 
monitoramento direto de todos os equipamentos 
e sistemas críticos em uma fábrica (ALMEIDA, 
2011).
Dentre as vantagens da monitoração da 
condição, está o controle ou eliminação de sinais 
estranhos antes de ocorrer a deterioração da 
máquina. Portanto, o equipamento opera a um 
ótimo nível e a sua vida útil é maximizada e o risco 
de falha diminuído. As situações de paragem e 
os respectivos inconvenientes e custos de horas 
extras são praticamente eliminados.
Alguns investigadores classificam a manutenção 
preditiva como um tipo de manutenção preventiva. 
A principal diferença entre manutenção preventiva 
e preditiva é que a manutenção preditiva utiliza a 
monitoração da condição do equipamento para 
definir as necessidades de reparo, a manutenção 
preventiva é baseada no tempo e depende de 
estatísticas de vida média. A desvantagem da 
manutenção preditiva baseada na condição é a forte 
dependência da veracidade e correta interpretação 
da informação recebida (AL-SHAYEA, 2007 apud 
FARIA, 2011).
Termografia 
Processos produtivos e equipamentos mecânicos 
que produzem calor podem se beneficiar 
da manutenção preditiva por termografia. A 
termografia é uma técnica de manutenção que 
detecta por radiação infravermelha a temperatura 
de equipamentos e máquinas. Através desta 
técnica é possível identificar regiões onde a 
temperatura está alterada em relação a um padrão 
estabelecido. “É baseada na medida da radiação 
eletromagnética emitida por um corpo a uma 
temperatura acima do zero absoluto” (MALDAGUE, 
1993; DERENIAK, 1996 apud PELLIAZARI et al., 
2006).
A inspeção termográfica é uma técnica não 
destrutiva realizada para medir temperaturas 
ou observar os padrões de distribuição de calor 
utilizando sistema infravermelho. O objetivo é 
obter informações relativas à condição operacional 
de um componente, equipamento ou processo 
(VERATTI, 2011).
Um sistema de manutenção termográfico possui 
recursos que permitem a realização de tarefas de 
análise preditiva nos campos de redes elétricas, 
equipamentos mecânicos, redes de vapor, fornos, 
reatores e processos. 
Veratti (2011) ao abordar as principais 
características de um sistema básico de inspeção 
termográfica esclarece que os instrumentos 
usados para transformar a radiação infravermelha 
em informação térmica são os termovisores e 
radiômetros. As informações podem ser qualitativa 
ou quantitativa. Os termovisores possuem objetivas 
intercambiáveis que possibilitam adequar o campo 
de visão do aparelho às necessidades específicas 
de cada observação. O registro das imagens 
térmicas é digital e permite o acoplamento do 
sistema a microcomputadores para processamento 
da informação.
Atualmente os radiômetros possuem miras 
infravermelhas que facilitam o posicionamento 
dos aparelhos e a rápida visualização da área 
sensoreada. Os modelos de uso geral apresentam 
campo de visão de 1:60 e são adequados para 
as tarefas básicas de inspeção preditiva como a 
medição de temperaturas em quadros elétricos 
de média e baixa tensão, mancais de redutores, 
motores elétricos e fornos de menor porte 
(VERATTI, 2011).
O manuseio desse equipamento requer 
a capacitação dos operadores. Além do 
conhecimento das limitações dos equipamentos, 
os operadores devem saber se as informações 
92 Termografia em manutenção preditiva: conceitos e aplicabilidades em máquinas e equipamentos industriais
colhidas são confiáveis e se podem orientar as 
ações da manutenção. Os programas aplicativos 
utilizados são capazes de classificar os 
componentes elétricos aquecidos considerando 
as temperaturas máximas admissíveis para cada 
tipo de componente além da influência da carga e 
do vento (em instalações externas). Um aplicativo 
assim permite a emissão de relatórios com a 
classificação correta dos componentes aquecidos 
em termos de criticidade e de risco para o sistema 
produtivo (VERATTI, 2011).
Um dos mais importantes parâmetros a serem 
considerados para a aplicação da termografia 
em uma empresa é o retorno do investimento. A 
implantação de um Sistema Básico de Inspeções 
Termográficas certamente produzirá resultados de 
detecção de falhas que se reflitam em alterações 
térmicas de equipamentos e máquinas.
O uso da termografia em sistemas elétricos 
As perdas de energia são cada vez menos 
aceitáveis em sistemas de geração e transmissão 
de energia elétrica. Além de eliminar as perdas, 
os sistemas que geram ou conduzem energia 
também devem reduzir as falhas e os prejuízos 
delas decorrentes. Essas necessidades têm 
impulsionado o desenvolvimento de técnicas de 
inspeção e manutenção preditiva. Entre estas 
técnicas se encontra a termografia empregada na 
inspeção de componentes e sistemas elétricos. 
Para a detecção de alteração da temperatura 
alguns critérios devem ser considerados. A 
Engelétrica (2011) destaca alguns critérios: 
um componente está aquecido quando sua 
temperatura é maior que a temperatura do 
ambiente; o aquecimento é calculado pela 
diferença entre a temperatura do componente e 
a temperatura do ambiente; fatores como carga 
e evento devem ser considerados; nas inspeções 
internas os cuidados devem estar voltados para a 
carga, nível de utilização da instalação, circuito ou 
equipamento; o aquecimento máximo admissível 
para um componente ou equipamento é igual a 
diferença entre a máxima temperatura admissível 
e a temperatura ambiente.
Os componentes do sistema elétrico que podem 
acarretar interrupções no fornecimento de energia, 
muitas vezes causando danos irreparáveis são: 
disjuntores; chaves seccionadoras; bases e 
fusíveis; barramentos e condutores em geral; 
conexões; transformadores de distribuição, dentre 
outros.
 
Figura 1 - Inspeção termográfica no sistema elétrico para detecção de pontos 
de aquecimento
Fonte: http://www.laborsolutions.com.br/termografia.html
Figura 2 - Imagem de termografia de transformadores onde foi detectada uma 
distribuição térmica irregular
Fonte: Disponível em http://www.thermoconsult.com.br/aplicacoes-mecanicas.
html
São consideradas anomalias térmicas as 
ocorrências das seguintes condições: temperatura 
superior à máxima temperatura para o componente 
avaliado; qualquer aquecimento superior à 
25°C em relação ao ambiente com exceção 
de resistências de aquecimento, núcleos de 
algumas bobinas, lâmpadas acesas e resistores; 
equipamento elétrico com temperatura superior 
a outro equipamento idêntico nas mesmas 
condições de carga e trabalho; equipamentos que 
não são visualizados pelo termovisor, mas que 
despertem suspeita de aquecimento periférico 
(ENGELETRICA, 2011). 
O uso da termografia infravermelha em 
sistemas mecânicos
Quando estão em atividade os sistemas 
mecânicos geram energia térmica. Um dos 
maiores problemas em sistemas mecânicos são 
as temperaturas excessivas. Uma quantidade 
excessiva de atrito pode ser causada pelo desgaste, 
desalinhamento ou condições inadequadas de 
lubrificação. A imagiologia térmica infravermelha 
é capaz de avaliar o estado de aquecimento dos 
Bolsista de Valor: Revista de divulgação do Projeto Universidade Petrobras e IF Fluminense v. 2, n. 1, p. 89-94, 2012 93
Figura 3 - Termografia em motores elétricos para verificação de aquecimento
Fonte: Disponível em http://www.thermoconsult.com.br/aplicacoes-mecanicas.
html
equipamentos (BRANCO, 2011)
A termografia infravermelha é uma importante 
ferramenta para o monitoramento de equipamentos 
mecânicos. As câmaras infravermelhas permitem 
a monitoração da temperatura enquanto o 
equipamento está em funcionamento.
Grande parte dos equipamentos mecânicos 
possui limites de temperatura usados como 
padrões de verificação. A imagiologia térmica 
infravermelha pode ser aplicada em uma variedade 
de equipamentos como bombas, motores, 
mancais, roldanas, ventiladores, acionamentos 
dentre outros (BRANCO, 2011).
Em sistemas mecânicos a termografia 
infravermelha é útil para localizar uma área 
problemática e indicar a raiz do superaquecimento. 
De modo geral, o calor é produzido no interior 
de um componente que não está visível para 
a câmera. Esse calor se apresenta como um 
padrão sobre a superfície do objeto e, assim, a 
câmera infravermelha o detecta. Procedimentos 
complementares como análise de vibração, análise 
de óleo e ultrassom podem ser empregados para 
localizar o problema e determinar a causa da falha 
(BRANCO, 2011).
Considerações finais 
Em qualquer sistema industrial, a improvisação 
é sinônimo de prejuízo. Quando se improvisa, 
pode-se até evitar a paralisação da produção, 
mas perde-se em eficiência. Métodos preditivos 
estabelecidos pelos técnicos de manutenção 
evitam a improvisação e asseguram um trabalho 
uniforme e seguro.
Os sistemas industriais são projetados e mantidos 
para desempenhar seu potencial produtivo dentro 
dos requisitos de qualidade. As práticas de 
manutenção do desempenho de equipamentos 
e máquinas têm por objetivo a implementação 
de técnicas que minimizem a frequência e a 
quantidade de operações de manutenção, a 
melhoria do processo de manutenção, a otimização 
dos recursos e a maximização da utilização dos 
meios de manutenção (FARIA, 2011).
Uma gestão de manutenção bem sucedida 
deve considerar os fatores técnicos tradicionais 
e também novos fatores como a relação entre 
custo e eficiência, tempo de implementação, 
confiabilidade, segurança e qualidade total 
(DHILLON, 2002 apud FARIA, 2011).
Em vez de esperar as falhas do equipamento, a 
empresa deve optar por uma manutenção preditiva. 
A manutenção preditiva através da termografia 
em equipamentos mecânicos e elétricos reduz 
a manutenção corretiva; reduz os custos de 
manutenção e o consumo de energia elétrica, 
pois contribui para o prolongamento da eficiência 
operacional dos sistemas analisados.
Referências 
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confiabilidade e qualidade. Disponível em: <http://
www.mtaev.com.br/download/mnt1.pdf>. Acesso 
em: 12 mar. 2011.
BRANCO, Renata. Análise de Sistemas Mecânicos 
usando termografia infravermelha. Disponível em: 
<http://www.manutencaoesuprimentos.com.br/
conteudo/2299-analise-de-sistemas-mecanicos-
usando-termografia-infravermelha/>. Acesso em: 
2 mar. 2011.
ENGELETRICA. Termografia. Disponível em: 
<http://www.engeletrica.com.br/eng_ termografia.
htm>. Acesso em: 3 maio 2011.
FARIA. Iolanda Balcky. Seleção de um redutor de 
engrenagem para um agitador e planejamento das 
ações de manutenção. Disponível em: <http://run.
unl.pt/bitstream/10362 /2511/1/Faria_2009.pdf>. 
Acesso em: 12 mar. 2011.
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Disponível em: <http://www.laborsolutions.com.br/ 
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LIMA. Walter Costa; SALLES, José Antonio 
Arantes. Manutenção Preditiva: caminho 
para a Excelência e Vantagem Competitiva. 
Disponível em: <http://www.unimep.br/phpg /
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Acesso em: 2 de abril de 2011.
PELLIZARI, E.; Martins C. O. D.; MENEZES, A. F. 
S.; REGULY A. Aplicações da termografia como 
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elétricos. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE 
ENGENHARIA E CIÊNCIAS DE MATERIAIS. 
Disponível em: <http://www.metallum.com.
br/17cbecimat/resumos/17Cbecimat-307-001.
pdf>. 
TELECURSO 2000. Introdução à manutenção. 
Aula 1. Disponível em: <http://www.aditivocad.com/
baixar-apostila.php?id=51b&rf=telecurso_2000_
94 Termografia em manutenção preditiva: conceitos e aplicabilidades em máquinas e equipamentos industriais
manutencao _mecanica&ld=2d1e4c4>. Acesso 
em: jan. 2011a.
TELECURSO 2000. TPM Planejamento, 
Organização e Administração. Aula 2. Disponível 
em: <http://www.aditivocad.com/baixar-apostila.
php?id=51b&rf=telecurso_2000_manutencao
_
mecanica&ld=2d1e4c4>. Acesso em: jan. 2011b.
VERATTI, Atílio Bruno. Sistema Básico de Inspeção 
Termográfica. Disponível em <http://www.ebah. 
com.br/login?redirect=/content/ABAAAAxCEAE/
programa-tpm-8-pilares-manutencao>. Acesso 
em: 12 abr. 2011.
Pan American Journal of Medical Thermology 
 
 
 
Pan Am J Med Thermol 1(1): 31-41 31 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Resumo — A termografia é um método não 
invasivo, indolor e sem contato físico que gera 
imagens de alta resolução. Objetiva-se com este 
artigo apresentar as principais aplicações 
biomédicas da termografia na atualidade. 
Efetuou-se a revisão da literatura por meio de 
busca eletrônica nas bases Wiley Online Library, 
ScienceDirect, Scielo, Google Scholar, IEEE 
Xplorer, Elsevier, Medline, Pubmed. O idioma de 
preferência selecionado foi o inglês com as 
palavras-chave: medical termography, medical 
infrared images, thermographic assessment, 
thermography assessment e medical infrared 
imaging. Seguindo o método retrospectivo, 
efetuou-se a procura de trabalhos com uma janela 
de tempo dos últimos cinco anos, de 2007 a 2012. 
Constatou-se, com certo grau de detalhamento, a 
aplicação da termografia nas áreas da ortopedia, 
odontologia, cirurgia, esporte, oncologia, 
cardiologia, angiologia, endocrinologia, medicina 
forense, hemodinâmica, obstetrícia, fisioterapia, e 
ergonomia. Conclui-se que o uso da termografia 
em conjunto com observações clínicas ou outros 
exames adicionais, pode ser decisivo para definir 
o diagnóstico médico ou para avaliar a eficácia 
das modalidades terapêuticas empregadas. 
Palavras-chave: Termografia; Engenharia 
Biomédica; Medicina; Diagnóstico por Imagem 
Abstract — Thermography is a non-invasive and 
non-painful technique that allows the generation 
of high resolution images without any physical 
contact. This paper presents the main applications 
involving biomedical thermography nowadays. 
For this purpose, it was performed a literature 
review through the known electronic based 
search options, such as, Wiley Online Library, 
ScienceDirect, Scielo, Google Scholar, IEEE 
Xplorer, Elsevier, Medline, Pubmed. 
Preferentially, it was used English language with 
the following keywords: medical termography, 
medical infrared images, thermographic 
assessment, thermography assessment e medical 
infrared imaging. It was followed the 
retrospective method, searching for research 
papers involving a window time of the last five 
years, from 2007 to 2012. It is noticed at a certain 
level of detail, that thermography is being applied 
mainly at the following areas: orthopedic, 
odontology, surgery procedures, sports, 
oncology, cardiology, angiology, endocrinology, 
Forensic Medicine, hemodynamics, obstetric, 
physiotherapy and ergonomic. Therefore, it is 
concluded that the use of thermography and other 
clinical observations and additional exams 
together, may assist to define medical diagnostics 
or to evaluate the efficacy of the therapeutic 
methods employed. 
Keywords: Thermography; Biomedical 
Engineering; Medicine; Medical Imaging 
diagnosis. 
 
Termografia na Área Biomédica 
 
 
Leanderson Franco de Meira1, Eddy Krueger 2, Eduardo Borba Neves 3, Percy Nohama2, 
Mauren Abreu de Souza 2 
 
1. Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde pela Escola de Medicina da Pontifícia Universidade Católica do 
Paraná (PUC PR), Curitiba-PR, Brasil. 
2. Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica e Informática Industrial da Universidade Tecnológica Federal 
do Paraná (UTFPR), Curitiba-PR, Brasil. 
3. Programa de Pós-Graduação em Engenharia Biomédica da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), 
Curitiba-PR, Brasil. 
 
e-mail: leandersonfm@gmail.com 
Pan American Journal of Medical Thermology 
 
 
 
Pan Am J Med Thermol 1(1): 31-41 32 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
Documentos datados de 400 aC já relatavam a 
relação entre a temperatura corporal e alterações 
fisiológicas para o tratamento de patologias. A 
partir da década de 1950, iniciaram-se estudos 
biomédicos envolvendo avaliações temográficas. 
Desde então, tanto a sensibilidade e resolução 
dos sensores térmicos quanto às técnicas de 
processamento de imagem têm evoluído bastante, 
inclusive em termos da abrangência de suas 
aplicações (1). 
Estudos publicados em 1978 por Harzbecker e 
cols (2) já apontavam a termografia como uma 
técnica promissora, capaz de medir sem contato, 
de forma rápida e dinâmica a energia térmica 
corporal, proporcionando a geração de imagens. 
Salientam, ainda, que processos funcionais e 
fisiopatológicos apresentam mudanças de 
temperatura, desta forma o uso de termografia 
para o diagnóstico de doenças a partir da 
observação térmica da superfície corporal poderia 
ser recomendado. 
A análise de imagens termográficas oferece 
uma abordagem útil para o diagnóstico e 
acompanhamento de vários distúrbios físicos1. 
Geralmente, a maioria das lesões tissulares está 
relacionada a variações no fluxo sanguíneo, as 
quais podem afetar a temperatura cutânea. Como 
exemplos, podem-se citar os processos 
inflamatórios que acarretam em hipertermia. Por 
outro lado, uma diminuição da perfusão pode 
causar hipotermia (3). 
Problemas iniciais como a baixa sensibilidade 
dos detectores e com limitações técnicas 
representavam uma enorme fonte de erro para 
termografia limitando e retardando a aceitação da 
técnica até os anos 1990. Desde então, os 
equipamentos para aquisição de imagens 
termográficas evoluíram significativamente. Os 
sistemas atuais de aquisição de imagem 
compreendem sofisticadas câmeras térmicas 
acopladas a computadores com programas 
específicos aonde as imagens podem ser 
processadas para obtenção de informações 
confiáveis. As imagens arquivadas apresentam 
boa qualidade, tornando a termografia um 
método de diagnóstico seguro e preciso (4). 
Atualmente, a termografia é um método de 
avaliação de anormalidades fisiológicas 
representadas pelo aumento ou diminuição da 
temperatura na superfície da pele, que pode ser 
aplicada sem restrições por se uma técnica não-
invasiva, que produz imagens sem a utilização de 
radiação ionizante (5), além de ter potencial para 
diagnósticos in vivo, propiciando informações de 
processos fisiológicos em curso, em tempo real, 
aos terapeutas e pacientes 3. Neste sentido e, em 
virtude da recente e crescente interesse, pesquisa 
e utilização da termografia na área biomédica, o 
objetivo da pesquisa que culminou neste artigo 
foi apresentar uma revisão sistemática atualizada 
às aplicações biomédicas da termografia. 
 
2. METODOLOGIA 
 
A busca de informações foi realizada nas 
bases Wiley Online Library, ScienceDirect, 
Scielo, Google Scholar, IEEE Xplorer, Elsevier, 
Medline, Pubmed. O idioma selecionado como 
preferencial foi o inglês, e as palavras-chave 
escolhidas: medical termography, medical 
infrared images, thermographic assessment, 
thermography assessment e medical infrared 
imaging. Seguindo o método retrospectivo, 
efetuou-se a procura de artigos com uma janela 
de tempo dos últimos cinco anos, de 2007 a 2012. 
Foram excluídos os trabalhos que não estavam de 
acordo com o escopo do artigo, ou seja que não 
apresentavam contextos relacionados à área 
biomédica. Após a realização da busca nas bases 
de dados, foram lidos os abstracts e eliminadas as 
duplicações. Selecionados os trabalhos a serem 
considerados, foram identificadas as áreas em 
que se enquadravam cada estudo e analisados os 
resultados da utilização da termografia nessas 
aplicações. 
 
3. RESULTADOS 
 
Inicialmente, foram encontrados 66 trabalhos 
e, destes, selecionaram-se para revisão os 25 que 
apresentavam temas relacionados às aplicações 
biomédicas da termografia. Foram incluídos os 
trabalhos de Jiang
e cols (1), Harzbecker e cols 
(2) e Mikulska e cols (4) com abordagem 
histórica da evolução da termografia na área 
médica, com datas de publicação anteriores à 
janela de tempo proposta devido à relevância de 
suas informações para o contexto do estudo, 
assim como duas obras clássicas relacionadas à 
termografia (6,7) e dissertações referentes a 
termografia na saúde para o acervo de imagens 
(8-10). 
No Quadro 1, enumeram-se os estudos que 
abordam aplicações práticas da termografia e 
seus respectivos principais parâmetros de 
abordagem. 
Pan American Journal of Medical Thermology 
 
 
 
Pan Am J Med Thermol 1(1): 31-41 33 
 
 
 
Autor (ano) N Resolução 
geométrica 
Resolução de 
temperatura 
mínima 
detectável 
(° C) 
Aplicação da 
Termografia 
Zivcak e cols 
(2011)17 
134 76.800 
(320X240) 
0,05 a 30 Síndrome do túnel 
do carpo 
Nahm e cols 
(2007)19 
92 NI NI Disfunção temporo 
mandibular 
Kulis e cols 
(2012)24 
12 76.800 
(320X240) 
0,07 a 30 Varicocele 
Hildebrandt e 
cols (2010)3 
15 NI NI Lesões por overuse 
de joelho em 
esquiadores 
Lourenço e cols 
(2011)20 
07 NI NI Complexo cranio 
cervico mandibular 
Tkacova e cols 
(2010)15 
14 76.800 
(320X240) 
0,05 a 30 Síndrome do túnel 
do carpo 
Sivanandam e 
cols (2012)26 
62 NI 0,05 a 30 Diabetes tipo 2 
Niehof e cols 
(2007)16 
26 76.800 
(320X240) 
0,05 a 30 Síndrome da dor 
regional tipo 1 
Cooke e cols 
(2011)28 
45 NI NI Lesões 
hemorragicas 
traumáticas 
Lee e cols 
(2007)21 
20 NI NI Pós operatório de 
cirurgia ortognática 
Wu e cols 
(2009)32 
53 76.800 
(320X240) 
NI Síndrome dolorosa 
do cóccix 
Pauling e cols 
(2011)25 
55 NI NI Fenômeno de 
Raynaud 
Pauling e cols 
(2012)29 
14 NI NI Avaliação da 
função 
microvascular 
Song e cols 
(2007)23 
Estudo de caso em 
rato imunodeprimido 
81.920 
(320X256) 
NI Tumor secundário 
a xenoenxerto 
Morasiewicz e 
cols (2008)18 
18 NI NI Regeneração óssea 
Mijović e cols 
(2012)33 
9 76.800 
(320X240) 
0,08 a 30 Avaliação de 
vestuário 
Trafarski e cols 
(2008)31 
NI NI NI Resposta a 
crioterapia em 
portadores de 
artrite reumatóide 
Tkacova e cols 
(2010)14 
20 NI NI Lesões músculo 
Esqueléticas 
NI = não indicado no estudo 
 
Quadro 1. Resoluções e apli�ações da termografia. 
 
 
Pan American Journal of Medical Thermology 
 
 
 
Pan Am J Med Thermol 1(1): 31-41 34 
 
 
4. DISCUSSÃO 
 
Aspectos técnicos da Termografia na área 
médica 
A imagiologia médica começou com a 
aplicação dos raios-X na visualização interna de 
partes do corpo, em especial, a estrutura óssea. 
Com os avanços da ciência e da tecnologia 
médica, muitas técnicas de diagnóstico por 
imagem, tais como ressonância magnética, 
ultrassom, tomografia computadorizada, SPECT 
(tomografia computadorizada por emissão de um 
único fóton), PET (tomografia por emissão de 
posítron), entre outras modalidades, foram 
descobertas. As técnicas por imagem médica 
podem ser divididas em invasiva e não invasiva, 
e ionizante e não ionizante, sendo as técnicas não 
invasivas e não ionizantes mais seguras para os 
seres humanos, podendo ser repetidas inúmeras 
vezes sem prejuízos significativos para a saúde 
do avaliado (11). 
Quanto ao espectro eletromagnético, às 
modalidades de imagens médicas podem ser 
classificadas pela faixa de frequência da radiação 
eletromagnética em que atuam e, de modo geral, 
fornecem informações anatômicas. A 
termografia, por sua vez, é uma técnica digital 
que gera imagens bidimensionais referentes a 
dados fisiológicos, os quais associados a 
determinações anatômicas tornam possível a 
localização da área afetada e extensão de uma 
lesão ou estado patológico (3,11). 
Os sensores das câmeras termográficas geram 
imagens com base na quantidade de calor 
(radiação infravermelha) emitido na superfície do 
corpo. A tecnologia termográfica é uma forma de 
medir a radiação eletromagnética (no espectro de 
frequência na faixa do infravermelho), 
convertendo-a em sinais elétricos. Estes sinais 
são visualizados em tons de cinza ou em cores 
que representam os valores de temperatura. 
Geralmente, a termografia é avaliada por uma 
palheta de cores aonde, por exemplo, o azul 
representa baixa temperatura, o vermelho 
representa alta temperatura e a cor preta 
representa o espaço de ar (3). 
As técnicas de digitalização de imagens 
médicas em geral usam o espectro 
eletromagnético para a construção da anatomia 
interna proporcionando a visibilidade de tecidos e 
órgãos e podendo detectar tumores e outras 
anormalidades como mostra a Figura 1. A 
radiação infravermelha, que é parte do espectro 
eletromagnético, sendo uma alternativa potencial 
no diagnóstico por imagem11. 
 
 
Figura 1. Regiões acometidas por isquemia em 
uma pessoa que permanece sentada imóvel por 
mais de 1 h. O termograma representa a imagem 
térmica resultante da subtração digital das 
imagens obtidas antes e depois de permanecer 
sentado por 1 h. Imagem retirada de Gödke (8). 
 
A termografia é um método de diagnóstico 
não invasivo, indolor e seguro, tanto para o 
paciente quanto para o examinador. Tal técnica 
permite definir, por meio de mapeamento 
térmico, o estado fisiológico do tecido ou órgão 
examinado, baseando-se na emissão da radiação 
infravermelha do objeto ou corpo sob análise, a 
qual pode contribuir para o diagnóstico médico 
(12). O interesse das áreas médicas pela 
termografia é justificado pelo fato de que tal 
técnica pode ter uma aplicação generalizada para 
fins de diagnósticos, prognósticos, biometria, 
monitoramento de pacientes e cirurgias (13). 
Para a aquisição das imagens, torna-se 
essencial observar as normas técnicas senão 
ficarão comprometidas a qualidade e a precisão 
dos resultados. Pensando nisso, Tkacova e cols 
(14) conduziram um estudo de aplicação de 
imagem térmica para medir a distribuição da 
temperatura superficial das extremidades em 
vinte indivíduos saudáveis, com o objetivo de 
avaliar a técnica de medição mais adequada. Os 
autores observaram que não houve correlação 
entre a temperatura oral ou axilar e a temperatura 
da superfície da pele nas extremidades inferiores. 
Apenas uma pequena diferença (0,2 °C) foi 
observada em ângulos diferentes e distâncias 
diferentes da câmara. Os fatores relevantes para 
os resultados foram a temperatura ambiente e a 
umidade na sala de medida, a distância e o 
ângulo entre a câmera e o segmento avaliado. 
Hildebrandt e cols (3) salientam a importância 
de investigações sobre a confiabilidade visto que 
variações técnicas e alterações biológicas, tais 
Pan American Journal of Medical Thermology 
 
 
 
Pan Am J Med Thermol 1(1): 31-41 35 
 
 
como o ritmo circadiano, podem resultar em 
ruídos de medidas. Para as aplicações médicas, 
normalmente são usadas câmeras com velocidade 
de trinta quadros por segundo, com resolução 
térmica de 0,1 °C e resolução das imagens de 
320x240 pixels (15). 
Niehof e cols (16) avaliaram a sensibilidade, 
especificidade, confiabilidade e repetitividade na 
avaliação das imagens termográficas. Foram 
analisadas as diferenças das medidas 
termográficas das imagens por trinta e cinco 
diferentes observadores independentes, 
previamente orientados quanto à técnica de 
análise; porém, que não tinham experiência na 
prática da termografia. Os resultados do estudo 
monstraram sensibilidade de 71%, especificidade 
de 85%, repetibilidade de 0,5267 e confiabilidade 
de 0,4967. Os autores concluíram que as relações 
das imagens termográficas entre indivíduos 
doentes e saudáveis podem ser distinguidas 
mesmo por observadores inexperientes, no 
entanto, devido aos baixos resultados de 
confiabilidade
e repetibilidade da avaliação, 
indicam a necessidade de padronização das 
análises e treinamento dos observadores. 
 
A Termografia na Ortopedia 
A termografia tem sido apontada como uma 
técnica adequada para avaliações dos distúrbios e 
lesões do sistema músculo-esquelético. Os 
termogramas são utilizados de forma 
complementar os exames convencionais, para 
identificar qual parte do sistema músculo-
esquelético está afetada por uma determinada 
doença ou lesão ou para avaliar a eficácia do 
tratamento (14). 
Hildebrandt e cols (3) utilizaram a termografia 
para a avaliação de lesões por esforço repetitivo 
no joelho e tendinopatia patelar em esquiadores 
alpistas. O estudo foi realizado após programa de 
treinamento pré-temporada que incluiu saltos 
excessivos aumentando a tensão sobre o tendão 
patelar. Um grupo de quinze atletas foi 
acompanhado, dos quais sete atletas relataram 
sintomas de reações locais no joelho, os demais 
apresentavam-se assintomáticos. Os atletas 
sintomáticos apresentaram diferenças médias de 
temperatura entre o joelho sintomático e o joelho 
contralateral de 1,4 ± 0,58 °C, enquanto os atletas 
não sintomáticos tiveram uma variação média de 
temperatura entre os dois joelhos de 0,3 ± 0,61 
°C (3). 
Zivcak e cols (17) avaliaram por meio da 
termografia a distribuição da temperatura da pele 
do dorso da mão de portadores de síndrome do 
túnel do carpo em comparação com indivíduos 
hígidos. Foi analisada uma base de dados de 268 
imagens térmicas do lado dorsal de 120 
voluntários saudáveis e 14 voluntários com 
diagnóstico clínico de síndrome do túnel do 
carpo. Os resultados do estudo indicaram maior 
temperatura dos dedos comparada à temperatura 
dos punhos nos indivíduos portadores da 
síndrome do túnel do carpo ao contrário dos 
indivíduos saudáveis que apresentaram 
extremidades com temperaturas mais baixas do 
que as temperaturas dos punhos. 
Morasiewicz e cols (18), baseados no fato de 
que a fase de regeneração óssea pós-fratura é 
caracterizada por um aumento do metabolismo e, 
consequentemente, da temperatura dos tecidos 
locais, avaliaram a correlação das análises 
termográficas com as evidências da radiografia. 
Para isso, acompanharam o caso de 18 pacientes 
em tratamento de distração osteogênica para 
alongamento ósseo com fixador externo Ilizarov. 
Os resultados indicaram correlação 
estatisticamente significativa entre a regeneração 
óssea e índices térmicos sendo que os valores 
médios do coeficiente de correlação de Spearman 
para a tíbia e fêmur foram de 0,925 (p <0,01) e 
0,724 (p <0,05), respectivamente. A termografia 
mostrou-se um valioso complemento aos 
métodos tradicionais de diagnóstico de fraturas e 
pode ser usada para monitorar e avaliar a 
formação e remodelação dos ossos em todas as 
fases do tratamento. As Figuras 2 e 3 ilustram 
exemplos de imagens termográficas em sítios 
anatômicos distintos e com palhetas de 
representação térmicas diferentes. 
 
 
Figura 2: Imagem termográfica evidenciando um 
aumento de temperatura na região do metacarpo e 
dorso da mão direita em indivíduo com 
LER/DORT. Imagem retirada de Magas (9). 
 
 
Pan American Journal of Medical Thermology 
 
 
 
Pan Am J Med Thermol 1(1): 31-41 36 
 
 
 
Figura 3: Imagem termográfica da parte anterior 
dos membros inferiores de um jogador de 
futebol, indicando assimetria entre os membros e 
a provável existência de lesão na musculatura do 
quadríceps (região mais clara, ou seja, de maior 
temperatura). Imagen cedida pelo Laboratório de 
Termografia Médica da Universidade 
Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). 
 
A Termografia na Odontologia 
Nahm e cols (19) estudaram a viabilidade da 
aplicação da termografia na avaliação da 
disfunção da articulação temporo mandibular 
(DTM). Para isso, 61 voluntários com 
diagnóstico clínico de DTM e 31 voluntários 
normais e sem sintomas foram submetidos à 
termografia avaliando-se a diferença da 
temperatura dos lados opostos das articulações 
têmporo-mandibulares e dos músculos masseter. 
O grupo patológico apresentou variações de 
temperatura na articulação temporomandibular e 
no músculo masseter de 0,42 ± 0,38 °C e 0,38 ± 
0,33 °C, respectivamente. Já o grupo controle 
apresentou variações de 0,10 ± 0,07 °C e 0,15 ± 
0,10 °C para os mesmos pontos de avaliação. 
Lourenço e cols (20) avaliaram 7 pianistas da 
Escola Superior de Musica, da cidade de Porto 
em Portugal. A avaliação consistiu na aquisição 
de imagens termográficas em repouso antes de 
começar a tocar piano, durante a prática e ao final 
da atividade tendo como objetivo correlacionar 
os pontos de avaliação termográfica com os 
pontos de localização da dor. Um padrão de 
assimetria térmica foi detectado com 
temperaturas mais elevadas nos locais onde os 
pianistas relataram dor, tais como trapézio, 
pescoço e ombro. Outro resultado apontado pelos 
autores foi a observação de um pianista que 
apertava os dentes enquanto tocava piano no qual 
foi identificado que a temperatura inicial lateral 
da face foi de 32,4 ºC do lado direito e 33,3 ºC do 
lado esquerdo, sendo que depois de tocar piano, a 
temperatura subiu 1,8 º C e 1,2 ° C, 
respectivamente. 
 
A Termografia no Pós-cirúrgico 
Lee e cols (21) avaliaram termograficamente 
20 pacientes portadores de deformidade 
dentofacial classe III submetidos à cirurgia 
ortognática. Este tipo de procedimento cirúrgico 
tem uma elevada incidência de lesões nervosas 
locais, desta forma, o objetivo do estudo foi 
avaliar por meio da termografia as lesões 
secundárias à cirurgia e seu processo de 
recuperação. Para isso, foram realizadas 
termografias no período pré-operatório, uma e 
quatro semanas após a cirurgia. Nos pacientes 
com lesão nervosa unilateral, a diferença das 
temperaturas do mento nos dois lados, foi de 0,64 
°C uma semana após a cirurgia, diminuindo para 
0,23 °C quatro semanas após a cirurgia. Nas 
imagens laterais, as diferenças de temperatura do 
mento foram de 0,10 °C após uma semana e 0,27 
°C quatro semanas após a cirurgia. Nos pacientes 
com lesão nervosa bilateral, sob o ponto de vista 
ântero-posterior, as diferenças das temperaturas 
do mento nos 2 lados foram de 0,20 °C após uma 
semana de pós-operatório e 0,13 °C após quatro 
semanas. Nas vistas laterais, as diferenças foram 
0,18 °C após uma semana e 0,34 °C, quatro 
semanas após a cirurgia. A análise das medidas 
da visão ântero-posterior mostrou resultados 
estatisticamente significativos em pacientes com 
lesão unilateral de nervo. Os autores concluiram 
que a termografia é um método de avaliação 
objetivo que pode ser aplicado de maneira 
complementar para o diagnóstico de lesões 
nervosas secundárias em cirurgias ortognáticas. 
 
A Termografia no Esporte 
Bandeira e cols (5) realizaram um estudo no 
qual dividiram atletas de futebol em dois grupos: 
o de controle, que participou de atividade de 
baixa intensidade e o grupo experimental, o qual 
realizou exercícios de agachamento, rack e mesa 
extensora (nesta ordem) a 80% da carga máxima 
individual. Os sujeitos do grupo experimental 
realizaram séries consecutivas até a exaustão, 
com intervalos de 90 segundos entre as séries. No 
estudo citado, os pesquisadores não encontraram 
correlação entre a CK e a variação de 
temperatura nos músculos estudados, porém, 
encontraram diferença de temperatura 
estatisticamente significativa entre a avaliação 
pré e pós-atividade, para os músculos analisados 
exclusivamente no grupo experimental, sugerindo 
Pan American Journal of Medical Thermology 
 
 
 
Pan Am J Med Thermol 1(1): 31-41 37 
 
 
que os exercícios realizados por este grupo foram 
capazes de produzir microlesões, que 
desencadearam um processo inflamatório, e 
consequentemente, causou variação significativa 
na temperatura
do local. As figuras 4 e 5 
mostram identificações de temperatura através da 
termografia de um jogador de rúgbi antes e após 
um jogo. 
 
 
Figura 4: Imagens infravermelhas da região 
posterior do tronco de um jogador de rúgbi 
adquiridas em dois momentos distintos: antes de 
um jogo (a) e 48 h após um jogo (b). Avaliando 
as concentrações de CK, o primeiro termograma 
corresponde a um momento de menor CK ) e o 
segundo, de maior CK. Na região de maior 
temperatura 34,8 �C, é provável que exista uma 
lesão. Imagem retirada de Bandeira (10). 
 
 
Figura 5: Imagens infravermelhas da região 
anterior do tronco de um jogador de rúgbi 
adquiridas em dois momentos distintos: antes de 
um jogo (a) e 48 h após um jogo (b). Avaliando 
as concentrações de CK, o primeiro termograma 
corresponde a um momento de menor CK ) e o 
segundo, de maior CK. Na região de maior 
temperatura 34,8 �C, é provável que exista uma 
lesão. Imagem retirada de Bandeira (10). 
 
A Termografia na Oncologia 
O câncer é uma doença cujas incidências e 
mortalidades destacam-se no contexto da 
medicina. De fato, o reconhecimento e 
tratamento precoce podem ser significativos na 
sobrevida dos pacientes. Os dispositivos de 
investigação não invasivos, geralmente são 
capazes de reconhecer tumores com diâmetros 
superiores a 1 cm. Já a termografia, baseada no 
conceito de que a projeção de calor na pele pode 
indicar um estado de doença, é capaz de 
reconhecer tumores com diâmetros menores do 
que 0,5 cm, sendo capaz de diagnosticar certos 
casos antes da detecção por outros dispositivos 
médicos. Todavia, o contorno e textura da região 
tumoral são parâmetros muito importantes na 
investigação dos oncologistas. Neste sentido, 
Gavriloaia e cols (22) propuseram um método 
aperfeiçoado de filtragem que reduz o ruído em 
imagens infravermelhas, podendo realçar e 
preservar bordas, e aplicaram essa nova técnica 
na avaliação de um tumor localizado na região da 
glândula tireóide, com a qual obtiveram uma 
melhor delimitação da área, textura mais 
homogênea e coloração mais clara da região do 
tumor (22). 
A evolução de um tumor usualmente está 
associada à angiogênese e ao aumento do fluxo 
sanguíneo periférico, o que pode resultar no 
aumento da tempertura local da pele de 1 a 2 ºC. 
Assim sendo, a imagem termográfica pode 
representar um método adjuvante no 
monitoramento do crescimento e controle dos 
tumores. No estudo conduzido por Song e cols 
(23), aplicou-se a técnica de xenoenxerto em 
ratos imunodeprimidos para detectar as mudanças 
de temperatura da superfície da pele por meio da 
termografia. Os resultados mostraram diminuição 
da temperatura nos ratos três dias antes de 
quaisquer sinais visíveis e palpáveis de tumor em 
contraste com o aumento de temperatura da pele 
normalmente associados ao câncer em humanos. 
As áreas dos tumores eram mais frias do que o 
tecido em torno deles e, além disso, a 
temperatura dos tumores xenoenxertados 
diminuiu progressivamente à medida que a área 
cresceu durante o período de observação. Os 
resultados do estudo indicam que a imagiologia 
termográfica tem considerável potencial 
contributivo no controle da evolução e resposta 
ao trabatamento de xenoenxertos tumorais (23). 
 
A Termografia na Cardiologia e na 
Angiologia 
Na área cardiológica, há inúmeras pesquisas 
buscando novos métodos de identificação das 
placas ateroscleróticas vulneráveis, em grande 
parte, baseados na avaliação do processo de 
inflamação relacionado ao desenvolvimento das 
placas ateroscleróticas. Com a aplicação da 
termografia nos vasos sanguíneos, é possível 
medir a temperatura de suas paredes, a fim de 
detectar as placas ateroscleróticas vulneráveis e 
avaliar o potencial risco de ocorrência da 
Pan American Journal of Medical Thermology 
 
 
 
Pan Am J Med Thermol 1(1): 31-41 38 
 
 
síndrome coronária aguda (12). 
Kulis e cols (24) analisaram a aplicação da 
termografia no diagnóstico de varicocele, doença 
definida pela formação de varizes nas veias do 
escroto associada à infertilidade masculina. O 
grupo estudado consistiu de 10 voluntários com 
idade média de 18,2 ± 2,4 anos com diagnóstico 
clínico de varicocele. Foram observadas as 
médias de temperatura na bolsa escrotal esquerda 
de 34,65 ± 0,66 °C e na direita 32,53 ± 0,78 °C e 
no testículo esquerdo de 33,58 ± 0,97 °C, 
enquanto no testículo direito era 32,19 ± 0,81 °C. 
A diferença de temperatura entre os lados 
esquerdo e direito da bolsa escrotal foi de 2,12 ± 
1,08 °C e entre testículos foi de 1,39 ± 1,20 °C. 
Nesse caso, concluiu-se que a termografia obteve 
sucesso na confirmação do diagnóstico de 
varicocele em todos voluntários. 
Pauling e cols (25) e seus colaboradores 
utilizaram a termografia para a investigação do 
fenômeno de Raynaud através de um teste de 
estresse em baixas temperaturas que simulava 
condições ambientais variadas e suas repercusões 
sobre a função circulatória de extremidades. Os 
experimentos demonstraram, a exemplo da 
literatura revisada pelos autores a utilidade da 
avaliação termográfica no contexto da patologia. 
A Figura 6 ilustra um termograma para avaliação 
de um caso de trombose. 
 
 
Figura 6: Imagem infravermelha da porção 
anterior (A) e posterior (B) dos membros 
inferiores de um indivíduo com trombose venosa 
profunda (TVP). A assimetria térmica entre os 
membros indica o acometimento da TVP na 
perna esquerda na região mais clara, ou seja, de 
maior temperatura, decorrente da alteração 
circulatória nessa região. Imagen cedida pelo 
Laboratório de Termografia Médica da 
Universidade Tecnológica Federal do Paraná 
(UTFPR). 
 
A Termografia na Endocrinologia 
Sivanandam e cols (26) avaliaram a aplicação 
da termografia, tanto para diagnóstico como 
prevenção de diabetes tipo 2, em comparação 
com ensaios bioquímicos de hemoglobina 
glicada. Um total de 62 voluntários, 30 diabéticos 
e 32 não diabéticos foram submetidos ao exame 
termográfico. No grupo de diabéticos, a 
hemoglobina glicada mostrou correlação negativa 
com a temperatura na região da carótida (r = -
0,471, p = 0,01) e a temperatura média da pele 
foi mais baixa do que o grupo normal em regiões 
do corpo como joelho (p = 0,002), tíbia (p = 
0,003), testa (p = 0,014) e palma da mão (p = 
0,019). Com o estudo, concluiu-se que com o 
aumento da hemoglobina glicada a temperatura 
da pele diminui, sendo que tal diminuição da 
temperatura da pele pode decorrer da diminuição 
da taxa metabólica basal, diminuição da perfusão 
sanguínea e da elevada resistência à insulina. 
Para esses autores, a termografia pode ser usada 
como uma ferramenta de diagnóstico, bem como 
de prognóstico para o diabetes tipo 2. 
 
A Termografia na Medicina Forense 
A medicina forense é uma área médica na 
qual o uso da termografia tem sido utilizado de 
maneira complementar aos recursos já existentes, 
especialmente no âmbito dos exames pós-morte. 
Notavelmente, as alterações patológicas e os 
danos estruturais do tecido influenciam a 
condutividade térmica e a capacidade de resposta 
a um teste de termografia. Assim, a análise de 
uma sequência de termogramas registrados 
durante processos térmicos transitórios, 
aquecimento ou resfriamento, pode ser relevante 
no contexto médico-legal dos diagnósticos de 
morte (27). 
 
A Termografia na Hemodinâmica 
A termografia fornece uma medida da 
irradiação do calor através da microcirculação, de 
aproximadamente 1 a 2 mm abaixo da superfície 
da pele. Considerando que o fluxo sanguíneo da 
pele diminui progressivamente com reduções de 
pressão sanguinea, Cooke e cols (28) sugeriram 
que a termografia também pode ser aplicável para 
a avaliação de lesões hemorrágicas traumáticas e 
propuseram sua utilização como um indicador de 
sinal de vida aplicado a vítimas

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