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UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL E SUDESTE DO PARÁ INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS E ENGENHARIAS FACULDADE DE ENGENHARIA DE MATERIAIS ALAN CUNHA DOS ANJOS ARIELY MOREIRA DA SILVA HANNA BARROS DA COSTA NOELE MALAQUIAS MARINHO RAELLY LAURINDA ARAÚJO DA SILVA “ANÁLISE MICROESTRUTURAL DO AÇO SAE 1045 APÓS TRATAMENTO TÉRMICO DE ESFEROIDIZAÇÃO” MARABÁ-PA 2018 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 4 2. MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................................ 4 2.1 MATERIAIS ...................................................................................................................... 4 2.2 MÉTODOS ........................................................................................................................ 5 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................................... 5 4. CONCLUSÃO ....................................................................................................................... 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................... 8 RESUMO Foram estudados o efeito do recozimento de esferoidização no aço SAE 1045, no que diz respeito à sua microestrutura e dureza. Amostras de material recebidas sem tratamento térmico foram submetidas à um ciclo térmico subcrítico, utilizando a temperatura de 700 °C por um período de 8 horas. As amostras foram analisadas através da caracterização metalográfica e do ensaio de dureza. Os resultados mostraram que o tratamento teve êxito, porém de forma parcial, a microestrutura apresentou-se parcialmente esferoidizada, contendo carbonetos em forma de esferas, chamada de estrutura esferoidizada. Palavras-chave: Esferoidização, aço, tratamento térmico. 4 1. INTRODUÇÃO Nos aços carbono, a sua estrutura de equilíbrio contém duas fases/constituintes básicas de ferrita e carbonetos com diversas morfologias, cada uma delas apresenta propriedades e características bem conhecidas. O conhecimento prévio de tais propriedades é muito importante para se determinar qual o processamento termomecânico (ciclos de tratamento térmico e/ou deformação plástica a frio) que permita a melhor utilização de uma liga disponível para um determinado trabalho. Uma dessas estruturas desejada no aço carbono é a estrutura ferrítica com partículas de carbonetos em forma de esferas, normalmente chamada de estrutura esferoidizada. Essa estrutura irá conferir aos aços médio e alto carbono boa ductilidade, aliada a uma alta usinabilidade. (FAGUNDES E.,2006) Quando uma estrutura perlítica lamelar é substituída por uma estrutura ferrítica com esferoides de carbonetos, nota-se uma significativa modificação nas propriedades mecânicas desse produto. Esta nova estrutura irá conferir ao aço propriedades tais, que proporcionarão ao material uma maior facilidade na conformação de peças trabalhadas a frio fabricadas a partir daquele material. (ROCHA, M., 2000) O recozimento de esferoidização consiste basicamente em aquecer o material em temperaturas próximas de A1, por tempo suficiente para que ocorra a alteração da microestrutura inicial (geralmente perlítica), para outra composta por carbonetos esferoidizados em uma matriz ferrítica. (COUTINHO, C., 2000) O tratamento térmico de esferoidização é empregado onde se deseja maior conformabilidade e usinabilidade, ou para desenvolver uma estrutura adequada para subsequentes tratamentos de endurecimento. (SAMUELS, L., 1999) Neste trabalho procurou-se avaliar a influência da temperatura e do tempo, nos resultados de esferoidização; analisar e comparar com a literatura, as microestruturas e dureza obtidas após o recozimento de esferoidização. 2. MATERIAIS E MÉTODOS 2.1 MATERIAIS - Aço SAE 1045; - Máquina de corte (cutt - off); - Forno de resistência da marca Jung; - Resina acrílica para embutimento; - Lixadeira; - Politriz; 5 - Pano de polimento; - Alumina; - Detergente; - Álcool; - Nital 2%; - Microscópio ótico da marca Olimpus; - Durômetro da marca Pantec; - Lixas (#320, #360, #400, #600 e #1200). 2.2 MÉTODOS Para início, o aço SAE 1045 foi cortado, obtendo-se ao total 4 unidades de amostras. Separou-se duas amostras, uma para caracterização metalográfica e uma para o ensaio de dureza, o restante das amostras foram levadas ao forno para início do ciclo de tratamento térmico e permaneceram lá por um período de 8 horas. Passado o tempo estipulado, o forno foi desligado e as amostras permaneceram lá até o seu resfriamento. Concluído o tratamento, obteve-se duas amostras, sendo uma para caracterização metalográfica e uma para o ensaio de dureza. As amostras que seguiram para análise metalográfica, foi realizada a etapa de embutimento (1 sem tratamento, 1 com tratamento); lixamento (#320 a #1200); polimento (com alumina); posteriormente ataque com reagente (Nital 2%) e; em seguida análise em microscópio ótico. As amostras sem embutimento foram destinas ao ensaio de dureza (1 sem tratamento, 1 com tratamento). O ensaio de dureza foi realizado na escala Rockell B, obtendo-se 4 penetrações (das quais tirou-se a média). 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO As micrografias iniciais (figura 1) do aço SAE 1045, apresentam microestrutura ferrítica (parte clara) e perlítica (parte escura, lamelas alternadas de ferrita e cementita), sendo uma microestrutura típica de aços hipoeutetóides. É possível identificar claramente o constituinte perlita, já que o recozimento de esferoidização ocorre em temperaturas subcríticas, ou seja, abaixo de A1 (abaixo da temperatura eutetóide 727 ºC), assim não há transformações de fases. 6 Figura 1: Micrografias da amostra antes do tratamento, (a) aumento de 200x e (b) aumento de 1000x. Ataque: Nital 2%. Fonte: Autor. Figura 2: Micrografia (a), (b), (c) e (d) de diferentes regiões de uma mesma seção com aumento de 1000x. Ataque: Nital 2%. Fonte: Autor. Os resultados das micrografias (figura 2) mostraram que o tratamento teve êxito, porém de forma parcial, a microestrutura apresentou-se parcialmente esferoidizada. As micrografias apresentaram microestruturas formadas predominantemente por ferrita com carbonetos parcialmente ou totalmente esferoidizados (c e d), dispersos no interior e nos contornos dos grãos da ferrita, apresentando ainda traços das colônias de perlita anteriores ao tratamento térmico (a e b). Nessas micrografias, podemos identificar a matriz constituída de ferrita (parte cinza) e os carbonetos esferoidizados (parte mais escura). Segundo COUTINHO (3), que estudou a influência do tempo e da temperatura no processo de esferoidização do aço, nas temperaturas de 700, 725 e 750 °C, variando os 7 tempos de recozimento entre 1, 4 e 8 horas, observou que a temperatura que apresentou melhores resultados em relação à esferoidização foi a de 700 °C, tendo em vista que para esta temperatura não ocorre a austenitização do material. Em comparação com FAGUNDES (1) , os resultados aqui obtidos estão similares. Ele verificou que após a aplicação dos ciclos térmicos, as microestruturaseram predominantemente formadas por ferrita com carbonetos parcialmente ou totalmente esferoidizados. Comprovando mais uma vez o êxito do tratamento. Tabela 1: Dureza do aço 1045 antes e depois de ser submetido ao recozimento de esferoidização. Sem tratamento Com tratamento 1 101,5 HRB 1 86.9 HRB 2 101,3 HRB 2 84.1 HRB 3 100,0 HRB 3 86.3 HRB 4 101,6 HRB 4 85.4 HRB Média 101,1 HRB Média 85,6 HRB Fonte: Autor. Verificou-se a redução da dureza nas amostras submetidas ao tratamento térmico em relação ao estado inicial, o que pode estar associado à esferoidização dos carbonetos. A amostra inicial apresentou maior dureza em relação a amostra tratada termicamente, isso ocorre devido a microestrutura inicial ser composta por ferrita e perlita, as finas lamelas de carbonetos na perlita dificultam o movimento das discordâncias, tornando-a menos dúctil. Por outro lado, a amostra tratada termicamente apresentou menor dureza devido à estrutura esferoidizada, permitindo um melhor movimento das discordâncias, proporcionando maior ductilidade a amostra. 4. CONCLUSÃO O tratamento térmico de esferoidização é utilizado para aumentar a conformabilidade dos aços médio e alto carbono, diminuindo as forças necessárias para sua conformação. É efetuado de forma a alterar a microestrutura do material. A microestrutura do material esferoidizado é caracterizada por carbonetos em formato esférico distribuídos em uma matriz ferrítica. 101,1 85,675 80 85 90 95 100 A - 0 A - Recozimento de Esferoidização D u re za - H R B Amostras Dureza x Esferoidização Gráfico 1: Dureza do aço 1045 antes e depois do recozimento de esferoidização. Fonte: Autor. 8 Com a alteração das microestruturas iniciais pelo efeito do recozimento de esferoidização, pode-se concluir que a temperatura subcrítica de 700 °C é ideal para a obtenção de microestruturas formadas por uma matriz ferrítica com carboneto esferoidizados, contudo para uma completa esferoidização seriam necessárias mais horas de permanência dentro do forno. Pôde-se constatar que as durezas obtidas após o ciclo térmico estão de acordo com as esperadas, pois houve diminuição das durezas, mostrando que microestruturas formadas por uma matriz de ferrita com carbonetos parcialmente ou totalmente esferoidizados, são mais dúcteis. Em algumas literaturas consultadas, foi verificado que o recozimento de esferoidização é aconselhável para aços alto carbono, por conter maior quantidade de carbono, se faz melhor para formação de carbonetos em formas de esfera; porém, tomando para ensaio um aço considerado médio carbono, foi possível a esferoidização quase que total da microestrutura, provando assim que aços médio carbono podem sim ter uma microestrutura esferoidizada. Adicionalmente, este trabalho permitiu colocar em prática as teorias aprendidas, confirmar que o recozimento de esferoidização de fato tem efeito sobre a microestrutura do material, assim como altera suas propriedades mecânicas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [1] FAGUNDES E. J. Análise da Influência do Ciclo de Recozimento de Esferoidização nas Propriedades Mecânicas do Aço SAE 1050. Dissertação de Mestrado em Engenharia Metalúrgica e de Minas, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2006. [2] ROCHA, M. R.; OLIVEIRA, C. A. S. Avaliação dos Parâmetros Microestruturais de um Aço SAE 1045 Esferoidizado e sua Correlação com as propriedades Mecânicas. LV CONGRESSO ABM. Rio de Janeiro, 2000. [3] COUTINHO, C. A. B., NETO, P. P. S., GEBER, L. P. Aceleração do Processo de Esferoidização do Aço Perlítico por Deformação a Frio, ABM, vol. 35, n.260, 2000. [4] SAMUELS, L.E. Light Microscopy of Carbon Steels, 1ªed., ASM International, USA, August, 1999.