Buscar

O CASO DOS IRMÃOS NAVES -

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 4 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

O CASO DOS IRMÃOS NAVES
Conhecido como o caso de maior injustiça e erro judiciário de nosso país, o caso dos irmãos Naves retrata cenas reais de um fato ocorrido na cidade de Araguari em Minas Gerais, tendo inicio por volta de 1937, período regido pelo regime militar, instaurado por Getulio Vargas, e que o país viva um grande caos, principalmente nas áreas de economia e dos direitos humanos. 
O fato desta triste historia tem como protagonistas principais dois irmãos, Sebastião José Naves e Joaquim Rosa Naves, ambos trabalhavam na lavoura e na comercialização de cereais; outra ilustre figura desde caso é o primo e sócio dos irmãos Naves, Benedito Pereira Caetano.
Em um período de turbulência econômica, Benedito compra uma grande quantia de arroz, visando vender-las durante uma possível alta nos preços, porém com os preços em queda constante, Benedito viu-se obrigado a vender sua safra com relevante perda, contraindo dividas. Então ele resolve sair as pressas da cidade, sem comunicar nada a ninguém, levando consigo apenas seus últimos 90 contos, resultantes da venda do arroz, valor este significativo, porém não suficiente para suprir suas dividas.
Os irmãos procuram o primo por vários lugares, mas sem sucesso, e com a preocupação aumentando, eles decidem procurar a policia, relatando ao delegado da época o fato ocorrido. A policia realiza buscas, porém não encontram Benedito em lugar nenhum. O inquérito é instaurado, varias testemunhas contam os últimos momentos com Benedito, entre eles estão os irmãos Naves, Floriza (amante de Benedito), José Lemos (comprador das sacas) e outros dois amigos de Benedito.
Estava difícil resolver o desaparecimento de Benedito, a policia não tinha pistas e a pressão popular só aumentava. Na tentativa incessante por uma solução do caso, é convocado para conduzir as investigações um delegado militar, Francisco Vieira dos Santos, este é responsável por dá novo rumo ao caso. No mesmo dia em que assume o oficio, ele intima novas testemunhas, entre eles José Prontidão, que trabalha no mesmo ramo que os irmãos Naves, este declara sem duvida ter visto Benedito em Uberlândia.
O delegado também ouviu dona Ana Rosa Naves, mãe dos irmãos Naves, que confirmou a versão de Prontidão. Logo após, o delegado ouviu os depoimentos da esposa de Sebastião, Salvina e de Joaquim, Antônia, ambas afirmaram que na noite de desaparecimento de Benedito, seus maridos estavam em casa.
No mesmo dia o Sr. delegado ouviu um amigo de Benedito, Orcalino da Costa, este em seu depoimento sugeriu que os irmãos Naves seriam responsáveis pelo desaparecimento de Benedito. O delegado apressado para resolver o caso, e vendo neste ultimo depoimento um caminho mais fácil, preferiu segui esta linha.
A partir disso o delegado Chico Vieira, como era conhecido, manda prender os irmãos Sebastião e Joaquim, e também José Prontidão, submetendo-os a tortura e a tratamentos desumanos, afim de que confessassem a autoria do crime. Prontidão não agüenta a tortura e muda seu depoimento, declarando que os irmãos teriam mandado ele dizer essas coisas em troca de dinheiro.
Desta forma o delegado conseguiu a acusação que tanto desejava, porém na espera da confissão, continua a tortura com os irmãos, levando eles para o mato, onde ninguém visse, então ali eles eram despidos e espancados, postos de cabeça para baixo amarrados em arvores, amordaçados, mesmo assim eles continuavam fieis em seus depoimentos. Desse modo, prendem dona Ana, retiram-lhe as roupas e mandam os filhos baterem na mãe idosa, com a recusa todos são torturados, porém dona Ana é solta após alguns dias, e procura um advogado, Dr. João Alamy Filho, não era a primeira vez, mas desta vez ele resolveu defender os irmãos.
Então no primeiro habeas corpus em janeiro de 1938, que é não respeitado pelo delegado, o advogado relata a prisão ilegal dos irmãos com a finalidade de confessarem a autoria e responsabilidade pelo desaparecimento de Benedito. Enquanto isso os irmãos continuavam presos. O delegado na tentativa de consegui a confissão, separa os irmãos e forja o assassinato de Sebastião, Joaquim desesperado confessa o crime, declarando que eles teriam matado Benedito enforcado e após retirar o dinheiro do bolso primo, jogaram o corpo as margens de uma cachoeira, e que depois colocaram o dinheiro em uma lata e enterraram numa moita de capim.
Porém na reconstituição do crime não encontraram nem o corpo, nem o dinheiro. Não havia o que procurar, pois tal crime não havia ocorrido.
O processo é bastante tumultuado. Outro habeas corpus foi impetrado, mas apesar de concedido, em março de 1938, a ordem outra vez não foi cumprida.
Os réus foram levados ao Tribunal do Júri em Junho de 1938, o júri negou a autoria dos fatos ao acusados, absolvendo-os por seis votos a um, porém a promotoria interferiu com recurso, devido a decisão do júri não ser unânime, logo, os réus vão novamente a julgamento pelo Tribunal popular. Em março de 1939 ocorre o segundo júri, Joaquim foi absolvido por cinco votos a dois e Sebastião por seis a um. No entanto, o Ministério Publico recorre de novo, por falta de unanimidade da decisão.
Em 1940 a defesa pede revisão criminal que é negada. Em 1942, os réus pedem indulto ao presidente Getúlio Vargas, que não é atendido. Somente em 1946 conseguem consentimento de condicional e voltam para Araguari. Todavia, Joaquim sofre uma doença grave e morre em 1948.
E apenas em julho de 1952 Benedito volta e faz um revira-volta no caso, e assim Sebastião consegui provar sua inocência.
Assistindo o filme nos deparamos com cenas fortes, difícil de acreditar que as nossas autoridades passadas, parte integrante de nosso sistema jurídico, responsáveis por nossa segurança e por fazer justiça, foram capazes de tamanha crueldade e injustiça, constatamos que o grande erro de todo o processo criminal foi a não observância aos princípios e normas da justiça da época. 
Entre os princípios feridos, podemos citar:
Princípio da imparcialidade do Juiz
O caráter da imparcialidade é inseparável do órgão de jurisdição. O juiz coloca-se entre as partes e acima delas: esta é a primeira condição para que possa exercer sua função dentro do processo.
A imparcialidade do juiz é pressuposto para que a relação processual se instaure validamente. A incapacidade subjetiva do juiz, afeta a relação processual, daí a CF/88 estipula garantias (art. 95), prescreve-lhe vedações (art. 95, par. ún.) e proíbe juízos e tribunais de exceção (art. 5º, XXXVII).
Princípio do contraditório e ampla defesa
Consiste na necessidade de ouvir a pessoa perante a qual será proferida a decisão, garantindo-lhe o pleno direito de defesa e de pronunciamento durante todo o curso do processo. não há privilégios, de qualquer sorte. O princípio do contraditório é absoluto, não admite exceções, sob pena de nulidade do processo. (CF/88, 5º, LV) único dispositivo.
Princípio dispositivo e princípio da livre investigação das provas – verdade formal e verdade real
Compromisso é com a verdade real – não existe mais prova tarifada. Não obstante, o juiz pode dar sentença segundo verdade formal. Mas isso não elimina o compromisso com verdade real, pois antes de acolher qualquer presunção, a lei sempre oferece à parte oportunidade de alegar e provar a efetiva veracidade dos fatos relevantes. Somente quando faltar prova que juiz julgará conforme ônus da prova e ficta confessio. (CPC 342,130; CPP 386, VI, 440).
Princípio da publicidade
Todos, e não apenas os litigantes, têm direito de acompanhar tudo o que se passa no processo – pois o INTERESSE PÚBLICO é preponderante sobre o privado.
A publicidade, assim, é garantida por preceito constitucional – CF, art. 93, inc. IX.
Princípio da lealdade processual
Na relação processual, o estado e partes unem esforços para solucionar o litígio. Enquanto as partes defendem interesses privados, o estado busca a pacificação social - justa composição do litígio e prevalência do império da ordem jurídica. Então o que prevalece é o interesse público, no sentidode que todos devem se empenhar para que o processo seja eficaz, reto, prestigiado, útil ao seu elevado desígnio. Por isso preocupação em assentar os procedimentos com a boa fé e com a lealdade das partes e do juiz. A lei não tolera má-fé e arma juiz com poderes para atuar de ofício. A má-fé pode ser considerada por fraude processual, recursos torcidos, prova deformada, imoralidades de toda ordem. (214, 15, 17, 133, 135, 144, 147, 153, 193 e seguintes, 600 e 601; do CPC)

Continue navegando