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Abordagem gestaltica

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PERLS, F. A abordagem gestáltica e testemunha ocular em psicoterapia. 2ª ed. Rio de Janeiro – RJ: LTC Editora, 1998, p. 17-38.
	A abordagem gestáltica é uma nova concepção pelo modo como a teoria é usada e organizada, pois a sua organização dos fatos, das percepções, comportamento e fenômenos, demonstra um significado específico e único desta abordagem. Perls (1998) comenta que o conceito foi desenvolvido por estudiosos alemães, que mostraram como é o processo perceptivo do homem, que não percebe as coisas como fatos isolados não relacionáveis, mas como um todo significativo, ou seja, para compreender as coisas de modo organizado, há necessidade de existir um foco, um interesse do observador, senão será apenas uma grande confusão de objetos.
	A palavra “Gestalt” vem do alemão e significa organização das partes individuais, ou seja, na Abordagem da Gestalt o ser humano é vivenciado em partes do todo da sua natureza. Para isso, seus comportamentos passam por um processo de homeostase: ao passar por alguma situação que desequilibra o organismo, o ser humano passará por processo de “adaptação” para restabelecer esse equilíbrio, satisfazendo suas necessidades. Como estão constantemente insatisfeitas com algo na vida, as pessoas sempre estão passando por este processo, dessa forma, o processo de homeostase é auto regulatório, em que o organismo interage com o meio. 
	Perls (1998) afirma que os seres humanos sentem tanta necessidade de contato fisiológico como psicológico, que é sentida quando o equilíbrio deste ser é perturbado por algum fenômeno, sendo esta necessidade psicológica considerada correlata no processo da homeostase, nunca esquecendo que, qualquer processo psicológico está vinculado ao processo fisiológico, sendo ambos complementares, já que eles têm uma diversidade infinita de necessidades.
	Teorias mais antigas da psicologia consideravam que há certos impulsos comuns a todos os seres, que precisam ser satisfeitos logo, chamados de instintos. Perls (1998) traz que McDougall incluiu quatorze instintos em seus estudos, diferente de Freud que focou apenas em dois, eros (sexo ou vida) e tanatos (morte), assim, para o autor, o ser humano teria muito mais instintos, quando ligados às perturbações orgânicas, do que os autores citados conheceram. A outra ideia de teorias clássicas é a necessidade primária de sobrevivência enquanto espécie. 
No entanto, Perls (1998) faz crítica à teoria dos instintos que confunde necessidades com sintomas e ferramentas necessárias para chegar onde se deseja. Esclarece, portanto, que a repressão dos instintos é inválida, pois a necessidade de sobrevivência é básica a todos as espécies estando fora da capacidade perceptiva e de alguma possibilidade de ação consciente. O que pode ser feito é a intervenção em sintomas e sinais dos instintos, interrompendo o processo.
Portanto, a psicologia da Gestalt, na relação de figura-fundo, considera que a necessidade dominante do sujeito é a figura do primeiro plano, é a mais urgente de ser atendida, enquanto as demais recuam para o segundo plano temporariamente. Para que o sujeito feche a Gestalt e satisfaça suas necessidades, precisa aprender a dinâmica de manipular a si e o meio, trocando constantemente as necessidades primárias com as secundárias, dessa forma verá o todo.
Isso acontece, pois na Abordagem da Gestalt, o ser humano é visto como um organismo unificado, diferente da visão tradicional de causalidade e cisão mente/corpo. Perls (1998) observou que o ser humano pode funcionar em dois níveis diferentes e aparentemente independentes um do outro: o pensar e o agir, pode reprimir pensamentos e memórias desagradáveis e mudar sintomas físicos de local. A manipulação de símbolos e abstrações faz parte da linguagem, como uma atividade mental. O pensamento inclui inúmeras atividades, como sonhar, imaginar, teorizar e antecipar, fantasiando a realidade numa escala reduzida, através do uso de símbolos.
Esta perspectiva da vida humana possibilita ver os lados mental e físico do comportamento humano, não como algo separado, como as teorias antigas preconizavam, mas enxergando a integralidade: a atividade física explícita e a atividade mental oculta, resultando numa psicologia holística, já que pensamentos e ação são feitos de uma única matéria, transpondo um ao outro.

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