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3 Sumário INTRODUÇÃO À ARQUIVOLOGIA ................................................................................................... 4 GESTÃO DE DOCUMENTOS .......................................................................................................... 16 DIAGNÓSTICO E AVALIAÇÃO DOCUMENTAL ............................................................................... 37 TIPOLOGIA DOCUMENTAL ........................................................................................................... 48 DESCRIÇÃO DE ARQUIVOS PÚBLICOS .......................................................................................... 56 4 INTRODUÇÃO À ARQUIVOLOGIA 1.1. Arquivo x Biblioteca x Museu É bastante comum encontrar, no cotidiano, pessoas que desconhecem a efetiva diferença entre as instituições Arquivo, Biblioteca e Museu. Isto é natural, uma vez que todas essas organizações têm na gama de seus objetivos a guarda, a preservação e a permissão de acesso aos documentos. Entretanto, numa análise contextual mais acurada, torna-se necessário o estabelecimento da distinção entre as características inerentes a cada tipo de acervo (arquivístico, bibliográfico e museológico). A fim de se estudar esses três específicos modelos de acervo, é fundamental saber os conceitos de informação e documento. O termo informação pode possuir vários significados, a depender do contexto em que for utilizado. Para tratar da informação arquivística, pode-se conceber a seguinte acepção: · Informação: nesse sentido, um conjunto orgânico de dados e signos dotados de significado, inscritos (gravados) num determinado suporte. É, desta forma, um elemento referencial, noção, idéia, ou mensagem contidos em um documento produzido por um órgão. · Documento: unidade de registro de informações, qualquer que seja o suporte ou formato. (Dicionário de Terminologia Arquivística, 2005) Ele é, portanto, toda informação registrada em um suporte material, suscetível de consulta, estudo, prova e pesquisa, pois comprova fatos, fenômenos, formas de vida e pensamentos do homem numa determinada época ou lugar. É preciso não confundir os termos suporte e documento. O primeiro, por si só, não é um documento, uma vez que o suporte puro não contém dados e informações. Um papel sem inscrição, uma mídia de DVD virgem etc, são apenas suportes de informação. Não são considerados documentos. Nesse sentido, documento é a junção do suporte e de dados significativos e informações. Se isso fosse matemática, poderíamos elaborar a seguinte fórmula: GLOSSÁRIO ARQUIVÍSTICO ACERVO Documentos de uma entidade produtora ou de uma entidade custodiadora. Fonte: Dicionário de Terminologia Arquivística - 2005 5 Assim, o termo documento é bastante abrangente. Por exemplo, uma pedra lunar pode ser considerada também um documento, pois carrega em si informações sobre a constituição do solo da Lua, satélite da Terra. A partir dos conceitos básicos de informação e documento, já é possível tratar das categorias de documentos anteriormente mencionadas, de forma a identificar suas peculiaridades. Documento de Arquivo documento advindo das funções naturais de um órgão, criado por uma instituição ou pessoa no curso de suas atividades e preservado para a consecução de seus objetivos, tendo-se em vista também a prova de fatos. Ex.: Ofício do Governo Federal Documento de Biblioteca está contido em um conjunto de material, em sua maioria impresso, disposto ordenadamente para estudo, pesquisa e consulta. Ex.: as gramáticas da língua portuguesa. Documento de Museu documento contido em instituição de interesse público, criada com a finalidade de conservar, estudar e colocar à disposição do público conjuntos de peças e objetos de valor cultural. Ex.: escultura africana. + = DOCUMENTO DADOS E INFORMAÇOES SUPORTE DE INFORMAÇÃO DICA Cuidado: o papel, apesar de ainda ser o suporte mais usado, não é o único – existem muitos suportes nos quais podemos armazenar uma informação: CD, DVD, pen-drive, VHS, microfilme, dentre outros. Há a perspectiva de que, no futuro, o papel perca cada vez mais espaço para outros tipos de suporte, provocada pela evolução a tecnologia da informação e também pela preocupação com a questão ambiental. DICA Ob Objetivos comuns dos arquivos, bibliotecas e museus: · Guarda de documentos; · Preservação de documentos; · Dar acesso a documentos. 6 Do exposto percebe-se que, enquanto o arquivo tem finalidade funcional e administrativa (caráter orgânico, isto é, produzido por um organismo ou órgão no decorrer de suas atividades), a finalidade das bibliotecas e dos museus é essencialmente cultural, apesar de o arquivo também ter potencial para obter caráter cultural, após transcorrido algum tempo, pois muitos dos seus documentos podem ser considerados históricos para a memória organizacional. Uma biblioteca e um museu geralmente são constituídos de coleções temáticas e seus documentos são adquiridos por meio de compra, doação ou permuta, DE OLHO NA DOUTRINA A fim de se resumir tais diferenças, Marilena Paes – acadêmica conceituada na área de Arquivologia, em seu livro Arquivo: teoria e prática (2005, p. 17), - assim traçou um paralelo entre bibliotecas e arquivos: BIBLIOTECA ARQUIVO Origem Os documentos são produzidos e conservados com objetivos culturais. Os documentos são produzidos e conservados com objetivos culturais. Aquisição ou Custódia Os documentos são colecionados de fontes diversas, adquiridos por compra, doação ou permuta. Os documentos existem em numerosos exemplares. Os documentos não são objeto de coleção; provém tão só das atividades públicas ou privadas. Ou documentos são produzidos num único exemplar ou em limitado número de cópias. Há uma significação orgânica entre os documentos.. Método de avaliação Aplica-se a unidades isoladas. O julgamento não tem caráter irrevogável. O julgamento envolve questões de conveniência, e não de preservação. Preserva-se a documentação referente a uma atividade, como um conjunto, e não como unidades isoladas. Os julgamentos são finais e irrevogáveis; A documentação não raro existe em via única. Método de classificação Utiliza métodos predeterminados. Exige conhecimento do sistema, do conteúdo e da significação dos documentos a classificar. Estabelece classificação específica para cada instituição, ditada pelas suas particularidades. Exige conhecimento da relação entre as unidades, a organização e o funcionamento dos órgãos. Método descritivo Aplica-se a unidades discriminadas. Os documentos (anuários, periódicos, etc.) são unidades isoladas para catalogação. Aplica-se a conjuntos de documentos. As séries (órgãos e suas subdivisões, atividades funcionais ou grupos documentais da mesma espécie) são considerados unidades para fins de descrição. 7 diferentemente dos arquivos, cujos documentos são produzidos ou recebidos pela própria instituição na execução natural de suas ações. Outra característica que pode ser destacada é que os documentos de arquivo são produzidos em uma única via ou em limitado número de cópias, enquanto os documentos das bibliotecas (livros, revistas, jornais, etc.) são feitos em numerosos exemplares. A título de ilustração, por exemplo, as gramáticas de língua portuguesa citadas anteriormente são facilmente encontradas em qualquer biblioteca, principalmente nas escolares, enquanto o ofício de governo, também mencionado anteriormente, será encontrado apenas nos arquivosdo órgão federal e do destinatário. Observadas tais características básicas que possibilitam o entendimento sobre a distinção existente entre Arquivo, Biblioteca e Museu, pode-se agora, no próximo item deste capítulo introdutório, focar mais apuradamente sobre o objeto de estudo desta apostila, a saber, os arquivos e a gestão arquivística de tais documentos, de forma também a identificar e perceber as suas funções e sua importância para as organizações. 1.2. Definição e Função dos Arquivos A Arquivologia, também chamada de arquivística, pode ser compreendida como a disciplina que estuda os princípios e técnicas a serem observados na produção, organização, guarda, preservação e utilização dos arquivos. Existem algumas dúvidas quanto à origem do termo Arquivo. Os estudos de vários pesquisadores afirmam ter surgido na Antiga Grécia, com a denominação arché, sendo posteriormente evoluída para archeion, local de guarda e depósito dos documentos e outros títulos nos palácios dos magistrados. DICA Atenção: Falando-se em organizações que têm a finalidade de realizar a guarda e a preservação para dar acesso a informações e documentos, a literatura arquivística considera “Centro de Documentação ou Informação” a instituição que pode tratar, ao mesmo tempo, de informações arquivísticas, bibliográficas ou museológicas. Assim, o foco do Centro de Documentação ou Informação é na disseminação de informação ou de documentos aos usuários, independentemente das características de tais conjuntos de dados. 8 Segundo a definição de Marilena Paes (2005), arquivo significa: a acumulação ordenada dos documentos, em sua maioria textuais, criados por uma instituição ou pessoa, no curso de sua atividade, e preservados para a consecução dos seus objetivos, visando à utilidade que poderão oferecer no futuro. Para Prado (1999, p.14), arquivo é: a reunião de documentos conservados, visando à oportunidade que poderão oferecer futuramente. Para ser funcional um arquivo deve ser planejado, instalado, organizado e mantido de acordo com as necessidades inerentes aos setores. De acordo com Schenllenberg (2006, p.14), “as características essenciais dos arquivos relacionam-se, pois, com as razões pelas quais os documentos vieram a existir”. Percebe-se assim que os documentos possuem caráter orgânico peculiar à organização que os criou, fato que os diferencia de outros tipos de documentos (bibliográficos, peças de museus etc.). Dessa forma, observa-se que os documentos de arquivos são gerados, recebidos e acumulados, devido às funções naturais de uma entidade coletiva ou corporativa, pessoa ou família, podendo estar registrados em diversos suportes informacionais. O termo arquivo pode também ser usado para designar: a) Um documento de arquivo ou um documento digital (Ex.: Word, Excel); b) Um conjunto de documentos; c) Um móvel para guarda de documentos; d) O local onde o acervo documental arquivístico deverá ser conservado, de acordo com denominações específicas: Arquivo, Arquivo Central, Arquivo Geral, ou até mesmo Arquivo Morto, denominação esta que não é recomendada pela teoria; e) O órgão governamental ou institucional cujo objetivo seja o de guardar e conservar documentos de arquivo. DICA Fique ligado: é importante ter sempre em mente que o conceito de arquivo apresentado anteriormente equivale à definição de fundo arquivístico, um importante conceito da arquivologia, que será estudado mais adiante. 9 De acordo com Paes, “a principal finalidade dos arquivos é servir à administração, constituindo-se, com o decorrer do tempo, em base do conhecimento da história”. Além disso, deve-se considerar que a função básica do arquivo é tornar disponíveis as informações contidas no acervo documental sob sua guarda. Assim, pode se perceber que o setor de arquivo auxilia a empresa nos seus processos de tomada de decisão, além de ser importante também para provar fatos organizacionais. Seu papel não para por aí, pois objetiva também salvaguardar a documentação histórica relevante para a constituição da memória institucional. 1.3. Princípios de Arquivologia Nos estudos introdutórios relacionados à Arquivologia, faz-se importante também destacar os princípios teórico-metodológicos da teoria arquivística. De uma forma geral e abrangente, esses princípios podem ser assim definidos: 1. Proveniência – É o princípio teórico-metodológico fundamental da teoria arquivística. De acordo com esse princípio, os arquivos devem ser organizados por fundos de documentos, de modo a se respeitar a origem dos documentos. Também chamado de princípio do respeito aos fundos. Estes não podem ser misturados a outros fundos, isto é, devem ser organizados pela origem dos arquivos. A partir desse princípio básico, tem-se a idéia de pertinência territorial, segundo a qual os arquivos devem ficar custodiados em seu território de produção. 2. Organicidade – Princípio segundo o qual os arquivos refletem a estrutura, as funções e as atividades da entidade produtora, em suas relações internas e externas. 3. Indivisibilidade – Decorrente do princípio de respeito aos fundos, exige que os fundos arquivísticos devem ser preservados sem dispersão, mutilação, alienação, destruição ou acréscimos indevidos ou não autorizados. GLOSSÁRIO ARQUIVÍSTICO ARQUIVO Conjunto de documentos produzidos e acumulados por uma entidade coletiva, pública ou privada, pessoa ou família, no desempenho de suas atividades, independentemente da natureza do suporte. ARQUIVO CENTRAL Arquivo responsável pela normalização dos procedimentos técnicos aplicados aos arquivos de uma administração, podendo ou não assumir a centralização do armazenamento. Também chamado arquivo geral. Em alguns países, a expressão designa arquivo nacional. Fonte: Dicionário de Terminologia Arquivística - 2005 10 4. Unicidade – Segundo tal princípio, os arquivos conservam seu caráter único em função do contexto em que foram produzidos. Aquele ofício do governo federal, por exemplo, possui natureza única em função do contexto de determinada atividade oficial. 5. Cumulatividade – Refere-se ao fato de que os arquivos constituem uma formação progressiva e natural decorrente das funções e atividades de um organismo (pessoa, empresa etc.). GLOSSÁRIO ARQUIVÍSTICO ARQUIVÍSTICA Disciplina que estuda as funções do arquivo e os princípios e técnicas a serem observados na produção, organização, guarda, preservação e utilização dos arquivos. FUNDO Conjunto de documentos de uma mesma proveniência. Termo que equivale a arquivo. Fonte: Dicionário de Terminologia Arquivística - 2005 DICA Quanto ao conceito de fundos, concebido como o conjunto de documentos provenientes de um órgão, deve-se atentar para duas classificações constantes da Teoria Arquivística. Ela diz que o fundo pode ser fechado ou aberto: 1. Fundo Fechado: quando o órgão gerador da documentação não mais produz ou acumula documentos em virtude geralmente da cessação de suas atividades. Por exemplo, uma instituição governamental que deixou de funcionar e foi extinta. Ou uma pessoa física que faleceu. 2. Fundo Aberto: quando o organismo produtor e acumulador da documentação ainda se encontram em atividade, continuando a gerar documentos arquivísticos. Por exemplo, o arquivo da Rede Globo de Televisão é considerado um fundo aberto. PROVENIÊNCIA PRINCIPIOS TEÓRICOS- METODOLÓGICOS DA TEORIA ARQUIVÍSTICA ORGANICIDADE INDIVISIBILIDADE UNICIDADE CUMULATIVIDADE 11 1.4. Ciclo Vital ArquivísticoNo âmbito da disciplina arquivística, são estabelecidas etapas para o efetivo gerenciamento dos documentos. O ciclo de vida dos documentos arquivísticos é tratado pela Teoria das Três Idades. Seu objetivo é classificar os estágios ou fases pelas quais passam os documentos dentro da instituição (corrente, intermediária e permanente). Este é, com certeza, um dos assuntos mais presentes em provas de concursos públicos na matéria Noções de Arquivologia. Citam-se, a seguir, as definições de Valette, por serem objetivas e de fácil compreensão: O que define, de forma decisiva, a fase na qual o documento arquivístico está alocado, é, por um lado, a freqüência de uso dos documentos pela entidade produtora ou acumuladora e, por outro, a identificação dos valores administrativo (primário) e histórico (secundário) presentes ou não nos documentos. 1. Arquivo de Primeira Idade ou Corrente: “constituído de documentos em curso ou consultados freqüentemente, conservados nos escritórios ou em repartições que os receberam e os produziram ou em dependências próximas de fácil acesso”. 2. Arquivo de Segunda Idade ou Intermediário: “constituído de documentos que deixaram de ser freqüentemente consultados, mas cujos órgãos que os receberam e os produziram podem ainda solicitá-los, para tratar de assuntos idênticos ou retomar um problema novamente focalizado. Não há necessidade de serem conservados próximos aos escritórios”. 3. Arquivo de Terceira Idade ou Permanente: “constituído de documentos que perderam todo valor de natureza administrativa e que se conservem em razão de seu valor histórico ou documental e que constituem os meios de conhecer o passado e a sua evolução. Estes são os arquivos históricos propriamente ditos, pois é nessa fase que os documentos são arquivados de forma definitiva”. ARQUIVO (Teoria das Três Idades ou Ciclo Vital dos Arquivos PERMANENTE INTERMEDIÁRIO CORRENTE 12 1.4.1. Arquivos Correntes Os arquivos correntes são assim considerados porque geralmente estão em tramitação, mas é importante enfatizar que em muitos casos, mesmo sem movimentação, os documentos podem ser assim considerados. O critério que define tal status para tais arquivos é relacionado à freqüência de utilização ou consulta dos mesmos. Os documentos de primeira idade estão geralmente localizados próximos aos setores empresariais produtores dos mesmos e são conhecidos também, pela terminologia arquivística, como arquivos ativos. Tais documentos possuem valor administrativo para a empresa, valor este chamado de primário. Dentre as atividades realizadas no âmbito da fase corrente, podem ser destacadas as de protocolo, arquivamento, consulta, expedição e empréstimo de documento. 1.4.2. Arquivos Intermediários Quanto aos arquivos intermediários, pode-se afirmar que eles poderão ser consultados e utilizados de modo esporádico por seus produtores, pois já cumpriram os seus principais objetivos na idade corrente junto à administração. Dessa forma, os documentos que já não são mais necessários nos departamentos empresariais devem ser transferidos para um arquivo central ou arquivo geral, que possua esse caráter de guarda intermediária, a fim de serem cumpridos prazos prescricionais (legais) e precaucionais (discricionários) antes da destinação final dos mesmos (eliminação ou recolhimento para guarda permanente). Apesar de estarem longe dos setores organizacionais produtores, tais documentos ainda pertencem aos mesmos. Esses arquivos são também conhecidos como semiativos e, juntamente com os arquivos correntes, são também possuidores de valor primário. DICA Para se lembrar das atividades dos arquivos correntes, temos um bom mnemônico: com relação aos arquivos correntes a palavra de ordem é CEPAE. ATIVIDADES DOS ARQUIVOS CORRENTES CONSULTA EMPRÉSTIMO PROTOCOLO ARQUIVAMENTO EXPEDIÇAO 13 1.4.3. Arquivos Permanentes Os arquivos permanentes, por sua vez, são aqueles que deverão ser arquivados definitivamente e que, portanto, não podem ser eliminados jamais. Tais documentos devem ser preservados por apresentarem um valor histórico-cultural (secundário), ou seja, não mais possuem o valor primário. São classificados como permanentes, por exemplo, os documentos que revelam a origem, a constituição e a evolução da instituição, normas, regulamentos e outros que se caracterizam como históricos para a instituição. Ao contrário das idades corrente e intermediária, tais arquivos são abertos ao público, isto é, não há restrições quanto à possibilidade de pesquisa por terceiros. Esta idade é também chamada de inativa, tendo como principais atividades a reunião da documentação histórica, o arranjo – isto é, a classificação desses arquivos -, a conservação e a descrição dos documentos. Ainda no próximo tópico deste capítulo, será abordado, de modo mais específico, o tratamento documental nos arquivos de terceira fase. A título de ilustração, a fim de exemplificar e motivar a produção de maior sentido sobre este específico assunto, coloca-se a seguir um exemplo prático, que acontece geralmente em muitas organizações. Pode aqui, então, ser considerada a seguinte situação: Numa empresa X, a política de arquivos estabelecida define que os assentamentos individuais dos funcionários devem permanecer arquivados no setor de pessoal daquela empresa enquanto o referido colaborador estiver trabalhando, isto é, GLOSSÁRIO ARQUIVÍSTICO ARRANJO Seqüência de operações intelectuais e físicas que visam à organização dos documentos de um arquivo ou coleção, de acordo com um plano ou quadro previamente estabelecido. Fonte: Dicionário de Terminologia Arquivística - 2005 DICA Todos os documentos de arquivo nascem com uma finalidade administrativa – valor primário -, pois são gerados em decorrência dos atos ou funções administrativos de um organismo. Desse modo, em termos gerais, é possível constatar que os documentos não nascem com um valor histórico ou secundário. Tal valor cultural é, geralmente, adquirido após transcorrido um determinado período. Um exemplo disso é a carta de Pero Vaz de Caminha. A famosa carta nasceu destituída de qualquer valor histórico. Ela foi elaborada com uma finalidade de caráter administrativo, isto é, informar ao rei de Portugal o descobrimento das terras brasileiras. 14 enquanto sua situação for de atividade naquela organização. Após o desligamento do funcionário da empresa, por qualquer motivo (exoneração, demissão etc.), o seu respectivo assentamento individual deverá ser transferido para o Arquivo Geral da Instituição, que passará a custodiar a referida pasta do ex-colaborador. É nessa fase intermediária de arquivamento que o documento irá guardar um determinado prazo, estabelecido por uma Tabela de Temporalidade de Documentos, para ser, finalmente, eliminado ou descartado, respeitada a legislação trabalhista, previdenciária e outros aspectos. Nessa situação, já que a política de arquivos da empresa X estabelece essa forma de processo (aqui concebido como atividade ou fluxo de trabalho ou workflow) e, além disso, determina o descarte do documento após certo período legal (prescrição), o assentamento individual do ex-funcionário não será arquivado definitivamente na instituição, isto é, não irá à fase permanente de arquivamento. Dessa forma, então, ele será apenas um arquivo corrente e um arquivo intermediário. É possível, agora, concluir que todos os documentos serão obrigatoriamente correntes. Há uma probabilidade muito grande de eles passarem pela fase intermediária, de forma a aguardar prazos administrativos e legais. E, certamente, poucosconseguirão viver eternamente, de forma perpétua. GLOSSÁRIO ARQUIVÍSTICO GESTÃO DE DOCUMENTOS Conjunto de procedimentos e operações técnicas referentes à produção, tramitação, uso, avaliação e arquivamento de documentos em fase corrente e intermediária, visando sua eliminação ou recolhimento. Também chamado administração de documentos. PRESCRIÇÃO Extinção de prazos para a aquisição ou perda de direitos contidos nos documentos. TEORIA DAS TRÊS IDADES Teoria segundo a qual os arquivos são considerados correntes, intermediários ou permanentes, de acordo com a freqüência de uso por suas entidades produtoras e a identificação de seus valores primário e secundário. Fonte: Dicionário de Terminologia Arquivística - 2005 DICA Atenção: Os arquivos correntes podem ser eliminados já nesta fase ou recolhidos diretamente para o arquivo permanente, sem a necessidade de passarem pela fase intermediária. 15 Devem-se distinguir, na etapa relacionada à estruturação e da implementação do arranjo dos fundos, dois tipos de atividade: a) Atividades Intelectuais – relativas à concepção lógica do fundo documental, incluindo-se a definição dos grupos e das séries dos documentos dentro do quadro de arranjo. Em síntese, trata-se de pôr uma ordem inteligível à ordenação do acervo, geralmente por intermediário da elaboração de um organograma. b) Atividades Físicas – relativas a atos simples, como o acondicionamento de documentos em caixas, a aposição de etiquetas e a identificação de caixas, a colocação das unidades de arquivamento nas estantes, entre outras dessa natureza. O quadro de arranjo, portanto, instrumento realizado para o tratamento documental nos arquivos de terceira fase, é equivalente à classificação de documentos praticada na esfera dos arquivos correntes e intermediários. O arranjo dos arquivos permanentes se estrutura a partir das seguintes divisões: Quadro de Arranjo= FG3S 1 - Fundo documental 2 – Grupo documental 3 – Subgrupo documental 4 – Série documental 5 – Subsérie documental Nos arquivos permanentes, é realizado o programa descritivo do acervo, ou seja, é feita uma descrição através dos instrumentos de pesquisa. Estes permitem a identificação, localização ou consulta a documentos ou a informações nele contidas. DE OLHO NA DOUTRINA Na prática arquivística brasileira, tem permanecido o uso do vocábulo “arranjo” para designar a organização dos documentos nos arquivos de terceira idade. [...] A operação do arranjo resume-se à ordenação dos conjuntos documentais remanescentes das eliminações (ditadas pelas tabelas de temporalidade e executadas nos arquivos correntes e intermediários), obedecendo a critérios que respeitem o caráter dos conjuntos, interna e externamente. Cabe lembrar que se trata de ordenação feita nos arquivos permanentes, quando realmente os conjuntos de documentos produzidos por unidades administrativas e/ou pessoas físicas passam a conviver uns com outros, só então passando a ser fundos. Fonte: Bellotto (2004, p. 136) 16 GESTÃO DE DOCUMENTOS 1.5. Introdução à Gestão de Documentos – Gerenciamento da Informação Arquivística A legislação arquivistica nacional, através da Lei nº 8.159/1991, define gestão de documentos como o conjunto de procedimentos e operações técnicas referentes às atividades de produção, tramitação, uso, avaliação e arquivamento de documentos em fase corrente e intermediária, visando sua eliminação ou recolhimento para guarda permanente. Fragmento do Texto Constitucional (art. 216 § 2º) Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referencia à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais de incluem: DE OLHO NA DOUTRINA Os instrumentos de pesquisa nos arquivos permanentes são os seguintes, nessa orem de prioridade, como ensina Bellotto, em livro Arquivos Permanentes: tratamento documental: 1 – Guia: Na família dos instrumentos de pesquisa, o guia é o mais abrangente e o mais “popular”, pois está vazado numa linguagem que pode atingir também o grande público e não especificamente os consulentes típicos de um arquivo: historiadores e administradores. O guia de arquivo tem por finalidade propiciar uma visão de conjunto dos serviços de arquivo, de modo a permitir ao pesquisador saber quais são seus recursos, a natureza e o interesse dos fundos que ele abriga, os instrumentos de pesquisa de que dispõe e as fontes complementares. É um instrumento de pesquisa descritivo e feito com espírito prático. 2 – Inventário: É o instrumento de pesquisa que descreve conjuntos documentais ou partes do fundo. É um instrumento do tipo parcial, trazendo descrição sumária e não analítica, esta própria do catálogo. 3 – Catálogo: É o instrumento que descreve unitariamente as peças documentais de uma série ou mais séries, ou ainda de um conjunto de documentos, respeitada ou não a ordem da classificação. 4 – Repertório: Também chamado de catálogo seletivo, é um instrumento de pesquisa que traz uma “relação seletiva de documentos pertencentes a um ou mais fundos e no qual cada peça integrante de uma unidade de arquivamento é descrita minuciosamente”. GLOSSÁRIO ARQUIVÍSTICO AVALIAÇÃO Processo de análise de documentos de arquivo, que estabelece os prazos de guarda e a destinação, de acordo com os valores que lhe são atribuídos. Fonte: Dicionário de Terminologia Arquivística - 2005 17 I – as formas de expressão; II – os modos de criar, fazer e viver; III – criações científicas, artísticas e tecnológicas; IV – as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico- culturais; V – os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico. § 1o O poder público, com a colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o patrimônio cultural brasileiro, por meio de inventários, registros, vigilância, tombamento e desapropriação, e de outras formas de acautelamento e preservação. § 2o Cabem à administração pública, na forma de lei, a gestão da documentação governamental e as providencias para franquear sua consulta a quantos dela necessitem. [...] § 4o Os danos e ameaças ao patrimônio cultural serão punidos, na forma da lei. [...] Assim, percebe-se que, no próprio texto constitucional, há uma disposição sobre o dever da Administração Pública de promover a gestão documental. A gestão de documentos deve ser vista como um macroprocesso, em que deve ser tomada uma série de medidas administrativas para a racionalização e a obtenção de economia e eficiência nos procedimentos de gerenciamento de arquivos organizacionais. Constituem objetivos da gestão de documentos: 1. Assegurar, de modo eficiente, a produção, a administração e a destinação de documentos. 2. Garantir que a informação arquivística esteja disponível em tempo hábil, isto é, quando e onde for solicitada. 3. Assegurar o uso adequado da reprografia, processamento automatizado de dados e outras técnicas avançadas, econômicas e eficientes de gestão da informação. 4. Assegurar a eliminação dos documentos que não apresentem valor primário- administrativo, fiscal, técnico, legal – ou valor secundário, ou seja, importância histórica para a pesquisa científica. 5. Contribuir para o acesso e a preservação dos documentos que mereçam guarda permanente por seus valores histórico e científico. DICA O conceito de gestão documentaltem como foco o gerenciamento de arquivo nas fases corrente e intermediária. 18 Como se pode observar, a implementação do programa de gestão documental nas instituições tem como finalidade a modernização, o aperfeiçoamento e a eficiência de procedimentos relacionados ao tratamento dos documentos correntes e intermediários, de acordo com o corpus teórico-metológico preconizado pela Arquivologia, tendo-se em vista também a preservação futura da memória organizacional. 1.6. Organização e Administração de Arquivos Antes de ser implantado o programa de gestão documental na instituição faz-se necessário, primeiramente, o planejamento do sistema de administração dos seus arquivos. Um aspecto importante a ser definido diz respeito à centralização ou à descentralização dos serviços de arquivo em fase corrente. É nesse momento de planejamento que cada instituição deve definir se os arquivos serão centralizados – reunidos num arquivo central – ou descentralizados – arquivados nos diversos setores institucionais. GLOSSÁRIO ARQUIVÍSTICO REPROGRAFIA Conjunto dos processos e técnicas de duplicação e reprodução de documentos que não recorrem à impressão, tais como fotocópia, processo eletrostático, termografia e microfilmagem. Fonte: Dicionário de Terminologia Arquivística - 2005 DE OLHO NA DOUTRINA Para que um arquivo, em todos os estágios de sua evolução (corrente, intermediário e permanente) possa cumprir seus objetivos, torna-se indispensável a formulação de um plano arquivístico que tenha em conta tanto as disposições legais quanto as necessidades da instituição a que pretende servir. Para a elaboração desse plano devem ser considerados os seguintes elementos: posição do arquivo na estrutura da instituição, centralização ou descentralização e coordenação dos serviços de arquivo, escolha de métodos de arquivamento adequados, estabelecimento de normas de funcionamento, recursos humanos, escolha das instalações e do equipamento, constituição de arquivos intermediários e permanentes, recursos financeiros. Fonte: Paes (2005, p. 37) 19 Desse modo, os arquivos setoriais são aqueles localizados nos próprios setores em que são gerados os documentos. Ao contrário destes, os arquivos gerais ou centrais são aqueles que se destinam a receber os documentos correntes provenientes de vários setores institucionais. Além disso, na etapa de planejamento, faz-se importante a definição da coordenação dos serviços arquivísticos institucionais. A teoria recomenda que as atividades normativas, de controle e de orientação sejam centralizadas, isto é, que haja na instituição um órgão responsável pela elaboração e controle de procedimentos técnicos. A centralização dessa normatização e controle tem a finalidade de evitar que sejam aplicados critérios diferenciados no tratamento dos arquivos de uma mesma instituição. 2.2.1. Gestão de Documentos Correntes Como já foi definido anteriormente nesta apostila, o arquivo corrente é aquele que possui, em seu conjunto, documentos que são consultados de modo freqüente e que, geralmente, estão em fase de intensa tramitação. Conforme também já visto, tais arquivos geralmente estão localizados junto a seus produtores imediatos, isto é, nos próprios setores organizacionais em que são produzidos. Para que seja efetivamente bem gerenciado, recomenda-se que cada departamento constituinte da instituição siga normas e procedimentos padronizados quanto ao tratamento desses tipos de arquivos, a partir do planejamento e da implementação do programa de gestão documental na organização. Nesse sentido, por exemplo, todo o tratamento desses documentos correntes deve ser baseado num Plano de Classificação de Documentos e numa Tabela de Temporalidade e Destinação de Documentos, no sentido que, num âmbito administrativo-sistemico, os documentos já comecem a ser organizados a partir desses próprios setores administrativos. DICA Importante esclarecer que a descentralização se aplica apenas à fase corrente dos arquivos. Nas fases intermediária e permanente, os arquivos devem ser centralizados. 20 De acordo com Paes, no cumprimento de suas funções (2005, p. 54): os arquivos correntes muitas vezes respondem ainda pelas atividades de recebimento, registro, distribuição, movimentação e expedição dos documentos correntes. Por isso, freqüentemente encontra-se na estrutura organizacional das instituições a designação de órgãos de Protocolo e Arquivo, Arquivo e Comunicação ou outra denominação similar. É por essa razão que as atividades protocolares, isto é, relativos a serviços de protocolo, apesar de bem delimitadas, são consideradas típicas de arquivos correntes. 2.2.2. Gestão de Documentos Intermediários De acordo com Paes, “a economia é a razão principal da criação de arquivos intermediários”. Isto pode ser explicado porque se torna custosa a manutenção desses arquivos nos escritórios ou setores de trabalho nos quais foram gerados, pois muitas vezes também o custo do metro quadrado dessas áreas é mais caro. Desse modo, não é interessante, do ponto de vista gerencial, a guarda desses documentos nos departamentos administrativos, uma vez que os documentos passam a ser desprovidos de interesse imediato para a administração que os produziu. Os depósitos intermediários geralmente são centralizados. Os documentos advindos dos setores organizacionais, via transferência, são retidos principalmente por razões legais, de acordo com prazos prescricionais e precaucionais previstos na Tabela de Temporalidade e Destinação de Documentos da instituição. É importante destacar que, mesmo arquivados em local distinto daquele em que foram criados, os documentos em arquivo intermediário continuam sendo propriedade do departamento que os gerou. Assim, os documentos só poderão ser DE OLHO NA DOUTRINA A administração dos arquivos correntes oficiais tem por objetivo fazer com que os documentos sirvam às finalidades para as quais foram criados, da maneira mais eficiente e econômica possível, e concorrer para a destinação adequada dos mesmos, depois que tenham servido a seus fins. Os documentos são eficientemente administrados quando, uma vez necessários, podem ser localizados com rapidez e sem transtorno ou confusão: quando conservados a um custo mínimo de espaço e manutenção enquanto indispensáveis às atividades correntes; e quando nenhum documento é preservado por tempo maior do que o necessário a tais atividades, a menos que tenham valor contínuo para pesquisa e outros fins. Os objetivos de uma administração eficiente de arquivos só podem ser alcançados quando se dispensa atenção aos documentos desde sua criação até o momento em que são recolhidos para um arquivo de custódia permanente ou são eliminados. Fonte: Schellenberg (2006, p. 67) 21 acessados por tais setores, ou só poderão ser consultados por terceiros após a autorização daquelas unidades organizacionais. 2.3. Fases da Gestão de Documentos Conforme Paes (2005, p. 54), as fases básicas da gestão de documentos são três: 1. Produção de Documentos: refere-se à elaboração dos documentos em decorrência das atividades de um órgão. Nesta fase, deve-se intervir nos processos de geração dos documentos organizacionais, tendo em vista evitar que sejam criados ou reproduzidos documentos desnecessários. São projetados também modelos de formulários e demais documentos que devem ser utilizados pela instituição, de acordo com as necessidades dos órgãos. Evita-se, portanto, a proliferação de documentos inúteis ou de duplicatas, de modo a otimizar e disciplinar também os serviços de reprografia e automaçãoarquivística. 2. Utilização de Documentos: esta fase inclui as atividades de protocolo (recebimento, classificação, registro, distribuição, tramitação), de organização e arquivamento de documentos em fase corrente e intermediária, bem como a elaboração de normas de acesso à documentação (empréstimo, consulta) e à recuperação de informações, indispensáveis ao desenvolvimento das funções administrativas das instituições. 3. Avaliação e destinação de documentos: geralmente considerada a mais complexa das três fases da gestão de documentos, desenvolve-se mediante a análise e avaliação dos documentos acumulados nos arquivos, com vistas a estabelecer seus prazos de guarda, determinando quais serão objeto de arquivamento permanente e os que deverão ser eliminados por terem perdido seu valor de prova e de informação para a instituição. GLOSSÁRIO ARQUIVÍSTICO DESTINAÇÃO Decisão, com base na avaliação, quanto ao encaminhamento de documentos para guarda permanente, descarte ou eliminação. Ver também plano de destinação e tabela de temporalidade. Fonte: Dicionário de Terminologia Arquivística - 2005 22 2.4. Métodos de Arquivamento Pode-se definir arquivamento como o conjunto das operações destinadas ao acondicionamento e ao armazenamento de documentos. O método de arquivamento corresponderá à forma que os documentos serão armazenados, visando sua localização futura. Podem-se dividir os métodos de arquivamento em dois grandes sistemas: direto e indireto. DICA Apesar de intimamente relacionadas, não confunda as fases da gestão de documentos com as fases da teoria das três idades. Para melhor visualização das fases da gestão de documentos, montamos o seguinte esquema, o PUAD, ou seja: Fases da Gestão de Documentos 1a Fase Produção Avaliação e Destinação Utilização 2a Fase 3a Fase SISTEMAS DE ARQUIVAMENTO DIRETO É aquele em que a busca do documento é feita DIRETAMENTE no local onde ele se encontra arquivado. Ex.: · Alfabético · Geográfico INDIRETO É aquele em que, para se localizar um documento, necessita-se antes consultar um ÍNDICE ou um CÓDIGO. É o caso, por exemplo, da utilização de fichários. Ex.: · Numérico · Ideográfico 23 Podemos identificar como os métodos mais comumente utilizados para se organizar arquivos ou fichários os seguintes: 1. Método alfabético (ordenação a partir de nomes existentes nos documentos); 2. Método numérico, que se divide em numérico simples (ordenação de acordo com um número relativo ao documento), cronológico (ordenação de acordo com a data do documento) ou dígito-terminal (ordenação principal de acordo com os dois últimos dígitos de um número de documento); 3. Método geográfico (ordenação de acordo com o local de produção do documento); 4. Método ideográfico (ordenação de acordo com o assunto do documento); A seguir são apresentados cada um desses métodos de arquivamento de documentos. 2.4.1. Método Alfabético Nesse método de arquivamento, as fichas ou pastas de documentos são dispostas rigorosamente na ordem alfabética, por meio de guias divisórias com as respectivas letras, devendo também ser respeitadas as normas gerais para a alfabetação. PRINCIPAIS MÉTODOS PARA ORGANIZAR ARQUIVOS OU FICHÁRIOS ALFABÉTICO Ordenação a partir de nomes existentes nos documentos. NUMÉRICO IDEOGRÁFICO GEOGRÁFICO A ordenação ocorre de acordo com o local de produção do documento. A ordenação ocorre de acordo com o assunto do documento. Simples: a ordenação ocorre de acordo com um número relativo ao documento Cronológico: ordenação de acordo com a data do documento. Dígito-terminal: a ordenação ocorre principalmente de acordo com os dois últimos dígitos de um numero de documento. 24 2.4.1.1. Regras de Alfabetação Conforme Paes (2005, p.63), “o arquivamentos de nomes obedece a 13 regras, chamadas regras de alfabetação, e que são as seguintes”: 1a Regra – Nos nomes de pessoas físicas, considera-se o último sobrenome e depois o prenome. Exemplo: João Barbosa Pedro Álvares Cabral Paulo Santos Maria Luísa Vasconcelos Arquivam-se: Barbosa, João Cabral, Pedro Álvares Santos, Paulo Vasconcelos, Maria Luísa Obs.: Quando houver sobrenomes iguais, prevalece a ordem alfabética do prenome. Exemplo: Aníbal Teixeira Marilda Teixeira Paulo Teixeira Arquivam-se: Teixeira, Aníbal Teixeira, Marilda Teixeira, Paulo 2a Regra – Sobrenomes compostos de um substantivo e um adjetivo ou ligados por hífen não se separam. Exemplo: Camilo Castelo Branco Paulo Monte Verde DICA As guias divisórias devem ser assinaladas com notações de referência aos documentos arquivados. Tais notações, registradas nas guias, podem ser abertas ou fechadas, conforme indiquem o limite inicial ou os limites inicial e final. Assim temos: a) Notações simples abertas – A, B, C, Ab, Ac etc. b) Notações compostas ou fechadas – Aa – Al, Am – Az etc. 25 Heitor Villa-Lobos Arquivam-se: Castelo Branco, Camilo Monte Verde, Paulo Villa-Lobos, Heitor 3a Regra – Sobrenomes formados com as palavras Santa, Santo ou São seguem a regra dos sobrenomes compostos de um adjetivo e um substantivo. Exemplo: Waldemar Santa Rita Luciano Santo Cristo Carlos São Paulo Arquivam-se: Santa Rita, Waldemar Santo Cristo, Luciano São Paulo, Carlos 4a Regra – As iniciativas abreviativas de pronomes têm precedência na classificação de sobrenomes iguais. Exemplo: J. Vieira Jonas Vieira José Vieira Arquivam-se; Vieira, J. Vieira, Jonas Vieira, José 5a Regra – Os artigos e as preposições, tais como a, o, de, d’, da, do, e, um, uma, não são considerados (ver também regra nº 9) Exemplo: Pedro de Almeida Ricardo d’Andrade Lúcia da Câmara Arnaldo do Couto Arquivam-se: Almeida, Pedro de Andrade, Ricardo d’ 26 Câmara, Lúcia da Couto, Arnaldo do 6a Regra – Os sobrenomes que exprimem grau de parentesco como Filho, Junior, Neto, Sobrinho, são tidos como parte integrante do último sobrenome, mas não são considerados na ordenação alfabética. Exemplo: Antonio Almeida Filho Paulo Ribeiro Júnior Joaquim Vasconcelos Sobrinho Henrique Viana Neto Arquivam-se: Almeida Filho, Antonio Ribeiro Júnior, Paulo Vasconcelos Sobrinho, Joaquim Viana Neto, Henrique Obs.: Os graus de parentesco só serão considerados na alfabetação quando servirem de elemento de distinção. Exemplo: Jorge de Abreu Sobrinho Jorge de Abreu Neto Jorge de Abreu Filho Arquivam-se: Abreu Filho, Jorge de Abreu Neto, Jorge de Abreu Sobrinho, Jorge de 7a Regra – Os títulos não são considerados na alfabetação. São colocados após o nome completo, entre parênteses. Exemplo: Ministro Milton Campos Professor André Ferreira General Paulo Pereira Dr. Pedro Teixeira 27 Arquivam-se: Campos, Milton (Ministro) Ferreira, André (Professor) Pereira, Paulo (General) Teixeira, Pedro (Dr.) 8a Regra – Os nomes estrangeiros são considerados pelo último sobrenome, salvo nos casos de nomes espanhóis e orientais (ver também regras nºs 10 e 11). Exemplo: Georges Aubert Winston Churchill Paul Muller Jorge Schmidt Arquivam-se: Aubert, Georges Churchill, Winston Muller, Paul Schmidt, Jorge 9a Regra – As partículas dos nomes estrangeiros podem ou não ser levadas em conta. O mais comum é considerá-las como parte integrantedo nome quando escritas com letra maiúscula. Exemplo: Giulio di Capri Esteban de Penedo Charles Du Pont John Mac Adam Gordon O’Brien Arquivam-se: Capri, Giulio di De Penedo, Esteban Du Pont, Charles Mac Adam, John O’Brien, Gordon 10a Regra – Os nomes espanhóis são registrados pelo penúltimo sobrenome, que corresponde ao sobrenome da família do pai. 28 Exemplo: José de Oviedo y Baños Franciso de Pina de Mello Angel Del Arco y Molinero Antonio de los Rios Arquivam-se: Arco y Molinero, Angel Del Oviedo y Baños, José de Pina de Mello, Francisco de Rios, Antonio de los 11a Regra – Os nomes orientais – japoneses, chineses e árabes – são registrados como se apresentam. Exemplo: Al Ben-Hur Li Yutang Osama Bin Laden Arquivam-se: Al Bem-Hur Li Yutang Osama Bin Laden 12a Regra – Os nomes de firmas, empresas, instituições e órgãos governamentais devem ser transcritos como se apresentam, não se considerando, porém, para fins de ordenação, os artigos e as preposições que os constituem. Admite-se, para facilitar a ordenação, que os artigos iniciais sejam colocados entre parênteses após o nome. Exemplo: Embratel Álvaro Ramos & Cia. Fundação Getúlio Vargas A Colegial The Library of Congress Companhia Progresso Guanabara Barbosa Santos Ltda. Arquivam-se: Álvaro Ramos & Cia. Barbosa Santos Ltda. 29 Colegial (A) Companhia Progresso Guanabara Embratel Fundação Getúlio Vargas Library of Congress (The) 13a Regra – Nos títulos de congressos, conferências, reuniões, assembléias e assemelhados, os números arábicos, romanos ou escritos por extenso deverão aparecer no fim, entre parênteses. Exemplo: II Conferência de Pintura Moderna Quinto Congresso de Geografia 3º Congresso de Geologia Arquivam-se: Conferência de Pintura Moderna (II) Congresso de Geografia (Quinto) Congresso de Geologia (3º) 1a 2a 4a 3a Nos nomes pessoas físicas, considera-se o último sobrenome e depois o prenome. Sobrenomes compostos de um substantivo e um adjetivo ou ligados por hífen não se separam. Sobrenomes formados com as palavras Santa, Santo ou São seguem a regra dos sobrenomes compostos por um adjetivo e um substantivo. As iniciais abreviativas de prenomes têm precedência na classificação de sobrenomes iguais. 5a Os artigos e preposições, tais como a, o de, d’, da, do, e, um, uma, não são considerados (ver também regra nº 9). 30 ` 6a Os sobrenomes que exprimem grau de parentesco como Filho, Júnior, Neto, Sobrinho, são considerados parte integrante do último sobrenome, mas não são considerados na ordenação alfabética. 7a Os títulos não são considerados na alfabetação. São colocados após o nome completo entre parênteses. 8a Os nomes estrangeiros são considerados pelo último sobrenome, salvo nos casos de nomes espanhóis e orientais (ver também regras nos 10 e 11) As partículas dos nomes estrangeiros podem ou não se consideradas. O mais comum é considerá-las como parte integrante do nome quando escritas com letra maiúscula. 9a 10a 13a 12a Os nomes espanhóis são registrados pelo penúltimo sobrenome, que corresponde ao sobrenome da família do pai. Os nomes orientais – japoneses, chineses e árabes – são registrados como se apresentam. 11a Os nomes de firmas, empresas, instituições e órgãos governamentais devem ser transcritos como se apresentam, não se considerando, porém, para fins de ordenação, os artigos e as preposições que os constituem. Admite-se, para facilitar a ordenação, que os artigos iniciais sejam colocados entre parênteses após o nome. Nos títulos de congressos, conferências, reuniões, assembléias e assemelhados, os números arábicos, romanos ou escritos por extenso deverão aparecer no fim, entre parênteses. 31 2.4.2. Método Numérico Quando o principal elemento a ser considerado em um documento é o seu número, a escolha deve recair sobre o método numérico. 2.4.2.1 Método Numérico Simples Neste método, para cada documento é atribuído um número, a partir do qual serão organizados os documentos. Como no momento da busca a procura acontecerá a partir de um nome, este método exige a adoção de um índice alfabético, também chamado de onomástico, que permitirá identificar o número de cada documento e, assim, possibilitar sua localização. Como já foi visto neste capítulo, os métodos que se utilizam de índices são chamados de indiretos. 2.4.2.2 Método Numérico Cronológico Este método lembra cronologia. Cronologia se refere a tempo, nesse caso relativa a uma data ou a um período relacionado aos documentos. Com esse método, os documentos são organizados a partir de uma data, que, na maioria das vezes, é a data de produção do documento. É o caso de notas fiscais, por exemplo, quando são arquivados pelo dia, mês e ano de sua emissão. Como outro exemplo de aplicação desse método, pode-se citar a organização de prontuários médicos, que geralmente são organizados a partir da data de nascimento do indivíduo. 2.4.2.3 Método Numérico Dígito-Terminal Este método geralmente é aplicado para o arquivamento de grandes volumes de documentos, nas situações em que tais documentos contenham grandes números. Os documentos são numerados seqüencialmente, porém sua leitura apresenta uma peculiaridade que caracteriza o método, isto é, os números, dispostos em três grupos de dois dígitos cada um, são lidos da direita para a esquerda, formando pares. Dessa forma, por exemplo, o número 352650 seria, aplicando-se tal método, decomposto em três grupos: 35, 26, 50 Este documento será arquivado na pasta relativa àqueles terminados em 50. Nesta pasta, como todos terminarão em 50, os arquivos serão organizados a partir dos dois dígitos imediatamente anteriores, isto é, 26. 32 Desse modo, para se localizar o documento, deve-se verificar primeiramente onde se encontram as pastas terminadas em 50; em seguida, localizar as pastas cujo grupo secundário é o número 26 e, finalmente, a pasta desejada, de número 35. Esses grupos são chamados de primário, secundário e terciário, lendo-se sempre da esquerda para a direita. Assim chama-se o grupo 50 de primário, o grupo 26 de secundário e o grupo 35 de terciário. Exemplo: Como fazer para arquivar os seguintes documentos de pessoal de uma determinada empresa, de acordo com o método dígito-terminal? 001.299 Ângela Rotholz 032.699 Vera Lúcia Machado 129.129 Nilza Maria Lobo 159.544 Lia Temporal Malcher 305.218 Letícia dos Santos 306.818 Fernando Silva Alves 483.920 Lourdes Costa e Souza 588.029 Helena Corrêa Machado 784.020 Maria Amélia Gomes Leite 984.120 Regina Alves Vieira Arquivam-se pelo método dígito-terminal: 30.52.18 Letícia dos Santos 30.68.18 Fernando Silva Alves 48.39.20 Lourdes Costa e Souza 78.40.20 Maria Amélia Gomes Leite 98.41.20 Regina Alves Vieira 58.80.29 Helena Corrêa Machado 12.91.29 Nilza Maria Lobo 15.95.44 Lia Temporal Malcher 00.12.99 Angela Rotholz 03.26.99 Vera Lucia Machado 35 26 50 PRIMÁRIO SECUNDÁRIO TERCIÁRIO 33 2.4.3. Método Geográfico Este método consiste em organizar a documentação de acordo com lugares e regiões geográficas, ou seja, os documentos são arquivados conforme seu local de produção ou sua procedência. É recomendável que, em caso de organização de nomes de cidades, esta seja realizada iniciando-se pela capital e, em seguida, por ordem alfabética dasdemais cidades. Por exemplo: Organização de pasta de documentos referentes ao Estado da Bahia: (1) Salvador (2) Amargosa (3) Belmonte (4) Canavieiras (5) Ilhéus (6) Itacaré (7) Porto Seguro (8) Teixeira de Freitas Observe que a primeira cidade a ser considerada na organização dos documentos foi Salvador, por ser a capital, mesmo não sendo a primeira numa ordem alfabética geral. A mesma lógica de ordenação, acontece com cidades pertencentes a um mesmo país. Por exemplo: Organização de pasta de documentos referentes a Portugal: · Lisboa · Aveiro · Coimbra · Porto Por outro lado, no caso de cidades de estados diferentes, deve-se observar apenas a ordem alfabética das cidades, sem a necessidade de ser colocada primeiramente a capital em relação às demais. Recomenda-se, no entanto, que sejam colocadas, entre parênteses, as siglas dos estados respectivos, pois há cidades com o mesmo nome em estados distintos. 34 Por exemplo: Arapiraca (AL) Brasília (DF) Brasília (MG) Campinas (SP) Campinas (TO) Itabaiana (PB) Itabaiana (SE) Salvador (BA) Teresópolis (RJ) Atenção: A aplicação do método geográfico não se limita apenas ao arquivamento de cidades, estados e países. O arquivo intermediário de uma empresa poderá, por exemplo, separar os locais de guarda dos documentos de acordo com os setores institucionais que os produziram. Nesse sentido, os documentos do setor pessoal ficariam arquivados num local diferente dos arquivos financeiros. A adoção desse critério de organização é um exemplo de utilização do método geográfico, considerando, dessa forma, a procedência ou origem dos arquivos. 2.4.4. Método Ideográfico (por Assunto) No método ideográfico, a organização é feita pelo assunto dos documentos. O método divide-se em duas categorias, isto é, pode ser alfabético ou numérico. Tais categorias podem ser subdivididas, por sua vez, em ou enciclopédico – no caso da divisão alfabética – ou decimal ou dúplex, no caso da divisão numérica. Para ser eficientemente aplicado, o método de arquivamento por assunto exige a interpretação dos documentos e grande conhecimento das atividades empresariais. IDEOGRÁFICO IDEOGRÁFICO IDEOGRÁFICO IDEOGRÁFICO IDEOGRÁFICO IDEOGRÁFICO IDEOGRÁFICO 35 Para facilitar a compreensão, pode-se seguir o exemplo seguinte: Uma instituição identificou como assuntos passíveis de existência de documentos os temas seguintes: Salários Admissão de funcionários Telefonia Internet Contas a pagar Contas a receber Demissão de funcionários Férias No exemplo anterior, o rol de assuntos identificado pela empresa já permite a classificação dos documentos respectivos a cada tema. Apenas com isso, a empresa já estará adotando o método ideográfico. Aplicando-se o método ideográfico alfabético dicionário, esses assuntos são ordenados seguindo-se a ordem de um dicionário, razão de sua denominação. Assim, tal ordenação é a lógica simples do próprio método alfabético. Admissão de funcionários Contas a pagar Contas a receber Demissão de funcionários Férias Internet Salários Telefonia No método ideográfico alfabético enciclopédico, no entanto, os assuntos são agrupados sob títulos gerais, sendo que tais títulos devem ser organizados alfabeticamente, do seguinte modo: COMUNICAÇAO Internet Telefonia FINANCEIRO Contas a pagar Contas a receber 36 PESSOAL Admissão de funcionários Demissão de funcionários Férias Salários Com a finalidade de facilitar o arquivamento, poderão ser utilizados códigos atribuídos a cada assunto, situação em que serão aplicadas as categorias numéricas do método ideográfico, num esquema hierarquizado: dúplex ou decimal. Com a aplicação do método ideográfico numérico dúplex tem-se a seguinte ordenação: 1 COMUNICAÇÃO 1-1 Internet 1-2 Telefonia 2 FINANCEIRO 2-2 Contas a pagar 2-1 Contas a receber 3 PESSOAL 3-1 Admissão de funcionários 3-2 Demissão de funcionários 3-3 Férias 3-4 Salários O método ideográfico numérico decimal, por sua vez, possui uma estrutura de codificação bem diferenciada do método dúplex. O método decimal divide cada assunto em dez classes derivadas, e cada uma dessas poderá ser dividida em, no máximo, mais dez, sucessivamente. Porém, nesse método, a expansão das classes é limitada, diferentemente do método dúplex, em que se pode estender infinitivamente as classes de assuntos, de acordo com as necessidades da instituição. Um exemplo prático da aplicação do método decimal são os códigos contidos no Plano de Classificação desenvolvido pelo Conarq – Conselho Nacional de Arquivos. O Plano de Classificação tem a finalidade de organizar os documentos a partir de seus assuntos, de modo a facultar o arquivamento correto dos mesmos nas suas respectivas classes. Conforme o exemplo a seguir, da classe 020, retirado do Plano de Classificação do Conarq, pode-se perceber a estrutura do método decimal, que se diferencia bastante do método numérico anterior: 37 020 – Pessoal 022 – Aperfeiçoamento e treinamento 022.1 – Cursos 022.12 – Promovidos por outras instituições 022.121 – No Brasil 022.122 – No exterior É importante salientar que não há uma predominância de determinado método sobre os outros. A escolha do método deve ser feita a partir da análise das reais necessidades da empresa. Como se observa, várias são as opções dos métodos de arquivamento, cabendo a cada usuário ou empresa a definição do método ou métodos a serem utilizados. É importante destacar também que tais métodos podem ser até combinados entre si, para bem organizar os arquivos; isto é, para se organizar determinado conjunto de documentos, pode-se utilizar um método principal e, de forma auxiliar, métodos secundários. No contexto do assunto relacionado aos métodos de arquivamento, é importante destacar o conceito de indexação, apresentado a seguir. No processo de arquivamento, os documentos são indexados para posterior pesquisa futura. DIAGNÓSTICO E AVALIAÇÃO DOCUMENTAL 3.1. Diagnóstico Arquivístico Na arquivística, assim como em muitas áreas do conhecimento humano, antes de qualquer intervenção técnico-administrativa é necessário que seja realizado um exame GLOSSÁRIO ARQUIVÍSTICO MÉTODO DÚPLEX Método de ordenação que tem por eixo a distribuição dos documentos em grandes classes por assunto, numeradas consecutivamente, que podem ser subdivididas em classes subordinadas mediante o uso de números justapostos com traços de união. Fonte: Dicionário de Terminologia Arquivística - 2005 GLOSSÁRIO ARQUIVÍSTICO INDEXAÇÃO Processo pelo qual documentos ou informações são representados por termos, palavras-chave ou descritores, propiciando a recuperação da informação. Fonte: Dicionário de Terminologia Arquivística - 2005 38 da situação presente para que seja planejada e implementada uma ação futura. Assim, por exemplo, é quando o médico examina o paciente, com a finalidade de curá-lo. Diagnóstico, desse modo, é definido como a análise detalhada dos vários aspectos relacionados à estrutura e ao funcionamento do arquivo da empresa. O processo de diagnostico arquivistico procura saber informações como: · Existência de normas e manuais de arquivo. · Localização e instalações físicas. · Volume documental e espaço físico ocupado. · Condições ambientais e de armazenamento dos documentos. · Recursos humanos · Gênero e natureza dos arquivos. · Classificação/arranjo dos documentos, identificando os métodos de arquivamento adotados. · Procedimentos e formas de acesso à informação.· Controle de consultas, empréstimos e processos de reprografia e automação utilizados. · Estado de preservação e conservação dos documentos. Em síntese, é preciso, então, conhecer o contexto em que está inserido o arquivo na instituição, no sentido de planejar melhorias para a situação encontrada. 3.2. Avaliação Documental A avaliação dos documentos arquivísticos consiste, fundamentalmente, em identificar seus valores e definir seus prazos de guarda. É o processo em que são estabelecidos prazos de guarda nas fases corrente e intermediária, bem como a destinação final dos documentos da empresa – eliminação ou recolhimento para guarda permanente. Em termos práticos, a avaliação significa a criação da Tabela de Temporalidade de Documentos. O processo de avaliação documental é, por um lado, um ato vinculado à legislação em vigor e, por outro, um ato discricionário de cada empresa. O prazo prescricional que a legislação determinar para cumprimento deverá ser obrigatoriamente respeitado. Porem, matérias sobre as quais a legislação não dispõe serão objeto de análise de cada instituição, de acordo com critérios definidos pela mesma. É o caso, por exemplo, da definição sobre um determinado conjunto de documentos que deverá ser preservado permanentemente por apresentar interesse para a memória organizacional. 39 Estrutura de uma tabela de temporalidade Código Documento Prazo de guarda Destinação final Obs. Corrente Intermediário 012.3 Campanhas Publicitárias 4 anos 10 anos Permanente Microfilmar 020.1 Normas e regulamentos Enquanto vigorar - Permanente Microfilmar 021.2 Exames de seleçao 6 anos - Eliminação - 052.22 Notas de despesa Até aprovação das contas 5 anos após aprovação das contas Eliminação - 067.1 Planos e projetos Enquanto vigorar 5 anos Permanente Microfilmar Para se chegar à etapa de definição desta TTD, foi imprescindível anteriormente avaliar os documentos. Por exemplo, o conjunto codificado como 012.3, “campanhas publicitárias”, foi primeiramente agrupado numa classe para, num momento posterior, ser objeto de estudo por uma comissão avaliadora. Observe que, na TTD, também há um campo para observações eventuais sobre determinados conjuntos, como, no exemplo, é o caso da palavra Microfilmar. Isso significa que os respectivos conjuntos deverão ser também microfilmados. GLOSSÁRIO ARQUIVÍSTICO TABELA DE TEMPORARIEDADE Instrumento de destinação, aprovado por autoridade competente, que determina prazos e condições de guarda tendo em vista a transferência, o recolhimento, o descarte ou a eliminação de documentos. Fonte: Dicionário de Terminologia Arquivística - 2005 DICA É importante não confundir os conceitos referentes aos dois principais instrumentos de gestão arquivística: Tabela de Temporalidade e Plano de Classificação. A TTD deve ser concebida como o produto gerado pelo processo de avaliação documental. Por outro lado, o Plano de Classificação objetiva facultar o arquivamento correto dos documentos em classes. Porém, ele também é importante no processo de avaliação, uma vez que, para que a avaliação aconteça de forma eficiente, é necessário que os documentos estejam primeiramente bem classificados, de modo a facilitar a etapa de avaliação. Na figura da TTD apresentada, as duas primeiras colunas se referem ao Plano de Classificação. 40 A complexidade do processo de avaliação exige a constituição de equipes, que geralmente são denominadas Comissões de Avaliação de Documentos, para analisar os documentos nos mais diversos aspectos. Tal processo participativo de profissionais ligados às mais diversas áreas do conhecimento será decisivo para se definir critérios de valor. Segundo a literatura arquivística, devem fazer parte desse grupo de avaliadores: 1) Arquivista ou responsável pela guarda de documentos. 2) Autoridades administrativas conhecedoras da estrutura e funcionamento do órgão gerador dos documentos. 3) Profissionais da área jurídica. 4) Profissionais da área financeira. 5) Profissionais ligados ao campo de conhecimento de que tratam os documentos avaliados (historiador, engenheiro, estatístico, médico, sociólogo, entre outros). GLOSSÁRIO ARQUIVÍSTICO COMISSÃO DE AVALIAÇÃO E DESTINAÇÃO Grupo multidisciplinar encarregado da avaliação de documentos de um arquivo responsável pela elaboração de tabela de temporalidade. Fonte: Dicionário de Terminologia Arquivística - 2005 DICA É recomendável, de acordo com a teoria arquivística, que a aplicação dos critérios de avaliação seja efetivada na fase corrente, com a finalidade de serem diferenciados os documentos de valor eventual daqueles de valor informativo ou probatório. Isto de justifica porque o processo de avaliação na idade intermediário é bastante custoso do ponto de vista gerencial e técnico. Por isso, deve-se evitar a transferência para arquivo intermediário de documentos que não tenham sido anteriormente avaliados. BENEFÍCIOS DA AVALIAÇAO DOCUMENTAL Eficiência administrativa. Eliminação de documentos inúteis. Agilidade na recuperação de informações, devido à diminuição do volume documental. Identificação dos documentos de guarda permanente, contribuindo para a memória 41 4. PROTOCOLOS 4.1. Noções Gerais Nesta seção, concernente ao estudo dos protocolos, observar-se-á um conjunto de conteúdos relacionados às definições, funções, atividades e características desses setores organizacionais de documentação. O estudo dos protocolos, no âmbito da Arquivologia, pode ser dividido em duas partes; uma relativa à própria estrutura e funcionamento do setor institucional de protocolo e outra que se refere ao tratamento e à classificação dos documentos arquivísticos em ostensivos e sigilosos. Dessa forma, na esfera de primeira etapa, serão apresentadas quais as funções e a importância do setor de protocolo num determinado órgão, enquanto na segunda parte serão estudadas as diversas situações em que podem ser classificados os documentos no âmbito do setor de protocolo, de acordo com a legislação brasileira vigente para tal fim. O respeito a essa classificação definida pela legislação é de fundamental importância, tendo-se em vista o perfeito cumprimento das atividades do protocolo de forma responsável, legal e eficaz. 4.2. O Setor de Protocolo Percebemos em várias instituições a existência de um setor ou unidade destinado à recepção das correspondências e demais documentos. Em toda organização pública brasileira, principalmente, é possível encontrar um setor responsável pelo registro e distribuição das correspondências produzidas e recebidas, e pela protocolização dos processos e sua tramitação. Na tradição administrativa, apesar da variedade de expressões, esse setor ou atividade é reconhecido como protocolo. A atividade de protocolo é típica da fase corrente, pois é nesta idade que os documentos tramitam bastante. Desse modo, pode-se dizer, por ora, que o protocolo executa, sinteticamente e numa primeira análise, as seguintes ações: recebimento de correspondência (malotes, balcão, entre outros); separação da correspondência oficial da particular; colocação do carimbo ou etiqueta de protocolo, contendo dados relativos à data, hora do recebimento, entre outras; elaboração de resumo do assunto; e, por fim, encaminhamento ao indivíduo ou órgão destinatário. 42 O protocolo visa também ao controle dos documentos que ainda tramitam no órgão, de modo a assegurar a imediata localizaçãodos mesmos. Além disso, o serviço de protocolo é responsável pelas atividades de expedição de correspondências a outras instituições. São apresentadas a seguir as características de cada uma dessas atividades: 1. Recebimento Nesta etapa, o setor de protocolo recebe documentos provenientes de várias origens. Por exemplos, recebe correspondências advindas do correio, de malotes, assim como outros documentos encaminhados por terceiros à instituição. É, nesse sentido, a porta de entrada de qualquer documento enviado por terceiros à instituição. 2. Registro e Autuação É o procedimento no qual o protocolo cadastra o documento em um sistema de controle (informatizado ou manual), atribuindo ao mesmo um número codificado de acompanhamento. A autuação, utilizada geralmente para processos, e também conhecida como protocolização. O protocolo também é responsável pela autuação de documentos advindos dos próprios setores da organização, dando início a processos administrativos internos. DICA ATENÇÃO: Pelo que se pode observar, o setor de protocolo deve ser considerado o portal de entrada e de saída dos documentos de uma empresa. ATIVIDADES REALIZADAS PELO PROTOCOLO 2) Registro e Autuação 3) Classificação 4) Expediçao/Distribuição 5) Controle/Movimentação 1) Recebimento 43 3. Classificação Etapa em que o protocolo efetua a análise do documento a fim de identificar o assunto do mesmo, classificando-os de acordo com o plano de classificação da instituição. É importante enfatizar que, nesta etapa, os envelopes das correspondências devem ser abertos pelo setor de protocolo, para que seja efetuada a classificação efetiva dos mesmos, desde que não sejam sigilosos ou particulares. Esses documentos de caráter confidencial só devem ser abertos por seus destinatários. 4. Expedição/Distribuição É a atividade que consiste em enviar o documento ao seu destinatário. Chama- se de distribuição quando é interna, e expedição quando direcionada a outra instituição. 5. Controle da Tramitação/Movimentação O protocolo deverá fazer o controle da tramitação dos documentos, mediante sistema manual ou informatizado, no sentido de identificar os departamentos pelos quais passam os documentos. Tal controle sobre a movimentação dos documentos é importante para se saber em que local se encontra determinado documento em um dado momento, bem como para se consultar os últimos andamentos realizados na sua tramitação. 4.3. Documentos Sigilosos e Ostensivos DOCUMENTOS SIGILOSOS MAIOR GRAU DE SIGILO CLASSIFICAÇAO / PRORROGAÇAO 4) Reservado 3) Confidencial 2) Secreto 1) Ultrassecreto Máximo de 30 anos / + 30 Máximo de 30 anos / + 30 Máximo de 30 anos / + 30 Máximo de 30 anos / + 30 MENOR GRAU DE SIGILO 44 Quanto à natureza do assunto, os documentos podem ser ostensivos ou sigilosos. A classificação de ostensivo ou ordinário é dada ao documento cuja divulgação não prejudica a administração. Por outro lado, como o nome mesmo aponta, consideram-se sigilosos os assuntos do documento que, por sua natureza, devem ser de conhecimento restrito e, portanto, necessitam de medidas especiais de salvaguarda para sua custódia e divulgação. De acordo com a necessidade do sigilo e quanto à extensão do meio em que pode circular, são quatro os graus de sigilo e as suas correspondentes categorias, em ordem do maior para o menor grau: A classificação de ultrassecreto é dada aos assuntos que requeiram excepcional grau de segurança e cujo teor ou características só devam ser do conhecimento de pessoas intimamente ligadas ao seu estudo ou manuseio. São assuntos normalmente classificados como ultrassecretos aqueles da política governamental de alto nível e segredos de Estado. Consideram-se secretos os assuntos que requerem alto grau de segurança e cujo teor ou características possam ser do conhecimento de pessoas que, sem estarem intimamente ligadas ao estudo ou manuseio, sejam autorizadas a deles tomar conhecimento, funcionalmente. São assuntos geralmente classificados como secretos os referentes a planos, programas e medidas governamentais; os assuntos extraídos de matéria ultrassecreta que, sem comprometer o excepcional grau de sigilo da matéria original, necessitam de maior difusão, tais como planos ou detalhes de operações militares; planos ou detalhes de operações econômicas ou financeiras; dados de elevado interesse sob aspectos físicos, políticos, econômicos, psicossociais e militares de países estrangeiros; materiais criptográficos importantes que não tenham recebido classificação inferior etc. A classificação de confidencial é dada aos assuntos que, embora não requeiram alto grau de segurança, seu conhecimento por pessoa não autorizada possa ser prejudicial a um indivíduo ou crie embaraços administrativos. São assuntos, em geral, classificados como confidenciais os referentes a pessoal, material, finanças e outros, cujo sigilo deva ser mantido por interesse das partes, como por exemplo, informações GLOSSÁRIO ARQUIVÍSTICO CUSTÓDIA Responsabilidade jurídica de guarda e proteção de arquivos (1), independentemente de vínculo de propriedade. Fonte: Dicionário de Terminologia Arquivística - 2005 45 sobre a atividade de pessoas e entidades, bem como suas respectivas fontes; cartas, fotografias aéreas e negativos que indiquem instalações consideradas importantes para a segurança nacional etc. Reservados são os assuntos que não devam ser do conhecimento do público, em geral. Recebem essa classificação, entre outros, partes de planos, programas e projetos e as suas respectivas ordens de execução: cartas, fotografias aéreas e negativos que indiquem instalações importantes. No Brasil, a atribuição dos graus de sigilo e o controle dos documentos sigilosos são regulamentados pelo Decreto Federal nº 4.553/2002. De acordo com essas determinações, o setor de protocolo deve operar objetivando o cumprimento de suas funções e atividades de forma legal, eficiente e eficaz. DICA A correspondência oficial não deverá ser aberta pelo setor de protocolo quando o seu envelope contiver as indicações de RESERVADO, CONFIDENCIAL, PARTICULAR ou expressão semelhante. DE OLHO NA DOUTRINA Considera-se correspondência toda e qualquer forma de comunicação escrita, produzida e destinada a pessoas jurídicas ou físicas, e vice-versa, bem como aquela que se processa entre órgãos e servidores de uma instituição. Quanto ao destino e procedência pode-se classificar a correspondência em externa e interna. Por externa entende-se aquela trocada entre uma instituição e outras entidades e/ou pessoas físicas, como ofícios, cartas, telegramas. Interna é a correspondência feita entre os órgãos de uma instituição. São os memorandos, despachos, circulares. Ela pode ser ainda oficial ou particular. Oficial é aquela que trata de assunto de serviço ou de interesse específico das atividades de uma instituição. Particular é a de interesse pessoal de servidores de uma instituição. Fonte: Paes (2005, p. 31) GLOSSÁRIO ARQUIVÍSTICO DOSSIÊ Conjunto de documentos relacionados entre si por assunto (ação, evento, pessoa, lugar, projeto), que constitui uma unidade de arquivamento. PROCESSO Conjunto de documentos oficialmente reunidos no decurso de uma ação administrativa ou judicial, que constitui uma unidade de arquivamento. Fonte: Dicionário de Terminologia Arquivística - 2005 46 4.4. Procedimentos Administrativos No assunto relacionado aos protocolos, merecem atenção também os
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