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Conhecimento Mítico (ARANHA, M. Temas de Filosofia. São Paulo: Moderna, 2003).

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ARANHA, M. Temas de Filosofia. São Paulo: Moderna, 2003.
O pensamento mítico
Quando pensamos em mitos, hoje, ime​diatamente lembramos de alguns mitos gre​gos, como o de Pandora, que abriu a caixa proibida soltando todos os males, restando somente a esperança, ou ainda do saci-pererê, de Tupã e outras lendas que povoa​ram a nossa infância e que têm origem nas culturas indígena ou africana.
Para nós, portanto, os mitos primitivos não passam de histórias fantasiosas que são contadas ao lado das histórias da Branca de Neve ou da Bela Adormecida.
O mito, porém, não é isso. Quando vira uma história, uma lenda, ele perde a sua for​ça de mito.
O que é o mito
O mito, entre os povos primitivos, é uma forma de se situar no mundo, is​to é, de encontrar o seu lugar entre os demais seres da natureza. E um modo ingênuo, fantasioso, anterior a toda re​flexão e não-crítico de estabelecer algu​mas verdades que não só explicam par​te dos fenômenos naturais ou mesmo a construção cultural, mas que dão, também, as formas da ação humana. Devemos salientar, entretanto, que, não sendo teórica, a verdade do mito não obedece a lógica nem da verdade empírica, nem da verdade científica. É verdade intuída, que não necessita de provas para ser aceita.
O mito nasce do desejo de domina​ção do mundo, para afugentar o medo e a insegurança. O homem, à mercê das forças naturais, que são assustadoras, passa a emprestar-lhes qualidades emo​cionais. As coisas não são mais matéria morta, nem são independentes do sujeito que as percebe. Ao contrário, es​tão sempre impregnadas de qualidades e são boas ou más, amigas ou inimigas, familiares ou sobrenaturais, fascinantes e atraentes ou ameaçadoras e repelen​tes. Assim, o homem se move dentro de um mundo animado por forças que ele precisa agradar para que haja caça abundante, para que a terra seja fértil, para que a tribo ou grupo seja protegi​do, para que as crianças nasçam e os mortos possam ir em paz.
O pensamento mítico está, então, muito ligado à magia, ao desejo, ao querer que as coisas aconteçam de um determinado modo. É a partir disso que se desenvolvem os rituais como meios de propiciar os acontecimentos deseja​dos. O ritual é o mito tomado ação.
Os exemplos são inúmeros: já nas ca​vernas de Lascaux e Altamira, o ho​mem do Paleolítico (10000 a 5000 a.C.) desenhava os animais, dentro de um estilo muito realista, e depois "atacava-os" com flechas, para garantir o êxito da caçada. Os ritos de nascimento e de morte é que vão dar ao recém-nascido um reconhecimento como ser vivo, per​tencente a uma determinada socieda​de; ou, ao defunto, a mudança de seu estatuto ontológico (de ser vivo a ser morto) e a aceitação pela comunidade dos mortos. Outro exemplo é o da ex​pulsão de uma comunidade: uma vez realizados os ritos, a pessoa expulsa não precisa sair da comunidade, pois todos os outros integrantes passarão a não vê-la, não ouvi-la, enfim, a agir como se não existisse ou não estivesse presen​te. Para a comunidade, terminado o ri​tual, a pessoa expulsa desapareceu simbolicamente, mesmo que continue de corpo presente. E essa exclusão social acaba, em geral, levando à morte.
Funções do mito
Além de acomodar e tranqüilizar o homem em face de um mundo assus​tador, dando-lhe a confiança de que, através de suas ações mágicas, o que acontece no mundo natural depende, em parte, dos atos humanos, o mito também fixa modelos exemplares de to​das as funções e atividades humanas.
O ritual é a repetição dos atos dos deuses que foram executados no início dos tempos e que devem ser imitados e repetidos para que as forças do bem e do mal se mantenham sob controle. Desse modo, o ritual "atualiza", isto é, toma atual o acontecimento sagrado que teve lugar no passado mítico.
O mito, portanto, é uma primeira fala sobre o mundo, uma primeira atribuição de sentido ao mundo, sobre a qual a afetividade e a imaginação exercem grande papel, e cuja função principal não é explicar a realidade, mas acomodar o homem ao mundo.
Características do mito
O mito primitivo é sempre um mito coletivo. O grupo, cuja sobrevivência deve ser assegurada, existe antes do in​divíduo e é só através dele que os sujeitos individuais se reconhecem enquanto tal. Explicando melhor, o sujeito só tem consciência, só se conhece co​mo parte do grupo. É através da existên​cia dos outros e do reconhecimento dos ou​tros que ele se afirma. Por isso, pode ser expulso simbolicamente: no momento em que falta o reconhecimento dos outros integrantes do grupo, ele não se reco​nhece, não se encontra mais.
Outra característica do mito é o fato de ser sempre dogmático, isto é, de apresentar-se como verdade que não precisa ser provada e que não admite contestação. A sua aceitação, então, tem de ser através da fé e da crença. Não é uma aceitação racional, e não po​de ser nem provado nem questionado. Dentro dessa perspectiva de coletivismo, a transgressão da norma, a não-obediência da regra afeta o transgres​sor e toda sua família ou comunidade. Assim é criado o tabu — a proibição —, envolto em clima de temor e sobrenaturalidade, cuja desobediência é extre​mamente grave. Só os ritos de purifi​cação ou de "bode expiatório", nos quais o pecado é transferido para um animal, podem restaurar o equilíbrio da comunidade e evitar que o castigo dos deuses recaia sobre todos.
O mito hoje
Mas, e quanto aos nossos dias, os mi​tos são diferentes? O pensamento crí​tico e reflexivo, que teve início com os primeiros filósofos, na Grécia do sécu​lo VI a. C, e o desenvolvimento do pen​samento científico a partir do século XIV, com o Renascimento, ocuparam todo o lugar do conhecimento e conde​naram à morte o modo mítico de nos situarmos no mundo humano?
Essa é a posição defendida por Au​gusto Comte, filósofo francês do sécu​lo XIX, fundador do positivismo.
Essa corrente filosófica explica a evo​lução da espécie humana em três está​dios: o mítico (teológico), o filosófico (metafísico) e o científico. Este último apresenta-se como o coroamento do de​senvolvimento humano, que não só é superior aos outros, como é o único considerado válido para se chegar à ver​dade.
Assim, ao opor o poder da razão à visão ingênua oferecida pelo mito, o po​sitivismo, de um lado, empobrece a rea​lidade humana. O homem moderno, tanto quanto o antigo, não é só razão, mas também afetividade e emoção. Se a ciência é importante e necessária à nossa construção de mundo, não ofe​rece a única interpretação válida do real. Ao contrário, a própria ciência po​de virar um mito, quando somos leva​dos a acreditar que ela é feita à margem da sociedade e de seus interesses, que mantém total objetividade e que é neu​tra. 
Negar o mito é negar uma das for​mas fundamentais da existência huma​na. O mito é a primeira forma de dar significado ao mundo: fundada no de​sejo de segurança, a imaginação cria histórias que nos tranqüilizam, que são exemplares e nos guiam no dia a-dia.
Continuamos a fazer isso pela vida afo​ra, independente de nosso desenvolvi​mento intelectual. Essa função de criar fábulas subsiste na arte popular e permeia a nossa vida diária.
Hoje em dia, os meios de comunicação de massa trabalham em cima dos desejos e anseios que existem na nos​sa natureza inconsciente e primitiva.
Os super-heróis dos desenhos ani​mados e dos quadrinhos, bem como os personagens de filmes como Rambo, Os justiceiros e outros, passam a encarnar o Bem e a Justiça e assumem a nossa proteção imaginária, exatamente por​que o mundo moderno, com inflação, seqüestros, violência e instabilidade no emprego, especialmente nos grandes centros urbanos, revela-se cada vez mais um lugar extremamente inseguro.
No campo político, certas figuras são transformadas em heróis, pregando um modelo de comportamento que prome​te combater, além da inflação, a corrup​ção, os privilégios e demais mordomias. Prometem, ainda, levar o país ao de​senvolvimento, colocando-o no Primei​ro Mundo. Prometem riqueza para to​dos. Têm de ganhar a eleição, não é?
Também artistas e esportistaspodem ser transformados em modelos exem​plares: são fortes, saudáveis, bem-alimentados, têm sucesso na profissão — sucesso que é traduzido em reconheci​mento social e poder econômico —, são excelentes pais, filhos e maridos, vivem cercados de pessoas bonitas, interes​santes e ricas. Como não mitificá-los?
Até a novela, ao trabalhar a luta en​tre o Bem e o Mal, está lidando com va​lores míticos, pré-reflexivos, que se en​contram dentro de todos nós. Aliás, nas novelas, o casamento também é trans​formado em mito: é o grande anseio dos jovens enamorados, é a solução de todos os problemas, o apaziguamento de todas as paixões e conflitos. Por is​so quase todas terminam com um ver​dadeiro festival de casamentos. 
Só que os astros transformados em mito são heróis sem poder real: têm so​mente poder simbólico no imaginário da população.
E as festas de formatura, de Ano No​vo, os trotes dos calouros, o baile de quinze anos, não são em tudo seme​lhantes aos rituais de passagem? Da morte de um estado e passagem para outro?
Assim, vemos que mito e razão se complementam nas nossas vidas. Só que o mito de hoje, se ainda tem força para inflamar paixões, como no caso dos astros, dos políticos ou mesmo de causas políticas ou religiosas, não se apresenta mais com o caráter existen​cial que tinha o mito primitivo. Ou seja, os mitos modernos não abrangem mais a totalidade do real. Podemos es​colher um mito da sexualidade (Madonna, talvez?), outro da maternidade, ou​tro do profissionalismo, sem que te​nham de ser coerentes entre si. Sem que causem uma revolução em toda nossa vida. Assim como houve uma es​pecialização do trabalho, parece que houve uma especialização dos mitos. De qualquer forma, como mito e ra​zão habitam o mesmo mundo, o pen​samento reflexivo pode rejeitar alguns mitos, principalmente os que veiculam valores destrutivos ou que levam à desumanização da sociedade. Cabe a ca​da um de nós escolher quais serão nos​sos modelos de vida. 
Mito e religião
(...) O verdadeiro substrato do mito não é de pensamento, mas de sentimen​to. O mito e a religião primitiva não são, de maneira alguma, totalmente incoe​rentes, nem destituídos de senso ou de razão; mas sua coerência depende mui​to mais da unidade de sentimento que de regras lógicas. Esta unidade é um dos impulsos mais vigorosos e profundos do pensamento primitivo. Se o pensamento científico desejar descrever e explicar a realidade será obrigado a empregar seu método geral, que é o de classificação e sistematização. A vida é dividida em províncias separadas, que se distinguem nitidamente uma da outra. As frontei​ras entre os reinos das plantas, dos animais, do homem — as diferenças entre as espécies, famílias e gêneros — são fundamentais e indeléveis. Mas a mente primitiva ignora e rejeita todas elas. Sua visão da vida é sintética e não analíti​ca; não se acha dividida em classes e subclasses, É percebida como um todo ininterrupto e contínuo, que não admite distinções bem definidas e incisivas. Os limites entre as diferentes esferas não são barreiras intransponíveis, mas fluen​tes e flutuantes. Não existe diferença específica entre os vários reinos da vida. Nada possui forma definida, invariável, estática: por súbita metamorfose qual​quer coisa pode transformar-se em qualquer coisa. Se existe algum traço carac​terístico e notável do mundo mítico, alguma lei que o governe — é a da meta​morfose. Mesmo assim, dificilmente poderemos explicar a instabilidade do mun​do mítico pela incapacidade do homem primitivo de apreender as diferenças empíricas das coisas. Neste sentido, o selvagem, muito freqüentemente, demons​tra sua superioridade em relação ao homem civilizado, por ser suscetível a inú​meros traços distintivos, que escapam à nossa atenção. Os desenhos e pinturas de animais, que encontramos nos estádios mais baixos da cultura humana, na arte paleolítica, foram amiúde admirados pelo seu caráter naturalista. Revelam assombroso conhecimento de toda sorte de formas animais. A existência intei​ra do homem primitivo depende, em grande parte, de seus dotes de observação e discriminação; se for caçador, deverá estar familiarizado com os menores de​talhes da vida animal e ser capaz de distinguir os rastros de vários animais. Tu​do isto está pouco de acordo com a presunção de que a mente primitiva, por sua própria natureza e essência, é indiferenciada ou confusa, pré-lógica ou mís​tica.
O que caracteriza a mentalidade primitiva não é sua lógica, mas seu senti​mento geral da vida. O homem primitivo não vê a natureza com os olhos do naturalista que deseja classificar coisas com a finalidade de satisfazer uma curiosidade intelectual, nem dela se acerca com um interesse puramente prag​mático ou técnico. Não a considera mero objeto de conhecimento nem o cam​po de suas necessidades práticas imediatas. Temos o hábito de dividir nossa vida nas duas esferas da atividade prática e da teórica. Nesta divisão, somos pro​pensos a esquecer que existe um estrato inferior debaixo de ambas. O homem primitivo não é vítima deste tipo de esquecimento; seus pensamentos e senti​mentos estão ainda encerrados nesse estrato original inferior. Sua visão da na​tureza não é meramente teórica nem meramente prática; é simpática. Se dei​xarmos escapar este ponto não poderemos abordar o mundo mítico. O traço mais fundamental do mito não é uma direção especial de pensamento nem uma direção especial da imaginação humana; é fruto da emoção e seu cenário emo​cional imprime, em todas as suas produções, sua própria cor específica. O ho​mem primitivo não carece, de maneira nenhuma, da capacidade de apreender as diferenças empíricas das coisas. Mas, em sua concepção da natureza e da vida, todas as diferenças são apagadas por um sentimento mais forte: a profun​da convicção de uma fundamental e indelével solidariedade da vida, que trans​põe a multiplicidade e a variedade de suas formas isoladas. Não atribui a si mes​mo um lugar único e privilegiado na escala da natureza. (...)
CASSIRER, Ernst. Antropologia filosófica. São Paulo: Mestre Jou, s.d. p. 134-136.
O mito do Superman
Uma imagem simbólica de particular interesse é a do Superman. O herói pro​vido de poderes superiores aos do homem comum é uma constante da imagi​nação popular, de Hércules a Sigfrid, de Roldão a Pantagruel e até a Peter Pan. Freqüentemente, a virtude do herói se humaniza, e os seus poderes, mais que sobrenaturais, são a alta realização de um poder natural, a astúcia, a velocida​de, a habilidade bélica, e mesmo a inteligência silogizante e o puro espírito de observação, como acontece em Sherlock Holmes. Mas numa sociedade parti​cularmente nivelada, em que as perturbações psicológicas, as frustrações, os complexos de inferioridade estão na ordem do dia; numa sociedade industrial, onde o homem se torna número no âmbito de uma organização que decide por ele, onde a força individual, se não exercitada na atividade esportiva, permane​ce humilhada diante da força da máquina que age pelo homem e determina os movimentos mesmos do homem — numa sociedade de tal tipo, o herói positi​vo deve encarnar, além de todo limite pensável, as exigências de poder que o cidadão comum nutre e não pode satisfazer.
O Superman é o mito típico de tal gênero de leitores: o Superman não é um terráqueo, mas chegou à Terra, ainda menino, vindo do planeta Crípton. Crípton estava para ser destruído por uma catástrofe cósmica e o pai do Su​perman, hábil cientista, conseguira pôr o filho a salvo, confiando-o a um veícu​lo espacial. Crescido na Terra, o Superman vê-se dotado de poderes sobre-humanos. Sua força é praticamente ilimitada, ele pode voar no espaço a uma velocidade igual à da luz, e quando ultrapassa essa velocidade atravessa a bar​reira do tempo, e pode transferir-se para outras épocas. Com a simples pres​são das mãos, pode submeter o carbono a uma tal temperatura que o transfor​ma em diamante; em poucos segundos, a uma velocidade supersônica, pode derrubar uma floresta inteira, transformar árvores em toros e construir com elesuma aldeia ou um navio; pode perfurar montanhas, levantar transatlânti​cos, abater ou edificar diques; seus olhos de raios X permitem-lhe ver através de qualquer corpo, a distâncias praticamente ilimitadas, fundir com o olhar objetos de metal; seu superouvido coloca-o em condições vantajosíssimas, permitindo-lhe escutar discursos de qualquer ponto que provenham. É belo, humilde, bom e serviçal: sua vida é dedicada à luta contra as forças do mal e a polícia tem nele um colaborador incansável.
Todavia, a imagem do Superman não escapa totalmente às possibilidades de identificação por parte do leitor. De fato, o Superman vive entre os homens sob as falsas vestes do jornalista Clark Kent; e, como tal, é um tipo aparentemente medroso, tímido, de medíocre inteligência, um pouco embaraçado, míope, súcubo da matriarcal e mui solícita colega Miriam Lane, que, no entanto, o des​preza, estando loucamente enamorada do Superman. Narrativa mente, a dupla identidade do Superman tem uma razão de ser, porque permite articular de modo bastante variado a narração das aventuras do nosso herói, os equívocos, os lances teatrais, um certo suspense próprio de romance policial. Mas, do ponto de vista mito poético, o achado chega mesmo a ser sapiente: de fato, Clark Kent personaliza, de modo bastante típico, o leitor médio torturado por complexos e desprezado pelos seus semelhantes; através de um óbvio processo de identifi​cação, um accountant qualquer, de uma cidade norte-americana qualquer, nu​tre secretamente a esperança de que um dia, das vestes da sua atual personali​dade, possa florir um super-homem capaz de resgatar anos de mediocridade.
ECO, Umberto. Apocalípticos e integrados. São Paulo: Perspectiva, 1970, p. 246-248.

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