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ANTEPROJETO ARQUITETÔNICO DE UM NOVO ABRIGO INSTITUCIONAL PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES NO MUNICÍPIO DE FREDERICO WESTPHALEN - RS

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UNIDADE CENTRAL DE EDUCAÇÃO FAI FACULDADES - UCEFF 
CENTRO UNIVERSITÁRIO FAI 
CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANTEPROJETO ARQUITETÔNICO DE UM NOVO ABRIGO INSTITUCIONAL 
PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES NO MUNICÍPIO DE FREDERICO 
WESTPHALEN – RS 
 
 
 
 
 
 
 
 
MAIARA MAGRI 
Monografia Pré TCC 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Itapiranga (SC), agosto de 2018. 
 
 
 
MAIARA MAGRI 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANTEPROJETO ARQUITETÔNICO DE UM NOVO ABRIGO INSTITUCIONAL 
PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES NO MUNICÍPIO DE FREDERICO 
WESTPHALEN – RS 
 
 
 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) apresentado ao 
Curso de Arquitetura e Urbanismo como requisito parcial 
para obtenção do título de Bacharel em Arquitetura e 
Urbanismo pelo Centro Universitário FAI, de Itapiranga. 
 
 
 
 
 
Orientador: Prof. Ma. Gracielle Rodrigues da Fonseca Rech 
 
 
 
 
 
 
 
 
Itapiranga (SC), agosto de 2018. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho aos meus pais com 
todo meu amor e admiração, e a todas as 
crianças e adolescentes do Lar São 
Francisco. 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
Primeiramente agradeço a Deus pela vida, e por se fazer presente em todos os momentos 
dela. Por todas as oportunidades até então vivenciadas, e principalmente por me conceder força 
e determinação no desenvolvimento deste gratificante trabalho. 
À Mãe Três Vezes Admirável de Schoenstatt por sempre me amparar nos momentos 
mais difíceis e me completar nos felizes. Por me confortar e me dar coragem durante o trabalho, 
especialmente nos momentos em que achei que não poderia ir mais adiante. 
À minha família, em especial aos meus pais Ademir Magri e Izabel Magri, e minha irmã 
Tamara Magri, obrigada por sempre acreditarem e sonharem juntamente comigo. Agradeço por 
todo apoio e confiança que sempre me prestaram. 
À minha amiga Kaliane Peretto, por sempre estar ao meu lado, principalmente nesta 
fase, me auxiliando e me motivando. 
Aos meus colegas de turma que sempre me ajudaram e me motivaram durante o 
desenvolvimento desta monografia, no qual tornaram esse período mais alegre e agradável. 
A todos os professores que passaram pela minha graduação e aos que colaboraram no 
desenvolvimento desta pesquisa, em especial a minha querida orientadora Profª Ma. Gracielle 
Rodrigues da Fonseca Rech, agradeço de coração por todo carinho, paciência e incentivo 
durante a realização deste trabalho. 
À todas as crianças e adolescentes acolhidos no Lar São Francisco, pela recepção 
calorosa durante as visitas a instituição. E por me proporcionarem as sensações de satisfação e 
entusiasmo com relação ao meu tema. 
Muito obrigada a todos que contribuíram e me auxiliaram para a conclusão desta etapa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Só é possível ensinar uma criança a amar, amando-a.” 
 Johann Goethe 
 
 
 
RESUMO 
O presente trabalho manifestou-se por conta da necessidade de apresentar uma nova estrutura 
física para a instalação do abrigo institucional Lar São Francisco, situado no município de 
Frederico Westphalen, onde o mesmo tem por objetivo acolher crianças e adolescentes de 0 a 
18 anos incompletos que se encontrem em situação de risco e vulnerabilidade. Sendo que a atual 
edificação não comporta a demanda existente, pois atende a sete municípios do Noroeste do 
Rio Grande do Sul e apresenta uma crescente procura. Partindo dessa problemática busca-se 
propor um anteprojeto que atenda a todas as determinações e necessidades, já que este serviço 
comunitário é de extrema importância e possui em grau de complexidade, pois trabalha com 
um grupo social que apresenta uma instabilidade emocional e física, potencializadas quando 
sofrem algum tipo de violência ou abuso, podendo comprometer seu crescimento e 
amadurecimento. No desenvolvimento desta investigação empregou-se o método de pesquisa 
exploratório e qualitativo, onde buscou-se adquirir o maior número de informações relevantes 
ao tema a partir da leitura, análise bibliográfica e estudos de caso relativo aos abrigos 
institucionais através de livros, teses, artigos, jornais, análise de documentos e entre outros. 
Após realizada a apuração dos dados pertinentes para auxilio da propositura, iniciou-se o 
levantamento da área a ser implantada a entidade, sendo que a mesma segue as exigênc ias 
impostas pela Cartilha de Orientações Técnicas: Serviço de Acolhimento para Crianças e 
Adolescentes e ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), referindo-se a diretriz e lei 
condizente a este oficio, válidas em todo Brasil. Deste modo a proposta objetiva criar um 
ambiente aconchegante, confortável e que proporcione espaços adequados para a apropriação, 
integração e socialização entre os assistidos e seus familiares durante o dia da visita, sendo este 
um momento muito importante para os mesmos ao longo do período de acolhimento. 
 
Palavras-chave: Infância e adolescência, Acolhimento institucional, Arquitetura de abrigo. 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
Figura 01 - Rodas dos Expostos ou dos Enjeitados..................................................................43 
Figura 02 – Quadro Sinótico.....................................................................................................63 
Figura 03 - Casa de Acolhimento para Menores. .....................................................................71 
Figura 04 - Sócios fundadores do escritório Cebra...................................................................71 
Figura 05 - Localização Kerteminde.........................................................................................72 
Figura 06 - Entorno Casa de Acolhimento para Menores.........................................................73 
Figura 07 - Diagrama de identificação de formas arquitetônicas..............................................74 
Figura 08 - Fachada típica de casas dinamarquesa....................................................................74 
Figura 09 - Diagrama interligação volumes..............................................................................75 
Figura 10 - Volumes..................................................................................................................75 
Figura 11 - Diagrama diferentes usos sótão..............................................................................76 
Figura 12 - Fachada com diferentes paginações.......................................................................76 
Figura 13 - Implantação............................................................................................................77 
Figura 14 - Planta baixa térreo..................................................................................................78 
Figura 15 - Planta baixa primeiro pavimento............................................................................79 
Figura 16 - Fachada frontal e posterior.....................................................................................80 
Figura 17 - Fachadas laterais.....................................................................................................80 
Figura 18 - Planta baixa esquemática sistema estrutural...........................................................81 
Figura 19 - Fachadas frontale posterior esquemática iluminação natural................................82 
Figura 20 - Fachadas laterais esquemática iluminação natural.................................................82 
Figura 21 - Planta baixa esquemática de aberturas...................................................................83 
Figura 22 - Iluminação natural..................................................................................................84 
Figura 23 - Volume / massa......................................................................................................85 
Figura 24 - Plantas baixas esquemática primeira e segunda unidade e conjunto......................86 
Figura 25 - Repetição de retângulos em planta esquemática....................................................87 
Figura 26 - Repetição de quadrados, retângulos e pentágonos na fachada esquemática..........87 
Figura 27 - Fachada com elementos repetitivos........................................................................88 
Figura 28 - Plantas baixas esquemáticas circulações internas..................................................89 
Figura 29 - Planta baixa e fachada esquemática com assimétrica e com equilíbrio total.........89 
Figura 30 - Planta baixa e fachada esquemática com adição e subtração de massas................90 
Figura 31 - Centro de Bem-Estar para Crianças e Adolescentes..............................................91 
Figura 32 - Sócios Marjan Hessamfar e Joe Vérons.................................................................92 
 
 
 
Figura 33 - Localização Paris....................................................................................................93 
Figura 34 - Entorno Centro de Bem-Estar para Crianças e Adolescentes.................................93 
Figura 35 - Áreas recreativas....................................................................................................95 
Figura 36 - Materiais utilizados nas elevações..........................................................................96 
Figura 37 - Implantação............................................................................................................96 
Figura 38 - Planta Baixa térreo.................................................................................................97 
Figura 39 - Planta Baixa primeiro pavimento...........................................................................98 
Figura 40 - Planta Baixa segundo pavimento............................................................................99 
Figura 41 - Planta Baixa terceiro pavimento...........................................................................100 
Figura 42 - Planta Baixa quarto pavimento.............................................................................101 
Figura 43 - Planta Baixa quinto pavimento.............................................................................102 
Figura 44 - Corte transversal A...............................................................................................103 
Figura 45 - Corte longitudinal B.............................................................................................103 
Figura 46 - Planta baixa esquemática sistema estrutural.........................................................104 
Figura 47 - Planta baixa esquemática de aberturas.................................................................105 
Figura 48 - Corte esquemático de aberturas............................................................................105 
Figura 49 - Aberturas e terraço...............................................................................................106 
Figura 50 - Volume / Massa....................................................................................................106 
Figura 51 - Plantas baixas esquemática de todas as unidades.................................................107 
Figura 52 - Plantas escalonadas..............................................................................................108 
Figura 53 - Repetição de retângulos em planta esquemática..................................................108 
Figura 54 - Repetição de retângulos, terraços e persianas em corte esquemático...................109 
Figura 55 - Planta baixa térreo esquemática circulações internas...........................................110 
Figura 56 - Escadas internas....................................................................................................110 
Figura 57 - Planta baixa e corte esquemático com assimétrica e com equilíbrio local...........111 
Figura 58 - Planta baixa e corte esquemático com adição e subtração de massas..................112 
Figura 59 - Moradias Infantis..................................................................................................113 
Figura 60 - Arquitetos do escritório Aleph Zero.....................................................................114 
Figura 61 - Marcelo Rosenbaum.............................................................................................114 
Figura 62 - Localização Formoso do Araguaia.......................................................................114 
Figura 63 - Entorno Moradias Infantis....................................................................................115 
Figura 64 - Utilização da madeira na construção....................................................................116 
Figura 65 - Áreas de convívio centrais....................................................................................117 
Figura 66 - Planta baixa técnica térreo....................................................................................118 
 
 
 
Figura 67 - Planta baixa técnica primeiro pavimento.............................................................118 
Figura 68 - Corte longitudinal A.............................................................................................119 
Figura 69 - Corte transversal B...............................................................................................119 
Figura 70 - Corte longitudinal C.............................................................................................119 
Figura 71 - Fachada frontal e lateral.......................................................................................119 
Figura 72 - Planta baixa esquemática sistema estrutural.........................................................120 
Figura 73 - Estrutura madeira..................................................................................................121 
Figura 74 - Planta baixa esquemática de aberturas.................................................................121 
Figura 75 - Corte esquemático de aberturas............................................................................122 
Figura 76 - Volume / massa....................................................................................................122 
Figura 77 - Plantas baixas esquemática primeira e segunda unidade e conjunto....................123 
Figura 78 - Repetição e singularidade de formas em planta esquemática...............................124 
Figura 79 - Repetição de formas e elementos em fachada esquemática.................................124 
Figura 80 - Circulações em planta baixa térreo esquemática..................................................125 
Figura 81 - Circulações em planta baixa primeiro pavimento esquemática...........................125 
Figura 82 - Planta baixa e fachada esquemática com total simetria e equilíbrio....................126 
Figura 83 - Fachada horizontal................................................................................................126 
Figura 84 - Planta baixa e fachada esquemática com adição e subtraçãode massas..............127 
Figura 85 - Localização Rio Grande do Sul e Frederico Westphalen.......................................129 
Figura 86 - Frederico Westphalen e seus acessos.....................................................................130 
Figura 87 - Inserção urbana em Frederico Westphalen............................................................131 
Figura 88 - Terreno com indicação de fotos.............................................................................132 
Figura 89 - Foto 1.....................................................................................................................132 
Figura 90 - Foto 2.....................................................................................................................133 
Figura 91 - Foto 3.....................................................................................................................133 
Figura 92 - Foto 4.....................................................................................................................133 
Figura 93 - Foto 5.....................................................................................................................134 
Figura 94 - Foto 6.....................................................................................................................134 
Figura 95 - Possíveis acessos ao lote........................................................................................135 
Figura 96 - Condicionantes físicas do lote...............................................................................136 
Figura 97 - Topografia do terreno............................................................................................137 
Figura 98 - Cortes topográficos transversais A-A e B-B..........................................................138 
Figura 99 - Cortes topográficos longitudinais C-C e D-D........................................................138 
Figura 100 - Corte topográfico diagonal E-E...........................................................................139 
 
 
 
Figura 101 - Vegetação............................................................................................................139 
Figura 102 - Ruídos..................................................................................................................140 
Figura 103 - Infraestrutura urbana...........................................................................................141 
Figura 104 - Transporte Escolar...............................................................................................142 
Figura 105 - Sistema viário......................................................................................................143 
Figura 106 - Ocupação do solo.................................................................................................144 
Figura 107 - Equipamentos e serviços no entorno....................................................................145 
Figura 108 - Gabarito...............................................................................................................146 
Figura 109 - Qualidade construtiva..........................................................................................147 
Figura 110 - Fundo figura........................................................................................................148 
Figura 111 - Localização lotes com relação as zonas de interesse do município......................149 
Figura 112 - Organograma e fluxograma.................................................................................159 
Figura 113 - Estudo de manchas...............................................................................................160 
Figura 114 - Croqui 1...............................................................................................................161 
Figura 115 - Croqui 2...............................................................................................................162 
Figura 116 - Croqui 3...............................................................................................................162 
 
 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
Tabela 01 - Requisitos de Ocupação do Solo..........................................................................149 
Tabela 02 - Pré-dimensionamento setor administrativo..........................................................154 
Tabela 03 - Pré-dimensionamento setor social.......................................................................154 
Tabela 04 - Pré-dimensionamento setor íntimo......................................................................155 
Tabela 05 - Pré-dimensionamento setor serviços gerais.........................................................156 
Tabela 06 - Pré-dimensionamento setor externo.....................................................................157 
Tabela 07 - Pré-dimensionamento total edificação.................................................................158 
Tabela 08 - Pré-dimensionamento total..................................................................................158 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
ABNT – Associação Brasileira de Normas técnicas 
CILASFRA – Consórcio Intermunicipal Lar de Acolhimento São Francisco 
CMDCA – Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente 
CONANDA – Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente 
DST – Doenças sexualmente transmissíveis 
SE – Sudeste 
ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente 
EUA – Estados Unidos da América 
GLP – Gás Liquefeito de Petróleo 
IA – Índice de aproveitamento 
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada 
MNMMR – Movimento Nacional dos Meninos e Meninas de Rua 
NO – Noroeste 
OMS - Organização Mundial da Saúde 
ONGs – Organizações não Governamentais 
ONU – Organização das Nações Unidas 
PCD – Pessoa com deficiência 
SUAS – Sistema Único de Assistência Social 
SUS – Sistema Único de Saúde 
TO – Taxa de ocupação 
ZR3 – Zona Residencial 3 
 
 
 
 
 
LISTA DE SÍMBOLOS 
§ – Parágrafo 
I – Inciso 
 
 
 
SUMÁRIO 
AGRADECIMENTOS ............................................................................................................. 4 
RESUMO ................................................................................................................................... 6 
LISTA DE FIGURAS ............................................................................................................... 7 
LISTA DE TABELAS ............................................................................................................ 11 
LISTA DE QUADROS ................................................................. Erro! Indicador não definido. 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ........................................................................... 12 
LISTA DE SÍMBOLOS ......................................................................................................... 13 
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 17 
1.1 APRESENTAÇÃO DO ASSUNTO (TEMA)................................................................... 18 
1.2 PROBLEMA E JUSTIFICATIVA .................................................................................... 18 
1.3 OBJETIVOS ...................................................................................................................... 22 
1.3.1 Objetivo geral ................................................................................................................22 
1.3.2 Objetivos específicos ..................................................................................................... 22 
2. METODOLOGIA .............................................................................................................. 23 
3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .................................................................................... 24 
3.1 A CRIANÇA E O ADOLESCENTE ................................................................................. 24 
3.1.1 Perfil de crianças e adolescentes em situação de risco ............................................... 28 
3.1.2 Consequências causadas pela violência e abusos na infância e adolescência ........... 32 
3.1.3 Processos judiciários da retirada provisória ou definitiva da guarda ...................... 35 
3.2 BREVE HISTÓRICO DA EVOLUÇÃO DAS INSTITUIÇÕES NO MUNDO ............... 39 
3.2.1 Breve histórico no Brasil ............................................................................................... 42 
3.3 O ACOLHIMENTO E SUAS MODALIDADES .............................................................. 46 
3.3.1 Características espaciais das instituições de acolhimento institucional.................... 49 
3.3.2 O ambiente da casa ........................................................................................................ 54 
3.4 LEGISLAÇÕES PERTINENTES AO TEMA ................................................................... 59 
3.4.1 Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) ............................................................. 59 
 
 
 
3.4.2 Direitos das crianças e adolescentes ............................................................................. 64 
3.4.3 Normativas de Acessibilidade ....................................................................................... 68 
4. RESULTADOS DA PESQUISA....................................................................................... 70 
4.1 ESTUDOS DE CASO ....................................................................................................... 70 
4.1.1 Casa de Acolhimento para Menores / CEBRA ........................................................... 70 
4.1.2 Centro de Bem-Estar para Crianças e Adolescentes / Marjan Hessamfar & Joe 
Vérons ...................................................................................................................................... 91 
4.1.3 Moradias Infantis / Rosenbaum + Aleph Zero ......................................................... 113 
5. DIRETRIZES DE PROJETO ........................................................................................ 128 
5.1 HISTÓRICO DA ÁREA .................................................................................................. 128 
5.2 INSERÇÃO URBANA .................................................................................................... 130 
5.2.1 Levantamento da área ................................................................................................. 131 
5.2.2 Acessos .......................................................................................................................... 134 
5.2.3 Condicionantes físicas ................................................................................................. 135 
5.2.4 Agentes poluidores ....................................................................................................... 140 
5.2.5 Infraestrutura urbana ................................................................................................. 141 
5.2.6 Transporte público ...................................................................................................... 142 
5.2.7 Sistema viário ............................................................................................................... 143 
5.2.8 Ocupação do solo ......................................................................................................... 144 
5.2.9 Equipamentos e serviços ............................................................................................. 145 
5.2.10 Gabarito ...................................................................................................................... 146 
5.2.11 Qualidade construtiva ............................................................................................... 147 
5.2.12 Fundo figura ............................................................................................................... 148 
5.2.13 Legislação ................................................................................................................... 149 
5.3 PERFIL E DEMANDA .................................................................................................... 150 
5.4 CONCEITO ...................................................................................................................... 151 
5.5 PROGRAMA DE NECESSIDADES ............................................................................... 151 
 
 
 
5.6 PRÉ-DIMENSIONAMENTO .......................................................................................... 153 
5.7 ORGANOGRAMA E FLUXOGRAMA.......................................................................... 158 
5.8 ESTUDO DE MANCHAS ............................................................................................... 160 
5.9 PARTIDO ARQUITETÔNICO ....................................................................................... 161 
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................... 163 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................ 165 
ANEXOS................................................................................................................................ 172 
ANEXO 01 - CONSÓRCIO INTERMUNICIPAL LAR DE ACOLHIMENTO SÃO 
FRANCISCO......................................................................................................................... 172 
ANEXO 02 – CONSELHO TUTELAR DE FREDERICO WESTPHALEN ................. 173 
ANEXO 03 – CONSELHO TUTELAR DE VISTA ALEGRE ........................................ 174 
 
17 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
O número de crianças e adolescentes que sofrem algum tipo de violência, abuso, 
exploração ou abandono tem crescido ano a ano no mundo todo. Sendo que esses 
acontecimentos desencadeiam problemas psicológicos e físicos ao longo da vida das vítimas. 
Estes casos muitas vezes ocorrem pela desigualdade social e econômica que a atual sociedade 
vive. E como forma de mitigar essas situações os abrigos que prestam acolhimento a infantes 
desempenham um papel muito importante, pois oferecem segurança e cuidados de subsistênc ia. 
Portanto esses locais devem proporcionar situações agradáveis e prazerosas aos acolhidos 
durante a passagem, por conta de servir como uma residência. Sendo que o espaço construído 
tem uma forte ligação com as sensações e emoções dos usuários (TRINDADE e SILVA, 2005). 
Mas, contudo, a realidade que se vê são de entidades locadas em edificações 
improvisadas, onde a estrutura física não comporta a demanda a ser atendida, ocasionando 
limitações no programa de necessidades, atividades e outras práticas exercidas pelo serviço. 
Então é de suma importância que as instituições sejam estabelecidas em locais apropriados e 
propícios (SAVI, 2008). 
Tendo em vista a atual edificação em que o Lar São Francisco está instalado no 
município de Frederico Westphalen, sendo que a mesma desempenhava funções residencia is 
até o momento, nota-se a necessidade em propor uma nova instalação, que oportune qualidade 
de vida e bem-estar aos acolhidos, bem como colaboração no futuro dos mesmos. 
Por conseguinte,o principal objetivo da pesquisa é desenvolver um anteprojeto para o 
abrigo institucional Lar São Francisco, com o propósito de reparar o problema atualmente 
vivenciado, onde a proposta busca proporcionar um espaço acolhedor e confortável aos 
acolhidos. Já os objetivos específicos visam compreender o histórico das instituições no geral 
e as atividades nelas exercidas, e ainda abarcar as legislações condizentes ao tema para a 
concepção da proposta. 
 A relevância da pesquisa pode ser observada na crescente demanda de crianças e jovens 
que necessitam da medida protetiva, e consequentemente do acolhimento provisório, sendo que 
o abrigo atende a sete municípios da região, gerando uma alta procura pelo serviço social. O 
atendimento além de oportunizar condições dignas de vida, proporciona o sentimento de 
família, afeto e cuidado, transformando a realidade de muitos assistidos. 
 A metodologia empregada na pesquisa ocorreu de forma exploratória e qualitat iva, 
sendo que buscou-se alcançar o maior número de dados pertinentes ao assunto, com base de 
leitura, análise bibliográfica e estudos de caso referente a abrigos institucionais através de 
18 
 
 
livros, teses, artigos, jornais, análise de documentos e entre outros. Estes que propiciaram 
conhecimentos necessários para o desenvolvimento da proposta central. 
 A pesquisa organizou-se em seis capítulos, sendo que o primeiro faz apresentação do 
tema, expondo o problema e a justificativa e relevância da proposta, bem como os objetivos a 
serem traçados no decorrer do trabalho. No segundo capítulo foi abordado a metodologia de 
pesquisa que o estudo utilizou em seu desenvolvimento. Já no terceiro capítulo, apresentou-se 
a base teórica, onde foi tratado a questão da criança e do adolescente, os históricos de 
instituições de acolhimento no mundo e no Brasil. Ainda as formas de acolhimento e suas 
modalidades, e por fim as legislações pertinentes ao tema, nas quais determinam alguns 
princípios arquitetônicos e funcionais com relação a instalação da entidade. 
O quarto capítulo traz três estudos de caso semelhantes ao assunto, sendo que atentou-
se a questões funcionais, formais, plásticas e conceituais que os mesmos ofereciam, 
proporcionando uma base de inspiração para a construção da proposta. O quinto capítulo 
identifica o terreno escolhido para a instalação do anteprojeto, igualmente todo o levantamento 
realizado em seu entorno, oportunizando inteirar-se das condicionantes, deficiências e 
potencialidades da área a ser intervinda. Ainda o mesmo descreve o conceito, programa de 
necessidades, organograma e fluxograma, estudos de manchas e partido arquitetônico 
desenvolvido para a proposta. Por fim o sexto capítulo trata das considerações finais, onde o 
mesmo expõe quais resultados a pesquisa proporcionou, e ainda se todos os objetivos traçados 
inicialmente foram alcançados. 
1.1 APRESENTAÇÃO DO ASSUNTO (TEMA) 
O tema da pesquisa compreende a proposta de um anteprojeto arquitetônico para um 
novo espaço do abrigo institucional de crianças e adolescentes Lar São Francisco, localiza do 
no município de Frederico Westphalen – RS. O novo projeto visa desenvolver um ambiente 
amplo, acolhedor e seguro aos usuários, bem como melhorar a qualidade de vida durante a 
passagem pelo abrigo. 
1.2 PROBLEMA E JUSTIFICATIVA 
A Organização Mundial da Saúde (OMS) informou que 40 milhões de crianças e 
adolescentes, com idade inferior a 15 anos, sofrem anualmente várias situações de violênc ia . 
19 
 
 
Esse número demonstra como a agressão dentro ou fora de casa ameaça o futuro de tantos 
jovens (TRINDADE e SILVA, 2005). 
Ainda no ano de 2002 na jornada de psiquiatria dinâmica, John Sargent1 revelou que 
para cada cinco meninas e para cada dez meninos, um é vítima de abuso sexual no mundo todo 
(DAY et al., 2003). 
De acordo com Pires (2000 apud TRINDADE e SILVA, 2005), crianças e jovens que 
sofrem violência e abusos na infância e na adolescência tem tendência a criar isolamento social, 
envolvimento com drogas e álcool, problemas psicológicos e emocionais e a repetição destes 
atos com outras pessoas. 
Segundo Araújo (2002), essa crescente demanda de casos de exploração e maus-tratos 
contra crianças e adolescentes, que aumentam ano após ano no Brasil e no mundo todo, criam 
um aspecto crucial para a sociedade. Dentre os fatores que ocasionam esse crescimento está a 
desigualdade social, econômica, cultural e a dissipação de drogas e similares. 
Desta forma os abrigos institucionais espalhados pelo Brasil desempenham um papel 
muito importante na assistência social, seguindo as diretrizes do Estatuto da Criança e do 
Adolescente (ECA), tem a finalidade de acolher e garantir a segurança de crianças e 
adolescentes de 0 a 18 anos incompletos, de ambos os sexos que estão em situação de risco 
(ROSSATO, LÉPORE e CUNHA, 2010). 
Por conta dos abrigos assumirem temporariamente o papel da família e repassarem 
princípios e concepções da vida no momento de criação da personalidade do usuário, é de suma 
importância que o ambiente transmita sensações positivas, sendo elas de acolhimento, 
segurança e afetividade, estas quando reconhecidas no espaço físico tendem a torna-lo mais 
agradável (SAVI, 2008). Ainda Brasil (2017) afirma que esses locais devem se assemelhar 
arquitetonicamente a um lar e estimular a criação de uma rotina. É importante também que a 
estrutura física atenda ao programa de necessidades e a demanda local. 
Proporcional ao panorama Brasileiro, a região do noroeste gaúcho vinha sofrendo ao 
longo dos anos com ocorrências de violência, abandono, abusos, entre outras situações de risco , 
contra crianças e adolescentes, estes que são protegidos e assegurados pelo ECA. E como forma 
de atendimento a esses casos, no dia 08 de outubro de 2013 foi inaugurada a constituição do 
Consórcio Intermunicipal Lar de Acolhimento São Francisco (CILASFRA) no município de 
Frederico Westphalen, sendo a sede da Comarca da região (Anexo 01) (CILASFRA, 2017). 
 
1 Componente do conselho administrativo da agência de atendimento social Graham Windham, localizada em 
Nova York - EUA (ASSOCIATION OF AMERICAN PUBLISHERS, 2015). 
20 
 
 
O serviço oportuna atendimento aos sete municípios integrantes do Consórcio, sendo 
eles Frederico Westphalen (sede), Caiçara, Palmitinho, Pinheirinho do Vale, Taquaruçu do Sul, 
Vicente Dutra e Vista Alegre, todos localizados no entorno da Comarca. O abrigo tem o intuito 
de oferecer um espaço de proteção provisório, proposto para atender crianças e adolescentes, 
onde as mesmas encontram-se vulneráveis, abandonadas, ou que a família não apresenta 
condições de assegurar proteção e cuidados aos mesmos. Em primeiro momento o atendimento 
funciona como um abrigo temporário até que suceda a readequação da família natural, caso 
ocorra a impossibilidade é realizado um direcionamento para a família substituta (JORNAL O 
ALTO URUGUAI, 2014). 
No mês de março de 2014 o abrigo institucional Lar São Francisco foi inaugurado no 
Centro de Frederico Westphalen, em uma edificação improvisada, que antes tinha finalidade 
residencial, passando por adaptações e abrigando crianças e adolescentes da região (JORNAL 
O ALTO URUGUAI, 2014). 
Por ser um serviço provisório, o reflexo visto por conta da escassez de recursos e a 
deficiência por parte de regulamentação de projetos e locais para implantação deste ofício, é 
comum ver edificações adaptadas para esta função, desconsiderando por muitas vezes o 
programa de necessidades e a demanda, criando assim locais improvisados (SAVI, 2008). 
Como já descrito, o endereço inaugural do Lar São Francisco em 2014, era uma 
adaptação de uma residência,e dois anos após a abertura, a casa começou a apresentar 
problemas por falta de estrutura física, devido ao crescimento da demanda regional. Naquele 
momento o abrigo acolhia 22 crianças e adolescentes, sendo que tinha estrutura física para 
atender 20 acolhidos. Com isso foi necessário a procura por um novo local para implantação da 
entidade, com o objetivo de proporcionar um ambiente estruturado, amplo, acolhedor e que 
atendesse da melhor forma os assistidos (JORNAL O ALTO URUGUAI, 2016). 
Ocorrendo da mesma forma que a primeira sede, uma edificação improvisada que antes 
da instalação tinha ocupação residencial, o novo local onde o abrigo foi implantado, passou por 
adaptações e abrigou 21 crianças e adolescentes no momento da mudança em 2017. Sendo este 
novo espaço mais apropriado para a locação deste serviço, com uma estrutura física maior e 
melhor, mas, contudo, apresenta algumas deficiências em sua composição, não atendendo a 
demanda regional e limitando algumas atividades (FOLHA DO NOROESTE, 2017). 
21 
 
 
Segundo o Conselho Tutelar2 de Frederico Westphalen (2018) (Anexo 02), o mesmo 
teve 806 casos de atendimentos contra crianças e jovens do município durante o ano de 2017. 
Sendo elas por conflito familiar, ameaças, internação, fuga de casa, suspeita de abuso, maus-
tratos, infrequência escolar, drogadição e outras, onde deste total, nove receberam assistência 
no abrigo institucional Lar São Francisco. Já o Conselho Tutelar de Vista Alegre (2018) (Anexo 
03), informou que teve 214 ocorrências de atendimentos no mesmo ano, onde dez infantes 
receberam assistência provisória na casa de acolhimento. Sendo que esses números são 
declarados apenas de dois municípios em questão, tendo mais cinco municípios que foram 
atendidos neste mesmo período. Desta forma percebe-se o grande número de crianças e jovens 
que necessitam do amparo do acolhimento institucional na região do noroeste gaúcho. 
Outro argumento que sustenta o interesse pelo tema e projeto proposto, é a aproximação 
da acadêmica com a instituição. Essa afinidade possibilitou ter uma ampla visão de como 
funciona este serviço comunitário, e da sua relevância social para a região. Observou-se o 
quanto é importante que o ambiente do mesmo seja acolhedor, seguro e confortável para os 
acolhidos no momento da passagem pela casa. A expectativa é que com a proposta do novo 
abrigo, os acolhidos terão uma qualidade de vida melhor, diversas possibilidades de atividades 
internas, segurança, entre outras melhorias, transformando essa passagem em um momento 
mais agradável e contribuindo de forma positiva na formação da personalidade dos abrigados. 
Partindo dessa necessidade de atender com o serviço de acolhimento infantil a todos os 
municípios participantes do Consórcio Intermunicipal, observou-se a real necessidade de propor 
um projeto arquitetônico idealizado especialmente para este fim, buscando assim priorizar a 
qualidade de vida dos abrigados e garantir a todos os direitos estabelecidos pelo ECA. 
Com objetivo de desenvolver um abrigo mais amplo e acolhedor aos assistidos, 
questiona-se: como elaborar um novo abrigo institucional de crianças e adolescentes para 
o município de Frederico Westphalen – RS, focando na melhoria da qualidade de vida e 
bem-estar no período de acolhimento e auxílio na transformação do futuro dos abrigados? 
 
2 Conselho Tutelar é um órgão formado por cidadãos selecionados pela sociedade, estes têm a função de prevenir 
averiguar denúncias anônimas e de tomar providências em casos de violências e abusos a crianças e jovens 
(TAVARES, 2017). 
 
22 
 
 
1.3 OBJETIVOS 
A pesquisa apresenta um objetivo geral, onde o mesmo norteia toda a exploração e a que 
finalidade busca-se com o trabalho, e aponta cinco objetivos específicos, estes que procuram 
contribuir para que o objetivo final seja alcançado. 
1.3.1 Objetivo geral 
Desenvolver um anteprojeto arquitetônico de um novo espaço amplo e acolhedor para o 
abrigo institucional Lar São Francisco, localizado em Frederico Westphalen – RS. 
1.3.2 Objetivos específicos 
 Pesquisar o histórico de abrigos e atividades desenvolvidas pelas crianças e 
adolescentes. 
 Compreender o trabalho social proporcionado pelos abrigos. 
 Conhecer as principais diretrizes do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) 
seguidas pelos abrigos. 
 Analisar três estudos de caso relativos ao tema para melhor compreensão do assunto 
proposto. 
 Elaborar um anteprojeto arquitetônico para o abrigo institucional de Frederico 
Westphalen – RS. 
 
 
2. METODOLOGIA 
Esta pesquisa consiste em análise de caráter exploratório e qualitativo, com a finalidade 
de desenvolver pesquisas e levantamentos sobre o tema em questão, de forma que a 
compreensão seja baseada em aspectos reais através de percepções e análises. Segundo Flick 
(2009), pesquisas qualitativas são pertinentes a análise de conteúdos de cunho social, onde 
avalia as diversas conjunções da vida, sendo que distinguem os traços das diferentes populações 
como forma de obter uma verificação característica. 
Conforme Godoy (1995), pesquisas de índole qualitativa utilizam observação objetiva 
da realidade para exploração, sendo que a fonte de informações e fatos é o espaço natural, e o 
investigador é a ferramenta necessária para a averiguação. Essa forma de pesquisa é 
caracterizada pela atenção as ações práticas no ambiente. 
O contato direto do observador com o local a ser explorado é valorizado nessa forma de 
análise, pois, os materiais encontrados são através da coleta de dados, fotografias, vídeos, ou 
outras formas de mídia e, portanto, essa convivência com o meio a ser pesquisado facilita a 
compreensão. Sendo que a escrita compõe esse formato de investigação, tanto no momento do 
levantamento dos fatos, como no período da percepção dos resultados, sendo dada devida 
importância em todo o processo e não somente as respostas encontradas (GODOY, 1995). 
O método utilizado na presente pesquisa é descritivo e explicativo, onde é realizada uma 
observação dos fatos e conclusão generalizada sobre o contexto. A metodologia aplicada foi 
realizada a partir da leitura, análise bibliográfica e estudos de caso relativo aos abrigos 
institucionais através de livros, teses, artigos, jornais, análise de documentos e entre outros. 
 
 
 
24 
 
 
 
3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 
Nesta etapa será apresentado a estrutura teórica, onde a mesma auxiliará na produção 
do anteprojeto proposto. Serão detalhados os tópicos pertinentes ao tema apresentado, com a 
intenção de obter os melhores resultados em relação ao assunto. 
Em primeiro momento será levantado questões sobre a criança e o adolescente, sendo 
que os mesmos são os principais impulsionadores da pesquisa. O tópico conceitua e expõe uma 
linha de tempo de como eram vistos desde as primícias até os tempos atuais, e ainda retrata as 
consequências e os impactos que a violência e as diferentes formas de abusos causam nesses 
indivíduos, e como forma de intervenção nesses casos o processo da retirada da guarda dos 
infantes da família. 
Em sequência será argumentado sobre a história das instituições de acolhimento no 
mundo todo e de modo geral, e em seguida será direcionada para história Brasileira, onde 
destaca os métodos iniciais do atendimento social até os dias vigentes. Dando prosseguimento 
a temática, será apresentado as categorias de acolhimento, e em especial as característ icas 
físicas, o modo de atendimento e o grupo de colaboradores de entidades de acolhimento 
institucional, sendo esta destacada por conta de semelhança do anteprojeto a ser proposto. 
E para finalizar a base teórica seráretratado as Leis relevantes ao tema, onde será 
ressaltado o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), sendo essa a Lei pertinente ao grupo 
social a ser atendido, e por fim as normativas de acessibilidade necessárias em edificações de 
caráter de prestação de serviços. 
3.1 A CRIANÇA E O ADOLESCENTE 
A palavra criança significa menina ou menino que se encontram na fase da infânc ia, 
entre o ciclo de nascimento e puberdade. Figurado: indivíduo muito jovem; que não alcançou a 
fase adulta; ser humano sem experiência; inocente, pueril; já adolescente tem conceito de um 
indivíduo que passa por um período de transformação, amadurecimento entre a puberdade e a 
fase adulta (DICIONÁRIO AURÉLIO, 2018). 
Charles Darwin naturalista inglês muito importante para a história mundial, criador da 
Teoria da Evolução, foi um dos pioneiros no estudo do desenvolvimento da conduta da criança. 
No ano de 1877, manifestou a ideia de que o ser humano precisava conhecer a sua origem para 
compreender melhor a si mesmo, como gênero e pessoa (PAPALIA, OLDS e FELDMAN, 
2010). 
25 
 
 
 
De acordo com Rossato, Lépore e Cunha (2010), classifica-se legalmente criança até os 
doze anos de idade inconclusos, e dos doze aos dezoito anos de idade adolescente. Em eventos 
excepcionais discorre a adolescência até os vinte e um anos de idade. A idade determina a fase 
que a pessoa está passando, sendo levado em consideração apenas o fator cronológico e não o 
psíquico. 
O mais importante para um recém-nascido, ou seja, uma criança, são as primeiras 
expressões de amor e afeto da pessoa que está cuidando-o, pois, esses primeiros vínculos irão 
influir na sociabilidade, que perdurará até mesmo na vida adulta. Sentimentos amáveis sentidos 
logo nos primeiros momentos de vida, repercutem na criação de autoestima, segurança e 
confiança desses indivíduos. O lugar de criação e a forma como são tratados e cuidados, 
indicam os reais obstáculos que terão que enfrentar futuramente e principalmente suas 
conquistas (DAFFRE, 2012). 
Na etapa primária da infância, sendo considerada de zero a seis anos de idade, ocorre a 
formação dos padrões cognitivos, motores, fala e interação com outras crianças e entre outros, 
esses fatores definem a aprendizagem, a habilidade de socializar, conviver desde a infância até 
a vida adulta, resultando assim cooperação e contribuição para a sociedade (DAFFRE, 2012). 
De acordo com Agliardi (2005), a fase inicial da vida, ou seja, a infância é o melhor 
período para a ligações de relações e vínculos, mas, contudo, ao longo da vida o ser humano 
continua a se relacionar, interagir e a desenvolver socialização. 
Segundo Nogueira (2012), quando uma criança é bem cuidada e amada, as chances de 
ser um adulto mais sociável, confiante e cooperativo para a sociedade são muito maiores do que 
crianças que sofreram abandono ou algum tipo de insegurança. 
A palavra infância compreende como um período de estruturação social inicial. Relatos 
indicam que primordialmente as crianças não eram vistas e tratadas como crianças, mas sim 
como miniaturas de adultos (PAPALIA, OLDS e FELDMAN, 2010). 
Segundo Aries (1981), na época da velha comunidade clássica, o momento da infânc ia 
era o mínimo possível, bastava a criança desenvolver alguma aptidão que já era imposta a 
realizar atividades e afazeres de adultos. Da infância já entrava diretamente no mundo adulto, 
sem cruzar pela adolescência. 
As informações de conhecimentos, princípios e sociabilizações, não eram passadas pela 
família, pois a criança logo se distanciava de seus pais. Durante anos o ensino educacional foi 
repassado por conta do contato direto das crianças com os adultos, que mantinham convívio, 
26 
 
 
 
sendo que as mesmas aprendiam a realizar tarefas e atividades auxiliando os adultos na 
execução (ARIES, 1981). 
Até o início do século XX, o período da adolescência não era classificado como um 
momento separado, como ocorre na infância. Então, G. Stanley Hall psicólogo americano, 
conhecido como pai da atividade do estudo da criança, foi o primeiro a redigir um livro a 
respeito da adolescência (PAPALIA, OLDS e FELDMAN, 2010). 
A adolescência caracteriza-se como um momento de inquietação e observação no meio 
técnico. Determinada como o período de transição entre a puerícia e a vida adulta, a mesma é 
conhecida como a evolução dinâmica mais incompreensível da vida de uma pessoa, pois muitos 
fatores correspondem à realidade passada pelo indivíduo. Consiste em um período de 
autoconhecimento, pois agrega muitas transformações físicas, mentais, hormonais e intelectua is 
que modificam a personalidade e o corpo externo, portanto é uma das fases mais importantes 
do ser humano (SCHNEIDER, 2005). 
Segundo Papalia, Olds e Feldman (2010), esse momento vivenciado pelo indivíduo não 
tem um começo ou um fim estabelecido, embora ele dure cerca de dez anos, começando aos 
onze ou doze anos e findando aproximadamente aos vinte e um. Pelo fato do cérebro estar em 
estado de evolução, ou seja, ainda imaturo comparado a de um adulto, as informações são 
processadas diferentes, assim os jovens têm tendência a agir sem pensar e raciocinar. Esse 
período é carregado de atitudes de risco, como a utilização de drogas lícitas e ilícitas, relações 
sexuais desprotegidas e ações perigosas. 
O uso de drogas durante esse período está ligado a diversos fatores, mas entre eles a 
falta de afeto ou convívio familiar e a exclusão social sugerem-se como os principais, pois o 
indivíduo busca preencher o vazio encontrado em casa pelas sensações psíquicas que as 
substâncias oferecem. Ademais, a participação de grupos como maltas potencializa o uso dos 
entorpecentes, agressões físicas, abandono escolar e a criminalidade. Em relação a utilização 
de drogas e a ligação com gangues, não são correlacionados somente com a classe social do 
adolescente, podendo envolver a todos os padrões econômicos (SCHNEIDER, 2005). 
Mas, contudo, a adolescência não se compreende de uma única forma, no mundo as 
diferentes culturas influenciam no modo de agir e pensar dos adolescentes, ditando princíp ios 
e valores que devem ser seguidos. No EUA os adolescentes desfrutam mais tempo sozinhos do 
que com seus pais; já na Índia os jovens podem utilizar a tecnologia e roupas ocidentais, mas 
ainda assim dedicam muitos momentos a família e valorizam os princípios hindus. Nos países 
localizados no lado ocidental do planeta, as adolescentes buscam seguir fielmente os 
27 
 
 
 
estereótipos impostos pela sociedade, provocado até distúrbios por conta de buscarem o corpo 
perfeito; nos países africanos a adiposidade é apontada como ideal, forçando muitas vezes as 
meninas engordarem pela cultura (PAPALIA, OLDS e FELDMAN, 2010). 
Fora as diferenças culturais, tem-se também as sociais e econômicas, onde em países 
mais desenvolvidos, a modernização e tecnologias são mais acessíveis do que em países pobres 
e subdesenvolvidos, os adolescentes destes países não tem acesso a tantas inovações como 
outros pertencentes a países mais ricos (PAPALIA, OLDS e FELDMAN, 2010). 
Muitas transformações acontecem nesse período, das modificações ocorridas nessa fase 
a mais perceptível acontece na aparência física, com mudanças na estatura, peso, 
desenvolvimento sexual e entre outras dimensões corporais e hormonais ocasionadas pela 
puberdade. O desenvolvimento mental não acompanha essas alterações físicas, causando então 
descontentamento e insatisfação com o próprio corpo, pelo mesmo não seguir os modelos 
idealizados pela sociedade. A característica mais notável nesse período talvez seja o 
desenvolvimento sexual, pois o indivíduo deixa para trás o estágio infantil para então começar 
a compreender omundo adulto (SCHNEIDER, 2005). 
Ainda que a palavra puberdade seja fortemente ligada a adolescência, a primeira fase da 
mesma começa entre os sete ou oito anos de idade, já a segunda etapa começa a agir entre os 
doze aos quatorze anos, com modificações complexas hormonais, sendo que em meninos ocorre 
o aumento da testosterona e para as meninas o acréscimo de estradiol. Essas alterações 
estimulam o desenvolvimento de características físicas e sexuais (BEE e BOYD, 2011). 
Conforme Schneider (2005), é nesta fase que o indivíduo começa a criar sua identidade 
pessoal e a formulação da sua personalidade, que levará para o resto da vida. Algumas 
sensações e sentimentos são descobertos nesse momento, como indecisões, angúst ias, 
ansiedades, alterações de humor, inquietação e entre outras. Esses novos sentimentos 
comumente, vêm associados a rejeição de seguir regras e normas, tudo pelo instinto impuls ivo 
criado nessa etapa. Neste período também, o mesmo amadurece e conhece os deveres que estão 
por vir na próxima fase. 
De acordo com Schneider (2005), independente das circunstâncias econômicas, sociais 
e culturais, fatores estes importantes, mas, contudo, não dominadores, o vínculo afetivo 
vivenciado durante a infância da criança e a juventude do adolescente, é essencial e tem grande 
importância, pois caracteriza as atitudes e comportamentos futuros desses indivíduos. As 
relações afetivas vão além dos familiares, englobam também as de amizades, que ainda mais 
nessa fase constituem um papel importantíssimo, por conta dos jovens recorrerem aos amigos 
28 
 
 
 
em situações ondem buscam consolo, auxílio e apoio, muitas vezes não encontradas ou 
desconsideradas na intimidade familiar. 
A adolescência apresenta-se com muitas alterações físicas e mentais, essas novas 
sensações chegam todas juntas e de uma só vez, trazendo risco ao jovem, que por algumas vezes 
não consegue suportar ou lidar com tantas modificações, e consequentemente precisa de auxílio 
por parte da família e amigos nesta fase complexa da vida (PAPALIA, OLDS e FELDMAN, 
2010). 
Os danos causados pela falta de relações afetivas durante esse período de construção de 
particularidades individuais, se manifestam na fase adulta com distúrbios, e iniciando na 
adolescência, com atitudes agressivas, isolamento, depressão e outras perturbações decorrentes 
disto (SCHNEIDER, 2005). 
Segundo Mosqueira (1977, p. 40 apud SCHNEIDER, 2005, p.90): 
É significativa a influência familiar sobre as atitudes e metas dos adolescentes. A 
família transmite, avalia e interpreta, para a criança, a cultura. Os valores, tanto 
pessoais como sociais, partem da família, e também as relações interpessoais e 
sistemas de mando. 
 
De acordo com Papalia, Olds e Feldman (2010), o desenvolvimento de crianças e jovens 
não ocorrem do nada e nem do vazio, portanto a família, amigos e a escola cumprem um papel 
fundamental na vitalidade física e psicológica dos mesmos. 
3.1.1 Perfil de crianças e adolescentes em situação de risco 
Avaliações comprovam que um grande número de crianças e adolescentes brasileiros 
não desfrutam dos direitos a proteção integral como apontado no Estatuto da Criança e do 
Adolescente (ECA) deferido em 1990. O alto índice de desigualdade social encontrada no país 
é o grande vilão desse problema, pois uma parcela da população se encontra em situação de 
extrema pobreza econômica, social e familiar (TRINDADE e SILVA, 2005). 
Da população brasileira, cerca de 34% são crianças e adolescentes, onde em números 
isso representa 57,1 milhões de indivíduos. Aproximadamente 48,8% e 40% de crianças e 
adolescentes, respectivamente são classificados como carentes ou pobres, por que vivem em 
famílias onde o rendimento é muito abaixo da média (SILVA, 2004). 
Segundo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (2018), no Brasil por lei 
é permitido a entrada no mercado de trabalho a partir de dezesseis anos, no entanto uma 
pesquisa realizada em 2002, verificou-se que cerca de 3,1 milhões de crianças e jovens entre 
dez a quinze anos trabalham diariamente. Já na faixa etária de cinco a nove anos de idade, cerca 
29 
 
 
 
de 281 mil crianças exercem alguma atividade remunerada. Ainda em escala federal cerca de 
16,5% de famílias que possuem crianças, uma trabalha. 
A atividade infantil remunerada, está essencialmente conectada a situação econômica e 
social da família. Dados levantados apontam que a maior parcela de crianças e adolescentes 
entre cinco a dezessete anos que trabalham, são pertencentes a famílias com ganhos mensais 
abaixo da média, sendo até ¼ de um salário mínimo por morador. O maior índice de crianças 
da classe baixa trabalhando no Brasil encontra-se no Nordeste, com aproximadamente 40,1%. 
Normalmente o trabalho infantil ocorre para acrescentar os rendimentos da família. Esse 
exercício de trabalhar acaba interferindo na escolaridade da criança e do adolescente, muitas 
vezes prejudicando o aprendizado ou ocasionando a desistência ou abandono (IBGE, 2018). 
Uma pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) em 
algumas instituições de acolhimento para crianças e adolescentes no Brasil, relatou o perfil das 
crianças que se encontravam em estado de atendimento. Aproximadamente vinte mil crianças 
e adolescentes assistidos pelas 589 entidades de acolhimento examinadas, relatou-se que a 
maior parcela é de meninos (58,5%), negros (63%) e entre sete a quinze anos de idade (61,3%). 
As principais causas de acolhimento dessas crianças e jovens, ocorre pela falta de estrutura 
familiar (24,1%); rejeição e desprezo pelos responsáveis (18,8%); violência física e exploração 
(11,6%); responsáveis dependentes de drogas (11,3%); desabrigo na rua (7,0%); abandono ou 
órfãos (5,2%); cárcere privado de responsáveis (3,5%); abuso sexual cometido por responsáveis 
(3,3%) (SILVA, 2004). 
Ainda sobre a pesquisa, com vinculação ao analfabetismo, adolescentes assistidos de 
quinze a dezoito anos apresentaram uma taxa de 16,8% de analfabetismo, ou seja, que não 
sabiam ler ou escrever, sendo alta comparada com a nacional que é cerca de 3% (SILVA, 2004). 
O aumento da violência ou outras formas de maus tratos e negligências está inteiramente 
ligado ao abismo das diferentes classes sociais, ou seja, a enorme desigualdade encontrada no 
país, tanto relacionado ao econômico com a pobreza e o cultural, com a falta de incentivos. 
Dentre esses apontamentos a propagação de crimes e drogas e as altas taxas de desemprego 
ajudam a disseminar pelo país atos agressivos (ARAÚJO, 2002). 
De acordo com Day et al. (2003), no mundo todo independente da cultura, sexo ou raça, 
crianças e adolescentes sofrem agressões físicas domésticas diariamente, ocorrendo de forma 
global e em crescimento gradativo. 
Há diversos tipos de violências ou abusos, sendo elas classificadas em: violência física, 
onde o responsável exerce ações de forças contra a criança, vai desde uma palmada até uma 
30 
 
 
 
surra ou assassinato; violência sexual, o ato sexual com uma criança menor de quatorze anos, 
independente do consentimento; violência psicológica, sendo a mais comum, quando o 
responsável ameaça ou intimida a criança ou jovem; e por fim negligência, a mesma 
corresponde a falta de cuidados mínimos como alimentação, documentação, medicação e 
proteção (DAY, et al., 2003). 
Segundo Priore (2008), as atrocidades cometidas a crianças e adolescentes infelizmente 
aparecem em números, taxas ou dados, sendo eles a exploração do trabalho infantil, o abuso 
sexual de meninos e meninas, a utilização de menores no tráfico de drogas ilícitas e outras 
formas de violência. Habitualmente essas crianças pertencem a classe baixa econômicae social, 
muitas vezes sendo forçadas a realizarem, ou pela própria necessidade. 
Não somente no Brasil, mas no mundo todo como, na Colômbia crianças trabalham em 
jazidas de carvão; na Índia as fábricas de tecidos compram crianças de seis anos para trabalho; 
na Tailândia aproximadamente duzentas mil crianças são arrancadas do seio familiar para servir 
a obsessão de pedófilos; na Inglaterra crianças dos subúrbios são ensinadas e preparadas a matar 
a outras crianças, conhecidos como baby killers (assassinos de bebê); na África 
aproximadamente 40% de crianças de sete a quatorze anos são exploradas com trabalho infanti l 
(PRIORE, 2008). 
Os relatos de acolhimentos de crianças e adolescentes abandonados geralmente são 
procedentes de famílias com condições econômicas baixa, ou seja, pobres, determinado pelo 
desprezo do incapaz por conta de não poder garantir as condições mínimas para vivênc ia 
(PASSETTI, 2008). 
A população que mora em periferias, mas conhecidas atualmente como favelas, onde 
pessoas residem em cortiços, barracos, edificações improvisadas e entre outras formas de 
habitação, constituem a maior parte da demanda do serviço social de acolhimento. Essas 
crianças que vivem nessa situação geralmente não tem uma base familiar formada, comumente 
há falta de mantimentos necessários para a sobrevivência, não frequentam regularmente a 
escola, encontram-se ausência de aspectos culturais, psicológicos, sociais e econômicos, 
propiciando esses indivíduos a entrarem no mundo do crime, caso não haja uma intervenção 
(PASSETTI, 2008). 
Segundo Silva (2004), a condição econômica por si só não é responsável pelo atentado 
as garantias de crianças e adolescentes. Há relatos de violência dentro de famílias pertencentes 
a classe média e alta, não sendo apenas um aspecto somente da família pobre, evidenciando 
então que nenhuma criança está livre de sofrer agressões ou abusos por questões econômicas, 
31 
 
 
 
mas, contudo, as chances de infantes pertencentes a essas classes são muito menores com 
relação a crianças carentes. 
De acordo com Passetti (2008), dados informam que os próprios pais, independentes da 
condição econômica são os principais responsáveis pela violência física e sexual sofrida pelos 
seus filhos, esses fatos ocorrem tanto em países pobres subdesenvolvidos, como em países ricos, 
superdesenvolvidos. 
Um grande indicador de risco para as crianças é a idade, sendo que quanto menor a idade 
e a incapacidade de se proteger, maiores são os riscos e as chances de violência ou abusos sobre 
um indivíduo da puerícia (TRINDADE e SILVA, 2005). 
Portanto é de suma importância investigar quais os motivos ou razões para a ocorrência 
de atos violentos contra infanto-juvenis no seio familiar. De acordo com Amaro (2003, p.66), 
alguns fatores beneficiam a criação de situações de riscos sendo eles: 
História familiar passada ou presente de violência doméstica; Famílias cujos membros 
sofrem perturbações psicológicas como baixa tolerância à frustração, baixo controle 
de impulsos, dependência de álcool e/ou drogas, ansiedade crônica e depressão, 
comportamento suicida, baixa autoestima, carência emocional, desordens de 
personalidade doenças mentais e problemas de saúde; Despreparo para a maternidade 
e/ou paternidade de pais jovens, inexperientes ou sujeitos a uma gravidez indesejada; 
Famílias que adotam práticas de educação muito rígidas e autoritárias, podendo um 
determinado ato da criança resultar em surras ou castigos físicos; Famílias fechadas, 
que evitam desenvolver intimidade com pessoas de fora do pequeno círculo familiar; 
Famílias/familiares que desenvolvem práticas hostis, desprotetoras ou negligentes em 
relação a crianças (não gostam de crianças; pensam que crianças são “adultos em 
miniatura”), que consideram a criança irritável, hostil e exigente, que não entendem e 
se sentem incomodadas com a dependência da criança, que exigem mais do que o 
corpo e a formação psicossocial da criança podem alcançar; Fatores situacionais como 
parto difícil; separação da criança após o parto, expectativas distorcidas e irreais em 
relação à criança, criança do sexo indesejado, criança portadora de alguma doença; 
estresse em função de alguma crise econômica, no trabalho ou conjugal. 
 
Conforme Silva (2004), a pobreza não é o único fator que potencializa as formas de 
violência e abuso que muitas crianças e adolescentes sofrem, mas, contudo, ela é uma das 
grandes responsáveis, conforme uma pesquisa realizada pelo IPEA e Conselho Nacional dos 
Direitos da Criança e do Adolescente (CONANDA) no ano de 2004, verificou-se que 52% dos 
acolhimentos ocorrem pela falta de condições econômicas nas famílias, pois desencadeia 
problemas como dificuldade de sobrevivência, vulnerabilidade, fome e entre outros fatores de 
risco, criando assim um índice de infanto-juvenis pobres com mais chances de sofrerem 
agressões e abandonos. 
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3.1.2 Consequências causadas pela violência e abusos na infância e adolescência 
Qualquer tipo de violência sofrida por uma criança ou adolescente tem consequências 
desastrosas. As lesões podem ser identificadas como primária e somando com aspectos 
psicológicos e físicos podendo se estender e se transformar em lesões secundárias, dificultando 
cada vez mais o atendimento e aceitação (TRINDADE e SILVA, 2005). 
Maus-tratos pode ser considerado um modo de dispor a criança ou jovem em uma 
circunstância de perigo, prejudicando consideravelmente seu desenvolvimento. É a forma que 
um indivíduo mais forte se opõem a um mais fraco, negando obrigações mínimas de segurança 
e afeto (JESUS, 2005). 
Segundo Maciel (2017), definição para punição física é toda ação de força física de 
forma proposital, realizada pelos pais ou responsável contra uma criança ou adolescente de até 
18 anos, podendo deixar marcas visíveis ou não. A mesma tem intenção de lesionar ou 
machucar, e ocorrem de forma não acidental, ou também por conta de ações negligenciadas 
como falta de cuidados mínimos. 
A punição física aparece de diversas maneiras, podendo ser agressão física, violênc ia 
sexual e incúria. A negligência ocorre quando os responsáveis não provêm de obrigações 
mínimas para a criança ou jovem, como alimentação apropriada, vestimentas, cuidados médicos 
quando necessário, segurança e entre outras condições. As evidências de que uma criança não 
está sendo bem cuidada aparece em seu estado físico, como má nutrição, fraqueza, higiene 
escassa, roupas inapropriadas e entre outros exemplos (JESUS, 2005). 
Em nível fisiológico, a falta de cuidados pode provocar desnutrição, hipotrofia 
estaturo-ponderal, abscessos, infecções cutâneas, lesões físicas etc. e a carência, em 
termos afetivos (falta de amor, de proteção, de estabilidade de relações de 
estimulações), podem causar perturbações do comportamento e distúrbios emocionais 
(JESUS, 2005, p. 155). 
 
O local mais depreciado do corpo de uma criança que sofre maus-tratos físicos é a pele, 
essas agressões podem ocasionar hiperemia, escoriações, ferimentos e queimaduras. Outras 
partes corporais que sofrem muito com essas ações negligenciadas são, o esqueleto, o sistema 
nervoso e os órgãos localizados na parte abdominal. Ainda, a consciência e o coração do 
indivíduo agredido, serão sempre os elementos mais lesionados, pois, as agressões psicológicas 
muitas vezes atingem e ferem mais do que as físicas, ou as mesmas somadas causam estragos 
ainda maiores (MACIEL, 2017). 
Conforme Sanchez e Minayo (2006), a parte estrutural, ou seja, o esqueleto do indivíduo 
que sofre alguma agressão física, pode ocasionar excisões e faturas nos ossos e componentes 
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associados, variando muito o nível degravidade dos ferimentos. Já as lesões cometidas e 
atingidas no sistema nervoso resultam em equimose cerebral, que podem comprometer a 
estrutura óssea do crânio e complexos internos, acarretando em hemorragias e convulsões. 
Dependendo do tipo de violência exercida sobre uma criança e um adolescente, muitas sequelas 
podem ficar a longo prazo, como perda parcial ou total da visão e audição. 
Uma das formas mais sérias de violência corporal contra uma criança ou adolescente é 
a conhecida Síndrome do bebê sacudido, “ [...] caracteriza-se por lesões de gravidade variáve l, 
que ocorrem quando uma criança, geralmente um lactente, é severa ou violentamente sacudida” 
(DAY et al., 2003, p. 14). 
De acordo com Sadigursky e Magalhães (2002 apud SANCHEZ e MINAYO, 2006), 
outra forma de violência contra crianças e adolescentes, é a violência sexual, essa geralmente é 
cometida dentro de casa e principalmente contra meninas, e os principais abusadores são o pai, 
padrasto ou conhecidos do círculo familiar. O abuso sexual geralmente acarreta em uma 
gravidez indesejada, ocasionado um aumento considerável no número de abortos ilícitos, ou 
seja, praticados de forma ilegal, transmissão de doenças sexualmente transmissíveis (DST), 
fuga de casa e consequentemente o crescimento do número de crianças e jovens morando nas 
ruas sem condições mínimas de sobrevivência. 
Uma pesquisa realizada pela Organização Mundial da Saúde em 2002, informou que no 
mundo todo, crianças do sexo feminino evidenciam mais riscos com relação a violência sexual, 
infanticídio, violência física e incúria, bem como a prostituição obrigada. Mas a mesma destaca, 
que meninos apontam mais riscos com relações a violência física mais severa, ou seja, de forma 
mais cruel (DAY et al., 2003). 
Em consequência de situações em que a criança foi abusada sexualmente, a prostituição 
é uma decorrência, além de abalar a limite psicológico, criando distúrbios como depressão, anti 
sociabilidade, pânico, traumas, dificuldade no aprendizado e entre outras perturbações, que 
impactam diretamente a vida dessa criança e transcendem até a vida adulta (JESUS, 2005). 
Conforme Day et al. (2003), com relação as manifestações e consequências que uma 
criança ou adolescente sofre por conta de abusos sexuais, elas se apresentam com efeitos de 
curto prazo, sendo: ações sexuais compulsivas; transtornos durante o sono e período escolar, 
nutrição e socialização; obsessão por banhos; indícios de doença mental; ansiedade, neuroses, 
depressão; atividades repetitivas; sentimentos de negação, desprezo, vergonha e insegurança. E 
de longo prazo com: consumo excessivo de álcool e sustâncias; prostituição; problemas sexuais 
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e hormonais; ações de violência ou abuso sexual com filhos ou crianças desconhecidas; 
comportamento suicida; sentimento de culpa, remorso, humilhação e constrangimento. 
Muitas pesquisas vêm vinculando a agressão e abuso físico com a delinquência, pois a 
mesma intenciona a criação de sentimentos obscuros, indefinidos ou rancorosos, como 
ansiedade, ódio, temor e rivalidade (SANCHEZ e MINAYO, 2006). 
Já com relação a violência psicológica ou emocional, Jesus (2005) relata neste campo, 
a privação de relações afetivas e a desconsideração das necessidades mentais, dificultando o 
desenvolvimento da criança na parte de socialização e aprendizado. 
A forma de violência psíquica, uma das mais comuns, inicia-se quando os pais ou 
responsáveis menosprezam, inferiorizam ou intimidam a criança ou adolescente, com ameaças 
de desabrigo e rejeição. Com isso, muitas destas crianças desenvolvem abalos emociona is, 
tornando-se pessoas suspicazes e raivosas (SANCHEZ e MINAYO, 2006). 
Segundo Sanchez e Minayo (2006), na questão emocional, dependendo do tipo de 
agressão sofrida e por quem foi cometida, as crianças abusadas e agredidas tem maior 
dificuldade em relação ao aprendizado. Observa-se também perturbações no comportamento, 
como hiperativismo, traumas, pânicos, automutilação, práticas precoces com relação a atos 
sexuais, dificuldades de socialização e entre outras formas de distúrbios. 
Dentre as formas de violência ou abuso que uma criança ou adolescente pode sofrer, as 
manifestações psicológicas podem-se dividir em impactos conforme sua exposição, podendo 
ser imediato ou tardio: 
Danos imediatos: pesadelos repetitivos; ansiedade, raiva, culpa, vergonha; medo do 
agressor e de pessoa do mesmo sexo; quadros fóbico-ansiosos e depressivos agudos; 
queixas psicossomáticas; isolamento social e sentimentos de estigmatização. Danos 
tardios: aumento significativo na incidência de transtornos psiquiátricos; dissociação 
afetiva, pensamentos invasivos, ideação suicida e fobias mais agudas; níveis intensos 
de ansiedade, medo, depressão, isolamento, raiva, hostilidade e culpa; cognição 
distorcida, tais como sensação crônica de perigo e confusão, pensamento ilógico , 
imagens distorcidas do mundo e dificuldade de perceber realidade; redução na 
compreensão de papéis complexos e dificuldade para resolver problemas interpessoais 
(DAY et al., 2003, p. 14). 
 
Como forma de revidarem a violência ou abuso sofrido, frequentemente crianças e 
adolescentes cometem tentativa de autocídio, consumo em excesso de álcool e drogas, fugas 
tanto de casa quanto da escola. Todos esses problemas são decorrentes de um processo 
psicológico que as mesmas desenvolvem por conta dos maus-tratos, podendo se transformar 
em uma depressão de alto grau (JESUS, 2005). 
Para avaliar e compreender os impactos psicológicos que qualquer tipo de violência ou 
abuso causam na vida de uma criança ou jovem, Trindade e Silva (2005), realizaram uma 
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pesquisa em Santa Maria – RS no ano de 2003, com um total de 17 entrevistados, sendo 8 
crianças de cinco a doze anos, e 9 adolescentes de doze a dezessete anos. Com o intuito de saber 
quais efeitos e sentimentos repercutiram depois desses eventos. 
Entre os maiores percentuais, cerca de 60% das vítimas, consideraram como pior 
lembrança as marcas ou cicatrizes deixadas pela violência ou abuso. Em seguida o sentimento 
de vergonha, aproximadamente 35,30% das vítimas admitiram sentir como um fator de 
consequência. E cerca de 35% das vítimas relataram desenvolvimento de medo ou pânico após 
os acontecidos (TRINDADE e SILVA, 2005). 
Desta forma, os impactos e as consequências derivadas de agressões ou abusos na 
infância ou adolescência, causam danos para a vida toda do indivíduo, como lesões físicas e 
psicológicas. Ainda que este problema esteja presente em todas as classes sociais, é conveniente 
ressaltar que a pobreza potencializa atitudes violentas contra menores e a ocorrência de 
transtornos psicológicos. Em números, a ameaça de maus-tratos acresce 22 vezes mais, a incúria 
pedagógica aumenta 56 vezes mais e o risco de homicídios se eleva 60 vezes mais com relação 
as classes sociais média e alta (DAY et al., 2003). 
De acordo com Papalia, Olds e Feldman (2010), algumas características e propriedades 
resultantes em adultos, se devem aos momentos vivenciados durante a infância de uma criança 
e adolescência de um jovem, como o período da criação, cuidados ou afetos e o sucesso da 
relação matrimonial dos pais. Esses fatores têm efeitos no desenvolvimento infantil, sendo 
levados para a vida toda. 
3.1.3 Processos judiciários da retirada provisória ou definitiva da guarda 
O ECA foi criado nos anos de 1990 no Brasil, e legitimado pela Lei Federal de n° 8,069, 
onde busca proteção integral a todas as crianças e adolescentes menores de dezoito anos, sendo 
esta uma obrigação pública (JESUS, 2005). 
De acordo com Grajew (2012), os Conselhos Tutelares são mediadores no processo de 
acolhimento, e devem sempre trabalhar

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