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1 UNIVERSIDADE DA AMAZONIA ALESSANDRA VIVIANE VASCONCELOS BEZERRA A COOPERAÇÃO SUL-SUL COMO ESTRATÉGIA DE INSERÇÃO INTERNACIONAL: UMA ANÁLISE DAS SIMILARIDADES E DIVERGÊNCIAS DO BRASIL E ÍNDIA NO SÉCULO XXI BELÉM 2016 2 ALESSANDRA VIVIANE VASCONCELOS BEZERRA A COOPERAÇÃO SUL-SUL COMO ESTRATÉGIA DE INSERÇÃO INTERNACIONAL: UMA ANÁLISE DAS SIMILARIDADES E DIVERGÊNCIAS DO BRASIL E ÍNDIA NO SÉCULO XXI Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação apresentado ao Centro de Estudos Sociais e Aplicadas (CESA) da Universidade da Amazônia como requisito para a obtenção do grau de bacharel em Relações Internacionais. Orientador: Prof. Mayane Bento. BELÉM 2016 3 ALESSANDRA VIVIANE VASCONCELOS BEZERRA A COOPERAÇÃO SUL-SUL COMO ESTRATÉGIA DE INSERÇÃO INTERNACIONAL: UMA ANÁLISE DAS SIMILARIDADES E DIVERGÊNCIAS DO BRASIL E ÍNDIA NO SÉCULO XXI Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação apresentado ao Centro de Estudos Sociais e Aplicadas Centro de Estudos Sociais e Aplicadas (CESA) da Universidade da Amazônia como requisito para a obtenção do grau de Bacharel Relações Internacionais. Orientador: Prof. Mayane Bento. Banca Examinadora _____________________________________________ Orientador (a) – Mayane Bento da Silva - UNAMA _________________________________________ Professor (a) UNAMA _______________________________________ Professor (a) UNAMA Apresentado em: ____ / ____ / ____. Conceito: _________________ BELÉM 2016 4 Dedicatória Primeiramente agradeço a Deus a oportunidade me dando forças físicas e psicológicas, aos meus pais Antônio Carlos Pereira e Maria Helena Vasconcelos Pereira, ao meu esposo João Nazareno Bezerra, e ao meu filho João Vitor, por compreenderem a minha ausência no decorrer desse trabalho, pelo incentivo por sonharem comigo este projeto e por sempre poder contar com eles nos momentos mais difíceis desses anos de graduação. 5 Agradecimentos Agradeço a todos os professores da UNAMA, aos mestres com carinho que contribuíram à minha busca por conhecimentos: Mário Tito Almeida, Jane Melo, Viviane Dantas, William Monteiro Rocha e Brenda de Castro, em primeiro lugar e em especial com muito carinho, a minha orientadora que não mediu esforços para o bom desempenho do projeto, Prf.ª MSc. Mayane Bento Silva, aos meus familiares, amigos e a meu único amor. 6 RESUMO Na atual conjuntura do Sistema Internacional do pós-guerra Fria, houve um reordenamento das estruturas de poder e com o enfraquecimento da hegemonia estadunidense e o advento do terrorismo, seguido de amplas crises econômicas globais surgem os países emergentes como atores no Sistema Internacional, a inserção do Brasil e Índia no Sistema Internacional é um fator de mudanças de agendas nessa nova ordem multipolar. O presente trabalho descreve a participação do Brasil e Índia e suas estratégias de Política Externa, escolhida no modelo de Cooperação Sul-Sul, que tem por diferencial, países emergentes que estão dispostos a mudar os entraves sociais internos de suas respectivas realidades sócio política e econômica, causados pelos anos de explorações coloniais, são países do Sul global, os quais irão fazer acordos e parcerias para o Desenvolvimento, quebrando paradigmas de poder onde só faziam acordos e tratados com os países do Norte, países esses desenvolvidos, geralmente essas relações são desiguais e de subserviência. Brasil e Índia irão atuar nas Relações Sul-Sul, não apenas com trocas comerciais como também cooperações técnicas. Palavras-Chaves: Cooperação; Internacional; Relações Sul-Sul; Brasil; Índia. 7 ABSTRACT In the present conjuncture of the post-cold war, there has been a reordering of power structures with the decline of U.S hegemony and advent of terrorism, followed by large global economic depression, arising emerging countries as actors in the international system, the insertion of Brasil and India in the international system is a coefficient of agendas changing in this new multipolar order. This article describes the participation of Brasil and India in their foreing policy strategies chosen in the South-South cooperation model, wich has as a diferential, emerging countries that are inclinable to change the international social hindraces of their respective socio-political and economic realities, caused by years of colonial exploitations, they are countries of the global south, wich will make agreements and partnerships for development, breaking power paradigms and deals with north countries, usualy these relations are unequal and subservient. Brasil and India will operate in South-South relations, not only with trade but also with technical cooperation. Key-Words: Cooperation; International; South-South; relations; Brasil; India 8 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO........................................................................................................... 9 1.1 Objetivos................................................................................................................ 10 1.2 Exposição do Problema........................................................................................ 10 1.3 Metodologia........................................................................................................... 10 1.4 Divisão do Trabalho.............................................................................................. 11 2 REFERENCIAL TEÓRICO..................................................................................... 11 2.1 A Cooperação Sul-Sul.......................................................................................... 11 2.2 A Cooperação Sul-Sul, o construtivismo e a interdependência complexa........ 15 2.3 A Cooperação e o Desenvolvimento nas Relações Sul-Sul................................. 19 3 BRASIL E ÍNDIA NAS NOVAS RELAÇÕES SUL-SUL..................................... 28 3.1 Histórico do Desenvolvimento e inserção do Brasil nas Relações Sul-Sul....... 32 3.2 Trajetória do desenvolvimento Indiano e a Cooperação Sul-Sul...................... 50 4 BRASIL-ÍNDIA:GANHOS E DESAFIOS E INSERÇÃO INTERNACIONAL. 54 4.1 Brasil e Índia: Similaridades e Divergencias na Politica interna e externa..... 58 4.2 Brasil e Índia e seus ganhos a partir da Cooperação Sul-Sul............................ 67 4.3 Brasil e Índia e seus desafios a partir da cooperação Sul-Sul........................... 73 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................... 77 6 REFERÊNCIAS......................................................................................................... 81 9 1 INTRODUÇÃO A atual conjuntura das Relações Internacionais se configuram em estruturas altamente complexas, com o surgimento de novos atores emergindo, se tem um novo cenário pós-Guerra Fria, com a dissolução da União Soviética e o desaparecimento da bipolaridade, a qual marcou e redefiniu as Relações Internacionais. Com o enfraquecimento da potência estadunidense em questão, com as crises capitalistas deixando instabilidades, o sistema internacional se veem com o surgimento de novos atores desestabilizando as Relações Internacionais. Em um cenário marcado pela multipolaridade, surgem os emergentes, novas abordagens em pauta, novas agendas, nesse cenário surgem os países em desenvolvimento, e suas buscas para seus problemas sociais herdados desde sua má formação, como coloniais que supriam suas metrópoles. A questão do Desenvolvimento econômico dos países do “terceiro mundo”, como foram conhecidos até início da década de 1990, é uma problemática que está em pauta na agenda das Organizações Das Nações Unidas, como também um dos desafios do Objetivos do Desenvolvimento do Milênio, ODM, as 191 nações, dentre elas destacaremos Brasil e Índia. O Desenvolvimento como veremos passou por um novo conceito, ao compararmos o desenvolvimento pela Cooperação Internacional de Desenvolvimento, CID, como o Plano Marshall para a reconstrução da Europa após segunda Guerra Mundial, e as assistências prestadas a países que estavam em situações de riscos. O encontro dos países emergentes, novas abordagens, novas economias crescendo no cenário internacional, tornando-se independentes para articulações com mais autonomia, não obstante tal crescimento não é compatível com seus entraves sociais internos, e até mesmo “eternos”. As parcerias que os emergentes formaram, para articularem as questões domésticas de seus países, como nas relações no modelo de Cooperação Técnica Sul-Sul, resultaram nos BRICS, Brasil, Rússia, China, índia e África do Sul, como também o Fórum de Diálogo IBAS, Índia, Brasil e África do Sul, parcerias essas que trouxeram grandes avanços, com resultados satisfatórios, para melhorias em suas não apenas em suas economias domésticas como também seu Desenvolvimento Social, como meta a ser alcançada. 10 1.1 Objetivo 1.1.2 Objetivo Geral Analisar comparativamente as estratégias de inserção internacional do Brasil e Índia mediante cooperação Sul-Sul no Século XXI. 1.1.3 Objetivos Específicos 1. Analisar a conjuntura da cooperação para o Desenvolvimento Pós-Guerra Fria. 2. Descrever a inserção do Brasil e Índia a partir da Cooperação Sul-Sul. 3. Avaliar Ganhos e desafios das estratégias de inserção internacional do Brasil e Índia no século XXI. 1.2 Exposição do Problema Quais as similaridades e diferenças De Brasil e Índia no modelo de Cooperação Sul-Sul como estratégias de inserção internacional para o Desenvolvimento? 1.3 Metodologia A pesquisa sempre elucida questões as quais não se veem no primeiro momento, mas ao passar minunciosamente por entre os detalhes, há de se descobrir e aprofundar esse conhecimento, é necessário que se desenvolva a curiosidade e na busca por apurações mais fiéis a realidade, se obtém resultados satisfatórios, é necessário que se indague, se questione, não se permita finalizar, daí se conclui que a pesquisa é perene. Como afirmam Gehardt e Silveira (2009), “Só se inicia uma pesquisa se existir uma pergunta, uma dúvida para a qual se quer buscar a resposta. Pesquisar, portanto, é buscar ou procurar respostas para alguma coisa” Quanto a sua finalidade, se detém a pesquisa aplicada, como afirma Gehardt e Silveira (2009), “objetiva gerar conhecimentos para aplicação prática, dirigidos à solução de problemas específicos. Envolve verdades e interesses locais”. Não obstante, as relações Sul-Sul, ela em seu objetivo tem como resoluções de problemas locais, sejam eles internos de Brasil e Índia, e um desses objetivos essenciais e primordiais é a erradicação da pobreza, dos contrastes sociais que bloqueiam os países em Desenvolvimento para um futuro progresso, e resolver tais questões é o objetivo central Para Chizzotti (2001), “A pesquisa investiga o mundo em que o homem vive e o próprio homem”. O homem inserido vivenciando fenômenos sociais, é necessário que se construa meios de investiga suas trajetórias, para que o homem no próprio meio cumpra seu papel de reconstrução desse meio. 11 Ao buscar respostas é necessário a pesquisa descritiva, ao passo que será exposto como ocorrem as parcerias da Cooperação Sul-Sul entre Brasil e Índia. O trabalho tem por apresenta em seu caráter metodológico, a pesquisa qualitativa, através de dados obtidos, iremos buscar como pesquisa bibliográfica, documentos, os quais são: MRE (Ministério das Relações Exteriores); ABC (Agência Brasileira de Cooperação); FUNAG (Fundação Alexandre de Gusmão) CEBRI (Centro Brasileiro de Relações Internacionais); IPEA (Instituto de pesquisa Econômica Aplicada); PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento); ONU (Relatório sobre os objetivos do Desenvolvimento do Milênio); UNESCO ( Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) e a MACROPLAN (Empresa que avalia cenários para intuições públicas e privadas) que estejam inseridos a trajetória em que o Brasil e Índia, iniciam seus primeiros contatos e se relacionam, especificamente na Cooperação Sul-Sul, com o intuito de elucidar quais os ganhos que obtiveram uma vez que propuseram possíveis acordos. 1.4 Divisão do Trabalho O seguinte trabalho propõe o estudo da cooperação para o desenvolvimento, como características de suas agendas como Política Externa, precisamente das relações dos países emergentes Brasil e Índia, nas relações Sul-Sul como modelo de estratégias de Cooperação, irá se expor no primeiro capítulo as teorias que elucidam como de fato se dão esse fenômeno, causas e efeitos no próprio Sistema Internacional. No primeiro capítulo, iremos expor a Introdução, os objetivos, geral e específicos do trabalho, qual metodologia se empregou e finalizando a presente Divisão do trabalho. No segundo capítulo, com o Referencial Teórico, fez-se a introdução do seguinte Tema proposto conceitos e definições, as teorias a serem abordadas, e a finalidade da Cooperação Sul-sul que é para o desenvolvimento. No terceiro capitulo, já se inicia com a análise de Brasil e Índia nas Relações Sul- Sul, foi-se necessário fazer um breve histórico dos países e suas evoluções internas e externas e suas estratégias de inserção internacional. No quarto capítulo, analisamos os dois países, faz-se uma descrição do Brasil e Índia no cenário Internacional, suas estratégias de Política Externa e política doméstica, e quais os ganhos do modelo de Cooperação Sul-Sul no cenário atual, o que já foi feito, e o que pode ainda fazer em benefício das economias domesticas dos países. 12 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 A Cooperação Sul-Sul no século XXI Com as mudanças assimétricas que o fim da Guerra Fria trouxe como consequências ao cenário Internacional e inúmeras complexidades inseridas nesse processo ao longo dos anos aos dias atuais, dentro dessa nova conjuntura das Relações Internacionais, elucida e emergem novas questões com as quais não eram debatidas, como a exemplo, a questão dos países emergentes, países em Desenvolvimento, com crescimento econômico até mesmo acelerado. Explanar tal momento traz uma visão geral do que foi esse processo o qual não segue os padrões que os EUA estavam dispostos a atuar, e até mesmo seguros dentro de seu equilíbrio de poder inserido na bipolaridade, É interessante para as Relações Sul-Sul, essa quebra na sequência de poder da hegemonia, com seu enfraquecimento, questões como terrorismo ao meio ambiente vieram à tona desestabilizar todo essas conquistas que o EUA criou para repercutir seu império no Sistema Internacional, “esses processos de globalização e regionalização ganharam maior visibilidade e impulso com a quebra dos constrangimentos. Aumentaram as interpretações sobre o cenário que apontavam duas tendências tanto opostas quanto complementares: a da universalização de princípios e quebra de fronteiras que levariam ao desaparecimento da soberania dos Estados e a construção e fortalecimento de blocos regionais”, observa Pecequilo (2012, p. 47). “Os emergentes souberam como aproveitar essa oportunidade” como afirma: (VIZENTINE; SADER,2004, p.116). Ao se expor Brasil e Índia e sua parceria dentro desse contexto das relações Sul- Sul, se observa a evolução de países que outrora eram atores coadjuvantes no cenário internacional ganhando forças e voz nas estratégias de negociações junto aos órgãos econômicos como Fundo Monetário Internacional como afirma Bauman (2010), que países como Brasil e Índia, economias as quais eram fechadas, fez-se necessário uma gradativa liberalização de legislações cambiais, para de fato abrirem suas economias e cooperarem entre si. Segundo Kissinger (2014) realista clássico, ao se falar de ordem mundial ele define, ordem mundial e ordem regional que consiste no conceito da distribuição de poder aplicável ao mundo, quer seja internacional ou apenas regional. E nessa mudança de paradigmas que emergem Brasil e Índia, quando suas influências eram apenas regionais, 13 eles se veem ineridos no Sistema internacional, interferido nas Relações Internacionais, ainda que timidamente, mas suficientes para não serem considerados mais coadjuvantes. Quando se compreende essa mudança na ordem mundial, podemos verificar tal transição, uma fase pós hegemônica (VIZENTINE E SADER, 2004) Quando se levam em consideração as tendências emergentes e, sobretudo, o avanço econômico-tecnológico, o cenário que se desenha possui traços de multipolaridade. Essa aparente contradição adquire lógica quando que o sistema internacional se encontra em transição, numa fase nitidamente pós-hegemônica (VIZENTINE E SADER, 2004, p 47). Para Grevi (2009) ele vai conceituar essa fase como interpolar, ou seja, um novo mundo de multipolaridades, essa tendência trouxe novos atores, um novo cenário, estes estão a interagir no Sistema Internacional, promovendo uma nova governança. Para Vaz (2012) a estabilidade que os EUA queriam alcançar pós Guerra Fria, foram marcadas pelas crises políticas ocasionadas pelo ataques terroristas a partir de 2001, dando fim aos objetivos tanto buscados dos EUA, em formar uma ordem internacional que estaria assentada em convergências fundamentais quanto aos valores, objetivos e interesses esposados pelo Ocidente, ao passo que suas convergências seriam negociados e promovidos multilateralmente, conduzindo, assim, a um mundo mais pacífico, estável e menos assimétrico. É nesse momento de instabilidade e enfraquecimento, já esgotados pelas guerras do Afeganistão e Iraque, que vimos os emergentes se destacando, formando parcerias, e prosperando. Em um cenário em transição, onde outros vários elementos paraestatais são levados em consideração, as relações internacionais se veem em uma nova realidade, uma quebra em estruturas que compunham a antiga conjuntura do Sistema Internacional se decompõe, e um novo período se inicia nas RI, para reafirmar esses fenômenos políticos, econômicos, históricos e sociais que fazem das RI serem dinâmicas. Onde um momento histórico, são influenciados por vários fenômenos que se relacionam entre si. As relações internacionais e a nova conjuntura em que os países estão inseridos se diferencia, pela gama de elementos que fazem parte dos processos, os emergentes, são de fato levados em consideração, a China intensificou sua presença em vários mercados, principalmente na América Latina, Brasil e África, Índia, estão mais próximos, Brasil também como líder Regional, não se tem mais tão intensificada antiga relação de dependência Norte Americana na América Latina, os EUA, enfraqueceu sua política externa, por seus inúmeros conflitos internos, por sucessivas crises que originaram em 14 seus sistemas bancários, as consequências, talvez seja a aceitação, dos emergentes, atuando, onde anteriormente, só eles tinham influencias, militar, política e acima de tudo econômica, sem mencionar, sócio - cultural. Muito embora não seja característico do contexto pós-Guerra Fria o fato de questões de ordem doméstica suscitarem importantes repercussões internacionais, é nesse período que o mundo experimenta formas e graus inéditos de interdependência e de exposição das sociedades a injunções externas; e que, concomitantemente, as sociedades nacionais procuram, em graus e formas igualmente inéditas, possibilidades de realização de necessidades e de aspirações no ambiente global (VAZ 2012, p 15). O cenário estaria propício para o crescimento dos emergentes, uma vez com o enfraquecimento Estadunidense, como mencionado anteriormente eles aproveitam a oportunidade e se inserem no Sistema Internacional. Podemos considerar também “ a esse respeito, é importante destacar que a crise comporta três dimensões basicamente: uma crise de paradigmas, de transição hegemônica e de legitimidade da ordem internacional [...]” (VAZ 2012, p 17). É importante observar que a Guerra Fria, trouxe não somente mudanças nas Relações Internacionais como também com ela vieram as crises, crises que beneficiam a entrada de novos atores como Brasil e Índia nesse cenário global. Quando Vaz (2012) menciona crise, não se fala somente de crises econômicas e sim crises de uma quebra de paradigmas, que estaria bem delimitado na Guerra Fria, e que nesse momento surge então novas abordagens a se questionar, a se levar em consideração, não mais de natureza estatocêntricas. Compreender que com o fim das URSS, e com o enfraquecimento dos EUA, não temos então uma questão de natureza apenas econômica como afirma: A chave da questão do funcionamento do sistema econômico - e, portanto, também do seu desenvolvimento - está na interdependência das atividades sociais, e no estudo de como era essa interdependência pode favorecer a cooperação e reduzir os possíveis conflitos. Isto é fundamental, especialmente se o objetivo for o de direcionar as mudanças em uma sociedade e promover o desenvolvimento (FIANE 2011, p. 83). Compreender as mudanças que favorecem a inserção do emergentes não somente Brasil e Índia, mas como também, China, Rússia e África do Sul, no cenário global, deixa claro o quanto a importância desses atores para as Relações Internacionais, e não somente para as trocas comerciais, e sim com uma agenda ampla e diversificada que marca o mundo pós-Guerra Fria se fazem necessárias para o reordenamento global. 15 Para Lima (2012, p 26) vai afirmar o seguinte: “Com essa afirmativa, fazemos referências a duas séries de eventos: às mudanças internas ocorridas na União Soviética sob o governo de Gorbachev, com seu desdobramento externo, “o novo pensamento”, com o qual teve início a desmontagem da política de blocos, e abertura de um processo de negociação que estava destinado a mudar radicalmente a arquitetura do sistema multilateral de comércio[...]”, Lima(2012) ainda expõe que essa mudança o qual ele denomina de “passagem”, que regulava mudanças de bens para outro cujas disciplinas tem como objeto políticas domésticas, ou seja, características intrínsecas das Relações Sul-Sul. As mudanças ou até mesmo transformações ocorridas na Ordem Mundial, vai também beneficiar a Cooperação por uma relação bilateral mais justa, Podemos considerar que para Ayllón (2006, p.9) “Para ser um instrumento eficaz para um desenvolvimento humano sustentável e para servir ao objetivo de atingir um modelo de relação Norte-Sul mais justo, a de cooperação ao desenvolvimento tem de dar respostas aos desafios colocados pelo novo cenário internacional do pós-Guerra Fria, dominado pelas forças da globalização e pela emergência de novos e complexos problemas transnacionais”. Essa nova configuração e reordenamento do Sistema internacional, trouxe benefícios aos países em desenvolvimento como afirma Almeida (2012) com certa esperança, que eles venham se inserir nessa nova ordem econômica sem que haja camisas de forças ideológicas”, como argumenta que no passado tratavam as multinacionais como ameaça a sua soberania, e nesse momento de mudanças de paradigmas que podem fazer inúmeras conquistas. 2.2 A Cooperação Sul-Sul, o construtivismo e a interdependência complexa A teoria construtivista está inserida em que os teóricos chamam de Terceiro debate entre os racionalistas e construtivistas, Rocha (2002, p.21). Para Castro (, p.387) “O paradigma construtivista inaugura a terceira geração de debates nas Relações Internacionais, abrindo novos caminhos para as questões prementes da política entre os Estados e demais entes do cenário externo”. Para Jackson e Sorensen (2007, p. 341) “ O mundo social e o político não formam uma entidade física ou um objeto material exterior à consciência humana. O Sistema internacional não é algo que está “lá fora” como sistema solar – não existe por conta própria, mas somente com uma consciência intersubjetivas entra as pessoas”. 16 Contrapondo-se ao modelo do realismo de Waltz, Wendt (1999) vê no construtivismo uma teoria social com capacidade de exemplificar os novos conceitos que permeiam as RI, novas abordagens emergem, a partir da desintegração das URSS e a intensificação da globalização, com as necessidades de se intensificar os acordos entre países, acordos esses podem ser bilaterais ou multilaterais, em um mundo onde não mais existem duas grandes potências, um dualismo de ideologias. Competindo pela hegemonia do Sistema internacional, essas potencias não perderam seu poder, mas tiveram que dividir espaço com outras emergentes, equilibrando a balança de poder. Conceitos esses como identidade, interesses, cooperação, governança global, entre outros. O construtivismo não é uma teoria per se, é na realidade uma teoria social, afirma Adler (1999). A teoria construtivista se faz presente pós-guerra fria, quando realistas, neorrealistas e neoliberalistas, comprovou-se um modelo teórico limitado de análise, ou seja, não puderam mais satisfazer as interpretações dos fenômenos políticos e sociais, surge então o construtivismo, ele responde as principais perguntas, que deixaram os realistas e neorrealistas sem questionamentos, sem respostas, a forma como os estados procedem no sistema internacional. Para Wendt (1999) se destaca que a separação das questões domésticas da política externa de um estado pode produzir falsos entendimentos, ou seja as estruturas domésticas estão permeadas de complexidade o que influencia as questões internacionais. Para o construtivismo o modo pelo qual o mundo material forma a, e é formado pela ação e intenção humana depende de interpretações normativas epistêmicas dinâmicas do mundo material, Adler (1999), ou seja, o mundo está em constante transformação, sendo socialmente construídos, estes formados de agentes e estruturas. Os interesses estatais e suas práticas, preferencias, enfim suas relações, as mesmas não poderiam existir independente de suas atividades que as governam, nem dos agentes nem das suas estruturas, uma de suas premissas básicas, a qual o construtivismo satisfaz essa questão, agentes e estruturas são socialmente constituídos, Messari e Nogueira (2005), nem agentes sociais nem estruturas viveriam independentes um dos outros. O mundo está em constante transformação, pois o mesmo é socialmente construído. As estruturas para Wendt (1999), são os conhecimentos, suas culturas, que por vezes podem mudar os agentes, seus atores, sofrem influências e são influenciados em sua identidade. Para o construtivismo as Relações Sul-Sul, é exemplificada na premissa do construtivismo, vem a ser um elemento ainda em construção no mundo contemporâneo, 17 um processo ainda em debates, com abordagens sociais, que influenciam as estruturas, pois assume um novo papel no século XXI, papel que outrora eram de países apenas provedores, exportadores de matérias primas, agora assumem como agentes com um novo papel que influenciam com tomadas de decisões, Ao se remeter a um passado colonial, quando se vê países como Brasil e Índia por anos vinculados a um passado de subserviência às suas metrópoles, como exportadoras de matérias primas, e esses mesmos países que se desvinculam dessa dependência, buscando suas autonomias e projeção no Sistema Internacional, se tem um cenário onde o construtivismo explica esse fenômeno social, essa construção social, onde está sendo socialmente construído uma nova realidade, essa quebra de paradigmas nas antigas relações entre colônias e suas metrópoles, hoje estão em um nível de potencias emergentes e países desenvolvidos. Para Wendt (1999), o mundo está em constante transformação, e os emergentes eles vêm satisfazer uma governança global, pois para o construtivismo, as estruturas são mudadas pelas agentes, estes estão socialmente construídos, agentes e estruturas, uma depende da outra. Se observa aqui uma quebra no Sistema Anárquico do realismo de Walts, quando se existia uma hegemonia dominante nas Relações Internacionais, e a quebra nesse processo hegemônico, é o que o construtivismo responde, as RSS estão sendo socialmente construídas, não mais se tem um sistema polar ou bipolar, mas sim multipolar, equilibrando e interagindo uns com outros. Quando se menciona países do Norte e países do Sul, coloca-se que as RI, são guiadas pelos países Desenvolvidos, países que no passado foram impérios e que hoje são países que obtém tecnologia de ponta e ditam os rumos dos capitalismos que avançam seus comércios para seus quintais, os países do Sul, países esses periféricos, em desenvolvimentos que foram colônias, e exportadoras de matérias primas, países esses que serviam e sustentavam suas metrópoles, o que se mudam são as estruturas, são as ideias no campo do conhecimento. Há a modificação uma vez que os emergentes querem voz e projeção nas articulações políticas e econômicas do Sistema Internacional. A ideia de cooperação nas Relações Internacionais, vai de encontro as antigas práticas de filantropia dos países desenvolvidos, uma filantropia que se fazia pela dependência, a cooperação para o construtivismo muda a antiga visão de “ricos ajudando pobres”, novamente um novo mundo sendo socialmente construído, pois os emergentes, países com problemas semelhantes irão cooperar entre si para diminuir desigualdades 18 tanto no SI, quanto em suas economias domésticas. São ideias estratégicas no Sistema Internacional, uma mudança de paradigmas que há pouco menos de 15 anos, essa nova abordagem era construída e estabelecida. Para (JUNIOR; AYERBE,2015) A noção de cooperação Sul-Sul apresenta relação com a dimensão da ação estatal. Assim, os Estados são agentes importantes para impulsionar e manter as instituições criadas para esse diálogo. Apesar disso, há hoje análises que, a partir da ideia de “Sul Global” redefinem o foco do âmbito interestatal para o transnacional. (JUNIUOIR E AYERBE, 2015, p.17) A teoria social construtivista dá ampla visão ao olharmos para as relações Sul-Sul e seu papel como agentes modificadores das estruturas, as antigas formas das relações comerciais, e a presença da hegemonia americana, imposta no final da Segunda Guerra Mundial. Seu significado é socialmente construído e produto da experimentação de ações específicas do Estados e de outros atores internacionais em interação. A cooperação Sul-Sul enquanto ideia que orienta a inserção internacional do Brasil busca reforçar elementos formadores de uma identidade coletiva. (JUNIOR E AYERBE.2015, p.15) Ao passo que as mudanças são dinâmicas nas relações o construtivismo faz essa ponte que atravessam tais mudanças, que estão ainda em construção caminhando para a identidade dos elementos, que uma vez que agentes e estruturas são co-constituídos, daí se vê uma constante transformação social, ambos se influenciando, e equilibrando ou por definitivamente desequilibrando a antiga ordem bipolar. O construtivismo vai exemplificar o fenômeno da inserção internacional dos emergentes, e a construção de uma nova realidade no SI, e a mudança que ocorrem nas RI, quando eles deixam de ser apenas coadjuvantes e passam a articular no comércio internacional, e para exemplificar a dependência ou interdependência entre esses países que irão se juntar e cooperar entre si, aplica-se a teoria econômica neoliberal da Interdependência Complexa de Nye (2009), para exemplificar esses fenômenos econômicos e sociais que permeiam as RI. É uma teoria que surge nesse contexto social pós-Guerra Fria, em meio aos mercados globalizados, surge a necessidade dos países fazer seus acordos e trocas comerciais. A interdependência complexa está ligada ao conceito da teoria econômica, uma vez que os países irão fazer parcerias, acordos e tratados. Para Fiane (2012), tais mudanças que surgem da interdependência, tem como objetivo desenvolvimento social, para que se venha reduzir possíveis conflitos e favorecer a cooperação, a qual é fundamental para promover o desenvolvimento. 19 É necessário que se compreenda as vertentes teóricas, as quais conceituam a interdependência complexa de Nye (2009). O Neoliberalismo ou Liberalismo institucional No mundo pós-Guerra Fria, coma os regimes democráticos, a construção de um mundo salvo das guerras estava implantada nos ideais das Nações Unidas, ONU, e inserido nesse cenário vem o que Nye (2009) vai afirmar de um certo acordos entre as nações para que se evite os conflitos aramados, pois aos países precisam uns dos outros ainda que essa dependência seja ou não iguais entre eles. A interdependência pode originar-se em fenômenos materiais (naturais) ou sociais (econômicos, políticos ou perceptivos). Normalmente, os dois estão presentes ao mesmo tempo. A distinção ajuda a esclarecer o grau de escolha em situações de dependência recíproca ou mútua (NYE, 2009, p. 251) Nye (2009) vai afirmar que tal dependência econômica, que está enraizada nos países em desenvolvimento, não vai diferenciar da interdependência militar, pois ambas revelam um alto grau de origem social, especialmente perceptiva, sendo que a econômica envolve políticas sobre valores e custos. Para Nye (2009), essa dependência poderá ser zero e diferente de zero, isso exemplifica logo o tipo e a intensidade de tal dependência, quem ganha mais e quem é mais dependente. Sob a ótica dos emergentes, essa dependência trouxe sim muitos ganhos aos países, anteriormente colonizados e posteriormente exportadores de commoditties. No entanto os emergentes, buscam voz, assim como Brasil, não querem mais essas relações que só beneficiam a hegemonia, e o Brasil em especial, tentando se desprender de quintal da América do Norte. 2.3 A Cooperação e o Desenvolvimento nas Relações Sul-Sul A Cooperação para o desenvolvimento evoluiu muito ao longo de sua implementação como foram discutidas nos capítulos anteriores, já a RSS, está relacionada a Cooperação entre os países periféricos, denominados do Sul, pois os países do Norte são os países desenvolvidos, que conceituam a nova conjuntura internacional, diferentemente dos antigos conceitos de 1º, 2º e 3º mundos ou países subdesenvolvidos. A Cooperação Sul-Sul vem a ser um conceito que foi usado para regionalizar os países periféricos, emergentes, para formarem acordos e parcerias com a finalidade não só de inserção internacional como também objetivando diminuir os contrates sociais internos, restaurando assim em forma de cooperação política econômica e social, trocas que beneficiem os mesmos, e para competirem em um mercado global. 20 A cooperação Sul-Sul, vem com uma nova abordagem no governo Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2007), com o desejo de se afirmar e de alterar as relações de forças, uma nova geografia internacional, a qual os países, fujam da dependência dos países desenvolvidos, afirma (ALMEIDA,2012). Há quem classifique o grupo como um novo centro de influência em uma estrutura multipolar de poder que passaria a reger a ordem internacional no século XXI; há quem se indague, nessa ordem de ideias, a que lugar aspirariam esses países nessa nova estrutura de poder; há quem defenda que eles mudaram a perspectiva pela qual vemos o mundo (REIS, 2012, p.32). As mudanças foram inevitáveis ao passo que a economia crescia, o paradoxo do desenvolvimento não a acompanhava em seu processo, segundo Sousa (2012), essa deficiência estava atrelada ao fato dos países colonizados, eram responsáveis pela economia das potências europeias, ou seja, eles supriam a colônia, no entanto, continuavam dependentes e explorados. Mais precisamente no pacto colonial encontrava- se a raiz do subdesenvolvimento. A conjuntura atual se demonstra complexa com uma nova estrutura como uma herança pós colonialistas, não deixam de serem consequências herdadas pelos antigos impérios e atuais potencias hegemônicas às suas colônias e ex-colônias, uma cultura idealizada, imposta pelos europeus as Américas, o explorado novo mundo, se viu arraigada a esses conceitos. Para Quijano (2005) essa forma de poder padronizou que o Europeu implementou nas Américas, é o que deixa marcas profundas enraizadas nas estruturas dessas relações, o qual veem as colônias, como sendo inferiores dentro deste cenário, em um processo de serem provedores e até mesmo os que sustentavam ou sustentam os impérios. Daí vem a raiz da dependência, da exploração dos recursos naturais, das matérias primas exportadas, em uma relação desigual, conquistadores e conquistados, entre Senhores e escravos, deixa características tão presentes na relação atual entre os países em desenvolvimento e países desenvolvidos. Ao compreendermos que a origem da globalização está na descoberta das Américas. O significado da cooperação Sul-Sul é controverso, tanto do ponto de vista político, quanto do ponto de vista acadêmico. O seu objetivo, a periodização histórica do seu surgimento, a sua funcionalidade e os atores constitutivos são questões que se apresentam no debate. Mesmo assim é razoavelmente consensual a percepção que a noção de Sul não se restringe a uma posição geográfica ou hemisférica. O termo envolve a caracterização, a cooperação ou a relação entre países que têm desafios sociais, políticos e econômicos mais ou menos similares, além de trajetórias históricas de passados coloniais e de exploração. A noção 21 é utilizada de modo relacional, a fim de diferenciar os países em desenvolvimento, do Sul, dos países desenvolvidos do Norte. (JUNIOR; AYERBE,2015, p.16) Segundo Souza (2012), ao passo que o Capitalismo avança, inicia-se várias sucessões de crises econômicas, sendo uma propulsora para a origem do desenvolvimento econômico mundial, uma vez que os Estados se viam endividados e praticamente quebrados com déficits em seus balanços comerciais. Ao passo que essa hegemonia entra em crise, e sua economia é tão dependente de suas colônias, exportadoras de commodities, esses emergentes se veem, no momento de ter voz em meio ao clima favorável de instabilidade econômica. Para Souza (2014) a Cooperação Sul-Sul, vai para além da Cooperação Internacional de Desenvolvimento, CID, pois ao longo dos anos toma características mais conceitual, no entanto, a Cooperação não tem caráter de assistência, nos países subdesenvolvidos, e sim de uma parceria entre ambos para o Desenvolvimento, nesse momento se criam os BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), e IBAS (Índia, Brasil e África do Sul), com o intuito de cooperarem entre si, mesmo não sendo geograficamente alinhados mas tendo a mesmas características similares em relação ao poder hegemônico e suas realidades internas. O Desenvolvimento nos modelos anteriores revelava caráter assistencialista, não um plano a longo prazo, para que os países caminhassem sozinhos, embora muitas vezes, doações e projetos de países desenvolvidos, cumprissem com seus acordos de melhorias naquele momento em questão. Essa transformação traz uma espécie de evolução nas relações diplomáticas dos países envolvidos. Quando se avalia o Desenvolvimento Pós-Guerra Fria, e atualmente se falando de Cooperação para o desenvolvimento, principalmente nas Relações Sul-Sul, há de se destacar seu caráter de reconstrução econômica, desenvolvimento econômico, e não mais apenas crescimento, quando Souza (2012) afirma que crescimento econômico e desenvolvimento econômico, não são proporcionais, o Produto Interno Bruto, PIB, não é um indicador de desenvolvimento econômico político e social de um Estado, temos um entrave social, e essa questão que a Cooperação Sul-Sul vem com o objetivo de reconstrução desses conceitos controversos. Pois indicadores da renda não são suficientes para se avaliar Desenvolvimento Econômico, é necessário que Índices de Desenvolvimento Humano, IDH, cubra essa lacuna deixada pelos processos anteriores, e a partir de então formular projetos que 22 combatam a pobreza e miséria nos países de terceiro mundo. Para que de fato se alcance resultados concretos. Ao se avaliar os financiamentos que os EUA, fez com o plano Marshall, Cooperação de Assistência ao Desenvolvimento (CAD), da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), cujas origens remontam à CID na forma do Plano Marshall, passaram a ser conhecidos como doadores tradicionais, já os países do terceiro mundo eram os recipiendários, e ao se observar a Cooperação para o Desenvolvimento Internacional hoje ela é mais facetada, com novos atores daqueles no período da Segunda Guerra. (SOUZA,2014, p.11). Parte da dificuldade em conceituar a CID decorre da maior complexidade e das transformações no conceito de desenvolvimento nacional. A utilização das expressões doadores emergentes ou economias emergentes para designar países como Índia, China e Brasil obscurece o fato de que, em valores absolutos, a maior parte da população pobre mundial se encontra nestes países. Ademais, muitas das regiões mais pobres destes países emergentes, incluindo o oeste da China, diversos estados indianos e o Nordeste brasileiro, apresentam indicadores socioeconômicos similares aos dos países menos desenvolvidos (SOUZA,2014, p.14) Souza (2014) afirma que a Cooperação Sul-Sul, vai muito mais aprofundar seu caráter de ajuda mútua, do que a antiga Cooperação dos países do Norte que faziam filantropias. Nesse processo se destaca os países do Sul, pois estão unidos com objetivos similares, ao passo que também tem entraves sociais similares, como Brasil e Índia. Similarmente, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) entende a CSS como “um amplo sistema para a colaboração entre países do Sul nos domínios econômico, social, cultural, ambiental e técnico” (UNDP, 2007). Por fim, estudo efetuado para a ECOSOC concebe a CSS como sendo mais ampla que os conceitos de ajuda do Norte. (SOUZA,2014, p 13) Notam-se que os conceitos se reformulam nesse cenário, agentes e estruturas são co-constituídos, Wendt (1999), eles se redefiniram para uma possível evolução dos Estados em desenvolvimentos e que foram prejudicados no período colonial, por imposição dos países que o subjugaram, no entanto, houve uma significativa mudança nesse cenário internacional, que só vem a beneficia-los, embora os desafios ainda são cheios de obstáculos. Para Pino (2013) era necessária a mudança da Cooperação Internacional do Desenvolvimento CID, dentro de um novo cenário, as mudanças das redistribuições de poder, mas precisamente com a crise de 2008, que atinge os países desenvolvidos, a crise dos alimentos, a crise energética e de mudança climática e a crise financeira, muda-se o 23 ambiente, e nesse momento que os emergentes surgem não mais como colônias, mas com mais autonomia, contribuindo no processo de crise global. A Cooperação Sul-Sul, nasce da parceria dos emergentes em contribuírem para o crescimento dos seus determinados Estados e problemas internos, ao passo de se sentirem prejudicados, ante as Organizações Econômicas como OCDE, Cooperação de Assistência ao Desenvolvimento CAD, Organização Mundial do comércio OMC e Fundo Monetário Internacional, FMI, com isso irão buscar mais autonomia através da ajuda mútua, trocas de experiências entre si. O G-77 organizou várias conferências de alto nível, respaldando e promovendo iniciativas de CSS. A primeira das chamadas cúpulas do Sul foi realizada em Havana (2000) e a segunda, em Doha (2005). A declaração final da Cúpula de Havana enfatizou a importância da CSS no novo milênio, e particularmente do compartilhamento de tecnologia e conhecimento entre os países em desenvolvimento (SOUZA,2014, p.16) O termo “Sul Global” faz referências aos países em desenvolvimentos, sejam eles africanos, asiáticos ou latinos americanos, esse termo ganhou essas características no mundo pós-guerra fia, para designarem países do hemisfério sul. Ou seja, nações ainda que apresentavam entraves econômicos e um amplo contraste social em sua economia interna, desigualdades sociais, com a presença até mesmo de extrema pobreza. (SOUZA,2012). Nesse novo cenário, novas atores interagindo e surgindo nos Sistema Internacional, modicando as dinâmicas das relações internacionais, e suas relações de poder, econômicas, políticas e sociais, novas formas de crises também reestruturam essas dinâmicas, e nesse contexto de mudanças é necessário que se repensem um mundo com uma governança para além do que o capitalismo havia trazido com seu crescimento econômico e suas rendas exorbitantes, e o contraste desse fenômeno que não acrescentava aos países que faziam parte dessa globalização, no entanto não fazia parte dessa mudança em seu desenvolvimento interno, e qualidade de vida as suas populações, as quais ficavam a margem dessa crescente economia. Então qual o conceito em que está inserido a Cooperação Sul-Sul no que tange principalmente a diminuição dos contrastes sociais de suas populações? Certamente a mudanças nos processos de ajuda mutua, formando parcerias, trocando experiências entre si, e de se elevar o nível da qualidade de vida desses cidadãos. A cooperação Sul-Sul, enquanto ideia que orienta a inserção internacional do Brasil busca reforçar elementos formadores de uma identidade coletiva que possam: a) promover valores, como o direito ao 24 desenvolvimento com justiça social ou a necessidade de resistir às pressões dos países desenvolvidos; b) resgatar o passado de dificuldades impostas pelo sistema internacional aos Estados menos desenvolvidos e as consequentes limitações para diminuição da pobreza e melhoria da qualidade de vida de suas populações; c) influenciar na definição de normas internacionais que indiquem melhores condições para participação dos Estados menos poderosos; d) aumentar a capacidade de negociação e promoção dos interesses dos países do Sul em relação aos do Norte por intermédio de estratégias variadas de cooperação(JUNIOR;AYERBE, 2015,p.15 ) Da Cooperação Sul-Sul se entende, que é para o Desenvolvimento, para de fato frear os contrastes, marcados pela competitividade capitalista, segundo Sousa (2012), então se projetam ainda que conceitualmente tais formulações para que se legitimem, as ações dessa parceria com objetivos pré-estabelecidos. É de grande importância, esclarecer tais valores buscados para se implementar no processo de Cooperação, foram esclarecidos, não subjetivos ou dúbios, mas que partiram do princípio prático, pois é na prática que de fato se reconhecem tais mudanças alcançadas, objetivos e metas avançadas. Na essência dos objetivos da Cooperação Sul- Sul, vimos sua principal e grande finalidade que é a erradicação da extrema pobreza (JUNIOR E AYERBE,2015) (SOUZA,2014). Desde sua implementação, existem grandes desafios a se considerar, com a parceria dos Estados em desenvolvimento, os chamados emergentes, com a criação dos BRICS, Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, e ainda o IBAS, Índia, Brasil e África do Sul, a de considerar, a evolução dessas parcerias ao longo de sua união, com avanços significativos, mas especificamente, o surgimento de uma nova classe média, que tem o poder de consumo, e ainda muitos desafios a enfrentar para se manter como classe média, ante as crises posteriores. Segundo Junior e Ayerbe (2015), essa cooperação tem fenômenos e instituições distintas como as formas de cooperação para o desenvolvimento Sul-Sul, a cooperação no âmbito da saúde infantil representada pelo programa brasileiro de Bancos de Leite Materno, o Fundo para a Convergência Estrutural do Mercosul (Focem), o Fundo de Desenvolvimento China-África, a atuação da Petrocaribe, a formação do Banco de Desenvolvimento dos BRICS e a constituição do Arranjo Contingente de Reservas, podem ser pensados nessa perspectiva, são exemplos de projetos que se implementam, a partir da Cooperação entre países do hemisfério sul. 25 Para Saraiva (2007), esta união entre os países com características distintas, e problemas similares, veio em busca de um reordenamento dentro do sistema. Semelhanças como as “dimensões continentais”, “reconhecida importância regional ”, “população”, “produto interno bruto”, “recursos naturais”, “regime democrático”. (Exemplos da Índia e da África do Sul). Neste caso, a formação de “parcerias estratégicas” entre o Brasil e estes Estados passou a ser uma opção relevante (SARAIVA,2007, p.53.) Com essas características, de se unir e resolver os problemas que estão enraizados em suas políticas domésticas, tal cooperação vai insistir em melhorias que tomem suas formas práticas de projetos eficazes para que ambos cooperem. O Brasil desde o primeiro mandado do Presidente Lula (2003-2007), vem tomando medidas em busca dessa aproximação com países do Hemisfério Sul, não somente o Mercado Comum do Sul, MERCOSUL e sim Asiáticos, africanos entre outros, há de se considerar tal relevância a essas relações com ganhos para ambos em inúmeras áreas, e não mais apenas comercial, já se tem dito, que o crescimento econômico não é proporcional ao Desenvolvimento de uma nação, segundo Sousa(2012), nota-se o engajamento político nesse novo processo de cooperação. O Brasil diversificou seus parceiros de cooperação, para além das linhas geográficas, países que não estão geograficamente alinhados, no entanto, suas particularidades os fazem terem afinidades em comum. Como parte integrante da Fundação Alexandre de Gusmão (Funag). E, sob os auspícios de um único ministério, criou o Ministério das Relações Exteriores, possibilitando a construção de uma agência especializada em cooperação internacional, fundindo funções técnicas à política externa Com efeito, a partir de 1984, surgiu a necessidade da revisão do Sistema de Cooperação Técnica Internacional vigente, para que houvesse um gerenciamento mais eficiente das demandas de oferecimento e recebimento de cooperação internacional. Para esse fim, foi instituído o Decreto nº 94.973, de 1987, que criou a Agência Brasileira de Cooperação (ABC) (MACIEL, 2010, p.63) A postura da Política Externa Brasileira, nas Relações Sul-sul, mais precisamente no governo De Luís Inácio Lula da Silva, ganhou uma nova conotação diferenciada ao buscar uma nova leitura, tanto na participação nacional como no Brasil nessa nova ordem, segundo Leite (2011). Até mesmo mais engajada, quando falamos de parcerias, ajuda mútua e compromissos acordados. Um de seus traços é a maior importância atribuída aos temas de direitos humanos, segurança, meio ambiente e livre comércio na agenda 26 internacional. Na vacância do teor ideológico, desde então a legitimidade internacional repousa na maneira como cada país lida com essas questões, o que levou à mudança na atuação da política externa. (LEITE,2011, p.163). Segundo Junior e Ayerbe (2014), desde a década de 60, o Brasil tem prestado cooperação com outros países do Sul geopolíticos por meios de implementações de projetos e programas, principalmente da cooperação técnica, ou seja, já se tem um longo histórico em lidar com a cooperação Sul-Sul, com uma vasta experiência, Junior e Ayerbe (2014), novamente firma: Com o descongelamento das relações Leste-Oeste e o final da Guerra Fria, a ordem mundial foi-se livrando de velhas amarras bipolares da segurança e a política passou a contemplar novos atores (novos Estados, mas sobretudo agentes não estatais), mas igualmente distintos palcos de ação (do regional ao global) para as chamadas “potências emergentes”, entre elas o Brasil. Na transição para o século XXI, moveram-se as placas tectônicas da ordem econômica e política mundial, crescendo paulatinamente a importância de países semiperiféricos nos processos de globalização da economia (JUNIOR E AYERBE, 2014, p.53). A atuação da Política externa brasileira, vai direcionar os objetivos do Brasil e sua atuação para uma diplomacia liberal, para novos mercados, o que o proporcionará um país capaz de fazer parcerias, de fazer acordos, não mais regionais e sim globais, estendendo sua dinâmica nas Relações Internacionais, pois nesse momento de estabilidade política se vê como um líder regional, e até mesmo tomando um certo lugar no reordenamento do Sistema Internacional. Em relação ao liberalismo econômico, no caso brasileiro a concorrência global por mercados e investimentos colocou para o país a necessidade de uma reinserção competitiva na economia internacional. Embora o modelo de desenvolvimento baseado na substituição de importações tenha sido superado, o êxito do crescimento econômico havia proporcionado a organização de setores desenvolvimentistas e protecionistas fortes e estáveis assim como gerado uma estrutura industrial diversificada. (SARAIVA,20, p.43). O que diferencia a Cooperação Sul-Sul da Cooperação Norte-Sul é o grau de dependência e subserviência, as relações que o Brasil possuía com os Estados Unidos e países desenvolvidos, essas relações, não se permitiam desenvolvimento de fato, e sim dependência, ao passo que o Brasil precisa exporta commoditties, importa tecnologia, relações desiguais sem ganhos equilibrados, de certo que as Relações Sul-Sul, irão 27 diferentemente não exterminar essas desvantagens, Brasil Índia irão diminuir tal desvantagens consideravelmente. O desenvolvimento nos países periféricos, sempre ficaram em segundo plano, mesmo de seus governos internos, falta de políticas públicas efetivas, implementação desses trabalhos, no entanto a reconfiguração do Sistema internacional forçou esses países a saírem de suas zonas de receptores, e a protagonizarem em suas regiões e logo mais no cenário internacional, garantido assim suas inserções. “Sul global”, expressão cunhada no final da Guerra Fria para fazer referência aos países e às sociedades em desenvolvimento do hemisfério Sul, bem como a outros localizados no hemisfério Norte, que possuem indicadores de desenvolvimento médios e baixos. Estes países são na maioria jovens nações africanas e asiáticas, mas também Estados latino-americanos independentes há mais de dois séculos. No total, uns 150 Estados soberanos (SOUZA, 2014, p.57). Para Souza (2014, p. 57) “O rótulo tem substituído e atualizado progressivamente a qualificação de “terceiro mundo”, na qual foram catalogados muitos países em desenvolvimento ao conquistar sua independência e inaugurar uma ordem internacional pós-colonial”. O desenvolvimento ganha novos contornos, pois tais países já estão com mais autonomia, e estão como pioneiros de commoditties, onde muitos países desenvolvidos são dependentes dessas matérias primas. As relações econômicas em que se inserem as Relações Sul-Sul que compõem Brasil e Índia, irão definir um modelo assimétrico, levando-se em consideração sua inserção no Sistema Internacional, não são levados em consideração sua localização geográfica e sim suas similaridades como emergentes e países em desenvolvimento que os aproxima a formar acordos e parcerias econômicas, de certo que as divergências também irão moldar essa relação, e até mesmo amadurece-la. Embora não haja convergência entre os especialistas sobre qual foi o grau de mudança da política externa brasileira, ocorrida com o início do governo Lula, e depois continuada pelo governo Dilma, ainda assim não há como negar que a cooperação Sul-Sul foi uma marca de destaque e a aproximação com os países em desenvolvimento e emergentes ocupou lugar de relevo no discurso da diplomacia desde então (JUNIOR; AYERBY,2015, p 113) Para além das críticas, o desenvolvimento que trouxe esse modelo, estão bem nítidos nas relações comerciais, essas relações vão para além de trocas comerciais de produtos, elas se estendem para outras inúmeras áreas em que atuam segundo a Agencia Brasileira de Cooperação como afirma Maciel (2010) e já mencionado anteriormente, 28 órgão criado a conduzir essas questões que necessitam de desenvolvimento, que é a essência das Relações Sul-Sul, o que possibilitaria uma maior autonomia nas Relações Internacionais e sua inserção na nova ordem global como parte de sua política externa tanto de Brasil como Índia. 3 BRASIL E ÍNDIA NAS NOVAS RELAÇÕES SUL-SUL O Brasil enquanto líder regional, irá atuar com novos parceiros, para além de sua região, parcerias como a Índia, com a junção a partir do BRICS e do IBAS, tal acordos entre Brasil e Índia, estão promovendo o Desenvolvimento inseridos no processo da Cooperação Sul-Sul, que visam melhorias para ambos, tanto no setor comercial, quanto político e principalmente social. No que se refere a Índia traz consigo uma história milenar, não muito distante, uma ex-colônia, a qual se projeta nesse novo cenário internacional, nessa nova estrutura, para Wendt (1999) são os conhecimentos, suas culturas, que por vezes podem mudar os agentes, seus atores, sofrem influências e são influenciados em sua identidade. Afirma (PECEQUILO,2012) O estabelecimento do espaço indiano em meio aos vizinhos asiáticos foi dificultado pela reorganização mundial do pós-Guerra Fria. Dentre as principais dificuldades observadas ao fim do conflito Leste-Oeste estão o desenlace das ligações antes estabelecidas com a União Soviética; a diminuição do envolvimento indiano com o Reino Unido – sua metrópole colonizadora – em virtude da União Europeia; e a interrupção das grandes parcerias comerciais dos países do Oriente Médio com a Índia. Além disso, a ascensão asiática após a Revolução Científico Tecnológica tornou inevitável uma virada indiana à região, ampliando e estreitando relações com os países de seu próprio continente. (PECEQUILO, 2012, p.150) A Índia é um dos integrantes dos parceiros BRICS e IBAS, que tem grandes similaridades com o Brasil apesar das divergências e do caráter geopolítico, esses dois parceiros estão limitados, ainda assim essa junção de forças e ajuda mútua traz benefícios que ultrapassam as divergências. Sendo considerada uma potência emergente ela se assemelha ao Brasil por fazer parte desse novo reordenamento internacional. Nessa percepção, a unipolaridade não consegue se legitimar, pois a tentação imperial é permanente o que, simultaneamente, estimula o investimento das demais potências em um esforço contra-hegemônico. Em um contexto mundial com vetores multipolares, o exercício multilateral, em particular nos fóruns políticos, torna-se crucial para atenuar a primazia norte-americana e conter seus impulsos unilaterais, que se tornariam inevitáveis em uma ordem internacional sem competidores ou opositores. (LIMA,2005, p.13) 29 A Índia, um novo ator emergente teve um crescimento altamente relevante ao reordenamento do Sistema Internacional, sendo de uma liderança regional considerável, com um regime sólido democrático desde a década de 1946. (PECEQUILO,2012) Semelhanças como as “dimensões continentais”, “reconhecida importância regional ”, “população”, “produto interno bruto”, “recursos naturais”, “regime democrático”. (Exemplos da Índia e da África do Sul).2 Neste caso, a formação de “parcerias estratégicas” entre o Brasil e estes Estados passou a ser uma opção relevante. (SARAIVA, 2007, p.54) Há de se considerar o crescimento indiano não apenas econômico, mas sim político, social com ganhos para sua democracia. É dentro dessa evolução, que se vê um país emergir com grandes forças, e buscar seu lugar, criando parcerias, não só com os BRICS, e também com a EU. Se firmando, se estruturando, se fazendo conhecer no Sistema Internacional. Sua participação na Cooperação Sul-Sul fez um diferencial em suas tomadas de decisão, em sua atuação, para com sua política doméstica e sua política externa principalmente. Para Leite (2011) A Índia tem papel primordial, nesse novo cenário, estabelecendo acordos em seu comércio agrícola e sua tecnologia, ou seja, áreas essenciais para o crescimento do país, no que se refere as suas exportações, e são setores que a Índia tem se projetado dentro do BRICS e no comércio internacional. Para Nassif (2008) em sua trajetória política econômica a Índia, busca se inserir se estruturar, abrir sua economia, coordenando política macroeconômica, monetária e cambial, com suas demais políticas, que se configurava o Sistema Nacional Indiano. Sabe-se que devido o enfraquecimento do EUA, os emergentes ganham força no SI, no entanto, é necessário que se façam parcerias, para que, continuem a se afirmar no cenário mundial, não apenas no comércio, mas no que tange a governança global. A aproximação entre Brasil e Índia remontam a década de 50, no entanto vimos relevantes parecerias no governo de Luís Inácio Lula da Silva, em 25-27 de janeiro de 2004, o Presidente Lula visita à Índia, como convidado especial do Governo indiano para o Dia da República. A visita inclui passagens por Nova Délhi, Agra e Mumbai. É celebrado Acordo básico de preferências comerciais entre o Mercosul e a Índia. (MRE,2007). Entretanto, o que os dados nos mostram é que houve diversificação das exportações no comércio Brasil-Índia. As exportações brasileiras para a Índia em 2000 estavam totalmente concentradas em 100 produtos (99%). 30 Em 2013, os 100 produtos mais exportados representaram 97% do total. O mesmo ocorreu com as exportações indianas para o Brasil (de 92% do total em 2000 para 87% em 2013). Num período no qual houve concentração das exportações totais, a pequena desconcentração observada no comércio Brasil-Índia é bastante relevante (JUNIOR; AYERBE,2015, p.115) Ao passo que as relações Brasil-Índia, irão se intensificar, essas relações comerciais irão se diversificar, não só no âmbito comercial e econômico, e sim mais amplo no que de fato envolve a Cooperação para o Desenvolvimento, dentro da ideologia Cooperação Sul-Sul, e são esses diferenciais que fazem da Cooperação Sul-Sul, uma cooperação de ajuda mútua entre parceiros, assim também com a formação dos BRICS e IBAS, e suas parcerias com os demais blocos econômicos, faz desses relações multilaterais, relevantes no SI, e de altos impactos nas RI. Segundo Vigevane e Cepaluni (2007) Com a Índia o Brasil intensificou esse acordo através do IBAS, esse G-3 que vai ter grande relevância, e ganhos para ambos. Para Leite (2011) essas ações partiram da necessidade da cooperação de obter resultados ótimos que isoladamente não iriam conseguir, ou seja é fundamental a parceria desses Estados, no que tange suas participações na Cooperação Sul-Sul. Brasil e Índia, intensificaram acordos, em inúmeros setores, desde o setor da educação aos agronegócios em outros como as exportações e importações ficaram limitadas dada sua distancias geográficas e o custo logístico, com os transportes. Sobre ambos, o crescimento tem demostrado altos índices, e mudanças significativas tem ocorrido. O fato de as exportações intra-Ibas (especialmente Brasil e Índia) nesse período não apresentarem o mesmo padrão de concentração das exportações totais sugere que esses são destinos que oferecem um potencial de aumento da diversidade das exportações que pode, ao mesmo tempo, reduzir a dependência em poucos produtos e em poucos destinos. Além disso, a diversificação das exportações pode significar a diversificação da produção doméstica na direção de produtos com maior produtividade e, em alguns casos, na desconcentração setorial e espacial da produção nacional (MRE,2007, p.118) Embora países com inúmeras similaridades, existem as divergências, eles são culturalmente distintos, no entanto apresentam suas similaridades quanto ao seu desenvolvimento econômico e sua Inserção Internacional, Brasil-Índia buscaram sua entrada com o neoliberalismo econômico, internacionalização de suas empresas, e até 31 mesmo a abertura econômica, para então serem inseridos como emergentes. O organograma abaixo define essa cooperação. É necessário, que esses laços ao passo da maturidade venham se fortalecer ainda fortemente, com as experiências obtidas desde sua iniciação, de fato como se tem analisado, foram relações intensificadas como nos períodos que se seguiram essa fortificação de acordos e diversificação dos mesmos. As Relações bilaterais entre Brasil e Índia evoluíram ao longo dos anos, não deixando de se considerar as inúmeras dificuldades e desafios e a timidez com que se dá tal parceria, o que não foram motivos para que rompesse essa relação, que tem caminhado para uma cooperação com o objetivo para o Desenvolvimento destes países e o fortalecimento de suas democracias, o qual estará bem caracterizado na Índia essa luta por direitos e participação popular tem dado um diferencial nessa fase de ambos países que lutam por mais melhorias em suas políticas econômicas domésticas, embora os entraves ainda dificultam o objetivo central dessa parceria, a continuação e a renovação da mesma legitima a importância paras os Estados. A cooperação prestada pelo Brasil é organizada pela Agência Brasileira de Cooperação (ABC), órgão vinculado ao Ministério das Relações Exteriores (MRE), especializada em Cooperação Técnica Internacional. Para dar conta de suas atribuições, a ABC divide-se em sete frentes de atuação (ULLRICH E CURRION, 2012, p.18,19) COOPERAÇÃO PRESTADA PELO BRASIL . MRE COOPERAÇÃO TECNICA INTERNACIONAL PAISES EM DESENVOLVIMENTO RECEBIDA BILATERAL RECEBIDA MULTILATERAL AGROPECUARIA ENERGIA BIOCOMBUSTIVEIS E MEIO AMBIENTE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO DEFESA CIVIL URBANISMO TRANSPORTES ABC 32 Fonte: Retirado de “A atuação do Brasil na Cooperação Internacional do Desenvolvimento” 3.1 Histórico do Desenvolvimento e inserção do Brasil nas Relações Sul-Sul O Brasil ao longo do seu desenvolvimento, após sua abertura política e posteriormente econômica, vem buscando em meios a intempéries das crises globais que acabam por sufocar sua economia, a sua autonomia, no que tange aos mercados internacionais, logo também aos seus inúmeros planos econômicos, para que se venha gerar estabilidade em sua economia doméstica, e de sua moeda brasileira. Embora ainda com um amplo mercado de exportação de commodities, diante dos seus parceiros dos BRICS, MERCOSUL, o Brasil se viu em meio a estabilidade com seu plano econômico, o Real, a ampla abertura de crédito, o que beneficiou as classes mais baixas para terem acesso a esse mercado e poder de compra, o que o tornou uma potência regional na América Latina. A participação do Brasil nas Relações Sul-Sul, só veio se intensificando e se reorganizando, e tornando-se estratégia principal da agenda de Política Externa do Brasil. No Brasil, esta estratégia de universalização pragmática das relações exteriores foi incluída desde o princípio na PEI. Repetiu-se a proposta do governo Geisel (1969-1974), tendo sido, posteriormente, reeditada no governo Itamar Franco (1992-1993) e, mais recentemente, surge como projeto principal da política externa do governo Lula da Silva iniciado em 2003(NOGUEIRA,2008, p.1). GOVERNANÇA ELETRONICA SAUDE DESENVOLVIMENTO SOCIAL EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL ACOMPANHAMENTO DE PROJETOS PLANEJAMENTO ADMINISTRATIVO 33 O governo brasileiro usou as estratégias como PEB (Política Externa Brasileira) para formar parcerias e até mesmo privilegiando essa forma de relação, também uma forma de diminuir sua dependência com os países Desenvolvidos afirma Nogueira (2008), principalmente EUA, Nogueira (2008) afirma quanto maior a interseção dos países menor serão suas vulnerabilidades sistêmicas. Dessa forma o Brasil vai ampliando sua relação e formando parcerias priorizando o eixo Sul, fortificando esses laços, que trouxeram ganhos e até mesmo lhe deram autonomias dentro do Sistemas internacional, quando se forma pareceria na relação Sul- Sul, se reafirma também sua grande liderança regional, reconhecendo suas falhas para que se venha a diminuir suas carências e ampliar suas vantagens. O governo do Presidente Lula da Silva, privilegia as relações com o eixo do Sul sob dois aspectos. Primeiro para multiplicar os parceiros comerciais do país, diversificando as possibilidades de cooperação e ganhos econômicos e comerciais. O segundo aspecto está relacionado ao fato de que estas alianças possibilitam alterações no contexto decisório do sistema internacional, ou seja, a partir da união política dos países com interesses comuns, resultados mais favoráveis a todos poderão ser obtidos (NOGUEIRA, 2008, P. 2) Suas parcerias irão fortalece-lo como potência emergente, até mesmo dentro da América Latina, não deixando de mencionar os países árabes, que no governo Lula da Silva se intensificaram, partindo desse ponto, as parcerias tornam o Brasil mais forte e mais autônomo com acordos como BRICS, IBAS, ASPAS (América Latina e Países Árabes) MERCOSUL. No período de março de 1974 a março de 1979, a cooperação do Brasil com os demais países em desenvolvimento respondeu à necessidade de “renegociação da dependência” brasileira em relação aos países industrializados no contexto de um mundo em transformação. Diante da conjuntura externa de ascendente multipolaridade econômica, de consolidação da détente, de crise de balança de pagamentos, somada a uma percepção interna de potência emergente, o país rompeu a aliança especial com os EUA e os limites ideológicos na sua atuação externa, multiplicando suas relações com Estados do Sul (LEITE, 2011, p. 153). A sua participação nas Relações Sul-Sul só reforça sua forca política e sua autonomia no SI, ante as negociações, atende seu objetivo junto aos países Desenvolvidos, e fortifica participação regional junto aos seus parceiros. Tendo como consequência de suas parcerias regionais, mas principalmente as Relações Sul-Sul, as medidas adotas no FMI, e no BM, desconsiderando sua força junto aos órgãos mundiais, se utiliza das estratégias dos emergentes como a criação do NBD dos BRICS, para Peres (2015) BM e FMI perdem-se sua legitimidade para os emergentes. 34 A criação do NBD do BRICS teve o propósito de superar o atraso existente na gestão administrativa das duas principais instituições financeiras - o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial, constituídas em 1944, na conferência mundial de Bretton Woods, realizada no Estado americano de New Hampshire, para estabelecer as novas bases e a segurança do sistema econômico e monetário internacional, do pós-guerra (PERES, 2015, p. 289). Discutir sua inserção no SI, e reaver seus interesses econômicos, será sua conquista, o Brasil tem como consequências ganhos e muitos desafios a superar, em se tratando da necessidade de fortalecer suas parcerias e ainda se manter com autonomia no SI, tem como o intuito muito maior a finalidade que será a cooperação para o Desenvolvimento dos países, que uma vez já conquistados essa independência, busca agora resolver seus problemas internos, gerados ao longos dos anos de dependência como colônias, e apenas provedores de commodities, sem muitas articulações com os países Desenvolvidos, e sim uma relação de cima para baixo, de subserviência, portanto vai se aproveitar do momento de fragilidades dos EUA, e se projetar nas RI. Quando se inicia essas negociações o Brasil se vê, articulando com parceiros no SI, e reafirma acordos com a Ásia, assim como com a Índia, como afirma Leite (2011, p. 190) “Em junho de 2003, o Brasil recebeu a visita do Ministro das Relações Exteriores da Índia, Yashwant Sinha, a primeira de um chanceler indiano ao país. Em outubro daquele ano, o chanceler Amorim retribuiu o gesto. Em janeiro de 2004, o Presidente Lula visitou a Índia, como convidado especial do Governo indiano para o Dia da República” Observa-se um certo amadurecimento econômico brasileiro, já no século XXI apesar dos inúmeros pacotes econômicos e moedas, que o Brasil utilizou ao longo do século XX, seria suas heranças herdadas? Ou administrações malsucedidas dos gestores e seus chefes de Estados? Fato é que houve atrasos, com grandes chances de reformas, quando se fala de Governo brasileiro e política econômica, estamos em um terreno complexo e delicado, passamos pelo processo de desenvolvimentismo em que o Brasil acreditou no seu desenvolvimento. Ao se remeter ao passado histórico dos governos no Brasil para exemplificarmos sua história atual na política internacional, observa-se os vários posicionamentos e alinhamentos em sua PE, um avanço de suas políticas econômicas para um desenvolvimento do país ainda agrário, tornando-se industrializado, rompendo com um 35 paradigma de ex-colônia, procurando embarcar no liberalismo econômico e na globalização em que as potencias estavam envolvidas é um grande passo que se inicia no governo de Getúlio Vargas (1930-1945), com grandes ganhos internos, sem levar em consideração seu caráter ditatorial, o então presidente fez evoluções internas, com os ganhos nas leis trabalhistas, instituiu a indústria, criou a Petrobrás, o que caracteriza seu governo nacionalista, já na sua agenda externa manteve o alinhamento com os EUA. É dentro desse clima de insatisfação que Vargas reassume o governo brasileiro com a promessa de promoção mais efetiva dos interesses brasileiros sob a premissa de que as relações econômicas internacionais deveriam impulsionar o desenvolvimento econômico e na expectativa de retomada de maior cooperação econômica com os Estados Unidos. É evidente que, nesse quadro, havia uma consciência da necessidade de manutenção de um alinhamento com os Estados Unidos, porém sem ser uma política de subserviência (OLIVEIRA, 2005, p. 67). As características do governo Vargas (1934-1945), além de ter caráter nacionalista demonstra um grande desenvolvimento no país, até mesmo uma autonomia do Brasil em barganhar com os EUA, o que muitos autores classificam como barganhar, para Oliveira (2015, p 67). “Esteve marcada pela tentativa de implementação da estratégia da "barganha" que ele tinha utilizado em sua gestão anterior”. Seu governo se impôs aos EUA, uma resposta as liberalizações do BM, ao governo brasileiro, houve avanços consideráveis de um país agrário passando a um país globalizado, buscando alinhamento, ainda que ainda dependente, procurando autonomia. Nos
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