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Interpretação Hemograma - Série vermelha e infecções

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INTERPRETAÇÃO DO HEMOGRAMA – SÉRIE VERMELHA
Em um esfregaço de sangue periférico, os eritrócitos normais se apresentam de forma arredondada, anucleada e com uma área de palidez central. Especializados em transportar oxigênio para os tecidos, são produzidos através de linhagens de células da medula óssea e sua associação a componentes como eritropoietina, ferro, folato e vitamina B12.
Componentes essenciais para a circulação adequada do eritrócito na vasculatura corporal são a integridade da membrana eritrocitária, conteúdo enzimático, quantidade e qualidade da hemoglobina e condições plasmáticas favoráveis. Qualquer alteração em um destes componentes levam a modificação dos eritrócitos em tamanho, forma, coloração e distribuição no esfregaço sanguíneo. Desta forma, tem-se o hemograma como um dos métodos mais eficazes na análise e diagnóstico de possíveis alterações presentes na morfologia dos eritrócitos, seja ela de tamanho (ansiocitose) ou forma (poiquilocitose).
Alterações de tamanho:
Microcitose: Eritrócitos de tamanho menor que o normal, ou seja, abaixo de 7 μm e são denominados micrócitos. A identificação pode ser feita comparando o diâmetro do eritrócito com o núcleo de linfócitos das redondezas. Exemplos de patologias com microcitose são anemia ferropênica, talassemias e anemoas sideroblástica.
Macrocitose: Eritrócitos de tamanho maior que o normal, geralmente arredondados ou ovais, diagnosticados quando o volume corpuscular médio (VCM) excede 100 fl ou quando os eritrócitos possuem mais de 9 μm de diâmetro. Exemplos de situações com macrocitose são a reticulocitose, sugerindo hemólise ou sangramento recente, deficiência de vitamina B12 ou ácido fólico, doenças endócrinas, doenças hepáticas, distúrbios de medula óssea, anemias diseritropoéticas congênitas e excesso de ingestão de álcool .
Alterações de coloração:
Hipocromia: Eritrócitos se coram pela eosina, principalmente na periferia, e possuem coloração mais pálida que o normal. Acarretada primordialmente pela redução do conteúdo da hemoglobina oriunda da diminuição da síntese de heme ou de cadeias globulínicas. Alguns exemplos são a deficiência de ferro, a anemia sideroblasticas e a b-talassemia minor.
Policromasia: Eritrócitos imaturos, reticulócitos jovens, adquirem coloração róseo-azulada devido a presença de RNA ribossômico e hemoglobina corados por corantes básicos e eosina. Comumente encontrada devido ao estimulo medular por altos níveis de eritropoietina.
Alterações na forma:
Esferócito: Eritrócitos de forma esférica pela perda de porções da membrana esferocítica. Não apresentam a palidez central e no esfregaço, possuem diâmetro reduzido e coloração intensa. Exemplos são a esferocitose hereditária, anemias imuno-hemolíticas e anemias hemolíticas microangiopáticas. 
Eliptócitos e ovalócitos: eritrócitos que apresentam formas ovaladas e eliptocíticas. Eliptócito refere-se às células cujo maior eixo é pelo menos duas vezes o menor e os ovalócitos são as células cujo maior eixo é inferior ao dobro do eixo menor. Um exemplo é a eliptocitose hereditária.
Estomatócito: Eritrócitos que apresentam uma fenda central, semelhante a uma boca. Exemplos são presentes no abuso do álcool, na hepatopatia alcoólica e nas estomatocitoses hereditárias (distúrbios de regulação de volume da membrana eritrocitária).
Dacriócitos: Hemácias em forma de lágrima presente nas fibroses de medula óssea ou diseritropoese grave, nas anemias hemolíticas, anemias megaloblásticas e na mielofibrose idiopática.
Eritrócitos em alvo: Eritrócitos com distribuição anormal da hemoglobina, resultando em uma quantidade localizada dentro da área de palidez central. Formadas pelo excesso de membrana em relação ao volume do citoplasma. Exemplos presentes na icterícia obstrutiva (excesso de lípides na membrana), nas hepatopatias graves, talassemias, deficiências de ferro e em algumas hemoglobinopatias. 
Eritrócitos falciformes: Eritrócitos em forma de foice ou crescente presentes nas doenças falciformes como SS, SC e SB-talassemias.
Células espiculadas: Classificados em equinócitos ou hemácias crenadas (dez a trinta pequenas espículas regulares), acantócitos (duas a vinte espículas de comprimento e distribuição irregulares), queratócitos (geralmente um par de espículas, às vezes quatro ou seis), e esquizócitos (fragmentos eritrocitários, muitos dos quais espiculados). 
Inclusões eritrocitárias:
Corpusculo de Howell-Jolly: Material nuclear remanescente no interior dos eritrócitos, de tamanho pequeno, basofílico e único. Presentes na esplectomia ou situações de hipoesplenismo ou asplenia funcional, já que são removidos pelo baço.
Pontilhado basófilo: Inclusões contendo RNA disperso no citoplasma do eritrócito, presente em diversas condições clinicas. 
Corpúsculo de Pappenheimer: Inclusões basofílicas, pequenas compostas de hemossiderina na periferia da célula. Geralmente ocorre pela sobrecarga de ferro. 
Anéis de Cabot: Restos nucleares semelhantes a anéis azulados.
Microrganismos: Podem estar presentes no interior dos eritrócitos, como protozoários parasitas. Como exemplo tem-se o Plasmodium falciparum.
Outras alterações:
Aglutinação: Ocorre quando as hemácias são revestidas por anticorpos, como ocorre nas anemias hemolíticas autoimunes.
Fenômeno de Rouleaux: Aumento das proteínas plasmáticas de alto peso molecular, levando as hemácias a empilharem entre si, formando “pilhas de moedas”.
Rosetas: Eritrócitos presentes em torno dos neutrófilos, rondeando o mesmo. Ocorre primordialmente em algumas anemias hemolíticas, de etiologia imunológica. 
INTERPRETAÇÃO DO HEMOGRAMA – INFECÇÕES
A análise do sangue periférico coletado vem sendo uma estratégia importante para diagnóstico e acompanhamento de doenças desde os tempos antigos. A técnica mais recente, denominado Hemograma, constitui a análise citológica moderna do sangue envolvendo inúmeros parâmetros laboratoriais quantitativos e qualitativos, os quais se baseiam em constatações importantes de comportamento dessas células presentes no sangue.
O sangue é um tecido constituído de plasma e células, as quais são produzidas na medula óssea originárias de uma população de células pluripotentes do eixo mielóide. Por esse motivo, a taxa de proliferação da medula óssea deve ser alta, principalmente quando a demanda aumenta.
O hemograma
Os dados que podem ser obtidos com o hemograma são:
Eritrograma: Importante pra contagem de glóbulos vermelhos, dosagem de hemoglobina, hematócrito, volume corpuscular médio, hemoglobina corpuscular média, porcentual de reticulócitos e análise de parâmetros morfológicos dos eritrócitos. 
Leucograma: Importante para contagem de leucócitos, contagem diferencial dos leucócitos e descrição morfológica dos leucócitos.
Plaquetograma: Importante para contagem de plaquetas e descrição morfológica de plaquetas.
Infecção e hemograma
O tecido infectado reage ao microrganismo infeccioso de modo que o mesmo se altera frente à agressão de modo generalizado. Os principais órgãos envolvidos são o fígado, com a produção de proteínas que regulam a inflamação como a proteína C-reativa, e a própria medula óssea, a qual aumenta a produção de leucócitos, majotariamente neutrófilos, passível de ser identificado no hemograma.
O processo infeccioso, ao desencadear morte tecidual, estimula macrófagos residentes à produzirem IL-1 e TNF-alfa, citocinas importantes por estimularem células mesenquimais, linfócitos e outros monócitos para produzirem INF, GM-CSF e G-CSF, fatores de crescimento que estimulam a produção de monócitos e neutrófilos pela medula óssea. Esses neutrófilos, definidos como células móveis, fagocíticas, com a função especializada de destruir microrganismos, migram para o sítio de lesão pela circulação através da atração quimiotática e auxilio de moléculas de adesão expressas pelas células endoteliais.
Os neutrófilos
Os neutrófilos pertencem a linhagem da população de células mielóides, a qual é iniciada com o mieloblasto, para formação de granulocíticos. A mitose do mieloblasto
produz dois promielócitos e a mitose destes, originam o mielócito propriamente dito. A mitose do mielócito leva a formação do metamielócito, o qual não tem capacidade de replicação. Sua maturação originam os bastonetes e os neutrófilos segmentados. 
Logo, a medula óssea é constituída de uma população granulocítica, tanto de células em proliferação, amadurecimento e de reserva.
Neutrofilia: Definida como o aumento do número de neutrófilos circulantes, isto é, presentes em um dado momento (o da coleta) no sangue periférico. Para calcula-lo, faz-se a leucometria vezes a porcentegem de neutrófilos, dividido por 100, na qual os valores normais situam-se entre 2.000 e 7.500 neutrófilos/mm3.
A resposta inicial da medula óssea frente ao processo infeccioso é de liberação da população de neutrófilos de reserva. O estimulo agressor aumenta a produção de novos granulocíticos, aceleração do processo de maturação e liberação das células, ressaltando que no sangue periférico sempre há maior proporção de células maduras que células jovens, o que reflete a hierarquia que ocorre na produção de neutrófilos. A neutropenia também pode ser comum em alguns processos infecciosos, seja por ação de antibióticos, quanto característica do próprio processo patológico do patógeno invasor.
Os monócitos
Possuem grande importância no processo inflamatório, principalmente a relacionada à fagocitose e como célula apresentadora de antígeno. Na reação de fase aguda, pode-se observar monocitose, quando o mesmo evoluí para a fase crônica. 
Os linfócitos
Células reconhecedoras de antígenos, importantes na resposta imune contra a lesão tecidual e presença de microrganismos. Através do reconhecimento do antígeno, os linfócitos específicos são ativados, proliferam e sofrem modificações estruturais que possibilitarão efetuar a resposta imune (plasmócitos e linfócitos T citotóxicos). Na reação de fase aguda, o hemograma frequentemente apresenta lifocitopenia absoluta, o que reflete a mobilização dessas células a nível tecidual local. Linfocitose é comum em infecções virais e doenças como a tuberculose e taxoplasmose, acompanhado da presença de linfócitos atípicos.
Os eosinófilos
Mobilizados para o tecido durante o estresse, sua ausência é comum nas reações de fase aguda. Já em processos alérgicos, a eosinofilia é presente. 
Concluindo, o hemograma não é capaz de realizar um diagnóstico ou identificar o agente etiológico de uma infecção, porém é essencial para a avaliação do paciente, referendando sua situação fisiológica e progressão clinica da doença e/ou tratamento.

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