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ESCRITA EM LÍNGUA PORTUGUESA PERGUNTAS

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ESCRITA EM LINGUAPORTUGUESA=
Como afirma Labov=A função da língua de estabelecer contatos sociais e o papel social, por ela desempenhado de transmitir informações sobre o falante constitui uma prova cabal de que existe uma íntima relação entre língua e sociedade [...] A própria língua como sistema acompanha de perto a evolução da sociedade e reflete de certo modo os padrões de comportamento, que variam em função do tempo e do espaço.
Em frente a essa relação, iniciam-se estudos voltados à sociolinguística.
Romaine (19i94) apud MONTEIRO (2008) assegura que o vocábulo sociolinguística foi concebido a partir da década de 50 para estabelecer relação entre as ideias dos linguistas e sociólogos relacionadas à importância da linguagem na sociedade, e, principalmente, a cerca de da conjuntura social da pluralidade linguística.
Barbosa (2008) ressalta que= as pesquisas sobre estudos sociolinguísticos surgiram com William Bright (1966) e Fishman (1972). Esses passaram a incorporar os aspectos sociais nos estudos científicos das línguas. Bright (1966 p. 15) afirmava que “a diversidade linguística é precisamente a matéria de que trata a Sociolinguística”. Ele condicionava as dimensões desse estudo a “vários fatores sociais”. Essa nova área de estudo linguístico é então chamada de “sociolinguística”.
Para Bright (1966) e Labov (1972)= toda e qualquer ação linguística está relacionada a um fato social, e que a língua sofre interferências internas e externas. Labov tornou-se conhecido por ser o representante da teoria da variação linguística, pois a Sociolinguística é a área da linguística que estuda a língua por meio de fatores extrínsecos, caracterizando a diversidade e a heterogeneidade linguística.
A norma corresponde= à necessidade que o grupo social experimenta em defender seu meio de comunicação das transformações que possibilitariam advir no momento de seu aprendizado. Pressupõe - se que os integrantes de determinado grupo social tentam não fazer parte, não inserir em outra forma de linguagem que não seja a que eles dominem, podendo defender a sua identidade no grupo.
Conforme Coseriu (1979)= os fatos da norma são fixados pela tradição, ou seja, pelo hábito, pelo costume de cada grupo, dentro da comunidade linguística. E assim, dentro de uma comunidade linguística, podem-se definir várias normas: norma padrão, norma culta, linguagem familiar, linguagem popular, linguagem rural, etc. Conquanto, uma norma (a padrão, fixada pela tradição gramatical) possa sobrepor - se às demais, sendo considerada a melhor, ou mesmo sendo identificada à própria Língua.
 Do ponto de vista linguístico tal julgamento não procede, pois, em princípio, os fatos de norma, isto é, a variação normal não afeta o funcionamento do sistema linguístico, logo não possuem valor funcional.
Em outra visão mais empírica do conceito de língua, Faraco (2008, p. 31) coloca que = “uma língua é constituída por um conjunto de variedades”, sendo assim, “não se pode definir uma língua como sendo apenas uma unidade da linguagem, pois ela é mais do que isso, ela é também uma entidade cultural e política”, dessa maneira, essa concepção de língua está na incumbência com a descrição de norma exposta pelo estudioso da língua.
 
Faraco (2008, p. 37) simplesmente designa norma culta como = “o conjunto de fenômenos linguísticos que ocorrem habitualmente no uso dos falantes letrados em situações mais monitoradas de fala e escrita”, ou seja, a maneira como um falante de determinada língua costuma falar ou escrever certa expressão que utiliza em determinada situação, sendo assim, para cada grupo social de que fazemos parte, temos uma variação de nossa linguagem e para todas as quais há uma norma.
É fantasiosa a ideia de que o domínio da norma culta é um instrumento de ascensão social, pois, como assevera Bagno (2001)= o domínio da norma culta de nada adiantará se o indivíduo não tiver seus direitos de cidadãos reconhecidos, e se não houver uma transformação da sociedade atual. Bagno reforça que= a norma culta é um privilégio de poucas pessoas no Brasil, assim como a alimentação, habitação, transporte, etc. Explicação para essa realidade de três problemas básicos: quantidade elevada de analfabetos e alto índice de analfabetos funcionais brasileiros; falta de hábito de leitura e de escrita pelas pessoas alfabetizadas; e a norma culta como modalidade de língua, uma vez que esta não é a utilizada pelos brasileiros.
VARIAÇÕES LINGUÍSTÇAS E AS MUDANÇAS.
Nenhuma língua apresenta-se como entidade homogênea, todas são retratadas por uma união de variedades. Partindo dessa perspectiva que língua e variação são inseparáveis, a Sociolinguística considera a diversidade não como um problema, mas como qualidade constitutiva do fenômeno linguístico, Binatti.
Um mito interessante é achar que o português falado em Portugal é superior ao português falado no Brasil. Sobre essa falácia, Bagno ressalta que=A notável repulsa da elite brasileira por seu próprio modo de falar o português encarna, sem dúvida, a continuação no tempo desse espírito colonista, que se recusa atribuir qualquer valor ao que é autóctone, sempre visto como primitivo e incivilizado. Já Fonte denunciava em 1945 que “esse desprezo de nossa língua anda sempre irmanado ao descaso por tudo o que ela representa: a gente e a terra do Brasil”.
De acordo com Faraco (2005) “sociolinguística é= o estudo das correlações sistemáticas entre formas linguísticas variantes (isto é, entre diferentes formas de dizer a mesma coisa) e determinados fatores sociais, tais como a classe de renda, o nível de escolaridade, o sexo, a etnia dos falantes, entre outras .
Mussalim e Bentes (2001, p. 55) explicam que “a diversidade é uma propriedade= funcional e inerente aos sistemas linguísticos e o papel da Sociolinguística é exatamente enfocá-la como objeto de estudo, em suas determinações linguísticas e não linguísticas.”
Segundo Faraco (2008), a Sociolinguística está inserida na Norma Culta, devido aos fatos linguísticos que sucedem na fala do indivíduo. Sendo assim, o indivíduo apenas fala porque sabe uma Língua, conhece, ou seja, porque tem um conhecimento normalmente implícito, intuitivo, denominando assim de um sistema Linguístico em que poderá construir os seus próprios enunciados.
Para Labov (1972)= A Sociolinguística trata da base e do desenvolvimento da língua, ajustando-as no contexto social da comunidade. Seus tópicos recobrem a área com questões decorrentes do exame dos níveis fonológico, morfológico, sintático e semântico, a fim de elucidar os aspectos dos preceitos linguísticos, sua combinação em sistemas, a coexistência de sistemas alternativos e, principalmente, a evolução diacrônica de tais regras e sistemas.
Tarallo (1994) apud BARBOSA (2008) destaca que=os falares regionais podem ser descritos e mapeados, estruturados numa metodologia linguística que subsidie o trabalho do linguista. Assim, a Sociolinguística estudaria as relações entre as variações linguísticas e as variações sociológicas. Descrevendo o falante na sua própria existência, não desprezando o contexto em que se encontra, mas considerando toda característica em que se depara no momento em que emite uma mensagem. Nesse mesmo contexto, ele afirma que a língua, por representar um marcador que identifica usuários ou grupos a que pertence, pode também desempenhar o papel de restringir as diferenças sociais no seio de uma comunidade.
CAMACHO (2004, p. 50) apresentam a seguinte discussão: Se um falante enuncia o verbo “vamos” como [vãmus] e outro falante o emite como [vãmu]”, podemos assegurar, com base nos postulados da Sociolinguística, que essa inconstância na fala não é o produto aleatório de um uso arbitrário e inconsequente dos falantes, mas uma prática ordenada e metódica de uma propriedade inerente aos sistemas linguísticos, que é a possibilidade de variação.
As variedades linguísticas podem ser: diatópica ou geográfica= relaciona-se a mudanças linguísticas disseminadas no ambiente físico, observáveis entre falantes de origens
geográficas distintas;
 Variação diastrática ou social= relaciona-se a um conjunto de fatores referentes à semelhança dos falantes e também com a organização sociocultural da comunidade de fala. Grupo social, idade, sexo e situação ou contexto social= são fatores que estão relacionados às variações de natureza social.
Anthony Julius Naro (2003), em seu artigo O dinamismo das línguas, assegura que= o que deve ser levado em conta é a sociedade em que o indivíduo está introduzido e não apenas ele, como ser isolado. Afirma, ainda, que, apesar de haver inúmeros grupos interessados em pesquisar as variações linguísticas, não há dados sobre a situação de diversas línguas neste momento.
Conforme Guerra (2008, p. 6), =a norma-padrão pode ser considerada o “padrão ideal” que se constitui no português que alguns escolheram arbitrariamente como o “melhor” que deve ser utilizado por quem realmente “preza o valor de sua língua”; enquanto a norma culta pode ser considerada o “padrão real”, ou seja, o padrão que realmente é utilizada pela sociedade.
O ensino de línguas e as políticas linguísticas
 Ao tratar da questão do multilinguismo e de comunidades multiculturais, os Parâmetros Curriculares Nacionais (Brasil, 2000) destacam que a escola deve garantir a todos os seus alunos o acesso aos saberes linguísticos necessários para o exercício da cidadania e trabalhar pelo reconhecimento da diversidade linguística:
Tratar de bilinguismos e multilinguismos é uma forma de mostrar a riqueza da diversidade que sabe desenvolver-se mantendo elementos comuns e elementos singulares. Será possível trabalhar a importância da língua como fator de identidade para um grupo étnico, tratando da estrutura e do uso das diferentes línguas das etnias indígenas, presentes no Brasil, ou da manutenção da língua do país de origem nas colônias de imigrantes. Ao mesmo tempo, tratar do papel unificado da Língua Portuguesa é oferecer à criança instrumentos para que entenda fatores determinantes da vida cultural, em termos nacionais. 
Durante as últimas décadas, a Sociolinguística tem demonstrado que= os aspectos social e funcional da linguagem se interpenetram e que um não pode ser compreendido sem o outro. Nessa área de estudos, “a variação normal é estudada como parte integrante do funcionamento do sistema linguístico, e não como algo que se oponha ou que prejudique esse funcionamento.
Todavia, a heterogeneidade linguística e uso da linguagem (Clark, 2000) são constantemente confrontados com as= motivações ideológicas subjacentes à manutenção de um “padrão linguístico ideal” - fundamentado num paradigma monolíngue e purista e reforçado pelos “comandos paragramaticais”, isto é, pelo arsenal de livros, manuais de redação de empresas jornalísticas, programas de rádio e de televisão, colunas de jornais e revistas, enfim, pelos “consultórios gramaticais”.
A estigmatização linguística ocorre através de dois processos: um reproduz o estigma linguístico social que está relacionado à condição social do falante (por exemplo, ‘nóis vai’ e ‘a gente vamos’) e o outro sustenta o estigma gramatical escolar, em grande parte, resultante da ação normativa da escola que tende a condenar formas particulares de uso (por exemplo, ‘para mim fazer’ e ‘a nível de’), e corresponde a uma marca linguística negativa que, a despeito de ser de uso corrente dos falantes da chamada norma culta ou variedade de prestígio, é objeto de correção sistemática.
 O preconceito linguístico=
Cresce e se fortalece no plano subjetivo das avaliações das variedades e variantes linguísticas e resulta da “ignorância e do estabelecimento de diferenças valorativas baseadas em processos históricos de exclusão e privilégio, capazes de produzir com eficiência e ganho de poder um estigma que deixará exposto aquele que o carrega a todo tipo de avaliação negativa”. 
Segundo Geraldi para produzir um texto em quaisquer situações, por mais ingênuas que sejam, é preciso que=
Se tenha o que dizer; 
Se tenha uma razão para dizer o que se tem a dizer;
Se tenha para quem dizer o que se tem a dizer
O locutor se constitua como tal, enquanto sujeito que diz o que diz para quem diz (ou, na imagem wittgensteiniana, seja um jogador no jogo);
 Se escolham as estratégias para realizar (a), (b), (c) e.
Sob a perspectiva interacionista= o ensino da língua exige do professor reflexão constante sobre sua prática em sala de aula, a fim de realizar um tratamento dinâmico, “vivo” da linguagem nas atividades de produção escrita.
Nas aulas de Língua Portuguesa, o aluno não pode perder de vista= o aspecto sócio comunicativo para compreender melhor as condições de escrita, estabelecendo, dentro do contexto escolar, a distinção entre “produção de texto” e “redação”. A partir dessa compreensão, produzir textos na escola torna-se mais significativo para os discentes.
Coesão Textual=Tendo em vista a função de articular os vários segmentos do texto, a coesão é fator fundamental para o estabelecimento da unidade de sentido e da unidade temática do texto. Reconhecer, portanto, que um texto é coeso é reconhecer que suas partes estão interligadas, que há continuidade e unidade de sentido.
Segundo Antunes= é importante, pois, ressaltar que a continuidade que se instaura pela coesão é, fundamentalmente, uma continuidade de sentido, uma continuidade semântica, que se expressa, no geral, pelas relações de reiteração, associação e conexão”. Para que essas relações se concretizem, são necessários vários procedimentos e recursos.
No âmbito da Lingüística Textual, a coerência é vista como= uma propriedade diretamente ligada à possibilidade de o sujeito estabelecer um sentido para o texto, trata-se do estabelecimento de uma relação, tanto semântica como pragmática, entre os elementos de uma sequência linguística, criando uma unidade de sentido, construída pelo leitor quando um texto faz sentido para ele.
Para Koch e Travaglia (2006, p. 52), coesão e coerência “são=“ são duas faces do mesmo fenômeno”.
Sendo a coesão= uma manifestação da coerência na superfície textual, os textos organizados com diferentes recursos coesivos exigem eficientes mecanismos de compreensão para identificar a coerência.
 Ideias de Antunes quando salienta: “um estudo científico e consistente da linguagem somente pode ter como objeto o texto e suas propriedades, o texto e suas regularidades, o texto e seus modos de ocorrência, o texto e seus efeitos”.
O professor não pode deixar de abordar, na sala de aula, o pensamento de=que os elementos linguísticos da coesão não são os únicos necessários para que a coerência seja estabelecida. Haverá sempre necessidade de conhecimento prévio: linguístico, textual e conhecimentos exteriores ao texto (conhecimento de mundo, dos interlocutores, da situação, de normas sociais).
O conhecimento linguístico é responsável pela= compreensão do texto verbal, pois constituem as regras da língua, utilizadas para comunicação oral e/ou escrita.
O conhecimento textual garante a circulação entre os diversos gêneros textuais.
O conhecimento de mundo, tanto formal como informal permite= a partilha entre escritor/falante e leitor/ouvinte no entendimento do texto.
Segundo Koch e Travaglia (2006, p. 47 – 48) há duas grandes modalidades de coesão: a sequenciarão e a remissão.
 A coesão sequenciadora, seria aquela por meio da qual se faz o texto avançar, garantindo-se a continuidade dos sentidos. Faz se por meio de duas categorias: com recorrências das mais diversas ordens: de termos ou expressões, de estruturas (paralelismo), de conteúdos semânticos(paráfrase), de elementos fonológicos ou prosódicos (rima, aliteração, assonância) e de tempos verbais.
O termo anáfora é usado para designar expressões que se reportam a outras expressões, enunciados, conteúdos, já referidos no texto, relacionando, assim, dois elementos, sendo um deles o antecedente e outro o elemento anafórico,
 As anáforas podem ocorrer como pronomes, diversos tipos de numerais, advérbios pronominais e artigos definidos; por meio de recursos
de natureza lexicais como sinônimos hiperônimos, nomes genéricos, expressões definidas; por repetição de um mesmo grupo nominal ou parte dele; por elipse.
O termo catáfora é entendido pelo uso de=o de elementos coesivos responsáveis pela antecipação de referentes em um texto. Exemplo: “As palavras do diretor foram estas”.
 “O horário de início e de término das aulas precisa ser respeitado pelos alunos e também pelos professores”.
 Observa-se neste período um caso de catáfora, a oração “o horário de início e de término das aulas precisa ser respeitado pelos alunos e também pelos professores” torna-se coesa porque foram anunciadas por meio do uso do pronome demonstrativo estas que a precede.
Segundo Pinker (2008, p.40-41), a linguagem verbal é constituída= por um conjunto de microcosmos, isto é, são muitas as características que precisam ser levadas em conta ao tentar defini-la, e, o sistema verbal constitui um microcosmo que funciona, de certa forma, como um quebra-cabeça: é preciso saber o lugar exato de cada peça para não ter problemas na montagem e no resultado final. Esse microcosmo se constitui do significado dos verbos, das possibilidades de cada verbo ser utilizado em sentenças e de como as crianças são capazes de decifrá-los. 
Ainda de acordo com Pinker,
A mente humana é capaz de interpretar um cenário específico de diversas formas e cada interpretação é constituída em torno de algumas ideias básicas, como "fato", "causa", "mudança" e intenção. Essas ideias podem ser metaforicamente estendidas para outros domínios, como quando contamos os fatos como se eles fossem objetos ou quando usamos o espaço como metáfora para o tempo.
A linguagem ocupa a parte central nas relações interpessoais e se manifesta de inúmeras formas, o que por si já é surpreendente; mas mais surpreendente é a forma como se aprende a linguagem.
A variedade linguística do aluno deve ser valorizada e respeitada, jamais excluída e considerada inferior. Ao professor compete mostrar que há uma variedade linguística de maior prestígio social, que também deve ser estudada para que o educando possa participar ativa e criticamente nas relações sociais, mas deve deixar claro que esta variedade não deve substituir a variedade que cada um traz consigo.
Neves nos fala sobre como se deve dar o uso da gramática em sala de aula.
o tratamento da gramática num espaço escolar há de respeitar a natureza da linguagem, sempre ativada para a produção de sentidos, o que se opera nesse jogo entre restrições e escolhas que equilibra o sistema. Para responder a essa necessidade de equilíbrio, a língua é dinâmica e variável, é um sistema adaptável, sempre em acomodação, de tal modo que só na sua face sociocultural se poderá admitir a existência de moldes e modelos. Assim, a gramática de uma língua não pode ser oferecida como camisa-de-força, primeira mapeada para depois serem recheados de exemplos, aqueles que venham a calhar para a doutrina assentada.
Segundo Bagno, 2001, p.36, “menosprezar, rebaixar, ridicularizar a língua ou a variedade da língua empregada por um ser humano equivale a menosprezá-lo, rebaixá-lo enquanto ser humano”. Quem mais sofre com isso são aqueles que provêm das classes menos favorecidas economicamente, são eles que sentem na pele a ridicularizarão, sentem-se estranhos em sua própria língua, cheio de dúvidas e incertezas, distantes na norma considerada correta. Por isso, a maioria dos estudantes chega ao final do Ensino Médio sem conseguir transferir suas idéias para a folha da redação, há uma preocupação tão grande em empregar regras gramaticais, em “escrever certo”, que o pensamento não consegue concretizar-se no papel.
Segundo Bagno, 2001, p.38, o temor de que surja no Brasil uma nova língua é o temor de que junto a essa mudança ocorra também uma transformação social. Para ele, há uma inversão da realidade histórica, característica das ideologias: as gramáticas foram escritas para descrever e fixar como regras e padrões as manifestações linguísticas usadas espontaneamente pelos escritores considerados dignos de admiração em uma determinada época; porém passou a ser um mecanismo ideológico de poder e de controle de uma classe social dominante sobre as outras. A língua passou a ser subordinada à gramática normativa ao invés de a gramática normativa representar a língua usada na sociedade atual.
Bagno, 2001, p.39, vai ainda mais além, dizendo que a persistência do preconceito linguística objetiva a conservação da ideologia e do poder das classes dominantes. Acrescenta, ainda, que a ânsia de “preservar” a língua em sua pureza faz parte de um planejamento social no qual as academias de língua instituídas como autoridade única, absoluta e infalível, desempenha papel importante.
O preconceito linguístico está intimamente relacionado à imagem que cada um dos falantes tem do outro, e não necessariamente sobre o grau de conhecimento efetivo que estes falantes têm do padrão culto da língua.
“Não se formam leitores quando a literatura é expurgada da sala de aula, miniaturizada na condição de texto ou diluída em generalidades pouco esclarecedoras”.
O papel da escola é o de formar leitores críticos e autônomos capazes de desenvolver uma leitura crítica do mundo.
"O caminho indicado para capacitar o aluno na produção de textos escritos na norma padrão é a leitura frequente. Esse percurso deve fatalmente conduzir à produção independente e crítica, sem que nenhuma das três gramáticas necessariamente seja excluída".
cabe à escola qualificar seus alunos nos conteúdos de aritmética e de letramento.
"Assim, uma das formas de alcançar o domínio da norma padrão pode ser a ênfase na escrita e leitura com freqüência, também nas aulas de português. As atividades de ler e escrever devem freqüentar assiduamente a aula de língua materna, não devendo ficar apenas como tarefa extraclasse".
para o desenvolvimento das habilidades de leitura e redação.
METODOLOGIA DO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA: ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS
 Cabe a Literatura a finalidade de transformar por meio da escola a expressão artística com o decoro a instrução dos jovens. Neste papel a literatura é considerada em sua funcionalidade formadora e educadora para criar leitores.
 Antônio Cândido nomeia três funções para a literatura 
 Função Psicológica: Capacidade individual de fantasiar pela ficção,
 Função Formadora: Formação e educação do ser humano movida por ideais, Função Humanizadora: Humaniza em sentido profundo porque faz viver.
De acordo com Silva e outros (1986), a forma como vemos a linguagem define os caminhos de ser aluno e professor de língua portuguesa, por isso, há de se buscar coerência entre a concepção de linguagem e a de mundo.
 Kato (1995) diz que o professor e suas atitudes e concepções são decisivos, no processo de aprendizagem, para se configurar o tipo
 de intervenção nesse processo.
 Travaglia (1997) destaca 
Que a concepção de linguagem e a de língua altera em muito o modo de estruturar o trabalho com a língua em termos de ensino e considera essa questão tão importante quanto a postura que se tem em relação à educação.
 Geraldi (1997a) afirma que
 Toda e qualquer metodologia de ensino articula uma opção política com os mecanismos utilizados em sala de aula. Por sua vez, a opção política envolve uma teoria de compreensão da realidade, aí incluída uma concepção de linguagem que dá resposta ao para que ensinassem o que ensinam.
	CONCEPÇÕES DE LINGUAGEM
 1=A LINGUAGEM É A EXPRESSÃO DO PENSAMENTO= para essa concepção o não saber pensar é a causa de as pessoas não saberem se expressar. Pensar logicamente é um requisito básico para se escrever, já que a linguagem traduz a expressão que se constrói no interior da mente, é o “espelho” do pensamento. Nessa tendência, segundo Travaglia (1997: 21), o fenômeno linguístico é reduzido a um ato racional, “a um ato monológico, individual, que não é afetado pelo outro nem pelas circunstâncias que constituem a situação social em que a enunciação acontece”. O fato
linguístico, a exteriorização do pensamento por meio de uma linguagem articulada e organizada, é explicado como sendo um ato de criação individual. A expressão exterior depende apenas do conteúdo interior, do pensamento da pessoa e de sua capacidade de organizá-lo de maneira lógica. Por isso, acredita-se que o pensar logicamente, resultando na lógica da linguagem, deve ser incorporado por regras a serem seguidas, sendo que essas regras situam-se dentro do domínio do estudo gramatical normativo ou tradicional, que defende que saber língua é saber teoria gramatical.
Expondo os princípios lógicos da linguagem, a gramática normativa prediz os fenômenos da linguagem em “certos” e “errados”, privilegiando algumas formas linguísticas em detrimento de outras. Nas palavras de Franchi (1991:48), a gramática normativa é “o conjunto sistemático de normas para bem falar e escrever, estabelecidas pelos especialistas, com base no uso da língua consagrado pelos bons escritores.”
De acordo com Koch (2002: 13), “à concepção de língua como representação do pensamento corresponde a= de sujeito psicológico, individual, dono de sua vontade e de suas ações” . Para ela, como esse sujeito é dono absoluto de seu dizer e de suas ações, “o texto é visto como um produto – lógico – do pensamento (...) do autor, nada mais cabendo ao leitor/ouvinte senão “captar” essa representação mental, juntamente com as intenções (psicológicas) do produtor, exercendo, pois, um papel essencialmente passivo”.
2= A LINGUAGEM É INSTRUMENTO DE COMUNICAÇÃO.
Segundo Geraldi (1997a: 41), essa concepção de linguagem se liga à Teoria da Comunicação e prediz que a língua é um sistema organizado de sinais (signos) que serve como meio de comunicação entre os indivíduos. Em outras palavras, a língua é um código, um conjunto de signos, combinados através de regras, que possibilita ao emissor transmitir certa mensagem ao receptor. A comunicação, no entanto, só é estabelecida quando emissor e receptor conhecem e dominam o código, que é utilizado de maneira preestabelecida e convencionada. Quanto a essa visão, Bakhtin (1997: 78) diz que “o sistema linguístico é completamente independente de todo ato de criação individual, de toda intenção ou desígnio. A língua opõe-se ao indivíduo enquanto norma indestrutível, peremptória, que o indivíduo só pode aceitar como tal.” O sistema linguístico é acabado, no sentido da totalidade das formas fonéticas, gramaticais e lexicais da língua, garantindo a sua compreensão pelos locutores de uma comunidade.
Importantes nomes fundamentaram os estudos da linguagem nessa concepção, como os de Ferdinand de Saussure= (fundador do Estruturalismo, no início deste século) e de Noam Chomsky =(linguista americano que conduziu a gramática gerativo-transformacional).
3= A LINGUAGEM É UMA FORMA OU UM PROCESSO DE INTERAÇÃO.
Segundo Travaglia, “nessa concepção, o que o indivíduo faz ao usar a língua não é tão-somente traduzir e exteriorizar um pensamento ou transmitir informações a outrem, mas sim realizar ações, agir, atuar sobre o interlocutor (ouvinte/leitor) . Nesse enfoque, a concepção interacionista da linguagem contrapõe-se às visões conservadoras da língua, que a tem como um objeto autônomo, sem história e sem interferência do social, já que não enfatizar esses aspectos não é condizente com a realidade na qual estamos inseridos.
Esta terceira concepção situa a linguagem como= um lugar de interação humana, como o lugar de constituição de relações sociais. Dessa forma, ela representa as correntes e teorias de estudo da língua correspondentes à linguística da enunciação (Linguística Textual, Teoria do Discurso, Análise do Discurso, Análise da Conversação, Semântica Argumentativa e todos os estudos ligados à Pragmática), que colocam no centro da reflexão o sujeito da linguagem, as condições de produção do discurso, o social, as relações de sentido estabelecidas entre os interlocutores, a dialogia, a argumentação, a intenção, a ideologia, a historicidade da linguagem.
A linguagem se faz= pela interação comunicativa mediada pela produção de efeitos de sentido entre interlocutores, em uma dada situação e em um contexto sócio histórico e ideológico, sendo que os interlocutores são sujeitos que ocupam lugares sociais.
O pensador russo Bakhtin (1997:95), questionando as grandes correntes teóricas da linguística contemporânea, que reduzem a linguagem ou a um sistema abstrato de formas ( objetivismo abstrato ) ou à enunciação monológica isolada ( subjetivismo idealista ), prioriza que:
 Na prática viva da língua, a consciência linguística do locutor e do receptor nada tem a ver com o sistema abstrato de formas normativas, mas apenas com a linguagem no sentido de conjunto dos contextos possíveis de uso de cada forma particular.
Segundo o autor Bakhtin, não se pode separar a linguagem de seu conteúdo ideológico ou vivencial, já que ela se constitui pelo fenômeno social da interação verbal, realizada através da enunciação, que é um diálogo (no sentido amplo do termo, englobando as produções escritas)
Nas palavras de Koch , a concepção de linguagem como forma (lugar) de ação ou interação, “é aquela que encara a linguagem como atividade, como forma de ação, ação interindividual finalissimamente orientada; como lugar de interação que possibilita aos membros de uma sociedade a prática dos mais diversos tipos de atos, que vão exigir dos semelhantes reações e ou comportamentos.”
Ainda, como observa Osakabe= “uma linguagem entendida como uma interlocução e, como tal, de um lado, como processo, e de outro, como constitutiva de e constituída por sujeitos.”

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