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A PRATICA DO ASSISTENTE SOCIAL NO CAPS AD DA REG IV

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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ 
FACULDADE CEARENSE 
CURSO DE SERVIÇO SOCIAL 
 
 
 
MARILENE NORONHA DA SILVA 
 
 
 
 
 
 
A PRÁTICA DO ASSISTENTE SOCIAL NO CAPS AD DA REG IV 
 
 
 
 
 
 
 
 
FORTALEZA 
2013 
MARILENE NORONHA DA SILVA 
 
 
 
 
A PRÁTICA DO ASSISTENTE SOCIAL NO CAPS AD DA REG IV 
 
 
 
 
 
Monografia submetida à aprovação da 
Coordenação do Curso de Serviço 
Social do Centro Superior do Ceará, 
como requisito parcial para obtenção 
do grau de Graduação. Sob a 
orientação da professora Virzângela 
Paula Sandy Mendes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FORTALEZA 
2013 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Bibliotecário Marksuel Mariz de Lima CRB-3/1274 
 
 
S586p Silva, Marilene Noronha da 
 A prática do Assistente Social no CAPS AD da reg. IV / 
Marilene Noronha da Silva. Fortaleza – 2013. 
 81f. 
 Orientador: Profª. Ms. Virzângela Paula Sandy Mendes. 
 Trabalho de Conclusão de curso (graduação) – Faculdade 
Cearense, Curso de Serviço Social, 2013. 
 
1. Saúde mental. 2. Políticas públicas de saúde. 3. Prática 
profissional. I. Mendes, Virzângela Paula Sandy. II. Título 
 CDU 616(813.1) 
MARILENE NORONHA DA SILVA 
 
 
A PRÁTICA DO ASSISTENTE SOCIAL NO CAPS AD DA REG IV 
 
 
 
 
 
Monografia como pré-requisito para 
obtenção do título Bacharelado em 
Serviço Social, outorgado pela 
Faculdade Cearense – FaC. tendo sido 
aprovada pela banca examinadora 
composta pelos professores. 
Data da aprovação: 26/07/2013. 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
Profª. Ms. Virzângela Paula Sandy Mendes 
Faculdade Cearense 
 
Profª . Especialista Verbena Paula Sandy 
Faculdade Cearense 
 
Profª. Ms. Mayra Rachel da Silva 
Faculdade Cearense 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Agradeço imensamente a Deus por tudo na minha vida 
 Sempre está ao meu lado me apoiando e amparando 
 Sem sua presença na minha vida eu não seria nada. 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Em primeiro lugar meu agradecimento infinito a Deus e a nossa Senhora 
de Fátima que me acompanharam e me acompanham em todos os momentos 
da minha vida, me fortalecendo e nunca me deixando desistir. 
Agradeço ao meu querido irmão carinhosamente chamado por mim de 
“neném”, por todo apoio que me destes na minha vida, por toda ajuda 
financeira que precisei no inicio da faculdade e por todo carinho. 
Ao Luis Carlos, meu namorado, que foi muito além, foi quem sempre 
esteve ao meu lado, me dando apoio e suporte emocional para que eu não 
desistisse, dizendo pra mim cada vez que eu cansava que eu ia conseguir. 
Aos amigos (impossível nomear todos), que compartilharam momentos 
bons e ruins durante esses anos. Em especial agradeço a duas pessoas a 
querida Adriana Brasil e ao Nilson, por me ajudarem no inicio da faculdade. 
À turma de Serviço Social 2009.2, foi maravilhoso conviver esse tempo 
com todos, em especial agradeço por todo apoio e atenção recebido pela 
amiga Ana Beatriz que esteve ao meu lado nesse percurso, por me acolher, 
pela amizade e preocupação a Emanuelle, Lílian, Mazé, Denise, Eliene Brito, 
Renata, Catiana, Fabiana. Estou certa de que levarei comigo boas lembranças 
de nossa convivência. 
Agradeço a Socorro Ribeiro, minha querida chefe, muito obrigada por 
toda compreensão que sempre teve comigo, por entender minhas dificuldades 
e meu problemas pessoais. 
À Coordenadora do CAPS Ana Márcia que permitiu realizar minha 
pesquisa, me recebendo com muita simplicidade e educação. 
 As assistentes sociais do CAPS pela solidariedade, acolhimento, 
sorrisos e por tão prontamente se disporem a partilhar um pouco de suas ricas 
experiências. 
A todos os professores do Curso de Serviço Social da Faculdade 
Cearense- FaC que foram importantíssimos em minha trajetória acadêmica. 
À minha orientadora Virzângela Paula Sandy Mendes pela contribuição à 
construção deste trabalho, também agradeço a participação de toda banca, as 
professoras Verbena Sandy Mendes e Mayra Rachel da Silva, todos os 
professores da FAC. 
 Por fim, agradeço àqueles que de alguma forma se fizeram presentes e 
contribuíram para tornar esse momento possível, agradeço a todos que 
acreditaram em mim e não me deixaram desistir nos momentos em que eu 
pensava que não ia conseguir. 
 
Muito Obrigada! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Meu refúgio, minha Fortaleza, meu Deus eu confio em ti.” 
Salmo 91:2 
RESUMO 
O presente estudo busca analisar a prática do assistente social no CAPS AD 
SER IV, localizado no bairro Itapery, na Rua Betel, s/n, Fortaleza-ce. Para a 
realização dessa pesquisa, foram utilizadas as seguintes pesquisas: Pesquisa 
bibliográfica, documental e de campo. A fim de apreender a realidade a partir 
dos discursos dos sujeitos, fez-se uso essencialmente da pesquisa qualitativa 
além de recorrer a dados estatísticos. Entretanto optou-se também, por alguns 
dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e outras fontes, 
essencialmente numéricas e/ou estatísticas, a fim de enriquecer ainda mais 
este estudo. Como técnica para a coleta de dados, utilizou-se a aplicação de 
questionários e entrevistas semi-estruturada. As categorias centrais que 
embasaram este trabalho foram: Saúde Mental, Políticas Publicas de Saúde e 
Prática Profissional. Os objetivos que me levaram a realizar esse estudo foi à 
inquietação de analisar como é realizado o atendimento do serviço social aos 
pacientes com transtornos mentais, apreender sob a ótica dos Assistentes 
Sociais do CAPS AD, os desafios que se apresentam à efetivação da prática 
do profissional de Serviço Social e Investigar a principal demanda trabalhada 
pelo Assistente Social e quais os instrumentais usados por esses profissionais. 
Através desse estudo e das analises coletadas em campo, foi possível 
perceber que a Reforma Psiquiátrica Brasileira trouxe uma nova visão de 
tratamento e acompanhamento para as pessoas com transtornos mentais, 
possibilitando a criação dos CAPS. Assim como a inserção de ações de saúde 
mental nos vários níveis de complexidade do sistema de saúde, assumindo 
nessa perspectiva um importante papel no cenário das novas práticas de saúde 
mental, configurando-se como dispositivos estratégicos para a transformação 
do modelo hospitalocêntrico. 
 
Palavras-Chave: Saúde Mental. Políticas Publicas de Saúde. Prática 
Profissional 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
This study seeks to analyze the practice of social workers in CAPS AD BE IV, 
located in the Itapery in Bethel Street, s / n, Fortaleza-ce. To carry out this 
research, we used the following research: Literature, documentary and field. In 
order to grasp the reality from the speeches of the subjects, it was used mainly 
qualitative research in addition to resort to statistical data. However it was 
decided also by data from the Brazilian Institute of Geography and Statistics 
(IBGE) and other sources, mainly numerical and / or statistics in order to further 
enrich this study. As a technique for data collection, we used the questionnaires 
and semi-structured interviews. The central categories that supported this work 
were: Mental Health, Public Health Policy and ProfessionalPractice. The 
objectives that led me to conduct this study was to analyze how the unrest is 
accomplished social service care to patients with mental disorders, grasp the 
perspective of Social Workers CAPS AD, the challenges facing the realization 
of professional practice Social Service and investigate the main demand crafted 
by Social Worker and what instruments used by these professionals. Through 
this study and analyzes collected in the field, it was revealed that the Brazilian 
Psychiatric Reform brought a new vision of treatment and monitoring for people 
with mental disorders, enabling the creation of CAPS. Just as the inclusion of 
mental health services at various levels of complexity of the health system 
assuming this perspective an important role in the new mental health practices 
configured as strategic devices to transform the hospital model. 
 
Keywords: Mental Health. Public Policy Health Professional Practice 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE ILUSTRAÇÕES 
TABELA 1- REFERENTE AO NÚMERO DE CAPS POR TIPO, 
REGIÃO E UF ....................................................................................... 38 
TABELA 2 – REFERENTE AO NÚMERO DE CAPS POR TIPO E 
ANO ...................................................................................................... 40 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
CAPS Centro de Atenção Psicossocial 
CAPS AD Centro de Atenção Psicossocial de Álcool e Drogas 
CAPS I Centro de Atenção Psicossocial Infantil 
COOPCAPS Cooperativa do Centro de Atenção Psicossocial Ltda. 
HSMM Hospital de Saúde Mental de Messejana 
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Pesquisa. 
ICNSM I Conferência Nacional de Saúde Mental. 
MS Ministério da Saúde. 
MTSM Movimento dos Trabalhadores em Saúde Mental 
OBID Observatório Brasileiro de Informações sobre Drogas 
OMS Organização Mundial da Saúde 
PTM Portador de transtorno Mental 
SER IV Secretaria Executiva Regional IV 
SUS Sistema Único de Saúde 
TSM Trabalhadores em Saúde mental 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO ...................................................................................... 15 
 
CAPITULO I - A REFORMA PSIQUIÁTRICA NO BRASIL E AS 
PRÁTICAS DE SAÚDE MENTAL ......................................................... 21 
1.1 A história da loucura e sua forma de tratamento .............................................. 21 
1.2 O processo de Reforma Psiquiátrica no Brasil e as políticas de saúde 
mental .................................................................................................................... 25 
1.3 O processo de Reforma Psiquiátrica no Ceará ............................................... 32 
 
CAPITULO II - A PROPOSTA DE INTERVENÇÃO PÚBLICA NA 
SAÚDE ATRAVÉS DOS CAPS ............................................................ 36 
2.1 O Sistema Único de saúde (SUS) .................................................................... 36 
2.2 O novo modelo de Assistência à Saúde Mental no Brasil ................................ 39 
2.3 A implantação do CAPS no Ceará em Fortaleza ............................................. 44 
2.4 CAPS AD como proposta de atenção ao usuário de drogas ........................... 50 
2.5 A inserção do Serviço Social no CAPS ............................................................ 53 
 
CAPITULO III - UMA ANÁLISE SOBRE A PRÁTICA DO 
ASSISTENTE SOCIAL NO CAPS SER IV ............................................ 58 
3.1 Conhecendo o Cenário da Pesquisa ................................................................ 58 
3.2 Perfil dos sujeitos da pesquisa ......................................................................... 60 
3.3 Estudo de Campo: Análise realizada a partir de seus discursos ...................... 61 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................. 73 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................... 76 
ANEXOS ............................................................................................... 78 
APÊNDICES ......................................................................................... 81 
APÊNDICE A - QUESTIONÁRIO .......................................................... 82 
APÊNDICE B - ENTREVISTA ............................................................... 83 
APÊNDICE C – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E 
ESCLARECIDO (QUESTIONÁRIO) ...................................................... 84 
APÊNDICE D – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E 
ESCLARECIDO .................................................................................... 85 
 
 
 
 
 
 
 
 
15 
 
INTRODUÇÃO 
 
A pesquisa a seguir surgiu da necessidade pessoal de descobrir e 
compreender como é realizado o trabalho do serviço social na área de saúde 
mental. Durante anos acompanhei mesmo que indiretamente um pouco do 
trabalho que se faz no CAPS com os pacientes em sofrimento mental, pois fui 
acompanhante de uma usuária e desse contato surgiu essa necessidade de 
saber mais. 
Diante dessa aproximação sempre senti a necessidade de investigar 
como se dava a prática realizada pelos assistentes sociais no CAPS. 
Inicialmente a ideia da pesquisa seria no CAPS da SER V, pensei em escolher 
esse CAPS por ser próximo da minha residência e pelo fato de acompanhar 
uma pessoa da minha família em tratamento lá, então por conhecer o ambiente 
achei que seria mais fácil,mas não foi, no entanto por ordens burocráticas que 
a pesquisa exigia ficou concordado que seria no CAPS AD da SER IV, 
localizado na Rua Betel s/n no Bairro Itapery, onde encontrei mais facilidades 
para realização da minha pesquisa. 
Havia a inquietação em analisar como é realizado o atendimento do 
serviço social aos pacientes com transtornos mentais, investigando os 
principais desafios enfrentados por esses profissionais na execução de suas 
atividades descobrindo assim a principal demanda trabalhada pelo assistente 
social e quais os instrumentos usados por esses profissionais. 
Todos esses questionamentos me fizeram prosseguir esse estudo, 
tentando satisfazer alguns de nossos anseios pessoais, mais que busca 
através dessa pesquisa obter novos conhecimentos sobre o assunto, com a 
finalidade de discutir seus resultados tanto na esfera acadêmica quanto no 
mercado de trabalho, tendo como finalidade contribuir para um esclarecimento 
melhor sobre a questão abordada. 
Dessa forma o objetivo geral da pesquisa é analisar a prática do 
Assistente Social no CAPS AD DA REG IV. Tem como objetivos específicos: 
Analisar como é realizado o atendimento do serviço social aos pacientes com 
transtornos mentais, Apreender sob a ótica dos Assistentes Sociais do CAPS 
AD, os desafios que se apresentam à efetivação da prática do profissional de 
16 
 
Serviço Social, Investigar a principal demanda trabalhada pelo assistente social 
e quais os instrumentos usados por esses profissionais. 
 
A metodologia usada para a realização desse estudo abrange 
aspectos teóricos e práticos. Sendo assim, compreende-se por metodologia o 
caminho do pensamento e a prática da abordagem da realidade, ao mesmo 
tempo em que inclui a teoria da abordagem, ou seja, o método inclui também 
os instrumentos que irão operacionalizar o conhecimento (Minayo, 2010, p. 14). 
Assim considerando-se a importância da metodologia para a realização desse 
estudo, apresentamos a seguir os caminhos metodológicospercorridos durante 
todo trajeto do mesmo. 
A partir desse entendimento foram identificadas as categorias 
teóricas que embasaram este estudo: Saúde Mental, Políticas Publicas de 
Saúde e Pratica Profissional. Sendo utilizados os seguintes autores de grande 
relevância, tais como: Bisneto (2011), Focault (1978), Costa (1998), Amarante 
(2007) entre outros. 
Assim, em busca de uma maior visibilidade e apreensão da 
realidade proposta como estudo, seguimos como trajetória metodológica a 
abordagem qualitativa a partir da qual podemos trabalhar como um nível de 
realidade diferente que não pode ser quantificado. Conforme Minayo: 
 
Esse tipo de método que tem fundamento teórico, alem de permitir 
desvelar processos sociais,propicia a construção dos referentes a 
grupos particulares,propicia a construção de novas 
abordagens,revisão e criação de novos conceitos e categorias 
durante a investigação.caracteriza-se pela empiria e pela 
sistematização progressiva de conhecimento ou do processo até a 
compreensão da lógica interna do grupo ou do processo de 
estudo.(MINAYO,2010,p.57) 
 
Para o desenvolvimento desse estudo foram utilizadas as pesquisas: 
pesquisa bibliográfica, documental e de campo. É bibliográfica, pois foi 
“desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído principalmente de 
livros e artigos científicos [...]” (Gil, 2008, p. 50). Tem caráter documental, pois 
se fez uso de materiais que não receberam um tratamento minucioso, ou que 
ainda podem ser modificados de acordo com os objetivos da pesquisa, como 
17 
 
bem diz Gil (2005). E é de campo, pois, como explicita Oliveira (2002) consiste 
na observação dos fatos tal como ocorrem na coleta de dados e no registro de 
variáveis para análises futuras. 
 
A pesquisa bibliografia é feita a partir de fontes históricas, que já 
foram publicadas, como artigos científicos, livros e revistas. Ao iniciar qualquer 
trabalho cientifico usa-se a pesquisa bibliográfica, pois a mesma permite ao 
pesquisador a chance de conhecer o que já foi estudado sobre o assunto a ser 
pesquisado. (FONSECA, 2002). 
A pesquisa realizada é de natureza qualitativa, sob a perspectiva de 
se compreender a realidade a partir das falas dos sujeitos participantes, 
identificando seus costumes, experiências e opiniões. É a pesquisa na qual se 
aplica o estudo da historia e das suas relações criadas entre os seres 
humanos, em relação sua vivencia, o que constroem e seus sentimentos por 
sim mesmo (MINAYO, 2010). Pois sabemos que esse método é o mais 
proeminente para a utilização dos levantamentos das informações da minha 
pesquisa, como opiniões de especialistas, entrevista, observação, investigação 
e análise dos dados. Entretanto optou-se também, por alguns dados do 
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e outras fontes, 
essencialmente numéricas e/ou estatísticas, a fim de enriquecer ainda mais 
esta pesquisa. 
 
Esse tipo de método que tem fundamento teórico ale de permitir 
desvelar processos sociais, propicia a construção dos referentes a 
grupos particulares, propicia à construção de novas abordagens, 
revisão e criação de novos conceitos e categorias durante a 
investigação. caracterizam-se pela empiria e pela sistematização 
progressiva de conhecimento ou do processo até a compreensão da 
lógica interna do grupo ou do processo de estudo. 
(MINAYO,2010,p.57) 
 
Nesse sentido, através da pesquisa qualitativa pudemos analisar a 
realidade que apresentada no cotidiano profissional das assistentes sociais do 
CAPS SER IV, além de nos proporcionar um olhar mais abrangente sobre o 
tema. 
As coletas, bibliográfica e documental, foram realizadas durante os 
meses de julho de 2012 a maio de 2013, enquanto que a pesquisa de campo 
18 
 
foi realizada nos mês de julho de 2013, durante uma semana, das 09 às 11 
horas em uma sala na própria instituição onde foi realizada a pesquisa de 
campo. 
Como técnica para a coleta de dados, utilizou-se a aplicação de 
questionários “para obtenção de respostas mais rápidas e precisa” (Lakatos e 
Marconi, 2003) e entrevistas semi-estruturadas, possibilitando ao entrevistado 
uma maior liberdade em seu discurso. 
Foi resguardada a identidade dos sujeitos entrevistados, foi apresentado 
a todos os sujeitos o termo de consentimento livre e esclarecido, deixando bem 
claro o objetivo e a liberdade de participação de cada entrevistado. Portanto 
utilizaremos nomes fictícios: (Estrela, Sol e Lua), a fim de tratar as 
informações de maneira ética e o mais fidedigna possível. 
 
No que diz respeito às categorias deste estudo – Saúde Mental, 
Políticas Publicas de Saúde e Prática Profissional, trouxemos alguns autores 
que colaboraram com nosso estudo. 
 
 A respeito da Saúde mental: 
 
A OMS Organização Mundial de Saúde, afirma que não existe 
definição "oficial" de saúde mental. Diferenças culturais, julgamentos 
subjetivos, e teorias relacionadas concorrentes afetam o modo como a "saúde 
mental" é definida. Saúde mental é um termo usado para descrever o nível de 
qualidade de vida cognitiva ou emocional. A saúde Mental pode incluir a 
capacidade de um indivíduo de apreciar a vida e procurar um equilíbrio entre as 
atividades e os esforços1. 
Saúde Mental é estar de bem consigo e com os outros. Aceitar as 
exigências da vida. Saber lidar com as boas emoções e também com as 
desagradáveis: alegria/tristeza; coragem/medo; amor/ódio; serenidade/raiva; 
 
1SMS- Secretaria as Saúde- Acesso em 21/07/2013. 
 
19 
 
ciúmes; culpa; frustrações. Reconhecer seus limites e buscar ajuda quando 
necessário. 
 
 Nesse sentido Bisneto (2011) complementa: 
 
O assistente social em Saúde mental trabalha de forma pluralista 
quando usa as explicações do marxismo para entender a exclusão do 
louco, para sustentar a demanda por direitos sociais e cidadania aos 
portadores de sofrimento mental e, ao mesmo tempo,usa as 
explicações da medicina e da Psicologia para conceber a loucura 
como doença mental. (BISNETO, 2011, p.52). 
 
Sobre as Políticas Públicas: 
 
2Para atingir resultados em diversas áreas e promover o bem-estar 
da sociedade, os governos se utilizam das Políticas Públicas que podem ser 
definidas da seguinte forma: “(...) Políticas Públicas são um conjunto de ações 
e decisões do governo, voltadas para a solução (ou não) de problemas da 
sociedade (...).” Dito de outra maneira, as Políticas Públicas são a totalidade de 
ações, metas e planos que os governos (nacionais, estaduais ou municipais) 
traçam para alcançar o bem-estar da sociedade e o interesse público. 
 
As Políticas Públicas também podem ser compreendidas como um 
sistema (conjunto de elementos que se interligam, com vistas ao cumprimento 
de um fim: o bem-comum da população a quem se destinam), ou mesmo como 
um processo, pois tem ritos e passos, encadeados, objetivando uma finalidade. 
 
Sobre a Prática Profissional: 
 
Iamamoto (2000) vêm contribuir afirmando que a prática profissional 
que orienta nossa investigação é aquela vista como: 
 
 
2
 Políticas públicas de Saúde no Brasil- Acesso em: 21/07/2013 
20 
 
A atividade do assistente social na relação como o usuário, os 
empregadores e os demais profissionais. Mas, como esta atividade é 
socialmente determinada, consideram-se também as condições 
sociais nas quais se realiza, distintas da prática e a ela externas, 
ainda que nela interfiram. (IAMAMOTO, 2000, p.94). 
 
Devido a estas condições, a prática do Assistente Social é cheia de 
contradições e conflitos. Os desafios enfrentadospelos profissionais ao 
exercerem sua profissão muitas vezes o tornam um profissional que só cumpre 
aquele trabalho posto a ele, o mesmo não se sente motivado a fazer novas 
experiências em seu campo de trabalho, sentindo-se desestimulado. Assim 
analisamos os profissionais entendendo a multiplicidade de fatores que 
influenciam e determinam o desenvolvimento de sua prática profissional dentro 
da instituição que atende aos portadores de transtornos mentais no CAPS. 
Para Bisneto (2011), quando se trata da prática do assistente social na Saúde 
Mental a questão exige o desafio da ampliação do tratamento teórico,é 
necessário estudar, criticar e teorizar sobre as inter-relações do social com o 
subjetivo. 
As questões relacionadas a esse estudo estão sistematizadas da 
seguinte forma: 
No primeiro capítulo, trata-se sobre a discussão da historia da 
loucura e sua formas de tratamento, e situamos o processo de Reforma 
psiquiátrica no Brasil e as políticas de saúde mental e o processo de reforma 
psiquiátrica no ceará. 
No segundo capítulo, analisou-se o contexto do surgimento dessa 
nova proposta de atendimento aos portadores de transtornos mentais, bem 
como se realiza esse acompanhamento, sua implantação tanto no Brasil e no 
Ceará. 
No terceiro capítulo, analisamos através das entrevistas realizadas o 
perfil desses profissionais, sua inserção na profissão, a importância do seu 
trabalho e os desafios enfrentados por essa categoria para a realização da sua 
pratica profissional. 
A seguir veremos de forma mais detalhada todos esses capítulos 
esperamos com essa pesquisa lançar reflexões que possibilitem uma 
compreensão para um debate futuro, seja ele por estudantes ou profissionais 
da área. 
21 
 
CAPITULO I - A REFORMA PSIQUIÁTRICA NO BRASIL E AS 
PRÁTICAS DE SAÚDE MENTAL. 
 
Nesse capitulo apresentaremos uma breve contextualização da 
Reforma Psiquiátrica, bem como as políticas de saúde e a Reforma no Ceará, 
para sistematizar o debate, iniciaremos com uma analise sobre a loucura. 
 
1.1 A historia da loucura e suas forma de tratamento. 
 
Na Antiguidade temos explicações mitológicas e filosóficas da 
loucura. A Idade Média nega todo o conhecimento filosófico e explica a loucura 
como o mal desenvolvido no homem pelos demônios. 
O fenômeno singular conhecido como loucura tem longo registro na 
historia da humanidade e extensa aparição nas diversas sociedades, inclusive 
em sociedades identificadas como primitivas. Neste foram-lhe atribuídas varias 
caracterizações, tais como: castigo dos deuses como experiência trágica 
considerada como experiência diferente de vida, ora apreciada, ora combatida, 
dependendo da sociedade em que se expressava, ou de como manifestava-se 
em diferentes contextos.(BISNETO,2010). 
Focault (1997), em seu livro “A história da loucura”, vem discutir ainda 
conceito de “loucura” desde o Renascimento até a modernidade mostrando que 
a maneira do homem tratá-la foi mudada através dos séculos. Com o advento 
da Psiquiatria, houve algumas transformações no tratamento fornecido à 
loucura. Nesse sentido a loucura era algo que não podia ser divulgado, embora 
tenha sempre existido, contudo na antiguidade era percebida como algo 
obscuro e sem cura e era tratada como algo sobrenatural, nesse sentido as 
pessoas eram vistas como diferentes. Ainda conforme Focault destaque que: 
 
Existe em nossa sociedade outro principio de exclusão: não mais a 
interdição, mas uma separação e uma interjeição. Penso na oposição 
razão e loucura, desde a alta idade média, o louco é aquele cujo 
discurso não pode circular como o dos outros: pode ocorrer que sua 
palavra seja considerada nula, não seja acolhida, não tendo verdade 
nem importância [...] Sabe-se bem que não se tem o direito de dizer 
tudo, que não se pode falar de tudo, enfim não pode falar de qualquer 
coisa [...]. (FOCAULT, 1971,p.9-10). 
22 
 
 
Na modernidade, a visão de mundo racional do iluminismo e o 
Renascimento vão influenciar no surgimento das ciências e desenvolvimento 
da medicina. A filosofia clássica é evocada para subsidiar os estudos 
organicistas da natureza do homem, da mente e seus desvios. 
 
Antes do final do século XVII, a medicina não se interessava em 
saber o que acontecia com os loucos. Philippe Pinel buscou uma nova forma 
de tratamento para o doente mental, seu objetivo era oferecer aos pacientes 
um tratamento mais humanizado, afastando-os do tratamento desumano que 
recebiam nos hospitais, onde eram mantidos sob portas fechadas. Ainda 
conforme os estudos de Viana (2007), ele ressalta que: 
 
O regime hospitalocêntrico se caracteriza por causar isolamento, 
reclusão e ruptura dos laços familiares, além de ser um modelo 
institucional normativo. Pode-se dizer que é um lugar que 
praticamente não possibilita nenhuma troca social, onde se manifesta 
a segregação social e as mais tirânicas formas de exercício de poder 
sobre o ser humano. Durante muito tempo, foi esse o modelo vigente 
no trato das doenças mentais. Nos dias de hoje, embora considerado 
falido ainda permaneça, mas de forma consciente e menos exclusivo 
(VIANA, 2007, p.21). 
 
 
A loucura é alimentada pelo próprio homem através de suas próprias 
ilusões, sendo ela pelo apego que ele demonstra por sim mesmo, ou seja, 
aceitando seus próprios erros, tendo assim a mentira como a verdade, a 
injustiça como justiça, a louca faz surgi no homem em pensamento imaginário. 
Conforme os estudos de Focault: 
 
Para Foucault, duas questões são fundamentais para entender a 
experiência da loucura. Primeiramente, a loucura passa a ser 
considerada e entendida somente em relação à razão, pois, num 
movimento de referência recíproca, se por um lado elas se recusam 
de outro uma fundamenta a outra. Em segundo lugar, a loucura só 
passa a ter sentido no próprio campo da razão, tornando-se uma de 
suas formas. A razão, dessa maneira, designa a loucura como um 
momento essencial de sua própria natureza, já que agora “a verdade 
da loucura é ser interior à razão, ser uma de suas figuras, uma força 
e como que uma necessidade momentânea a fim de melhor certificar-
se de si mesma”. (Foucault, 1997,p. 36). 
 
23 
 
O estatuto da racionalidade nega a definição mítico-religiosa que 
predomina na era medieval. A psiquiatria surge e se desenvolve nesse contexto 
como área legitimamente responsável pelo diagnóstico e tratamento de desvios 
mentais, inclusive a loucura. 
Somente através da razão é que o homem pode conquistar sua 
liberdade, e é somente a partir do século XVIII que isso começa acontecer, a 
loucura agora passa a ser vista como objeto de cuidado do saber medico. 
Embora a loucura e os locais onde era tratada sempre existissem, foi somente 
a partir desse século (XVIII), que estabeleceu-se a “instituição psiquiátrica” e a 
nova forma de vivenciar a condição humana, com o trato do “diferente”, aquele 
que não se adaptava aos padrões normais e que deveria ser excluído do 
convívio dos normais e da sociedade. 
Até então, os hospitais não tinham finalidades médicas, funcionava 
apenas como instituições filantrópicas que abrigavam os indesejáveis à 
sociedade: leprosos, sifilíticos, aleijados, mendigos e loucos. Nesse momento, 
acontecia a Revolução Francesa e o médico Phillipe Pinel, um dos primeiros 
alienistas (chamados assim por serem os precursores da psiquiatria), foi 
nomeado diretor do Hospital de Bicêtre, em Paris. Pode-se dizer que tal 
hospital era uma “casa de horrores”, pois os internos, em sua maioria loucos, 
eram abandonados à própria sorte. Nesse contexto, Pinel começou a classificar 
os “desvios” ou “alienações mentais”, com o intuito de estudá-los e tratá-los, 
instituindo,assim, o regime hospitalocêntrico. (VIANA, 2007). 
O século XVIII vem definitivamente para marcar a apreensão do 
fenômeno da loucura, a partir desse momento foi surgindo a necessidade de 
estudar a loucura como objeto de saber médico, o que antes não era possível, 
pois a loucura era vista de farias formas, tendo assim diversas interpretações, 
antigamente as pessoas consideradas "diferentes" e "anormais" eram 
abandonadas, afastadas, escondidas da sociedade,sua doença era vista de 
duas formas ou como um castigo dos deuses,ou como um privilegio,pois para a 
sociedade da época os loucos podiam ter acessos a verdades divinas3. 
 
3
 Silveira LC, Braga VAB. - Rev Latino-am Enfermagem 2005 julho-agosto; 13(4):591-5 
www.eerp.usp.br/rlae. Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=281421846019 
Lia Carneiro Silveira, 
24 
 
 Nesse processo histórico em que a “loucura” se destaca como 
uma doença se faz necessário ressaltar o surgimento do asilo, tido como um 
lugar de isolamento e alienação para as pessoas consideradas loucas (doentes 
mentais. Nesse contexto asilar na França no fim do século XVIII, surge a figura 
de Philippe Pinel, sendo ele um dos protagonistas que defendia o asilo como 
forma de tratamento e isolamento pra os que eram considerados anti-sociais. 
Vejamos a analise de Viana: 
 
A loucura como doença e a especialidade médica em psiquiatria são 
bem recentes, datadas de aproximadamente 200 anos. Embora a 
loucura e os locais onde fosse tratada sempre existissem, foi a partir 
do século XVIII que se estabeleceu a “instituição psiquiátrica” e a 
nova forma de vivenciar a condição humana, com o trato do 
“diferente”, aquele que não se adaptava aos padrões normais e que 
deveria ser excluído do convívio dos normais e da sociedade.. Nesse 
contexto, Pinel começou a classificar os “desvios” ou “alienações 
mentais”, com o intuito de estudá-los e tratá-los, instituindo, assim, o 
regime hospitalocêntrico. (VIANA, 2007, p.26). 
 
Em meio a todo esse contexto é que começa a surgir à implantação 
dos hospitais psiquiátricos, como forma de tratamento dessas pessoas 
acometidas de transtorno mentais. Nesse sentido para garantir a segurança 
dos pacientes e a ordem nessa instituição, eram adotadas medidas severas 
como: isolar o paciente do convívio social e familiar. A entrada dessas pessoas 
nesses hospitais só tinha data pra entrar, a maioria não tinha data de saída. A 
sociedade os via como “os diferentes”, portanto, não poderiam fazer parte da 
sociedade, o estigma em torno dos portadores de transtorno mental só crescia 
e assim contribuía cada vez mais para o crescimento do preconceito e 
aumentava o número de internações. 
De acordo com os estudos de Barros (2011), o modelo psiquiátrico 
hospitalocêntrico, ao longo da historia da atenção à saúde mental em diversos 
países do mundo, imperou como a forma predominante na assistência às 
pessoas com TMs. Porém esse sistema revelou à humanidade a verdadeira 
face do hospital psiquiátrico: seu caráter extremamente excludente, 
intensificando ainda mais o sofrimento mental vivenciado pelas pessoas 
 
Latino-Americana de 
25 
 
internadas nesses estabelecimentos, ocasionando perdas de direitos de 
cidadania e prejuízos nos mais diversos aspectos das suas vidas. 
A prática do internamento designa uma nova reação à miséria, um 
novo patético de modo mais amplo, um outro relacionamento do 
homem com aquilo que pode haver de inumano em sua existência. O 
pobre, o miserável, o homem que não pode responder por sua própria 
existência, assumiu no decorrer do século XVI uma figura que a Idade 
Média não teria reconhecido. (FOCAULT,1972,p.64). 
 
O próprio avanço científico não justifica a presença desta instituição 
criada no século XVIII, inúmeras experiências realizadas demonstram que é 
possível sua substituição por uma rede de serviços substitutivos ao manicômio, 
com tratamento mais humanizado, digno e dentro do convívio social. Já em 
meados do século XX, a psiquiatria é negada por alguns movimentos sociais 
que revelam os manicômios como espaços de exclusão social. 
A seguir detalharemos de forma mais contextualizada o inicio do 
Movimento de Reforma Psiquiátrica que veio com a pretensão de modificar o 
sistema de tratamento clínico da doença mental, eliminando gradualmente 
a internação como forma de exclusão social. Discutiremos também sobre as 
políticas de Saúde Mental. 
 
 
1.2 O processo de Reforma Psiquiátrica no Brasil e as Políticas de Saúde 
Mental. 
 
Esse movimento se caracterizou por mudanças no setor psiquiátrico 
existente, incluindo os modelos de atenção e gestão nas praticas de saúde 
vigente e na promoção de tecnologias de cuidados que pudessem mudar o 
modelo vigente. Esse movimento foi construído através da luta árdua pela 
busca de melhores condições nas políticas de atenção a saúde mental, 
saneamento e higiene, buscando provar que o estado deve ser o provedor 
principal da saúde para todos os cidadãos. 
Nesse contexto, desenvolve-se no Brasil o denominado 4Movimento 
de Reforma Sanitária, tendo como eixo “a luta pela garantia do direito universal 
 
4
 O termo “Reforma Sanitária” foi usado pela primeira vez no país em função da reforma 
sanitária italiana. A expressão ficou esquecida por um tempo até ser recuperada nos debates 
prévios à 8ª Conferência Nacional de Saúde, quando foi usada para se referir ao conjunto de 
26 
 
à saúde e pela organização de um sistema único, integral, universal e estatal 
de prestação de serviços” (ROSA, 2003). 
O que entendemos hoje como Reforma Psiquiátrica Brasileira 
congrega este questionamento do modelo asilar com o esforço de promoção de 
cidadania de sujeitos tradicionalmente tutelados. Tomou força na segunda 
metade da década de 70, em consonância com os movimentos democráticos 
(Movimento de Reforma Sanitária), mais amplos que o país vivia, e 
fundamentou-se principalmente na concomitante experiência da Reforma 
Italiana capitaneada por Franco Basaglia. 
Em 1987 configurou-se um grande momento na historia da saúde 
mental no Brasil, um encontro que discutiria sobre a política de saúde mental e 
os direitos dos pacientes com transtornos mentais, possibilitando assim 
momentos de reflexões sobre diversas temáticas abordadas. 
.Para discutirmos sobre as políticas de saúde mental é necessário 
citarmos a I Conferencia Nacional de Saúde mental que aconteceu no Rio de 
Janeiro, a partir de três temas essenciais: “Economia, Sociedade e Estado, 
Impactos sobre a doença mental; Reforma Sanitária e Reorganização da 
Assistência á Saúde Mental”. (BARROS, 2011, p.24). 
A realização da I Conferência Nacional de Saúde Mental, em 
desdobramento à 58ª Conferência Nacional de Saúde, representa um marco 
histórico na psiquiatria brasileira, posto que reflete a aspiração de toda a 
comunidade científica da área, que entende que a política nacional de saúde 
mental necessita estar integrada à política nacional de desenvolvimento social 
do Governo Federal. 
 
ideias que se tinha em relação às mudanças e transformações necessárias na área da saúde. 
Essas mudanças não abarcavam apenas o sistema, mas todo o setor saúde, introduzindo uma 
nova ideia na qual o resultado final era entendido como a melhoria dascondições de vida da 
população. Fonte: http://bvsarouca.icict.fiocruz.br/sanitarista05.html Acesso em: 04/08/2013 
5
 A 8ª CNS foi o grande marco nas histórias das conferências de saúde no Brasil. Foi a primeira 
vez que a população participou das discussões da conferência. Suas propostas foram 
contempladas tanto no texto da Constituição Federal/1988 como nas leis orgânicas da saúde, 
nº. 8.080/90 e nº. 8.142/90. Participaram dessa conferência mais de 4.000 delegados, 
impulsionados pelo movimento da Reforma Sanitária, e propuseram a criação de uma ação 
institucional correspondente ao conceito ampliado de saúde, que envolve promoção, proteção 
e recuperação. 
27 
 
Conforme a OMS, (2001), As políticas e programas de saúde mental 
devem promover os seguintes direitos: igualdade e não discriminação; o direito 
à privacidade; autonomia individual; integridade física; direito à informação e 
participação; e liberdade de religião, reunião e movimento. Os instrumentos 
sobre direitos humanos exigem também que todo planejamento ou elaboração 
de políticas ou programas de saúde mental envolva grupos vulneráveis (como 
as populações indígenas e tribais, as minorias nacionais, étnicas, religiosas e 
linguísticas, os trabalhadores migrantes, os refugiados e os apátridas, as 
crianças e adolescentes, e os velhos). A necessidade de se buscar novas 
formas de assistência na saúde mental não era apenas em relação à extinção 
dos manicômios em sim e nem a forma de internamento desumano que era 
aplicado. 
De acordo com dados oficiais do Ministério da Saúde (2005) o inicio 
do processo de Reforma Psiquiátrica no Brasil é contemporâneo à eclosão do 
“movimento sanitário” nos anos de 1970, que tem como consequência a 
criação da instituição SUS. 
6Ao mesmo tempo via-se a necessidade de novas mudanças no 
tratamento hospitalar a esses pacientes acometidos de transtornos mentais, 
era necessário cuidar desses pacientes de forma humana, sendo 
desnecessário o isolamento do meio familiar e social. 
.... 
De acordo com o artigo de Fernando Tenório (2002): 
 
A reforma psiquiátrica é uma forma sociável de tratar a loucura, 
procurando reduzir através de recurso a pratica asilar, buscando 
novas alternativas de cuidados, humanizando o atendimento, 
tentando ressocializar essas pessoas com transtornos mentais ao 
(TENÓRIO, 2002, p.57) 
 
 
6 A Criação do Sistema Único de Saúde (SUS) se deu através da Lei nº 8.080, de 19 de 
setembro de 1990, que “dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação 
da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes”. Primeira lei 
orgânica do SUS detalha os objetivos e atribuições; os princípios e diretrizes; a organização, 
direção e gestão, a competência e atribuições de cada nível (federal estadual e municipal); a 
participação complementar do sistema privado; recursos humanos; financiamento e gestão 
financeira e planejamento e orçamento. 
 
 
28 
 
Nesse sentindo a Reforma Psiquiátrica buscou estabelecer cuidados 
que pudesse oferecer um sistema de saúde igualitário que não se pautasse na 
lógica da exclusão dessas pessoas consideradas loucas, e sim que oferecesse 
a chance de reinserção desse paciente com sofrimento psíquico à sociedade, 
sendo ele capaz de exercer sua cidadania. 
Ainda de acordo com os estudos de Tenório (2002) em seu artigo 
sobre a Reforma Psiquiátrica Brasileira, o sucesso da reforma se deu através 
de sua eficácia terapêutica e seu apelo ideológico, e na construção de um 
amplo arcabouço de cuidados para sustentar a existência de pacientes que, 
sem isso, estavam condenados à errância ou à hospitalização quase 
permanente, presos a um sistema que só medicava. 
Corroborando com essa perspectiva Pôrto (2010), salienta que o 
tratamento da saúde mental sempre esteve relacionado à segregação das 
pessoas acometidas de transtornos mentais. Essas pessoas são de um modo 
geral, excluídas, não somente pela sociedade, mas pelos próprios familiares e 
amigos, a família sentia-se com o sentimento de dever cumprido internar seu 
parente, pois compreendia naquele momento que o seu familiar estava sendo 
cuidado de forma correta e segura e assim a sociedade ficaria segura dos 
“loucos”, como assim eram denominados. 
 
As mudanças alcançadas pelo movimento de reforma sanitária foi 
fruto da luta e articulações entre movimentos sociais, profissionais de saúde, 
partidos políticos, universidades, instituições de saúde e políticos e 
parlamentares. No período de 1989 a 1990 foi elaborada à Lei n°.8.080, as 
Constituições Estaduais, as Leis Orgânicas Municipais e a Lei n°.8.1427·, de 28 
dezembro de 1990, é implementado no Brasil o Sistema Único de Saúde 
 
7 A Lei nº 8.142, de 28 de dezembro de 1990, dispõe sobre a participação da comunidade na 
gestão do SUS e sobre as transferências intergovernamentais de recursos financeiros. Institui 
os Conselhos de Saúde e confere legitimidade aos organismos de representação de governos 
estaduais (CONASS - Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Saúde) e municipais 
(CONASEMS - Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde) Finalmente estava 
criado o arcabouço jurídico do Sistema Único de Saúde, mas novas lutas e aprimoramentos 
ainda seriam necessários (BRASIL, 1990). 
 
 
29 
 
(SUS), tendo como premissa o art.198 da Constituição Federal de 1988. 
(Brasil,1988). 
Corroborando com Delgado (1992) ele afirma que: 
 
Ao discutir a reforma psiquiátrica a partir da legislação, tendo como 
referência o projeto de lei 3657/89 que segundo o autor intervém no 
modelo assistencial, e somente indiretamente na cidadania - quando 
se refere ao direito essencial de liberdade e ao caso do tratamento 
obrigatório, destaca que o modelo assistencial consiste na reforma 
em si, no rearranjo dos serviços, modelo e método de atendimento, 
na democratização e na ruptura do paradigma manicomial. Ao discutir 
a cidadania, retoma a incapacidade civil prescrita no Código Civil de 
1916, refletida pela expressão “loucos de todo gênero”. Para este 
autor, a relação entre incapacidade civil do louco e direito penal, 
implica em duas consequências: “prisão perpétua nos manicômios 
judiciários aos loucos pobres - como regra, ou a impunidade para 
maridos homicidas como exemplo de regularidade” (DELGADO, 
1992, p.81). 
 
 Durante muito tempo a maior dificuldade de tratamento do doente 
mental consistiu e ainda consisti no preconceito social, isso tudo porque a 
“loucura” era associada à violência e à desordem. Dessa maneira não se 
permitia compreender a real necessidade que esses pacientes sofriam e nem a 
superação dessa doença. De acordo com os estudos de Tenório (2002): 
 
Finalmente, além de promover um aperfeiçoamento técnico e 
institucional do tratamento em saúde mental, a reforma psiquiátrica 
tem efeitos positivos também do ponto de vista da cidadania 
brasileira. Movimentando-se no sentido contrário ao da redução das 
políticas sociais do Estado, ela aponta para a construção de uma 
sociedade mais inclusiva e para a recuperação do sentido público de 
nossas ações. Trata-se, enfim, de uma transformação generosa e 
radical de algumas das mais importantes instituições sociais de nosso 
tempo. (TENÓRIO, 2002 p.57). 
 
Nesse processo de transformação na saúde mental esse movimento 
de trabalhadores transformou-se em um novo movimento social por uma 
“sociedade sem manicômios”,e a busca por um tratamento onde a convivência 
com o meio social prevalecesse, surge assim a luta antimanocomial em 18 de 
maio de 1987. 
Sobre isso Ribeiro (2006) ressalta: 
Luta Antimanicomialse constitui como um movimento político que tem 
como eixo principal a construção da cidadania do louco e sua 
inclusão social. Transformação radical dos dispositivos sociais 
milenares, até então, utilizados com a loucura, promovendo um 
autêntico movimento político que busca produzir soluções para além 
30 
 
do que já existem novas categorias e conectores no campo social que 
possam articular toda rede de assistência e cidadania. (RIBEIRO, 
2006, p.60-61). 
 
 
 A luta antimanicomial assumiu como bandeira a Reforma 
Psiquiátrica, com ênfase no processo de desinstitucionalização do modelo 
oficial. 
 
A reforma psiquiátrica, enquanto movimento social representa, desde 
o final da década de 40 em várias partes do mundo, a construção de 
uma mudança da cultura de exclusão existente na sociedade e do 
modelo asilar/carcerário, herdado dos séculos anteriores, no 
tratamento da pessoa com um transtorno mental. A substituição da 
instituição total, que é o hospital psiquiátrico por uma rede de serviços 
diversificados, regionalizados e hierarquizados orientada não 
exclusivamente para uma mera supressão de sintomas e sim para a 
efetiva recontextualização e reabilitação psicossocial, retomando a 
consciência para com a diferença entre os humanos. (Fórum de 
Saúde Mental do Distrito Federal, 1997, p. 05). 
 
 
De acordo com o Ministério da Saúde (2005) é, sobretudo este 
movimento, através de variados campos de lutas sociais, que passa a 
protagonizar e a construir a partir deste período a denuncia da mercantilização 
da loucura, da hegemonia de uma rede privada de assistência e a construir 
coletivamente uma crítica ao chamado saber psiquiátrico e ao modelo 
hospitalocêntrico existente na assistência oferecido às pessoas com 
transtornos mentais. Tudo isso na tentativa de possibilitar um atendimento para 
alem de remédios e internações, esse movimento foi ganhando resistência e o 
sistema de internações aos poucos foi diminuindo em alguns países. Vale 
ressaltar que esse movimento esta inserido no Brasil, mas ao mesmo tempo 
estava inserido em outros países, contribuindo diretamente para a luta 
antimanicomial e trouxe mudanças nesse modelo obsoleto. 
Segundo Ministério da saúde (2005) é somente no dia 06 de abril de 
2001 após 12 anos de tramitação no Congresso Nacional, que a Lei Paulo 
Delgado é sancionada no país. A aprovação, no entanto, é de um substitutivo 
do Projeto de Lei original, que traz modificações importantes no texto 
normativo. Assim, a Lei Federal 10.216 redireciona a assistência em saúde 
mental privilegiando o oferecimento de tratamento em serviços de base 
31 
 
comunitária dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas com transtornos 
mentais, mas não institui mecanismos claros para a progressiva extinção dos 
manicômios. 
A Lei citada (10.216) dispõe sobre a reinserção social do doente 
mental a convivência em seu meio, combatendo isolamento, seja ele social ou 
familiar, fortalecendo a proteção dos direitos de cada paciente. Nesse sentido a 
internação só será necessária quando não houver recursos extra-hospitalares 
suficientes, porém o tratamento eficaz do usuário seja no âmbito publico ou 
particular. 
Ainda de acordo com dados do Ministério da Saúde (2005), a 
promulgação da Lei 10.216 impõe novo impulso e novo ritmo para o processo 
de Reforma Psiquiátrica no Brasil. É nesse contexto da efetivação da lei 10.216 
e da realização da III Conferência Nacional de Saúde Mental, que a política de 
saúde mental do governo federal, alinhada com as diretrizes da Reforma 
Psiquiátrica, passa a consolidar-se, ganhando maior sustentação e visibilidade, 
promovendo a partir da efetivação dessa lei a garantia real do cuidado aos 
pacientes com sofrimento mental, independente de sua condição. 
 
Segundo Ministério da Saúde (2005) a lei nº 10. 216/01 dispõe em 
seus artigos: 
Art. 1
o
 Os direitos e a proteção das pessoas acometidas de transtorno 
mental, de que trata esta Lei, são assegurados sem qualquer forma 
de discriminação quanto à raça, cor, sexo, orientação sexual, religião, 
opção política, nacionalidade, idade, família, recursos econômicos e 
ao grau de gravidade ou tempo de evolução de seu transtorno, ou 
qualquer outra. 
Art. 2
o
 Nos atendimentos em saúde mental, de qualquer natureza, a 
pessoa e seus familiares ou responsáveis serão formalmente 
cientificados dos direitos enumerados no parágrafo único deste artigo. 
Parágrafo único. São direitos da pessoa portadora de transtorno 
mental: 
I - ter acesso ao melhor tratamento do sistema de saúde, 
consentâneo às suas necessidades; 
II - ser tratada com humanidade e respeito e no interesse exclusivo 
de beneficiar sua saúde, visando alcançar sua recuperação pela 
inserção na família, no trabalho e na comunidade; 
III - ser protegida contra qualquer forma de abuso e exploração. 
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2005) 
 
A lei citada diz em seu primeiro artigo, que é dever do estado prestar 
assistência igualitária aos pacientes com transtorno mental, independente de 
32 
 
sua cor, raça, sexo e condição social. No segundo artigo, ressalta que os 
mesmo devem ser protegidos, ter acesso a um tratamento de qualidade e 
digno, como também ter o merecido respeito. 
Apesar de todos os avanços, a nova política de saúde mental 
proporcionou uma racionalização das internações, reduzindo cada vez mais os 
números de leitos psiquiátricos existentes no Brasil. Novos modelos 
alternativos foram criados na tentativa de oferecer um tratamento diferente e 
satisfatório a esses pacientes com sofrimentos mentais, no qual a família agora 
pudesse acompanhar seu familiar ate a sua cura, onde estivesse unida a 
capacidade medica e a humanização, no sentindo de tornar esse quadro mais 
leve ao seu tratamento, desejando assim oferecer um tratamento digno. 
As Políticas Públicas de Saúde Mental visam elaborar leis que 
contribuam para a melhoria no atendimento dos serviços e benefícios para os 
usuários, transformando aquilo que é individual em ações coletivas, garantindo 
assim seus direitos sociais. A prática em saúde mental é uma responsabilidade 
social e deve se relacionar ao desenvolvimento histórico da sociedade. 
Assim, as Políticas Públicas de Saúde Mental devem discutir e 
atualizar todos os meios de acesso da população às informações, estudar as 
demandas através de critérios epidemiológicos visando melhorias nos serviços 
principalmente para os usuários facilitando o processo de inclusão e inserção 
social na comunidade. 
No próximo capitulo veremos uma breve contextualização do 
processo de Reforma Psiquiátrica no Ceará. 
 
 
 1.3 O Processo de Reforma Psiquiátrica no Ceará. 
 
No Estado do Ceará esse processo de luta não foi diferente, com 
inspiração dos movimentos de reforma psiquiátrica no mundo e no Brasil 
estabeleceu-se uma luta antimanicomial conjunta entre os profissionais de 
saúde e familiares de pacientes psiquiátricos, objetivando a implantação da 
mudança de assistência e tratamento na área de saúde mental. Na busca de 
um novo paradigma para a saúde mental, através dos movimentos sociais 
33 
 
percebeu-se que não dava mais pra aceitar a forma que os pacientes com 
algum transtorno mental sofriam nos hospitais psiquiátricos, a luta era por uma 
sociedade sem manicômios. (Pôrto, 2010)8. 
 Vale ressaltar que, historicamente no Ceará tivemos uma 
assistência psiquiátrica do tipo hospitalocêntrica, onde a única resposta a dar a 
essas pessoas consideradas alienadas e loucas pela sociedade era o 
isolamento como forma de tratamento e recuperação da moral, por isso era 
necessário internar, na maioria das vezes contra a vontade do individuo. 
A luta por um novo modeloalternativo de assistência os portadores 
de transtorno mental era preciso, buscava-se um tratamento onde os usuários 
adquirissem novamente sua autonomia para viver em sociedade. Era 
necessário sair do modelo vigente naquela época, e buscar um tratamento 
para além das prisões, onde esses pacientes pudessem ser tratados com mais 
dignidade e respeito, e que através desse processo de tratamento o mesmo 
pudesse recuperar sua vida e voltasse a conviver em seu meio social. 
 
De acordo com os estudos de Nogueira (2009): 
Ao longo dos anos, foram surgindo no estado, instituições asilares 
que prestavam assistência aos portadores de transtornos mentais, 
somente em 1935 surgiu a primeira iniciativa privada na capital 
cearense, a casa de saúde São Gerardo, e em 1963 foi instituído o 
primeiro hospital publico nesta área, Hospital de 
Messejana..(NOGUEIRA,2009, p.60-61) 
 
Segundo Barros (2011), apesar de todas as contradições a luta 
antimanicomial no ceará representou grande significância para Reforma 
psiquiátrica, pois lutava entre dois lados, de um lado lutou para acabar com as 
instituições asilares, as prisões que se dizia tratar os doentes mentais, onde os 
internos eram tratados de forma desumana, mas por outro lado apoio as 
iniciativas não asilares na saúde mental. 
 
 
8
 No ceará historicamente a assistência psiquiátrica foi predominantemente hospilalocêntrica, 
sua experiência na saúde mental ocorreu muito ligada ao hospital psiquiátrico, sendo toda a 
assistência prestada exclusivamente por hospitais especializados de natureza asilar. Conforme 
“A historia do Ceará na psiquiatria começa em 1603, nessa época o quadro da assistência 
psiquiátrica é precário, e as mudanças nesse setor chegam aproximadamente no século XIX.” 
(SAMPAIO, 2010,p.30). 
34 
 
Na historia da Reforma Psiquiátrica no Brasil, o estado do Ceará tem 
apresentado uma significativa contribuição. Sua dinâmica própria de 
desenvolvimento,com contradições sociais persistentes 
precárias,secas cíclicas,ocupação econômica retardatária e 
dependente,além dos turnos de monocultura extrativista (pecuária, 
algodão, cera de carnaúba, lagosta),determina e caracteriza quadros 
políticos econômicos e sociossanitarios muito 
particulares.(SAMPAIO,2011,p.30). 
 
Seguindo as características de uma modernidade tardia, surgiu 
novos rumos para a saúde, novas formas de se pensar e técnicas de trabalhar 
a psiquiatria, surgiu nesse período a construção do SUS, tendo inicio em 1986 
foi considerado como um grande avanço na saúde. 
 
No Ceará, a década de 90 também foi um período importante para o 
campo da saúde mental, pois é desse período que datam a 
emergência ou a maior visibilidade do Movimento de reforma 
psiquiátrica, o processo de instalação de CAPS (em Iguatú, Canindé 
e Quixadá) , em 1993, a aprovação da Lei nº 12. 151 que dispõe 
sobre a extinção progressiva dos hospitais psiquiátricos e sua 
substituição por outros recursos assistenciais Paiva 2011 (apud 
ACIOLY, 2006 p. 40). 
 
Com o rápido crescimento da cidade de Fortaleza, foram surgindo 
novos problemas sociais, crescia junto com a cidade um o grande número de 
indigentes que representava um caos na cidade, diante desses fatos o governo 
provincial da época em articulação com os segmentos das elites política, 
comercial e religiosa, perceberam a necessidade de se construir instituições 
ligadas à assistência e proteção a infância, mendicidade e loucura. 
“Tradicionalmente, a assistência psiquiátrica era oferecida por cinco hospitais 
especializados privados, com seiscentos leitos, e um hospital especializado 
publico, administrado pelo governo estadual com duzentos leitos”. (Sampaio, 
2010, p.31). Nessa mesma perspectiva complementa Paiva (2011): 
 
Atualmente no Ceará encontramos vários serviços substitutivos como 
Centros de Atenção Psicossocial, Hospitais-Dia e Residências 
Terapêuticas, Comissões Municipais e Estaduais de Saúde Mental, 
Núcleos do Movimento da Luta Antimanicomial, Associações de 
Familiares e Usuários e Fórum Municipal da Luta Antimanicomial, cuja 
instalação é preconizada pela lei cearense de nº 12. 151. (PAIVA, 
2011 p.40) 
 
 
35 
 
Este modelo seria substituído por uma rede de serviços territoriais 
de atenção psicossocial, visando à integração da pessoa que sofre de 
transtornos mentais à comunidade. A seguir iremos falar sobre a proposta de 
intervenção pública na saúde através dos CAPS. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
36 
 
CAPITULO II - A PROPOSTA DE INTERVENÇÃO PÚBLICA NA 
SAÚDE ATRAVÉS DOS CAPS. 
 
Nesse capitulo apresentaremos uma breve contextualização sobre o 
novo modelo de assistência á Saúde Mental no Brasil - O CAPS, o Sistema 
Único de Saúde (SUS), a implantação do CAPS no ceará e em Fortaleza, 
CAPS AD, falaremos brevemente sobre a inserção do Assistente social nos 
CAPS. 
 
2.1 O sistema Único de Saúde (SUS). 
 
De acordo com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde 
CONASS (2009), a instituição do SUS produziu resultados imediatos. O mais 
importante foi o fim da separação que havia no sistema público de saúde entre 
os incluídos e os não incluídos economicamente com a implantação do 
princípio da universalidade, que pôs fim à figura iníqua dos indigentes 
sanitários (não previdenciários), promovendo a integração do INAMPS ao 
sistema público de saúde9. 
O Sistema Único de Saúde fez com que a saúde fosse direito de 
todo cidadão, até a criação do SUS existiam apenas três categorias de 
brasileiros que tinha direito a saúde: os que tinham condições financeiras de 
arcar com despesas médicas particulares, os que eram segurados da 
previdência, ou seja, os que tinham direito à saúde publicam e os que eram 
desprovidos de quaisquer direitos. 
A partir da criação do SUS, começa a se pensar novas formas de 
tratamento para o setor psiquiátrico, necessitava-se criar uma política que 
fizesse um resgate a dignidade dos doentes mentais, era preciso que se 
regulamentasse um controle das internações, sendo esse o ultimo recurso que 
deveria ser usado para o tratamento desses pacientes, e que aos poucos 
 
9
 O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS) 
Fonte: http://www.conass.org.br – Acesso em:22/07/2013 
37 
 
oferecessem uma assistência digna aos portadores de transtornos mentais, a 
fim de resgatá-los ao convívio social. 
Para campos (2002), o setor de saúde deve responder a diferentes 
demandas por parte da sociedade na busca de uma vida saudável, sendo que 
somente a recuperação do corpo em seu aspecto biológico passa a não ser 
mais suficiente ao atendimento da totalidade das necessidades de saúde, 
devendo-se levar em consideração o ser humano em sua totalidade. 
De acordo com o Ministério da Saúde (2000), no ano de 2008 o SUS 
completou 20 anos de atuação, no entanto, já demonstra necessidade de 
melhoria em vários aspectos, como a qualidade no atendimento, mais 
profissionais qualificados para cada área e a ampliação de redes hospitalares. 
10A principal proposta da Reforma Sanitária é a defesa da 
universalização das políticas sociais e a garantia dos direitos sociais. Nesta 
direção, destaca-se a concepção ampliada de saúde, considerada como 
melhores condições de vida e de trabalho; a importância dos determinantes 
sociais; a nova organização do sistema de saúde através da construção do 
SUS, em consonância com os princípios da intersetorialidade, integralidade, 
descentralização, universalização, participação social e redefinição dos papéis 
institucionaisdas unidades políticas (União, Estado, municípios, territórios) na 
prestação dos serviços de saúde; e efetivo financiamento do Estado. 
Sabemos que o sistema Único de Saúde, é fruto de muitas lutas e 
reivindicações sociais da população brasileira, e que começou a ser construído 
devido á participação do povo na 11VIII Conferencia Nacional da Saúde, que 
tiveram vez e voz, para discutir sobre os serviços de saúde ainda na década de 
1980. 
Apesar do SUS ter sido criado oficialmente a partir da Constituição 
de 1988, este foi regulamentado através da Lei Orgânica da Saúde (Lei 8.080), 
 
10 CFESS CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL- Parâmetros para a Atuação de 
Assistentes Sociais na Saúde Brasília, março de 2009 3 Gestão 2008 – 2011. 
 
11
 A realização da VIII Conferência Nacional de Saúde, com intensa participação social, deu-se 
logo após o fim da ditadura militar iniciada em 1964, e consagrou uma concepção ampliada de 
saúde e o princípio da saúde como direito universal e como dever do Estado; princípios estes 
que seriam plenamente incorporados na Constituição de 1988. 
38 
 
de 19 de setembro de 1990. Posteriormente foi inserida a participação dos 
usuários na gestão através Lei 8.142, de 28 de dezembro de 1990, que dispõe 
sobre a participação popular e transferência de recurso. 
Não podemos deixar de salientar que o SUS foi criado para suprir as 
necessidades da população, ele é consolidado como um direito universal do 
cidadão e apesar de estar dentro do contexto neoliberal, no qual há 
interferência do Estado em relação aos direitos sociais, cabe ao poder publico 
o dever de garanti-lo. 
Segundo Bravo (2009), dessa forma o SUS é tido como um dos 
maiores sistemas públicos de saúde do mundo e representa um grande avanço 
para a sociedade, cabendo a esta fiscalizar e cobrar do Estado que realize seu 
papel e cumpra o que foi estabelecido constitucionalmente. 
O Sistema Único de Saúde fez com que a saúde fosse direito de 
todo cidadão, até a criação do SUS existiam apenas três categorias de 
brasileiros que tinha direito a saúde: os que tinham condições financeiras de 
arcar com despesas médicas particulares, os que eram segurados da 
previdência, ou seja, os que tinham direito à saúde publicam e os que eram 
desprovidos de quaisquer direitos. 
Nesse processo de consolidação do SUS podemos situar a Carta 
dos Direitos dos Usuários da Saúde foi aprovada pelo Conselho Nacional de 
Saúde (CNS) em sua 198ª Reunião Ordinária, realizada no dia 17 de junho de 
2009. O presente documento foi elaborado de acordo com seis princípios 
basilares que, juntos, asseguram ao cidadão o direito básico ao ingresso digno 
nos sistemas de saúde, sejam eles públicos ou privados. Apesar de todos os 
avanços, “[...] O SUS real esta muito longe do SUS constitucional há uma 
enorme distancia entre a proposta do movimento sanitário e a pratica social do 
sistema publico de saúde vigente”. (BRAVO 2009, p.107). 
 
A partir da criação do SUS, começa a se pensar novas formas de 
tratamento para o setor psiquiátrico, conforme ressaltamos anteriormente 
necessitavam criar uma política que fizesse um resgate a dignidade dos 
portadores de transtorno mental, era preciso que se regulamentasse um 
controle das internações, sendo esse o ultimo recurso que deveria ser usado 
39 
 
para o tratamento desses pacientes, e que aos poucos oferecessem uma 
assistência digna aos usuários, a fim de resgatá-los ao convívio social. 
A seguir veremos de forma mais detalhada a implantação de um 
novo modelo de Assistência, onde contextualizaremos a implantação do CAPS 
no Brasil, Ceará e Fortaleza. 
 
2.2 O Novo modelo de Assistência à Saúde mental no Brasil - O CAPS 
 
 
A portaria do Ministério da Saúde nº 224/92 estabeleceu diretrizes e 
normas da assistência em saúde mental, regulamentando novos serviços, 
dentre eles os CAPS (Centros de Atenção Psicossocial). Seu surgimento deu-
se no contexto da Reforma Psiquiátrica, apresentando-se como um serviço 
substitutivo, com a proposta de mudar o modelo (hospitalocêntrico), o qual 
predominou por muitos anos e provocou diversos debates ao seu modo de 
tratar os pacientes com transtornos mentais. 
Os dados oficiais do Ministério da Saúde (2005) retratam que o 
surgimento dos CAPS nas cidades brasileiras foi na década de 1980, passando 
a receber uma linha específica de financiamento do Ministério da Saúde a partir 
do ano de 2002, momento no qual estes serviços experimentam grande 
expansão. O CAPS surge, portanto para amenizar os problemas existentes na 
saúde mental, com a finalidade de cuidar dos pacientes com transtornos 
mentais, mostrando que é possível tratar de maneira diferente os que 
necessitam de ajuda psicológica, oferecendo-lhes um tratamento compartilhado 
pela família. 
Nesse processo, o primeiro CAPS foi inaugurado em março de 1986 
na cidade de São Paulo, o Centro de Atenção Psicossocial Professor Luiz da 
Rocha Cerqueira, conhecido como CAPS da Rua Itapeva. Em seguida surge 
em vários municípios do pais serviços ligados a saúde mental e aos poucos 
através de muito trabalho os esses equipamentos começam a se consolidar 
como dispositivos necessários na diminuição das internações,apresentado uma 
mudança do modelo assistencial. 
40 
 
A seguir para uma melhor compreensão, veremos através de 
algumas tabelas a porcentagem do número de CAPS por tipo e ano e em 
seguida por tipo, região e UF, portanto vejamos: 
Tabela -1 Número de CAPS por tipo e por ano. 
 
Ao analisar a tabela 1 citada, percebemos, portanto, que o 
crescimento dos CAPS cresceu bastante desde sua Implantação, 
especialmente no ano de 2010 que teve o maior número de CAPS em relação 
2006, foram criados durante esses 4 anos 610 novos equipamentos. 
 De acordo com dados do Ministério da Saúde (2007), nos últimos 
quatro anos a expansão e qualificação da rede de atenção à saúde mental, 
sobretudo dos Centros de Atenção Psicossocial (Caps), foram objetivos 
principais das ações e normatizações do Ministério da Saúde. Para 
organização da rede de atenção à saúde mental num determinado território a 
expansão destes serviços foi fundamental para mudar o cenário da atenção à 
saúde mental no Brasil. Neste período o Ministério da Saúde pautou-se pela 
implantação de uma rede pública e articulada de serviços. 
Esse serviço oferece três modalidades de tratamento (intensivo, 
semi-intensivo, e não intensivo), que variam de acordo com a necessidade do 
indivíduo. O atendimento intensivo trata-se de atendimento diário oferecido 
quando a pessoa se encontra com grave sofrimento psíquico, em situação de 
crise ou dificuldades intensas no convívio social e familiar, precisando de 
atenção contínua. Esse atendimento pode ser domiciliar, se necessário. O 
semi-intensivo, no qual, o usuário pode ser atendido até doze dias no mês, 
sendo que essa modalidade é oferecida quando o sofrimento e a 
41 
 
desestruturação psíquica da pessoa diminuíram, melhorando as possibilidades 
de relacionamento. Mas devemos ressaltar que, o usuário ainda necessita de 
atenção direta da equipe do serviço para se estruturar e recuperar sua 
autonomia. E o não intensivo, que é oferecido quando a pessoa não precisa de 
suporte da equipe para viver em seu território e realizar suas atividades na 
família e/ou no trabalho, podendo ser atendido até três dias no mês12. 
A Portaria/GM nº 336 de 19 de fevereiro de 2002, define e 
estabelece as diretrizes para o funcionamento dos CAPS, além de categorizá-
los e diferenciá-los conforme a clientela denominando-os de CAPS I, CAPS II, 
CAPS III, CAPS Ii, CAPS ad. As três primeirasmodalidades são definidas por 
ordem crescente de porte/complexidade e abrangência populacional. 
Prioritariamente, deverão atender a pacientes com transtornos mentais graves 
e persistentes em sua área territorial. Os CAPS I são destinados ao 
atendimento psicossocial para crianças e adolescentes, enquanto os CAPS ad, 
são designados ao atendimento de usuários com transtornos decorrentes do 
uso e dependência de substâncias psicoativas. 
 
A titulo de informação veja a seguir a segunda tabela, onde 
apresentaremos o número de CAPS por tipo, região e UF. 
 
12
 
Fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre. – Acesso em 12/07/13 
Portal do Ministério da Saúde. Disponível em <http://portal.saude.gov.br/portal/saude 
 
42 
 
Segundo a tabela citada a Região Sudeste possui o maior numero 
de população e apenas 538 CAPS, em seguida vem o Nordeste com um 
numero menor de pessoas, porém possui um numero estimável de CAPS I, 
contabilizando um numero de 597 equipamentos distribuídos em CAPS I CAPS 
II CAPS III CAPS i CAPS ad. 
 
“A construção de uma rede comunitária de cuidados é fundamental 
para a consolidação da Reforma Psiquiátrica. A articulação em rede 
dos variados serviços substitutivos ao hospital psiquiátrico é crucial 
para a constituição de um conjunto vivo e concreto de referências 
capazes de acolher a pessoa em sofrimento mental. Esta rede é 
maior, no entanto, do que o conjunto dos serviços de saúde mental 
do município. Uma rede se conforma na medida em que são 
permanentemente articuladas outras instituições, associações, 
cooperativas e variados espaços das cidades” (Ministério da Saúde, 
2005, p. 25). 
 
43 
 
Nesse sentido é necessário um atendimento articulado onde o 
usuário que sofre de doença mental seja contemplado não apenas com o uso 
de medicação, mais também receba uma atenção humanizada, oferecendo a 
esse usuário não apenas a solução de sua melhora através dos hospitais mais 
que faça esse usuário sentir-se capaz de ser inserido novamente a sociedade, 
que ele sinta-se apoiado. 
Vale ressaltar que, de acordo com os dados oficiais do Ministério da 
Saúde (2005) o número de pessoas com algum tipo de transtorno mental tem 
aumentado significantemente em todos os Estados do Brasil, demandando a 
criação de novos CAPS, com o objetivo de tentar suprir a demanda desses 
usuários, não bastava apenas medicar, era preciso ressocializar esses 
usuários, trazer de volta para seu meio, mostrar que eles podem retomar sua 
convivência garantida na sociedade13. 
Considerando os princípios de Reforma psiquiátrica os CAPS não 
devem ser complementares ao modelo hospitalar e sim substitutivos. Para isso 
acontecer cabe a esse equipamento oferecer um tratamento diferenciado, 
principalmente aos pacientes com transtornos mentais, possibilitando que este 
usuário seja o autor de seu tratamento, oferecendo um cuidado mais 
humanizado, promovendo assim à reinserção do indivíduo a sua família e seu 
ambiente social. 
De acordo com os estudos de Sampaio (2010,) o CAPS não constitui 
apenas um tratamento especifico para doentes mentais, ele tenta prevenir a 
rotulação, estigma e a cronificação que esses pacientes sofrem. Em seus 
objetivos o CAPS procura prevenir o isolamento dos portadores de transtornos 
 
13
 No Brasil, 23 milhões de pessoas (12% da população) necessitam de algum atendimento em 
saúde mental. Pelo menos 5 milhões de brasileiros (3% da população) sofrem com transtornos 
mentais graves e persistentes. De acordo com a Associação Brasileira de Psiquiatria, apesar 
de a política de saúde mental priorizar as doenças mais graves, como esquizofrenia e 
transtorno bipolar, as mais prevalentes estão ligadas à depressão, ansiedade e a transtornos 
de ajustamento. 
 
Em todo o mundo, mais de 400 milhões de pessoas são afetadas por distúrbios mentais ou 
comportamentais. Os problemas de saúde mental ocupam cinco posições no ranking das dez 
principais causas de incapacidade, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). 
 
Fonte: 
http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/medicos+criticam+fechamento+de+leitos+em+hospitais+psiquiat
ricos/n1237686226986.html - Acesso em:22/07/2013 
44 
 
mentais, buscando tratar sem a necessidade de internar, garantindo a eles a 
atenção, seja através de oficinas, grupos de apoio ou através do 
acompanhamento psicológico e médico, juntamente com o acompanhamento 
de sua família sem a quebra de nenhum vinculo. 
Nesse sentido, considerando a proposta em seu formato legal as 
práticas nos CAPS devem se caracterizar por ser dinâmica e por ocorrer em 
ambientes livres, abertos e acolhedor, onde a maior preocupação é o bem 
estar do sujeito em si, seu comportamento e sua evolução. 
Portanto, o CAPS deve ser um lugar de referência e tratamento para 
pessoas que sofrem de transtornos mentais, psicoses, neuroses graves e 
demais quadros cuja severidade ou persistência justifique sua permanência 
para a reabilitação psicossocial, por meio de cuidado intensivo, comunitário, 
personalizado e promotor de vida, numa atenção voltada para o sujeito, sua 
singularidade e história, cultura e vida cotidiana. É um serviço de saúde mental 
criado para ser substitutivo às internações em hospitais psiquiátricos (Viana, 
2007). 
 
Em seguida veremos uma breve contextualização sobre a 
implantação dos CAPS´S no Ceará e em Fortaleza. 
 
 
2.3 A implantação do CAPS no Ceará e em Fortaleza. 
 
No Estado do Ceará, com inspiração dos movimentos de reforma 
psiquiátrica no mundo e no Brasil, estabeleceu-se uma luta antimanicomial 
conjunta entre os profissionais de saúde e familiares de pacientes psiquiátricos, 
objetivando a implantação da mudança de assistência e tratamento na área de 
saúde mental. 
Conforme o Observatório de Recursos Humanos em Saúde (2007), 
o Estado do Ceará deu início ao processo de Reforma Psiquiátrica com a 
implantação do primeiro CAPS do Nordeste. Em 1991, em Iguatu, 
apresentando-se um dos pioneiros na transformação do modelo manicomial em 
um modelo de assistência psicossocial. 
45 
 
É importante destacar que o Poder Legislativo do Estado do Ceará, 
discutindo a temática relativa à inserção do portador de transtorno mental no 
convívio da sociedade, antecipou-se à normatização federal, concernente ao 
processo de reforma à assistência psiquiátrica, e editou a Lei nº 12.151, de 
29.07.1993, conhecida como Lei Mário Mamede, que dispõe sobre a extinção 
progressiva dos hospitais psiquiátricos e sua substituição por outros recursos 
assistenciais, regulamenta a internação psiquiátrica compulsória e dá outras 
providências. No que diz respeito às internações psiquiátricas, esta lei Lei nº 
(12.151) determina no art. 4º que “A internação psiquiátrica compulsória deverá 
ser comunicada pelo médico que a procedeu, no prazo de vinte e quatro horas, 
à autoridade do Ministério Público e à Comissão de Ética Médica do 
estabelecimento”. No parágrafo segundo, desse artigo, destaca que o 
Ministério Público procederá às vistorias necessárias e, no art. 5º, determina 
prazo de quarenta e oito horas para que todas as internações psiquiátricas, 
compulsórias ou não, sejam confirmadas, através de laudo específico, por 
Junta Interdisciplinar, composta por membros da comunidade, trabalhadores 
em saúde mental e representantes do Poder Público local14. 
De acordo com os estudos de Sampaio (2010), a reconfiguração 
dos serviços de saúde mental, orientada para o cuidado no território, traz em si 
modificações nos modos de organizar os processos de trabalho e de produzir 
suas ações. Tal situação impôs

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