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IVANEIDE SILVA DE SOUSA BEZERRA TURMA: FLC5198SES TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO: SERVIÇO SOCIAL E SAÚDE MENTAL: OS LIMITES E POSSIBILIDADES DA ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NO CAPS AD III NO MUNICÍPIO DE MAMANGUAPE MAMANGUAPE 2023 Centro Universitário Leonardo da Vinci Curso Bacharelado em Serviço Social IVANEIDE SILVA DE SOUSA BEZERRA SERVIÇO SOCIAL E SAÚDE MENTAL: OS LIMITES E POSSIBILIDADES DA ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NO CAPS AD III NO MUNICÍPIO DE MAMANGUAPE Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à disciplina de TCC – do Curso de Serviço Social – do Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI, como exigência parcial para a obtenção do título de Bacharel em Serviço Social. Tutor (a) – Orientador (a) Local: Anne Karolyne Santos da Silva MAMANGUAPE 2023 SERVIÇO SOCIAL E SAÚDE MENTAL: OS LIMITES E POSSIBILIDADES DA ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NO CAPS AD III NO MUNICÍPIO DE MAMANGUAPE POR IVANEIDE SILVA DE SOUSA BEZERRA Trabalho de Conclusão de Curso aprovado do grau de Bacharel em Serviço Social, sendo-lhe atribuída à nota “ ” ( ), pela banca examinadora formada por: Presidente: Prof. Anne Karolyne Santos da Silva - Orientador (a) Local Membro: Joelma da Silva - Supervisor (a) de Campo Membro: Luana de Farias Silva - Profissional da área MAMANGUAPE 22 de junho de 2023 DEDICATÓRIA Dedico, ao meu esposo, meus filhos e minhas amigas de curso que me auxiliaram durante o processo de construção deste trabalho. AGRADECIMENTOS A Deus, que veio me fortalecendo a todo o momento, não deixando faltar saúde e perseverança para que atingisse o que eu almejava. Ao meu marido, e amigo de todas as horas que sempre me incentivou a seguir em frente diante dos obstáculos que eu me deparei ao longo da minha trajetória. A minha filha, que sempre buscou me mostrar o quanto eu poderia contribuir para a sociedade atuando nessa área tão digna de admiração que é o Serviço Social. Aos meus amigos, que direta e indiretamente, sempre deixaram seus estímulos para que eu me motivasse cada dia mais, e não esquecesse quais objetivos eu tinha quando eu comecei. Agradeço a todos do fundo do meu coração, meu muitíssimo obrigado. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 9 2 POLÍTICA DE REDUÇÃO DE DANOS .................................................................. 12 2.1 MARCOS LEGAIS ........................................................................................ 13 3 REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL ................................................................. 18 3.1 IMPLANTAÇÃO DO CAPS AD III ................................................................. 24 4 A IMPORTÂNCIA DO ATENDIMENTO HUMANIZADO NO CAPS ......................25 5 ANÁLISE DE DADOS ............................................................................................29 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 31 RESUMO O presente trabalho tem por objetivo apresentar o resultado da pesquisa que aborda a atuação do Assistente Social nas unidades de saúde mental, baseadas nas observações proporcionadas pelo meu campo de pesquisa o CAPS AD III (Centros de Atenção Psicossocial Álcool e Droga) situado no Município de Mamanguape, Paraíba. Nesse sentido, tratando-se de pesquisa de caráter descritivo com abordagem qualitativa, uma vez que se buscou a análise das ações desse profissional na instituição, por meio de pesquisa de campo, utilizando análises bibliográficas e documentais para embasamento da temática/problemática abordada. PALAVRAS-CHAVE: Saúde Mental; Caps AD; Assistência Social. ABSTRACT The objective of this study is to present the results of the research that addresses the role of the Social Worker in mental health units, based on the observations provided. by the search fields at CAPS AD III (Centers for Psychosocial Alcohol and Drug Care) located in the Municipality of Mamanguape, Paraíba. In this sense, it is descriptive research with a qualitative approach, since it was sought the analysis of the actions of this professional in the institution, through field research, using bibliographical and documentary analyzes to base the thematic / problematic. approach. KEY-WORDS: Mental health, Caps AD, Social Assistance. 9 1 INTRODUÇÃO É nítido o impacto que os movimentos sociais alcançaram ao decorrer do tempo, as causas abraçadas por muitos, nos proporcionaram grandes oportunidades para lidar com os indivíduos com um olhar de empatia, e principalmente, um olhar mais justo. A reforma psiquiátrica, um dos maiores marcos ocorrido no início dos anos 70, mudou os paradigmas da sociedade quanto as pessoas em sofrimento mental, e usuários de substâncias psicoativas (SPA). Uma droga psicoativa é qualquer substância química que, ao ser consumida, pode modificar alguma função do sistema nervoso central, produzindo efeitos físicos e psíquicos. (GONÇALVES, 2006, p. 17). Herdamos de um contexto histórico de lutas, e descasos com direitos humanos, uma realidade cujos hospitais psiquiátricos, deram lugar a novas práticas de enfrentamento da causa, nesse sentido, surgem então os (CAPS) Centros de Atenção Psicossocial, (CAPSAD) Centros de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas, entres outros. (ALVES, 2009). É de conhecimento geral, que se trata de um tema que vem sendo bastante discutido, contudo, não se tornou obsoleta a associação de tais indivíduos com periculosidade, e criminalidade, pelo contrário, ela ainda é fator influente na vida dos usuários. O (CAPS AD III) objetiva atender os indivíduos cujo sofrimento mental foi adquirido por meio do uso abusivo de álcool e drogas. É de suma importância atentar que os usuários de substâncias psicoativas são vistos com um viés condenatório, e isso tende a levá-los à um estado de desamparo. A temática vem sendo associada à criminalidade, práticas antissociais, e ofertas de tratamentos inspirados na exclusão, levando o usuário à um cenário ainda mais vulnerável e sem perspetivas de vida. (PRATTA, 2009 apud MENEZES, 2017 et al). A presente pesquisa surgiu do interesse em conhecer os limites e as possibilidades da atuação do profissional na unidade, dessa forma, tratando-se de uma pesquisa de caráter descritivo, como afirma Gil (2008) o método tem como objetivo principal a descrição das características, fenômenos, estabelecimento de relações entre variáveis, características de grupos, nível de atendimento de órgãos públicos de comunidades, levantamento de opiniões entre outros. O objeto de pesquisa é o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS AD III). Tendo como base a abordagem qualitativa, uma vez que: ela se ocupa, nas Ciências Sociais, com um 10 nível de realidade que não pode ser quantificado. Ou seja, ela trabalha com o universo dos significados, dos motivos, das aspirações, das crenças, dos valores e das atitudes. (MINAYO, 2009, p. 21). A coleta de dados realizou-se na própria instituição, caracterizando-a como pesquisa de campo, uma vez que, “na pesquisa de campo, o objeto/fonte é abordado em seu meio ambiente próprio.” (SEVERINO 2007, p. 123). Também foram utilizadas pesquisas bibliográficas, que de acordo com Marconi e Lakatos (2003, p. 183) é aquela que: [...] abrange toda bibliografia já tornada pública em relação ao tema de estudo, desde publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros, pesquisas, monografias, teses, material cartográfico etc., até meios de comunicação orais: rádio, gravações em fita magnéticae audiovisuais: filmes e televisão. Por meio de entrevista, que se caracteriza como “[...] um encontro entre duas pessoas, a fim de que uma delas obtenha informações a respeito de determinado assunto, mediante uma conversação de natureza profissional.” (MARCONI E LAKATOS 2003, p. 195). Em consequência disso, a presente pesquisa objetivou analisar “Quais os limites e as possibilidades da atuação do assistente social no (CAPS AD III) no Município de Mamanguape?” Para tanto foram traçados os seguintes objetivos: analisar os limites e as possibilidades do assistente social, enquanto figura representante de ações socioculturais no Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS AD III) no Município de Mamanguape e desta forma, compreender como as ações do assistente social podem impactar as pessoas direta, e indiretamente afetadas pelo uso de substâncias psicoativas, de acordo com os limites e possibilidades da unidade. Também almeja-se identificar os fatores positivos e negativos das propostas observadas e refletir sobre os resultados que podem ser obtidos. Tendo em vista os anos de vivência no setor, e o diário anseio por uma realidade com cada vez menos preconceito, dualidade e desrespeito, encontrei no meu campo de pesquisa (CAPSAD III) no Município de Mamanguape, uma oportunidade de observar o exercício das funções lá praticadas pelo setor de assistência social, guiada por reflexões acerca do quanto a Reforma Psiquiátrica é em si, um fato que pode impulsionar a disseminação de um novo ponto de vista, sendo este, subsidiado por pilares de solidariedade e empatia, afinal, não é difícil perceber que se trata de uma 11 questão sociocultural, e como tal, implica em principalmente conseguir transformar um contexto, cujas raízes estão encrustadas no âmbito social. Amarante (2007) diz que se adotado as noções de alienado, perigoso, perca da razão entre outros, o máximo que iremos conseguir será a tolerância. Contudo, Franco Basaglia 1 insistia que a ideia de “tolerar” alguém é arrogante, pretensiosa e implica em suportar o outro. Com isso percebemos que essa ideologia de tolerância desconsidera totalmente o ser humano como ele é dotado de subjetividade. Como toda estrutura cultural não se modifica de um dia para o outro, percebemos que a causa exige bem mais que direitos institucionais, ela busca também influenciar pessoas a se questionarem cada vez mais do impacto que suas atitudes podem fazer a favor ou não de novas expectativas na vida de alguém. Nesse sentido, Amarante (2007, p. 71) diz que “a construção da cidadania diz respeito a um processo social e, tal qual nos referimos no campo da saúde mental e atenção psicossocial, um processo social complexo.” Assim sendo, a relevância dessa pesquisa ao (CAPS AD III) é conhecer como o setor de assistência social está impactando a vida das pessoas atendidas direta e indiretamente pelo serviço desempenhado na unidade, tendo em vista os limites e possibilidades dados a ele pelas normas institucionais. 1 Médico psiquiatra, importante precursor da reforma psiquiátrica a nível internacional. Suas ideias influenciaram significativamente a reforma psiquiátrica no Brasil. 12 2 POLÍTICA DE REDUÇÃO DE DANOS À medida que afirma Silva e Pio (2009) O programa de redução de danos teve sua primeira política oficial implantada a partir de uma Lei da Inglaterra de 1926, que dava aos médicos o direito de regular “opiatos” a pacientes adictos de protagonista, se evidenciado a vantagem desse meneio no paciente. Porém foi na Holanda, por volta de 1984, que a redução de danos se efetivou como política pública de saúde, no momento em que um grupo de enfermeiras, juntamente com organizações de categorias de autorrepresentação de usuários de drogas, iniciou o primeiro programa de esterilização de seringas visando o controle da hepatite, que se estendia depressa entre os usuários de drogas injetáveis. Assim: Redução de danos pode ser definida como “uma estratégia da saúde pública que visa reduzir os danos à saúde em consequência de práticas de risco”. As ações de redução de danos são consideradas como medidas prioritárias para atuação junto aos usuários de drogas, devendo ser desenvolvidas pelas três esferas de governo e também pelas organizações da sociedade civil. (BRASIL, 2015). No Brasil a Estratégia de RD é tida como uma alternativa a da refutação eficiente do governo e da população, na construção de um programa de interferência integrada, que inclua ações relacionadas à melhoria da saúde, de perceção e informação em relação aos riscos da utilização de drogas, disponibilizando serviços de atendimento. As primeiras ações surgem no município de Santos em meados de 1992, que era na época município brasileira com a maior tarifa de infectados pelo vírus da HIV com possível derivação pela utilização de remédio injetável, havendo a primeiro esforço de realizar troca de seringas, no entanto, uma interferência judicial interrompeu a atuação interpretada como impulso à utilização de drogas. Logo depois o sucedido em 1994 o Conselho Federal de Entorpecentes autorizou a prática de exercício de RD, no qual na Bahia em 1995 a atuação histórica do Centro de Pesquisas e Terapia do Abuso de Drogas da Faculdade Federal da Bahia (CETAD/UFBA), primeiro Programa de Redução de Danos a substituir seringas no Brasil, sendo que pospositivo ao feito em 2003 há registros de 150 programas em desempenho no país. A Política de Redução de Danos visa o progresso de uma enxurrada de ações que vão ao intuito de que o ideal é que as 13 pessoas não usem drogas, porém, se isso também não é viável, que o façam com o menor perigo provável. (MARLATT, 1999; NADELMANN, 1999). Assim, os princípios básicos são: 1. A redução de danos é uma alternativa de saúde pública para os modelos moral/criminal e de doença do uso e da dependência de drogas; 2. A redução de danos reconhece a abstinência como resultado ideal, mas aceita alternativas que reduzam os danos; 3. A redução de danos surgiu principalmente como uma abordagem “de baixo para cima”, baseada na defesa do dependente, em vez de uma política “de cima para baixo” promovida pelos formuladores de políticas de drogas; 4. A redução de danos promove acesso a serviços de baixa exigência como uma alternativa para abordagens tradicionais de alta exigência; 5. A redução de danos baseia-se nos princípios do pragmatismo empático versus idealismo moralista. (MARLATT 1999, p.46). Tais concepções dão lugar a diversos tipos de ações que são capazes de ser implementadas conjunta ou separadamente, com congruência com as realidades de cada comunidade. Entre as mais comuns, destacam-se: i) Ações orientadas a produzir o uso de pouco perigo, dirigidas a oferecer disciplina sanitária; costumam comportar-se nos lugares próximos aos lugares de uso. No caso de usuários de drogas injetáveis, incluem os programas de intercâmbio e / ou subdivisão de seringas que são capazes de ser realizados a partir de distintos meios (equipes itinerantes com agentes de saúde na rua, centros de atenção primária, hospitais, centros específicos, farmácias etc.) e os centros de injeção segura. ii) As ações são orientadas a proporcionar afazeres mínimos, que oferecem serviços de auxilia comunitário e sanitária de base, adaptados aos estilos de vida dos usuários e facilitam o acesso à barga comparsa sanitária. Enquanto que as ações orientadas a produzir o sexo mais sem riscos, que proporcionam educação em relação a sensualidade e pré-noção e favorecem o acesso a preservativos. iii) Por fim, ações orientadas a trocar a utilização de substâncias adquiridas no mercado ilegal por substâncias prescritas. Incluem os programas de preservação com metadona ou os programas dispensação controlada de protagonista. 2.1 MARCOS LEGAISSabe-se que com o processo social e histórico brasileiro, as políticas de saúde perpassaram por uma gama de complexidades no percorrer das suas trajetórias e as propostas de reforma dessas políticas passaram por um processo extremamente lento, regados de vários avanços e recuos. 14 Com o surgimento do capitalismo no Brasil, houve uma enorme procura pelos cursos de medicina, advento que já tinha acontecido na Europa a muito tempo. Assim, a medicina foi definida: como um processo orgânico que se efetiva a partir de distúrbios fisiológicos e designou o asilo como lugar da verdade médica sobre a doença mental, no qual as funções terapêuticas e político-administrativas mais adquirem concretude. Tomou como objeto de estudo "a doença" e o objetivo sua "cura". Todavia, não tem conseguido na prática, confirmar os argumentos: doença mental/ intervenção médica/ cura. (SILVA; BARROS, OLIVEIRA, 2002, p. 3). Desde o período do capitalismo emergente no final do século XIX, instituiu-se vários mecanismos de exclusão e inclusão que são reproduzidos até os dias atuais através das políticas sociais. No período do Brasil Colônia a loucura não era considerada como uma ameaça a sociedade, uma vez que o país passava por um regime escravocrata, onde a força de trabalho era uma mercadoria. Quando a loucura afetava os ricos estes eram tratados na Europa. Consequentemente, a loucura não era vista como uma doença, segundo Silva, Barros e Oliveira. (2002). Mas, com o processo de urbanização das cidades, as epidemias estavam atrapalhando o crescimento político e econômico, logo, foi definido que deveria existir um saneamento onde interdita o livre trânsito dos doentes, mendigos, vadios e loucos. E foi nesse período que surgiu o primeiro hospital psiquiátrico do Brasil. (SILVA; BARROS; OLIVEIRA, 2002). É indispensável salientar que isso ainda não era considerado como uma política de saúde mental. Pois, essa preocupação relacionada a psiquiatria era apenas relacionada a ideia de recolher e excluir. Assim: A ordem social no Brasil vai se instituindo para a formação do Estado Brasileiro e a preocupação do Estado com a Saúde Pública se acentua, quando normas e medidas estatais (Políticas Sociais) começam a serem esboçadas para enfrentar as epidemias e a loucura. A gênese da intervenção estatal tem como base, o modelo de intervenção campanhista, marcado pela centralização, autoritarismo, clientelismo e populismo, próprios de um Estado oligárquico, que conforma seus aparelhos institucionais com a concentração do poder e a exclusão das classes populares. Nesse contexto, para modernizar o Hospício, no sentido do ideal liberal republicano, Oswaldo Cruz alia-se a Juliano Moreira que substitui a orientação francesa de seu antecessor, pelo enfoque da Psiquiatria Alemã. Isto repercute na discussão da etiologia da doença mental, pois o biologismo passa a explicá-la, como também aos aspectos étnicos, éticos, políticos e ideológicos e a psiquiatria se coloca em defesa da manutenção 15 do controle social pelo Estado. Nessa gestão foi promulgada a primeira Lei Federal, n. 1.132 de dezembro de 1903, que reorganiza a assistência aos alienados, concretizando a legitimação jurídico-política da psiquiatria nacional. (SILVA; BARROS; OLIVEIRA, 2002, p.2). De forma geral, tem-se de atentar para a ideia de que o sanitarismo teve seu início apenas nos anos 20 e 30, quando se vincula a ideia de saúde. Mas, até o final dos anos 50 os serviços médicos não possuíam nenhum tipo de assistência psiquiátrica. Esse processo de incorporação tardia da psiquiatria foi por causa da ineficácia dos tratamentos, além do mais os hospitais estavam em estados deploráveis. Antes do golpe militar de 1964, existia uma discussão referente a psiquiatria, mas o golpe interrompeu a ideia da Reforma Sanitária, confiscando os poderes locais e deixando os municípios sem qualquer autonomia quer seja de gestão ou de recursos. Desta forma: De 1964 a 1974, o cenário político tornava crime o debate sobre alternativas políticas. Este foi um momento propício para o governo implantar sua reforma institucional. Pretendia a generalização das privatizações pela compra de serviços particulares com o dinheiro público, valorizou a produção quantitativa de procedimentos do setor privado, favorecendo a empresa médico-industrial, que resultou na medicalização em massa da sociedade. Na área psiquiátrica, esse favorecimento ficou conhecido como indústria da loucura. A expansão de ofertas de leitos reforçou o modelo psiquiátrico hospitalocêntrico. Essa política do Instituto Nacional de Previdência Social/INPS tinha vinculações conhecidas com o setor privado e tornou-se o principal obstáculo para a implantação de Programas de Assistência Psiquiátrica mais complementares e não asilares. Na década de 70, a crise social deixa entrever as dificuldades de manutenção do autoritarismo. O fim do milagre econômico revigorou as forças sociais questionadoras do modelo excludente da maioria da população, em relação às benesses do crescimento econômico, propiciando o acirramento das pressões sociais e favorecendo a distensão política, lenta e gradual. Nesse contexto, organiza-se o Movimento pela Reforma Sanitária, como parte do movimento maior pela democratização do país e fortalecimento da sociedade civil. (SILVA; BARROS; OLIVEIRA, 2002, p.2). Depois de dez anos foi organizado um movimento pela Reforma Psiquiátrica, onde reclamava sobre a necessidade de reforma psiquiátrica. O intuito era modificar o relacionamento da sociedade brasileira com os doentes mentais. Percebe-se que esse movimento trouxe uma mudança na cultura, organização dos processos de trabalho e na estrutura dos serviços psiquiátricos, com o intuito de uma desinstitucionalização psiquiátrica. Essa reforma proposta era uma maior 16 humanização nas relações entre os sujeitos, mas também uma maior organização no processo de trabalho. Sabemos que a Reforma Psiquiátrica no Brasil foi influenciada por vários movimentos, os quais se destacam os movimentos da Antipsiquiatria e da Reforma Psiquiátrica italiana. As grandes preocupações eram em relação à Instituição hospitalar psiquiátrica e saberes psiquiátricos com suas práticas terapêuticas e o conceito da doença mental. Sendo um referencial a reforma Psiquiátrica italiana, de onde veio o processo de mudanças na área de Saúde mental, e também não menos importante o Psiquiátrico Franco Basaglia, por ter sido o nome forte ao movimento italiano da Reforma Psiquiátrica, com seus métodos de observações, desmistificando os conceitos de doença mental e suas rotulações, rompendo com qualquer método agressivo de tratamento. Resgatando a dignidade e os direitos à cidadania dos internos, Basaglia trouxe mudanças radicais para época, com assembleias e reuniões para que todos pudessem participar e interagir para uma reforma humanizada. A forma de como eram tratados os doentes mentais para ele não surtia efeito, precisava acabar com a exclusão das pessoas internas, sendo complexa demais para se limitar ao saber médico-psiquiátrico, ele buscou não somente conhecer a doença e sim o indivíduo. O movimento revolucionário acompanha a necessidade de transformação das instituições asilares e de alguns pacientes no qual tem histórico de produzir riquezas e foram inseridos no trabalho. Foi nesse contexto que Pinel, pai da Psiquiatria moderna é indicado como reformador de um hospital em Paris. (AMARANTE, 2007). Surge a desinstitucionalização e abertura de centros de saúde, onde pudesse dar continuidade ao tratamento longe dos hospitais e de toda cultura que vinha de anos de manicômios. Essa experiência serviu de referência até os dias atuais, e também aqui no Brasil. Basaglia conseguiu um marco na história da saúde mental no mundo, com a criação da Lei 180 que propõe a substituição do modelo Hospitalarao sistema de atenção Psicossocial de base territorial. No final da década de 1970, houve movimentos criticando o modelo asilar no que concerne a assistência, tratamento e recuperação do doente mental. (OLIVEIRA, 2002). Foi nesse contexto que houve denúncias de violências e maus- tratos, falta de higienização nos hospitais, e a sociedade ficou sensibilizada com os tratamentos dados aos pacientes com transtorno mental nas instituições 17 manicomiais. Fato esse que se criou uma organização dos profissionais da área culminando no Movimento de Trabalhadores em Saúde Mental. (MTSM). O MTSM foi um espaço de luta fora da instituição, e um ponto de debate e encaminhamento de propostas para a Reforma de Assistência Psiquiátrica, com encontros e reuniões com trabalhadores em saúde, integrantes do movimento sanitário, associações de classes, bem como, parte de alguns setores da sociedade. (AMARANTE, 1995). A reforma Psiquiátrica foi assim compreendida: Como conjunto de transformações de práticas, saberes, valores culturais e sociais, é no cotidiano da vida das instituições, dos serviços e das relações interpessoais que o processo de Reforma Psiquiátrica avança, marcando por impasses, tensões, conflitos e desafios. (BRASIL 2005, p.6). Foi nos anos 1970, que teve início o processo de movimento social pelos direitos dos pacientes psiquiátricos em nosso país, mas foi no ano de 1990 que se tem notoriedade, pelo projeto de articulação dos três níveis gestores do Sistema Único de Saúde. (SUS). Com esse projeto houve algumas mudanças na área jurídica, com o projeto de Lei 3.657\89, como Lei Paulo Delgado, que após 12 anos sancionou em 2011, como um marco na reforma psiquiátrica. A citada lei discorre sobre a extinção por completo dos hospitais psiquiátricos no Brasil baseada na legislação italiana. Nesse contexto, foi criado no município de Santos o NAPS- Núcleo de Atenção Psicossocial 24horas, sendo um marco nesse processo de desinstitucionalização. (BRASIL, 2005). O processo de Reforma Psiquiátrica no Brasil foi dividido em três fases: 1a fase 1978-1992: Denúncias, Conferência Nacional de Saúde Mental (1986), Movimento antimanicomial (1987); 2a fase: 1992-2001: II Conferência Nacional (1992), conquista da hegemonia política do modelo da desinstitucionalização; 3a fase: 2001-2010: III Conferência Nacional (2001) aprovada a Lei 10.216, expansão da rede de atenção psicossocial. (VASCONCELOS, 2010) O modo como a Reforma Psiquiátrica surgiu, permitiu que os usuários ganhassem notoriedade junto à justiça, que antes não tinham leis que os protegessem. A luta dos familiares dos portadores de saúde mental no Brasil vem se alastrando desde muitos anos. 18 Apesar do conservadorismo do Governo Collor de Melo, houve uma reocupação fundamental do espaço político pelo movimento de reforma em torno da Coordenação de Saúde Mental em nível do Ministério da Saúde, que passa a tomar as principais iniciativas políticas formais da reforma psiquiátrica pelo menos até 1996, salientando-se a II Conferência Nacional de Saúde Mental e o lançamento de portarias ministeriais a partir de 1991- 1992. (ROSA, 2002, p.27). No Brasil o processo de Reforma Psiquiátrica foi um movimento permanente na constante inovação de conceitos e princípios que marcaram a trajetória da saúde mental no país. O importante é fazer um perfil da instituição e uma análise em relação a prática do Serviço Social na área da saúde mental que serão abordadas no próximo ponto. No ano de 1990, o Brasil torna-se signatário da Declaração de Caracas, onde propõe uma reestruturação da assistência psiquiátrica. Mas, apenas em 2001 é aprovada a lei 10.216 onde discorre sobre a proteção e direitos das pessoas com transtornos mentais. E no artigo terceiro, dispõe que é de responsabilidade do Estado o desenvolvimento da política de saúde mental, assistência e promoção de ações de saúde para aqueles que necessitam, assim como instituições que ofereçam assistências. Logo, foi a partir dessa lei que se originou a Política de Saúde Mental, onde tem como intuito garantir o cuidado ao paciente com transtorno mental e os serviços substitutivos dos hospitais psiquiátricos. 3 REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL A atenção às crises vem sendo apontada como um componente peremptório e estratégico em todo processo de Reforma Psiquiátrica. A grandiosidade, a qualidade, a efetividade e a humanização da assistência lograda nesse campo acabam definindo o poder de interferência e o alcance dos processos de Reforma Psiquiátrica por meio da construção de redes de atenção e reabilitação psicossocial que contemplem as necessidades de atenção dos distúrbios de saúde mental e álcool e outras drogas por parte da população. (ZEFERINO et al, 2015). O trabalho em rede é considerado como um requisito fundamental dessa nova abordagem, uma vez que a base tangível e o amparo da atenção integral à crise é a rede ampla de assistência e reabilitação que sustentam os projetos terapêuticos de cada usuário da comunidade e território, englobando, especialmente, a atenção 19 básica e os próprios recursos da comunidade. (ZEFERINO et al, 2015). Sabe-se que a Reforma exigiu a formalização e a instituição de uma nova rede e um novo modelo de organização dos serviços e técnicas de atenção e reabilitação. O percurso de tal implantação é complexo e sofre influência de aspectos políticos, sociais e econômicos imersos em simultaneidade de forças e embates. Atualmente, este modelo está esboçado e determina a disposição em rede no formato de RAPS articulada às RAS do SUS como um todo. (ZEFERINO et al, 2015). Compreende-se que a RAPS foi formulada com a intenção de favorecer a implantação, expansão e altercação dos distintos pontos de atenção à saúde direcionados aos indivíduos em padecimento mental decorrentes de transtornos psiquiátricos ou utilização arbitrário de substâncias psicoativas, sob responsabilidade do SUS. (BRASIL, 2011b). Nesse intuito, a RAPS foi idealizada para salvaguardar o acesso dos indivíduos aos serviços de saúde mental, fomentando o revigoramento sucessivo do trabalho em rede, que procura resguardar a dignidade humana favorecendo autonomia, liberdade e cidadania as pessoas; antigamente tão estigmatizados pelos padrões impostos pela população. (BRASIL, 2011b). Para montar a RAPS devem-se observar as especificidades loco-regionais, dando ênfase nos serviços com base comunitária, caracterizados pela plasticidade de se apropriar às necessidades dos usuários e familiares e não os mesmos se adequarem aos serviços. Além disso, essa rede age na prospetiva territorial, conhecendo suas dimensões, gerando e transformando lugares e relações. Assim: Respeito aos direitos humanos, garantindo a autonomia e a liberdade das pessoas; Promoção da equidade, reconhecendo os determinantes sociais da saúde; Combate a estigmas e preconceitos; Garantia do acesso e da qualidade dos serviços, ofertando cuidado integral e assistência multiprofissional, sob a lógica interdisciplinar; Atenção humanizada e centrada nas necessidades das pessoas; Diversificação das estratégias de cuidado; Desenvolvimento de atividades no território, que favoreça a inclusão social com vistas à promoção de autonomia e ao exercício da cidadania; Desenvolvimento de estratégias de Redução de Danos; Ênfase em serviços de base territorial e comunitária, com participação e controle social dos usuários e de seus familiares; Organização dos serviços em rede de atenção à saúde regionalizada, com estabelecimento de ações intersetoriais para garantir a integralidade do cuidado; Promoção de estratégias de educação permanente; e Desenvolvimento da lógica do cuidado para pessoas com transtornos mentais e com necessidades. (BRASIL, 2011b). 20 Nesse contexto a RAPS é constituída pelos seguintes componentes: COMPONENTE Pontode Atenção I. Atenção Básica em Saúde Unidade Básica de Saúde Equipes de Atenção Básica para populações em situações específicas. Núcleo de Apoio à Saúde da Família. Centro de Convivência II. Atenção Psicossocial Especializada CAPS I CAPS II CAPS III CAPS AD CAPS ADIII CAPS I III. Atenção de Urgência e Emergência UPA / SAMU IV Atenção Residencial de Caráter transitório Unidade de Atendimento Adulto. Unidade de Atendimento Infantojuvenil. V. Atenção Hospitalar Leitos. Enfermaria especializada. VI Estratégias de desinstitucionalização Serviços Residenciais Terapêuticos. Programa de Volta para Casa. VII Reabilitação Psicossocial Cooperativas. No que tange a atenção básica, pode-se afirmar que ela é dividida por pontos de atenção, que são os seguintes, conforme o quadro de Lima (2012, p.34): 21 Ponto de atenção Explanação Unidade Básica de Saúde serviço de saúde constituído por equipe multiprofissional responsável por um conjunto de ações de saúde, de âmbito individual e coletivo, que abrange a promoção e a proteção da saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação, a redução de danos e a manutenção da saúde com o objetivo de desenvolver a atenção integral que impacte na situação de saúde e autonomia das pessoas e nos determinantes e condicionantes de saúde das coletividades Equipe de atenção básica para populações específicas b.1 Consultório de rua serviço componente da Atenção Básica na Rede de Atenção Psicossocial, conta com uma equipe multiprofissional composta a partir das demandas e realidades locais. Suas ações devem ser compartilhadas e integradas às unidades de saúde da família, CAPS, serviços de urgência e emergência e outros pontos de atenção. Destina-se ao cuidado especializado de pessoas que vivem na rua, nas especificidades de suas vulnerabilidades B2 Equipe de apoio aos serviços do componente Atenção Residencial de Caráter Transitório oferece suporte clínico e apoio a esses pontos de atenção, coordenando o cuidado e prestando serviços de atenção à saúde de forma longitudinal e articulada com os outros pontos de atenção da rede. Essa equipe pode ser composta pelos profissionais do CAPS de referência para as residências terapêuticas, incluindo os técnicos de referência das casas e apoio da coordenação de saúde mental Centros de Convivência São pontos de atenção da RAPS ligados à atenção básica em saúde, abertos a toda a população e que atuam na promoção da saúde nos processos de reabilitação psicossocial, a partir do resgate e da criação de espaços de convívio solidário, fomento a sociabilidade, produção e intervenção na cultura e na cidade, constituindo-se em importantes espaços para a ampliação de laços sociais (Brasil, 2015). Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) São constituídos por equipes compostas por profissionais de diferentes áreas do conhecimento, que devem atuar de maneira integrada e apoiando os profissionais das equipes de saúde da família e academia da saúde, compartilhando as práticas e saberes em saúde nos territórios sob a responsabilidades das equipes, atuando diretamente no apoio matricial às equipes das unidades nas quais o NASF está vinculado. Fonte: adaptado de Lima. (2014, p.34) 22 Já o ponto II é a atenção psicossocial especializada que tem alguns pontos de atenção. No caso o primeiro é o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), pode-se afirmar que: é uma modalidade de serviço criada para atender de forma intensiva as pessoas em sofrimento psíquico considerado intenso e, em geral, persistente. Composto por equipe multiprofissional que atua na perspectiva da reabilitação psicossocial através de oficinas de arte e trabalho, atendimentos individuais e/ou em grupos com usuários e familiares, dentro de um determinado território de adstrição. (LIMA, 2014, p. 35). Nesse contexto, o objetivo do CAPS é um trabalho articulado em rede com outros CAPS, tendo como base serviços sanitários e não sanitários. A ideia é que estes atuem de forma intersetorial com projetos oriundos das mais diversas áreas como educação, cultura, etc. (GIOVANELLA et al, 2012). O quadro abaixo demonstra a organização do CAPS: Tipo Explanação CAPS I atende pessoas com transtornos mentais graves e persistentes e também com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas de todas as faixas etárias; indicado para municípios com população acima de quinze mil habitantes; CAPS II Tem as mesmas competências do primeiro, mas é destinado a 70 mil habitantes; CAPS III Atende pessoas com transtornos mentais graves e persistentes. Proporciona serviços de atenção contínua, com funcionamento 24 horas, incluindo feriados e finais de semana, ofertando retaguarda clínica e acolhimento noturno a outros serviços de saúde mental, inclusive CAPS Ad, indicado para Municípios ou regiões com população acima de cento e cinquenta mil habitantes; CAPS AD Atende adultos ou crianças e adolescentes, considerando as normativas do Estatuto da Criança e do Adolescente, com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas. Serviço de saúde mental aberto e de caráter comunitário, indicado para Municípios ou regiões com população acima de setenta mil habitantes; 23 CAPS AD III Atende a mesma clientela do anterior, porém com necessidades de cuidados clínicos contínuos. Serviço com no máximo doze leitos para observação e monitoramento, de funcionamento 24 horas, incluindo feriados e finais de semana; indicado para Municípios ou regiões com população acima de cento e cinquenta mil habitantes. Já a parte de atenção, urgência e emergência é formada pelos pontos de atenção: i) SAMU; ii) sala de estabilização; iii) UPA 24 horas; iv) postas hospitalares de atenção à urgência; v) Unidades básicas de saúde. De forma geral, tais pontos são responsáveis pelo acolhimento, classificação de risco e cuidado com as situações de urgência e emergência das pessoas que tem algum tipo de transtorno mental decorrente da utilização de crack, álcool e outras drogas. (BRASIL, 2011). Enquanto que a atenção residencial de caráter transitório tem apenas os pontos de acolhimento como pontos de atenção, que são divididos em adultos, infantis e juvenis. De forma geral, tal unidade oferece cuidados contínuos de saúde e tem funcionamento de 24 horas. O quinto eixo, é a atenção hospitalar que é constituída pela enfermaria especializada em hospital geral, que é relacionado leitos de saúde mental nas enfermarias especializadas em saúde mental. E tem também o serviço hospitalar de referência, que são leitos em clínicas medicas que tem habilitação para oferecer suporte hospitalar quando necessário. (BRASIL, 2011). O sexto eixo, são as estratégias de desinstitucionalização que é formada por dois pontos que são os serviços residenciais terapêuticos e programa de volta para casa. O primeiro são casas que ficam localizadas no espaço urbano para poder responder as necessidades de moradia para aquelas pessoas que tem transtornos mentais graves, tal casa deve acolher no máximo 8 moradores. Já o segundo, é considerado o instrumento mais efetivo de reintegração social das pessoas que tem histórico de hospitalização. Por fim, temos o eixo de reabilitação psicossocial, que: refere-se às iniciativas de geração de trabalho e renda, aos empreendimentos solidários, às cooperativas sociais e às ações de caráter intersetorial para a reinserção no trabalho, das pessoas com experiências de sofrimento decorrentes de transtornos mentais, uso de álcool e outras drogas. (LIMA, 2014, p. 50). 24 Nesse contexto, essas iniciativas deveriam articular sistematicamente as redes de saúde e de economia solidária com os recursos disponíveis no território com o intuito de garantir a melhoria das condições concretasde vida. (BRASIL, 2015). 3.1 IMPLANTAÇÃO DO CAPS AD III O CAPS AD III Regional é o ponto de atenção do integrante da Atenção Especializada da Rede de Atenção Psicossocial que tem como escopo oferecer a atenção integral a indivíduos com necessidades relacionadas ao uso de bebida alcoólica, Crack e outras drogas, com ideia é que funcione todos os dias da semana, 24 h por dia, até mesmo finais de semana e feriados. Logo, será um local de referência de atenção e proteção para usuários e familiares em situações de crise e maior gravidade (recaídas, abstinência, ameaças de morte), terá disponibilidade para amparar casos novos e já vinculados, sem precisar de um agendamento prévio e sem qualquer outra dificuldade de acesso, em todos os dias da semana, até mesmo, finais de semana e feriados, 24h por dia. De acordo com as diretivas expressas na Portaria nº 3.088 de 2011 que institui a Rede de Atenção Psicossocial, o serviço de Atenção Psicossocial Álcool e Outras drogas, deverá produzir o respeito aos direitos humanos, garantindo a autonomia do indivíduo e a liberdade dos sujeitos usuários ou não do serviço de saúde mental indicado a indivíduos usuária de Crack, bebida alcoólica e outras drogas (BRASIL, 2011). A melhoria da equidade e o identificação dos determinantes sociais de saúde similarmente será uma proposição a ser instituída na execução diária das ações oferecidas pelo CAPS AD III Regional, acreditamos que agindo dessa maneira iremos combatermos estigmas e preconceitos que envolvem o público em questão extremamente fragilizado pela ausência de garantia do acesso a serviços especializados que garantam atenção integral a assistência multiprofissional, a partir de uma atenção humanizada e centrada nas necessidades das indivíduos. A oferta de técnicas de afazeres e o progresso de atividades na localidade adstrito não será restrita nenhum município, abrangerá a cada um dos territórios de municípios que compõem a região de saúde, por meio das equipes de atenção básica e do próprio serviço de atenção psicossocial. Irão garantir a inclusão social 25 tendo em vista à melhoria da autonomia e fortalecendo o exercício da cidadania aos usuários do serviço. Outro ponto fundamental a ser ressaltado pelas ações do CAPS AD III Regional é o progresso das técnicas de Redução de Danos envolvendo toda a rede assistencial, isto é, asseverar que práticas menos destrutíveis sejam incorporadas na vida dos usuários até a supressão completo da utilização das substâncias tóxicas. 4 A IMPORTÂNCIA DO ATENDIMENTO HUMANIZADO NO CAPS A humanização ganhou notoriedade elevada no ano de 2000, ligada à área de saúde da mulher, da criança e assistência hospitalar. (PEDRO E VIEIRA, 2009). O Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar foi implantado sob a portaria GM/MS nº881 de 19 de junho de 2001, no âmbito do SUS. O Programa logo em seguida sofre mudanças com a nova gestão do Ministério da Saúde, desde então foi criada a Política Nacional de Humanização de Atenção e da Gestão em Serviço de Saúde no SUS – HumanizaSUS, visando atingir todos os níveis de atenção a saúde. (BRASIL, 2006). Admitindo que Estado, Município e serviços de saúde todos estavam envolvidos na prática de humanização e com bons resultados na área da atenção e gestão, colaborando para legitimação do SUS. A Política Nacional de Humanização PNH foi criada após várias experiências do “SUS que dá certo”, criada no ano de 2003, busca efetivar os princípios do SUS na rotina dos serviços de saúde, afirmando novas condutas de administrar e refletir sobre as demandas existentes. Como Política do SUS, a PNH também chamada de HumanizaSUS surge da união de três objetivos centrais, bem como: enfrentar desafios ditos pela sociedade quanto a qualidade e dignidade da saúde, redesenhar e articular iniciativas de humanização do SUS e, por fim enfrentar problemas no campo da gestão do trabalho e na vida dos trabalhadores em saúde. (PASHE, 2011). Houve grandes avanços obtidos pelo SUS na sua construção, contudo ainda tem desafios a enfrentar, como: o acolhimento, a baixa valorização do trabalho em saúde e a falta de aproximação entre usuários e a equipe multiprofissional, estes são alguns exemplos de embates para a melhoria do SUS. Em resposta as atuais situações de fragmentação e verticalização dos serviços, a PNH foi criada para gerir melhor o trabalho com a saúde no que diz respeito ao despreparo dos trabalhadores em lidar com as dimensões sociais e subjetivas nas suas práticas de trabalho e ao 26 mínimo de investimento em qualificação, constitui-se resposta à crise do SUS. (BRASIL, 2004) Em síntese podemos afirmar que a PNH está ligada a secretaria de atenção à saúde do Ministério da Saúde, com participação das equipes regionais que dão apoio a política de humanização com articulação das secretarias estaduais e municipais de saúde com sistematização e base de propagação planos de ações e inovações para forma de fazer saúde. Através dos princípios, diretrizes e dispositivos a Política Nacional de Humanização busca: : [...] trabalho em equipe multiprofissional, a transversalidade e grupalidade o apoio construção de redes cooperativas solidárias e comprometidas com a produção de saúde e sujeitos coletivos implicado na rede do SUS, na construção de autonomia e protagonismo desse sujeito. (BRASIL, 2004, p.15). Infelizmente notamos o despreparo dos profissionais da área saúde ao atendimento e acolhimento com os usuários de acordo com as diretrizes da PNH, isso indica a falta de capacitação para com os profissionais, equipamentos e estrutura adequada para atuação da equipe multiprofissional. O ministério da saúde através da Política Nacional de Humanização busca resolver problemas como: A desvalorização dos trabalhadores da saúde, a precarização das relações de trabalho, o baixo investimento em processos de educação permanentes em saúde [...], a pouca participação na gestão dos serviços e o frágil vínculo com os usuários. (BRASIL, 2008, p.8). O destaque da PNH é articulação entre os gestores e os trabalhadores do SUS, nas produções técnicas e científicas, auxiliando trocas de experiências e atenção aos usuários. Foi construída com o intuito de qualificação planejada para mudar o dia a dia da saúde no SUS. As apostas para as inovações em saúde conforme a Rede HumanizaSUS são: ✓ Valorização dos diferentes sujeitos implicados no processo de produção de saúde: usuários, trabalhadores e gestores; ✓ Fomento da autonomia e do protagonismo desses sujeitos e dos coletivos; ✓ Aumento do grau de co-responsabilidade na produção de saúde e de sujeito; ✓ Estabelecimento de vínculos solidários e de participação coletiva no processo de gestão; ✓ Mapeamento e interação com as demandas sociais, coletivas e subjetivas de saúde; ✓ Defesa de um SUS que reconhece a diversidade do povo brasileiro e a todos oferece a mesma atenção à saúde, sem distinção de idade, etnia, 27 origem, gênero e orientação sexual; ✓ Mudança nos modelos de atenção e gestão em sua indissociabilidade, tendo como foco as necessidades dos cidadãos, a produção de saúde e o próprio processo de trabalho de trabalho em saúde, valorizando os trabalhadores e as relações sociais no trabalho; ✓ Proposta de um trabalho coletivo para que o SUS seja mais acolhedor, mais ágil e mais resolutivo; ✓ Compromisso com a qualificação da ambiência, melhorando as condições de trabalho e de atendimento; ✓ Compromisso com a articulação dos processos de formação com os serviços e práticas de saúde; ✓ Luta por um SUS mais humano, porque construído com a participação de todos e comprometido com a qualidade dos seus serviços e com a saúde integral para todos e qualquer um. (REDE HUMANIZASUS, 2015, p.45). Nesse sentido, grande parte dos profissionais buscam serem capacitados e qualificados esolidários com respeito e tolerância para com os usuários, mas os desafios continuam e são inúmeros, e nem sempre há condições favoráveis para isso. Portanto, a luta pela humanização é constante. Na rede hospitalar o objetivo da humanização é proporcionar um atendimento acolhedor junto à família dos usuários, ou seja, poupá-los do máximo o risco desse processo negativo, como estresse e depressão, para uma recuperação positiva. O atender e acolher é um dos serviços de saúde que é de maior importância e de definições próprias, não sendo uma mera recepção dos usuários, e sim atividades de toda estrutura organizacional própria da PNH do SUS. É no acolhimento que o profissional mostra a conotação de inclusão, deixando o usuário orientado e esclarecido, dando início a uma abordagem indispensável a qualquer usuário. De acordo com a Política Nacional de Humanização PNH, humanizar pode ser compreendido como uma inclusão das diferenças nos processos de gestão e de cuidados. A humanização no atendimento se dá em uma troca de informação entre paciente e profissional, com ética e respeito, garantindo a dignidade e os direitos humanos. Nos textos do final da década de 50, décadas de 60, 70 e 80, a humanização é enfocada, predominantemente, de modo circunscrito às relações interpessoais estabelecidas com o doente, bem como às questões administrativas de dada instituição (predominantemente hospitalar), mostrando-se desarticulada das dimensões político-sociais do sistema de saúde. (CASATE; CORREA, 2005, p. 109). Sentiam-se necessidades de promover ações e programas, logo, a implantação de uma Política Nacional de Humanização, e isto reuniu um modelo de gestão na saúde. (BRASIL,2004). 28 Conforme a PNH, a humanização irá efetivar-se a partir das práticas de saúde existentes, ou seja, a partir da forma como agimos no cotidiano da prática do serviço. Assim, é indispensável salientar quais são os principais dispositivos da PNH: • Acolhimento com classificação de risco: recepção do usuário, desde sua chegada no serviço de saúde, com responsabilização integral por ele, priorizando-se a atenção de acordo com o grau de sofrimento e não pela ordem de chegada nos serviços de saúde; • Colegiados gestores: construção de espaços coletivos em que é feita a análise dos contextos, problemas e situações e a tomada das decisões tanto no que se refere à condução da organização, quanto do cuidado. Sistemas colegiados de gestão, que incluem: Grupos de Trabalho de Humanização (GTH); Câmaras Técnicas de Humanização (CTH); Contratos de Gestão; sistemas de escuta qualificada para usuários e trabalhadores da saúde (gerência de “porta aberta”, ouvidorias, pesquisas de satisfação etc.); • Programa de Formação em Saúde e Trabalho – Comunidade Ampliada de Pesquisa; Programas de Qualidade de Vida e Saúde para os Trabalhadores da Saúde; • Equipes de Referência e de Apoio Matricial; Projeto Terapêutico Singular e Projeto de Saúde Coletiva: trabalho clínico que visa o sujeito e a doença, a família e o contexto, tendo como objetivo produzir saúde e aumentar a autonomia do sujeito, da família e da comunidade, a partir da co- responsabilização e de uma ação sempre singular; • Projetos de ambiência: envolve os ambientes físico, social, profissional e de relações interpessoais que deve estar relacionado a um projeto de saúde voltado para a atenção acolhedora, resolutiva, humanizada e para a melhoria das condições de trabalho e de atendimento; • Direito de Acompanhante e Visita Aberta; • Construção de processos coletivos de Monitoramento e avaliação das atividades de humanização. (PASHE; PASSOS, 2011, p. 5). A PNH não propõe um tipo de serviço específico, mas um Sistema Único de Saúde – SUS- ideal no qual seja tudo mais humanizado (SANTOS FILHO; BARROS, GOMES, 2009). Observamos que o atendimento humano é conceituado pelos profissionais sempre apontando a busca pelo bem-estar dos usuários. Demonstrando sempre uma crescente preocupação quanto a dignidade humana deste usuário e a importância da presença dos familiares no tratamento. A proposta da humanização é criar uma forma de atender fundamentada no diálogo e cuidado, uma nova cultura de atendimento, pois, a humanização é uma política transversal e transpassa todos os programas de saúde. Neste aspecto, Ayres (2008, p.57) afirma que: Há que se buscar, portanto, junto das finalidades técnicas das práticas de saúde, mas transcendendo sua condição de estrita produção de objetos (os produtos do trabalho da saúde), a antecipação, escolha e negociação de uma 29 vida boa, ou seja, do melhor possível a fazer diante do projeto de felicidade que se coloca em questão naquele momento. É indispensável demonstrar que a humanização no processo de assistência à saúde, pode ser considerada como uma demanda atual e crescente que acontece no contexto brasileiro. A humanização na saúde requer que sejam consideradas várias perspectivas da filosofia organizacional para que exista um bom atendimento. (ANDRADE et al, 2009). 5 ANÁLISE DOS DADOS O presente tópico busca analisar o trabalho do assistente social no CAPS Ad III, com o intuito de compreender as atribuições e competências profissionais. Para isso, buscou-se compreender como se dá a rotina do CAPS, qual o papel do assistente social e atividades desenvolvidas. Assim, o instrumento de coleta de dados foi uma entrevista e ela foi realizada por meio de um roteiro semiestruturado, realizado para uma assistente social efetiva no CAPS Mamanguape. O primeiro questionamento relacionado a temática para a assistente social foi sobre a rotina do CAPS AD, e ela discorreu que: O CAPS AD presta atendimento a pessoas com transtornos decorrentes do uso de substâncias psicoativas e seus familiares oferecendo atendimentos ambulatoriais e acolhimento com suporte educacional, social e reabilitação psicossocial, visando a melhoria na qualidade de vida dos usuários. (Assistente Social) No tocante as ações desenvolvidas pelos assistentes sociais no CAPS AD complementam-se que: Acolhimento inicial, acolhimento, convivência, construção de Projeto Terapêutico Singular (PTS), acompanhamento de PTS, escuta qualificada, agendamento de consultas, grupos de reflexão e reinserção social, assembleia, oficinas, clínica ampliada, matriciamento, discussão de caso, acolhimento ao funcionário, busca ativa, acompanhamento com a família, participação em colegiados, reuniões, reunião de equipe, visitas domiciliares e institucionais, supervisão de estágio, participa de grupos condutores, ser técnico de referência [...]. (JASPE, 2016, p. 34). 30 Ou seja, em relação as ações que são privativas do serviço social devem-se atentar que são aquelas que direcionam a “fazer parecer social, estudo social, relatório social, assembleia, supervisão de estágio [...].” (JASPE, 2016, p. 35). Assim, pode-se acrescentar que algumas ações são: [...] atendimento individual com usuários e familiares, visitas domiciliares e visitas institucionais [...], encaminhamento social ao usuário e familiar para a rede, planejamento de projeto para fazer grupo terapêutico, realização de estudo socioeconômico [...], orientação de benefício assistencial, benefícios eventuais previdenciários [...]. (CRISTAL, 2016, p. 45). Já em relação as atividades desenvolvidas pelos assistentes sociais para a família podem-se demonstrar as seguintes que foram elencadas pela entrevistada: São desenvolvidas reuniões mensalmente com a equipe multidisciplinar, nesse espaço os familiares relatam as dificuldades de relacionamento com os usuários alcoolistas, sendo escutados e orientados sobre como potencializar a relação familiar- profissional- serviço demonstrando a importância do papel dos familiares no tratamento, fornecendo tanto orientação como autonomia aos usuários. (Assistente Social). Além disso,a entrevistada completou afirmando que se observa mudanças na reorganização familiar e a aquisição de habilidades que podem acabar alterando as atividades diárias. Foi questionado a assistente social quais são as possíveis facilidades e dificuldades em atuar no CAPS ad e foi apontado o seguinte: Como facilidades podemos observar a criação de vínculo com o usuário, tornando assim, mais fácil a construção e implementação de um plano de cuidado de qualidade, de acordo com as necessidades do usuário e de sua família. Em relação as dificuldades podemos observar o atendimento aos usuários que se encontram em situação de crise (abstinência, ansiedade) e problemas de relacionamento com a família do usuário. (Assistente Social). Já em relação ao CAPS na Paraíba, percebe-se que ao total tem-se 81 e apenas 10 são Ad, incluindo o de Mamanguape. É necessário salientar que, essa quantidade não está relacionada a qualidade, os números podem demonstrar um investimento considerável nas políticas públicas de saúde. Assim, foi questionado sobre os principais desafios do CAPS ad III Mamanguape e a assistente social discorreu que “o principal desafio é o usuário que não demonstra interesse em interromper o uso do álcool e de outras drogas, por não acreditar que não precisa de ajuda profissional”. 31 Depois foi questionado sobre qual o papel do assistente social no CAPS Ad III de Mamanguape esta afirmou que “realiza atendimento direto ao usuário, mobilização, controle social, planejamento, investigação, acompanhamento social e fortalecimento de vínculos”. Por fim, foi perguntado sobre a importância do assistente social neste CAPS, logo foi respondido que: É um profissional que atua nas políticas públicas, não só de execução, mas na formulação, implementação, monitoramento e avaliação dessas políticas intervindo diretamente na expressão da questão social no caso do alcoolismo e drogadição. (Assistente Social). Por fim, conclui-se que o assistente social tem um papel extremamente importante no CAPS AD III. Pois, ele trabalha diretamente com aqueles sujeitos que necessitam diretamente de um auxílio. 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS A elaboração desse trabalho foi um momento de reflexão e busca de significado do agir enquanto etapa de sistematização do conhecimento. O presente trabalho teve como intuito analisar quais os limites e as possibilidades do assistente social, enquanto figura representante de ações socioculturais no Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS AD III) no Município de Mamanguape. Para isso, foi realizada uma entrevista com a assistente social que ali trabalha. A partir das informações apresentadas neste trabalho iniciamos uma análise geral dos resultados explanados no decorrer deste, no qual verificamos diversos aspectos relevantes para o presente estudo. Em suma, tais afirmativas demonstram que os profissionais estão cada vez mais preocupados em tratá-los de forma humanizada. Pois, isso auxilia no processo de tratamento de drogas, já que ali eles sentem-se cuidados e acolhidos. As dificuldades apresentadas são descritas como falta de recursos, estruturas precárias e a falta do apoio da família no tratamento aos dependentes químicos. A saúde Pública no Brasil é um dos grandes desafios historicamente, principalmente com a criação do Sistema Único de Saúde, sendo um marco da saúde no país, contudo, o sistema é falho na efetividade de seus princípios. 32 O processo da reforma Psiquiátrica no Brasil contribuiu para desinstitucionalização do modelo manicomial, dando autonomia e cidadania aos portadores de transtornos mentais, com possibilidade de um tratamento junto aos seus entes queridos e a comunidade. A humanização na área da saúde mental hospitalar requer um trabalho com ética, sensibilidade e valorização da autonomia dos usuários, de modo a garantir os direitos deles. A necessidade que se tem é de uma discussão acerca das relações que envolvem o atendimento, para o aperfeiçoamento da concepção e do modo de agir ancorados na Política Nacional de Humanização da Saúde. Tudo isso favorecerá o processo de tratamento continuado. Contudo, deixando claro que a PNH é para uma gestão hospitalar, na qual os usuários são os principais assistidos respeitando suas necessidades. E é essencial que os dirigentes das instituições tenham sensibilidade, para desenvolver uma gestão que, de fato, efetive a humanização em meio a todos os atores sociais envolvidos no processo. Pois a PNH valoriza a parte técnica e estrutural, como também a relação entre profissional e usuários, ou seja, desde a sua regulamentação a PNH quer mudar a forma de atendimento na área da saúde, no Brasil. Vale destacar a importância do tema da humanização no atendimento aos usuários de álcool e outras drogas, pois trata-se de um tema atual em evidência nas mídias e nos debates, e extremamente complexo e grave. Consideramos que em nível acadêmico e das instituições o debate acerca da Humanização em Saúde precisa ser ampliado e abordado com maior frequência, pois só deste modo iremos encontrar meios de deixar em destaque a categoria humanização para se ter um conceito mais claro e aplicável. Portanto, chegamos ao final das nossas conclusões, entendendo que o Brasil tem inúmeras dificuldades e enormes problemas a serem solucionados pelos governos, para se colocar em práticas as Políticas Públicas de médio e longo prazo. Almejamos também que essa pesquisa possa contribuir para estimular a discussão acadêmica dessa temática, como forma de servir de referencial para outras produções que envolvam atendimento humanizado à saúde mental. 33 REFERÊNCIAS ABUHAB, D. Et al. O trabalho da equipe multiprofissional da CAPS III: Um desafio. Disponível em: <http://www.seer.ufrgs.br/RevistaGauchadeEnfermagem/article/viewFile/4567/2494>. Acesso em: 10 abr. 2023. AMARENTE, P. (Org.). 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