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Núcleo de Pós-Graduação Gestão em Segurança Pública Sistema de Segurança Pública Nome do Professor conteudista Milton Gabriel Junior Nome da Disciplina Sistema de Segurança Pública. Módulo 1 – nome do módulo Sistema de Segurança Pública– Faculdade Campos Elíseos (FCE) – São Paulo – 2016. Guia de Estudos – Módulo 1 – concepção do sistema de segurança pública. 1. ____________ 2. _____________ 3. _____________ Faculdade Campos Elíseos SUMÁRIO MÓDULO 1 - Contextualização sobre Sistema de Segurança Pública Introdução 1. Contextualização histórica sobre Sistema de Segurança Pública 1.1 A Atividade de Inteligência no Brasil 2. 2.2.2 Distinções entre projeto de estudo e plano de pesquisa 2.4 A importância da neutralidade do pesquisador 2.4.1 Função social da pesquisa 2.4.2 Levantamento bibliográfico MÓDULO 1 – O QUE É Sistema de Segurança Pública Conversa Inicial - Apresentar os objetivos/estrutura do módulo. No primeiro módulo, discutiremos os conceitos básicos sobre a estrutura e funcionamento da Segurança Pública no Brasil, para tanto inicialmente apresentaremos um panorama histórico a fim de contextualizá-lo sobre os princípios da Segurança Pública, como instrumento de manutenção da ordem e da paz social. Atualmente, vivemos a era do conhecimento e a sensação de insegurança impera em muitas cidades brasileiras; a violência acontece e se propaga em um número crescente, devido a impunidade ou a baixa punição aos atos criminosos, o que serve como incentivo a prática ilegal e contrária a boa convivência social. O Sistema de Segurança Pública é um conceito amplo que abrange além das polícias, todos os órgãos envolvidos no combate e controle da violência social, assim sendo pode-se dividir o sistema em dois conceitos ou aspectos relevantes, são eles: o formal, restrito e limitado; e o amplo que tem como ponto central e fundamental a educação. O aspecto formal abrange um conjunto de órgãos institucionais, são eles: Polícias Ostensivas; Polícias Investigativas; Ministério Público; Poder Judiciário e Órgãos Recuperatórios – Penitenciárias, Casas de Detenção etc. 1. Contextualização histórica sobre sistema de segurança Sociedade é um conjunto de seres que convivem de forma organizada. A palavra vem do Latim societas, que significa "associação amistosa com outros". O conceito de sociedade pressupõe a convivência e também a atividade conjunta dos homens de forma ordenada ou organizada conscientemente, ou seja, a sociedade é a relação e os vínculos conscientes de interesses estabelecidos entre os grupos sociais. A sociedade é um coletivo de cidadãos de um país, para conviver e produzir atividades conjuntas pelos diversos grupos sociais formulou um conjunto de leis, regras, onde todos estão sujeitos à mesma autoridade política, às mesmas leis e normas de conduta, organizados socialmente e governados por entidades que zelam pelo bem-estar desse grupo. O sistema de segurança pública nos remete a origem das primeiras civilizações, porque pode- se dizer que o sistema de segurança pública surge junto com a própria humanidade e a formação da sociedade, uma vez que a busca pela organização e ordenação social faz parte do ser humano, a fim de se definir e estabelecer estratégias que visam o poder e controle sob as pessoas, povos etc. Com o atual processo de globalização, a informação, os atos, as atitudes vêm se transformando ou igualando em diversas regiões do globo, fez com que fronteiras não encontram barreiras, o que leva a necessidade do reordenamento no quesito de segurança pública, a integração dos bancos de dados da atividade de inteligência policial. Em uma sociedade estruturada econômica e politicamente há utilização da tutela policial e penal. Dessa maneira, a ordem pública se caracteriza pelo conjunto de instituições e preceitos coagentes destinados a manter o bom funcionamento dos serviços públicos, entre eles a segurança pública e a moralidade das relações entre particulares. A Segurança Pública, atualmente, não está afeta somente à criminalidade rotineira, típica de centros urbanos, dentro de uma problemática social, mas também de conflitos raciais, religiosos e ideológicos, que são oriundas da ação de facções radicais, pondo em risco a Cidadania, o direito de ir e vir, a propriedade, a paz e a tranquilidade do cidadão. Os estudiosos definem uma gama enorme de conceitos para ordem pública, todavia todas elas giram em torno da ideia de moral, segurança dos bens e das pessoas, ausência da desordem; por isso escolheu-se a definição da Escola Superior de Guerra. a situação de tranquilidade e normalidade cuja preservação cabe ao Estado, às instituições e aos membros da sociedade, consoante as normas jurídicas legalmente estabelecidas... a garantia da manutenção da ordem, mediante aplicação do Poder de Polícia, prerrogativa do Estado. (ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA, 2011, V. I). A Constituição da República Federativa do Brasil estabelece a diferença entre segurança pública e ordem pública, quando, no seu Art. 144, define: “A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio”. Dessa forma, a segurança pública consiste na aplicação do Poder de Polícia pelo Estado como forma da preservação da ordem pública, que consiste na tranquilidade pública e a garantia para a população de condições de viver em um clima pacífico, com a sensação de tranquilidade e paz entre toda a sociedade. Síntese A Atividade e organização do sistema de segurança está ligada a história da humanidade, desde os mais remotos tempos as comunidades se viram obrigadas a postularem uma ordenação para se transformarem em sociedade, para tanto produziram um sistema de segurança que consiste em organizar instituições com o intuito em zelar pela tranquilidade social. A criação dos órgãos de segurança tem por objetivo proporcionar a sociedade o que? 1.1 Histórico do Sistema de Segurança Pública no Brasil Como estudar a origem do Sistema de Segurança Pública no Brasil sem que haja análise histórica do surgimento da violência social no País? A colonização e sua forma é fato provocador do comportamento atual da população, bem como a ação dos agentes responsáveis pela segurança pública. A colonização brasileira demonstra que o país nasceu sob o estigma da violência, ou seja, Portugal tinha o único interesse de explorar as riquezas na nova terra, consequentemente, aumentaria o seu poderio econômico e dessa maneira ocorreu por mais de 300 anos, o Brasil existiu e desenvolveu-se na condição, exclusivamente, de explorado em todas as suas riquezas tanto minerais, quanto vegetais, como extração de madeira. Não havia por parte da Coroa portuguesa qualquer interesse em formar uma organização estatal estruturada com a finalidade de formar uma nação e sim uma organização controladora dos interesses da Coroa – amealhar espólios da terra. Após a independência do Brasil, em 07 de setembro de 1822, portantohá 189 anos em que o povo passou a ser uma nação livre e busca se conscientizar e compreender o significado de tal acepção, vale ressaltar que o Brasil possui menos tempo como país independente, do que como colônia de Portugal. Durante o período colonial, os portugueses em um primeiro momento tentaram escravizar os nativos, como não conseguiram atingir seu intuito de forma expressiva, porque os indígenas resistiam e migravam para o interior do país em busca de se distanciar dos europeus, levou ao segundo fluxo migratório com a aquisição de mão de obra escrava, e assim trouxeram da África milhares de negros, para que fossem empregados na extração de minérios, madeiras e também na produção agropastoril. Dessa maneira, a violência passou a fazer parte do cotidiano brasileiro, iniciou com o extermínio ou escravização de milhares de nativos, posteriormente com a imigração forçada dos povos africanos, submetendo-os aos mais desumanos castigos, a sorte de toda e qualquer humilhação, sem qualquer direito. O Brasil país de extensão territorial gigantesca levou a Coroa portuguesa a adotar estratégias de sedução como mecanismo de povoar e administrar a nova terra, para tanto a Coroa incentivava as pessoas de status social baixo, ou seja, não pertencentes a corte a migrarem a nova terra para trabalhar em pró da Coroa em troca de títulos, terras, isto é, ascensão social. Por isso que se diz no país que Portugal enviou para colônia pessoas da mais baixa qualificação, não que algumas centenas não vieram ao país, mas também pessoas humildes que buscavam uma forma de ascensão social, impossível na sociedade portuguesa hierarquizada e praticamente congelada em torno das famílias tradicionais. As capitanias hereditárias são o exemplo de ascensão social, pois aos seus titulares, os Donatários, era dado poderes quase que absolutos, eles exerciam seu jugo com jurisdição cível e criminal. Dessa forma, o poder político e administrativo da colônia era fragmentado pelos donos das terras, ou seja, o poder político e administrativo estava em mãos privadas completamente longe e disperso do poder central. Para garantir a segurança os Donatários contratavam grupos de pessoas, mercenários, armados pelos senhores das terras que só conheciam como limites as ordens dos patrões, dando origem aos jagunços e consequentemente ao cangaço na região norte e nordeste do país. Em 1888, ocorreu a abolição da escravatura, ou seja, 127 anos de liberdade dos escravos, mas sabe-se que após a abolição os negros não podiam trabalhar sem pagamento, mas não se tornaram livres de fato, pois na prática eles não tinham casas, não tinha para onde ir como uma cidade ou uma terra para produzir, nem alimento para consumir. A abolição de papel fez com que muitos ex escravos continuassem nos engenhos nas mesmas condições anterior a abolição. Para os negros que abandonaram os engenhos, as fazendas de café se aglomeraram e formaram os guetos brasileiros, estes eram grandes bolsões de miséria, que constituiriam as favelas e comunidades, daí a atual formação social, onde impera a desigualdade com um grupo pequeno com tudo e outro grupo quase que a totalidade da população brasileira com pouco ou quase nada. No ano seguinte 1889, ocorreu a proclamação da República o que levou a um novo sistema político, surgido na modernidade, esse mostra e sinaliza que o papel das organizações políticas, primordialmente o do Estado, tem sido reestruturado constantemente para atender ao movimento dinâmico da sociedade. Aponta para uma consolidação do processo democrático, que impõe a necessidade de segurança como garantia do exercício da cidadania. Dessa forma, com o passar dos tempos os centros urbanos, devido à industrialização e às melhores condições de vida, atraíram milhares de pessoas do interior e das regiões agrárias, o processo migratório promoveu um esvaziamento dos campos e provocou um crescimento desordenado nas cidades, pois recebiam mais pessoas que podiam absorver, tal acontecimento produziu o surgimento dos bolsões de miséria, uma vez que os centros urbanos não tinham capacidade para absorver o grande número de pessoas. Por mais que a gente esteja revoltado com tanto assalto, ninguém tem o direito de tirar a vida do outro, para isso existe o sistema de segurança. Lenilce Morais É necessário ressaltar que a grande maioria das pessoas migrantes aos centros urbanos não possuíam qualificação, apenas a capacidade para o trabalho braçal. Dessa maneira, ocorrem diversos problemas como saúde precária, educação ineficiente e não abrangente, desemprego em massa, falta de moradia, falta de saneamento básico, corrupção, falta de alimentos consequentemente o fato perceptível em todas os centros urbanos: a favelização. é importante entendermos esse processo específico da estruturação do Estado brasileiro, pois que essa formação colonial nos legou traços fundamentais presentes até hoje nas práticas sociais, econômicas e políticas do país. Na dispersão do poder político durante a colônia e na formação de centros efetivos de poder locais, se encontram os fatores reais do poder, que darão a característica básica da organização política do Brasil: a formação coronelística oligárquica. A violência inerente às relações escravistas e à dominação colonial, agregava-se a violência oficial da atuação das autoridades públicas. (VICTORIA, Amália de Barros G. de Sulocki, 2007, p.59). Como aponta Amália de Barros G. de Sulocki Victoria a crescente e desordenada migração produz o desequilíbrio social, este produz um componente perturbador, destruidor e desesperador a vida em sociedade: a violência social. São quaisquer atos violentos que assumem formas diversas, dependendo da região ou do país, incluem conflitos armados, violência de gangues, agressões entre pais e filhos, terrorismo, remoção forçada e segregação. A exposição à violência pode ser direta ou indireta, ou seja, expor a um ato violento dizemos ser exposição direta, enquanto ouvir falar sobre violência ou testemunhar violência envolvendo outras pessoas é considerada exposição indireta. Síntese A Atividade e organização do sistema de segurança no Brasil durante muitos anos foi relegado a um segundo plano, durante o período colonial até o início do século XX a formação de centros urbanos ligava-se ao poder político local, que se tornaram centros de poder e tais situações foram fundamentais para a formação cultural-política do país – o coronelismo que pode variar ou ganhar nova nomenclatura em regiões distintas, todavia formou-se a violência oficial como forma atuação das autoridade pública. 1.2 A criação do sistema de segurança no Brasil Foi apenas por volta de 1808, com a vinda de D. João VI para o Brasil, que a colônia passou a viver uma nova situação, totalmente diferenciada da Colônia de extração e expropriação. A permanência da Família Real eleva a colônia ao centro de comando português, praticamente um reino, contudo para tanto houveram mudanças estruturais e administrativas, imediatamente, adotadas pela corte como forma de criar um ambiente similar a Portugal. A colônia até o momento não possuía qualquer organização administrativa ou institucional mais ordenada por um comando central sediado em território nacional, com a corte portuguesa instalada na capital Rio de Janeiro inicia um processo de criação das instituições nacionais, tais como: fixar a ordem jurídica, instalar diferentes órgãos públicos como a Intendência Geral da Polícia da Corte e do Estado do Brasil; a Divisão Militar da GuardaReal de Polícia, organização regular, uniformizada, estruturada com base na hierarquia e disciplina que deu origem à Polícia Militar dos Estados. Tal divisão tinha como obrigação prover a segurança e a tranquilidade pública da cidade, nascendo o primeiro órgão encarregado pela segurança pública do Brasil. A estada da família real em terras brasileiras promoveu dezenas de mudanças na criação de instituições e na formação da mentalidade da sociedade, porque houveram leis, constituições, códigos criminais, códigos de processos criminais etc. durante o período colonial a segurança nacional e pública ficava sob a égide do Imperador; os crimes nessa época eram divididos em: crimes públicos – se situavam na esfera da segurança nacional; ordem pública - os crimes particulares, praticados contra a pessoa e o patrimônio privado; crimes policiais - relacionados à ofensa moral e aos bons costumes. Com o advento da República e a reorganização o Estado surge a primeira Constituição Republicana, definindo a nova forma de Governo - a Federativa, isto é, os Estados passaram a ser autônomos, todavia sob união indissolúvel. Foi com a Constituição de 1891 que os Estados passaram a ter a responsabilidade pela manutenção da ordem e da segurança públicas, além de atribuir aos Estados a responsabilidade por decretar, organizar e fiscalizar uma guarda cívica destinada ao policiamento do território local, dessa forma, os Estados passaram a ter forças policiais. O país teve muitas revoltas e crises devido aos movimentos sociais no início do século XX, o que levou a uma nova Constituição, em 1934, foi nela que fora criado o Conselho Superior de Segurança Nacional, órgão responsável pelos estudos e coordenação das questões relativas à segurança nacional. Assim, decretou que é da União a competência de legislar sobre a organização, instrução, justiça e garantias das forças policiais dos Estados; nesse momento em que as Polícias Militares dos Estados passaram à condição de reserva do Exército e determinava as Polícias Militares a competência da a vigilância e garantia da ordem pública, bem como garantir o cumprimento da lei, a segurança das instituições e atender a convocação do Governo Federal em caso de guerra externa. Na Constituição de 1946 ocorreu avanços no que concerne a proteção da liberdade e das garantias individuais. Abandonou a nomenclatura forças policiais, só se referindo às polícias militares, tanto é que, no seu Art. 5º define: Compete à União: .......................................................................................... XV – legislar sobre: .......................................................................................... a) organização, instrução, justiça e garantias das polícias militares e condições gerais de sua utilização, pelo Governo Federal nos casos de mobilização ou guerra. Em 1967, é promulgada uma nova Constituição. Nela não havia a preocupação com a organização das instituições voltadas para a solução dos problemas de segurança pública, pois não encontramos qualquer citação das Polícias Civis, preocupou-se em manter o controle das Polícias Militares. A Constituição de 1967, no seu Art 8º, tinha o seguinte dispositivo: Art 8º - Compete à União: .................................................................. XVII – Legislar sobre: .................................................................... v) organização, efetivos, instrução e garantia das polícias militares e condições gerais de sua convocação, inclusive, mobilização. Já no Art 13,parágrafo 4º, estabelecia: As polícias militares, instituídas para a manutenção e segurança interna nos Estados, nos Territórios e no Distrito Federal, e os corpos de bombeiros militares, são considerados forças auxiliares e reservas do Exército, não podendo os respectivos integrantes perceber retribuição superior à fixada para o correspondente posto ou graduação do Exército, absorvidas, por ocasião dos futuros aumentos, as diferenças a mais, caso existentes. Como forma de ampliar o controle das Polícias Militares pela União foi criada a Inspetoria Geral das Polícias Militares (IGPM), integrante da estrutura do Exército. Dessa forma, na prática o comando das Polícias Militares não se encontrava nas mãos dos Governadores e sim do Governo Federal tanto que as Polícias Militares seguiram rigorosamente o modelo militar, doutrina, emprego, ensino e instrução, etc. A Constituição Federal, promulgada em 05 de outubro de 1988, resultou na mudança dos constituintes enxergarem e compreenderem a segurança pública no Brasil. Uma vez que no Artigo 144, combinado com os Artigos referentes ao Poder Judiciário, criou um verdadeiro sistema de segurança pública. A Constituição faz a divisão entre o Governo Federal, os Governos Estaduais e do Distrito Federal e delimita a responsabilidade pela segurança pública de forma explicita delega a responsabilidade e atuação de cada órgão, como Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Ferroviária Federal, Polícias Civis, Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares, bem como do Poder Judiciário; além de estender às Prefeituras a responsabilidade por zelar pelo patrimônio próprio através da criação de Guardas Municipais. A segurança pública no Brasil ou o sistema de segurança pública passou a ser compreendido como um sistema integrado e direcionado de forma adequada para um sentido amplo, misto e voltado para a defesa do Estado e para o combate à violência. O Sistema de Segurança Pública consiste em um conjunto de órgãos e instituições, dispostos ordenadamente, que têm por objetivo preservar a ordem pública. A Constituição Brasileira, no Título V, DA DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS, Capítulo III, Art.144, estabelece que a segurança pública é exercida através dos seguintes órgãos: Polícia Federal, a quem cabe apurar as infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e interesse da União e de suas entidades e empresas públicas, assim como outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme; prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins; exercer as funções de polícia marítima, aérea e de fronteiras; exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária; Polícia Rodoviária Federal, a quem cabe o patrulhamento ostensivo das rodovias federais; Polícia Ferroviária Federal, a quem cabe o patrulhamento ostensivo das ferrovias federais; Polícias Civis, que têm as funções de polícia judiciária e a apuração das infrações penais; Polícias Militares, a quem cabe a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública; Corpos de Bombeiros Militares, a quem incumbe a execução de atividades de defesa civil. Inclui os municípios a quem oportuniza a criação ou não das guardas municipais com o objetivo na proteção de seus bens, serviços e patrimônio. Constata-se que embora haja uma organização de órgãos voltados para a segurança pública, por si só, não formam um sistema completo de segurança pública, uma vez que a Constituinte não lançou no Capítulo V da Carta Magna o subsistema judiciário e o subsistema penitenciário. Dessa forma, o Art. 144 apresenta uma parte do sistema destinado a segurança. Uma vez que um Sistema de Segurança Pública deveria ser composto dos seguintes subsistemas: Subsistema Preventivo, composto pelos órgãosencarregados de evitar a ocorrência delituosa (Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Ferroviária Federal, Polícias Militares, Corpos de Bombeiros Militares, Guardas Municipais e Órgãos de Controle de Trânsito Urbano); Subsistema Investigativo, composto pelos órgãos encarregados de investigar e esclarecer os fatos criminosos, bem como, identificar o autor ou autores (Polícia Federal e Polícias Civis); Subsistema Judiciário é composto pelos órgãos encarregados da denúncia e da fiscalização da aplicação correta das leis (Ministério Público), e pelos órgãos encarregados do julgamento das pessoas que cometem o ilícito penal (Justiça-Juizes e Tribunais); Subsistema Recuperatório (Sistema Penitenciário), composto pelos órgãos encarregados da recuperação dos condenados, reinserção à sociedade das pessoas condenadas e acompanhamento dos egressos. Pode- se afirmar que a sociedade é uma teia de relações em constante movimento de continuidades e rupturas nas relações interpessoais, cabendo ao Estado papel crucial no controle social, por meio de mecanismos jurídicos e aparatos institucionais. Dessa forma, compreende-se que o sistema de segurança pública seja um processo articulado, caracterizado pelo envolvimento e a interdependência institucional com intuito de instituir mecanismos e estratégias no controle social e no enfrentamento da violência e da criminalidade. O sistema de segurança da sociedade surge como o principal requisito à garantia de direitos e ao cumprimento de deveres, estabelecidos nos ordenamentos jurídicos. O Sistema de Segurança Pública se torna completo, pois, desde a prevenção criminal até a aplicação das penas para aqueles que cometem infração penal, está prescrito na legislação brasileira. A segurança pública é uma demanda social, ela exige estruturas estatais e instituições organizadas pela da sociedade para ser efetivada. Às instituições ou órgãos estatais, incumbidos de adotar ações voltadas para garantir a segurança da sociedade, denomina-se sistema de segurança pública, tendo como eixo político estratégico a política de segurança pública, ou seja, o conjunto de ações delineadas em planos e programas e implementados como forma de garantir a segurança individual e coletiva. Pensar na segurança pública brasileira é na realidade voltar-se para o cidadão como ser individual e ser social. Promover a convivência saudável em comunidade, tendo por objetivo central somar esforços dos governantes e de todo o sistema governamental em relação à segurança e o atendimento dessa necessidade da população brasileira. A segurança pública é um processo sistêmico e otimizado que envolve um conjunto de ações públicas e comunitárias, visando assegurar a proteção do indivíduo e da coletividade e a ampliação da justiça da punição, recuperação e tratamento dos que violam a lei, garantindo direitos e cidadania a todos. Um processo sistêmico porque envolve, num mesmo cenário, um conjunto de conhecimentos e ferramentas de competência dos poderes constituídos e ao alcance da comunidade organizada, interagindo e compartilhando visão, compromissos e objetivos comuns; e otimizado porque depende de decisões rápidas e de resultados imediatos (BENGOCHEAet al., 2004, p. 120). O sistema de segurança pública brasileiro, em vigor, estabelece um compromisso legal com a segurança individual e coletiva. Entretanto, no Brasil, as políticas de segurança pública têm sido incipientes e acabam por serem apenas paliativo a situações emergenciais. Planejamento, monitoramento, avaliação de resultados, gasto eficiente dos recursos financeiros não têm sido procedimentos usuais nas ações de combate à criminalidade, seja no executivo federal, seja nos executivos estaduais. Desse ponto de vista, a história das políticas de segurança pública na sociedade brasileira nas duas últimas décadas se resume a uma série de intervenções governamentais espasmódicas, meramente reativas, voltadas para a solução imediata de crises que assolam a ordem pública [...] (SAPORI, 2007, p. 109). Os recursos e estratégias essenciais não têm sido utilizados pelos diversos governos como mecanismos de analisar, implementar, implantar, efetivar, com eficácia e eficiência uma política de segurança pública como instrumento do Estado; apenas a promulgação de leis, decretos, portarias e resoluções, visando instrumentalizar o enfretamento da criminalidade e da violência não irá garantir eficiência ou eficácia dos órgãos envolvidos sem que haja articulação das ações de segurança pública no contexto social. A questão de segurança pública é complexa e impõe a necessidade de aproximação entre as diversas instituições, por isso entende-se a segurança pública como um sistema articulado e dinâmico, que envolve um ciclo burocrático do sistema de justiça criminal. A organização da sociedade através de instituições representativas possibilita um maior poder de pressão perante o Estado para que ocorra o atendimento de demandas construídas pela própria sociedade. A Política de segurança exige mudanças de paradigmas e ações pontuais combinadas a programas consistentes e duradouros No governo Fernando Henrique Cardoso em consequência aos desdobramentos da Conferência Mundial de Direitos Humanos, ocorrida em Viena, em 1993, criou o Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH), aperfeiçoando-o em 2000, com a instituição do II Programa Nacional de Direitos Humanos, reorganizando o arranjo e a gestão da segurança pública, o Governo Federal. Em 1995 cria a Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), tendo como perspectiva atuar de forma articulada com os estados da federação para a implementação da política nacional de segurança pública. A instituição da Senasp, como órgão executivo, significou a estruturação de mecanismos de gestão capazes de modificar o arranjo institucional da organização administrativa da segurança pública no âmbito governamental federal. Surgiu, então, o Plano Nacional de Segurança Pública (PNSP), voltado para o enfrentamento da violência no país, especialmente em áreas com elevados índices de criminalidade, tendo como objetivo aperfeiçoar as ações dos órgãos de segurança pública. O Plano Nacional de Segurança Pública de 2000 é considerado a primeira política nacional e democrática de segurança focada no estímulo à inovação tecnológica; alude ao aperfeiçoamento do sistema de segurança pública através da integração de políticas de segurança, sociais e ações comunitárias, com a qual se pretende a definição de uma nova segurança pública e, sobretudo, uma novidade em democracia (LOPES, 2009, p. 29). Sem articulação entre polícias, prisões e judiciário, inclusive sem o envolvimento da sociedade organizada, não existe eficácia e eficiência nas ações de controle da criminalidade e da violência. No Brasil, somente uma década após a promulgação da “Constituição Cidadã” estabeleceu para a segurança pública objetivo em “dever do Estado e responsabilidade de todos”, a política de segurança pública passa a ser pensada sob o contexto de uma sociedade democraticamente organizada, pautada no respeito aos direitos humanos, em que o enfrentamento da criminalidade não significa a instituição da arbitrariedade. Por meio de procedimentos operacionais e de políticas-sociais levou a criação do Plano Nacional de Segurança Pública (PNSP), e no ano de 2007, o Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci), inovando a forma de abordar dessas questões. [...] o Plano Nacional de Segurança Pública [...] compreendia 124ações distribuídas em 15 compromissos que estavam voltadas para áreas diversas como o combate ao narcotráfico e ao crime organizado; o desarmamento; a capacitação profissional; e o reaparelhamento das polícias, a atualização da legislação sobre segurança pública, a redução da violência urbana e o aperfeiçoamento do sistema penitenciário. Uma novidade é que no plano, além dessas iniciativas na área específica de segurança, eram propostas diversas ações na esfera das políticas sociais. O plano, no entanto, não fixava os recursos nem as metas para ações. Ao mesmo tempo, não estavam estabelecidos quais seriam os mecanismos de gestão, acompanhamento e avaliação do plano (SALLA, 2003, p. 430). Síntese O sistema de segurança no construído nos últimos anos busca possibilitar a construção de uma base de dados sólida e confiável e de um sistema que permita o monitoramento do desempenho das polícias no Brasil; tendo por medida o cadastro criminal unificado – INFOSEG e a criação do Observatório Nacional de Segurança Pública, com o fulcro na identificação e disseminação de experiências bem sucedidas na prevenção e no combate à violência. Convém destacar que tais iniciativas do Governo Federal, na área de segurança pública, objetivam estabelecer e implementar uma política de segurança pública para o País. Considerações Finais Finalizando o módulo 1, esperamos que você tenha compreendido a importância e contextualização do Sistema de Segurança Pública brasileiro que busca a construção de mecanismos eficazes no desempenho das polícias brasileiras, por meio da inter-relação entre Governo Federal e Estaduais nas práticas e entrosamento dos órgãos policiais federais e estaduais. Para tanto, o Ministério da Justiça em sua estrutura possui órgãos colegiados e executivos ligados à segurança pública, conforme o Decreto Federal n.º 2.169, de 04 de março de 1997, que instituiu o Conselho Nacional de Segurança Pública - CONASP, órgão colegiado de cooperação técnica entre a União, os Estados e o Distrito Federal, subordinado diretamente ao Ministério da Justiça, tendo por finalidade gerar uma Política Nacional de Segurança Pública, através de diretrizes, normas que articulem a coordenação da Política Nacional de Segurança Pública, com intuito de modernizar as estruturas organizacionais das policias civil e militar dos Estados e do Distrito Federal. Referências Bibliográficas BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 5 de outubro de 1988. São Paulo: Saraiva, 2002. ______. Ministério da Justiça. Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci). Disponível em: <http://www.mj.gov.br.pronasci>. Acesso em: 29 set. 2009. ______. ______.Secretaria Nacional de Segurança Pública. Relatório de Gestão. Exercício 2006. Disponível em: <http:/ /www.mj.gov.br.senasp>. Acesso em: 29 set. 2009. ______. ______. 1ª Conferência Nacional de Segurança Pública (Conseg). 2009a. Disponível em: <http://www.mj.gov.br.conseg>. Acesso em: 29 set. 2009. FARAH, M. F. dos S. Parcerias, novos arranjos institucionais e políticas públicas no nível local de governo. In: FERRAREZI, E.; SARAIVA, E. (Org.). Políticas públicas, Brasília: ENAP, 2006. (Coletânea, v. 2). FREIRE, M. D. Paradigmas de segurança no Brasil: da ditadura aos nossos dias. Revista Brasileira de Segurança Pública, Ano 3, edição 5, p. 100-114, ago./set. 2009. LOPES, E. Política e segurança pública: uma vontade de sujeição. Rio de Janeiro: Contraponto, 2009. PASSETTI, E. Anarquismos e sociedade de controle. São Paulo: Cortez, 2003.
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