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Elementos estruturais do texto
Verônica Daniel Kobs*
O texto é um conjunto de ideias acerca de um tema e deve desenvolver e 
aprofundar um assunto, a partir do encadeamento e da progressão de infor-
mações. Partindo da estrutura maior para a menor, temos
texto; �
parágrafos; e �
períodos. �
Parágrafo
Os parágrafos têm duas funções de muita importância na organização tex-
tual. A primeira delas é oferecer um leiaute agradável aos leitores. Ler um texto 
longo e com um parágrafo único não é uma tarefa muito fácil e muito menos 
atraente. Por isso, a paragrafação encarrega-se de dividir o texto em blocos.
Claro que essa divisão não é aleatória e é nesse ponto da questão que en-
tramos na segunda função desempenhada pelo parágrafo: a unidade temá-
tica. Cada parágrafo detém-se sobre uma parte do tema do texto. Vejamos 
um exemplo.
* Doutora em Estudos Li-
terários pela Universidade 
Federal do Paraná (UFPR). 
Mestre em Literatura Bra-
sileira pela UFPR. Licencia-
da em Letras Português- 
-Latim pela UFPR.
Britânicos desvendam mistério 
de cova com 51 crânios
(BRITÂNICOS desvendam mistério de cova com 51 crânios, 2010, grifos nossos)
As ossadas de 51 pessoas decapitadas encontradas no sul da Grã-Bretanha 
em junho do ano passado foram identificadas como pertencendo a povos vi-
kings que habitaram o país na virada para o segundo milênio. 
Desde que a cova foi encontrada em junho de 2009, durante a construção 
de uma rodovia no condado de Dorset para os Jogos Olímpicos de Londres-
-2012, arqueólogos vinham tentando desvendar o mistério da identidade da-
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queles ossos e por que os crânios estavam separados do restante dos corpos.
[…]
A partir do teste do carbono-14, os cientistas concluíram que aquelas 
pessoas foram mortas entre os anos 910 e 1030.
Nessa época, os anglo-saxões sofriam com as constantes incursões de 
povos vikings na Grã-Bretanha, e conflitos entre líderes dos dois lados por 
controle da região eram comuns. 
Com a leitura do trecho acima, comprovamos facilmente que, embora o 
texto esteja dividido em quatro parágrafos, há uma sequência lógica. Obser-
vando o começo e o final de cada parágrafo, a continuidade aparece como 
característica positiva e fundamental na organização do texto. 
Para entender como a relação entre os parágrafos funciona, vamos ana-
lisar o texto. Primeiro, vamos tentar recortar apenas o início e o fim de cada 
parágrafo, destacados em itálico. Se colarmos cada uma dessas partes uma 
ao lado da outra, na ordem em que aparecem, aparentemente não haverá 
continuidade e muito menos lógica. No entanto, o uso da expressão nessa 
época, no último parágrafo, só faz sentido quando percebemos claramente 
que ela se refere ao que já foi mencionado, anteriormente, no texto, ou seja, 
o período “entre os anos 910 e 1030”. 
Mas falávamos, antes, sobre a unidade temática do parágrafo. Pois bem: 
no terceiro parágrafo, o foco é o teste usado para determinar quando as pes-
soas tinham sido mortas. Já no quarto parágrafo, a opção do autor é clara: 
oferecer mais dados sobre a época informada no parágrafo anterior. 
Parágrafo e apresentação do texto
Vamos, agora, analisar um parágrafo apenas, sobre assunto diferente da-
quele abordado no texto acima:
Na semana passada, a indisciplina na escola foi notícia em diversos meios 
de comunicação. Diante das últimas notícias envolvendo adolescentes 
entre 14 e 18 anos, pais e especialistas em educação e comportamento têm 
se mobilizado para tentar entender a causa da agressividade dos jovens de 
hoje. A falta de limites e o acesso irrestrito à tecnologia aparecem como os 
fatores mais preocupantes.
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O parágrafo que acabamos de ler faz uma síntese, o que é muito comum 
no início dos textos, quando o assunto é apresentado ao leitor. É a partir dele 
que outros parágrafos serão criados e organizados, para o desenvolvimento 
da ideia apresentada. Não temos o texto inteiro, ainda, mas já podemos tirar 
conclusões a partir desse início que nos foi exposto. Vamos lá!
Qual é o tema do texto? – A indisciplina de adolescentes na escola. �
A julgar pelo trecho lido, qual foi o resultado dessa indisciplina? – Algum �
caso de violência noticiado pelos principais meios de comunicação.
Que outros temas podem ser desenvolvidos, em parágrafos posterio- �
res, para aprofundar as informações do parágrafo inicial? – Algumas 
possibilidades são depoimentos de pais e pessoas ligadas à educação, 
como professores, diretores de escolas etc.; e detalhamento das causas 
que receberam destaque no parágrafo dado (“falta de limites” e “aces-
so irrestrito à tecnologia”).
Período
Assim como um texto é formado de parágrafos, o parágrafo é formado de 
unidades menores, chamadas períodos. Os períodos podem ser simples ou 
compostos, e o que determina o tipo ou a modalidade de cada período é o 
número de orações ou de verbos que ele apresenta. Considera-se um período 
cada bloco de palavras iniciado por letra maiúscula e finalizado por ponto.
Exemplo de período simples:
A instalação de mais radares eletrônicos garantirá mais segurança no 
trânsito.
(um verbo = uma oração = período simples) 
Exemplo de período composto:
O crescimento desenfreado, nas grandes cidades, provoca inúmeros pro-
blemas no trânsito, que passará a ser monitorado por novos radares. 
(dois verbos ou mais = duas ou mais orações = período composto) 
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Relação entre os períodos
Assim como a sequência dos parágrafos não pode ser aleatória no texto, os 
períodos contam com alguns elementos que garantem a construção lógica, 
a progressão de ideias e, principalmente, a completude da informação.
Vamos retomar o exemplo dado na parte anterior, para uma análise mais 
detalhada: 
O crescimento desenfreado, nas grandes cidades, provoca inúmeros pro-
blemas no trânsito, que passará a ser monitorado por novos radares.
De imediato, temos uma relação de causa (“crescimento desenfreado”) e 
consequência (“inúmeros problemas no trânsito”).
Para sanar o problema causado pelo crescimento desenfreado, uma so-
lução é apresentada. Logo, temos uma segunda relação de causa e conse-
quência, mas, agora, a causa (“inúmeros problemas no trânsito”) tem como 
consequência a instalação de novos radares.
Tudo o que mencionamos até agora pode ser resumido com o seguinte 
esquema:
Causa 1 → Consequência 1
 = Causa 2 → Consequência 2
Outra possibilidade de simplificação desse encadeamento de ideias é: 
Causa → Consequência/problema → Solução
O importante é que, independentemente do esquema que se utilize, con-
firma-se a clareza do período, que não atropela a sequência dos fatos. Ima-
ginem o caos que poderia ser causado se as partes do período aparecessem 
organizadas de outro modo:
O crescimento desenfreado passará a ser monitorado por novos radares, 
nas grandes cidades, provoca inúmeros problemas no trânsito. 
Agora, indo um pouco além da ordem das informações, dentro do perío-
do, pensemos sobre a função de determinadas palavras, sem as quais ficaria 
difícil entender a mensagem. Se tirarmos do período, por exemplo, a palavra 
que, o prejuízo será grande:
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O crescimento desenfreado, nas grandes cidades, provoca inúmeros pro-
blemas no trânsito, passará aser monitorado por novos radares.
A ausência do que faz com que o verbo passar (passará) não seja ligado 
a nenhum termo. O resultado é incompletude e confusão – afinal, não está 
claro o que “passará a ser monitorado por novos radares”. Seria o trânsito ou 
o crescimento desenfreado?
O problema do período incompleto
Quem já não escreveu um período incompleto? Observemos dois exem-
plos de ocorrências bastante comuns na língua portuguesa: 
O livro X, que comprei na semana passada. 
Nesse exemplo, o período simplesmente não tem um fim. Duas formas de 
arrumar essa construção facilmente são:
Comprei o livro X, na semana passada.
Ou:
O livro X, que comprei na semana passada, não custou caro.
Solucionar o problema não é difícil, mas saber por que o problema acon-
teceu é fundamental e aí vai o recado: cuidado com o uso do que. Esse pro-
nome relativo sempre insere no período uma informação complementar, 
mas o que de fato importa é não se esquecer de terminar ou completar a 
informação principal ou básica.
Para entender a função das informações básica e complementar no perí-
odo, observemos o esquema abaixo:
O Livro X que comprei na semana passada não custou caro.
Parte 1 da 
informação 
básica
Informação complementar
Parte 2 da 
informação 
básica
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Vejam que, somando as partes 1 e 2 da informação básica do período, 
temos uma ideia completa, formada por sujeito e predicado: 
O livro x não custou caro.
Sujeito Predicado
Se destacarmos do período apenas a informação complementar, teremos
…que comprei na semana passada…
Mas o que foi comprado? Faltam dados importantes nesse tipo de infor-
mação, mas a conclusão é simples: a informação complementar não é com-
pleta e não tem autonomia no período. 
Relatores
Relatores equivalem ao que muitos livros e gramáticas de língua portu-
guesa denominam conectivos e são as palavras encarregadas de, como o 
nome já diz, estabelecer relações entre os períodos ou entre suas partes. 
Essas relações podem ser de soma, contradição etc. Os tipos de relatores são 
bastante numerosos. Vejamos alguns exemplos.
Amanhã tenho um compromisso, mas darei um jeito de ir à reunião.
O mas estabelece uma relação de contrariedade entre as partes do perí-
odo porque o fato de já existir um compromisso teria como consequência a 
ausência na reunião. No entanto, isso não ocorre e o termo responsável por 
isso é o mas, que é uma conjunção adversativa.
Disse que não iria à reunião. Além disso, telefonou ao chefe comunicando 
que faltaria ao trabalho no dia seguinte. 
No exemplo acima, o relator além disso liga um período ao outro e ressal-
ta a ideia de soma (ausência na reunião + ausência no emprego).
A função de relator pode ser desempenhada por palavras ou locuções 
conjuntivas, assim como por pronomes ou substantivos, como nos exemplos 
abaixo.
A Lua, que é o satélite natural da Terra, tem quatro fases.
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O que é um pronome relativo, que dá nova informação sobre a Lua e ao mesmo 
tempo evita a repetição da palavra a que se refere (Lua). Sendo assim, podemos 
dizer que o período acima é o resultado da união de duas informações:
A Lua é o satélite natural da Terra + A Lua tem quatro fases.
A mesma função desempenhada pelo que pode ser desempenhada por um 
substantivo sinônimo da palavra sobre a qual temos duas informações a dar:
A professora de Educação Física só tem aulas às quartas. A docente dá aulas 
às turmas de primeiro ano.
Outra opção de relator bastante comum é o uso de pronomes pessoais:
A professora de Educação Física só tem aulas às quartas. Ela dá aulas às 
turmas de primeiro ano.
Vejamos, agora, alguns modos de transformar os dois períodos em um só, 
evitando repetições e organizando as informações logicamente:
A professora de Educação Física só tem aulas às quartas e dá aulas às turmas 
de primeiro ano. 
(O e simplesmente une as duas informações sobre a professora.)
A professora de Educação Física só tem aulas às quartas, nas turmas de pri-
meiro ano. 
(Aqui, em vez de relatores, são usadas a pontuação e a abreviação da se-
gunda informação.)
A professora de Educação Física, que só tem aulas às quartas, dá aulas às 
turmas de primeiro ano. 
(O pronome relativo que é usado para transformar um dos períodos em 
informação complementar.)
Relatores internos e externos
É importante perceber que, na fala e na escrita, podem ser usados relato-
res externos, ou seja, elementos que não fazem referência a palavras men-
cionadas anteriormente. Nesse caso, a elucidação do termo usado como re-
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lator pode depender do ambiente que cerca os falantes, em uma situação 
de diálogo, por exemplo, ou do conhecimento prévio. Exemplos do uso de 
relatores externos na fala:
O que será que é aquilo ali?
Olha só a roupa dela!
E daí, conseguiu resolver aquela questão?
Para entender o uso dos relatores sem um antecedente expresso, façamos 
algumas suposições sobre os exemplos apresentados:
Os interlocutores veem um objeto que gera curiosidade, porque eles �
não sabem do que se trata, por isso o emprego de aquilo ali.
Os falantes podem estar, por exemplo, em um ônibus, e veem uma �
mulher na rua que lhes chama atenção pela roupa que usa, daí o em-
prego do relator dela.
Provavelmente, os falantes são amigos e já tinham conversado, anterior- �
mente, sobre aquela questão, que pode ser o pagamento de uma dívida, 
a ameaça de reprovação no colégio, uma briga com a namorada etc.
Pensando, agora, no uso dos relatores internos, é indispensável que eles 
se relacionem a um antecedente e que, como o nome já diz, que os antece-
dentes sejam apresentados antes dos relatores. Em uma escrita formal, que 
não pressupõe muita intimidade entre o escritor e o leitor do texto, não é 
adequado começar com a utilização de relatores sem antecedentes. Para en-
tender melhor a necessidade de obedecer à ordem antecedente + relator, 
vamos comparar as ocorrências abaixo:
A diretora dessa escola é muito rígida.
(Dessa escola? De qual escola?)
A escola X fica no bairro onde moro. A diretora dessa escola é muito rígida. 
(Dessa escola = Da escola X)
A primeira opção deixa uma lacuna que não pode ser preenchida sim-
plesmente porque o nome da escola não foi apresentado antes do uso do 
relator dessa.
Já a opção dois está correta, porque apresenta, em dois períodos diferentes, 
duas informações sobre a escola: uma sobre a localização e outra sobre a dire-
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tora. Neste caso, o relator dessa cumpre duas funções: a de evitar a repetição 
do nome da escola e a de estabelecer uma relação lógica entre os períodos.
Texto complementar
Leia o texto abaixo observando o uso de relatores, a formação dos perío-
dos e a divisão do texto em parágrafos. Boa leitura!
Aula de redação
(GOMES, 2000, p. 74-77)
Dia desses meu filho João Marcelo veio com jeito de quem acabou de 
pensar no assunto, colocou a mão no meu ombro e pediu:
– Me ajuda a fazer uma redação?
Fiquei espantado. Primeiro, ele não é de pedir ajuda, cuidando de seus as-
suntos de escola com total independência – de resto, não admite que nin-
guém meta neles o nariz (o que inclui o meu nariz e o da mãe dele). Segundo, 
escreve com facilidade, por que estaria me fazendo aquelepedido? Terceiro, e 
pior de tudo, entrei em pânico com a perspectiva de “escrever uma redação”.
Sempre padeci de calafrios diante de professores de português. Lembro de 
um – o professor Salles, do Colégio D. Pedro II, em Blumenau –, que havia es-
crito um livro inteiro sobre as funções do pronome que, com o que nos assom-
brou ao longo de todo o segundo grau. A redação não me produzia tantos 
calafrios, mas era um sofrimento arranjar com o que preencher 30 linhas a 
respeito do “Fim de semana com meus pais” ou “A gota de orvalho”.
Por isso, sempre que posso saio em defesa dos pobres alunos de redação. 
Escrever, mesmo um bilhete para o vizinho, é uma tarefa solitária, que merece 
todo o respeito. Já os alunos são obrigados a escrever em público, em meio a 
uma multidão de carteiras, de olhos curiosos, risinhos de mofa, além do severo 
e vigilante olhar de águia do professor. É demais.
Depois, servem-se apenas de uma caneta e de uma folha de papel na qual 
devem depositar tantas linhas. Acho desumano. Eu, que já vou para o 12.º 
livro, escrevo no meu tugúrio, protegido por portas e campainhas, o telefo-
ne fora do gancho, armado com vários dicionários, diversas enciclopédias, o 
corretor ortográfico instalado no computador e, quando tudo isso falha, saio 
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pela casa ao encalço de minha mulher para fazer a ela, pela milésima vez, a 
pergunta humilhante, já errando na grafia:
– Cozinha é com z ou com s?
Não consigo decidir. Há um trauma profundo que me impede fixar de uma 
vez por todas a grafia de certas palavras, além de algumas concordâncias. 
Pensei que eu fosse um caso único no planeta dos escritores, mas dia destes li 
uma crônica do Fernando Sabino confessando ser incapaz, entre outras coisas, 
de lembrar se pêsames é com z ou com s.
Quando não descubro nos livros a resposta para minhas dúvidas e minha 
mulher não está em casa, telefono para dois amigos que são craques nesta 
seara. O João Alfredo Dal’Bello, meu consultor para latim, alemão, italiano e 
gramatiquices em geral, e o Sírio Possenti, que alcanço lá em Campinas, de 
onde me salva de minhas asnices, não raro aconselhando que eu mande a 
gramática cachimbar formiga.
Além de dispor de todo este arsenal, só escrevo quando bem entendo e 
sobre o que bem entendo, dono absoluto de meu nariz e de meus delírios. Por 
isso morro de pena dos estudantes obrigados a fazer redação. Sem dicioná-
rios, enciclopédias, sem o Sírio Possenti e o João Alfredo, sem o corretor orto-
gráfico do micro, engessados em 20 linhas que devem cobrir com letra legível 
– ó tormento dos tormentos! – e ideias originais a respeito de um assunto ao 
qual acabaram de ser apresentados! Pode tortura maior?
Por isso entrei em parafuso quando meu filho me fez o pedido fatal. E 
agora? E se a ação se passar na cosinha (ou cozinha) e, por alguma razão in-
sondável, for necessário dar pêsames (ou pêzames) a alguém? Como vou ex-
plicar ao João Marcelo que, depois de 12 livros, nem isso aprendi?
E como vou fazer uma introdução, um desenvolvimento, uma conclusão? 
Como vou ter certeza de que, num parágrafo, desenvolvi uma ideia completa? 
E o pronome que? E as regras da próclise e da ênclise? E a ordem direta e a 
clareza? E a crase, meu Deus, a crase!?
Estou há três dias sofrendo amargamente, rezando para que meu filho es-
queça do pedido ou não precise mais de mim. Ontem ele me disse que, antes 
de começarmos a redação, iria telefonar para uma amiga (a Fernanda, a Bruna, 
a Manu, não sei). Acabou engatado ao telefone pelas duas horas seguintes, 
esqueceu de mim, graças a Deus. Hoje, resolveu fazer um hambúrguer, depois 
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começaríamos. Fiquei aqui suando frio. Acabou dizendo que estava cansado, 
ia dormir. Respirei aliviado.
E amanhã? Que me espera? Além disso, acrescentei uma nova aflição a 
meus tormentos: o que pensará a professora de nossa redação? Posso vê-la 
com um imenso lápis vermelho em punho distribuindo bangornadas correti-
vas em minhas mal traçadas linhas. E, aflito, me imagino nos próximos dias a 
perguntar ao João Marcelo: que nota tiramos?
Pior ainda: e se a professora ler esta crônica? Acabo reprovado. Meu Deus, 
nada é mais assustador do que um professor de português! Ó, Senhor, tenha 
piedade dos escritores e dos pobres alunos obrigados a escrever redações! 
Atividades
O texto abaixo também foi retirado do site da Globo. O começo você leu 
no início deste capítulo. Leia, agora, o final.
1. Se tivéssemos de resumir o assunto de cada parágrafo apresentado, 
acima, faríamos a divisão abaixo.
Com base nas cerâmicas encontradas na cova, os arqueólogos 
suspeitaram inicialmente que as ossadas datavam de um período 
entre 800 a.C. e 43 d.C., ou seja, entre a Idade do Ferro e o início da 
Era Romana. Mas os exames do carbono 14 provaram que os restos 
mortais eram muito mais recentes.
Os cientistas sabem também que a maioria dos ossos pertencia 
a adolescentes e jovens, que seriam altos e teriam boa saúde. Há 
também a suspeita de que eles tenham sido mortos ou enterrados 
nus, porque não há vestígio de roupas ou adornos na cova. (BRITÂ-
NICOS..., 2010, grifos nossos)
 Primeiro parágrafo:
 
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 Segundo parágrafo: 
2. Classifique o último período do primeiro parágrafo como simples ou 
composto e explique o porquê.
3. Retome os relatores marcados no texto e cite a ideia que estabelecem 
ou os antecedentes a que se referem.
4. Retome os períodos do segundo parágrafo do texto e marque apenas 
as informações básicas de cada um deles. Justifique sua resposta.
5. Una os períodos abaixo usando relatores.
a) A moça era alta. A moça usava sapatos de salto alto.
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b) Meu amigo excedeu o limite de velocidade. O limite de velocidade 
é de 60 km/h.
c) Ele adoeceu. Ele não foi à viagem com os amigos.
6. (EFOA - MG) Há período composto em
a) “Ao lado da dissertação, deveria restaurar-se também o prestígio 
da tabuada.”
b) “…o mesmo não se pode dizer de outros engenhos.”
c) “Temos aí, reproduzido, com a máxima fidelidade, o diálogo.”
d) “Aí, então, podem contar comigo para aplaudir a máquina.”
7. No período: Ele tentou ser rápido, porém não deixou de chegar atrasa-
do ao encontro, temos
a) ausência de relator.
b) relator que expressa sentido de acréscimo.
c) o uso do porém como relator adversativo, expressando contrarie-
dade.
d) o uso do porém como relator externo.
8. Considerando os exemplos abaixo, em qual deles está correta a rela-
ção entre pronome relativo e antecedente?
a) “A revista que procuro tem uma matéria sobre animais abandona-
dos.” (que: revista)
b) “O professor da matéria que não consigo entender ganhou uma 
bolsa de estudo.” (que: professor)
c) “Eu contei o segredo que guardava comigo, desde criança.” 
(que: eu)
d) “A igreja fica na praça central, que está sempre lotada. (que: igre-
ja)
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9. Marque a alternativa que faz uso de um relator externo.
a) “A moça que avistei na rua não me parecia estranha.”
b) “Parece que lá você pode encontrar o que está procurando.”
c) “Além de mandar um e-mail, telefonei para avisar da promoção.”d. “Vim até aqui porque você não atendeu ao meu telefonema mais 
cedo.”
10. Leia o fragmento a seguir:
 A partir do teste do carbono 14, os cientistas concluíram que aquelas 
pessoas foram mortas entre os anos 910 e 1030.
 Sobre o período acima, é correto afirmar que
a) é composto por período simples.
b) é formado apenas por informação básica.
c) é formado por período composto.
d) tem como informação complementar o trecho: “que aquelas pes-
soas foram mortas entre os anos 910 e 1030”.
11. Observe as marcações das informações complementares, nos perío-
dos abaixo.
I. Apesar de chover forte, terá de sair.
II. A prova, da matéria de matemática, será realizada amanhã, na sala 
302.
III. A dívida, que passa dos dez mil reais, será paga em três meses ape-
nas.
 Estão corretas:
a) Apenas a alternativa I.
b) Apenas as alternativas I e II.
c) Apenas as alternativas II e III.
d) Apenas a alternativa III. 
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12. Observe o parágrafo abaixo.
 Os cientistas sabem também que a maioria dos ossos pertencia 
a adolescentes e jovens, que seriam altos e teriam boa saúde. Há 
também a suspeita de que eles tenham sido mortos ou enterrados 
nus, porque não há vestígio de roupas ou adornos na cova.
 É correto afirmar que o relator destacado (eles)
a) refere-se a cientistas.
b) é o único relator que se refere a adolescentes e jovens.
c) exemplifica o uso do relator externo.
d) é usado (assim como o que) para retomar o antecedente adoles-
centes e jovens. 
13. Marque a opção que une os períodos abaixo corretamente.
 O etanol teve queda de preço, na semana passada. O etanol voltou 
a ser a opção de combustível mais barata.
a) O etanol, que teve queda de preço na semana passada, voltou a 
ser a opção de combustível mais barata.
b) O etanol teve queda de preço na semana passada, mas voltou a ser 
a opção de combustível mais barata.
c) O etanol teve queda de preço porque voltou a ser a opção de com-
bustível mais barata na semana passada. 
d) Além da queda de preço na semana passada, o etanol voltou a ser 
a opção de combustível mais barata.
Dica de estudo
Para fixar os conteúdos apresentados, escreva um parágrafo a partir da 
oração:
É cada vez maior o número de adolescentes com problemas de alcoolismo.
Desenvolva a ideia proposta formando um parágrafo de cinco períodos 
ou mais. Não se esqueça de, nesse texto, usar relatores.
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Referências
BRITÂNICOS desvendam mistério de cova com 51 crânios. G1 Globo.com, 12 
mar. 2010, Seção Ciência e Saúde. Disponível em: <http://g1.globo.com/Noticias/
Ciencia/0,,MUL1526589-5603,00.html>. Acesso em: 12 mar. 2010. 
GOMES, Roberto. Aula de redação. In: ______. Alma de Bicho. Curitiba: Criar Edi-
ções, 2000.
Gabarito
1. Primeiro parágrafo: pesquisas científicas para determinar a época das 
ossadas encontradas.
 Segundo parágrafo: características das ossadas encontradas.
2. O período: “Mas os exames do carbono-14 provaram que os restos 
mortais eram muito mais recentes.” é composto, porque nele há dois 
verbos – provaram e eram.
3. Mas: o antecedente é a ideia expressa no texto, em todo o primeiro 
período, e mas é uma conjunção adversativa; indica contrariedade.
 Os restos mortais: referem-se a “ossadas” (linha 2). O relator é sinônimo 
do antecedente. Que: é um pronome relativo que retoma adolescentes 
e jovens. Para confirmar isso, basta reler o período inteiro: “Os cientistas 
sabem também que a maioria dos ossos pertencia a adolescentes e 
jovens, que seriam altos e teriam boa saúde.”
4. Primeiro período: “Os cientistas sabem também que a maioria dos os-
sos pertencia a adolescentes e jovens, que seriam altos e teriam boa 
saúde.” A informação básica é a parte sublinhada, porque é composta 
de sentido completo e tem autonomia de significado. Segundo perío-
do: “Há também a suspeita de que eles tenham sido mortos ou enter-
rados nus, porque não há vestígio de roupas ou adornos na cova.” Aqui 
também a informação básica é a parte sublinhada, porque é composta 
de sentido completo e tem autonomia de significado.
 Repare que nos dois períodos as informações complementares são 
aquelas iniciadas por relatores (que e porque), o que as torna incom-
pletas e não autônomas.
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5.
a) Resposta possível: A moça era alta e usava sapatos de salto alto.
b) Resposta possível: Meu amigo excedeu o limite de velocidade, 
que é de 60 km/h.
c) Resposta possível: Porque ele adoeceu, não foi à viagem com os 
amigos.
6. D
7. C
8. A
9. B
10. C
11. C
12. D
13. A
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18
Elementos estruturais do texto
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