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FACULDADES PEQUENO PRÍNCIPE CURSO SUPERIOR EM BIOMEDICINA CONTAMINAÇÃO DE ALIMENTOS POR POLUENTES DO AR E AS CONSEQUÊNCIAS DE SEU CONSUMO CURITIBA 2011 EGON SULIVAN STEVANI CONTAMINAÇÃO DE ALIMENTOS POR POLUENTES DO AR E AS CONSEQUÊNCIAS DE SEU CONSUMO CURITIBA 2011 Trabalho apresentado à disciplina de Momento Integrador III, para avaliação parcial do semestre, 3º Período, Curso de Biomedicina, Faculdades Pequeno Príncipe. Prof. Adriana Contim SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO......................................................................................... 3 1.1 JUSTIFICATIVA.................................................................................... 3 1.2 OBJETIVO GERAL............................................................................... 3 1.2.1 Objetivos específicos......................................................................... 4 1.3 METODOLOGIA................................................................................... 4 2 REVISÃO EM LITERATURA................................................................... 5 2.1 CONCEITOS......................................................................................... 5 2.1.1 Poluente e contaminação.................................................................... 5 2.1.2 Alimento.............................................................................................. 5 2.1.3 Atmosfera........................................................................................... 6 2.1.4 Toxicidade.......................................................................................... 7 2.1.5 Áreas de risco..................................................................................... 8 2.1.6 Processo de digestão......................................................................... 8 2.1.7 Visão geral de lesões produzidas por agentes químicos................... 9 2.2 POLUENTES NA ATMOSFERA........................................................... 9 2.2.1 Deposição de poluentes em alimentos............................................... 11 2.3 DIOXINAS E FURANOS EM ALIMENTOS............................................ 12 2.3.1 Efeitos do consumo de Dioxinas......................................................... 13 2.4 BENZO(A)PIRENO EM ALIMENTOS.................................................... 14 2.4.1 Consequências de consumo de B(A)P............................................... 15 2.4.2 Maneiras de diminuir a contaminação por B(A)P............................... 15 2.5 METAIS PESADOS EM ALIMENTOS.................................................... 16 2.5.1 Chumbo............................................................................................... 16 2.5.1.1 Efeitos nocivos do chumbo.............................................................. 16 2.5.2 Cádmio em alimentos.......................... .............................................. 18 2.5.2.1 Mecanismos da atuação do cádmio no organismo.......................... 19 2.5.3 Medidas preventivas para a contaminação por metais pesados........ 19 2.6 POLUIÇÃO E PODER PÚBLICO.......................................................... 20 2.6.1 Sustentabilidade................................................................................. 20 2.7 SOLUÇÕES PARA A POLUIÇÃO DO AR............................................ 21 3 CONCLUSÃO........................................................................................... 23 4 REFERÊNCIAS......................................................................................... 25 3 1 INTRODUÇÃO A atividade antropogênica e as alterações no meio ambiente devido às mesmas, assim como as consequências dessas alterações para a vida humana, ainda mais quando o assunto envolve saúde e alimentação, ou seja, uma abordagem sobre dois temas que são imprescindíveis a vida, pois homem algum sobrevive sem respirar ou alimentar-se, demonstra uma importante necessidade da compreensão no modo que interagem essas atividades. Quando a qualidade do ar é diminuída não é possível escapar dessa forma de poluição, e isto não inclui exclusivamente a respiração humana, pois a poluição viaja com o ar atmosférico e contamina nossos alimentos, em plantações e criações de animais, além de contaminar o solo e a água. Todo o processo de alimentação depende da qualidade do ar, principalmente em áreas próximas de atividade industrial ou centros urbanos. Considera-se também que uma política adequada, que busque sustentabilidade às cidades, é de suma importância para a promoção e prevenção a saúde, onde sustentabilidade é um assunto necessário. 1.1 JUSTIFICATIVA Automoção, atividade industrial, crescimento urbano e populacional, afetam nossa alimentação. Tendo em vista a crescente quantidade de fábricas, aumento de produção e consumo, urbanização sem planejamento e acúmulo de resíduos e lixo em todo o mundo, e os danos gerados ao meio ambiente, é de grande relevância verificar como esses “produtos humanos”. Nós estamos constantemente expostos a nossa atmosfera, o que demonstra a importância de buscar um ar limpo e não poluído, reforçado pela ideia de uma produção alimentar mais segura para nosso desenvolvimento e saúde (FILHO, 2011). 1.2 OBJETIVO GERAL Integrar as disciplinas do terceiro período do curso de Biomedicina, a partir do tema poluição do ar. 4 1.2.1 Objetivos específicos Conceituar alimento, poluente do ar, alimentação e contaminação. Analisar a relação dos alimentos em contato com o ar e sua contaminação. Verificar a ocorrência, incidência e consequências do consumo de alimentos contaminados por poluentes do ar em curto e longo período. 1.3 METODOLOGIA Este estudo caracteriza-se por pesquisa exploratória em literatura, sites da internet e revistas, sob os critérios: • Relação com o tema central (poluição do ar); • Material publicado entre 1980 e 2011; Utilizando as palavras chave: alimento, poluente, intoxicação, plantio e contaminação. 5 2 REVISÃO EM LITERATURA 2.1 CONCEITOS Para fazer-se compreender e evitar males entendidos, é fundamental a utilização correta dos termos a serem apresentados e discutidos. A fim de uma maior clareza os principais termos devem ser conceituados. Embora a comunidade científica não tenha um consenso sobre todos os conceitos precisos ao estudo, os mais frequentes serão utilizados (NASS, 2002). 2.1.1 Poluente e contaminação Poluição é uma alteração ecológica, provocado por seres humanos, e que prejudica a todos os organismos, direta ou indiretamente. No caso do homem a saúde ou bem-estar ficam comprometidos. É uma alteração na relação entre os seres vivos, devido a danos causados ao meio (biótopo), embora nem toda alteração ecológica seja poluição. Agora, contaminação, é a presença, num ambiente, de seres patogênicos ou de substâncias que em determinadas concentrações sejam nocivas ao ser humano. Quando contaminantes criam alterações ecológicas é determinado como um caso de poluição (NASS, 2002). 2.1.2 Alimento Segundo a explicação de Salinas (2002), alimento é toda substância ou mistura de substâncias naturais ou processadas, que, ingeridas pelo homem, contribuam ao seu organismo, com materiais eenergia, o desenvolvimento de seus processos biológicos. Inclui, além disso, as substâncias ou mistura de substâncias ingeridas por costumes, hábitos ou aditivos, mesmo que não tenham valor nutritivo propriamente dito. Independente de quais foram os primeiros atos alimentares dos homens, é na alimentação que a espécie humana encontra a grande diferença entre humanos e os animais. Pela forma seletiva da escolha dos alimentos, desde seus primórdios, a humanidade consumiu diversas fontes de nutrientes, das mais variadas origens. Podendo citar a caça e a pesca, disponíveis em 6 praticamente qualquer região do mundo, a coleta (de frutas, cereais, legumes, raízes e muitos outros, conforme a necessidade e localidade) e até mesmo o “furto” de presas de outros predadores (o que inclui carniça). Com a formação das civilizações, homens e mulheres passaram a desenvolver hábitos para o consumo de suas refeições, e com o decorrer do tempo a necessidade de sobreviver não era a única ditadora na escolha do que se consumir. Devidos a tantos padrões, torna-se difícil uma caracterização definitiva do que seria alimento (FLANDRIN e MONTANARI, 1998). Por necessidades didáticas, comerciais e até legais, é buscado uma classificação de alimento. Embora tudo aquilo que o homem ingira possa ser considerado alimento, podemos definir o que caracteriza os alimentos: toda substância ingerida em estado natural, industrializado ou semi-industrializado, assim como qualquer substância utilizada na sua elaboração, preparação, tratamento ou processamento é considerado um alimento, e isto exclui cosméticos, tabaco e qualquer substância que seja de uso exclusivo medicinal. Dentre as muitas classificações dos alimentos, as mais importantes ao presente estudo incluem origem, que pode ser animal (organismos heterotróficos), vegetal (organismos autótrofos) e mineral; também aqueles classificados por sua digestibilidade (SALINAS, 2002). 2.1.3 Atmosfera De acordo com o departamento de Física da Universidade Federal do Paraná (cap1, p1, 2011), a atmosfera pode ser descrita: A atmosfera é uma camada relativamente fina de gases e material particulado (aerossóis) que envolve a Terra. De fato, 99% da massa da atmosfera está contida numa camada de ~0,25% do diâmetro da Terra (~32 km). Esta camada é essencial para a vida e o funcionamento ordenado dos processos físicos e biológicos sobre a Terra. A atmosfera protege os organismos da exposição a níveis arriscados de radiação ultravioleta, contém os gases necessários para os processos vitais de respiração celular e fotossíntese e fornece a água necessária para a vida. 7 A atmosfera é dividida em camadas concêntricas de acordo com a temperatura vertical. Elas são troposfera, estratosfera, mesosfera e a termosfera. Os principais componentes da atmosfera não poluída são nitrogênio diatônico (N2, cerca de 78% das moléculas), oxigênio diatônico (O2, aproximadamente 21%), argônio (Ar, em torno de 1%) e dióxido de carbono (CO2, atualmente em 0,04%), além do vapor de água que está sempre presente, embora em quantidade variável. Uma grande quantidade de processos químicos, muito importantes, ocorre no ar, poluído ou não. A camada em contato com a superfície é a troposfera. É através dessa mistura de gases que animais e plantas obtêm oxigênio e outros elementos importantes a vida terrestre. É a atmosfera que filtra a radiação solar, permitindo assim a vida na Terra (BAIRD, 2002). 2.1.4 Toxicidade Pela definição de Oga (2008), se entende por agente tóxico ou toxicante, a entidade química que, em certas condições de exposição, alteram o funcionamento fisiológico de um determinado organismo, alterando gravemente suas funções ou levando-o a morte. Um toxicante envolve qualidade e quantidade, ou seja, o excesso de uma substância no organismo pode tornar- se uma intoxicação, que, por sua vez é a manifestação dos efeitos tóxicos (processo patológico causado por agentes químicos endógenos ou exógenos, caracterizado por desequilíbrio fisiológico, conseqüente de um desajuste bioquímico). Uma intoxicação pode ocorrer tanto pelo contato direto com um xenobiótico, ou por uma exposição contínua ao mesmo, ou a doses altas de outras substâncias não xenobióticas. Os agentes químicos tóxicos apresentam uma determinada toxicidade – a capacidade inerente e potencial, do agente, de provocar efeitos nocivos, através de interações físico-químicas. A toxicidade não é um evento isolado, e sim uma cascata de eventos que chega a um end point para uma conseqüência nociva. Popularmente é chamado de veneno as substâncias químicas ou misturas de substâncias que podem levar indivíduos a morte, com doses pequenas. 8 2.1.5 Áreas de risco O termo risco é substituído por potencial, susceptibilidade, vulnerabilidade, sensibilidade ou danos potenciais. Como a probabilidade de um evento – esperado ou não esperado – se torne realidade. A idéia de que algo pode vir a ocorrer, já então configura um risco. Uma área de risco pode ser considerada como a delimitação de um território em que haja possibilidade de acontecimento determinado, como a exposição nociva de determinado agente químico, partícula ou eventuais fatores determinantes. Teoricamente, toda atividade agropecuária próxima a setores industriais é uma área de risco, pela possibilidade de contaminação (DAGNINO e JUNIOR, 2011). 2.1.6 Processo de digestão Em uma visão geral, os alimentos consumidos devem ser degradados e absorvidos, para que o corpo mantenha suas funções biológicas e consiga sobreviver. O sistema digestório compreende basicamente seis funções, para que o alimento seja degradado, física e quimicamente, absorvido e então descartado, caso não seja necessário em determinado momento. O primeiro passo é a ingestão, ou o comer propriamente dito. Etapa a qual o alimento é introduzido pela boca, onde os dentes ajudam muito na degradação física desse alimento. O segundo passo esta relacionado à liberação de substâncias que servem para degradar quimicamente o alimento (cerca de sete litros por dia é produzido pelo trato gastrointestinal para enviar água, enzimas, tampões e ácidos ao lúmen do trato). A terceira etapa envolve a mistura e propulsão do que fora ingerido, pela motilidade da musculatura lisa. A quarta etapa na verdade é concomitante com as demais, pois é a digestão, ou seja, a transformação do alimento em moléculas menores, por processos físico- químicos, para servirem a etapa seguinte, que é a absorção. As células epiteliais capturam íons e moléculas digeridas e enviam ao corpo pelo sangue e pela linfa. Finalmente temos a defecção, que é a parte onde o que não foi digerido ou absorvido é expelido pelo corpo, na forma de fezes (TORTORA e GRABOWSKI, 2006). 9 2.1.7 Visão geral de lesões produzidas por agentes químicos As substâncias químicas chegam e são absorvidas pelas vias parenteral, mucosa e cutânea. A absorção se faz por difusão simples, transporte ativo ou transporte facilitado. A difusão simples é mais fácil quando uma substância é lipossolúvel, moléculas pequenas (de peso molecular menor que 100 D) atravessam facilmente as membranas dissolvidas na água. Os transportes, ativo e facilitado, são responsáveis pela absorção nos tecidos dos órgãos. A facilidade da absorção está ligada natureza do agente (polaridade, massa, solubilidade). Uma vez absorvido o agente é transportado pelo sangue, dissolvido no plasma (caso seja hidrossolúvel) ou conjugado com proteínas plasmáticas, quando é distribuídopelo organismo. Independente da sua natureza é armazenado por um período, de acordo com sua solubilidade (em alguns casos o agente é detido por se precipitar). Após o armazenamento pode ocorrer uma biotransformação, é nesta etapa, predominantemente, que ocorrem lesões, seja pelo agente em si ou por metabólitos produzidos por sua metabolização. Caso não ocorra nenhum problema o agente é excretado (BOLIOLO, 2009). 2.2 POLUENTES NA ATMOSFERA Há uma incoerência por chamar simplesmente de poluição a poluição da atmosfera, pois não está apenas relacionada com o ar, e também é necessário especificar a região e delimitá-la para existir uma coerência de conceitos. Ainda é valido lembrar que não existe apenas poluição química. Há a poluição física e a físico-química (onde processos físicos podem influenciar os químicos e o contrário é válido também (NASS, 2002)). Quando usado o termo „poluição do ar‟, este é referido geralmente às substâncias que afetam em uma escala, local ou regional, animais, plantas, pessoas e seus objetos. Os principais poluentes do ar são o monóxido de carbono, o dióxido de enxofre, os Materiais Particulados (MPs), as substâncias orgânicas tóxicas, os óxidos de nitrogênio, os compostos orgânicos voláteis e o ozônio (OGA, 2008). 10 O monóxido de carbono (CO), embora ocorra naturalmente no ambiente, tem como principal disseminador, ou produtor, atualmente o transporte rodoviário, seguido pelos outros meios de transporte. O CO é um agente tóxico asfixiante, pois tem poder de ligar-se a hemoglobina, deslocando o O2 da ligação com o Fe, pois os sítios de ligação do Fe na hemoglobina podem se ligar 320 vezes mais firmemente com o CO, do que com o oxigênio. Devido a esse motivo, o CO pode matar uma pessoa por asfixia em um curto período, caso atinja 100 ppm no ambiente (OGA, 2008) (SPIRO e STIGLIANI 2009). Dentre as principais fontes emissoras de dióxido de enxofre (SO2), destacam-se as emissões devido à combustão de carvão de fonte estacionária e a fundição de metais, ferrosos ou não, principalmente o cobre, contudo é a queima do diesel a principal fonte emissora. O dióxido de enxofre é danoso ao sistema respiratório, mas nos grandes centros urbanos é sua transformação (através de sua oxidação) em aerossóis de ácido sulfúrico, danoso devido a sua toxicidade acumulativa, capaz de debilitar o sistema respiratório, irritando os vasos sanguíneos dos pulmões, além de contribuir com a formação das chuvas ácidas (OGA, 2008). As substâncias orgânicas tóxicas, embora não comuns como poluentes do ar, ainda sim tem representantes nessa forma de poluição, cujas principais são aldeídos de cadeia curta, o benzeno e os hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPA). Dentre os aldeídos é possível citar os formaldeídos e os acetaldeídos. O primeiro (CH2O) é uma molécula reativa que irrita os olhos e os pulmões em concentrações consideravelmente baixas (em torno de 0,01 ppm), é considerado um carcinogênico, basicamente de câncer nasal e nasofaríngeo, e é liberado na atmosfera por atividade industrial e em ambientes internos. O acetaldeído possui propriedades tóxicas semelhantes, sendo este gerado pela oxidação parcial do etanol. Há ainda o benzeno, um carcinogênico conhecido, que é liberado por inúmeras atividades humanas, como indústrias, queima de combustíveis e principalmente pelo cigarro (em relação ao contato com a substância). Continuando, é necessário lembrar-se dos HPAs, compostos carcinógenos, formadas por quatro ou mais anéis benzênicos unidos, cujos potenciais “desencadeadores” do câncer são ativados pelas enzimas do fígado. 11 Os HPAs são subprodutos da queima de combustíveis de carbono (SPIRO e STIGLIANI 2009). Os materiais particulados, ou MPs, constituem graves riscos a saúde e alteram o balanço radioativo da Terra. Praticamente qualquer partícula com alguns micrômetros pode ser um MP, tais como fibras de amianto, fuligem da queima de madeira ou de diesel. Outro importante MP é o chumbo (Pb), pela forma como é emitido: processos industriais, como siderurgia, queima de resíduos domésticos e carvão, além de atividade vulcânica. O Pb inorgânico é identificado como possível carcinógeno humano (OGA, 2008) (SPIRO e STIGLIANI 2009). Compostos orgânicos voláteis e óxidos de nitrogênio (NOx), apesar de não serem necessariamente contaminantes do ar, são eles os responsáveis pelo smog fotoquímico. Mesmo que os danos causados pelo smog sejam consequência do ozônio e outros oxidantes, a sua formação depende dessas moléculas. Ambos são liberados na atmosfera pela queima de combustível (OGA, 2008). Para finalizar, o ozônio como ultimo poluente. Gerado pelo smog fotoquímico na troposfera, o ozônio causa danos graves a saúde do ser humano e a outros organismos e ao meio. Responsável por fissuras em borrachas, destruição de plantas e doenças respiratórias, além de irritação dos olhos. Efeitos resultantes do fato do ozônio ser um grande doador de átomos de oxigênio, principalmente para moléculas que apresentem ligação dupla entre átomos de carbonos (C=C), encontradas nas áreas afetadas pelo poluente (SPIRO e STIGLIANI 2009). 2.2.1 Deposição de poluentes em alimentos Dentre as principais formas de disseminação de elementos químicos pela crosta terrestre, a deposição é um importante meio. Ela acontece basicamente de duas formas: deposição úmida e deposição seca. Na deposição úmida existe a participação da água e outros materiais voláteis, através das chuvas, da neve e dos vapores no ambiente. A deposição seca, que envolve gases e particulados em geral, é muito difícil de mensurar, devido aos diversos fatores variáveis. É inegável que boa parte dos materiais distribuídos pelo planeta 12 sofrem influência humana, e muitos são disseminados justamente pela atividade antropogênica. Independente da forma como é originado tal produto químico, como ousem interferência humana, ele irá se depositar no solo, na água, nas plantas e nos organismos vivos que encontrarem (RODRIGUES, MELLO e SOUZA, 2011). 2.3 DIOXINAS E FURANOS EM ALIMENTOS Esses compostos são considerados de origem não naturais. São produtos da era da industrialização e da atividade humana. As dibenzo-p-dioxinas policloradas (PCDD - polychlorinated-p-dibenzodioxins) e os dibenzofuranos policlorados (PCDF - polychlorinated-p-dibenzofurans), conhecidas tipicamente por dioxinas e furanos, pertencem a duas classes de compostos aromáticos tricíclicos, com função éter e estrutura quase planar, cujas propriedades físicas e químicas assemelham-se. Acredita-se que são produzidos como subprodutos de atividades químicas em que haja presença de cloro, tais como: pesticidas, branqueamento de papel e celulose, incineração de resíduos, incêndios, processos de combustão (incineração de resíduos de serviços de saúde, incineração de lixo urbano, incineração de resíduos industriais, veículos automotores) e outros. De acordo com a conformação das moléculas de cloro no composto, é possível se rearranjar em 210 estruturas diferentes (75 para PCDD e 135 para PCDF). Dentre esses compostos há dezessete considerados relevantes toxicologicamente, cujo principal, pela mais elevada toxicidade, é o 2,3,7,8-tetraclorodibenzop-dioxina (2,3,7,8-TCDD), que perde em nível toxicológico apenas para alguns compostos orgânicos naturais. Apesar da relativa toxicidade em diferentes animais, para o homem é um composto considerado carcinogênico, embora incompleto, gerando neoplasias em diversos locais do corpo. A exposição à dioxina se dá pela atmosfera, onde contamina a água,o solo, os animais e a vegetação. A maior fonte de ingestão de dioxina é a da alimentação. Como a dioxina é solúvel na gordura, ela bioacumula na cadeia alimentar, por isso podemos encontrá-la principalmente na carne e no leite, assim como em seus derivados. A principal via é ar- vegetais para então atingir animais e humanos, conforme avança a cadeia alimentar. As partículas depositam-se na superfície dos vegetais, que são 13 consumidos por animas, ou na água, onde peixes e algas ficam contaminados (ASSUNÇÃO e PESQUERO, 1999). De acordo com Jones (apud ASSUNÇÃO e PESQUERO, 1999, p.527), as fontes contaminadas encontram-se na seguinte ordem: 87,1% pelo consumo de carne e de laticínios, 5,1% pelo consumo de vegetais, 4,6% pela ingestão de poeiras e 2,8% por inalação. 2.3.1 Efeitos do consumo de Dioxinas Em uma reavaliação feita pela USEPA (United States Environmental Protection Agency ou Agência Americana de Proteção Ambiental), concluiu-se que as evidências (de um estudo relacionando aparecimento de cânceres e consumo de dioxinas) apontavam fortemente ao desenvolvimento de tumores, sendo o TCDD considerado o agente carcinogênico, em um primeiro momento pela sua efetividade como promotor dos estímulos de replicação de células de maneira reversível e num segundo momento como agente inibidor de apoptose. Como ambos os mecanismos são mediados, presumindo-se, através de um receptor Ah (receptor de hidrocarboneto aromático) e mecanismos transducionais associados. Devido a esses mecanismos a TCDD não seria um carcinógeno completo, não cabendo assim a Usepa designá-lo como tal. Por isso o Comitê Consultivo para Ciência (SAB – Science Advisory Board) e quase todos os seu membros concordam com o julgamento da USEPA sobre o 2,3,7,8-TCDD, que prevê que em certas condições de exposição, é capaz de aumentar a incidência de câncer em humanos. As TCDDs foram classificadas pela Usepa no grupo B1 (provável carcinogênico humano com base em informações limitadas de estudo em humanos, assim como em animais) (ASSUNÇÃO e PESQUERO, 1999). De acordo com Assunção e Pesqueiro (1999): Estudos realizados em várias espécies animais, primariamente roedores, mas também cobaias, coelhos, macacos e gado são suficientes para demonstrar que o sistema imune é alvo para as dioxinas e furanos. O efeito desses compostos no sistema reprodutivo 14 tem sido reconhecido há vários anos, considerando-se inclusive que este pode estar entre os “end points” mais sensíveis da dioxina. Os estudos em animais de laboratório têm demonstrado que a dioxina é carcinógeno em vários pontos do organismo, em ambos os sexos e em diversas espécies. Vários estudos indicam que, em grande parte, os humanos parecem responder semelhantemente aos animais submetidos a teste, no que diz respeito aos efeitos bioquímicos e carcinogênicos. 2.4 BENZO(A)PIRENO EM ALIMENTOS Diversos estudos realizados, inclusive no Brasil, destacam a preocupação pela contaminação com hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs), principalmente pelo Benzo(A)Pireno, por sua disseminação em alimentos e bebidas. A origem da contaminação por B(A)P (Benzo(A)Pireno) tem duas fontes, natural e antropogênica. As atividades antropogênicas que liberam esse poluente são as queimadas das florestas, defumação, secagem direta da madeira, torrefação, tráfego, sistemas de aquecimento e vazamento de óleos. A grande preocupação com o B(A)P está relacionada a sua capacidade carcinogênica, mutagênica e genotóxica. Sua fórmula molecular é C20H12, e apresenta solubilidade em lipídios, dessa forma tende a concentrar-se em sedimentos e acumular-se com matéria orgânica em suspensão. A contaminação de alimentos pelo composto se dá por vários fatores, desde técnicas de processamento (caseiro ou industrial) a poluição ambiental em si. No caso de frutas e outros vegetais, a responsabilidade fica pelo ar poluído, devido à deposição seca e contato de superfície do alimento, que apresenta uma película de penetração do material particulado sobre o mesmo. Plantações próximas de rodovias são consideradas como grupo de risco ao agente químico em questão. Um caso especial é o do café, que devido a torrefação tem níveis mais elevados e quando fervidos os grãos há uma formação do complexo cafeína-HPA, que facilita a passagem do composto (SOUZA e NASCIMENTO, 2011). 15 2.4.1 Consequências de consumo de B(A)P No ano de 1951 foi descoberto o potencial tóxico do B(A)P, através de testes na pele de ratos. O B(A)P reagia produzindo compostos intermediários carcinogênicos que se ligavam em proteínas, DNA e RNA. Por ser altamente lipossolúvel é facilmente absorvido quando ingerido, principalmente por órgãos como o fígado,órgão que apresenta as maiores quantidades desse composto. Há também quantidades significativas pelo trato gastrintestinal devido a excreção hepatobiliar. Após a absorção celular o B(A)P é ativado metabolicamente e se torna reativo com grupos nucleofílicos presentes nas macromoléculas celulares, o que forma adutos de DNA, essencial para a carninogenicidade química do hidrocarboneto. Especula-se que o composto apresente uma “região de baía” nas ramificações dos anéis de benzeno, que explica um elevado grau de reatividade bioquímica. O composto pode apresentar uma toxicidade aguda, devido a uma exposição em curto tempo e em altas concentrações, ou crônica, devido a uma longa exposição a baixas concentrações. O acumulo dessa substância no organismo é devido a alimentação, ato de fumar e poluição do ar basicamente (SOUZA e NASCIMENTO, 2011). 2.4.2 Maneiras de diminuir a contaminação por B(A)P Embora não haja uma forma de eliminar o poluente, pois apresenta muitas fontes emissoras, sendo muitas delas as atuais atividades humanas, há algumas maneiras de diminuir a contaminação. Em um primeiro momento distanciando áreas de plantio ou criação de animais para fins alimentícios da transição de veículos em geral. Reduzir as queimadas é outra forma de evitar- se a disseminação desse tipo de composto. O segundo passo seria adotar medidas de controle sobre as atividades antropogênicas industriais (como controle das técnicas de defumação) e urbanas (MILLER, 2011) (SOUZA e NASCIMENTO, 2011). 16 2.5 METAIS PESADOS EM ALIMENTOS A presença de determinados metais em alimentos depende de sua localização geográfica e condições de plantio (como o solo e a água). Muitos metais são essenciais a sobrevivência das espécies, mas em doses mais elevadas apresentam toxicidade perturbadora por serem danosos aos sistemas biológicos (OGA, 2008). 2.5.1 Chumbo O elemento acompanha o homem a mais de 4000 anos, o chumbo é um metal utilizado em diversas áreas e combinações com outros materiais que que estavam presentes no dia a dia ao longo da história humana. Devido a sua grande utilização a exposição ao chumbo é muito comum, principalmente pela água (embora hoje isso tenha reduzido significativamente) e pelos alimentos. Regiões produtoras de alimentos são afetadas pelas atividades industriais existentes, principalmente devido à participação do chumbo e seus compostos. O chumbo particulado deposita-se na água, o que contamina e bioacumula nos peixes, no solo, permitindo que plantas absorvam o metal por suas raízes, e diretamente sobre o vegetal, sendo as gramíneas, cenouras e trigo os melhores exemplos da contaminação pelo metal, com cerca de 73 a 95% da concentração encontrada. Outra importante fonte de distribuição do metal é a gasolina comchumbo tetraetila, usado como antidetonante, embora muitos países tenham retirado de circulação esse combustível. Nos animais foram encontrados níveis variáveis e muitas vezes não significativos, em seus tecidos, embora a maior concentração esteja nos ossos. Finalmente, são os chás (as folhas) que dispõe a maior quantidade de metal absorvido, o que propicia uma ingestão considerável do agente (OGA,2008). 2.5.1.1 Efeitos nocivos do chumbo A absorção do chumbo no trato gastrintestinal depende de diversos fatores contextuais (físico-químicas) e fisiológicos, como jejum, tipo e tamanho das partículas ingeridas, estado nutricional de cálcio e ferro, idade, gravidez e 17 meio ingerido. Sendo que o cálcio ajuda a não absorção do metal e o ferro a não distribuição no organismo (OGA, 2008). Uma vez absorvido pelo trato gastrintestinal o chumbo liga-se a eritrócitos e migra para tecidos moles do corpo, como medula óssea, cérebro, rim, fígado, músculo e gônadas. Depois para a superfície óssea e posteriormente para a matriz do osso. O chumbo consegue também atravessar a placenta. O sistema nervoso é altamente sensível ao chumbo (principalmente em crianças), apresentando baixa da acuidade auditiva, redução da libido, fadiga, anorexia, distúrbios do sono, retardamento de reação e redução da acuidade visual. Esse metal também pode causar anemia (normocítica ou microcítica e hipocrômica), pois interfere na síntese do heme bloqueando a incorporação de ferro à protoporfina IX e inibe a função das enzimas da via de síntese do heme, o que inclui o ácido aminolevulínico desidratase e a ferroquelatase. Ele também fragiliza a membrana dos eritrócitos, o que agrava a anemia. A incidência de doses altas de chumbo no sangue por muitos anos, ou seja, de forma crônica, pode causar fibrose intersticial renal e nefrosclerose. O chumbo pode também alterar a excreção de ácido úrico pelo rim, resultando em surtos recorrentes de artrite gotosa (“gota saturnina”) e a exposição aguda gerar azotemia transitória por vasoconstrição intra-renal. O chumbo ainda causa uma produção aberrante de esperma, o que reduz a fertilidade masculina. Outros sistemas atacados pelo metal são o cardiovascular e o gastrintestinal, sendo no primeiro caracterizado por elevada pressão arterial em sujeitos suscetíveis, cuja possível explicação se da pela interação com o íon cálcio, na contração do tecido liso vascular. Finalmente temos perda de apetite, prisão de ventre e diarreia em doses baixas de exposição ao chumbo, enquanto nas doses elevadas é possível verificar dor abdominal intensa em cólicas (“cólicas de chumbo”), cujos mecanismos ainda não são claros, embora se acredite na contração espasmódica dos músculos lisos das paredes intestinais (KATAZUNG, 2010). De acordo com Oga (2008) o metal ainda causa problemas oculares por desequilibrar as condições de redoxi do cristalino por danos oxidativos em suas células epiteliais. Afeta músculos e ósseos, com presença de câimbras, fraqueza, dores nas articulações e interferência no crescimento dos ossos, devido principalmente ao consumo de bebidas contaminadas, além de efeitos 18 possivelmente carcinogênicos, ficando na categoria do Grupo B2, pela EPA (Environmental Protection Agency) (KATAZUNG, 2010). Basicamente existem dois tipos de contaminação por chumbo, inorgânico e orgânico. O chumbo inorgânico representa uma intoxicação por gases de óxido de chumbo e ingestão de alimentos e bebidas contaminadas. Seu diagnóstico é difícil e só pode ser feito após dias do consumo (agudo no caso) do metal. Como sintomas, apresenta basicamente encefalopatia ou cólica. Numa intoxicação crônica desse metal é verificado anorexia, fadiga e mal- estar, cefaleia, irritabilidade, sintomas gastrintestinais e dificuldade de concentração. Com relação ao chumbo orgânico, sua intoxicação hoje é mais rara devido a retirada do composto como antidetonante na gasolina. Esta forma de chumbo tende a atingir o sistema nervoso central (KATAZUNG, 2010). 2.5.2 Cádmio em alimentos Nas últimas décadas houve um aumento significativo em pesquisas a respeito do cádmio, que hoje está em oitavo lugar na lista prioritária de substâncias perigosas. No Japão, em 1950, foram desenvolvidos estudos na área de osteomalácia e proteinúria, consequentes da ingestão de alimentos contaminados pelo cádmio. O cádmio é sedimentado em plantações próximas a áreas de produção, e sua ingestão é dada pelo consumo desses alimentos, maior fonte para aqueles que não trabalham na produção do metal. É difícil determinar quando o cádmio é proveniente apenas da deposição em folhas e gramíneas, ou se é absorvido pelas raízes, já que o cádmio é responsável por boa parte da contaminação do solo, ainda mais que é um metal presente em fertilizantes fosfatados. Para contribuir na absorção do metal pelas raízes, um solo ácido é ideal e nisso as chuvas ácidas contribuem para o aumento da contaminação. Há níveis significativos do metal também na pecuária, devido ao consumo de vegetais contendo o poluente. O cádmio concentra-se nos rins e fígados dos animais, tornando esses miúdos em fontes ricas desse metal (OGA, 2008). 19 2.5.2.1 Mecanismos da atuação do cádmio no organismo Há uma enorme gama de fatores que influencia na absorção do cádmio pelo TGI (trato gastrintestinal), desde espécie animal, frequência do consumo, dose a até estado nutricional. Entretanto todo cádmio absorvido é distribuído por todo o organismo pela corrente sanguínea. O metal tem grande afinidade pelos resíduos de cisteína, numerosos nas proteínas metalotioneínas, responsáveis por diversas funções, como desintoxicar radicais livres. O metal é transportado no plasma na forma de complexo com a metalotioneína, até ser filtrado nos glomérulos, estando presente na urina primária para então ser reabsorvido nas células do túbulo proximal, quando e onde a ligação Cd- metalotioneína é quebrada, fazendo com que o cádmio não ligado estimule a produção de nova metalotioneína para ligar-se ao cádmio presente nas células dos túbulos renais e impedindo a ação toxica dos cádmios livres. Entretanto, se a capacidade de produção de metalotioneína é excedida, danos são causados aos túbulos proximais, tendo entre os primeiros sinais disto a proteinúria de baixo peso molecular. Além dos efeitos nocivos aos rins o cádmio pode comprometer os ossos. A doença Itai-itai é endêmica no Japão, prevalente na bacia do rio Jinzu, onde combina características de osteoporose com osteomalácia, através da interferência no metabolismo da vitamina D e do cálcio. Há ainda a anemia causada pela ingestão de cádmio oralmente, porque o metal dificulta a absorção de ferro, o que agrava caso a dieta já seja pobre nesse nutriente. Todavia as consequências mais graves causadas pelo cádmio surgem apenas quando as doses consumidas são demasiado elevadas (OGA, 2008). 2.5.3 Medidas preventivas para a contaminação por metais pesados A produção de alimentos próxima a áreas industrializadas é afetada pelas características das indústrias existentes, devido às partículas que dispersam pelo. É notado que regiões mais afastadas a tais atividades têm menos concentrações desses metais. Conclui-se então que um afastamento adequado da fonte contaminante reduziria ou eliminaria a contaminação dos alimentos. 20 Ainda é possível um controle sobre a forma de emissão, como a retenção dessas partículas (OGA, 2008). 2.6 POLUIÇÃO E PODER PÚBLICO É certo afirmar que após a evolução industrial a humanidade evoluiu muito. Nosúltimos 200 anos os saltos tecnológicos começaram acelerar de tal forma que chega a ser notório. Com toda essa tecnologia desenvolvida há uma colossal mudança de vida, principalmente nas áreas urbanas que se desenvolveram desenfreadamente, por conseguinte, uma série de problemas ambientais tem acompanhado e aumentado na mesma velocidade que o crescimento antropogênico. Como a capacidade de absorção do meio ambiente foi ultrapassada, é necessário observar como esse processo da poluição acontece de forma integrada, pois não é apenas uma questão da atividade humana, mas também uma má administração do poder público em todas as áreas. Assim, as cidades, onde a população passou a se concentrar, incluindo as do Brasil, são as principais fontes poluidoras, sendo que caso não sejam bem administradas e não adotem hábitos e políticas sustentáveis, estarão impedindo uma promoção da saúde pública. Para um planejamento adequado a cidade deve levar em conta uma adaptação com a geografia local, preservando as fontes ambientais naturais, como rios e córregos e lagos, e evitar um desmatamento “desnecessário” e reflorestar o que fora derrubado. Embora haja projetos de lei que procurem punir quem lesa o meio ambiente, não há ainda habitualidade em conservar e consumir menos, ainda mais em um sistema capitalista, ou menos ainda o cumprimento das leis. Um estado que coloque valores de um sistema utilitarista e que visa lucro impede uma adequada segurança social em todos os aspectos necessários aos cidadãos (SILVA, 2006). 2.6.1 Sustentabilidade O termo sustentabilidade refere-se à capacidade dos diversos sistemas terrestres, incluindo as economias e os sistemas culturais humanos, de adaptarem-se e sobreviverem às condições ambientais. É preciso reconhecer 21 que muitas atividades humanas degradam recursos mais rápido do que a natureza pode renová-los. Levando isso em conta fica claro que é necessário, para uma vida sustentável conservar o capital natural (a soma dos recursos naturais com os serviços naturais – como a purificação do ar ou o tratamento de água) da Terra. Contudo a busca da sustentabilidade se depara com conflitos, como a atividade cotidiana das cidades e o crescimento populacional, que não podem ser desconsiderados ou “parados” para uma “reabilitação” do planeta, mostrando assim uma constante necessidade por soluções. Tratando- se de poluição do ar, relacionando a materiais particulados em alimentos, a adoção de medidas simples, como filtragem na produção industrial ou distanciamento de áreas de plantio (considerando correntes de ar que carreguem esses poluentes) das fontes emissoras, ajudaria em muito a redução da poluição. Para cada fonte emissora de poluentes, há uma medida que neutralize ou amenize seus impactos. Uma sociedade sustentável visa atender as necessidades de sua população, sem exaurir os recursos naturais, num estilo de vida sustentável (MILLER, 2011) (OGA, 2008). 2.7 SOLUÇÕES PARA A POLUIÇÃO DO AR Conforme é sabido sobre a poluição do ar, e sua nocividade já discorrida, é ainda possível prevenir e amenizar seus efeitos com medidas adequadas, tanto numa fase de prevenção quanto numa fase de eliminação, conforme a fonte emissora do poluente. Para indústrias e usinas, principalmente as que realizam a queima de carvão, adotar medidas como: queimar carvão menos rico em enxofre, remover componentes químicos do carvão para sua utilização, substituir para combustíveis menos poluentes, remover poluentes após a combustão. Tratando da atividade urbana de veículos é adequado à prevenção: uso de meios de transporte em massa, locomoção por caminhadas e bicicletas, motores e combustíveis menos poluentes, combustível mais eficiente, redução de impostos na compra de veículos pouco poluentes ou eficientes quanto à energia; e à eliminação: instalação de dispositivos de controle de emissão, inspeções em escapamentos de veículos no mínimo duas vezes ao ano. Tudo isso aliado a uma redução de consumo e otimização da tecnologia traria significativas mudanças para amenizar impactos ao meio 22 ambiente, melhorando a qualidade do ar e garantindo mais segurança (MILLER, 2011). 23 4 CONCLUSÃO O aumento da população, da atividade industrial, da urbanização, do consumo e da tecnologia causam grandes impactos ao meio ambiente. A poluição gerada é disseminada pelo ar, que compromete a atmosfera, espalha doenças assim como as agrava, principalmente as respiratória, todavia também compromete a segurança na produção alimentícia, sendo um meio cíclico de toxinas para nosso organismo, muitas das quais entram em circulação exclusivamente por culpa humana e das atividades antropogênicas. A quantidade de gases emitidos compromete a capacidade de absorção natural do meio, o que torna esse excesso um problema sem escapatória para se lidar, já que não se pode escapar da atmosfera. Poluentes surgem de todos os lugares e afetam o homem de muitas formas. Seja pela incineração inadequada que produz dioxinas cancerígenas que se bioacumula em tecido adiposo animal, o qual é utilizado para alimentação e gera a chance de desenvolver cânceres por causa de seu consumo. Pelo material particulado produzido da queima de combustíveis e atividade industrial, que se deposita nas gramíneas, solo e água, como a caso do chumbo e do cádmio. Ou ainda os HPAs que persiste em alimentos de vários tipos e apresenta alta carcinogenicidade. Independente da origem, nenhum alimento está isento da contaminação do ar, e uma ausência de políticas adequadas nos centros urbanos agrava a concentração e disseminação dos poluentes do ar. Entretanto é possível precaver e promover formas de controle mais adequadas, já que é sabido que quanto mais longe das fontes emissoras, menor as concentrações de poluentes nos alimentos, e a redução de sua utilização é benéfica, como em relação ao chumbo que parou de ser usado como antidetonante em combustíveis. Para uma promoção adequada em saúde, uma forma de sustentabilidade e maior segurança no próprio consumo dos alimentos deverão adotar medidas eficazes, sendo elas: redução de consumo e utilização de poluentes de risco, melhor manipulação do lixo para redução dos impactos, principalmente em relação á incineração, adoção condutas menos invasivas ao meio ambiente (como sair menos de carro), analisar geograficamente o impacto das atividades 24 urbanas e industriais para averiguar menor risco de contaminação por compostos perigosos. Há formas de viver sem prejudicar o planeta e sem necessariamente para de consumir, mas para isso é preciso adotar um estilo de vida menos hedonista e deixar de procrastinar as responsabilidades sobre o que é consumido, produzido e acumulado. Embora não se tenha um único caminho ou apenas um meio, já que problemas ambientais são multidimensionais, sendo a alimentação, no caso, uma parcela do que é prejudicado, qualquer atitude é um primeiro passo para uma sociedade mais sustentável. 25 5 REFERÊNCIAS ASSUNÇÃO, João V. de; PESQUERO, Célia R.. Dioxinas e furanos: origens e riscos. Revista de Saúde Pública, São Paulo, v. 33, n. 5, p.523–30, out. 1999. BAIRD, Colin. Química ambiental. 2.ed. Porto Alegre: Artmed, 2002. BOGLIOLO, Luigi. Patologia Geral. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2009. DAGNINO, Ricardo de Sampaio; JUNIOR, Salvador Carpi. Risco ambiental: conceitos e aplicações. Disponível em: <http://pt.scribd.com/doc/9519182/Risco-Ambiental-Conceitos-e-aplicacoes>. acesso em 02.abr.2011. Departamentode física da UFPR. A Atmosfera. Encontrado em: <http://fisica.ufpr.br/grimm/aposmeteo/cap1/cap1-2.html>, Acesso em 24.mar.2011. FLANDRIN, Jean-Louis; MONTANARI, Massimo. História da alimentação. 6. ed. 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