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Teoria do Estado, Política e Direito

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Teoria do Estado, Política e Direito
Prof. Responsável
Dr. Romerio Jair Kunrath
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O que é o Estado?
Segundo DALLARI (1980; 2010), o Estado pode ser visto:
... enquanto “princípio unificador” de toda organização social;
... enquanto “realidade histórica”, com características que o distinguem da “sociedade”;
... enquanto “ordenamento jurídico”;
... enquanto “instituição política” complexa.
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Observa-se a falta de uniformidade conceitual: 
“Não existe um conceito universalmente aceito de Estado para as respectivas ciências jurídicas e sociais” (DALLARI, 1980). 
Segundo Dallari (1980; 2010) o que existem são três diretrizes fundamentais:
1) Uma teoria justificativa do Estado – voltada para seus fundamentos e fins, a partir de valores éticos e humanos;
2) Uma teoria sociológica do Estado – ocupada com a gênese e a evolução do Estado pautada em fatos concretos;
3) Uma teoria jurídica do Estado – que tem por objeto sua organização e personalização, que analisa seu objeto de acordo com um entendimento puramente normativo de Estado em seus aspectos técnicos e formais. 
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Do ponto de vista jurídico:
O Estado enquanto “ordenamento jurídico”, enquanto “ordem”, vive nela e deve ser submetido a ela, fazendo-se respeitar por todos os indivíduos e sociedades, inclusive, pelos demais Estados.
 Trata-se de regras e princípios gerais que condicionam o poder de arbítrio do Estado, o poder político de quem o governa. 
Como sede do poder é quem distribui o poder entre os homens que o governam, tendo que conviver com as paixões que animam a vida política.
Se ele existe em função de interesses individuais e coletivos para a consecução de fins gerais, o mesmo deve assegurar a eficiência das normas não apenas para os seus cidadãos, mas também, para si próprio.
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Conceituação Jurídica
 de Estado:
“Ordem jurídica soberana, que tem por fim o bem comum de um povo situado em um determinado território” (DALLARI, 1980, p.56).
É soberana porque está acima das demais ordens existentes, e também, em relação aos outros Estados (nada lhe pode ser superior).Sua finalidade é promover o bem comum do povo, atendendo aos interesses do mesmo, circunscrito a um determinado espaço geográfico.
Segundo as definições correntes no Direito Público o Estado é uma instituição composta de 3 elementos essenciais: população, território e governo e de um requisito que lhe é inerente, a soberania. (NOGUEIRA, 2008, p.94).
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Do ponto de vista sociológico, os motivos pelos quais o Estado se originou são:
Necessidade (complexificação das relações sociais); 
Desejo de dominação - onde as condições de vida vão influenciar o comportamento dos indivíduos em sociedade;
Motivação econômica – obtenção de riquezas e de privilégios. Constituição de classes sociais dominantes (abastadas) e uma ordem social injusta (Marx e Engels).
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Conceitos de Estado em WEBER e MARX: visões distintas 
Dentre as definições clássicas de Estado, encontra-se a do sociólogo alemão Max WEBER (1958), que o define enquanto “monopólio legítimo da força”, enquanto comunidade humana que reivindica o monopólio do uso legítimo da força física nos limites de um dado território, locus em que se exerce a violência legítima, traduzida por meio de normas e leis que regem a sociedade moderna.
Outra concepção clássica de Estado é a de Karl MARX, para quem em uma sociedade dividida em classes (burguesia e proletariado) o Estado nada mais é do que o comitê executivo da burguesia, onde tanto a classe como o Estado devem ser abolidos na construção do socialismo. Logo, Marx não reconhece o Estado enquanto uma estrutura de dominação legítima (Chilcote, 1997; Naves, 2000).
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Concepções conflitantes sobre o papel do Estado 
no conjunto do sistema social (Bobbio, 1987). 
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O Estado enquanto instituição política complexa
Conforme Dallari (1980), o que temos que examinar são as funções políticas do Estado, segundo seu poder de intervenção tanto na vida econômica como na organização social.
De acordo com STEPAN, circundando a perspectiva weberiana de Estado: “O estado pode ser considerado mais que um governo. Ele é a continuação administrativa, legal, burocrática e coercitiva que atende não somente a estrutura das relações entre sociedade civil e autoridades públicas com uma política, mas também, torna-se crucial no relacionamento da sociedade civil como um todo” (STEPAN, cit. por SKOCPOL, 1984).
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Considerações sobre o Estado Moderno:
Embora muitas concepções de Estado aspirem ver diminuído o seu papel, a evolução do Estado contemporâneo aponta no sentido contrário.
Qualquer que seja a concepção, é preciso entendê-lo como a mais importante instituição política, como produto da evolução histórica, da idade Moderna.
Como o uso da força legitima, se constitui na principal característica do Estado moderno segundo WEBER é preciso admitir que o poder continua sendo o principal recurso, o mais eficaz instrumento e a reserva a que sempre recorre o ESTADO para sua conservação.
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Conceituação Política de Estado:
“Sociedade Política”
“Sede do Poder Político”
“Poder”
“Forma de Poder”
Consenso: O poder político tem no Estado sua expressão mais alta, ambos estão indissoluvelmente ligados (Dallari,1980).
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O que é a política?
Atividade ou práxis humana;
Perspectiva clássica – tudo o que se refere a cidade, o que é urbano, civil, público, e até mesmo sociável ou social;
Aristóteles – arte ou ciência do Governo;
Era moderna – Ciência do Estado ou Ciência Política;
 Atividade ou conjunto de atividades que, de alguma maneira, fazem referência ao Estado.
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A evolução do entendimento da política: 
Na antigüidade, tratava-se de uma investigação acerca da melhor forma de governo. Embora preservada pelos estudos medievais, essa maneira de conceber a disciplina acabou suplantada pela premência do tema das relações entre os poderes temporal e espiritual.
Com o surgimento do Estado Moderno, trata-se de saber como se constitui e como se mantém o poder. 
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No pensamento político antigo:
O interesse voltava-se para a coleção de experiências concretas que poderiam ser transmitidas de um governante a outro. Tratava-se de inquirir sobre as formas de governo, investigar sobre a possibilidade de um governo ideal, etc.
 
Platão (427- 347 A.C) estava preocupado com a organização de um governo perfeito,espécie de ditadura dos sábios, ainda na Grécia Antiga.
Aristóteles (384-322 A.C.) começa esse tipo de inquirição colecionando as diversas constituições existentes comentando-as. Ele discutiu, sobretudo, a questão das formas de governos para justificar a preferência por uma delas. 
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Aristóteles - A tipologia clássica das formas de poder:
Fonte: COELHO, R. C. In: Ciência política. Florianópolis : Departamento de Ciências da Administração / UFSC; [Brasília] : CAPES : UAB, 2010
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Formas puras e impuras de governo:
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Com o surgimento do Estado Moderno (Estado Nação):
O interesse maior passou a residir na compreensão do surgimento do Estado Moderno associado à formação das nações, sendo que, nunca é demais enfatizar que o Estado Moderno é uma criação absolutamente original, sem precedentes na história da humanidade. 
O Estado Moderno despoja os diversos agentes pelos quais se distribuíam fatias do poder político e passa a monopolizá-lo. 
Assume desde logo feição absolutista, isto é, eminentemente autoritária. Para que o Estado Moderno viesse a revestir-se de tal característica desempenham um papel muito importante pensadores como - Machiavel (1459-1527); Bodin (1530-1596); Hobbes(1588-1679) e Bousset (1627-1704). 
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Logo, o que é o Estado?
O Estado resulta de um processo histórico de concentração de poder que ocorre na Europa, entre o final da Idade Média
e os primeiros séculos da Idade Moderna. Vide: BENDIX, R. (1996) e TILLY,C (1996).
Resultante desse processo histórico surge o monopólio da coerção legítima no Estado, em contraposição ao exercício da violência privada sob a tutela de interesses dispersos.
Assim, o Estado Moderno é constituído de múltiplas instituições públicas que envolve várias relações de poder em um dado território.
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A Burocracia e Ordenamento Jurídico são frutos da formação do Estado Moderno
	Assim como, o ordenamento jurídico da sociedade (Estados Constitucionais), o reconhecimento (por parte do Estado) dos direitos dos cidadãos. Pois é...
Da organização burocrática do Estado que nasce a Administração Pública.
Do reordenamento da sociedade com base no sistema jurídico que garante liberdades fundamentais, que nasce o Estado de Direito;
Do reordenamento da sociedade com base no sistema de proteção social que nasce o Estado de bem-estar-social (Welfare State).
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Fases pelas quais o Estado moderno passou, tendo como referência os Estados-Nação mais desenvolvidos.
Fonte: PEREIRA (2009, p.35) 
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1) Objeto/s da Ciência Política
Existe no interior da ciência política uma discussão acerca do objeto de estudo desta ciência, que, para alguns, é o Estado e, para outros, o poder. A primeira posição restringe o objeto de estudo da ciência política; a segunda amplia. A posição da maioria dos cientistas políticos é essa visão mais abrangente de que o objeto de estudo da ciência política é o poder, ou as relações de poder instituídas na sociedade.
A ciência política hoje abrange diversos campos, como a teoria e a filosofia políticas, os sistemas políticos, ideologia, teoria dos jogos, economia política, geopolítica, geografia política, análise de políticas públicas, política comparada, relações internacionais, análise de relações exteriores, política e direito internacionais, estudos de administração pública e governo, processo legislativo, direito público - como o direito constitucional, entre outros.
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Referências:
BENDIX, Reinhard, Construção Nacional e Cidadania: estudos de nossa ordem social em mudança. Tradução de Mary Amazonas Leite de Barros. São Paulo: EDUSP, 1996 (Clássicos; 5).
BOBBIO, Norberto. Estado, Governo, Sociedade: Para uma teoria geral da Política. Tradução de Marco Aurélio Nogueira. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
CHILCOTTE. Ronald H. Teorias de Política Comparativa: a busca de um paradigma reconsiderado. Tradução de Carlos Alberto Silveira Netto Soares. Petrópolis, RJ: Editora Vozes, 1997.
DALLARI, Dalmo de Abreu. O futuro do Estado. São Paulo: Moderna, 1980.
	______. Elementos de Teoria Geral do Estado, 29ª ed., São Paulo: Saraiva, 2010.
 
EASTON, David. Uma teoria de análise política. Tradução de Gilberto Velho. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1965.
NOGUEIRA, Octaciano. Introdução a Ciência Política. Brasília, Senado Federal: UNILEJIS, 2006.
PEREIRA, Luiz Carlos B. Construindo o Estado Republicano: democracia e reforma da gestão pública. Tradução de Maria Cristina Godoy. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2009. 
TILLY, Charles. Coerção, Capital e Estados Europeus. São Paulo: Edusp, 1996.
WEBER, Max. Ciência e política: duas vocações. São Paulo: Editora Cultrix, 1993.

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