Buscar

PENHORA MEDINA

Prévia do material em texto

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA COMARCA DE PONTA GROSS/PR
MARIANA VOGLER DA SILVA, brasileira, casada, do lar, portadora do RG de nº 8.190.446-4 e CPF de nº 030.644.039-31 residente e domiciliada na Rua Aguinaldo Guimarães da Cunha, nº 821, bairro Parque Nossa Senhora das Graças – Boa Vista, CEP 84073190, na cidade de Ponta Grossa, Estado do Paraná, através de seu advogado (abaixo subscrito), vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, propor a presente 
AÇÃO DE SUBSTITUIÇÃO DE CURADOR
baseando-se nos fatos e fundamentos jurídicos adiante aduzidos.
DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA
Requer-se, inicialmente, os benefícios da Justiça Gratuita por ser pobre na forma da Lei, conforme declaração de hipossuficiência em anexo. Não dispondo de numerário suficiente para arcar com taxas, emolumentos, depósitos judiciais, custas, honorários ou quaisquer outras cobranças dessa natureza sem prejuízo de sua própria subsistência e de sua família, o suplicante requer a assistência da Defensoria Pública com fulcro na Lei nº 1.060/50, acrescida das alterações estabelecidas pela Lei nº 7.115/83, tudo consoante com o art. 5º, LXXIV, da Constituição Federal.
DA PRIORIDADE DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA
A Lei nº 13.146/2015 - Estatuto da Pessoa com Deficiência (EPD) ou Lei Brasileira de Inclusão - LBI estabeleceu em favor das pessoas com deficiência o direito à prioridade na efetivação dos seus direitos, senão vejamos dispositivo da lei supra referida:
Art. 8o É dever do Estado, da sociedade e da família assegurar à pessoa com deficiência, com prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à sexualidade, à paternidade e à maternidade, à alimentação, à habitação, à educação, à profissionalização, ao trabalho, à previdência social, à habilitação e à reabilitação, ao transporte, à acessibilidade, à cultura, ao desporto, ao turismo, ao lazer, à informação, à comunicação, aos avanços científicos e tecnológicos, à dignidade, ao respeito, à liberdade, à convivência familiar e comunitária, entre outros decorrentes da Constituição Federal, da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo e das leis e de outras normas que garantam seu bem-estar pessoal, social e econômico.
Trata-se de diploma processual em vigor desde 2 de janeiro de 2016.
Especialmente no que atine à tramitação processual, a mesma lei segue estatuindo que:
Art. 9o A pessoa com deficiência tem direito a receber atendimento prioritário, sobretudo com a finalidade de:
VII - tramitação processual e procedimentos judiciais e administrativos em que for parte ou interessada, em todos os atos e diligências.
(realce nosso)
Assim, é o presente para reforçar pleito de tramitação prioritária dessa causa, haja vista a condição de pessoa com deficiência da autora da ação, postulando a aposição de menção designativa da prioridade processual na capa dos autos do respectivo processo.
DOS FATOS
A autora, Mariana Vogler da Silva, compareceu ao Núcleo de Prática Jurídica no dia 02/04/2018 para entrar em juízo e requerer a interdição de sua irmã, Joana Vogler da Silva, portadora de problemas mentais.
A autora afirma que, desde a morte de seu pai, falecido em 15/01/2018, sua irmã está sob seus cuidados, sendo ela a responsável por todos os assuntos referentes aos cuidados necessários e sustento da interditada. Também relata que seu pai utilizava a pensão dele e de sua mãe, também falecida, para a manutenção dos cuidados de Joana.
A irmã da autora possui 41 anos e, conforme consta na perícia realizada a pedido do INSS, não possui capacidade para os afazeres diários do dia a dia (como tomar banho), necessitando assim de ajuda constante.
Também, tendo em vista os vínculos afetivos criados com a convivência, a autora decidiu pleitear que seja nomeada a curadora da interditada, zelando pelo seu bem estar bem como, os cuidados de saúde, alimentação e saque do benefício previdenciário promovendo de fato em favor da sua beneficiária.
DO DIREITO
Conforme o disposto no art. 1767, I, CC:
Art. 1.767. Estão sujeitos à curatela:
I – aqueles que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para os atos da vida civil;
Conforme a perícia em anexo, é sabido que a interditada não possui suficiente discernimento para os atos básicos vida civil. 
No que se refere às regras para o exercício da curatela, há de se observar o que dispõe os arts. 1774 e 1781 do CC:
Art. 1774. Aplicam-se à curatela as disposições concernentes à tutela, com as modificações dos artigos seguintes.
Art. 1.781. As regras a respeito do exercício da tutela aplicam-se ao da curatela, com a restrição do art. 1.772 e as desta Seção.
Segundo Renata de Lima Rodrigues (A proteção dos vulneráveis: perfil contemporâneo da tutela e da curatela no sistema jurídico brasileiro. In: Direito das famílias por juristas brasileiras. Joyceane Bezerra de Menezes e Ana Carla Harmutiak Matos (org.). – São Paulo: Saraiva, 2013)
O regime jurídico das incapacidades, então, tem a finalidade de salvaguardar os indivíduos que não possuem o discernimento necessário para exprimir uma vontade válida – em outros termos: aqueles que não têm autonomia para, por si sós, relacionarem-se juridicamente na vida civil, porquanto impossibilitados de formar, de maneira apropriada, a sua vontade. 
E, tendo em vista o melhor para a interditada, a autora é parte legitima para propor a ação, já que é irmã da interditada. Seguindo o disposto no art. 747 do CPC e inciso II do artigo 1.768 do:
Art. 747. A interdição pode ser promovida:
II – pelos parentes ou tutores;
Art. 1.768. A interdição deve ser promovida:
II - pelo cônjuge, ou por qualquer parente;
E, conforme a decisão proferida pelo Tribunal de Minas Gerais:
AÇÃO DE SUBSTITUIÇÃO DE CURATELA - ÓBITO DO ANTIGO CURADOR - AÇÃO PROPOSTA PELO IRMÃO DA CURATELADA - PREVISÃO LEGAL - AUSÊNCIA DE FATO QUE DESABONE SUA CONDUTA OU INDÍCIOS NEGATIVOS DE APTIDÃO - DESNECESSIDADE DE REALIZAÇÃO DE ESTUDO SOCIAL - SENTENÇA MANTIDA
- Em observância ao art. 1.775 do Código Civil, percebe-se que os irmãos têm legitimidade para ser curadores uns dos outros nos casos em que um é interditado.
- Tendo em vista que há previsão legal para que os irmãos sejam curadores e se não houver no caso concreto qualquer indício de que o irmão que ajuizou a ação de substituição de curador não tem aptidão para o exercício do múnus, entende-se pela desnecessidade da realização de estudo social para que o irmão seja nomeado como curador.
- Destaca-se que, se o Ministério Público ou outro legitimado perceber qualquer irregularidade na conduta do curador no exercício do múnus, poderá ser pleiteada em juízo a sua remoção.
Apelação Cível nº 1.0433.14.027777-6/001 - Comarca de Montes Claros - Apelante: Ministério Público do Estado de Minas Gerais - Apelado: J.F.S. - Interessada: M.J.F.A., representada pelo curador J.F.S. - Relatora: Des.ª Vanessa Verdolim Hudson Andrade)
Assim, já sendo sabida a necessidade de cuidados especiais da interditada, diante das patologias mentais a que é acometida, se faz necessário o ajuizamento do presente pedido. Também, o pedido está de acordo com a legislação relacionada, sendo a autora, no presente caso, a pessoa mais adequada para representar a interditada (diante do óbito dos pais). 
DA NECESSIDADE DE TUTELA ANTECIPADA
Os pressupostos para a concessão da medida se encontram presentes no caso vertente, e fundamentados no artigo 300º e 762º o Código de Processo Civil/15 senão vejamos:
Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.
Art. 762. Em caso de extrema gravidade, o juiz poderá suspender o tutor ou o curador do exercício de suas funções, nomeando substituto interino.
A Lei 13.146/2015 passou a prever de forma expressa, excepcionalmente, a possibilidade de o juiz decretar a nomeação de curador provisórioao curatelado, nos termos seguintes:
Art. 87. Em casos de relevância e urgência e a fim de proteger os interesses da pessoa com deficiência em situação de curatela, será lícito ao juiz, ouvido o Ministério Público, de oficio ou a requerimento do interessado, nomear, desde logo, curador provisório, o qual estará sujeito, no que couber, às disposições do Código de Processo Civil.
(realce nosso)
No caso em tela, estão presentes os requisitos para a concessão da medida antecipatória, senão vejamos:
A relevância do alegado pode ser claramente verificada na medida em que se cotejam os fatos antes deduzidos aos documentos juntos. Com efeito, na vertente exordial, estão amplamente relatadas e demonstradas as alegações do requerente. Há prova preconstituida da enfermidade que acomete a curatelada, consubstanciada está no incluso atestado médico, bem como indícios da necessidade de curador, eis que a curatelada já aufere um benefício previdenciário.
A outro giro, a urgência no deferimento dessa medida é evidente. Eis que a exposição fática desta exordial explicita a possibilidade de haver dano irreparável, haja vista que a curatelada necessita de um representante que esteja de fato acompanhando os atos de cunho patrimonial sob pena de prejuízo a sua própria subsistência, pois não terá como reverter o seu benefício previdenciário em proveito próprio junto ao Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, tampouco reivindicá-lo, defendê-lo ou administrá-lo. Registra tratar-se de sua única fonte de renda. Por fim, registra que o levantamento do benefício se mostra imprescindível ao custeio dos outros gastos com remédios e outros gastos médicos da curatelada.
Portanto, tendo em vista que o processo judicial leva algum tempo, pois deve obedecer, necessariamente, a certos princípios constitucionais, como o contraditório e a ampla defesa, é preciso que se observe também o princípio da efetividade da prestação jurisdicional. Assim, o tempo poderia tornar inócua a decisão jurisdicional final.
DOS PEDIDOS
Ante o exposto, requer:
O deferimento da gratuidade judiciária integral para todos os atos processuais (cf. artigo 98 caput e § 1º, § 5º do CPC/15);
O recebimento da inicial com a qualificação apresentada (cf. artigo 319, inciso II, e § 2º e 3ºdo CPC/15);
Determinar a remessa dos autos do processo nº xxx da Vara Única da Comarca xx, para esta Comarca preservando o melhor interesse da incapaz, tendo em vista o seu domicílio atual.
5. A CITAÇÃO da requerida a fim de tomar conhecimento da causa, sobre ela manifestar-se e, querendo, impugná-la, bem como para ser entrevistado por V. Exa. com assistência de equipe multidisciplinar conforme preconiza a nova redação do art. 1771 do Código Civil conferida pela Lei 13.146/2015;
7. Intimar o Membro do Ministério Público para intervir em todos os procedimentos do presente feito;
8. DECRETAR, ao final, por sentença, a nomeação da requerente, Mariana Vogler da Silva, como CURADORA da requerida, Joana Vogler da Silva, na prática dos atos da vida civil;
9. Determinar que a expedição dos competentes MANDADOS DE INSCRIÇÃO DA SENTENÇA e DE AVERBAÇÃO, após o trânsito em julgado.
Protesta provar o alegado por todos os meios admitidos em Direito, notadamente, depoimento pessoal do réu, sob pena de CONFESSO, oitiva de testemunhas, oportunamente arroladas, juntada ulterior de documentos, perícias, bem como, quaisquer outras providências que Vossa Excelência julgue necessárias à perfeita resolução do pleito; ficando tudo de logo requerido.
Dá à causa o valor de R$ xxxx (xxxx).
Termos em que requer deferimento.
cidade-estado, dia de mes de ano.

Continue navegando