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GNE156_2012_II_Material_didatico_Avaliacao_1

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS 
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA 
NÚCLEO DE ENGENHARIA AMBIENTAL E SANITÁRIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GNE156 – INTRODUÇÃO AO CONTROLE AMBIENTAL 
 
Material didático 
(1ª avaliação) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Ronaldo Fia 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Lavras 
2012/II 
1 
 
GNE156 – INTRODUÇÃO AO CONTROLE AMBIENTAL 
 
1. INTRODUÇÃO 
A superfície da Terra está em constante processo de transformação e, ao longo de seus bilhões de 
anos, o planeta registra drásticas alterações ambientais. Há milhões de anos, a área do atual deserto do Saara, 
por exemplo, era ocupada por uma grande floresta e os terrenos que hoje abrigam a floresta amazônica 
pertenciam ao fundo do mar. Essas mudanças, no entanto, são provocadas por fenômenos geológicos e 
climáticos e podem ser medidas em milhões e até centenas de milhões de anos. Com o surgimento do homem 
na face da Terra, o ritmo de mudanças acelera-se. 
Nos últimos séculos, um modelo de civilização se impôs, alicerçado na industrialização, com sua 
forma de produção e organização do trabalho, a mecanização da agricultura, o uso intenso de agrotóxicos e a 
concentração populacional, e consequentemente dos resíduos gerados por esta, nas cidades. À medida que a 
humanidade aumenta sua capacidade de intervir na natureza para satisfação de necessidades e desejos 
crescentes, surgem tensões e conflitos quanto ao uso do espaço e dos recursos. 
Quando se trata de discutir a questão ambiental, nem sempre se explicita o peso que realmente têm 
essas relações de mercado, de grupos de interesses, na determinação das condições do meio ambiente, o que 
dá margem à interpretação dos principais danos ambientais como fruto de uma “maldade” intrínseca ao ser 
humano. A demanda global dos recursos naturais deriva de uma formação econômica cuja base é a produção 
e o consumo em larga escala. A lógica, associada a essa formação, que rege o processo de exploração da 
natureza hoje, é responsável por boa parte da destruição dos recursos naturais e é criadora de necessidades 
que exigem, para a sua própria manutenção, um crescimento sem fim das demandas quantitativas e 
qualitativas desses recursos. 
Os rápidos avanços tecnológicos viabilizaram formas de produção de bens com consequências 
indesejáveis que se agravam com igual rapidez. A exploração dos recursos naturais passou a ser feita de 
forma demasiadamente intensa, a ponto de pôr em risco a sua renovabilidade. Sabe-se agora da necessidade 
de entender mais sobre os limites da renovabilidade de recursos tão básicos como a água, por exemplo. 
Toda essa situação colocou em xeque a ideia desenvolvimentista de que a qualidade de vida dependia 
unicamente do avanço da ciência e da tecnologia. Todos os problemas sociais e econômicos teriam, nessa 
visão, solução com a otimização da exploração dos recursos naturais. Diante dos problemas que emergiram 
desse sistema surgiu a necessidade de repensar o conceito de desenvolvimento. 
Assim, a solução dos problemas ambientais tem sido considerada cada vez mais urgente para garantir 
o futuro da humanidade e depende da relação que se estabelece entre sociedade/natureza, tanto na dimensão 
coletiva quanto na individual. 
 
2. POLUIÇÃO AMBIENTAL 
O homem tem necessidades primárias e secundárias. As primárias, como a alimentação, destinam-se à 
conservação da vida. As secundárias têm o objetivo de aumentar o conforto. Os recursos utilizados pelo 
2 
 
homem para satisfazer suas necessidades primárias e secundárias podem ser naturais ou econômicos, sendo 
os recursos econômicos produzidos com a transformação de materiais naturais. 
Recurso natural é qualquer insumo de que os organismos, as populações e os ecossistemas necessitam 
para sua manutenção. Portanto, recurso natural é algo útil. Existe um envolvimento entre recursos naturais e 
tecnologia, uma vez que há a necessidade da existência de processos tecnológicos para utilização de um 
recurso. Algo se torna recurso natural caso sua exploração, processamento e utilização não causem danos ao 
meio ambiente. Assim, na definição de recurso natural, encontramos três tópicos relacionados: tecnologia, 
economia e meio ambiente. 
Os recursos naturais podem ser classificados em dois grandes grupos: os renováveis e os não-
renováveis. Os recursos renováveis são aqueles que, depois de serem utilizados, ficam disponíveis 
novamente graças aos ciclos naturais. A água, em seu ciclo hidrológico, é um exemplo de recurso renovável. 
Além da água, podemos citar como recursos renováveis a biomassa, o ar e a energia eólica. Como o próprio 
nome diz, um recurso não-renovável é aquele que, uma vez utilizado, não pode ser reaproveitado. Um 
exemplo característico é o combustível fóssil que, depois de ser utilizado para mover um automóvel, está 
perdido para sempre. Há situações nas quais um recurso renovável passa a ser não-renovável. Essa condição 
ocorre quando a taxa de utilização supera a máxima capacidade de sustentação do sistema. 
Como resultado da utilização dos recursos naturais pela população surge a poluição. A fim de 
caracterizar situações em que a atuação humana tenha provocado alterações no meio ambiente, tem sido feita 
uma distinção entre contaminação e poluição ambiental. O termo contaminação tem sido empregado para 
caracterizar uma situação na qual uma substância está presente no ambiente, mas não causa qualquer dano 
óbvio, enquanto o termo poluição tem sido reservado para caracterizar situações em que os efeitos danosos 
ou prejudiciais ao ambiente ou ao seu potencial uso pelo homem estão aparentes. 
A poluição é uma alteração indesejável nas características físicas, químicas ou biológicas da 
atmosfera, litosfera ou hidrosfera que cause ou possa causar prejuízo à saúde, à sobrevivência ou às 
atividades dos seres humanos e outras espécies ou ainda deteriorar materiais. Para fins práticos, em especial 
do ponto de vista legal de controle da poluição, acrescentamos que o conceito de poluição deve ser associado 
às alterações indesejáveis provocadas pelas atividades e intervenções humanas no ambiente. Desse modo, 
uma erupção vulcânica, apesar de poder ser considerada uma fonte poluidora, é um fenômeno natural não 
provocado pelo homem e que foge a seu controle, assim como outros fenômenos naturais, como incêndios 
florestais, grandes secas ou inundações. 
Segundo a Lei 6.938 (1981) que instituiu a Política Nacional do Meio Ambiente, poluição ambiental é 
degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente: 
 a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; 
 b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; 
 c) afetem desfavoravelmente a biota; 
 d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; 
 e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos. 
3 
 
Para satisfação das necessidades humanas, matas têm sido devastadas para os mais diversos fins; o 
solo, erodido em consequência das escavações minerais e desmatamentos; as águas, contaminadas pelos 
resíduos industriais, esgotos e pesticidas; e o ar tem recebido os mais diversos gases resultantes dos 
processos de industrialização, da queima dos combustíveis pelos automóveis, queimadas e outros. A 
poluição dos diversos ambientes vitais (água, ar e solo) pela introdução de substâncias nocivas acarreta 
vários efeitos negativos sobre a vida animal e vegetal. A poluição atinge os seres humanos, por provocar 
alterações físicas, químicas e microbiológicas no solo, rios, oceanos e atmosfera. Até em ínfimas 
concentrações,sem nocividade direta, certas substâncias tomam-se perigosas devido ao mecanismo das 
transmissões biológicas cumulativas e sucessivas, das plantas aos herbívoros, depois aos carnívoros e ao 
homem. 
Apesar de se saber que a poluição é indesejável e de alto custo para a sociedade e o meio ambiente 
como um todo, é fundamental que se tenha consciência de que ela é inevitável, sendo inerente ao processo de 
sobrevivência da população, especialmente da vivente em grandes comunidades e dependente de tecnologia. 
A fim de comprovar essa afirmação, podem-se tomar por base até mesmo culturas primitivas, nas quais 
excretas humanas e de animais domésticos, a lenha cortada para queima e a fumaça gerada no cozimento dos 
alimentos constituem fonte de poluição. Onde as quantidades, as taxas de emissão ou a toxicidade dos 
poluentes são relativamente baixas, processos naturais podem, usualmente, assimilar esses excessos, 
podendo ocorrer autodepuração do meio. Ao contrário, no caso de poluentes mais tóxicos, emitidos em 
maiores taxas, condição comum em países tecnologicamente mais avançados, processos de autodepuração do 
ar, da água ou do solo não são suficientes ou eficazes. 
 
2.1. Tipos de poluição 
Todo ser vivo reage com seu ambiente e produz resíduos. A menos que o ambiente possa assimilá-los 
convenientemente (autodepuração), eles poderão interferir no ciclo vital. Vivendo em comunidades, o ser 
humano tem desenvolvido processos que produzem grandes quantidades de subprodutos ou resíduos em 
forma de matéria ou energia. Estes processos têm profundo significado econômico, político, social e 
sanitário; afetam a saúde do próprio homem, seu conforto e segurança, sua riqueza e seu poder. Interferir 
nestes processos é, na verdade, interferir na civilização, mas ignorar seus subprodutos é ignorar uma ameaça 
a sobrevivência. 
Em todos os casos de poluição, deve ser considerada a fonte dos poluentes; as características físicas, 
químicas e microbiológicas do poluente; o meio de transporte ou de sua dispersão no meio (ar, água ou 
disposição direta no solo); e o receptor do poluente (ecossistemas, organismos individuais e estruturas). 
Quanto à origem dos resíduos, as fontes poluidoras podem ser classificadas em pontuais, discretas ou 
localizadas que são geradas de forma concentrada, em áreas limitadas, podendo, dessa forma, ser mais 
facilmente medidas e controladas (lançamento de esgoto doméstico ou industrial, efluentes gasosos 
industriais, aterro sanitário de lixo urbano etc.); e não-pontuais, difusas ou dispersas são aquelas geradas de 
forma distribuída no meio não estão, por isso, localizadas em áreas limitadas e que são resultantes de um 
grupo abrangente de atividades humanas (agrotóxicos aplicados na agricultura e dispersos no ar, carregados 
4 
 
pelas chuvas para os rios ou para o lençol freático, gases expelidos do escapamento de veículos automotores 
etc.). As fontes de poluição não pontuais são muito mais difíceis de ser identificadas, medidas e controladas 
do que as pontuais. 
As principais fontes de contaminantes para solo são: fertilizantes, pesticidas, esgotos domésticos e 
industriais, resíduos sólidos (lixo), dejetos animais, poluentes atmosféricos. Quanto às fontes de poluição do 
ar temos: indústrias, veículos, agropecuária, resíduos, geração de energia (hidrelétrica e termoelétrica) etc.; 
além dos poluentes emitidos na atmosfera, deve levar em consideração às condições atmosféricas e 
topográficas (relevo) que influenciam diretamente na dispersão dos poluentes do ar. As fontes de poluição 
das águas superficiais e subterrâneas estão diretamente relacionadas aos poluentes do solo e do ar, tais como: 
escoamento de águas pluviais contaminadas, pesticidas, fertilizantes, esgotos domésticos e industriais, 
resíduos sólidos (lixo), dejetos animais e poluentes atmosféricos (Figura 1). 
 
Fertilizantes Irrigação
Resíduos 
humanos e 
animais Pesticidas
Resíduos 
industriais
Deposição 
atmosférica
Ar
Solo Erosão do solo Águas superficiais
Águas subterrâneas
 
Figura 1. Diagrama representativo das várias fontes de poluição do ar, do solo e da água. 
 
2.2. Autodepuração ambiental 
Toda atividade humana gera resíduos que podem ser absorvidos, degradados e reciclados pelo 
ambiente. A esse processo de assimilação e reciclagem dos resíduos pelo ambiente sem causar danos 
ambientais dá-se o nome de autodepuração. O termo autodepuração é bastante utilizado quando se quer 
tratar do processo natural de degradação da matéria orgânica nos corpos d’água. Após receber uma carga de 
poluição, os cursos d’água, embora sofram modificações em suas características, tendem a restabelecer por 
5 
 
processos naturais as condições existentes antes do lançamento dos esgotos. Este fenômeno é conhecido 
como autodepuração, isto é, a capacidade do curso de água de receber uma determinada carga poluidora e 
eliminá-la, gradativamente, mediante ações naturais. 
O ecossistema aquático abriga em suas cadeias alimentares seres fotossintetizantes, como as algas, por 
exemplo. Eles são chamados de seres produtores por fabricarem o alimento necessário para a sobrevivência 
dos demais organismos. O ecossistema abriga, ainda, os seres chamados de consumidores, assim 
denominados por necessitarem, direta ou indiretamente, ingerir alimentos fabricados pelos fotossintetizantes. 
Há um equilíbrio natural entre produção e consumo, entre seres produtores e consumidores, entre a 
reação da fotossíntese e a reação da respiração. Mas, para que essas reações ocorram, são necessários 
diversos elementos, tais como: o nitrogênio (formador das proteínas), o fósforo, o potássio, o ferro etc., além 
do carbono, do oxigênio e do hidrogênio. Para que o ecossistema possa sobreviver, esses elementos, após sua 
utilização, têm de ser devolvidos ao meio novamente, mesmo que de outra forma. Desse modo, eles podem 
entrar na cadeia alimentar por meio da fotossíntese. 
Essa devolução ocorre por intermédio dos seres decompositores que, a partir dos resíduos orgânicos e, 
ou, da morte dos seres vivos, terminam a oxidação da matéria orgânica e completam o ciclo dos nutrientes. 
Os seres decompositores são microrganismos que vivem no lodo do fundo da água, tais como bactérias e 
outros organismos. 
Quando a matéria orgânica biodegradável é despejada no meio aquático, os decompositores fazem sua 
digestão por meio de mecanismos bioquímicos. Os seres decompositores aeróbios respiram o oxigênio 
dissolvido na água e passam a competir com os demais organismos. Como têm alimento à sua disposição 
(nesse caso, a matéria orgânica para ser decomposta) e possuem requisitos de sobrevivência em termos de 
oxigênio bastante baixos, eles ganham a competição. Com isso, os peixes morrem e a população dos 
decompositores cresce rapidamente. É dessa forma que a matéria orgânica biodegradável causa poluição. A 
redução dos teores de oxigênio dissolvido pelo excesso de consumo pelos decompositores prejudica a 
sobrevivência dos demais seres consumidores (Figura 2). 
O oxigênio dissolvido é um dos constituintes mais importantes dos recursos hídricos. Embora não seja 
o único indicador de qualidade da água existente, é um dos mais usados porque está diretamente relacionado 
com os tipos de organismos que podem sobreviver em um corpo de água. Quando ausente, permite a 
existência de organismos anaeróbios que liberam substâncias que conferem odor, sabor e aspecto 
indesejáveis à água. Peixes e outras espécies animais necessitam de oxigênio para sobreviver, sendo 
necessária uma concentração mínima de 2 mg L
-1
 para a existência de formas de vida aeróbia superior. 
Algumas espécies são mais exigentes com relação à concentração de oxigênio dissolvido, necessitando no 
mínimode 4 mg L
-1
. As águas naturais, sem poluição, apresentam concentrações de oxigênio dissolvido 
entre 6 e 8 mg L
-1
. 
6 
 
 
Figura 2. Esquema do processo de autodepuração em corpos d’água, em que DBO corresponde à matéria 
orgânica (Braga et al., 2005). 
 
A concentração de oxigênio dissolvido na água ocorre em função de diversas variáveis: 
 - características do despejo: estão associadas aos fatores de consumo do oxigênio dissolvido no meio, 
tais como a natureza do material biodegradável envolvido, a facilidade com que ele é biodegradado pelos 
organismos decompositores, a quantidade de oxigênio necessário para a biodegradação, a quantidade de 
poluente, a vazão despejada, etc.; 
 - características do corpo de água: estão associadas à facilidade com que as cargas poluidoras são 
misturadas ao meio aquático. Entre as variáveis mais importantes estão a velocidade do fluido, a geometria 
do escoamento, a intensidade da difusão turbulenta e outras; e 
 - produção de oxigênio: o oxigênio dissolvido no meio aquático pode ser originado pela atividade 
fotossintética dos organismos autótrofos (produção endógena) ou pela reaeração (produção exógena), a qual 
consiste na passagem de oxigênio atmosférico para o interior do meio aquático por meio da interface ar-água. 
É evidente que, caso se pretenda manter o nível mínimo de oxigênio dissolvido (OD) nas águas acima 
de um dado valor (2 mg L
-1
, por exemplo), existe certo limite na carga poluidora a ser lançada no corpo 
receptor. Se as necessidades de oxigênio para estabilizar a matéria orgânica contida no esgoto lançado forem 
demasiadamente elevadas, todo o OD do corpo receptor poderá ser consumido e, no ponto crítico, ocorrerá 
ausência total de OD. Dependendo da carga poluidora, esta situação pode se prolongar por um longo trecho 
do rio, o que é altamente indesejado. A curva de OD do corpo receptor terá, então, o aspecto mostrado na 
Figura 3. 
7 
 
 
 
Figura 3. Etapas do processo de autodepuração e curva de oxigênio dissolvido nos cursos d’água após o 
despejo de matéria orgânica. 
 
3. LICENCIAMENTO AMBIENTAL E GESTÃO AMBIENTAL NA EMPRESA 
 
3.1. Histórico 
Desde os tempos coloniais, a legislação brasileira preocupava-se com a proteção da natureza, 
especialmente recursos naturais, florestais e pesqueiros. Contudo, era sempre uma preocupação setorial 
voltada para os interesses econômicos imediatos. A partir da década de 30, quando o país sofreu profundas 
modificações políticas, o velho Código Florestal, o Código de Águas (ambos de 1934), assim como o Código 
de Caça e o de Mineração, tinham seu foco voltado para a proteção de determinados recursos ambientais de 
importância econômica. Em 1964 apareceram as primeiras preocupações referentes a utilização dos recursos 
naturais de forma racional, pela compreensão que se atingiu de que tais recursos só se transformariam em 
riquezas se explorados de forma racional e de que se deveria dar múltiplos usos a esses recursos, de tal forma 
que sua exploração para uma determinada finalidade, não impedisse sua exploração para outros fins, nem 
viesse em detrimento da saúde da população e de sua qualidade de vida. Desse período datam, dentre outras, 
a Lei nº 4.504, de 30.12.1964 (Estatuto da Terra), o novo Código Florestal (Lei nº 4.771/1965), a Lei de 
Proteção à Fauna (Lei nº 5.197/1967), Decreto lei nº 221/ 1967 (Código de Pesca), Decreto-lei nº 227/1967 
(Código de Mineração). 
Marco decisivo e que repercutiu de forma notável sobre a legislação ambiental brasileira foi a 
Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente realizada em Estocolmo em 1972. A participação 
brasileira nesta Conferência foi muito importante para os seus rumos, influenciando fortemente nas 
recomendações da Declaração de Estocolmo sobre o Meio Ambiente. A posição oficial brasileira defendia 
que o principal sujeito da proteção ambiental deveria ser o Homem, sendo tão danosa para ele a chamada 
“poluição da pobreza” (falta de saneamento básico e de cuidados com a saúde pública - alimentação e 
higiene) como a “poluição da riqueza” (industrial). A necessidade de dar uma prova pública de que o 
Governo Brasileiro tinha também preocupações com a poluição e com o uso racional dos recursos ambientais 
8 
 
resultou na criação da Secretaria Especial do Meio Ambiente em 1973, “orientada para a conservação do 
meio ambiente e uso racional dos recursos naturais”. Entre as competências da SEMA estavam: 
“acompanhar as transformações do ambiente através de técnicas de aferição direta e sensoriamento remoto, 
identificando as ocorrências adversas e atuando no sentido de sua correção”; “promover a elaboração e o 
estabelecimento de normas e padrões relativos à preservação do meio ambiente, especialmente dos recursos 
hídricos, que assegurem o bem-estar das populações e o seu desenvolvimento econômico”. 
Em 1981, foi implementada a Política Nacional do Meio Ambiente (Lei nº 6.938), cuja principal 
qualidade foi a descentralização de ações, acionando-se os Estados e Municípios como executores de 
medidas e providências que devem estar solidamente embasadas no postulado que o meio ambiente 
representa “um patrimônio a ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo”, 
alterando completamente o enfoque legal que, até então, contemplava a utilização dos recursos naturais 
A Política Nacional do Meio Ambiente visará: 
I - à compatibilização do desenvolvimento econômico-social com a preservação da qualidade do meio 
ambiente e do equilíbrio ecológico; 
III - ao estabelecimento de critérios e padrões de qualidade ambiental e de normas relativas ao uso e manejo 
de recursos ambientais; 
VI - à preservação e restauração dos recursos ambientais com vistas à sua utilização racional e 
disponibilidade permanente, concorrendo para a manutenção do equilíbrio ecológico propício à vida; 
VII - à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados e, 
ao usuário, da contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos. 
São instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente: 
I - o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental; 
II - o zoneamento ambiental; 
III - a avaliação de impactos ambientais; 
IV - o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras; 
V - os incentivos à produção e instalação de equipamentos e a criação ou absorção de tecnologia, voltados 
para a melhoria da qualidade ambiental. 
 
Após a implementação da Política Nacional do Meio Ambiente, em seu artigo 225 a Constituição 
Federal de 1988 explicita que: 
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do 
povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de 
defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. 
Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: 
I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e 
ecossistemas; 
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa 
degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade; 
9 
 
V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem 
risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente; 
VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a 
preservação do meio ambiente. 
 
Assim, é acentuada no País a íntima ligação existente entre a necessidade da conservação ambiental 
com o desenvolvimentoeconômico e o bem-estar das populações e é outorgada ao Poder Público esta 
regulamentação, não deixando de envolver o cidadão como co-responsável pela sua defesa e preservação. O 
meio ambiente permeia diretamente a vida humana e não há como dissociá-los. No entanto, as forças de 
mercado nem sempre atingem o ponto de equilíbrio ideal para atender às necessidades de todos os elementos 
envolvidos. Nesse momento, cabe a atuação do Estado, de forma a determinar limites e a preservar o bem 
comum. A Constituição Federal alçou a direito fundamental do povo tanto o meio ambiente equilibrado 
como o desenvolvimento econômico e social. Esses três elementos formam o tripé do chamado 
desenvolvimento sustentável. O equilíbrio desses interesses resultará na prosperidade almejada. 
 
3.2. Licenciamento Ambiental 
O licenciamento ambiental é instrumento fundamental na busca do desenvolvimento sustentável. Sua 
contribuição é direta e visa a encontrar o convívio equilibrado entre a ação econômica do homem e o meio 
ambiente onde se insere. Busca-se a compatibilidade do desenvolvimento econômico e da livre iniciativa 
com o meio ambiente, dentro de sua capacidade de regeneração e permanência. 
O licenciamento ambiental é uma obrigação legal prévia à instalação de qualquer empreendimento ou 
atividade potencialmente poluidora ou degradadora do meio ambiente e possui como uma de suas mais 
expressivas características a participação social na tomada de decisão, por meio da realização de Audiências 
Públicas como parte do processo. 
Essa obrigação é compartilhada pelos Órgãos Estaduais de Meio Ambiente, no caso de Minas Gerais 
pela Fundação Estadual do Meio Ambiente – Feam, e pelo Ibama, como partes integrantes do SISNAMA 
(Sistema Nacional de Meio Ambiente). O Ibama atua, principalmente, no licenciamento de grandes projetos 
de infra-estrutura que envolvam impactos em mais de um estado e nas atividades do setor de petróleo e gás 
na plataforma continental. 
Na esfera federal, existem normas que regem o processo de licenciamento ambiental, entre as quais se 
destaca a Resolução nº 237/1997 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) que dispõe sobre a 
revisão e complementação dos procedimentos e critérios utilizados para o licenciamento ambiental. 
A Resolução Conama nº 237/97 traz o seguinte conceito de licenciamento ambiental: 
Procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental competente licencia a localização, 
instalação, ampliação e a operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, 
consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras; ou aquelas que, sob qualquer forma, possam causar 
degradação ambiental, considerando as disposições legais e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis 
ao caso. 
10 
 
A licença ambiental é definida também pela Resolução Conama nº 237/97 como: 
Ato administrativo pelo qual o órgão ambiental competente estabelece as condições, restrições e 
medidas de controle ambiental que deverão ser obedecidas pelo empreendedor, pessoa física ou jurídica, 
para localizar, instalar, ampliar e operar empreendimentos ou atividades utilizadoras dos recursos 
ambientais consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou aquelas que, sob qualquer forma, possam 
causar degradação ambiental. 
Ou seja, licenciamento ambiental é entendido como um conjunto de atos que visam a um fim – a 
concessão da licença ambiental. Já a licença ambiental é uma autorização emitida pelo órgão público 
competente. Ela é concedida ao empreendedor para que exerça seu direito à livre iniciativa, desde que 
atendidas as precauções requeridas, a fim de resguardar o direito coletivo ao meio ambiente ecologicamente 
equilibrado. 
O licenciamento é composto por três tipos de licença: prévia, de instalação e de operação. Cada uma 
refere-se a uma fase distinta do empreendimento e segue uma sequência lógica de encadeamento. Essas 
licenças, no entanto, não eximem o empreendedor da obtenção de outras autorizações ambientais específicas 
junto aos órgãos competentes, a depender da natureza do empreendimento e dos recursos ambientais 
envolvidos. Atividades que se utilizam de recursos hídricos, por exemplo, também necessitarão da outorga 
de direito de uso desses. 
Licença Prévia (LP) - concedida na fase preliminar do planejamento do empreendimento ou atividade 
aprovando sua localização e concepção, atestando a viabilidade ambiental e estabelecendo os requisitos 
básicos e condicionantes a serem atendidos nas próximas fases de sua implementação (< 5 anos). 
Licença de Instalação (LI) - autoriza a instalação do empreendimento ou atividade de acordo com as 
especificações constantes dos planos, programas e projetos aprovados, incluindo as medidas de controle 
ambiental e demais condicionantes, da qual constituem motivo determinante (< 6 anos). 
Licença de Operação (LO) - autoriza a operação da atividade ou empreendimento, após a verificação 
do efetivo cumprimento do que consta das licenças anteriores, com as medidas de controle ambiental e 
condicionantes determinados para a operação entre (4 < LO < 10 anos). 
 
Em Minas Gerais o licenciamento ambiental é regulamentado pela Fundação Estadual de Meio 
Ambiente – FEAM, e por mais dois órgão o IEF – Instituto Estadual de Florestas, responsável pelo 
licenciamento de possíveis intervenções a serem realizadas em florestas ou áreas de preservação permanente 
(APP) ou mesmo a supressão de qualquer tipo de vegetação arbórea; e pelo IGAM – Instituto Mineiro de 
Gestão das Águas, responsável pela concessão de outorgas de direito de uso dos recursos hídricos estaduais. 
11 
 
OBS: 
Outorga é um ato administrativo pelo qual o poder público outorgante faculta ao usuário o uso da água, por 
prazo determinado, nas condições expressas no respectivo ato. 
Rios estaduais são aqueles que nascem e deságuam em outros rios ou lagos dentro de um único estado, ou 
nascem em um estado e deságuam no mar. 
Rios Federais são aqueles que cortam dois ou mais estados da federação, antes de desaguarem em outros 
rios, lagos ou mar. 
 
A legislação mineira estabelece critérios para classificação, segundo o porte e potencial poluidor, de 
empreendimentos e atividades modificadoras do meio ambiente passíveis de autorização ou de licenciamento 
ambiental no nível estadual é a Deliberação Normativa do Conselho de Política Ambiental nº 74/2004 
(COPAM). 
A DN COPAM nº 74/2004 traz uma listagem de atividades que são potencialmente causadoras de 
danos ambientais, e que estão organizadas da seguinte forma: 
- Listagem A – Atividades Minerárias 
- Listagem B - Atividades Industriais / Indústria Metalúrgica e Outras 
- Listagem C- Atividades Industriais / Indústria Química 
- Listagem D - Atividades Industriais / Indústria Alimentícia 
- Listagem E – Atividades de Infra-Estrutura 
- Listagem F - Serviços e Comércio Atacadista 
- Listagem G – Atividades Agrossilvipastoris 
Ainda segundo a DN COPAM nº 74/2004 os empreendimentos e atividades modificadoras do meio 
ambiente são enquadradas em seis classes que conjugam o porte e o potencial poluidor ou degradador do 
meio ambiente (1,2,3,4,5 e 6) (Tabela 1). 
 
Tabela 1. Determinação da classe do empreendimento a partir do potencial poluidor da atividade e do porte. 
 Potencial Poluidor Geral 
P M G 
Porte do Empreendimento 
P 1 1 3 
M 2 3 5 
G 4 4 6 
 
O potencial poluidor/degradador da atividade é considerado pequeno (P),- médio (M) ou grande (G), 
em função das características intrínsecas da atividade. O potencial poluidor é considerado sobre as variáveis 
ambientais: ar, água e solo. Para efeito de simplificação inclui-se no potencial poluidor sobre o ar os efeitos 
de poluição sonora, e sobre o solo osefeitos nos meios biótico e sócio- econômico. 
Quanto ao porte e ao potencial poluidor do empreendimento podem ser feitas as seguintes 
considerações: 
12 
 
I – Pequeno porte e pequeno ou médio potencial poluidor: Classe 1; 
II – Médio porte e pequeno potencial poluidor: Classe 2; 
III – Pequeno porte e grande potencial poluidor ou médio porte e médio potencial poluidor: Classe 3; 
IV – Grande porte e pequeno potencial poluidor: Classe 4; 
V – Grande porte e médio potencial poluidor ou médio porte e grande potencial poluidor: Classe 5; 
VI – Grande porte e grande potencial poluidor: Classe 6. 
 
Seguem alguns exemplos de atividades potencialmente poluidoras constantes no anexo da DN 
COPAM nº 74/2004: 
 
 
 
13 
 
 
 
Os empreendimentos enquadrados nas classes 1 e 2, considerados de impacto ambiental não 
significativo, ficam dispensados do processo de licenciamento ambiental no nível estadual, mas sujeitos 
obrigatoriamente à Autorização Ambiental de Funcionamento - AAF, pelo órgão ambiental estadual 
competente. A autorização ambiental de funcionamento somente será efetivada se comprovada a 
regularidade face às exigências de autorização para intervenção ambiental/florestal (IEF), e de Outorga de 
Direito de Uso de Recursos Hídricos (IGAM ou ANA), através da emissão da outorga. As demais classes 
estão sujeitas a todo o processo de licenciamento ambiental. 
Em Minas Gerais o processo de licenciamento ocorre nas Superintendências Regionais de Meio 
Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SUPRAMs), conforme Figura 4. 
As etapas do licenciamento contemplam preenchimento do FCEI - Formulário Integrado de 
Caracterização do Empreendimento, onde são exigidas todas as informações relativas ao empreendimento 
que se quer licenciar. Uma vez preenchido o FCEI, o órgão ambiental fornece o FOBI - Formulário de 
Orientação Básica Integrado onde são listados os documentos necessários para a formalização do processo 
como: Plano de Controle Ambiental – PCA, Relatório de Controle Ambiental – RCA (Empreendimentos 
Classe 3 e 4, geralmente), Estudo de Impacto Ambiental – EIA e o Relatório de Impacto Ambiental – RIMA 
(Empreendimentos Classe 5 e 6, geralmente), condicionantes em função do projeto apresentado no caso de 
LI e LO, valores a serem pagos, etc. 
Na terceira etapa do processo deve-se fazer a formalização do processo junto à SUPRAM conforme 
FOB recebido, a partir de quando será realizada uma vistoria de campo pelos técnicos da SUPRAM - Nessa 
fase pode haver pedido de informações complementares por parte da SUPRAM. Atendidas todas as 
14 
 
exigências legais a SUPRAM tem prazo de 180 dias para análise técnica e jurídica do processo e emissão do 
parecer sobre a concessão ou não da licença 
 
 
Figura 4. Localização das Superintendências Regionais de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável 
(SUPRAMs) no estado de Minas Gerais. 
 
3.3. Gestão Ambiental na Empresa 
O processo de globalização das relações econômicas impulsionou o comprometimento das empresas 
com a questão ambiental, atingindo principalmente aquelas inseridas no mercado internacional: empresas 
Reduzir os custos com a eliminação de desperdícios, desenvolver tecnologias limpas e baratas, reciclar 
insumos não são apenas princípios de gestão ambiental, mas condição de sobrevivência empresarial 
transnacionais e empresas exportadoras. As empresas transnacionais, por determinação de seus acionistas, 
vêm adotando os padrões ambientais definidos em seus países de origem, onde os padrões e normas legais 
são mais rigorosos. As empresas exportadoras enfrentam um novo protecionismo: a discriminação de 
produtos e serviços que não comprovem a estrita observância das normas ambientais 
Essas empresas estão influenciando o entorno de fornecedores e começam a explorar o diferencial 
ambiental também no mercado interno, o que está impulsionando a adoção do Sistema de Gestão Ambiental 
(SGA). Os procedimentos de gestão ambiental foram padronizados em nível mundial, com objetivo de 
15 
 
definir critérios e exigências semelhantes. A garantia de que a empresa atende a esses critérios é a 
certificação ambiental, segundo as normas ISO 14.000. A implantação de um SGA é optativa, não é 
obrigatória, não é lei. 
OBS: 
Dentre as diversas áreas de atuação da ISO estão as normas de certificação ambiental, como segue: 
 - ISO 14.001 - define os requisitos para certificação ambiental; 
 - ISO 14.004 - é uma norma orientativa, que exemplifica e detalha as informações necessárias à 
implementação de um SGA; 
 - ISSO 14.010, 14.011 e 14.012 - referem-se ao processo de auditoria ambiental; 
 - ISO 14.032 - define a integração entra as normas de qualidade e de meio ambiente. 
 
O SGA representa um ciclo contínuo de planejamento, implementação, revisão e melhoria das ações 
da organização para que possam ser cumpridas as obrigações ambientais. Para melhorar o desempenho 
ambiental, a organização tem que avaliar não apenas quais são as ocorrências que podem prejudicar o 
desempenho ambiental, mas também por que elas ocorrem e implementar medidas para corrigir os problemas 
observados e para evitar que ocorram novamente. A maioria dos modelos de gerenciamento baseia-se no 
princípio de melhoria contínua, no conhecido ciclo da qualidade ou PDCA: planejar, fazer, checar e agir, 
conforme mostrado na Figura 5. 
 
 
Figura 5. Princípio da melhoria contínua (ciclo PDCA) (NBR ISO 14.001, 2004). 
 
Os principais estágios do SGA definidos pela NBR ISO 14.001 podem ser descritos da seguinte forma: 
Comprometimento e política - a administração estabelece a política ambiental da empresa, que deve ser 
apropriada à natureza e escala dos impactos ambientais, comprometer-se com a melhoria contínua e com o 
16 
 
atendimento à legislação, garantir o monitoramento e a comunicação com empregados e fornecedores e que 
esteja disponível ao público. 
Planejamento - a empresa define as atividades necessárias para a adequação ambiental através da 
identificação dos aspectos e impactos ambientais em relação aos requisitos legais, estabelece os objetivos, 
avalia alternativas, define as metas e elabora os Programas de Gestão Ambiental (PGA), que são necessários 
para o alcance dos objetivos e metas ambientais que visam apoiar o cumprimento. 
Implementação - a empresa inicia o desenvolvimento do plano de ação, estabelecendo responsabilidades, 
procedimentos operacionais, desenvolvendo treinamentos, comunicação, documentação, controles 
operacionais e um plano de emergência. 
Avaliação - a empresa avalia através do monitoramento e medições dos indicadores ambientais que 
evidenciem que as metas estão sendo alcançadas. Deve ainda ser estabelecido um procedimento para 
registros das não-conformidades (o que ainda não está certo) e das respectivas ações corretivas e preventivas. 
Revisão - a alta administração da empresa deverá analisar criticamente o SGA, definindo as modificações 
necessárias à sua otimização e efetividade verificando se as metas ambientais propostas estão sendo 
alcançadas e se o SGA está sendo efetivamente implementado. O estágio de revisão conclui o ciclo de 
melhoria contínua. 
Para avaliar a adequação do SGA, a organização deve realizar um programa de auditorias ambientais, 
que podem ser: interna, que é realizada pela própria organização para auto-avaliação do SGA; externa, 
realizada por um cliente em seus fornecedores; ou ainda auditoria, realizada por terceiros por força legal ou 
para a obtenção de certificação ISO 14.000. 
A implementação de um SGA constitui uma ferramenta para que o empresário identifique 
oportunidades de melhorias que reduzam os impactos das atividades de sua empresa sobre o meio ambiente,orientando de forma otimizada os investimentos para implementação de uma política ambiental eficaz, capaz 
de gerar novas receitas e oportunidades de negócio. 
As principais vantagens do SGA são a minimização de custos, de riscos, a melhoria organizacional e a 
criação de um diferencial competitivo. Os custos são reduzidos pela eliminação de desperdícios, 
racionalização de recursos humanos, físicos e financeiros e pela conquista da conformidade ambiental ao 
menor custo. 
 
4. CICLOS BIOGEOQUÍMICOS 
Matéria e energia são conceitos fundamentais ligados à vida no planeta. O fluxo unidirecional de 
energia solar proporciona condições para síntese da matéria orgânica pelos seres autótrofos e sua 
decomposição e retorno ao meio como elementos inorgânicos pela ação dos microconsumidores heterótrofos. 
Esse processo de reciclagem da matéria é de suma importância, uma vez que os recursos na Terra são finitos 
e a vida depende do equilíbrio natural desse ciclo. 
Os elementos essenciais à vida participam dessa trajetória desde o meio inanimado, passando pelos 
organismos vivos e retornando ao meio original. Um elemento essencial disponível para os produtores, em 
forma molecular ou iônica, recebe o nome de nutriente. Podemos distinguir dois grandes grupos de 
17 
 
nutrientes: os chamados macronutrientes, que participam em quantidades superiores a 0,2% do peso orgânico 
seco; e os chamados micronutrientes, que participam em quantidades inferiores a 0,2% do peso orgânico 
seco do ser vivo. 
Dentre os principais macronutrientes, podemos citar: carbono (C), hidrogênio (H), oxigênio (O), 
nitrogênio (N), fósforo (P), enxofre (S), cloro (Cl), potássio (K), sódio (Na), cálcio (Ca), magnésio (Mg) e 
ferro (Fe). Como principais micronutrientes, citamos: alumínio (Al), boro (B), cromo (Cr), zinco (Zn), 
molibdênio (Mo), vanádio (V), selênio (Se) e cobalto (Co). 
Os elementos essenciais fazem parte, portanto, de ciclos que recebem o nome de biogeoquímicos. Bio, 
porque os organismos vivos interagem no processo de síntese orgânica e decomposição dos elementos; geo, 
porque o meio terrestre é a fonte dos elementos, e químicos porque são ciclos de elementos químicos. O ciclo 
biogeoquímico é o percurso realizado no ambiente por um elemento químico essencial à vida. Ao longo do 
ciclo, cada elemento é absorvido e reciclado por componentes bióticos (seres vivos) e abióticos (ar, água, 
solo) da biosfera, e às vezes pode se acumular durante um longo período de tempo em um mesmo lugar. 
 
4.1. A água na natureza 
A água é a substância simples mais abundante no planeta Terra e pode ser encontrada tanto no estado 
líquido, gasoso ou sólido, na atmosfera, sobre ou sob a superfície terrestre, nos oceanos, mares, rios e lagos. 
Também o constituinte inorgânico mais presente na matéria viva: cerca de 60% do peso do homem é 
constituído de água e em certos animais aquáticos esta porcentagem alcança 98%. Cientistas estimam que o 
nosso planeta tenha três quartos de sua massa só de água (1,36 x 10
18
 m
3
). Os mares e os oceanos contêm a 
maior parte das águas sendo formada por água salgada. Outra parte está estocada sob a forma de neve ou 
gelo, no topo das grandes cadeias de montanhas ou nas zonas polares. Apenas uma pequena parte do total 
encontra-se disponível como água doce nos aquíferos subterrâneos, os rios e lagos superficiais e na 
atmosfera na forma de vapor d’água. A maior parte das águas subterrâneas encontra-se em profundezas que 
inviabilizam sua exploração atualmente. Diante desta situação é de importância fundamental para o futuro da 
humanidade, e sua própria sobrevivência, que se valorize a preservação dos recursos hídricos do planeta em 
suas condições naturais. 
Os 1,36 x 10
18
 m
3
 de água disponível existentes na Terra distribuem-se da seguinte forma: 
Água salgada (Oceanos e mares) ........................................................................................................... 97% 
Água doce ............................................................................................................................................... 3% 
 Calotas polares e geleiras ........................................................................................................... 75% 
 Subsolo (entre 3.750 e 750 m) .................................................................................................... 13,7% 
 Subsolo (acima de 750 m) .......................................................................................................... 10,7% 
 Lagos .......................................................................................................................................... 0,3% 
 Rios ............................................................................................................................................. 0,03% 
 Umidade do solo ......................................................................................................................... 0,06% 
 Atmosfera (vapor d’água) ........................................................................................................... 0,035% 
 
18 
 
Conhecida a distribuição da água na Terra, é importante também que se saiba como ela se movimenta 
no planeta, o seu permanente movimento de mudanças de estado (sólido, líquido ou gasoso) ou de posição 
(superficial, subterrânea ou atmosférica) em relação à superfície da Terra. 
 
4.1.1. Ciclo hidrológico 
O ciclo hidrológico é um fenômeno global de circulação fechada da água entre a superfície terrestre e 
a atmosfera, impulsionado fundamentalmente pela energia solar associada à gravidade e à rotação terrestre. 
O fluxo de água sobre a superfície terrestre é positivo, ou seja, a precipitação é maior que a 
evapotranspiração, resultando nas vazões dos rios, enquanto nos oceanos o fluxo é negativo, já que ocorre 
maior evaporação sobre superfícies líquidas do que precipitação. 
O conceito de ciclo hidrológico (Figura 6) está ligado ao movimento e à troca de água nos seus 
diferentes estados físicos, que ocorre na Hidrosfera, entre os oceanos, as calotas de gelo, as águas 
superficiais, as águas subterrâneas e a atmosfera. Este movimento permanente deve-se ao Sol, que fornece a 
energia para elevar a água da superfície terrestre para a atmosfera (evaporação), e à gravidade, que faz com 
que a água condensada caia (precipitação) e que, uma vez na superfície, circule através de linhas de água que 
se reúnem em rios até atingir os oceanos (escoamento superficial) ou se infiltre nos solos e nas rochas, 
através dos seus poros, fissuras e fraturas (escoamento subterrâneo). Nem toda a água precipitada alcança a 
superfície terrestre, já que uma parte, na sua queda, pode ser interceptada pela vegetação e volta a evaporar-
se. 
 
 
Figura 6. Ciclo hidrológico (Braga et al., 2005). 
 
19 
 
a) Evapotranspiração 
A transferência da água para o meio atmosférico se dá através dos seguintes principais mecanismos, 
conjuntamente denominados de evapotranspiração: Evaporação: transferência da água superficial do estado 
líquido para o gasoso. A evaporação depende da temperatura e da umidade relativa do ar; e Transpiração: as 
plantas retiram a água do solo pelas raízes. A água é transferida para as folhas e então evapora. Este 
mecanismo é importante, considerando-se que em uma área coberta com vegetação a superfície de exposição 
das folhas para a evaporação é bastante elevada. 
b) Precipitação 
A precipitação compreende toda a água que cai da atmosfera na superfície da Terra. As principais 
formas são: chuva, neve, granizo e orvalho. A precipitação é formada a partir dos seguintes estágios: 
resfriamento do ar à proximidade da saturação, condensação do vapor d'água na formade gotículas, aumento 
do tamanho das gotículas por coalizão e aderência até que estejam grandes o suficiente para formar a 
precipitação. 
c) Escoamento superficial 
A precipitação que atinge a superfície da Terra tem dois caminhos por onde seguir: escoar na 
superfície ou infiltrar no solo. O escoamento superficial é responsável pelo deslocamento da água sobre o 
terreno, formando córregos, lagos e rios e eventualmente atingindo o mar. A quantidade de água que escoa 
depende dos seguintes fatores principais: intensidade da chuva e capacidade de infiltração do solo. 
d) Infiltração 
A infiltração corresponde à água que atinge o solo, formando os lençóis d'água. A água subterrânea é 
grandemente responsável pela alimentação dos corpos d'água superficiais, principalmente nos períodos 
secos. Um solo coberto com vegetação (ou seja, com menor impermeabilização advinda, por exemplo, da 
urbanização) é capaz de desempenhar melhor as seguintes importantes funções: menos escoamento 
superficial (menos enchentes nos períodos chuvosos), mais infiltração (maior alimentação dos rios nos 
períodos secos), e menos carreamento de partículas do solo para os cursos d' água. 
 
4.1.2. Interferência antrópica nas águas 
É através da infiltração que se realiza o recarregamento das reservas freáticas e o umedecimento dos 
solos, ou seja, dos depósitos de água disponível para a vegetação terrestre e para as atividades biológicas que 
se desenvolvem nas camadas superficiais dos continentes (Figura 7). 
Quando a água infiltra no solo carrega consigo os poluentes que por ventura sejam depositados sobre 
os solos, sejam fertilizantes, pesticidas, resíduos sólidos diluídos em águas e águas contaminadas, além das 
deposições atmosféricas. O solo, como um reator natural, tem capacidade de reter poluentes por adsorção, 
reações químicas de precipitação, além de ser suporte para o desenvolvimento de microrganismos e plantas 
que contribuem para degradar poluentes por meio da produção de exudatos e pela absorção direta. No 
entanto, uma vez suplantada esta capacidade de retenção de poluentes, estes são carreados pela água de 
infiltração podendo alcançar as águas subterrâneas. A contaminação das águas subterrâneas é silenciosa e de 
difícil detecção e remediação. 
20 
 
 
 
Figura 7. A água no solo (adaptado de Braga et al., 2005). 
 
O escoamento superficial é responsável (ao lado da ressurgência de águas infiltradas) pela formação 
de córregos, rios e lagos. A maior ou menor proporção do escoamento superficial em relação à infiltração é 
influenciada fortemente pela presença ou ausência da cobertura vegetal. O escoamento superficial também é 
responsável pelo carreamento de poluentes sólidos e líquidos lançados ou depositados sobre a superfície do 
solo. Pode haver carreamento de poluentes por meio do carreamento de partículas de solo que, como já 
vimos, pode adsorver poluentes em suas partículas. Com o aumento da intensidade do escoamento 
superficial, aumenta também o risco de contaminação das águas superficiais, trazendo diversos impactos 
negativos para este ambiente. 
Todo o processo de manutenção da qualidade e de poluição das águas deve ser tratado 
preferencialmente dentro da bacia hidrográfica. Bacia hidrográfica é uma área definida topograficamente, 
drenada por um curso d’água ou um sistema conectado de cursos d’água tal que toda a água que precipita 
nesta área seja descarregada através de uma única saída. Na bacia hidrográfica é que se encontram os 
fenômenos naturais e aqueles causados pela interferência humana e que interferem diretamente na qualidade 
das águas da bacia (Figura 8). Assim, pode-se dizer que a qualidade de uma determinada água é função das 
condições e do uso e ocupação do solo na bacia hidrográfica. 
Condições naturais: mesmo com a bacia hidrográfica preservada nas suas condições naturais, a 
qualidade das águas é afetada pelo escoamento superficial e pela infiltração no solo, resultantes da 
precipitação atmosférica. O impacto é dependente do contato da água em escoamento ou infiltração com as 
partículas, substâncias e impurezas no solo. Assim, a incorporação de sólidos em suspensão (ex: partículas 
de solo) ou dissolvidos (ex: íons oriundos da dissolução de rochas) ocorre, mesmo na condição em que a 
bacia hidrográfica esteja totalmente preservada em suas condições naturais (ex: ocupação do solo com matas 
e florestas). Neste caso, têm grande influência a cobertura e a composição do solo. 
Interferência dos seres humanos: a interferência do homem quer de uma forma concentrada, como 
na geração de despejos domésticos ou industriais, quer de uma forma dispersa, como na aplicação de 
defensivos agrícolas no solo, contribui na introdução de compostos na água, afetando a sua qualidade. 
Portanto, a forma em que o homem usa e ocupa o solo tem uma implicação direta na qualidade da água. 
21 
 
 
Figura 8. Exemplos de interrelação entre o uso e ocupação do solo em uma bacia hidrográfica e 
fontes alteradoras de qualidade das águas (Von Sperling, 2005). 
 
Dentre os diversos usos da água, destacam-se: abastecimento humano, dessedentação de animais, 
abastecimento industrial; irrigação; diluição e transporte de dejetos, preservação da flora e da fauna, geração 
de energia elétrica, recreação e lazer, criação de espécies aquáticas, navegação, e harmonia paisagística. 
Destes usos, os quatro primeiros (abastecimento doméstico, abastecimento industrial, irrigação e 
possivelmente dessedentação de animais) implicam na retirada da água das coleções hídricas onde se 
encontram. Os demais usos são desempenhados na própria coleção de água. 
Em termos gerais, apenas os usos para abastecimento doméstico e abastecimento industrial estão 
frequentemente associados a um tratamento prévio da água, face aos seus requisitos de qualidade mais 
exigentes. 
A interrelação entre o uso da água e a qualidade requerida é direta. Na lista de usos acima, pode-se 
considerar que o uso mais nobre seja representado pelo abastecimento de água doméstico, o qual requer a 
satisfação de diversos critérios de qualidade. De forma oposta, o uso menos nobre é o da simples diluição de 
despejos, o qual não possui nenhum requisito especial em termos de qualidade. No entanto, deve-se lembrar 
que diversos corpos d'água têm usos múltiplos previstos, decorrendo daí a necessidade da satisfação 
simultânea de diversos critérios de qualidade. Tal é o caso, por exemplo, de represas construídas com 
finalidade de abastecimento de água, geração de energia, recreação, irrigação e outros. 
A demanda das populações por água depende dos padrões e costumes de uso, da renda, de sua 
localização urbana ou rural, da disponibilidade de água e outros fatores. Segundo a Organização Mundial de 
Saúde (OMS), as populações rurais de países em desenvolvimento consomem entre 35 e 90 litros de água 
por habitante por dia. Entretanto, em alguns desses países verifica-se um consumo de até cinco litros por 
habitante por dia, o mínimo necessário para manter a vida. 
22 
 
A demanda de água das populações urbanas, mesmo em países em desenvolvimento, é bastante 
superior. O planejamento dos serviços de água nas grandes cidades brasileiras delimita a demanda média 
residencial em 100 litros por habitante por dia para as populações faveladas, 180 litros para as populações de 
baixa renda e 300 litros por habitante por dia para as populações de média e alta rendas. 
A demanda de água pela indústria depende de coeficientes técnicos e das perdas de cada setor, além da 
tecnologia adotada. Há indústrias altamente consumidoras e outras de baixa demanda, que podem ser abas-
tecidas pela rede pública ou por poços profundos. Além do consumo de água para a produção, a indústriautiliza a água para o lançamento de despejos industriais. 
A atividade econômica que mais consome água é a irrigação de culturas agrícolas, graças às elevadas 
perdas provocadas pela evapotranspiração. Em termos mundiais, a agricultura utiliza cerca de 70% da água 
disponível, a indústria consome 23% e as residências 8%. Em países em desenvolvimento, a utilização de 
água pela agricultura chega a atingir 80%. 
No Brasil as vazões de água retiradas dos cursos de água e efetivamente consumidas estão 
apresentadas na Tabela 2. 
Atualmente, há grande demanda por água para abastecimento humano, industrial e irrigação. Além da 
elevada demanda, existe a distribuição irregular da água pelos continentes. No Brasil, por exemplo, um país 
considerado rico em água, apresenta cerca de 90% da disponibilidade hídrica nas regiões norte e centro-
oeste, onde vive 14% da população brasileira e a demanda hídrica é de apenas 9%. Assim sobra para os 86% 
da população distribuída pelas regiões sul, sudeste e nordeste que demandam 91% da água consumida no 
Brasil apenas 10% da disponibilidade hídrica brasileira. 
Além das deficiências em função da distribuição hídrica irregular na Terra, a população mundial 
continua crescente e projeções apontam para mais de 10 bilhões de habitantes em 2100 (Braga et al., 2005). 
A crescente população demanda água para consumo e para atividades de produção, e a agricultura que já 
demanda elevada quantidade de água deve demandar ainda mais para suprir o aumento da demanda por 
alimentos. Outro fator preocupante são as projeções do IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change) 
que apontam para o aumento da temperatura média da Terra e, consequentemente, aumento da demanda por 
água em irrigação de áreas que atualmente produzem alimento sem a necessidade de suprimento adicional de 
água. 
A presença do homem, além da interferência na qualidade das águas, pode também ser notada por 
meio do desmatamento e da impermeabilização via pavimentação do solo. Isso acelera a evaporação e reduz 
a recarga dos aquíferos subterrâneos, gerando, assim, maiores enchentes nos cursos de água que cortam 
centros urbanos, causando uma série de danos físicos, econômicos e transtornos aos habitantes da cidade. 
 
23 
 
Tabela 2. Vazões de retirada, consumo e retorno ao curso d’água por tipo de usuário. 
Tipo de uso 
Retirada Consumo Retorno ao curso d’água 
m
3
 s
-1
 % m
3
 s
-1
 % m
3
 s
-1
 % 
Urbano 420 26 88 11 332 44 
Industrial 281 18 55 7 226 30 
Rural 40 3 18 2 22 3 
Animal 112 7 89 11 23 3 
Irrigação 739 46 591 69 148 20 
Fonte: ANA (2005). 
 
4.2. Ciclo do carbono 
O carbono é o elemento fundamental na constituição das moléculas orgânicas. Os principais 
reservatórios de carbono na Terra são: atmosfera, vegetação terrestre (florestas, principalmente), solos e 
matéria orgânica, carvão mineral, petróleo, gás natural, carbono orgânico dissolvido nas águas, sedimentos 
marinhos, rochas sedimentares 
O reservatório atmosférico é onde o nutriente das plantas encontra-se na forma de dióxido de carbono 
(CO2), um gás que, nas condições naturais de temperatura e pressão, é inodoro e incolor. O carbono é o 
principal constituinte da matéria orgânica, participando em 49% do peso orgânico seco. O ciclo do carbono é 
um ciclo perfeito, pois o carbono é devolvido ao meio à mesma taxa a que é sintetizado pelos produtores. 
O carbono passa a fazer parte da biomassa através do processo da fotossíntese. Os seres 
fotossintetizantes incorporam o gás carbônico atmosférico, transformando-se em moléculas orgânicas. As 
plantas utilizam o CO2 e o vapor de água da atmosfera para, na presença de luz solar, sintetizar compostos 
orgânicos de carbono, hidrogênio e oxigênio, tais como a glicose (C6H12O6). A reação de fotossíntese pode 
ser expressa como: 
6CO2 + 6H2O + Energia Solar  C6H12O6 + 6O2 (Eq. 1) 
A Eq. 1 é uma simplificação de um conjunto de aproximadamente 80 a 100 reações químicas. 
Entretanto, é importante observar dois pontos: a) a fixação do carbono em sua forma orgânica indica que a 
fotossíntese é a base da vida na Terra; e b) a energia solar é armazenada como energia química nas moléculas 
orgânicas da glicose. 
A energia armazenada nas moléculas orgânicas é liberada no processo inverso ao da fotossíntese: a 
respiração. Na respiração, temos a quebra das moléculas, com a consequente liberação de energia para 
realização das atividades vitais dos organismos. A reação de respiração é dada por: 
C6H12O6 + 6O2  6CO2 + 6H2O + energia celular (Eq. 2) 
Por meio da fotossíntese (Eq. 1) e da respiração (Eq. 2), o carbono passa de sua fase inorgânica à fase 
orgânica e volta para a fase inorgânica, completando, assim, parte de seu ciclo biogeoquímico. Fotossíntese e 
respiração são processos de reciclagem do carbono e do oxigênio em várias formas químicas em todos os 
ecossistemas. 
24 
 
Uma vez incorporado às moléculas orgânicas dos produtores (vegetais e microrganismos 
fotossintetizantes), poderá seguir dois caminhos (Figura 9): ou será liberado novamente para a atmosfera na 
forma de CO2, como resultado da degradação das moléculas orgânicas no processo respiratório, ou será 
transferido na forma de moléculas orgânicas aos animais herbívoros quando estes comerem os produtores 
(uma parte será transferida para os decompositores que liberarão o carbono novamente para a atmosfera, 
degradando as moléculas orgânicas presentes na parte que lhes coube). Os animais, através da respiração, 
liberam à atmosfera parte do carbono assimilado, na forma de CO2. Parte do carbono contido nos herbívoros 
será transferida para os níveis tróficos seguintes e outra parte caberá aos decompositores e, assim, 
sucessivamente, até que todo o carbono fixado pela fotossíntese retorne novamente à atmosfera na forma de 
CO2. Os oceanos também são grandes reservatórios de gás carbônico realizando uma troca constante deste 
com a atmosfera em um processo recíproco e contínuo. 
 
 
Figura 9. Ciclo do carbono (Braga et al., 2005). 
 
Na Figura 9, podemos distinguir um ciclo principal, por meio do qual produtores, consumidores e 
decompositores participam, respectivamente, dos processos de fotossíntese e respiração, e um ciclo 
secundário, mais lento, do decaimento de plantas e animais que foram incorporados por processos geológicos 
na crosta terrestre. Nesses processos, os organismos foram transformados em combustíveis fósseis e calcário, 
que ficam à margem do ciclo principal. Os combustíveis fósseis são, portanto, energia solar armazenada na 
forma de moléculas orgânicas no interior da Terra. 
Em termos de poluição por resíduos sólidos e líquidos, a parte do ciclo do carbono relacionada à 
degradação microbiana (decompositores) torna-se de grande relevância. A degradação da matéria orgânica 
25 
 
sólida e, ou, líquida, rica em carbono pode ser processada de duas formas: anaerobiamente, na ausência de 
oxigênio e aerobiamente, na presença de oxigênio. 
 
4.2.1. Degradação anaeróbia 
A degradação anaeróbia de compostos orgânicos é normalmente considerada um processo de dois 
estágios. No primeiro estágio, um grupo de bactérias anaeróbias, denominadas formadoras de ácidos ou 
fermentativas, convertem por hidrólise e fermentação os compostos orgânicos complexos (como 
carboidratos, proteínas e lipídios) em outros compostos (materiais orgânicos mais simples, principalmente 
ácidos orgânicos). No segundo estágio ocorre a conversão dos ácidos orgânicos, gás carbônico e hidrogênio 
em produtos finais gasosos, o metano e o gás carbônico. 
Matéria Orgânica + bactérias  CH4 + CO2 + Energia celular + bactérias 
Embora o processo de digestão anaeróbia seja simplificadamenteconsiderado como de duas fases, este 
pode ser subdividido em quatro fases principais, como a Hidrólise, Acidogênese, Acetogênese e 
Metanogênese (Figura 10). 
Uma vez que as bactérias não são capazes de assimilar a matéria orgânica particulada, a primeira fase 
no processo de degradação anaeróbia consiste na HIDRÓLISE de materiais particulados complexos 
(polímeros), em materiais dissolvidos mais simples (moléculas menores), os quais podem atravessar as 
paredes celulares das bactérias fermentativas. Na anaerobiose, a hidrólise dos polímeros usualmente ocorre 
de forma lenta, sendo vários os fatores que podem afetar o grau e a taxa em que o substrato é hidrolisado: 
temperatura; tempo de contato do substrato (matéria orgânica) com os microrganismos; composição dos 
resíduos; pH do resíduo; etc. 
Os produtos solúveis oriundos da fase de hidrólise são metabolizados no interior das células das 
bactérias fermentativas, sendo convertidos em diversos compostos mais simples, os quais são então 
excretados pelas células. Nesta etapa, a ACIDOGÊNESE, os compostos produzidos incluem ácidos graxos 
voláteis, álcoois, ácido lático, gás carbônico, hidrogênio, amônia e sulfeto de hidrogênio, além de novas 
células bacterianas. Como os ácidos graxos voláteis são o principal produto dos organismos fermentativos, 
estes são usualmente designados de bactérias fermentativas acidogênicas. 
Durante a formação dos ácidos uma grande quantidade de hidrogênio também é formada, fazendo com 
que o valor do pH no meio aquoso decresça. Neste ponto é importante que a água residuária tenha 
alcalinidade suficiente para que o pH não diminua tanto e se mantenha em uma faixa de valor ideal próxima 
à neutralidade. As metanogênicas, principais responsáveis pela degradação do material orgânico contido nos 
despejos, são mais sensíveis aos fatores ambientais e apresentam crescimento ótimo na faixa de pH entre 6,8 
e 7,4. Já as bactérias produtoras de ácidos voláteis têm crescimento ótimo na faixa de pH entre 5 e 6. 
Na ACETOGÊNESE as bactérias acetogênicas são responsáveis pela oxidação dos produtos gerados 
na fase acidogênica em substrato apropriado para as arquéias metanogênicas. Dessa forma, as bactérias 
acetogênicas fazem parte de um grupo metabólico intermediário, que produz substrato para as 
metanogênicas. Os produtos gerados pelas bactérias acetogênicas são o hidrogênio, o dióxido de carbono e o 
acetato. 
26 
 
A etapa final (METANOGÊNESE) no processo global de degradação anaeróbia de compostos 
orgânicos em metano e dióxido de carbono é efetuada pelas arquéias metanogênicas. 
No processo de degradação da matéria orgânica, a remoção de carbono da água residuária e, 
consequentemente a redução de seu potencial poluidor, só ocorre quando há conversão do carbono nas 
formas gasosas metano (CH4) e dióxido de carbono (CO2). Se a produção de metano ou CO2 não acontecer, o 
carbono continuará dissolvido na água residuária e, consequentemente, será mantido seu poder poluente. 
Assim, na degradação anaeróbia torna-se importantíssimo a manutenção dos valores de pH próximo à 
neutralidade para que as arquéias metanogênicas não sejam eliminadas dos sistema de tratamento e, 
consequentemente, não seja alcançado o objetivo de degradação da matéria orgânica (carbono) e 
despoluição das águas residuárias. 
 
 
Figura 10. Fundamentos da degradação anaeróbia. 
 
27 
 
4.2.2. Degradação aeróbia 
Os processos fermentativos (anaeróbios) levam a formação de moléculas orgânicas pequenas, mas 
ainda capazes de liberar energia. Por exemplo, o álcool etílico, um dos produtos da fermentação da glicose, 
contem quantidades razoáveis de energia liberáveis, tanto que é utilizado como combustível. A respiração 
aeróbia consiste em levar a diante o processo de degradação das moléculas orgânicas, reduzindo-as as 
moléculas praticamente sem energia liberável. Os produtos da degradação inicial da molécula orgânica são 
combinados com o oxigênio do ar e transformados em gás carbônico (CO2) e água. A degradação aeróbia da 
matéria orgânica ocorre obrigatoriamente na presença de oxigênio (O2). 
O processo de respiração aeróbica, é muito mais eficiente que a fermentação (degradação anaeróbia): 
para cada molécula de glicose degradada, são produzidas na respiração, 38 moléculas de ATP. Na 
fermentação, apenas 2 moléculas de ATP são produzidas para cada molécula de glicose utilizada. A 
eficiência da respiração em termos energéticos é, portanto, 19 vezes maior do que a da fermentação. 
A respiração aeróbica é um processo muito mais complexo em termos de reações bioquímicas. No 
entanto, o controle do processo é muito mais fácil e prático, desde que haja O2 disponível. 
 
Matéria Orgânica + bactérias + O2  CO2 + Energia celular + bactérias 
 
4.2.3. Interferência antrópica no ciclo do carbono 
O ciclo do carbono é um dos ciclos mais influenciados por atividades antrópicas. As principais formas 
dessa interferência são através da queima de matéria orgânica: combustíveis fósseis e pela queima de 
florestas. Nos países de clima temperado e frio, são alocadas grandes quantidades de gás natural e óleo para a 
produção de calor destinado ao aquecimento. Adicionalmente, quando se privilegia de forma indiscriminada 
o transporte individual em veículos equipados com motores à explosão, também se contribui de forma 
expressiva para a liberação de CO2 para a atmosfera. Os países com grandes extensões florestais, 
principalmente na faixa tropical, também contribuem de forma expressiva gerando um impacto adicional 
nessa emissão de gás carbônico. 
A partir da Revolução Industrial, o homem passou a fazer uso intenso dos grandes estoques de 
combustíveis fósseis e passou a devolver o CO2 para a atmosfera a uma taxa superior à capacidade 
assimiladora das plantas (pela fotossíntese) e dos oceanos (pela reação de difusão). Esse desequilíbrio do 
ciclo natural pode ter implicações na alteração do chamado 'efeito estufa', com consequente aumento da 
temperatura global da Terra. Além disso, o excesso de resíduos orgânicos (efluentes e lixo) sendo 
decompostos anaerobiamente de forma descontrolada, onde não há aproveitamento energético, contribui para 
o aumento das emissões de carbono na atmosfera. 
 
4.3. Ciclo do nitrogênio 
O aumento acentuado da população humana tem implicado um aumento da produtividade agrícola 
para fazer frente à demanda crescente de alimentos. Tanto o nitrogênio como o fósforo são fatores limitantes 
do crescimento dos vegetais e, por isso, tornaram-se alguns dos principais fertilizantes utilizados hoje na 
28 
 
agricultura. O nitrogênio desempenha um importante papel na constituição das moléculas de proteínas, 
ácidos nucléicos, vitaminas, enzimas e hormônios - elementos vitais aos seres vivos. 
O ciclo do nitrogênio (Figura 11), assim como o do carbono, é um ciclo gasoso. Apesar dessa 
similaridade, existem algumas diferenças notáveis entre os dois ciclos, como, por exemplo: a) a atmosfera é 
rica em nitrogênio (78%) e pobre em carbono (0,032%); b) apesar da abundância de nitrogênio na atmosfera, 
somente um grupo seleto de organismos consegue utilizar o nitrogênio gasoso; e c) o envolvimento biológico 
no ciclo do nitrogênio é muito mais extenso que no ciclo do carbono. 
Muito embora o nitrogênio (N2) seja o gás mais abundante na atmosfera, ele é não reativo e, dessa 
forma, não pode ser usado diretamente por muitos organismos. Grande parte do nitrogênio existente nos 
organismos vivos não é obtida diretamente da atmosfera, uma vez que a principal forma de nutriente para os 
produtores são os nitratos (NO3
-
). Esses nitratos são fruto da decomposição de matéria orgânica, na qual o 
nitrogênio do protoplasma é quebrado em uma série de compostosorgânicos e inorgânicos por bactérias com 
funções especializadas em cada parte do processo. Os nitratos podem ainda ser obtidos por meio da ação de 
bactérias fixadoras de nitrogênio e das descargas elétricas que ocorrem na atmosfera. 
 
Figura 11. Ciclo do nitrogênio (Braga et al., 2005). 
 
No ciclo do nitrogênio existem quatro mecanismos bastante diferenciados e importantes: 
a) Fixação do nitrogênio atmosférico em nitratos 
Certas bactérias do gênero Nitrobacter, Rhizobium e certas algas (Cianofíceas) fixam diretamente o 
nitrogênio do ar. Bactérias do gênero Rhizobium vivem em simbiose (mutualismo) com vegetais da família 
das leguminosas (ervilha, soja, feijão etc.) formando os nódulos radiculares e fixando nitrogênio atmosférico. 
29 
 
O nitrogênio fixado é rapidamente dissolvido na água do solo e fica disponível para as plantas na forma de 
nitrato. Essas plantas transformam os nitratos em grandes moléculas que contêm nitrogênio e outras 
moléculas orgânicas nitrogenadas, necessárias à vida. 
b) Amonificação 
Quando esse nitrogênio orgânico entra na cadeia alimentar, ele passa a constituir moléculas orgânicas 
dos consumidores primários, secundários e assim sucessivamente. Os resíduos excretados pelos animais, 
restos vegetais e animais em decomposição, seja na forma sólida ou dissolvida em água, é rica em compostos 
nitrogenados provenientes das proteínas, aminoácidos, uréia, etc. O nitrogênio proveniente das células dos 
seres vivos é então decomposto no solo ou nos rios (água), passando de orgânico a inorgânico, sob a ação das 
bactérias decompositoras ou através do sistema de excreção dos próprios seres superiores. O produto desta 
degradação microbiana é o amônio (NH4
+
), e este processo recebe o nome de amonificação. 
O amônio pode ser convertido em amônia (NH3), elemento gasoso e tóxico aos seres vivos, mesmo em 
pequenas concentrações e principalmente aos seres aquáticos. Esta conversão de amônio em amônia se dá 
pela intervenção de dois parâmetros físicos e químicos, não envolvendo atividade microbiana. Estes dois 
fatores abióticos são o pH (em valores de pH superiores a 8,0 inicia-se a conversão do amônio em amônia) e 
temperatura (temperaturas elevadas favorecem a conversão de amônio em amônia). 
c) Nitrificação 
As formas de nitrogênio presentes na matéria orgânica quando dispostas no solo ou água em ambiente 
aeróbio, após passar pelo processo de amonificação, são convertidas em formas oxidadas de nitrogênio 
(nitrito – NO2
-
 e nitrato) por processos microbianos (Eq. 3, 4, 5 e 6). 
2 NH4
+
 + O2 
Nitrosomonas
 2 HNO2 + energia celular (Eq. 3) 
2 HNO2 
ionização do meio
 2 H
+
 + 2 NO2
–
 (Eq. 4) 
 
2 NO2
-
 + O2 
Nitrobacter 
 2 HNO3 + energia celular (Eq. 5) 
2 HNO3 
ionização do meio
 2 H
+
 + 2 NO3
–
 (Eq. 6) 
 
O nitrato é nutriente para as plantas, no entanto em concentração elevada na água e no solo causa 
sérios problemas de poluição ambiental, podendo contaminar águas subterrâneas e causar eutrofização 
(enriquecimento nutricional das águas e consequente aumento da quantidade de plantas aquáticas). 
Semelhante ao que ocorre no ciclo do carbono, a remoção de nitrogênio da água residuária e, 
consequentemente a redução de seu potencial poluidor, só ocorre quando há conversão do nitrogênio na 
forma gasosa N2. Se a conversão a N2 não acontecer, o nitrogênio continuará dissolvido na água residuária e, 
consequentemente, será mantido seu poder poluente. 
D) Desnitrificação 
O ar está constantemente recebendo nitrogênio (N2) devido à ação de bactérias desnitrificantes. No 
solo e nas águas existem muitas bactérias (Pseudomonas, por exemplo) que, em condições anaeróbicas, 
30 
 
utilizam nitratos em vez de oxigênio no processo respiratório. Ocorre, então, a conversão de nitrato em N2, 
que retorna à atmosfera, fechando o ciclo. À transformação dos nitratos em N2 dá-se o nome de 
desnitrificação (Eq. 7), e as bactérias que realizam essa transformação são chamadas de desnitrificantes. 
2 NO3
-
 + 5 H2 + 2 H
+
 
Pseudomonas 
 N2 + 6 H2O (Eq. 7) 
 
5. CARACTERIZAÇÃO DE ÁGUAS SUPERFICIAIS E RESIDUÁRIAS 
 
O conceito de qualidade da água encontra-se, em primeira análise, relacionado às características 
apresentadas pela água, por sua vez determinadas pelas substâncias (parâmetros) nela presentes. 
Água “pura” é um conceito hipotético, uma vez que a água apresenta elevada capacidade de 
dissolução e transporte e, em seu percurso, superficial ou subterrâneo, pode incorporar um grande número de 
substâncias. Portanto, por processos naturais ou decorrentes das atividades antrópicas, as características da 
água podem ser substancialmente alteradas, podendo comprometer determinados usos. Assim, qualidade da 
água é um atributo dinâmico no tempo e no espaço e encontra-se, acima de tudo, relacionado com os usos de 
uma determinada fonte. Uma mesma água pode ser considerada “boa” para um determinado fim (por 
exemplo, para utilização industrial) e “ruim” para outro (por exemplo, para o consumo humano). 
 
5.1. Caracterização Quantitativa 
A quantidade de esgotos domésticos produzida pela população é proporcional à vazão de água de 
abastecimento; à população estimada em projeto; e à relação entre o consumo de água e a geração de esgoto. 
Assim, a fração de esgoto recebida pela rede coletora de esgoto é denominada “coeficiente de retorno”. (R = 
vazão esgoto / vazão água). Variam de 60% a 100% e o valor médio adotado é 80% (ou R = 0,8), ou seja, da 
água servida à população cerca de 80% retorna na forma de esgotos domésticos. É importante ressaltar a 
necessidade de se determinar além da vazão média, as vazões mínimas e máximas para adequação hidráulica 
da estação de tratamento de esgoto. 
A vazão industrial é influenciada pela tipologia e porte da indústria, processo utilizado, grau de 
reciclagem da água no processo utilizado, existência de pré-tratamento, entre outros fatores. Assim deve-se 
quantificar o volume total consumido (dia ou mês); volume consumido em cada etapa do processamento; 
existência de recirculação interna de água; origem (água de abastecimento ou poços); possíveis sistemas 
internos de tratamento de água. 
 
5.2. Caracterização Qualitativa 
 
5.2.1. Sabor e odor 
Sabor é a interação entre o gosto (salgado, doce, azedo e amargo) e o odor (sensação olfativa), sendo 
decorrentes da presença de substâncias químicas, gases dissolvidos e microrganismos (algas) presentes na 
água. 
31 
 
A origem do sabor e odor na água pode ser decorrente de fontes naturais ou antropogênicas. Quando 
natural, pode ser proveniente da decomposição de material orgânico, da presença de microrganismos (algas), 
metais (Fe, Mn), acidez ou alcalinidade pronunciadas, cloretos (sabor salgado), gases dissolvidos (H2S). 
Quando antropogênica, pode ser proveniente de despejos domésticos e industriais. No tratamento da água, o 
cloro residual pode reagir com algumas substâncias como os fenóis formando substâncias de odor 
característico e intenso como os clorofenóis. 
O sabor e o odor na maioria das vezes não estão associados a riscos à saúde, porém podem interferir nas 
condições de conforto e bem-estar dos seres vivos. 
 
5.2.2. Cloretos 
Em águas para consumo humano, a concentração de cloretos está diretamente associada à alteração de 
sabor e, portanto, à aceitação para consumo. Os cloretos presentes na água que alteram sabor são os de 
magnésio e cálcio, em concentrações superiores a 400 mg L
-1
 e o de sódio, em concentração superior a 200 
mg L
-1
. No padrão de potabilidade brasileiro o valor máximo permitido é de 250 mg L
-1
. 
O teor de cloretos pode ainda ser um indicativo

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