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ELETROQUÍMICA Profa. Dra. Carla Dalmolin CONCEITOS BÁSICOS Eletroquímica Fenômenos químicos associados à transferência de cargas elétricas Duas semi-reações de transferência de carga em direções opostas Zn + CuSO4 Cu + ZnSO4 Semi-reação de oxidação: Zn Zn2+ + 2e Semi-reação de redução: Cu2+ + 2e Cu Célula Eletroquímica Os reagentes das semi-reações de oxi-redução são separados, obrigando os elétrons a realizar trabalho Potencial de Célula • 𝐸𝑐𝑒𝑙 > 0; ∆𝐺 < 0: a energia elétrica liberada pode ser armazenada em baterias • 𝐸𝑐𝑒𝑙 < 0; ∆𝐺 > 0: pode ser possível fornecer energia elétrica externa para provocar as reações de eletrodo e converter substâncias químicas (eletrólise) Zn Zn2+ + 2e- 𝐸𝑜𝑥𝑖 0 = +0,762V Cu2+ + 2e- Cu 𝐸𝑟𝑒𝑑 0 = +0,342V Zn + Cu2+ → Zn2+ + Cu 𝐸𝑐𝑒𝑙𝑢𝑙𝑎 0 = 𝐸𝑟𝑒𝑑 0 + 𝐸𝑜𝑥𝑖 0 𝐸𝑐𝑒𝑙𝑢𝑙𝑎 0 = 0,342 + 0,762 = 1,104V ∆𝐺0 = −𝑛𝐹𝐸0 Reações de Eletrodo Processo químico heterogêneo que envolve a transferência de elétrons de ou para uma superfície, geralmente metálica ou semicondutora. Processo anódico: uma espécie química é oxidada (perde elétrons) na superfície do eletrodo A densidade de corrente elétrica (I) é positiva 2𝐶𝑙− → 𝐶𝑙2 + 2𝑒 𝐶𝑒3+ → 𝐶𝑒4+ + 𝑒 Processo catódico: uma espécie química é reduzida (ganha elétrons) na superfície do eletrodo A densidade de corrente elétrica (I) é negativa 𝐶𝑢2+ + 2𝑒 → 𝐶𝑢 𝐹𝑒3+ + 𝑒 → 𝐹𝑒2+ Reações de Eletrodo Eletrodo Solução e Fe3+ Fe2+ a) Transferência eletrônica Eletrodo Solução Camada de Cu 2e Cu2+ Crescimento do filme b) Deposição metálica Eletrodo Solução e Cl- Cl2 c) Evolução de gás Eletrodo Solução e Fe Fe 2+ d) Corrosão Reações de Eletrodo As reações de eletrodo são heterogêneas e ocorrem na região interfacial entre eletrodo e solução Região onde a distribuição de carga difere da fase no interior da solução Eletrodo Solução + + + + - - - - - -+ + + + + + • A separação de cargas é representada pela capacitância • A dificuldade no transporte de carga é representada pela resistência Para ocorrer transferência de elétrons, deve haver correspondência entre as energias dos orbitais no doador e receptor: • Redução (processo catódico): o nível de Fermi no eletrodo precisa atingir um valor mínimo para que a transferência de elétron seja favorávelos • potencial negativo: mais elétrons são distribuídos na banda de valência até atingir o mínimo de energia necessário • Oxidação (processo anódico): o nível desocupado no eletrodo deve ter um valor máximo, • potencial positivo: elétrons são retirados da banda de valência até atingir o valor máximo de energia permitido Reações de Eletrodo Redução Oxidação Carga e Corrente Elétrica Corrente elétrica: fluxo ordenado de partículas portadoras de carga elétrica, ou também, é o deslocamento de cargas dentro de um condutor, quando existe uma diferença de potencial elétrico entre as extremidades • Na célula eletroquímica, a corrente elétrica (𝑖) que passa pelo circuito elétrico depende da quantidade de elétrons envolvidos na reação eletroquímica, e pode ser usada como uma medida da velocidade desta reação 𝑖 = 𝐴𝐼 A carga elétrica total que passa pela célula eletroquímica durante o tempo 𝑡 indica o quanto a reação já se desenvolveu: 𝑞 = 0 𝑡 𝑖𝑑𝑡 = 𝑛𝐹 𝐴: área do eletrodo (cm2) 𝐼: densidade de corrente (mA/cm2) 𝑛: número de elétrons envolvidos na reação 𝐹: Constante de Faraday – carga de 1 mol de elétrons 1𝐹 = 96500 C Sobrepotencial () e Potencial de Célula (𝑉) Sobrepotencial (sobretensão): medida do quanto o potencial da célula se afasta do equilíbrio • Para realizar uma eletrólise é necessário fornecer uma quantidade de energia, aplicando uma diferença de potencial entre dois eletrodos • Este potencial tem que ser maior que o potencial de equilíbrio • Mesmo para reações termodinamicamente favoráveis, a aplicação de potencial maior que o potencial de equilíbrio modifica a cinética da reação • Para que íons se movimentem através do eletrólito é necessário energia Potencial de célula: • Para o estudo das reações eletroquímicas, é necessário deslocar o potencial da célula da situação de equilíbrio: 𝑉 = 𝐸 − |𝜂| − 𝑖𝑅 𝑅: resistência da solução do eletrólito 𝑖𝑅: queda ôhmica – ineficiência que deve ser minimizada A Célula de Três Eletrodos Sistema experimental para estudos eletroquímicos onde é necessário o controle do potencial de um dos eletrodos • A corrente resultante da aplicação de potencial numa célula eletroquímica com dois eletrodos é influenciada pelo sobrepotencial dos dois eletrodos e pela queda ôhmica • A introdução de um terceiro eletrodo torna possível o estudo do processo de apenas 1 eletrodo, sem a influência dos sobrepotenciais • Eletrodo de trabalho: onde ocorre a semi-reação de interesse • Eletrodo auxiliar ou contra-eletrodo ou eletrodo de suporte • Eletrodo de referência: controla-se a variação do potencial do eletrodo de trabalho contra o eletrodo de referência; • Posicionado muito próximo ao eletrodo de trabalho para minimizar a queda ôhmica Eletrodos de Referência Eletrodos usados para dar um valor de potencial ao qual outros potenciais podem ser referidos em termos de uma diferença de potencial • Apresenta uma semi-reação em equilíbrio nas faixas de potencial / corrente que for utilizado, estável com o tempo e temperatura • Eletrodo de Hidrogênio: 𝐻+ + 𝑒 → 1 2 𝐻2 • Eletrodos de sais moderadamente solúveis 𝑬𝟎/V 𝐴𝑔𝐵𝑟 + 𝑒 → 𝐴𝑔 + 𝐵𝑟− 0,071 𝐴𝑔𝐶𝑙 + 𝑒 → 𝐴𝑔 + 𝐶𝑙− 0,222 𝐻𝑔2𝐶𝑙2 + 2𝑒 → 2𝐻𝑔 + 2𝐶𝑙 − 0,268 𝐻𝑔𝑂 + 𝐻2𝑂 + 2𝑒 → 𝐻𝑔 + 2𝑂𝐻 − 0,098 𝐻𝑔2𝑆𝑂4 + 2𝑒 → 2𝐻𝑔 + 𝑆𝑂4 2− 0,613 𝑇𝑙𝐶𝑙 + 𝑒 → 𝑇𝑙 𝐻𝑔 + 𝐶𝑙− -0,557 TERMODINÂMICA ELETROQUÍMICA Potenciais de Eletrodo e a Região de Interface Reversibilidade A termodinâmica eletroquímica trata de sistemas em equilíbrio • Um processo pode sair do equilíbrio em qualquer uma das direções opostas REVERSIBILIDADE • Reversibilidade química: a mudança no sentido da corrente inverte o sentido da reação global • Nem todos os sistemas eletroquímicos apresentam reversibilidade química • Reversibilidade termodinâmica: ∆𝐺 = 0; qualquer variação infinitesimal no sentido direto da reação provoca uma variação infinitesimal no sentido inverso • Uma célula eletroquímica que é quimicamente irreversível não pode apresentar um comportamento reversível termodinamicamente • Uma célula eletroquímica com reação reversível pode ou não operar de maneira termodinamicamente reversível • Reversibilidade prática: como os processos ocorrem em velocidades finitas, eles nunca serão realmente reversíveis termodinamicamente, mas pode-se controlar um processo de forma que as equações termodinâmicas sejam válidas • Uso da Equação de Nerst para relacionar a variação do potencial de uma célula eletroquímica em equilíbrio com a variação das concentrações dos produtos e reagentes Equação de Nerst Por convenção, considera-se uma reação de redução: 𝑂 + 𝑛𝑒 → 𝑅 Se esta reação seguir a Equação de Nerst, o sistema é considerado eletroquimicamente reversível ou nerstiano. 𝐸 = 𝐸0 + 𝑅𝑇 𝑛𝐹 ln [𝑅] [𝑂] Se a perturbação no sistema for pequena, ou se o sistema pode responder rapidamente ao equilíbrio (comparado com o tempo de medição), as relações termodinâmicas são aplicáveis. Energia Livre de Gibbs (∆𝐺) Trabalho máximo, diferente do trabalho de expansão (𝑝𝑉), que pode ser obtido pelo sistema Para um sistema eletroquímico, trabalhoelétrico ∆𝐺 = −𝑛𝐹𝐸𝑐𝑒𝑙 Por convenção, uma célula eletroquímica espontânea tem potencial positivo Quando todas as substâncias apresentam atividade unitária: 𝐸𝑐𝑒𝑙 = 𝐸 𝑜 e ∆𝐺0 = −𝑛𝐹𝐸0 A constante de equilíbrio da reação eletroquímica (𝐾) pode ser obtida por: ∆𝐺0 = −𝑛𝐹𝐸0 = −𝑅𝑇 ln𝐾 Potencial Padrão de Semi-Reações de Redução Por convenção, são tabelados os potenciais de semi-reações de redução em referência ao eletrodo padrão de hidrogênio, a 25 oC, 1 bar e atividade unitária de todos os componentes Utiliza-se a Equação de Nerst para determinar o potencial de uma semi-reação fora das condições padrão O 𝐸𝑐𝑒𝑙 é determinado pela soma dos potenciais de cada semi-reação 𝐸𝑜𝑥 = −𝐸𝑟𝑒𝑑 Potencial Formal A forma correta da Equação de Nerst é: 𝐸 = 𝐸0 + 𝑅𝑇 𝑛𝐹 ln 𝑎𝑅 𝜈 𝑎𝑂 𝜈 Onde: 𝑎 = 𝛾[] Na maioria dos casos, é mais útil empregar concentração no lugar da atividade das espécies em solução Neste caso, utiliza-se o potencial formal (𝐸0′) 𝐸0′ = 𝐸0 + 𝑅𝑇 𝑛𝐹 ln 𝛾𝑅 𝜈 𝛾𝑂 𝜈 E a Equação de Nerst pode ser escrita como: 𝐸 = 𝐸0′ + 𝑅𝑇 𝑛𝐹 ln [𝑅]𝜈 [𝑂]𝜈 Potencial Eletroquímico ( 𝜇) Espécies carregadas, quando em solução, experimentam dois tipos de interações: química e elétrica. Não é possível separar estes efeitos experimentalmente, mas podem ser estudados matematicamente Introdução do potencial eletroquímico, definido como: 𝜇𝑖 𝛼 = 𝜇𝑖 𝛼 + 𝑧𝑖𝐹𝜙 𝛼 Potencial elétrico Carga elétrica do componente 𝑖 Potencial químico de 𝑖 na fase Propriedades do Potencial Eletroquímico Para espécies eletricamente neutras: 𝜇𝑖 𝛼 = 𝜇𝑖 𝛼 Para uma fase pura com atividade unitária (metal, sal insolúvel, gás com 𝑓 = 1): 𝜇𝑖 𝛼 = 𝜇𝑖 0,𝛼 Para elétrons num metal (𝑧 = 1), os efeitos de atividade podem ser negligenciados O potencial eletroquímico é a energia eletrônica do nível ocupado mais elevado (nível de Fermi) 𝜇𝑒 𝛼 = 𝜇𝑒 0𝛼 − 𝐹𝜙𝛼 Quando a espécie 𝑖 está em equilíbrio entre duas fases: 𝜇𝑖 𝛼 = 𝜇𝑖 𝛽 Nas reações homogêneas (ocorrem na mesma fase), 𝜙 é constante e não causa influência no potencial químico total Nas reações heterogêneas sem transferência de carga (dissolução), os termos ±𝐹𝜙 se cancelam, e o equilíbrio não é afetado pela diferença de potencial na interface Potencial de Junção Líquida Quando uma solução com espécies carregadas (eletrólito) é submetido a um campo elétrico, cátions e ânions tendem a se movimentar Cátions e ânions podem apresentar mobilidades diferentes em solução Observa-se uma diferença de potencial na interface de duas soluções separadas por uma membrana Potencial de junção líquida (𝐸𝑗) O potencial total da célula é: 𝐸𝑐𝑒𝑙 = 𝐸𝑁𝑒𝑟𝑠𝑡 + 𝐸𝑗 Deve ser minimizado Controle da migração e difusão dos íons em solução • Pontes salinas com íons de mobilidades semelhantes Efeito da Ponte Salina no Potencial de Junção Concentração de KCl (mol/L) 𝑬𝒋 (mV) 0,1 27 0,2 20 0,5 13 1,0 8,4 2,5 3,4 3,5 1,1 4,2 (saturado) <1
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