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Aula 9 Conceitos parte I Profª Dayani Aquino Relembrando... –Origem da mais-valia: • Qual a contradição da fórmula do capital? – D’ deve ser maior do que D para o circuito fazer sentido para o capitalista; – D’ não pode ser maior do que D se supomos a troca de equivalentes. • Como resolve-se esta contradição? –Mostrando que a força de trabalho cria, em uma jornada, mais valor do que ela própria custa Circuito completo do capital produtivo D = dinheiro adiantado M = mercadorias MP = meios de produção FT = força de trabalho P = processo produtivo M’ = mercadorias novas acrescidas de valor D’ = D + ∆D, dinheiro adiantado + mais-valia v = valor da FT m = mais-valia | | | ..... ..... ' 6 6 MP D M P M' D FT v h m h jornada de trabalho=12 horas − − − −− − − − − − − − − − ↓ = = 14243 64748 64748 14444244443 Exemplo numérico Hipóteses: 1 g ouro = 1 h 1 g ouro = $ 10 1 h = $ 10 MP = são consumidos por inteiro em 1 ciclo produtivo | | | ..... ..... ' 6 6 MP D M P M' D FT v h m h jornada de trabalho=12 horas − − − − − − − − − − − − − − ↓ = = 14243 64748 64748 14444244443 $ 100 $ 100 $ 50 $ 50 $ 50 L = produto de uma jornada de trabalho de 10 h = $ 100 $ 50 V = $ 150 $ 150 5 h 5 h 10 horas Objetivos de hoje: • Entender o conceitos: 1. Processo de trabalho e de valorização 2. Capital: a) Constante e Variável b) Fixo e Circulante c) Adiantado e Consumido 3. Tempo de trabalho necessário e excedente 4. Taxa de mais-valia (e sua diferença taxa de lucro) 1. Processo de trabalho e Processo de valorização • Já que a mercadoria é a unidade de valor de uso e valor, portanto, seu processo de produção deve ser a unidade de processo de trabalho e processo de valorização. • Processo de trabalho – O que é trabalho? – Elementos do processo de trabalho – Definição • Processo de valorização O que é trabalho? • É a ação (atividade) do ser humano que media, regula e controla seu metabolismo com a Natureza. • Trabalhar é, portanto, uma atividade vital do ser humano. • Em que o trabalho humano difere do trabalho de outros animais (aranha, abelha)? – O ser humano trabalha motivado por uma vontade (desejo) orientado a um fim • Antes de fazer o ser humano imagina, faz um projeto de como fazer, somente depois realiza – Demais animais trabalham por instinto Elementos do Processo de Trabalho • Trabalho humano e meios de produção. • Meios de produção: dois elementos: 1. Objetos de trabalho 2. Meios de trabalho 1. Objetos de trabalho • Objeto geral é a natureza. • Elementos que a natureza oferece: – sem a mediação do trabalho humano, preexistentes na natureza (extração, petróleo, minérios, madeira etc) – matérias-primas: elementos que estão na natureza, mas só se tornam úteis por meio do trabalho humano (energia elétrica, minério já transformado em ferro etc) 2. Meios de trabalho • Coisa ou complexo de coisas que o trabalhador coloca entre si mesmo e o objeto de trabalho e que lhe serve como condutor de sua atividade sobre este objeto. – A pedra com a qual o ser humano primitivo lançava, raspava, prensava ou cortava foi um dos primeiros meios de trabalho, assim como instrumentos de madeira, osso, conchas e animais domesticados – Na medida em que o processo de trabalho se desenvolve surgem cada vez mais meios de trabalho já trabalhados, como atualmente máquinas, edifícios, canais, estradas etc. Processo de trabalho é: • “(...) atividade orientada a um fim para produzir valores de uso, apropriação do natural para satisfazer necessidades humanas, condição universal do metabolismo entre o homem e a natureza, condição natural eterna da vida humana e, portanto, independente de qualquer forma dessa vida, sendo antes igualmente comum a todas as formas sociais.” Processo de valorização • O processo de produção é por uma lado processo de trabalho, onde o trabalho concreto gera determinado valor de uso. • Mas o processo de produção é, por outro lado, processo de valorização, processo de criação de valor e mais valor (mais-valia), onde o que vale é trabalho abstrato, socialmente necessário. Formação de valor x valorização • Na produção simples de mercadorias (onde o artesão não é capitalista) ocorre apenas processo de formação de valor: – O artesão trabalha uma jornada necessária para reprodução da sua própria força de trabalho • Na produção capitalista ocorre processo de valorização: – O trabalhador trabalha uma jornada necessária para reprodução da sua própria força de trabalho mais uma jornada excedente apropriada pelo capitalista. Partes componentes do valor • Na produção não capitalista: V = valor dos meios de produção + v • Na produção capitalista: V = valor dos meios de produção + v + m Trabalho morto, trabalho pretérito, trabalho despendido em processos de produção anteriores Trabalho morto, trabalho pretérito, trabalho despendido em processos de produção anteriores Trabalho vivo, processo de formação de valor Trabalho vivo, processo de valorização Dimensão concreta Dimensão abstrata Processo de trabalho Processo de valorização Trabalho concreto Trabalho abstrato Valores de uso valor 2. Capital • O que é capital, segundo Marx: • “(...) o capital não é uma coisa, mas uma relação de produção definida, pertencente a uma formação histórica particular da sociedade (...) são os meios de produção monopolizados por um certo setor da sociedade, que se confrontam com a força de trabalho viva enquanto produtos e condições de trabalho tornados independentes dessa mesma força de trabalho, que são personificados, em virtude dessa antítese, no capital.” Valor da mercadoria (VM) • O valor de toda mercadoria (VM) pode ser sempre dividido em 3 partes: • VM = valor dos meios de produção + valor da força de trabalho + mais-valia – Transferência do valor dos meios de produção – Criação do valor da força de trabalho – Criação da mais-valia Transferência do valor dos meios de produção ao valor do novo produto • O valor dos meios de produção conserva-se pela sua transferência ao valor do novo produto. – Como? Pela ação do trabalho vivo, o trabalhador ao despender seu trabalho na produção de nova mercadoria, consome valores de uso (meios de produção) portadores de trabalho morto (trabalho despendido em período anterior) e “vivifica” este trabalho transferindo-o ao valor do novo produto, gerando portanto novo valor de uso. • Por isso os meios de produção são chamados de capital constante (c), pois não criam valor, mas apenas transferem seu valor já existente. Se desgastam enquanto valores de uso para se transformarem em novos valores de uso. Diferenças na transferência de valor dos meios de produção = depreciação • Os meios de produção cedem ao novo produto apenas o valor que perdem enquanto meios de produção, por isso máquinas duráveis em comparação com matérias-primas cedem valor de forma diferente: – Máquinas duráveis: prestam serviço no processo de trabalho, mas conservam no final do processo sua forma originária, ainda que desgastada. Transferem apenas a depreciação – Matérias-primas: desaparecem por completo no processo de trabalho, sem deixar vestígios. Portanto... • Todos os meios de produção duráveis (máquinas, edifícios, canais etc.) são chamados de capital fixo e transferem ao valor do novo produto apenas sua depreciação (desgaste natural). • Todos os meios de produçãonão duráveis, isto é, matérias-primas (carvão, óleo, algodão etc.) são chamados capital circulante e transferem ao valor do novo produto seu valor inteiro (inclui-se aqui a FT). Criação do valor que compõe o valor do novo produto • A força de trabalho, ao produzir valores de uso cria valor novo, ao mesmo tempo em que transfere o valor dos meios de produção ao valor do novo produto. • Este valor novo é dividido conforme certa taxa em valor da força de trabalho (v) e mais-valia (m) • Por isso a força de trabalho é chamada capital variável (v), pois tem a capacidade de variar o valor • OBS.: Quando o capital variável refere-se a soma dos valores das forças de trabalho individuais (v) denotamos por V. Logo... • O valor da nova mercadoria pode sempre ser expresso como: VM = c + v + m • Onde: – VM = valor da mercadoria – c = capital constante – v = capital variável – m = mais-valia • Cada parte componente do valor pode variar Capital adiantado (C) • Decompõe-se em duas partes: • c : valor dos meios de produção ou capital constante – cf = capital constante fixo – cc = capital constante circulante • v : valor da força de trabalho ou capital variável C = c + v C = (cf + cc) + v • Obs.: na prática é o trabalhador que adianta seu trabalho para receber um salário no final do mês. Capital consumido (C’) • O capital constante consumido em cada jornada de trabalho decompõem-se em duas partes: • df = depreciação do capital constante consumido em um dado período • cc = valor do capital circulante consumido • v : valor da força de trabalho ou capital variável C’ = (df + cc) + v • O capital adiantado é sempre maior do que o consumido em dado período Mais-valia • É o valor criado no período da jornada em que o trabalhador trabalha tempo extra, além do seu próprio valor: • Tempo de trabalho necessário: tempo da jornada de trabalho em que sucede a reprodução de v. O trabalho despendido nesse período chama-se trabalho necessário. • Tempo de trabalho excedente: tempo da jornada de trabalho em que se produz valor além de v. O trabalho despendido nesse período chama-se mais-trabalho ou trabalho excedente. 44444 344444 21 876876 h cba hmhv 8 de jornada (e) excedente tempo(n) necessário tempo 44 == −−−−−−−− Em uma jornada podemos ter: • “Produzindo num contexto que se baseia na divisão social do trabalho, o trabalhador não produz seus meios de subsistência diretamente, mas sob a forma de uma mercadoria particular, um valor igual ao valor de seus meios de subsistência, ou ao dinheiro com o qual os compra.” (p.176) } } } } } 700%ou 7 1 7 ' 300%ou 3 2 6 ' 166%ou 66,1 3 5 ' %100ou 1 4 4 ' %60ou 60,0 5 3 ' %33ou 33,0 6 2 ' 8 71 8 62 8 53 8 44 8 35 8 26 ==→−−−−−−−Ι− ==→−−−−−−Ι−− ==→−−−−−Ι−−− ==→−−−−Ι−−−− ==→−−−Ι−−−−− ==→−−Ι−−−−−− == == == == == == m m m m m m h hmhv h hmhv h hmhv h hmhv h hmhv h hmhv 44 344 21 48476 44 344 21 48476 44 344 21 48476 44 344 21 876876 44 344 21 48476 44 344 21 48476 Taxa de mais-valia • A taxa de mais-valia (m’) mede o grau de exploração da força de trabalho e pode ser apresentada como: • Não confundir taxa de mais-valia com taxa de lucro v m m =' C ll =' v m m =' vc l C ll + ==' Exemplo 1: situação inicial • Dados: • Nº trabalhadores: 1 • Jornada: 8 h • Produção total: 1 unidade de mercadoria • Taxa de mais-valia: 100% • O valor do capital constante transfere-se por completo ao produto final • C = $100 e c = $50 1. Qual o valor da FT em termos monetários e em horas de trabalho? 2. Qual o valor do capital constante em termos de horas de trabalho? 3. Qual o valor da mais-valia em termos monetários e em horas de trabalho? 4. Qual o valor total da produção em termos monetários e em horas de trabalho? 5. Qual o valor individual da mercadoria em termos monetários e em horas de trabalho? $50 e 4 h $50 e 4 h $150 e 12 h 4 h $150 e 12 h Exemplo 2: introdução de uma nova máquina • Dados: • Nº trabalhadores: 1 • Jornada: 8 h • Produção total: 2 unidade de mercadoria • Taxa de mais-valia: 100% • O valor do capital constante transfere-se por completo ao produto final • C = $150 e c = $100 • Qual o valor da FT em termos monetários e em horas de trabalho? • Qual o valor do capital constante em termos de horas de trabalho? • Qual o valor da mais-valia em termos monetários e em horas de trabalho? • Qual o valor total da produção em termos monetários e em horas de trabalho? • Qual o valor individual da mercadoria em termos monetários e em horas de trabalho? $50 e 4 h $50 e 4 h $200 e 16 h 8 h $100 e 8 h Houve barateamento da mercadoria com relação a situação inicial Exemplo 3: depreciação • Dados: • Nº trabalhadores: 1 • Jornada: 8 h • Produção total: 2 unidades de mercadoria • Taxa de mais-valia: 100% • C = $150 e c = $100 ($50 capital fixo e $50 capital circulante) • A vida útil do capital fixo é de 10 jornadas de trabalho. • Qual a taxa de depreciação do capital fixo? • Qual o valor da FT em termos monetários e em horas de trabalho? • Qual o valor do capital constante em termos de horas de trabalho? • Qual o valor da mais-valia em termos monetários e em horas de trabalho? • Qual o valor total da produção em termos monetários e em horas de trabalho? • Qual o valor individual da mercadoria em termos monetários e em horas de trabalho? $50 e 4 h $50 e 4 h c = 55 + v = $ 50 + m = $50 = $155 e 12h e 24 min 4 h e 24 m $155/2= $77,5 e 6 h e 12 min 10% a cada jornada = $5 24 min 4 h Resumo conceitual – Capital constante: é o valor dos meios de produção – Capital variável: é o valor da força de trabalho (denotamos v quando equivale a um só trabalhador e V quando equivale a soma dos valores das forças de trabalho de vários trabalhadores) – Capital fixo: é o valor dos meios de produção duráveis, cuja depreciação compõe o valor do novo produto – Capital circulante: é o valor dos meios de produção não duráveis, cujo valor inteiro se transfere ao valor do novo produto – Capital adiantado (C): quantidade de dinheiro destinada a pagar o valor da força de trabalho (v) e comprar meios de produção (c) – Capital consumido (C’): é o capital consumido em um ciclo produtivo, logo considera apenas a depreciação do capital fixo e não todo ele. – Tempo de trabalho necessário: tempo durante o qual se reproduz v – Tempo de trabalho excedente: tempo durante o qual se produz m – Taxa de mais-valia (e sua diferença taxa de lucro): indica o grau de exploração da força de trabalho, isto é, em que taxa a FT trabalha tempo grátis, em que taxa a FT produz valor extra. Difere da taxa de lucro porque a mais-valia não se relaciona com o capital adiantado, mas sim com o capital variável. Questões • Diferencie processo de trabalho e processo de valorização. • Qual a diferença fundamental entre capital constante e variável? • Qual a diferença entre capital fixo e circulante? • Qual a diferença entre capital adiantado e consumido? • Qual a diferença entre taxa de lucro e taxa de mais-valia. Referências • Cap. V – Processo de trabalho e processo de produzir mais valia; • Cap. VI – Capital constante e capital variável; • In: MARX, K. (1985) O capital: crítica da economia política . Livro I, vol. I. São Paulo: Abril Cultural. Coleção "Os Economistas”.
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