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FEDERALISMO BRASILEIRO E EDUCAÇÃO Pontos positivos: - Combater a desigualdade regional - Depois de 1988, os governos locais assumiram mais as políticas públicas de educação. Pontos negativos: - Grande parte dos municípios que comandam uma grande parcela do Ensino Fundamental brasileiro não tem capacidade de gestão para fazer uma boa educação. É preciso que o governo federal capacite gestores para tal. -Governos municipais e estaduais se comunicam muito pouco, contrariando o regime de colaboração previsto na constituição de 1988. Isso prejudica a educação porque o EF 1 fica concentrado nos municípios e o EF 2 fica concentrado no estado. Na passagem de um pro outro, os alunos mudam de rede e são redes que não se comunicam, contribuindo para a piora do desempenho escolar. PROBLEMAS DO FEDERALISMO Conflitos permanentes entre Estados e Municípios. Eles competem entre si por recursos, por exemplo, pela disputa das matrículas do ensino fundamental, que são repartidas entre as redes estaduais e municipais de diferentes maneiras e proporções. Por exemplo, no Paraná 97,9% das matrículas nos anos iniciais do EF são municipais e 99,9% das matrículas nos anos finais são estaduais. No outro extremo, no Ceará 95% das matrículas em todo o EF são municipais. Em várias Unidades Federadas (UF), governos estaduais e municipais divergem sobre o financiamento do transporte escolar dos alunos das redes estaduais de ensino, executado pelas Prefeituras, que reivindicam o repasse de recursos equivalentes aos custos por parte dos respectivos governos dos Estados. Convênios e leis estaduais têm encaminhado, mas não resolvido esse conflito. O exercício da função supletiva e redistributiva da União é insuficiente na educação. Apesar do aumento de recursos para a complementação ao Fundeb, em relação ao que fora no Fundef, e da extensão dos programas suplementares da alimentação e transporte escolar para toda a educação básica a partir de 2009, antes somente para o EF, a União ainda participa com proporção insuficiente no financiamento da educação básica e, em consequência, persistem desigualdades regionais inaceitáveis. Concentração de poder decisório na União, em detrimento da autonomia dos entes federados. Por meio de transferências voluntárias, o planejamento e a formulação das políticas encontram-se cada vez mais sob responsabilidade do governo federal que transfere sua execução a Estados/DF e Municípios. Apesar de avanços como a Comissão Intergovernamental de Financiamento para a Educação Básica de Qualidade, instituída pela Lei do Fundeb em 2007, e o Grupo de Trabalho Permanente do Transporte Escolar (GTP-TE), criado por portaria em 2009, são ainda insuficientes os espaços deliberativos no âmbito federal, para assegurar o regime de colaboração. E a União costuma dirigir-se aos Municípios, sem o conhecimento dos respectivos governos estaduais, ou mesmo às escolas públicas, sem a participação de Estados e Municípios. COMO APERFEIÇOAR O FEDERALISMO NA EDUCAÇÃO BRASILEIRA Definir com mais clareza as competências de cada nível de governo, a fim de reduzir ou eliminar os conflitos entre Estados e Municípios. Por exemplo, com melhor definição das responsabilidades pelo EF e pelo transporte escolar. Maior participação da União no financiamento da educação básica, no cumprimento de sua função supletiva e redistributiva, de forma a completar a universalização do atendimento educacional às crianças e jovens de 4 a 17 anos e reduzir progressivamente as desigualdades regionais. Por exemplo, com maior complementação da União ao Fundeb, ou o fundo que vier a lhe suceder a partir de 2021, mais recursos para as transferências legais (como programas da alimentação e transporte escolar) e valores diferenciados dessas transferências por grupos de Municípios de acordo com indicadores socioeconômicos e educacionais a serem definidos para cada uma delas. Institucionalizar espaços interfederativos deliberativos em âmbito nacional e estadual. Por exemplo, não se justifica que o Conselho Deliberativo do FNDE tome as decisões sobre a aplicação da cota federal do salário-educação, assim como de outros recursos destinados à educação básica, sem representação dos Estados/DF e Municípios. Por fim, é preciso garantir que a necessária participação de representações da sociedade em órgãos colegiados de fiscalização e controle social, como os conselhos do Fundef/Fundeb, não continue a implicar partidarização ou sindicalização das políticas públicas, pela ocupação dos espaços por parcelas mais “mobilizadas” da sociedade e grande influência de grupos organizados, notadamente sindicatos de professores e partidos políticos. O desafio é articular os interesses gerais da população com interesses particularizados de segmentos da sociedade, e os interesses legítimos dos professores por valorização profissional com a necessidade intransferível de aprendizagem dos alunos da escola pública brasileira.
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