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CÓDIGOS DE ÉTICA

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CÓDIGOS DE ÉTICA 
1947
1965
1975
1986
PROFA. KARINA CARITÁ
CÓDIGO DE ÉTICA DE 1947
CONJUNTURA SOCIAL,
POLÍTICA , ECONÔMICA 
IDEOLOGIA (bases éticas-
filosóficas, valores) 
- aceleração industrial;
-migração do campo para as
cidades;
- surgimento da LBA, SENAI,
SESC, SESI.
-Estado para implementar
políticas sociais exige um
profissional qualificado:
Assistentes Sociais
- Era Vargas
- Doutrina Social da Igreja 
Católica = Tomismo e 
Neotomismo (São Tomás de 
Aquino): naturalização das 
desigualdades. 
- Sociedade é apreendida de 
forma fatalista, a-histórica, a-
crítica. 
- CONSERVADORISMO: Defesa 
da família nos moldes 
tradicionais e da propriedade 
privada. 
- DICTOMIA ENTRE O BEM E 
MAL. 
Teórico-metodológico
- POSITIVISMO (COMTE): explica e justifica ideologicamente
a ordem social burguesa  tratamento moral dos conflitos
e contradições sociais. Lutas sociais são vistas como
desordem  busca-se uma coesão social/sociedade
harmônica
- Padrão franco-belga: a dinâmica social deveria se
desenvolver através da ordem, equilíbrio e adequação ao
sistema capitalista.
- A partir dos anos 40 entra em contato com o S.S. norte-
americano e como a tecnificação.
- O objeto de intervenção profissional se configura pelas
disfunções individuais e sociais; os objetivos se voltam para
a integração social, não se verificando divergências entre os
objetivos institucionais e profissionais.
AÇÃO PROFISSIONAL VOCAÇÃO:
- exerce a profissão indivíduos dotados de um perfil ético-
moral dado por qualidades inatas (natureza feminina).
- O A.S. deve ser um exemplo de integridade moral,
impondo-lhe deveres e normas de comportamento.
- A ação profissional tem por objetivo: eliminar os
"desajustes sociais", através de intervenção moralizadora,
de caráter individualizado e psicologizante. Os problemas
sociais são considerados "disfunções sociais".
- A.S. como promotor do "bem comum", contribuindo para
o ocultamento dos elementos que fundam a questão social:
deslocamento das desigualdades sociais para a esfera
moral.
- QUESTÃO SOCIAL = PROBLEMA MORAL E RELIGIOSO.
RESUMO:
- O Código de 1947 coloca, entre outras coisas, a lei de Deus
como a que rege a vida humana, e o usuário do Serviço
social como cliente, camuflando a noção de direito dos
indivíduos.
- Sendo assim, o Serviço social era, nitidamente, funcional
ao capitalismo. Tratava-se portanto da profissão vinculada à
"questão social", ou melhor, ao tratamento de suas
múltiplas expressões, mas sem questionar os motivos da
existência destas, ou seja, sem questionar o status quo
(TRATAMENTO MORAL DA QUESTÃO SOCIAL).
- Junção do discurso humanista cristão com o suporte
técnico‐científico de inspiração na teoria social positivista,
reitera para a profissão o caminho do pensamento
conservador (agora, pela mediação das Ciências Sociais).
COMO SE EXPRESSA NO CÓDIGO (EXEMPLOS):
- INTRODUÇÃO – III
“A importância da Deontologia do Serviço Social provém do fato de
que o Serviço Social não trata apenas de fator material, não se limita à
remoção de um mal físico, ou a uma transação comercial ou
monetária: trata com pessoas humanas desajustadas ou
empenhadas no desenvolvimento da própria personalidade.”
SECÇÃO I - DEVERES FUNDAMENTAIS - É dever do Assistente Social:
1. Cumprir os compromissos assumidos, respeitando a lei de Deus,
os direitos naturais do homem, inspirando‐se, sempre em todos
seus atos profissionais, no bem comum e nos dispositivos da lei,
tendo em mente o juramento prestado diante do testemunho de
Deus.
5. Manter uma atitude honesta, correta, procurando aperfeiçoar sua
personalidade e dignificar a profissão.
CÓDIGO DE ÉTICA DE 1965
CONJUNTURA SOCIAL,
POLÍTICA , ECONÔMICA 
IDEOLOGIA (bases éticas-
filosóficas, valores) 
- Anos 50: desenvolvimentismo
- Anos 60: Época revolucionária:
rupturas ideológicas com
instituições, papéis socias e
princípios vinculados à moralização
dos costumes: família, “feminino”,
a tradição
- Início da Ditadura militar;
- agrava-se a Questão social;
- expansão das políticas sociais e
aumento do campo de trabalho do
assistente social, porém o
profissional não está contente com
a direção dada pela ditadura, daí o
Movimento de Reconceituação.
- Serviço Social (2 vertentes): a
conservadora e a mudancista.
- Prevalece a conservadora,
conservando a base filosófica
tomista/neotomista.
- Os valores norteadores da
profissão são ainda de caráter
humanista e a formação
profissional passa a se pautar pelo
avanço técnico na perspectiva do
ajustamento do indivíduo numa
sociedade harmônica”
- Não considera criticamente as
contradições sociais.
- A moral é alicerce da ação
profissional que deve ser mantida
Teórico-metodológico
- a Doutrina Social da Igreja cede lugar a 3 vertentes:
Modernizadora: caracterizada pela incorporação de abordagens
funcionalistas, estruturalistas e mais tarde sistêmicas (matriz
positivista), voltadas a uma modernização conservadora e à melhoria
do sistema pela mediação do desenvolvimento social e do
enfrentamento da marginalidade e da pobreza na perspectiva de
integração da sociedade;
 a vertente inspirada na Fenomenologia: que emerge como
metodologia dialógica, apropriando‐se também da visão de pessoa e
comunidade e a
 vertente marxista que remete a profissão à consciência de sua
inserção na sociedade de classes (num primeiro momento, como uma
aproximação ao marxismo sem o recurso ao pensamento de Marx,
através da participação política dos profissionais).
AÇÃO PROFISSIONAL
- Serviço Social dividido: de um lado propõem a re-
atualização do tradicionalismo profissional, atuando no
Caso, Grupo e Comunidade e, de outro uma busca pela
ruptura com o conservadorismo, passando a se aproximar
das lutas dos trabalhadores, indo na direção oposta à
colocada pelo Estado.
- S.S. não consegue romper com o conservadorismo e
continua respondendo às demandas do Estado e do capital
(recuperação da ordem).
- Em tempos de ditadura militar e de impossibilidade de
contestação política, o S.S. começa a priorizar um projeto
tecnocrático/modernizador, do qual Araxá e Teresópolis são
as melhores expressões.
RESUMO:
- Código da profissão, apesar de preservar o elemento religioso do anterior, somará
a este a influência norte-americana - o funcionalismo.
- Essas duas tendências verificadas no Código de 1965 convergem do ponto de vista
da posição a-crítica, por isso não se fala em ruptura nos fundamentos do Serviço
social.
- Sendo assim, além de reafirmar o apelo moral, ligado a religião, esse apresentará a
idéia de "integração social" e "correção dos desníveis sociais", deixando claro a
lógica seguida: é necessário integrar aqueles que estão fora do padrão. Nessa
perspectiva a percepção das contradições da sociedade capitalista é inviabilizada,
com uma individualização do problema.
- Este código mantém teoricamente o viés tradicionalista e conservador imbricado
na profissão pela concepção tomista e pela corrente positivista, mas demonstra
claramente uma alteração significativa ao tratar da democracia e do pluralismo.
Evidenciar o pluralismo neste contexto representa o reconhecimento da
diversidade, principalmente no posicionamento político assumido pelas mulheres.
RESUMO:
- O Serviço social passa por importantes questionamentos,
inclusive sobre a análise equivocada que ele próprio fazia
da realidade, questionando também a influência norte-
americana.
- Sendo assim, esse movimento crítico que vinha se
desenvolvendo (Movimento de Reconceituação) levantava
questionamentos acerca da própria origem da profissão e
do seu aspecto conservador.
- Há avanços nesse Código: valores como a democracia,
justiça social e pluralismo são afirmados.
- Mas, apesar disso, o Código manterá o posicionamento
tradicional do conservadorismo profissional.
COMO SE EXPRESSA NO CÓDIGO (EXEMPLOS):- INTRODUÇÃO
“O Serviço Social adquire no mundo atual uma amplitude técnica e cientifica, impondo aos
membros da profissão maiores encargos e responsabilidades”;
“Um Código de Ética se destina a profissionais de diferentes credos e princípios filosóficos,
devendo ser aplicável a todos.”
CAPÍTULO II - DOS DEVERES FUNDAMENTAIS
Art. 4° ‐ O assistente social no desempenho das tarefas inerentes a sua profissão deve
respeitar a dignidade da pessoa humana que, por sua natureza é um ser inteligente e livre.
Art. 5° ‐ No exercício de sua profissão, o assistente social tem o dever de respeitar as
posições filosóficas, políticas e religiosas daqueles a quem se destina sua atividade,
prestando‐lhes os serviços que lhe são devidos, tendo‐se em vista o princípio de
autodeterminação.
Art. 6° ‐ O assistente social deve zelar pela família, grupo natural para o desenvolvimento da
pessoa humana e base essencial da sociedade, defendendo a prioridade dos seus direitos e
encorajando as medidas que favoreçam a sua estabilidade e integridade.
Art. 7° ‐ Ao assistente social cumpre contribuir para o bem comum, esforçando‐se para que o
maior número de criaturas humanas dele se beneficiem, capacitando indivíduos, grupos e
comunidades para sua melhor integração social.
CÓDIGO DE ÉTICA DE 1975
CONJUNTURA SOCIAL,
POLÍTICA , ECONÔMICA 
IDEOLOGIA (bases éticas-
filosóficas, valores) 
- ditadura crescente e mais dura
com os Atos Institucionais (Ais):
suspensão e perda de direitos;
- O padrão intervencionista do
Estado se intensifica, de 68 a 74 o
PIB tem um crescimento acelerado
e traz a falsa ideia do “milagre
econômico”, junto com a repressão
das tensões sociais, o arrocho
salarial, a substituição do FGTS,
abolida a prática da greve.
- As políticas sociais se colocam
como estratégia para atenuar
sequelas do desenvolvimento do
capitalismo monopolista no país,
marcado pela superexploração da
- re-afirma o conservadorismo
tradicional, mas na direção de uma
adequação às demandas da
ditadura.
- Re-atualização do
conservadorismo (com a vertente
fenomenológica)
Teórico-metodológico
- A concepção conservadora permanece: pressupostos a-críticos e
despolitizados face às relações econômico-sociais.
- Concepção conservadora da profissão: "Os pressupostos
neotomistas e positivistas fundamentam os Códigos de Ética
Profissional, no Brasil, de 1948 a 1975" (Barroco).
- Marx vai influenciar a proposta marxista do Serviço Social nos anos
60/70 e particularmente o Método de B.H. Um marxismo equivocado
que recusou a via institucional e as determinações sócio históricas da
profissão.
-No entanto, é com este referencial, precário em um primeiro
momento, do ponto de vista teórico, mas posicionado do ponto de
vista sócio‐político, que a profissão questiona sua prática institucional
e seus objetivos de adaptação social ao mesmo tempo em que se
aproxima dos movimentos sociais. Inicia‐se aqui a vertente
comprometida com a ruptura (NETTO,1994, p. 247 e ss) com o Serviço
Social tradicional.
AÇÃO PROFISSIONAL
- o código não só reafirma o conservadorismo tradicional,
mas o faz na direção de uma adequação às demandas da
ditadura.
- já não expressa a tendência modernizadora evidenciada
no Código de 65, como em Araxá e Teresópolis.
- Segundo Netto: a perspectiva modernizadora perde sua
hegemonia, quando emergem duas tendências que com ela
se antagonizavam: a vertente de reatualização do
conservadorismo e a de intenção de ruptura.
- reatualização do conservadorismo através da vertente
fenomenológica (com Ana Augusta de Almeida que introduz
o personalismo de Mounier – ver p. 131, Barroco,
Fundamentos ontológicos)
RESUMO:
- o Código de 1975 não retratará o desdobramento daquilo
que se iniciou no Movimento de Reconceituação. Isso só
tomará novo impulso quase duas décadas depois.
- O que se verificará, então, será uma chamada
"modernização do conservadorismo" que "informa
respostas dadas por parcelas majoritárias da categoria
profissional às novas demandas que lhe são apresentadas",
isto é, o novo discurso que a categoria apresenta não pode
ser caracterizado ainda como uma ruptura com a herança
conservadora da profissão.
- Segundo Iamamoto, o Código de 1975 se situa nos marcos
do humanismo cristão e do desenvolvimentismo, não
atingindo as bases da organização da sociedade.
COMO SE EXPRESSA NO CÓDIGO (EXEMPLOS):
- Em 1975 a referência a existência de diferentes concepções e
“credos” profissionais é retirada. Também são retiradas “princípios
democráticos, na perspectiva “de luta pelo estabelecimento de uma
ordem social justa”, reafirmando um projeto profissional conservador
(Barroco, fundamentos ontológicos, p. 129)
- INTRODUÇÃO
“O valor central que serve de fundamento ao Serviço Social é a
pessoa humana. Reveste‐se de essencial importância uma concepção
personalista que permita ver a pessoa humana como o centro, objeto
e fim da vida social.”
“Exigências do bem comum legitimam, com efeito, a ação
disciplinadora do Estado, conferindo‐lhe o direito de dispor sobre as
atividades profissionais – formas de vinculação do homem à ordem
social, expressões concretas de participação efetiva na vida da
sociedade.”
CÓDIGO DE ÉTICA DE 1986
CONJUNTURA SOCIAL,
POLÍTICA , ECONÔMICA 
IDEOLOGIA (bases éticas-
filosóficas, valores) 
- crise produtiva internacional do
capital: crise do petróleo no final
dos anos 70;
- Crise econômica: elevada dívida
externa brasileira.
- ditadura crescente e mais dura
com os Atos Institucionais (Ais),
principalmente o AI5: suspensão e
perda de direitos;
- descontentamento cada vez
maior da população;
- Reacende os movimentos
populares, por moradia,
revindicações básicas, anistia
política...
- Congresso da Virada (1979)
Adoção do marxismo como
referência analítica, que se
torna hegemônica no Serviço
Social no país, a abordagem da
profissão como componente
da organização da sociedade
inserida na dinâmica das
relações sociais participando
do processo de reprodução
dessas relações.
Teórico-metodológico
- superou a "perspectiva a-histórica e a-crítica onde os
valores são tidos como universais e acima dos interesses de
classe" (CFESS, 1986).
- Essa formulação nega a base filosófica tradicional
conservadora, que norteava a "ética da neutralidade" e
reconhece um novo papel profissional competente teórica,
técnica e politicamente.
- É, sobretudo com Iamamoto (1982) no início dos anos 80
que a teoria social de Marx inicia sua efetiva interlocução
com a profissão.
- Como matriz teórico‐metodológica esta teoria apreende o
ser social a partir de mediações.
AÇÃO PROFISSIONAL
- Ou seja, parte da posição de que a natureza relacional do ser social
não é percebida em sua imediaticidade. "Isso porque, a estrutura de
nossa sociedade, ao mesmo tempo em que põe o ser social como ser
de relações, no mesmo instante e pelo mesmo processo, oculta a
natureza dessas relações ao observador" (NETTO, 1995)
- As relações sociais são sempre mediatizadas por situações,
instituições etc, que ao mesmo tempo revelam/ocultam as relações
sociais imediatas. Por isso nesta matriz o ponto de partida é aceitar
fatos, dados como indicadores, como sinais, mas não como
fundamentos últimos do horizonte analítico.
- Trata‐se, portanto de um conhecimento que não é manipulador e que
apreende dialéticamente a realidade em seu movimento contraditório.
Movimento no qual e através do qual se engendram, como totalidade,
as relações sociais que configuram a sociedade capitalista.
RESUMO:
-a ruptura com o conservadorismo na profissão, anunciada
no Movimento de Reconceituação, só irá acontecer na
década de 80, no plano intelectual e organizativo.
-E o Código de 86 será percebido como a expressão de
conquistas e ganhos profissionais através da negação da base
filosófica tradicional, nitidamente conservadora e da "ética
da neutralidade", alémda substituição do profissional
subalterno e apenas executivo por um profissional
competente teórico, técnica e politicamente.
- Os A.S. passam a se ver como trabalhadores e inseridos
numa sociedade dividida por classes.
COMO SE EXPRESSA NO CÓDIGO (EXEMPLOS):
INTRODUÇÃO
“As idéias, a moral e as práticas de uma sociedade se modificam no decorrer do
processo histórico. (...) Nas lutas encaminhadas por diversas organizações nesse
processo de transformação, um novo projeto de sociedade se esboça, se constrói e
se difunde uma nova ideologia.
Inserido neste movimento, a categoria de Assistentes Sociais passa a exigir também
uma nova ética que reflita uma vontade coletiva, superando a perspectiva
a‐histórica e a‐crítica, onde os valores são tidos como universais e acima dos
interesses de classe.
A nova ética é resultado da inserção da categoria nas lutas da classe trabalhadora
e, conseqüentemente, de uma nova visão da sociedade brasileira.
Neste sentido, a categoria através de suas organizações, faz uma opção clara por
uma prática profissional vinculada aos interesses desta classe.
As conquistas no espaço institucional e a garantia da autonomia da prática
profissional requerida pelas contradições desta sociedade só poderão ser obtidas
através da organização da categoria articulada às demais organizações da classe
trabalhadora.”

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