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empresarial 7 e 8

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ESCRITURAÇÃO
PATRÍCIA BRANDÃO
- 2010 -
NOÇÕES
Os livros são os instrumentos de escrituração e eles têm três funções de acordo com a doutrina:
Função gerencial – Os livros servem para que o empresário controle sua atividade;
Função documental – Por meio dos livros o empresário demonstra sua atividade a outras pessoas inclusive o próprio Estado; 
Função fiscal – Os livros passam a ser utilizados no controle da incidência tributária.
No Brasil a escrituração está prevista nos arts. 1179 a 1195 do CC e algumas leis especiais.
1. OBRIGAÇÕES COMUNS A TODOS OS EMPRESÁRIOS
Registrar-se no registro de empresa antes de iniciar as atividades (art. 967, CC);
Escriturar regularmente os livros obrigatórios (art. 1181, CC);
Levantar balanço patrimonial e de resultado econômico a cada ano (art. 1179, CC).
A escrituração é a radiografia da empresa: O empresário, independentemente da atividade em que atue, da forma societária adotada ..., é obrigado a escriturar os livros obrigatórios. (exceção: ME e EPP optantes pelo Simples Nacional – art. 970 e 1179 §2º CC).
ME e EPP quando não são optantes pelo Simples Nacional são obrigados a manter a escrituração simplificada – livro caixa (com exceção dos que têm renda anual até R$ 36.000,00- art.26 §2º LC 123/06 ).
2. ESPÉCIES DE LIVROS EMPRESARIAIS
LIVROS EMPRESARIAIS 
≠
LIVROS DO EMPRESÁRIO
São aqueles cuja a escrituração é obrigatória ou facultativa ao empresário em virtude da legislação comercial.
São os outros livros que o empresário é obrigado a escriturar não mais por causa do Direito Comercial, mas sim por força da legislação tributária, trabalhista ou previdenciária.
LIVROS EMPRESARIAIS
OBRIGATÓRIOS
FACULTATIVOS
COMUNS
ESPECIAIS
2. ESPÉCIES DE LIVROS EMPRESARIAIS
LIVROS FACULTATIVOS
São os livros que o empresário escritura com vistas a um melhor controle e sua ausência não importa nenhuma sanção.
LIVROS OBRIGATÓRIOS
São aqueles cuja escrituração é imposta ao empresário, sua ausência traz conseqüências sancionadoras.
ESPECIAIS
COMUNS
A escrituração é imposta a todos os empresários – Ex.: DIÁRIO (art. 1180, 1184, 1185 e 1186 CC).
Onde são lançados diariamente, todas as operações pertinentes ao exercício da empresa, inclusive o balanço patrimonial e o resultado econômico...
A escrituração é imposta apenas a uma determinada categoria de exercentes de atividade empresarial. Ex.: 
Registro de duplicatas – Para os empresários que emitem duplicatas
Livro de entrada e saída de mercadorias – Para os empresários que exploram armazéns-gerais
Registro de ações nominativas;Atas de Assembléias gerais; Presença de Acionistas, etc. – para todas as sociedades por ações. 
3. REGULARIDADE NA ESCRITURAÇÃO
Um livro empresarial obrigatório (comum ou especial) ou facultativo, para produzir os efeitos jurídicos que a lei lhe atribui deve atender a requisitos de duas ordens: intrínsecos e extrínsecos.
Intrínsecos – São os requisitos pertinentes à técnica contábil estudada pela contabilidade e vem definido tecnicamente pelo art. 1183 CC.
Extrínsecos – São os requisitos relacionados com a segurança dos livros empresariais. Atende aos requisitos desta ordem o livro que contiver termo de abertura e encerramento e estiver autenticado pela Junta Comercial (art. 1181 CC). 
Somente é considerada regular a escrituração do livro empresarial que observe ambos os requisitos. Um livro irregularmente escriturado equivale a um não livro.
3. REGULARIDADE NA ESCRITURAÇÃO
Com o desenvolvimento tecnológico os empresários têm se valido de instrumentos de escrituração cada vez mais simples e operacionais:
Microfilmagem da escrituração;
Processo mecânico (datilografia) em fichas soltas que devem ser encadernadas, com termo de abertura e encerramento, antes de serem levados ao Registro de Empresa para autenticação (art. 1185 CC);
Processo eletrônico (informatizado), encadernando os formulários contínuos ou papéis impressos à semelhança das fichas ou microfichas geradas por microfilmagens de saída direta de computador;
Livro digital, escrituração processada e armazenada em meio eletrônico;
Para fins penais (art. 297, §2º, CP) os livros mercantis se equiparam ao documento público; quem falsificá-lo estará sujeito a pena mais grave que a reservada para o crime de falsificação de documentos administrativos não contábeis do empresário, além do mesmo não ter eficácia probatória.
4. CONSEQÜÊNCIAS DA IRREGULARIDADE NA ESCRITURAÇÃO
Se faltar um dos registros legais – intrínsecos ou extrínsecos – a um livro obrigatório, o empresário estará sujeito a conseqüências na órbita civil e penal.
No plano de Direito Civil:
O empresário não poderá valer-se da eficácia probatória que o CPC concede aos livros empresariais (art. 379 CPC).
Se for requerida a exibição de livro obrigatório contra o empresário, não o possuindo, ou possuindo-o irregularmente, presumir-se-ão como verdadeiros os fatos narrados pelo requerente, acerca dos quais fariam prova os livros em questão (art. 358, I, CPC).
4. CONSEQÜÊNCIAS DA IRREGULARIDADE NA ESCRITURAÇÃO
No campo do Direito Penal:
Falindo o empresário ou sociedade empresária, que não cumpre a obrigação de manter escrituração regular de seu negócio, a falência será necessariamente fraudulenta (assim como na solicitação de recuperação judicial ou homologação da recuperação – também incorre em crime falimentar) – art. 178 LF. 
Os livros empresariais devem ser conservados até a prescrição das obrigações neles escrituradas (art. 1194, CC). Após o decurso do prazo prescricional de todas as obrigações escrituradas em certo livro, a sua inexistência ou mesmo irregularidade não acarreta as conseqüências civis e penais descritas.
5. EXIBIÇÃO JUDICIAL E EFICÁCIA PROBATÓRIA DOS LIVROS
PRINCÍPIO DO SIGILO (art. 1190 CC)
“O empresário é dono de sua escrituração e responde por ela. De conseguinte tem o direito de guardá-la e, bem assim não revelar seu conteúdo a outrem,... É justo que mantenha sobre reserva... em virtude do aumento da livre concorrência, da complexidade da vida comercial,...” – O segredo é a alma do negócio!
O sigilo não é absoluto:
Exibição total dos livros só pode ser determinada pelo Juiz a requerimento da parte, em apenas algumas ações (ex.: questões relativas a sucessão, comunhão ou sociedade, administração ou gestão à conta de outrem ou falência) – art. 1191 e 1192, CC e 381 CPC. Pode importar sua retenção em cartório durante todo andamento da ação, não se assegurando o sigilo de seus dados e dificultando a utilização e escrituração pelo empresário. 
Obs.: Na falência pode o Juiz determinar de ofício a exibição total dos livros. 
5. EXIBIÇÃO JUDICIAL E EFICÁCIA PROBATÓRIA DOS LIVROS
Exibido total ou parcialmente, ou tendo sido objeto de perícia judicial contábil, o livro empresarial terá força probante (eficácia probatória) – Art. 378 e 379 CPC.
A tutela do sigilo dos livros não tem alcance de eximir o empresário da sua exibição para determinadas autoridades administrativas como os agentes fiscais e previdenciários (art. 1193 CC).
Ocorrendo extravio, deterioração ou destruição de qualquer instrumento de escrituração,a empresa fará publicar, em jornal de grande circulação do local do seu estabelecimento, aviso concernente ao fato, e deste fará minuciosa informação, dentro de 48 horas à Junta Comercial de sua jurisdição. 
6. BALANÇOS ANUAIS
Constitui crime falimentar a inexistência dos documentos de escrituração contábil obrigatórios, entre os quais se incluem os balanços patrimoniais e de resultado econômico (art. 178, LF).
OBRIGAÇÃO IMPOSTA DE LEVANTAR ANUALMENTE DOIS BALANÇOS
BALANÇO PATRIMONIAL – demonstrando o ativo e o passivo, compreendendo todos os bens, créditos e débitos (art. 1188 CC).
BALANÇO DE RESULTADO ECONÔMICO – demonstrando a conta dos lucros e perdas (art. 1189 CC).
Deverá compreender todos os bens de raiz móveis e semoventes, mercadorias, dinheiros, papéis de crédito, e outra e qualquer
espécie de valores, e bem assim todas as dívidas e obrigações passivas; e será datado e assinado pelo empresário a quem pertencer. (e contadores)
Obs.: As instituições financeiras são obrigadas a levantar balanço e outros demonstrativos semestralmente.
6. BALANÇOS ANUAIS
O cumprimento na obrigação de levantamento anual do balanço afasta a conduta criminosa e pode trazer benefícios ou evitar prejuízos para o empresário:
As S.A. estão sujeitas a regime próprio sobre demonstrações financeiras que incluem o balanço patrimonial e o resultado do exercício – a ausência destes acarreta responsabilidade dos administradores;
O acesso ao crédito bancário tem sido condicionado à apresentação dos balanços regularmente elaborados, de modo a restar fechado a acesso ao crédito bancário;
A legislação tributária sobre o imposto de renda sujeita determinadas categorias de empresários contribuintes ao dever elaboração de balanços periódicos (art. 178, 184 da LSA);
A participação em licitações públicas dependem de comprovação da regularidade, feita inclusive através de balanços (art. 31, I, Lei 8.666/93)
7. OUTROS DOCUMENTOS ESSENCIAS
Além da contabilidade, o empresário está obrigado a obter documentos essenciais para o exercício da empresa:
ALGUNS GERAIS: Para assegurar que o estabelecimento está apto à prevenção de acidentes, de doenças do trabalho e da ocorrência de incêndio ou pânico:
Laudo de vistoria e liberação do estabelecimento pelo Corpo de Bombeiros;
Certificado de aprovação das instalações do estabelecimento após inspeção prévia da Delegacia Regional do Trabalho.
7. OUTROS DOCUMENTOS ESSENCIAS
OUTROS ESPECÍFICOS:
Autorização da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária);
Licenciamento do IBAMA ou autorização específica de órgãos florestais estaduais;
Licença de funcionamento emitida pela Polícia Federal para empresas voltadas à prestação de serviços de segurança privada.

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