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1 3.3 Institutos complementares – art. 1.150 a 1.155. 3.3.1 Do Registro Art. 1.150. O empresário e a sociedade empresária vinculam-se ao Registro Público de Empresas Mercantis a cargo das Juntas Comerciais, e a sociedade simples ao Registro Civil das Pessoas Jurídicas, o qual deverá obedecer às normas fixadas para aquele registro, se a sociedade simples adotar um dos tipos de sociedade empresária. Art. 1.151. O registro dos atos sujeitos à formalidade exigida no artigo antecedente será requerido pela pessoa obrigada em lei, e, no caso de omissão ou demora, pelo sócio ou qualquer interessado. § 1o Os documentos necessários ao registro deverão ser apresentados no prazo de trinta dias, contado da lavratura dos atos respectivos. § 2o Requerido além do prazo previsto neste artigo, o registro somente produzirá efeito a partir da data de sua concessão. § 3o As pessoas obrigadas a requerer o registro responderão por perdas e danos, em caso de omissão ou demora. Art. 1.152. Cabe ao órgão incumbido do registro verificar a regularidade das publicações determinadas em lei, de acordo com o disposto nos parágrafos deste artigo. § 1o Salvo exceção expressa, as publicações ordenadas neste Livro serão feitas no órgão oficial da União ou do Estado, conforme o local da sede do empresário ou da sociedade, e em jornal de grande circulação. § 2o As publicações das sociedades estrangeiras serão feitas nos órgãos oficiais da União e do Estado onde tiverem sucursais, filiais ou agências. § 3o O anúncio de convocação da assembléia de sócios será publicado por três vezes, ao menos, devendo mediar, entre a data da primeira inserção e a da realização da assembléia, o prazo mínimo de oito dias, para a primeira convocação, e de cinco dias, para as posteriores. Art. 1.153. Cumpre à autoridade competente, antes de efetivar o registro, verificar a autenticidade e a legitimidade do signatário do requerimento, bem como fiscalizar a observância das prescrições legais concernentes ao ato ou aos documentos apresentados. Parágrafo único. Das irregularidades encontradas deve ser notificado o requerente, que, se for o caso, poderá saná-las, obedecendo às formalidades da lei. Art. 1.154. O ato sujeito a registro, ressalvadas disposições especiais da lei, não pode, antes do cumprimento das respectivas formalidades, ser oposto a terceiro, salvo prova de que este o conhecia. Parágrafo único. O terceiro não pode alegar ignorância, desde que cumpridas as referidas formalidades. 3.3.2 Nome empresarial Art. 1.155. Considera-se nome empresarial a firma ou a denominação adotada, de conformidade com este Capítulo, para o exercício de empresa. Parágrafo único. Equipara-se ao nome empresarial, para os efeitos da proteção da lei, a denominação das sociedades simples, associações e fundações. 2 Art. 1.156. O empresário opera sob firma constituída por seu nome, completo ou abreviado, aditando-lhe, se quiser, designação mais precisa da sua pessoa ou do gênero de atividade. Art. 1.157. A sociedade em que houver sócios de responsabilidade ilimitada operará sob firma, na qual somente os nomes daqueles poderão figurar, bastando para formá-la aditar ao nome de um deles a expressão "e companhia" ou sua abreviatura. Parágrafo único. Ficam solidária e ilimitadamente responsáveis pelas obrigações contraídas sob a firma social aqueles que, por seus nomes, figurarem na firma da sociedade de que trata este artigo. Art. 1.158. Pode a sociedade limitada adotar firma ou denominação, integradas pela palavra final "limitada" ou a sua abreviatura. § 1o A firma será composta com o nome de um ou mais sócios, desde que pessoas físicas, de modo indicativo da relação social. § 2o A denominação deve designar o objeto da sociedade, sendo permitido nela figurar o nome de um ou mais sócios. § 3o A omissão da palavra "limitada" determina a responsabilidade solidária e ilimitada dos administradores que assim empregarem a firma ou a denominação da sociedade. Art. 1.159. A sociedade cooperativa funciona sob denominação integrada pelo vocábulo "cooperativa". Art. 1.160. A sociedade anônima opera sob denominação designativa do objeto social, integrada pelas expressões "sociedade anônima" ou "companhia", por extenso ou abreviadamente. Parágrafo único. Pode constar da denominação o nome do fundador, acionista, ou pessoa que haja concorrido para o bom êxito da formação da empresa. Art. 1.161. A sociedade em comandita por ações pode, em lugar de firma, adotar denominação designativa do objeto social, aditada da expressão "comandita por ações". Art. 1.162. A sociedade em conta de participação não pode ter firma ou denominação. Art. 1.163. O nome de empresário deve distinguir-se de qualquer outro já inscrito no mesmo registro. Parágrafo único. Se o empresário tiver nome idêntico ao de outros já inscritos, deverá acrescentar designação que o distinga. Art. 1.164. O nome empresarial não pode ser objeto de alienação. Parágrafo único. O adquirente de estabelecimento, por ato entre vivos, pode, se o contrato o permitir, usar o nome do alienante, precedido do seu próprio, com a qualificação de sucessor. Art. 1.165. O nome de sócio que vier a falecer, for excluído ou se retirar, não pode ser conservado na firma social. Art. 1.166. A inscrição do empresário, ou dos atos constitutivos das pessoas jurídicas, ou as respectivas averbações, no registro próprio, asseguram o uso exclusivo do nome nos limites do respectivo Estado. Parágrafo único. O uso previsto neste artigo estender-se-á a todo o território nacional, se registrado na forma da lei especial. Art. 1.167. Cabe ao prejudicado, a qualquer tempo, ação para anular a inscrição do nome empresarial feita com violação da lei ou do contrato. 3 Art. 1.168. A inscrição do nome empresarial será cancelada, a requerimento de qualquer interessado, quando cessar o exercício da atividade para que foi adotado, ou quando ultimar-se a liquidação da sociedade que o inscreveu. O nome empresarial tem a função de identificar o empresário perante o mercado consumidor e diferenciá-lo de seus concorrentes. De acordo com o art. 34 da lei 8.934/94, o nome empresarial é regido por dois princípios: a) Princípio da Veracidade: Sob a ótica deste princípio, o nome empresarial tem que ser compatível com: a.1) a atividade exercida — Não é possível ter um bar chamado. Escolinha Raio de Sol, pois através desse nome não é possível identificar corretamente a atividade desenvolvida; a.2) o quadro social — Não é possível ostentar no nome empresarial o nome de sócio que não faça parte do quadro social (Salvo exceção do parág. Único do art. 1.160 do CC, que configura uma homenagem na S.A, e a sociedade de advogados, que, se houver cláusula autorizativa no contrato social, poderá manter o nome do advogado falecido – EOAB art. 16, § 1º. O advogado que se retira da sociedade deve retirar também seu nome. b) Princípio da Novidade: Por este princípio o nome empresarial tem que se diferenciar de qualquer outro existente, tem que ser inédito (CC 1.163 c/c 34 da Lei nº 8.934/94). O nome empresarial é um dos elementos do estabelecimento. Questão importante é saber se o nome pode ser alienado. O caput do art. 1.164 veda expressamente a alienação do nome empresarial. Isso acontece porque pode haver o nome civil dos sócios na formação do nome empresarial, e o nome civil, como direito da personalidade, é inalienável. É necessário ter cuidado com o parágrafo único deste mesmo artigo. Quando houver trespasse, é possível que haja cessão de uso do nome empresarial ao adquirente. Não se trata de autorização de alienação do nome empresarial em caso de trespasse. Qual é o âmbito de proteção do nome empresarial? Em primeiro lugar, é bom destacar que não existe um registro próprio para o nome empresarial. O nome consta dos atos constitutivos, eestes é que são levados ao registro. A proteção ao nome empresarial decorre da inscrição dos atos constitutivos no registro competente, conforme leciona o caput do art. 1.166 do CC. Sendo assim, a proteção ao nome empresarial se dá em âmbito estadual. Entretanto, é possível requerer proteção em todo o território nacional se houver registro na forma de lei especial (1.166, parág. único). Caso alguém se sinta prejudicado pelo uso de algum nome empresarial, poderá pleitear sua anulação a qualquer tempo (1.167). Destaque-se que o uso indevido do nome configura crime de concorrência desleal, previsto no art. 195, V da lei n. 9.279/96. 3.3.2.1 Espécies de nome empresarial Nome empresarial é gênero, do qual são espécies a firma e a denominação. A firma tem por base o nome civil, e geralmente é usada por sociedades que tem sócios com responsabilidade ilimitada. Na firma o objeto (ramo de atividade) é de uso facultativo. Como exemplos de firma podemos citar VP Instaladora, Pri & Gra Spa. (Fulano de Tal – empresário Individual). Já a denominação tem como elemento obrigatório o objeto (ramo de atividade) – Microempresas e EPP, se usarem denominação, não precisam indicar o objeto – LC 123/06, art. 72, mas há a possibilidade de se incluir o nome dos sócios. Geralmente, as sociedades que adotam denominação têm sócios de responsabilidade limitada. Na denominação é possível inserir o elemento fantasia (nome fantasia). Como espécie de denominação podemos citar Transpetro, Gol Linhas Aéreas Ltda. Coletiva / Social Firma (nome civil obrigatório) 4 Nome Empresarial Individual (Denominação (objeto obrigatório) Cada tipo de empresário deverá adotar uma espécie de nome empresarial, conforme disposição legal. Para facilitar a absorção do tema, exibimos abaixo um quadro esquemático: Firma Denominação Disposição legal Empresário individual X Art. 1.156, CC Sociedade em nome coletivo X Art. 1.157, CC Sociedade em comandita simples X Art. 1.157, CC Sociedade limitada X X Art. 1.158, CC Sociedade anônima X Art. 1.160, CC Sociedade em comandita por ações X X Art. 1.161, CC Sociedade cooperativa X Art. 1.159, CC Sociedade em conta de participação --- --- Art.1.162, CC EIRELI X X Art. 980-A, § 1°, CC OBS: É importante salientar que toda pessoa jurídica tem um nome através do qual é identificada perante a comunidade e perante o mercado. Embora a sistemática do nome empresarial se destine aqueles que desenvolvem atividade empresária, para afeitos de proteção, seus efeitos se estendem também a não empresários. Sendo assim, associações, fundações e sociedades simples devem adotar denominação para ter seu nome protegido, conforme parágrafo único do art. 1.155 do CC. No caso de microempresas (ME) e empresas de pequeno porte (EPP) reguladas pela LC 123/06, e do micro empreendedor individual (MEI) regulado pela LC 128/08, que acrescentou o art. 18-A a LC 123/06, basta acrescentar ME, EPP ou MEI no final do nome empresarial (LC 123/06, art. 72). Impõe-se esclarecer que não se tratam de novos tipos societários, mas sim de enquadramentos do empresário em determinados parâmetros que têm efeitos somente tributários conforme se vislumbra na tabela a abaixo: Espécie Faixa (atualizar) Quem pode adotar MEI – art. 18-A, §1º Receita bruta anual de até R$ 81.000,00 Empresário individual ME – Art. 3º, I Receita bruta anual igual ou inferior a R$ 360.000,00 Sociedade Empresária, Sociedade Simples, EIRELI e Empresa Individual EPP – Art. 3º, II Receita bruta anual maior que R$ 4.800.000,00 Sociedade Empresária, Sociedade Simples, EIRELI e Empresa Individual OBS: Dentre outras vedações do art. 3°, § 4°da LC 126/06, destaque-se que não poderão se beneficiar desse regime simplificado as sociedades anônimas nem as cooperativas, salvo as de consumo. Por fim, cabe destacar que se qualquer sociedade empresária pleitear em juízo recuperação judicial deverá ostentar no final de seu nome a expressão “em recuperação judicial”, conforme mandamento do art. 69 da lei n. 11.11/05. 5 3.3.3 Prepostos Disposições Gerais Art. 1.169. O preposto não pode, sem autorização escrita, fazer-se substituir no desempenho da preposição, sob pena de responder pessoalmente pelos atos do substituto e pelas obrigações por ele contraídas. Art. 1.170. O preposto, salvo autorização expressa, não pode negociar por conta própria ou de terceiro, nem participar, embora indiretamente, de operação do mesmo gênero da que lhe foi cometida, sob pena de responder por perdas e danos e de serem retidos pelo preponente os lucros da operação. Art. 1.171. Considera-se perfeita a entrega de papéis, bens ou valores ao preposto, encarregado pelo preponente, se os recebeu sem protesto, salvo nos casos em que haja prazo para reclamação. Seção II Do Gerente Art. 1.172. Considera-se gerente o preposto permanente no exercício da empresa, na sede desta, ou em sucursal, filial ou agência. Art. 1.173. Quando a lei não exigir poderes especiais, considera-se o gerente autorizado a praticar todos os atos necessários ao exercício dos poderes que lhe foram outorgados. Parágrafo único. Na falta de estipulação diversa, consideram-se solidários os poderes conferidos a dois ou mais gerentes. Art. 1.174. As limitações contidas na outorga de poderes, para serem opostas a terceiros, dependem do arquivamento e averbação do instrumento no Registro Público de Empresas Mercantis, salvo se provado serem conhecidas da pessoa que tratou com o gerente. Parágrafo único. Para o mesmo efeito e com idêntica ressalva, deve a modificação ou revogação do mandato ser arquivada e averbada no Registro Público de Empresas Mercantis. Art. 1.175. O preponente responde com o gerente pelos atos que este pratique em seu próprio nome, mas à conta daquele. Art. 1.176. O gerente pode estar em juízo em nome do preponente, pelas obrigações resultantes do exercício da sua função. 3.3.3.1 Do Contabilista e outros Auxiliares Art. 1.177. Os assentos lançados nos livros ou fichas do preponente, por qualquer dos prepostos encarregados de sua escrituração, produzem, salvo se houver procedido de má-fé, os mesmos efeitos como se o fossem por aquele. Parágrafo único. No exercício de suas funções, os prepostos são pessoalmente responsáveis, perante os preponentes, pelos atos culposos; e, perante terceiros, solidariamente com o preponente, pelos atos dolosos. Art. 1.178. Os preponentes são responsáveis pelos atos de quaisquer prepostos, praticados nos seus estabelecimentos e relativos à atividade da empresa, ainda que não autorizados por escrito. Parágrafo único. Quando tais atos forem praticados fora do estabelecimento, somente obrigarão o preponente nos limites dos poderes conferidos por escrito, cujo instrumento pode ser suprido pela certidão ou cópia autêntica do seu teor. 6 3.3.4 Escrituração Art. 1.179. O empresário e a sociedade empresária são obrigados a seguir um sistema de contabilidade, mecanizado ou não, com base na escrituração uniforme de seus livros, em correspondência com a documentação respectiva, e a levantar anualmente o balanço patrimonial e o de resultado econômico. § 1o Salvo o disposto no art. 1.180, o número e a espécie de livros ficam a critério dos interessados. § 2o É dispensado das exigências deste artigo o pequeno empresário a que se refere o art. 970. Art. 1.180. Além dos demais livros exigidos por lei, é indispensável o Diário, que pode ser substituído por fichas no caso de escrituração mecanizada ou eletrônica. Parágrafo único. A adoção de fichas não dispensa o uso de livro apropriado para o lançamento do balanço patrimonial e do de resultado econômico. Art. 1.181. Salvo disposição especial de lei, os livros obrigatórios e, se for o caso, as fichas, antes de postos em uso, devem ser autenticados no RegistroPúblico de Empresas Mercantis. Parágrafo único. A autenticação não se fará sem que esteja inscrito o empresário, ou a sociedade empresária, que poderá fazer autenticar livros não obrigatórios. Art. 1.182. Sem prejuízo do disposto no art. 1.174, a escrituração ficará sob a responsabilidade de contabilista legalmente habilitado, salvo se nenhum houver na localidade. Art. 1.183. A escrituração será feita em idioma e moeda corrente nacionais e em forma contábil, por ordem cronológica de dia, mês e ano, sem intervalos em branco, nem entrelinhas, borrões, rasuras, emendas ou transportes para as margens. Parágrafo único. É permitido o uso de código de números ou de abreviaturas, que constem de livro próprio, regularmente autenticado. Art. 1.184. No Diário serão lançadas, com individuação, clareza e caracterização do documento respectivo, dia a dia, por escrita direta ou reprodução, todas as operações relativas ao exercício da empresa. § 1o Admite-se a escrituração resumida do Diário, com totais que não excedam o período de trinta dias, relativamente a contas cujas operações sejam numerosas ou realizadas fora da sede do estabelecimento, desde que utilizados livros auxiliares regularmente autenticados, para registro individualizado, e conservados os documentos que permitam a sua perfeita verificação. § 2o Serão lançados no Diário o balanço patrimonial e o de resultado econômico, devendo ambos ser assinados por técnico em Ciências Contábeis legalmente habilitado e pelo empresário ou sociedade empresária. Art. 1.185. O empresário ou sociedade empresária que adotar o sistema de fichas de lançamentos poderá substituir o livro Diário pelo livro Balancetes Diários e Balanços, observadas as mesmas formalidades extrínsecas exigidas para aquele. Art. 1.186. O livro Balancetes Diários e Balanços será escriturado de modo que registre: I - a posição diária de cada uma das contas ou títulos contábeis, pelo respectivo saldo, em forma de balancetes diários; http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10406.htm#art970 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10406.htm#art1174 7 II - o balanço patrimonial e o de resultado econômico, no encerramento do exercício. Art. 1.187. Na coleta dos elementos para o inventário serão observados os critérios de avaliação a seguir determinados: I - os bens destinados à exploração da atividade serão avaliados pelo custo de aquisição, devendo, na avaliação dos que se desgastam ou depreciam com o uso, pela ação do tempo ou outros fatores, atender-se à desvalorização respectiva, criando-se fundos de amortização para assegurar-lhes a substituição ou a conservação do valor; II - os valores mobiliários, matéria-prima, bens destinados à alienação, ou que constituem produtos ou artigos da indústria ou comércio da empresa, podem ser estimados pelo custo de aquisição ou de fabricação, ou pelo preço corrente, sempre que este for inferior ao preço de custo, e quando o preço corrente ou venal estiver acima do valor do custo de aquisição, ou fabricação, e os bens forem avaliados pelo preço corrente, a diferença entre este e o preço de custo não será levada em conta para a distribuição de lucros, nem para as percentagens referentes a fundos de reserva; III - o valor das ações e dos títulos de renda fixa pode ser determinado com base na respectiva cotação da Bolsa de Valores; os não cotados e as participações não acionárias serão considerados pelo seu valor de aquisição; IV - os créditos serão considerados de conformidade com o presumível valor de realização, não se levando em conta os prescritos ou de difícil liqüidação, salvo se houver, quanto aos últimos, previsão equivalente. Parágrafo único. Entre os valores do ativo podem figurar, desde que se preceda, anualmente, à sua amortização: I - as despesas de instalação da sociedade, até o limite correspondente a dez por cento do capital social; II - os juros pagos aos acionistas da sociedade anônima, no período antecedente ao início das operações sociais, à taxa não superior a doze por cento ao ano, fixada no estatuto; III - a quantia efetivamente paga a título de aviamento de estabelecimento adquirido pelo empresário ou sociedade. Art. 1.188. O balanço patrimonial deverá exprimir, com fidelidade e clareza, a situação real da empresa e, atendidas as peculiaridades desta, bem como as disposições das leis especiais, indicará, distintamente, o ativo e o passivo. Parágrafo único. Lei especial disporá sobre as informações que acompanharão o balanço patrimonial, em caso de sociedades coligadas. Art. 1.189. O balanço de resultado econômico, ou demonstração da conta de lucros e perdas, acompanhará o balanço patrimonial e dele constarão crédito e débito, na forma da lei especial. Art. 1.190. Ressalvados os casos previstos em lei, nenhuma autoridade, juiz ou tribunal, sob qualquer pretexto, poderá fazer ou ordenar diligência para verificar se o empresário ou a sociedade empresária observam, ou não, em seus livros e fichas, as formalidades prescritas em lei. Art. 1.191. O juiz só poderá autorizar a exibição integral dos livros e papéis de escrituração quando necessária para resolver questões relativas a sucessão, comunhão ou sociedade, administração ou gestão à conta de outrem, ou em caso de falência. § 1o O juiz ou tribunal que conhecer de medida cautelar ou de ação pode, a requerimento ou de ofício, ordenar que os livros de qualquer das partes, ou de ambas, sejam examinados na presença do empresário ou da sociedade 8 empresária a que pertencerem, ou de pessoas por estes nomeadas, para deles se extrair o que interessar à questão. § 2o Achando-se os livros em outra jurisdição, nela se fará o exame, perante o respectivo juiz. Art. 1.192. Recusada a apresentação dos livros, nos casos do artigo antecedente, serão apreendidos judicialmente e, no do seu § 1o, ter-se-á como verdadeiro o alegado pela parte contrária para se provar pelos livros. Parágrafo único. A confissão resultante da recusa pode ser elidida por prova documental em contrário. Art. 1.193. As restrições estabelecidas neste Capítulo ao exame da escrituração, em parte ou por inteiro, não se aplicam às autoridades fazendárias, no exercício da fiscalização do pagamento de impostos, nos termos estritos das respectivas leis especiais. Art. 1.194. O empresário e a sociedade empresária são obrigados a conservar em boa guarda toda a escrituração, correspondência e mais papéis concernentes à sua atividade, enquanto não ocorrer prescrição ou decadência no tocante aos atos neles consignados. Art. 1.195. As disposições deste Capítulo aplicam-se às sucursais, filiais ou agências, no Brasil, do empresário ou sociedade com sede em país estrangeiro. a) Obrigações básicas: • Proceder o registro antes de início das atividades; • Escriturar regularmente os livros obrigatórios; • Levantar o balanço patrimonial e de resultado econômico anualmente. b) Livros empresariais: • Obrigatório a todo empresário: o livro diário, CC, art. 1.180; • Especiais, conforme as peculiaridades de determinadas atividades econômicas: ▪ Registro de duplicatas, ▪ Entradas e saídas de mercadoria, ▪ Balancetes diários e balanços dos estabelecimentos bancários, ▪ Obrigatórios das S/A, além do diário, ▪ Exigidos pelas legislações estaduais e municipais. • Facultativos: ▪ Balancetes diários e balanços, ▪ Razão, caixa, contas-corrente, de obrigações a pagar e a receber, de estoque, etc. • Fiscais: exigidos em função das legislações tributárias da União, Estados, Municípios e DF. • Contábeis: todos os livros exigidos pelo respectivo sistema de contabilidade, conforme a atividade econômica. • Requisitos dos livros empresariais: Em observância a exigências do CC e de outras leis, os livros sujeitam-se a formalidades: ➢ extrínsecas: autenticação pela Junta Comercial, páginas sequencialmentenumeradas, termos de abertura e encerramento, etc; ➢ Intrínsecas: CC, art, 1,183 - A escrituração será feita em idioma e moeda corrente nacionais e em forma contábil, por ordem cronológica de dia, mês e ano, sem intervalos em branco, nem entrelinhas, borrões, rasuras, emendas ou transportes para as margens. Parágrafo único. É permitido o uso de código de números ou de abreviaturas, que constem de livro próprio, regularmente autenticado 9 • Eficácia probatória: A escrituração regular constitui prova favorável para: ▪ Requerer a recuperação judicial, ▪ Requerer a homologação de recuperação extrajudicial, ▪ No caso de falência, não lhe ser imputada fraude. c) Exibição dos livros empresariais: Administrativa: por força do poder de polícia da fiscalização tributária e de outras áreas da Administração. Judicial: CC, art. 1.191 e outras determinações legais. Art. 1.191. O juiz só poderá autorizar a exibição integral dos livros e papéis de escrituração quando necessária para resolver questões relativas a sucessão, comunhão ou sociedade, administração ou gestão à conta de outrem, ou em caso de falência. § 1o O juiz ou tribunal que conhecer de medida cautelar ou de ação pode, a requerimento ou de ofício, ordenar que os livros de qualquer das partes, ou de ambas, sejam examinados na presença do empresário ou da sociedade empresária a que pertencerem, ou de pessoas por estes nomeadas, para deles se extrair o que interessar à questão. 3.3.4.1 Micro e pequena empresa CF/88, art. 179 - Art. 179. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios dispensarão às microempresas e às empresas de pequeno porte, assim definidas em lei, tratamento jurídico diferenciado, visando a incentivá-las pela simplificação de suas obrigações administrativas, tributárias, previdenciárias e creditícias, ou pela eliminação ou redução destas por meio de lei. CC, Art. 970. A lei assegurará tratamento favorecido, diferenciado e simplificado ao empresário rural e ao pequeno empresário, quanto à inscrição e aos efeitos daí decorrentes. Lei Complementar nº 123/06. Art. 3º Para os efeitos desta Lei Complementar, consideram-se microempresas ou empresas de pequeno porte, a sociedade empresária, a sociedade simples, a empresa individual de responsabilidade limitada e o empresário a que se refere o art. 966 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), devidamente registrados no Registro de Empresas Mercantis ou no Registro Civil de Pessoas Jurídicas, conforme o caso, desde que: I - no caso da microempresa, aufira, em cada ano-calendário, receita bruta igual ou inferior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais); e II - no caso de empresa de pequeno porte, aufira, em cada ano-calendário, receita bruta superior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais) e igual ou inferior a R$4.800.000,00 (quatro milhões e oitocentos mil reais). (atenção! Verificar valores atualizados). Todos os empresários estão obrigados a manter sua escrituração contábil, que é feita através de livros. Além disso, devem levantar balanço patrimonial e de resultado econômico a cada ano, conforme imposto pelo art. 1.179, CC. Há duas categorias de empresários que estão dispensados de escriturar livros obrigatórios: são eles os microempresários e empresários de pequeno porte. Este benefício decorre da combinação dos arts. 179 da CRFB e do art. 970 do CC, que preveem tratamento favorecido, diferenciado e simplificado a estes empresários. Para fazer jus a este tratamento, precisam ser optantes do Simples Nacional (regime tributário diferenciado que permite o recolhimento de vários tributos mediante um único pagamento mensal. Foi instituído pela LC 123/06) - 1.179, § 2°, CC. Mesmo com a dispensa devem manter em guarda e boa conservação os livros empresariais. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2002/L10406.htm#art966 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2002/L10406.htm#art966 10 3.3.4.2 Espécies de livros empresariais comuns obrigatórios Livros Comerciais especiais facultativos Os livros obrigatórios comuns (1.180) são aqueles comuns a todos os empresários. O único exemplo é o livro diário. Já os livros obrigatórios especiais são aqueles usados em virtude de alguma peculiaridade, como por exemplo o livro de duplicatas (que só vai ser usado pelo empresário que emite este título de crédito), o livro de registro de ações (que só vai ser utilizado por sociedades por ações). Já os livros facultativos são livros auxiliares, que servem de apoio à atividade empresarial. O empresário pode usar e criar quantos livros quiser para ajudar no controle de sua atividade e na sua contabilidade. Como exemplos podemos citar o livro caixa e o livro conta corrente. Para que os livros apresentem regularidade na sua escrituração, é necessário que observem alguns requisitos: a) Requisitos intrínsecos (1.183) — São estudados pela Contabilidade. b) Requisitos extrínsecos (1.181) — São requisitos relacionados com a segurança dos livros empresariais. São estudados pelo Direito. Por exemplo, antes de serem usados os livros devem ser levados ao Registro de Empresa para autenticação (art. 4°, Decreto lei n. 305/67). É importante destacar que para os fins penais, os livros empresariais são equiparados a documento público (art. 297, § 2°, CP — pena de reclusão de 2 a 6 anos e multa). 3.3.4.3 Consequências da irregularidade na escrituração a) Consequências Civis • Inviabilidade de eficácia probatória dos livros (art. 379, CPC). • Se os livros forem requeridos em juízo contra o empresário e ele não os possuir, ou possuí- los de forma irregular, reputar-se-ão verdadeiros os fatos alegados contra ele (art. 358, I, CPC). b) Consequências Penais • Crime falimentar (art. 178, LF). No caso de ausência de livros obrigatórios ou sua existência irregular, a falência será, necessariamente, fraudulenta. Os livros devem ser guardados até a prescrição das obrigações neles escrituradas (art. 1.194, CC). Em relação à sua exibição, os livros empresariais são regidos pelo princípio do sigilo (art. 1.190, CC). Há duas formas de exibição. a) Parcial — Prestigia o princípio do sigilo e não prejudica a utilização do livro, já que a parte que interessa à demanda judicial é extraída. Pode ocorrer por pedido das partes ou ex officio (arts. 381 e 382, CPC e 1.191, CC) e Súmula 260-STF. b) Total — Acarreta retenção do livro em cartório durante o trâmite da ação e a não aplicação do princípio do sigilo. São casos de exibição total dos livros comerciais: b.1) Sucessão b.2) Administração ou gestão à conta de outrem b.3) Falência Não podemos esquecer que o princípio do sigilo não pode ser oposto a autoridades administrativas, como nos casos do art. 1.193, CC, art. 195 do CTN e art. 33, § 1° da lei 8.212/90. 11 Os livros comerciais têm eficácia probatória (CPC 378 e 379) a favor do empresário e contra eles, senão vejamos: a) A favor do empresário: Precisa observar os requisitos intrínsecos e extrínsecos. b) Contra o empresário: Não precisa observar os requisitos intrínsecos e extrínsecos.
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