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LEGISLAÇÃO EM
PRESARIAL
VIRGÍNIA DE FÁTIMA DIAS 
KARLA REGINA SANTOS RIBEIRO
Código Logístico
56725
Fundação Biblioteca Nacional
ISBN 978-85-387-6339-0
9 7 8 8 5 3 8 7 6 3 3 9 0
IESDE BRASIL S/A
2017
Legislação Empresarial
Virgínia de Fátima Dias
Karla Regina Santos Ribeiro
Todos os direitos reservados.
IESDE BRASIL S/A. 
Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 
Batel – Curitiba – PR 
0800 708 88 88 – www.iesde.com.br
Capa: IESDE BRASIL S/A.
Imagem da capa: Rawpixel/iStockphoto
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO 
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
D536L Dias, Virgínia de Fátima
Legislação Empresarial / Virgínia de Fátima Dias, Karla Regi-
na Santos Ribeiro. - [2. ed.] - Curitiba [PR] : IESDE Brasil, 2017.
122 : il. ; 21 cm.
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-387-6339-0
1. Direito do trabalho - Brasil. I. Ribeiro, Karla Regina Santos. 
II. Título.
17-44329 CDU: 349.2(81)
© 2017 – IESDE BRASIL S/A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito 
das autoras e do detentor dos direitos autorais.
Apresentação
Este livro almeja orientar profissionais ou estudantes que tenham 
interesse em obter conhecimentos da área jurídica, em especial do ramo 
do Direito Empresarial, atualmente tão importante para aqueles que pro-
curam estruturar formalmente sua empresa ou atuar na área de negócios.
Com esse intento, seu início está voltado para noções gerais de 
introdução ao Direito, de forma a refletir sobre o conceito de Direito, 
a relação entre Direito e Estado e apresentar a estrutura do ordena-
mento jurídico brasileiro. Na sequência, passa-se às noções de Direito 
Empresarial, para explicar a atividade empresarial, segundo a legisla-
ção pátria. Considerando que a legislação empresarial tem como sujeito 
o empresário, faz-se uma análise acerca de sua figura e da relação entre 
o empresário e os consumidores. 
Este livro traz, também, uma reflexão sobre o conceito e os elementos 
que compõem as sociedades segundo o ordenamento jurídico brasileiro, a 
classificação e a distinção entre os vários tipos de sociedades empresárias e 
a legislação que regula a relação dos sócios, bem como as normas jurídicas 
aplicadas ao trato destes com terceiros e com a própria sociedade.
Em um mundo globalizado, no qual há oscilações na economia ao 
mesmo tempo em que o desenvolvimento tecnológico é vertiginoso e 
gera uma alta competitividade no mundo dos negócios, as metamorfoses 
societárias são uma constante. Portanto, a compreensão de quais são elas 
e da legislação aplicável a cada uma é de fundamental importância para 
que possam ser utilizadas, permitindo às empresas a diminuição de gas-
tos e o aumento de seus lucros, com a finalidade de se manterem ativas 
no mercado. A obra aborda, portanto, as mudanças em relação a essas 
sociedades, buscando esclarecer como são reguladas sob a ótica do orde-
namento jurídico brasileiro. 
Por fim, este livro trata da dissolução e liquidação das sociedades e 
seus aspectos legais, por decisão dos sócios ou outros motivos, tais como 
a decretação judicial de falência, também objeto de estudo, por meio da 
análise da Lei n. 11.101/2005, a qual regula a recuperação judicial e extra-
judicial e a falência.
Este livro sobre legislação empresarial estrutura-se, pois, de maneira a 
apresentar os principais tópicos legais que abrangem desde o surgimento da 
atividade empresária, o seu desenvolvimento, até o seu fim. Sua contribui-
ção, nesse sentido, está em esclarecer quais normas jurídicas são aplicadas às 
relações empresariais, tema de indiscutível relevância nos dias atuais.
Sobre as autoras
Virgínia de Fátima Dias
Doutoranda em Educação pela Universidade Federal do Paraná 
(UFPR). Mestre em Educação pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná 
(PUCPR). Especialista em Magistério Superior pelo Instituto Brasileiro de 
Pós-Graduação e Extensão (IBPEX). Graduada em Letras Inglês/Português 
pela PUCPR e em Direito pela Faculdade de Direito de Curitiba. Professora 
de Direito no ensino superior e na pós-graduação.
Karla Regina Santos Ribeiro 
Mestranda em Direito pela Uninter. Especialista em Gestão Pública 
pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Pós-graduada 
em Direito Ambiental pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). 
Graduada em Direito pela Faculdade Dom Bosco, em Curitiba. Graduada 
em Tecnologia em Gestão Pública pelo Instituto Federal Tecnológico do 
Paraná (IFPR). Professora no ensino superior e autora de livros nas áreas 
de Ciências Sociais, Direito e Gestão. 
6 Legislação empresarial
SumárioSumário
1 Noções gerais de introdução ao Direito 9
1.1 Conceito de Direito 10
1.2 Direito e Estado 13
1.3 Ordenamento jurídico 14
2 Direito Empresarial 23
2.1 Atividade empresarial 24
2.2 O empresário, as obrigações das empresas, o estabelecimento 
e o nome empresarial 27
2.3 O empresário e o direito dos consumidores 
(desconsideração da personalidade jurídica) 29
3 Direito Societário 37
3.1 Sociedades empresárias: conceito e elementos 38
3.2 Distinção das sociedades empresárias 40
3.3 Classificação e constituição das sociedades empresárias 43
4 Sócios e sociedade: previsões legais 51
4.1 Disciplina das relações da sociedade empresária para com terceiros 52
4.2 Previsão legal da relação dos sócios entre si 55
4.3 Relação entre sócios e sociedade 57
Legislação empresarial 7
SumárioSumário
5 Contrato Social 65
5.1 Natureza jurídica do ato constitutivo da sociedade contratual 66
5.2 Requisitos legais do Contrato Social 68
5.3 Sociedades contratuais 71
6 Metamorfoses societárias 79
6.1 O que são transformações societárias 80
6.2 Distinção entre transformação, incorporação, fusão e cisão 83
6.3 Legislação aplicável às metamorfoses societárias 86
7 Dissolução e liquidação das sociedades empresárias 93
7.1 Diferença entre dissolução e liquidação societária 94
7.2 Aspectos legais da dissolução das sociedades nacionais e estrangeiras 97
7.3 Liquidação das sociedades nacionais e estrangeiras 100
8 Direito Falimentar 109
8.1 Lei n. 11.101, de 2005: noções básicas 110
8.2 Recuperação de empresas: o que é e como funciona 113
8.3 Falência: o que é e quando ocorre 116
Legislação empresarial 9
1
Noções gerais de 
introdução ao Direito
Introdução 
Neste primeiro capítulo, o objetivo é fornecer aos indivíduos que iniciam seus 
estudos jurídicos uma visão ampla do Direito, trazendo-lhes conceitos gerais, como o 
que se entende por Direito, a relação entre Direito e Estado e o que é e como funciona 
o ordenamento jurídico.
Tais saberes são importantes para que aqueles que não conhecem o Direito de 
maneira mais profunda possam compreendê-lo e aplicá-lo, não só em sua vida pes-
soal, mas especialmente em seu cotidiano profissional.
Considerando que o público para o qual o presente livro está voltado busca conhe-
cimentos acerca do Direito Empresarial, as explicações servirão de sustentação para 
que compreendam que tal área do Direito faz parte do ordenamento jurídico brasileiro 
e tem seus alicerces na Teoria Geral do Direito.
Noções gerais de introdução ao Direito1
Legislação empresarial10
1.1 Conceito de Direito
Definir o que é direito não é tarefa fácil, considerando que o vocabulário da língua por-
tuguesa é bastante rico e uma mesma palavra pode possuir diferentes sentidos, dependendo 
do contexto em que está inserida. Por exemplo, quando alguém afirma “Tenho o direito de 
receber pelo trabalho que realizo”, isso significa dizer que “é justo” receber pelo trabalho. 
Por outro lado, ao falar que “O direito brasileiro nem sempre é respeitado”, já temos outro 
sentido para o vocábulo, o qual significa norma jurídica. Ainda é possível dizer “Eu tenho 
o direito de ajuizar uma ação de indenizaçãocontra quem me caluniou”, contexto no qual 
a acepção da palavra direito é voltada para a faculdade do uso da norma jurídica existente. 
Cabe à Filosofia Jurídica tratar das várias acepções da palavra direito. Para os fins a 
que se propõe este texto, empregaremos o entendimento do Direito como um conjunto de 
normas que, emanadas de poderes competentes, disciplina a conduta em sociedade, usando 
para isso a coercitividade, ou seja, o poder do Estado de impor às pessoas o cumprimento 
das regras por ele estabelecidas. 
Só ao Estado cabe usar da força para obrigar os indivíduos a adotar, por meio da norma 
jurídica, o comportamento capaz de evitar conflitos, numa sociedade em que os seres huma-
nos se tornam cada vez mais individualistas e competitivos.
Vivendo em sociedade, lutando por sua sobrevivência, o homem necessita de regras 
que assegurem a ordem e impeçam a discórdia. Já afirmou o grande jurista Paulo Nader: “O 
Direito está em função da vida social” (NADER, 2005, p. 27). 
É verdade que existem outros meios de controle social além do Direito, tais como a reli-
gião e a moral, que também determinam regras de convívio social. A religião, ao propagar a 
ideia de amor ao próximo, nada mais faz do que, por meio de dogmas específicos, propagar 
a ideia de respeito ao outro e, consequentemente, propiciar a harmonia social. E a moral, ao 
designar o que é certo ou errado, bom ou mau, busca aprimorar a essência humana e, assim, 
ensina a melhor forma de se comportar em sociedade. Entretanto, nenhum desses meios 
de controle social tem a característica de coercitividade que tem o Direito. Além disso, en-
quanto os primeiros, religião e moral, almejam aperfeiçoar o indivíduo como ser humano, 
o Direito, por meio de suas regras, volta-se para o comportamento do homem no convívio 
social, as ações que este venha a praticar. Em outras palavras, o Direito se interessa pelo que 
o homem faz ou deixa de fazer na vida social, e não com seu foro íntimo, como ocorre com 
a religião e a moral. 
O Direito como regra jurídica, formado por códigos e leis, é denominado de Direito 
Positivo, ou seja, um sistema de normas jurídicas que regula as relações entre as pessoas em 
dado momento histórico.
O Direito como conjunto de normas jurídicas, primeiramente, pelo critério romano, foi 
dividido em direito público e direito privado. Tal distinção é útil do ponto de vista da didá-
tica, pois facilita a pesquisa e, consequentemente, o aperfeiçoamento e a sistematização dos 
princípios que compõem o Direito.
Noções gerais de introdução ao Direito
Legislação empresarial
1
11
Nesse sentido, as normas jurídicas de Direito Público, chamadas de cogentes ou taxa-
tivas, regulam as relações jurídicas em que o interesse do Estado é predominante. Assim, 
para muitos doutrinadores, tais como Brancato (2011), Venosa (2016) e Palaia (2012), fa-
zem parte do Direito Público o Direito Constitucional, o Direito Tributário, o Direito Penal, 
o Direito Administrativo, o Direito Processual, o Direito Internacional Público e o Direito 
Internacional Privado, enquanto o Direito Civil é predominantemente formado por normas 
de Direito Privado. Não é pacífico, no entanto, o entendimento quanto à natureza jurídica 
do Direito do Trabalho. Para Miguel Reale (2005), o Direito do Trabalho apresenta-se como 
“um Direito eminentemente público”, por ser o Estado a disciplinar as formas de prestação 
de trabalho e os contratos coletivos. Já para Martins (2005), por preponderar a autonomia da 
vontade das partes no Direito do Trabalho, ele se trata de um ramo do Direito Privado. Mas 
a corrente predominante é a de que o Direito do Trabalho é um ramo do Direito Privado, 
haja vista que os contratantes (empregador e empregado) são livres para estipular as regras 
de seu pacto de emprego. 
Há também o “Direito Misto”, quando uma mesma área do Direito possui normas ta-
xativas (e, portanto, de Direito Público) e normas dispositivas (de Direito Privado), como o 
Direito de Família e o próprio Direito do Trabalho, conforme Venosa (2016).
Ao tratar do Direito, é preciso lembrar que ele surge com base em algumas fontes, sen-
do uma delas as fontes históricas. Para captar a finalidade do instituto jurídico, é necessário 
conhecer em que momento e em que circunstâncias foram criadas as normas. O estudo de 
tais fontes compete a uma disciplina específica denominada História do Direito. 
Há, ainda, as fontes materiais do Direito, também chamadas de fontes de produção do 
Direito, que são constituídas pelos fatores jurídicos, tais como a geografia e a economia, sen-
do, assim, fontes materiais indiretas. E existem também as fontes materiais diretas, as quais 
são identificadas como sendo os próprios órgãos responsáveis pela produção da lei (Poder 
Legislativo) e pela produção da jurisprudência (Poder Judiciário).
Interessa-nos, entretanto, uma terceira categoria de fontes jurídicas, chamadas de fontes 
formais do Direito, que são as formas de expressão do Direito: a lei, o costume, a jurispru-
dência e a doutrina.
A lei, no Brasil, é a principal fonte formal do Direito, uma vez que adotamos a norma 
escrita como diretriz essencial de conduta na sociedade brasileira, seguindo o sistema ro-
manista. Observe-se que a própria Constituição da República Federativa do Brasil (BRASIL, 
1988), lei máxima de nosso ordenamento jurídico, determina em seu artigo 5°, inciso II, que 
todos são obrigados a fazer o que está previsto em lei. Já no sistema adotado em países de 
língua inglesa, como Inglaterra e Austrália, a lei é apenas mais uma fonte entre tantas outras.
A lei, elaborada com base em critérios específicos e por um órgão competente para fazê-
-lo, é regra geral e abstrata, que deve ser obedecida por todos, uma vez que é dotada de coa-
ção. O órgão responsável por elaborá-la é o Poder Legislativo, e, em situações excepcionais, 
conforme estabelece a Constituição Federal de 1988, artigo 62, o Poder Executivo, na pessoa 
do presidente da república, pode editar medidas provisórias com força de lei. Por exemplo, 
quando foi criada a contribuição provisória sobre movimentações financeiras (CPMF), isso 
Noções gerais de introdução ao Direito1
Legislação empresarial12
ocorreu por meio de medida provisória, que teve efeitos legais imediatos por 60 dias, pror-
rogáveis por mais 60, mas foi enviada imediatamente ao Congresso Nacional para que este 
votasse se ela deveria ou não se transformar em lei. 
Outra fonte formal do Direito é o costume. Um exemplo de costume jurídico foi o che-
que pré-datado, uma criação brasileira. Sendo aplicada somente no caso de omissão da lei, a 
norma costumeira ou consuetudinária resulta de, segundo Miguel Reale (2005, p. 157), uma 
conduta praticada de maneira consciente e que se repete socialmente até que os indivíduos 
acabam por concebê-la como obrigatória.
O Direito costumeiro possui um requisito subjetivo, que é a crença da obrigatoriedade 
da conduta, e um requisito objetivo, a constância do ato.
Para que seja fonte do Direito, o costume precisa ser reconhecido como tal pelo ordena-
mento jurídico, conforme ocorre no Brasil, em que a Lei de Introdução às Normas de Direito, 
no artigo 4° (BRASIL, 1942), prevê: “Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo 
com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito”.
A jurisprudência, palavra que designa a aplicação do Direito com sabedoria (jus = Direito; 
prudentia = sabedoria), resulta de reiteradas decisões dos tribunais numa mesma direção in-
terpretativa. Por não ter força vinculativa, a jurisprudência é tida como fonte secundária do 
Direito. Um exemplo claro de jurisprudência é quando duas pessoas do mesmo sexo convi-
vem por certo tempo numa relação conjugal, uma delas vem a falecer e a que permaneceu 
viva requer pensão por morte ao INSS, mas este não a concede. O “cônjuge sobrevivente” 
move então uma açãojudicial requerendo seu direito. Como é um caso raro, não existe con-
ceito já estabelecido. O juiz analisa, julga e dá sua decisão favorável. Quando surge outra 
situação igual a ser julgada, fica mais fácil a decisão, porque já existe um caso semelhante.
Por fim, a doutrina, também considerada fonte do Direito, é resultado do estudo das 
leis por parte de juristas, estudiosos e operadores jurídicos em geral, que geram teses, com-
pêndios, tratados, pareceres capazes de mostrar caminhos aos magistrados e sugerir modi-
ficações aos legisladores.
Outra classificação para as fontes do Direito é, segundo Venosa (2016):
a. Diretas, imediatas ou primárias – lei e costume, porque têm, por elas mesmas, po-
tencialidade suficiente para gerar a regra jurídica.
b. Indiretas, mediatas ou secundárias – doutrina, jurisprudência, analogia, princípios 
gerais do Direito e equidade. Essas fontes servem para esclarecer a aplicação global 
do Direito.
Os princípios gerais do Direito, assim como a analogia e os costumes, são considerados, 
segundo a Lei de Introdução às Normas de Direito ( BRASIL, 1942), em seu artigo 4°, proces-
sos de preenchimento de lacunas existentes na lei, pois esta nem sempre consegue regular 
todas as situações sociais e o legislador não tem como prever todos os acontecimentos. 
Assim, os princípios gerais do Direito servem de base ao ordenamento jurídico, por 
trazerem em seu bojo valores sociais dos quais se serve o legislador. Esses princípios são 
comuns a todas as áreas do Direito, tais como viver honestamente, dar a cada um o que é 
seu e não causar danos a outrem (todos espelhando valores sustentados socialmente). Têm 
Noções gerais de introdução ao Direito
Legislação empresarial
1
13
função informadora, quando servem de base ao legislador para a criação de preceitos legais, 
função normativa, ao serem aplicados nas lacunas da lei, e, por fim, função interpretativa, 
ao auxiliarem na compreensão exata da norma. Por serem aplicados na lacuna da lei, que é 
norma jurídica, também são os ditos princípios normas jurídicas. 
Nader (2005, p. 194) explica que a “analogia é um recurso técnico que consiste em se 
aplicar, a uma hipótese não prevista pelo legislador, a solução por ele apresentada para 
outra hipótese fundamentalmente semelhante à não prevista”. Para a aplicação da analo-
gia jurídica, alguns requisitos devem ser respeitados, tais como: inexistência de dispositivo 
legal prevendo ou disciplinando a hipótese do caso concreto a ser julgado; identidade de 
fundamento jurídico no ponto comum às duas situações; semelhança entre o caso concreto 
e a situação não regulada.
Como exemplo de aplicação analógica, pode-se citar o caso do reconhecimento, pelo 
Supremo Tribunal Federal, da família homoafetiva, conferindo aos casais homossexuais o 
direito à união estável: uma vez que as leis brasileiras ainda não previam o casamento entre 
casais homossexuais, coube a uma decisão judicial, tomando por base a legislação acerca de 
união entre heterossexuais, decidir sobre a matéria. Para tal, foi usada a analogia.
Por fim, faz-se necessário alertar que no Direito Penal não se aplica a analogia, uma vez 
que o princípio da legalidade (“não há crime ou pena sem lei penal que expressa e previa-
mente os estabeleça”) impede sua utilização.
1.2 Direito e Estado
O Direito emana do Estado, que é responsável não só pela produção das leis, mas pelo 
controle de sua aplicação. Mas o Estado depende do Direito, que organiza sua atuação e 
delimita seus poderes.
Sob o ponto de vista jurídico, o Estado deve sua existência ao fato de possuir uma 
Constituição. Pode-se conceituar o Estado como a pessoa jurídica formada por uma socieda-
de que vive em determinado território e é subordinada a uma autoridade soberana. 
O Estado atua tanto no plano externo quanto no interno. No interno, cabe-lhe garantir a 
ordem pública, e o faz ao criar o Direito e buscar garantir a aplicação da justiça. Já no plano 
externo, o Estado tem de fazer valer sua soberania.
Há várias teorias que buscam explicar a relação entre Direito e Estado. 
Segundo a teoria monista, Direito e Estado se confundem, ou seja, o Estado é fonte úni-
ca do Direito, fazendo com que sejam considerados como uma única realidade, formando 
uma só entidade. Os defensores de tal teoria – Hans Kelsen, Hegel, Thomas Hobbes e Jean 
Bodin – não admitem a possibilidade de qualquer norma jurídica que não esteja atrelada 
ao Estado. Já a teoria dualística ou dualista, criada por Otto Von Gierke e Georges Gurvith, 
preconiza a total separação entre Direito e Estado, ao afirmar que o Direito é uma criação 
estritamente social e, nesse caso, cabe ao Estado apenas elaborar normas jurídicas que ad-
venham da consciência social. No caso da teoria do paralelismo, defendida por Giorgio Del 
Noções gerais de introdução ao Direito1
Legislação empresarial14
Vecchio, há a ideia de que Direito e Estado se completam em sua atuação, ainda que sejam 
realidades diferentes.
Se o Estado cria o Direito por meio dos poderes constituídos e o Direito determina como 
deve ser a atuação do Estado, não há como se negar a interligação entre eles.
Neste ponto é fundamental tratar do Estado de Direito. Ele é formado pelo Direito, 
como conjunto de normas que regem o funcionamento de uma sociedade, e pelo Estado, 
forma de organização política.
Entende-se que ocorre o Estado de Direito a partir do momento em que há a participa-
ção do povo na administração pública, por meio de seus representantes, como a Constituição 
Federal de 1988 (BRASIL, 1988) determina em seu artigo 1°, parágrafo único. E é com o desen-
volvimento do Estado de Direito que surge a divisão dos poderes que compõem a estrutura 
político-administrativa do Estado: Poder Executivo, Poder Legislativo e Poder Judiciário.
A divisão dos Poderes, com suas funções específicas bem delineadas pela Lei Maior 
(Constituição), afasta o Estado absolutista, no qual todas as funções eram centralizadas na 
figura do rei, situação em que o Estado de Direito não podia ser reconhecido, uma vez que 
o soberano exercia sobre o povo um poder incontrolado.
Entretanto, o Estado de Direito ainda não foi plenamente alcançado no Brasil, ainda que 
haja no país a distribuição de poderes, posto que os representantes escolhidos pelo povo de-
vem por ele e para ele trabalhar, o que nem sempre tem acontecido. Ainda se permite, assim, 
muita injustiça social e a falta de um serviço público eficaz para a população, impedindo-lhe 
a garantia da dignidade.
1.3 Ordenamento jurídico
O Estado possui um ordenamento jurídico constituído de normas jurídicas diferentes 
entre si, a fim de organizar a sociedade. 
Ordenamento significa a ação de fazer algo de determinado modo. O vocábulo jurídico, 
conforme é possível inferir pelo já exposto anteriormente, qualifica o que está de acordo com 
o Direito.
Ao explicar o que é ordenamento jurídico, Venosa traz a definição de Hugo de Brito 
Machado: “O ordenamento jurídico é um conjunto de prescrições, ou proposições prescri-
tivas, que podem ser entendidas como conjunto de palavras destinadas a prescrever certos 
comportamentos” (VENOSA, 2006, p. 76 apud MACHADO, 2000, p. 71). 
Há um “ordenamento jurídico” em cada país, formado pelas diversas fontes de Direito, 
pois a realidade jurídica é concebida como um sistema de normas, desde as normas legais 
até as normas negociais, entre as quais existe uma hierarquia para sua aplicação.
A hierarquia das normas jurídicas significa que no ordenamento jurídico brasileiro exis-
tem leis que suplantam as outras. A ideia de hierarquia das leis foi proposta primeiramente 
por Hans Kelsen, jurista nascido em Praga em 1881, que criou a chamada Pirâmide de Kelsen. 
Noções gerais de introdução ao Direito
Legislação empresarial
1
15
Segundo Kelsen (1987), todas as leis estão subordinadas a uma “leimaior” e a ela têm de ser 
adequadas. Portanto, se uma lei contrariar a dita “lei maior”, ela pode ser contestada.
Havendo conflitos entre as leis em sua aplicação em decisões judiciais, para Hans 
Kelsen a lei somente poderá ser anulada pelo próprio tribunal que a proferiu ou, ainda, por 
tribunal superior. Quando a lei for contrária à Constituição, diz-se então que tal lei é incons-
titucional. No entanto, Kelsen (1987, p. 287) afirma que “enquanto, porém, não for revogada, 
tem de ser considerada como válida; e enquanto for válida, não pode ser inconstitucional”. 
No Brasil, a validade de todo o ordenamento jurídico depende de uma norma “maior”, 
que é a Constituição da República Federativa do Brasil. Submetem-se a ela todas as demais 
normas jurídicas. 
Trata-se de uma Constituição rígida, que organiza o país em uma república federativa 
formada pela união indissolúvel dos estados, dos municípios e do Distrito Federal. Os 26 
estados federados têm autonomia para elaborar suas próprias constituições estaduais e leis. 
No entanto, a competência legislativa destas é limitada pelos princípios estabelecidos na 
Constituição Federal.
A Carta Maior brasileira dispõe, ainda, sobre os instrumentos legais do nosso ordena-
mento jurídico: emendas à Constituição, que consistem em mudanças no texto constitucio-
nal; leis complementares, que complementam a Constituição ao detalhar uma questão sem 
interferir no texto constitucional (tais leis são admissíveis apenas em casos expressamente 
autorizados na constituição); leis ordinárias, que lidam com todas as matérias, à exceção 
daquelas reservadas às leis complementares; e medidas provisórias, que são editadas pelo 
presidente da república em situações importantes e urgentes e têm natureza temporária e 
força de lei, devendo, assim, ser submetidas ao Congresso Nacional para possível aprovação 
legislativa. Após serem examinadas pelo Congresso Nacional, as medidas provisórias deve-
rão ser convertidas em lei ordinária, caso aprovadas. Se rejeitadas, tácita ou expressamente, 
perdem a eficácia ex tunc, e o Congresso Nacional deverá regular as relações jurídicas que 
surjam a partir de então. 
Quando a Pirâmide de Kelsen foi criada, nela não constavam os tratados internacionais, 
mas apenas o Direito interno. Entretanto, atualmente, é inegável a influência do Direito 
Internacional no ordenamento jurídico interno dos países, o que gerou a necessidade de se 
pensar sobre qual é a posição dos tratados internacionais em tal “pirâmide”, ou seja, quais 
as normas jurídicas que se subordinam a esses tratados.
A Constituição Federal brasileira (BRASIL, 1988), em seu artigo 5°, inciso LXXVIII, 
§3°, ao tratar dos direitos e garantias fundamentais, prevê que, se os tratados internacio-
nais dispuserem acerca de direitos humanos e forem votados como emendas constitucio-
nais, estarão acima das demais leis.
Nessa direção, o Supremo Tribunal Federal entendeu, no julgamento do habeas cor-
pus 79.785, de 2000, majoritariamente, que os tratados internacionais de direitos humanos, 
antes equiparados às normas ordinárias federais, apresentam status de norma supralegal, 
isto é, estão acima da legislação ordinária, mas abaixo da Constituição. Tal posicionamento 
Noções gerais de introdução ao Direito1
Legislação empresarial16
admite a hipótese de tais tratados adquirirem hierarquia constitucional, desde que obser-
vado o procedimento previsto no parágrafo 3°, artigo 5°, da CF, acrescentado pela Emenda 
Constitucional n. 45/2004.
Desse modo, o Supremo Tribunal Federal alterou, por meio de uma decisão, a pirâmide 
criada por Kelsen, que ainda possui em seu topo a Constituição Federal, porém acrescenta 
logo abaixo os tratados internacionais de direitos humanos, desde que aprovados, como 
ocorre com as emendas constitucionais. 
Além das relações entre os tipos de normas jurídicas (tratados internacionais, 
Constituição Federal, leis complementares, leis ordinárias, leis delegadas, medidas provi-
sórias, decretos legislativos e resoluções), estabelecendo a prevalência de umas sobre as ou-
tras, o ordenamento jurídico também traz a hierarquia das normas relativas aos domínios 
geográficos das leis, uma vez que leis federais predominam sobre as leis estaduais e ambas 
não podem ser contrariadas por lei municipal.
Mas, se por um lado existe uma hierarquia entre as normas jurídicas nacionais no que se 
refere à sua aplicação ao caso concreto, por outro, quanto aos aspectos de validade, vigência 
e eficácia, elas se submetem aos mesmos critérios.
Após sua elaboração pelo órgão competente, e segundo o procedimento determinado 
pelo próprio ordenamento jurídico, a lei é publicada nos órgãos de impresa oficial (Diário 
Oficial) para sua publicidade e passa a ser obrigatória a partir de sua vigência, ou seja, da 
data em que entra em vigor. Tornada pública a lei, todos devem respeitá-la, conforme dita 
o artigo 3° da Lei de Introdução às Normas de Direito (BRASIL, 1942): “Ninguém se escusa 
de cumprir a lei, alegando que não a conhece”.
A data de início da vigência da lei normalmente vem descrita na própria norma, a exem-
plo do que ocorreu com a Lei n. 11.788, de 25 de setembro de 2008 (Lei de Estágio) (BRASIL, 
2008), que descreve, em seu artigo 21: “Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação”.
Se a lei não dispuser em seu texto qual a data de sua vigência, ela entrará em vigor 45 dias 
após sua publicação dentro do país e três meses se for aplicada em Estado estrangeiro, con-
forme prevê a Lei de Introdução às Normas de Direito (BRASIL, 1942), artigo 1°, caput e §1°. 
O espaço de tempo entre a publicação da lei e sua entrada em vigor denomina-se 
 vacacio legis, que é o período dado pelo legislador para que a sociedade se adapte à nova 
lei. Temos vários exemplos de leis brasileiras que tiveram vacatio legis, tais como o Código 
de Trânsito Brasileiro – Lei n. 9.503, de 23 de setembro de 1997 (120 dias após a publicação) 
–, o Código de Proteção e Defesa do Consumidor – Lei n. 8.078, de 11 de setembro de 1990 
(120 dias após a publicação) – e o Código Civil – Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (1 
ano após a publicação).
Após entrar em vigor, a lei gera efeitos imediatos, respeitando o direito adquirido (é o 
que integra o patrimônio jurídico da pessoa por meio da lei até então vigente), o ato jurídico 
perfeito (entendido como o ato já consumado segundo a lei vigente no momento em que o 
ato se consumou) e a coisa julgada (decisão judicial irrecorrível concedida com base na lei 
vigente à época de sua sentença definitiva).
Noções gerais de introdução ao Direito
Legislação empresarial
1
17
A lei nova terá vigência até que outra lei que regule a mesma matéria a modifique ou 
revogue. A lei revogadora deve ser do mesmo nível ou superior hierarquicamente à lei re-
vogada. Por exemplo, uma lei ordinária só pode revogar outra lei ordinária ou de hierarquia 
inferior a ela. 
A eficácia da lei no espaço refere-se ao local onde a norma jurídica será aplicada e re-
gula a conduta não só dos brasileiros, mas dos estrangeiros que estiverem em território na-
cional, segundo o princípio da territorialidade. Há ainda casos específicos de leis brasileiras 
que têm eficácia em outros países. 
Também é importante considerar a aplicação da lei no espaço, o que determina o artigo 
9° da Lei de Introdução às Normas de Direito (BRASIL, 1942):
Art. 9° Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei do país em que se 
constituírem.
§ 1° Destinando-se a obrigação a ser executada no Brasil e dependendo de for-
ma essencial, será esta observada, admitidas as peculiaridades da lei estrangeira 
quanto aos requisitos extrínsecos do ato.
§ 2° A obrigação resultante do contrato reputa-se constituída no lugar em que 
residir o proponente.
Por fim, além de compreender como se dá a vigência da lei no tempo e no espaço, é 
necessárioressaltar que, para que tenha validade, a lei deve preencher alguns requisitos 
extremamente importantes, tais como legitimidade do órgão para elaborá-la, competência 
em relação à matéria da lei que será elaborada e respeito ao procedimento técnico para sua 
criação. As normas básicas que regulam tais requisitos estão na Constituição Federal e nas 
Leis Complementares n. 95/1998 (BRASIL, 1998) e n. 107/2001 (BRASIL, 2001).
Para a eficácia da norma jurídica, é necessário, ainda, observar o cumprimento efetivo 
da lei por parte da sociedade. Uma vez que o Direito deve ser criado com base nos valores e 
nas instituições sociais, a lei que não atende a tais requisitos, ou seja, que não tem nenhum 
vínculo com a sociedade na qual está sendo inserida ou não considera a cultura do povo, 
não terá eficácia. 
Muitas vezes, a lei não atinge seus objetivos porque não existe fiscalização suficiente ou 
estrutura estatal para colocá-la adequadamente em prática, o que não lhe permite ter eficácia.
 Ampliando seus conhecimentos
A ação do Direito
(NADER, 2005, p. 27)
O Direito está em função da vida social. A sua finalidade é a de favore-
cer o amplo relacionamento entre as pessoas e os grupos sociais, que é 
uma das bases do progresso da sociedade. Ao separar o lícito do ilícito, 
Noções gerais de introdução ao Direito1
Legislação empresarial18
segundo valores de convivência que a própria sociedade elege, o ordena-
mento jurídico torna possíveis os nexos de cooperação e disciplina a com-
petição, estabelecendo as limitações necessárias ao equilíbrio e à justiça 
nas relações.
Em relação ao conflito, a ação do Direito se opera em duplo sentido. De 
um lado, preventivamente, ao evitar desinteligências quanto aos direitos 
que cada parte julga ser portadora. Isto se faz mediante a exata definição 
do Direito, que deve ter na clareza, simplicidade e concisão de suas regras, 
algumas de suas qualidades. De outro lado, diante do conflito concreto, 
o Direito apresenta solução de acordo com a natureza do caso, seja para 
definir o titular do direito, determinar a restauração da situação anterior 
ou aplicar penalidades de diferentes tipos.
Cenário de lutas, alegrias e sofrimentos do homem, a sociedade não 
é simples aglomeração de pessoas. Ela se faz por um amplo relaciona-
mento humano, que gera amizade, a colaboração, o amor, mas que pro-
move, igualmente, a discórdia, a intolerância, as desavenças. Vivendo em 
ambiente comum, possuindo idênticos instintos e necessidades, é natural 
o aparecimento de conflitos sociais, que vão reclamar soluções. Os litígios 
surgidos criam para o homem as necessidades de segurança e de justiça. 
Mais um desafio lhe é lançado: a adaptação das condutas humanas ao 
bem comum. Como as necessidades coletivas tendem a satisfazer-se, ele 
aceita o desafio e lança-se ao estudo de fórmulas e meios, capazes de pre-
venirem os problemas, de preservarem os homens, de estabelecerem paz 
e harmonia no meio social. A característica fundamental da sociedade é, 
assim, a submissão de um agrupamento de pessoas iguais a leis ou sis-
tema jurídico, sem o que não haver entendimento e convivência.
A sociedade sem o Direito não resistiria, seria anárquica, teria o seu fim. 
O Direito é a grande coluna que sustenta a sociedade. Criado pelo homem 
para corrigir a sua imperfeição, o Direito representa um grande esforço 
para adaptar o mundo exterior às suas necessidades de vida.
Noções gerais de introdução ao Direito
Legislação empresarial
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 Atividades
1. Acerca da relação entre Direito e sociedade, assinale a opção correta: 
a. O Direito não é uma abstração, solto no espaço e no tempo, mas um fenômeno 
imerso na vida humana, ou seja, o Direito é algo que está no processo existencial do 
indivíduo e da coletividade. 
b. Em relação ao conflito, a ação do Direito se opera em um único sentido, ou seja, 
preventivamente, ao evitar desinteligências quanto aos direitos que cada parte julga 
ser portadora.
c. A característica fundamental da sociedade é a submissão de um agrupamento de pes-
soas iguais a leis ou ao sistema jurídico, mas é possível o convívio social harmônico 
sem a existência do Direito. 
d. O Direito, na sociedade, existe única e exclusivamente para aplicar penalidades de 
diferentes tipos. 
2. Analise as afirmações a seguir: 
I. Jurisprudência é fonte estatal do Direito e se traduz a partir das decisões reitera-
das dos tribunais em um mesmo sentido, sobre uma mesma temática.
II. A lei é a fonte do Direito mais utilizada no ordenamento jurídico brasileiro. 
III. Costume é fonte do Direito, embora não exista no ordenamento jurídico brasilei-
ro previsão nesse sentido. 
IV. Acerca das fontes do Direito, existe uma única classificação.
a. Apenas as assertivas I e II estão corretas.
b. Apenas as assertivas I, II e III estão corretas.
c. Apenas a assertiva IV está correta.
d. Todas as assertivas estão corretas.
3. Analise a situação exposta e assinale a afirmação correta:
Em Curitiba (PR), por meio da Lei n. 9.493, de 15 de abril de 1999, que foi votada pela 
Câmara de Vereadores, aprovada e entrou em vigor 60 dias após sua publicação, é 
obrigatório que cães de raças consideradas violentas usem focinheira ao transitarem 
em vias públicas. Porém, é comum encontrar animais sem o equipamento pelas ruas 
da cidade.
a. A citada lei não possui vigência.
b. A lei em questão não tem legitimidade.
c. O não cumprimento demonstra que ela não tem efetividade social.
d. A lei citada não possui vigência nem efetividade.
Noções gerais de introdução ao Direito1
Legislação empresarial20
 Referências 
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set. 1942. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del4657compilado.htm>. 
Acesso em: 3 maio 2017. 
______. Constituição (1988). Diário Oficial da União, Brasília, DF, 5 out. 1988. Disponível em: <http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituição.htm>. Acesso em: 3 maio 2017.
______. Lei Complementar n. 95, de 26 de fevereiro de 1998. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 
27 fev. 1998. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp95.htm>. Acesso em: 3 
maio 2017. 
______. Lei Complementar n. 107, de 26 de abril de 2001. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 27 abr. 
2001. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp107.htm>. Acesso em: 3 maio 
2017. 
______. Lei n. 11.788, de 25 de setembro de 2008. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 26 set. 2008. 
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11788.htm>. Acesso 
em: 3 maio 2017.
BRANCATO, Ricardo Teixeira. Instituições de Direito Público e de Direito Privado. São Paulo: 
Saraiva, 2011. 
KELSEN, Hans. Teoria pura do Direito. São Paulo: Saraiva, 1987.
MACHADO, Hugo de Brito. Uma introdução ao estudo do Direito. São Paulo: Dialética, 2000.
NADER, Paulo. Introdução ao estudo do Direito. São Paulo: Forense, 2005.
PALAIA, Nelson. Noções essenciais de Direito. São Paulo: Saraiva, 2012.
REALE, Miguel. Lições preliminares de Direito. São Paulo: Saraiva, 2005.
VENOSA, Silvio de Salvo. Introdução ao estudo do Direito: primeiras linhas. São Paulo: Atlas, 2016.
 Resolução 
1. A − O Direito não é uma abstração, solto no espaço e no tempo, mas um fenômeno 
imerso na vida humana, ou seja, o Direito é algo que está no processo existencial do 
indivíduo e da coletividade.
O Direito faz parte do cotidiano de todas as pessoas, pois, como conjunto de normas 
que é, determina o comportamento dos seres humanos em sociedade em quase todos 
os momentos de sua existência.
b. A ação do Direito não opera em um único sentido, pois, ao mesmo tempo que busca 
evitar o conflito, cabe ao Direito resolvê-lo por meio da atuação do Estado (PoderJudiciário), caso ele se estabeleça.
c. A convivência social sem a existência do Direito não é possível, pois, devido às di-
ferenças de valores, à competitividade entre as pessoas e à defesa de interesses par-
ticulares, é necessário que exista um conjunto de normas jurídicas que determinem 
como viver em sociedade.
Noções gerais de introdução ao Direito
Legislação empresarial
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d. O Direito não existe apenas para aplicar penalidades. Ao contrário, o Direito existe 
para determinar o que é lícito e o que é ilícito e para evitar os conflitos sociais.
2. A − Apenas as assertivas I e II estão corretas.
As assertivas II e IV estão incorretas porque o costume é uma fonte do Direito pre-
vista pelo ordenamento jurídico, conforme artigo 4° da Lei de Introdução às Normas 
de Direito (BRASIL, 1942), que determina: “Quando a lei for omissa, o juiz decidirá 
o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de Direito”. 
As fontes do Direito têm mais de uma classificação. Podem ser históricas, formais 
e materiais. As fontes ainda podem ser estatais (lei e jurisprudência) e não estatais 
(costumes e doutrina).
3. C – O não cumprimento demonstra que ela não tem efetividade social.
O não cumprimento da lei por parte da população demonstra que a lei não possui 
efetividade social. 
a. A lei possui vigência, uma vez que foi publicada e já se passou o período de vacatio 
legis de 60 dias.
b. A lei n. 9.493, de 15/4/1999, tem legitimidade, uma vez que foi elaborada pela Câ-
mara de Vereadores, que tinha competência para elaborá-la.
d. A lei não possui efetividade, uma vez que não é respeitada socialmente, mas possui 
vigência, conforme explicado anteriormente.
Legislação empresarial 23
2
Direito Empresarial
Introdução
Neste capítulo, o objetivo é proporcionar a compreensão dos fundamentos básicos 
da relação mercantil e das obrigações decorrentes, demonstrando, assim, os principais 
conceitos relacionados à atividade econômica organizada de fornecimento de bens ou 
serviços, denominada empresa.
Os conhecimentos apresentados são importantes para desenvolver o entendimento 
prático da legislação empresarial, observando as atividades econômicas no mercado 
interno e globalizado.
Pretende-se, portanto, oportunizar um aprimoramento dos conhecimentos, das 
habilidades e das atitudes no que se refere à legislação empresarial.
Direito Empresarial2
Legislação empresarial24
2.1 Atividade empresarial
Para viver nós precisamos, diariamente, de bens e serviços, que são fornecidos por or-
ganizações econômicas, estruturadas e desenvolvidas por pessoas que têm como objetivo 
ganhar dinheiro – os empresários. Pode-se entender que a atividade empresarial é a articu-
lação de fatores de produção (capital, mão de obra, insumo e tecnologia) com a finalidade 
de produzir bens e serviços.
Os empresários surgem quando, por meio do capital (próprio ou alheio), organizam-se, 
adquirem matéria-prima, contratam mão de obra especializada e desenvolvem ou adquirem 
tecnologia, visando a produzir bens ou serviços para determinado público, na perspectiva 
de lucro.
A atividade empresarial consiste, nesses termos, em juntar os recursos financeiros, hu-
manos, materiais e tecnológicos, com o objetivo de fornecer ao mercado de consumo bens 
e serviços de qualidade e com preço competitivo e, em contrapartida, obter mais recursos 
financeiros. 
A empreitada desenvolvida pelo empresário é uma ação de risco, visto que por mais 
que ele tenha cuidado, por mais inovador que o bem ou serviço possa parecer ser, pode sim-
plesmente não agradar aos consumidores, ou, ainda, o desenvolvimento da empresa pode 
ser afetado por crises econômicas ou outras hipóteses alheias à sua vontade.
Quando a empresa não realiza as expectativas do empresário e não gera os lucros de-
vidos, os investimentos são perdidos. Para que o risco de insucesso de qualquer atividade 
econômica seja minimizado, é necessário que o empresário tenha capacidade de planejar 
suas atividades, identificando as possíveis fragilidades da empresa frente ao mercado, com 
a finalidade de atenuar os prováveis riscos.
Em suma, para que uma empresa desenvolva bens e serviços, é necessária a presença 
do empresário. De acordo com o artigo 966 do Código Civil, “considera-se empresário quem 
exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação 
de bens ou de serviços” (BRASIL, 2002a). De tal definição podem-se extrair algumas caracte-
rísticas importantes, que são:
• profissionalismo;
• atividade econômica organizada;
• produção ou circulação de bens ou de serviços.
Sobre o profissionalismo, em consonância com Coelho (2016), ele está ligado a três or-
dens, que são: habitualidade, pessoalidade e monopólio das informações.
Nesse sentido, para que seja considerada uma atividade profissional, esta não pode ser 
esporádica. Logo, quando uma pessoa se organiza para produzir um bem, mesmo que seja 
com a finalidade de venda, porém por um pequeno lapso de tempo, não será considerado 
um empresário. Um exemplo muito comum são as pessoas que não estão trabalhando, que 
desenvolvem algum produto com a finalidade de sanar problemas financeiros emergenciais, 
produzem docinhos em casa e, assim que arranjam um emprego, param de produzi-los.
Direito Empresarial
Legislação empresarial
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25
No que diz respeito à pessoalidade, refere-se à realização da atividade pelo empresário 
de forma pessoal, ou seja, por mais que a empresa contrate diversos empregados, para a pro-
dução ou a circulação de bens e serviços, esses realizam as ações em nome do empresário. 
Por fim, sobre o monopólio das informações, é a ordem mais importante no que se 
refere ao profissionalismo, visto que, para ser considerado um profissional empresário, é 
necessário que este concentre todas as informações de seu empreendimento, ou seja, que 
o empresário detenha o conhecimento sobre as condições de uso, os atributos, as matérias-
-primas, os riscos que o produto ou o serviço podem causar no seu potencial consumidor.
Em suma, para que seja considerado profissional, o empresário deverá desenvolver sua 
atividade de forma permanente, de forma pessoal, e principalmente ter todas as informa-
ções pertinentes aos bens ou serviços desenvolvidos em sua empresa.
Sobre a segunda característica para ser empresário (atividade empresarial), quando o 
legislador prevê que o empresário “exerce profissionalmente uma atividade econômica or-
ganizada”, quer dizer que a empresa é uma atividade de produção ou, ainda, de circulação 
de bens ou serviços. É importante destacar que a empresa não é sinônimo de estabelecimento 
empresarial, visto que empresa é uma atividade desenvolvida e estabelecimento é o local onde 
é desenvolvida a atividade empresarial. Todavia, pode ser também considerado o complexo 
de bens organizados, para o exercício da empresa, segundo o Código Civil (BRASIL, 2002a), 
que prevê estabelecimento empresarial, no artigo 1.142, como “todo complexo de bens orga-
nizado, para exercício da empresa, por empresário, ou por sociedade empresária”.
Na concepção do Direito Empresarial moderno, a ideia central está no princípio da 
preservação da empresa, ou seja, de manter a atividade empresarial ativa, visto os interes-
ses oriundos da relação empresarial, como é o caso dos postos de trabalho, dos impostos 
arrecadados pelo Fisco ou, ainda, do desenvolvimento econômico trazido pela atividade 
empresarial em determinada sociedade.
Essa atividade é desenvolvida com o objetivo de lucro, porém existem outras atividades 
que são consideradas empresariais, mas não têm a finalidade básica de aferir lucro, como 
no caso das escolas religiosas. Todavia, quando essas empresas prestam serviços, os valores 
das mensalidades devem ser superiores aos dos gastos com insumos, pois numa sociedadecapitalista, nenhuma empresa se manteria sem lucratividade. O lucro, nesse caso, é um meio 
de esses religiosos empresários realizarem suas demais finalidades. Logo, o lucro é um meio 
para obtenção da finalidade dessa empresa.
Outro atributo importante derivado do conceito de empresa é o da organização, que 
se refere à manipulação dos quatro elementos de produção: capital, mão de obra, insumos 
e tecnologia, que o empresário realiza com a finalidade de estruturar a sua organização 
econômica. Logo, podemos entender que, quando uma pessoa compra bens para reven-
der, sem a presença desses quatro elementos de produção não pode ser considerado em-
presário, pois não organiza a mão de obra, visto que não contrata nenhum funcionário, e 
não depende de tecnologia.
E, por fim, a quarta característica importante é a produção de bens ou serviços, que 
corresponde à industrialização de bens. Logo, toda atividade de fabricação é empresarial. 
Direito Empresarial2
Legislação empresarial26
A atividade empresária também pode permear a prestação de serviços, uma vez que 
aquele que intermedeia a relação de consumo entre o fabricante e o consumidor final, ou 
seja, o atacadista, o varejista, exerce a profissão prevista no artigo 966 do Código Civil, como 
é o caso das agências de turismo, que vendem a passagem aérea, porém não prestam o ser-
viço de transporte aéreo. Ressalta-se, aqui, que a prestação de serviço é uma atividade eco-
nômica que não resulta em um bem tangível, como, por exemplo, a atividade de transporte.
Os bens e serviços se distinguem, visto que os bens são coisas materiais, ou seja, cor-
póreas, já os serviços são uma obrigação de fazer. Entretanto, com a utilização da internet 
ocorreu uma dificuldade de conceituar os objetos de consumo, como no caso da assinatura 
de jornal virtual. Contudo, mesmo no âmbito virtual, o ato de fornecer bens ou serviços 
também é considerado uma atividade empresarial.
A legislação que conceitua o empresário também apresenta quem não pode ser consi-
derado legalmente como tal, visto que de alguma forma não tem as quatro características es-
senciais. Por exemplo, não são considerados empresários os indivíduos que não organizam 
uma empresa. Por mais que sua atividade gere lucro e seja consistente, não será considerado 
empresário. Entre essas atividades, o artigo 966 do Código Civil, parágrafo único, prevê que 
“Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, lite-
rária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício 
da profissão constituir elemento de empresa” (BRASIL, 2002a).
No que diz respeito à profissão intelectual, encontram-se os profissionais liberais, como 
é o caso de médicos, dentistas, arquitetos, entre outros, bem como os escritores e artistas 
de qualquer expressão, como músicos e atores, que não são considerados empresários. 
Contudo, esses profissionais intelectuais podem exercer atividade empresarial quando o 
exercício de sua profissão seja um elemento da empresa.
Exemplificando, será considerado empresário o médico que administrar e contratar um 
rol de médicos e vários funcionários para atender os pacientes. Nesse caso, mesmo que o 
médico continue a cuidar de seus pacientes, sua função é também a de exercer profissional-
mente atividade econômica organizada que tem a finalidade de atender vários pacientes.
No que se refere ao empresário rural, são considerados empresários as pessoas que 
têm sua atividade econômica desenvolvida principalmente fora do centro da cidade. São 
considerados exemplos de atividade econômicas rurais a agricultura, o extrativismo vegetal, 
entre outros. Todavia, essas atividades devem ser desempenhadas de forma profissional. 
Ressalta-se que a atividade rural não necessariamente ocorre fora dos perímetros da cidade, 
visto que muitas vezes a área de cultivo (sítios, fazenda) pode estar dentro da zona urbana, 
assim como as atividades em prédios rústicos dentro da cidade.
Essas atividades, no Brasil, são desenvolvidas de duas formas: ou pela agroindústria, 
ou pela agricultura familiar. Na primeira, verifica-se a presença de tecnologia avançada, 
grandes áreas de cultivo e vários empregados. Entretanto, na segunda, o dono da terra e 
seus familiares são os que trabalharam diretamente na atividade, pequena área de produ-
ção, com tecnologia mais simples. 
Direito Empresarial
Legislação empresarial
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A legislação brasileira permite ao profissional rural que escolha se quer ou não ser con-
siderado empresário, em conformidade com o artigo 971 do Código Civil, que diz: 
O empresário, cuja atividade rural constitua sua principal profissão, pode, ob-
servadas as formalidades de que tratam o art. 968 e seus parágrafos, requerer 
inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, caso em 
que, depois de inscrito, ficará equiparado, para todos os efeitos, ao empresário 
sujeito a registro (BRASIL, 2002a).
Logo, se esse profissional rural requerer sua inscrição no registro das empresas na Junta 
Comercial, será considerado um empresário. De acordo com Coelho (2016), os donos de 
pequenas empresas que desenvolvem profissionalmente de forma organizada as atividades 
rurais familiares, na sua maioria, optam por não se registrarem na Junta Comercial.
2.2 O empresário, as obrigações das empresas, 
o estabelecimento e o nome empresarial
O empresário é aquele indivíduo que exerce uma atividade articulando os fatores de 
produção, com a finalidade de obter lucro de forma habitual. 
O exercício da profissão de empresário, de acordo com a legislação, traz um conjunto de 
obrigações. A não observância destas pode ocasionar consequências, inclusive penalmente. 
Entre elas, destaca-se:
• registrar-se no Registro de Empresa antes de iniciar suas atividades (artigo 967 do 
Código Civil);
• escriturar regularmente os livros obrigatórios; 
• levantar balanço patrimonial e de resultado econômico a cada ano (artigo 1.179 do 
Código Civil). 
A lei trata do Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, antes do 
início de sua atividade, visto que, sem esse registro, a empresa será considerada irregular e, 
por consequência, não poderá solicitar o pedido de falência ou, ainda, solicitar empréstimos 
em instituições financeiras.
Outras obrigações pertinentes ao empresário são a escrituração dos livros obrigatórios – 
que compreendem os livros empresariais Diário e Razão – e o levantamento anual de balanço. 
O optante pelo Simples Nacional está dispensado de qualquer escrituração mercan-
til, ou escriturar o livro-caixa, porém deverá ter documentos que permitam a verificação 
da movimentação financeira, inclusive o registro bancário. Os demais microempresários 
e empresários de pequeno porte que não são optantes do Simples Nacional deverão es-
criturar o livro-caixa.
Sobre os livros empresariais, devem ser realizados observando-se alguns requisitos, 
conforme está previsto no artigo 1.183 do Código Civil: a escrituração deverá ser feita em 
idioma nacional, moeda corrente, por ordem cronológica, entre outros. Os livros podem ser 
feitos exclusivamente em meio eletrônico.
Direito Empresarial2
Legislação empresarial28
Sobre a terceira obrigação, o artigo 1.179 do Código Civil adverte que o empresário é 
obrigado a levantar, anualmente, dois balanços: o balanço patrimonial e o balanço de re-
sultado econômico. A falta desses balanços pode ser considerada, conforme artigo 178 do 
mesmo Código, um ato criminoso gerado pelo empresário.
O empresário também está obrigado a manter outros documentos essenciais para o 
exercício da empresa, conforme a legislação própria de cada atividade empresarial, como é 
o caso do laudo de vistoria e a liberação do estabelecimento pelo Corpo de Bombeiros, que 
tem como finalidade que o estabelecimento empresarial não corra riscode acidentes por 
causa de possíveis incêndios. A falta desse documento poderá gerar o pagamento de multa 
ou interdição da empresa.
Além dos já expostos, existem vários documentos obrigatórios, dependendo do ramo 
da atividade empresarial, como é o caso da autorização da Agência Nacional de Vigilância 
Sanitária (Anvisa) para as empresas que comercializam medicamentos – farmácias e dro-
garias, de acordo com a Lei n. 9.782/99 (BRASIL, 1999) e a Resolução da Anvisa 238/01 
(BRASIL, 2002b).
Ressalta-se que o estabelecimento empresarial é o conjunto de bens – corpóreos e 
incorpóreos – que tem a finalidade empresarial. Logo, pode-se entender esse tipo de esta-
belecimento como um instrumento empregado pelo empresário para o funcionamento de 
sua atividade.
O empresário dispõe seus bens que integrem e desenvolvam da melhor maneira a ati-
vidade empresarial. Esse complexo racional de bens tem um valor agregado, ou seja, bens 
quando ordenados para o trabalho empresarial adquirem um valor no mercado. Contudo, 
os bens empresariais não podem ser confundidos com o patrimônio pessoal do empresário. 
No caso do empresário individual (que é sempre pessoa física), todos os bens são con-
siderados seu patrimônio, tanto os bens particulares, quanto os bens utilizados na atividade 
empresarial. Todavia, o estabelecimento empresarial se equivale a todos os bens (materiais 
ou imateriais) que são utilizados no desenvolvimento da atividade com fins lucrativos.
O estabelecimento empresarial possui dois elementos relevantes:
• o conjunto de bens;
• a organização.
O complexo de bens é o instrumento que o empresário tem para exercer suas funções 
empresariais. Entretanto, esse conjunto de bens deve ser organizado, conectado entre si de 
forma a realizar a atividade empresarial. Essa forma organizada pelo empresário é que o 
diferencia das demais empresas. Todas as ações que o empresário realiza para constituir sua 
empresa também são consideradas estabelecimento empresarial dessa sociedade.
Em suma, o estabelecimento empresarial é o conjunto de bens corpóreos (como é o caso 
das instalações, dos equipamentos, entre outros), bem como de bens incorpóreos (marcas, 
patentes, entre outros). E as legislações penal e civil disciplinam normas para proteção des-
ses bens. Todavia, o Direito Comercial tem como finalidade tutelar bens incorpóreos da 
relação empresarial.
Direito Empresarial
Legislação empresarial
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Um dos elementos do estabelecimento empresarial é o seu nome, que é definido como 
uma palavra que o designa. Logo, é uma expressão que a identifica na função empresarial. 
Segundo o artigo 1°, caput, da IN/DREI 15/2013: “nome empresarial é aquele sob o qual o 
empresário individual, empresa individual de responsabilidade Ltda. – EIRELI, as socie-
dades empresárias, as cooperativas exercem suas atividades e se obrigam nos atos a elas 
pertinentes” (BRASIL, 2013a).
O nome tem duas funções importantes, sendo: a subjetiva (que individualiza e iden-
tifica a pessoa jurídica como um sujeito de direito) e a objetiva (que garante a essa pessoa 
jurídica sua fama, reputação).
É importante destacar que o nome empresarial não é sinônimo de marca nem do nome 
fantasia, nome do domínio ou, ainda, os chamados sinais de propaganda. Verificam-se as se-
guintes diferenças:
• Segundo o artigo 122 da Lei n. 9.279/1996 (BRASIL, 1996), marca é “aquela usada 
para distinguir produto ou serviço de outro idêntico, semelhante ou afim, de ori-
gem diversa”. Logo, pode-se entender marca como uma representação simbólica 
que identifica o produto ou o serviço do empresário. Sua tutela é feita pelo direito 
de propriedade industrial.
• O nome fantasia é um “apelido” que a empresa possui, ou seja, é um termo pelo 
qual a empresa é chamada – pode ser considerado como um nome popular, pelo 
qual a empresa é conhecida por seus consumidores. 
• O nome de domínio é uma identificação eletrônica da página em que o produto 
se encontra ou, ainda, um endereço eletrônico, que tem como finalidade a me-
morização do endereço do site empresarial na internet pelos usuários. Segundo 
o Enunciado 7, da I Jornada de Direito Comercial do CJF: “O nome de domínio 
integra o estabelecimento empresarial como bem incorpóreo para todos os fins de 
direito” (BRASIL, 2013b).
• Os sinais de propaganda têm a finalidade de chamar atenção dos consumidores. 
A Lei n. 9.279/1996 não manteve o dispositivo que tutelava esse objeto. Todavia, 
existe o Conselho de Autorregulamentação Publicitária (CONAR), o qual fiscaliza 
os sinais de propagandas e impõe normas aos seus associados.
2.3 O empresário e o direito dos consumidores 
(desconsideração da personalidade jurídica)
Atualmente, a relação entre consumidores é disciplinada pela Lei n. 8.078/90 (BRASIL, 
1990), o Código de Proteção e Defesa do Consumidor, que tem a finalidade de proteger os 
consumidores contra os abusos de fornecedores de produtos e serviços. 
Essa lei é acionada toda vez que, numa relação mercantil de consumo, em uma das 
partes está o consumidor – que, de acordo com o artigo 2° dessa lei, é: “toda pessoa física 
ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final”. No outro 
Direito Empresarial2
Legislação empresarial30
polo, deve se encontrar o fornecedor, que o artigo 3° traz como a “pessoa física ou jurídica, 
pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que de-
senvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, impor-
tação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços” 
(BRASIL, 1990).
Nesse contexto, sempre que houver uma relação entre quem exerce a atividade de for-
necer bens ou serviços, seja para o mercado ou para o consumidor final, está se falando de 
uma relação de consumo. Logo, o Código do Consumidor deve ser a fonte para sanar possí-
veis controvérsias nesta relação jurídica ou nas derivadas dela.
Os contratos de compra e venda podem ser caracterizados como uma relação de con-
sumo quando em um dos polos da relação se encontra o consumidor final. Como quando 
alguém compra um carro diretamente da fábrica ou da concessionária. A mercadoria – o 
carro – será entregue para a pessoa que usufruirá do bem. 
Porém, quando a concessionária compra o carro da fábrica para revenda, encontra-se 
diante de uma relação mercantil, pois nessa situação não se encontra o consumidor final. 
Outro exemplo de relação mercantil ocorre quando você compra um carro usado de seu 
vizinho. Em tal exemplo, verifica-se a falta do fornecedor. Nesses dois casos, o dispositivo 
legal para pautar possíveis conflitos é o Código Civil, e não o Código do Consumidor, como 
nos primeiros exemplos.
O conceito de fornecedor está abarcado no conceito de empresário; nesse sentido o for-
necedor é um empresário, que deve se pautar nas suas relações pelo Código do Consumidor. 
Observa-se ainda que a relação ou o contrato de consumo traz diversos direitos aos consu-
midores, em vários aspectos – entre eles, podem-se citar os prazos, a qualidade do bem etc. 
Um dos temas que o Código do Consumidor disciplina é a qualidade do produto e do 
serviço. Com essa finalidade essa lei prevê três conceitos importantes: fornecimento perigo-
so, defeituoso e viciado (BRASIL, 1990).
O fornecimento perigoso é aquele que expõe o consumidor a risco, devido ao produto 
ou serviço sofrer por falta ou inconformidade das informações prestadas pelo fornecedor. 
Logo, pode-se entender que o fornecimento é perigoso, não porque o produto ou o serviço 
esteja com defeito, mas porque, por falta de informação, o consumidor gerou o dano e, por 
consequência, colocou sua vida, ou sua saúde, sua integridade física em risco. Exemplo de 
fornecimento perigoso é o produto de limpeza que não tem nenhum defeito e nenhum vício, 
porém não traz nenhuma informação naembalagem ou no rótulo sobre sua composição 
química ou acerca de possíveis efeitos nocivos. 
Conforme o artigo 8° do Código do Consumidor, o fabricante está dispensado de fornecer 
informações somente nos casos em que o consumidor tenha conhecimento prévio de possíveis 
danos, ou seja, os “riscos considerados normais e previsíveis” (BRASIL, 1990). Como é o caso 
dos fabricantes de copo de vidro, que não precisam informar que, caso o produto quebre, pode 
o consumidor se cortar, pois essa informação é difundida entre os consumidores. 
Nesse caso de fornecimento perigoso, o problema seria sanado caso as informações 
fossem suficientes e adequadas para os consumidores. Todavia, o artigo 10 da mesma lei 
Direito Empresarial
Legislação empresarial
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adverte que é proibido o fornecimento de produtos e bens que sejam altamente nocivos ou 
perigos para a saúde e para a segurança do consumidor, logo, o fornecedor não consegue, 
por meio de informações de rótulo ou de embalagem, fornecer todas as precauções que o 
consumidor necessita tomar para manusear o produto ou o serviço.
Os fornecedores (o fabricante, o produtor, o construtor, o importador e o prestador de 
serviço) respondem por dano causado por fornecimento perigoso de forma objetiva, ou seja, 
caso ocorra dano por falta de informação no rótulo e na embalagem, os sujeitos que forne-
cem o bem e o serviço serão considerados culpados, independentemente da vontade (ou 
não) de prejudicar alguém.
O fornecimento defeituoso ocorre quando os produtos ou serviços apresentam incon-
gruência, ou seja, o produto ou o serviço tem um problema no seu fornecimento. Perceba 
que, nesse caso, por mais que haja informação adequada no rótulo ou na embalagem, o dano 
foi causado porque o produto estava com problemas. 
Exemplo de fornecimento defeituoso, por erro de fábrica, é quando a bateria do celular 
esquenta demais, ocasionando uma pequena explosão, enquanto o celular está no bolso e, 
consequentemente, queima a pele do consumidor. Nesse caso, o erro foi de fábrica, pois o 
consumidor não utilizou de modo errado o produto em questão.
A responsabilidade do fabricante, produtor, construtor e importador dos produtos ou 
do prestador de serviços, nas hipóteses de fornecimento defeituoso, é objetiva, ou seja, inde-
pendentemente de culpa por parte do fabricante, este deverá indenizar o consumidor. 
A legislação atual expõe que existem algumas hipóteses em que o dano derivado do 
consumo não será de responsabilidade do fabricante, conforme o artigo 12, § 3°: a) quando 
o fabricante, na sua linha de produção, verificou possível defeito no produto e o descar-
tou, porém alguém furtou esse produto e o comercializou, b) quando não existe defeito no 
produto, sendo caso fortuito ocorrido após o fornecimento; c) quando a culpa do defeito é 
exclusiva do consumidor.
Por fim, o fornecimento viciado corresponde ao serviço ou o produto que possui vício 
ou defeito de fábrica, porém é detectado pelo consumidor. Por exemplo, no caso de um 
carro que tem problema no motor, mas em que tal problema é descoberto pelo consumidor 
antes de qualquer tipo de acidente, estamos falando de um vício. Todavia, se o problema do 
motor não for descoberto antes do acidente, trata-se de uma coisa defeituosa.
Ressalta-se, ainda, que os defeitos podem ser redibitórios ou aparentes. No primeiro 
caso, os defeitos são ocultos, sendo revelados somente mediante testes e exames técnicos, 
enquanto o segundo refere-se aos vícios que podem ser vistos com uma simples análise 
do adquirente.
Quando ocorre o fornecimento por coisa com defeito, o fabricante pode solucionar a 
situação de três modos: a) devolver o dinheiro corrigido; b) diminuir o preço; ou c) substituir 
o produto ou reexecutar o serviço. Todavia, quando a coisa for viciada, só se poderá utilizar 
as duas primeiras hipóteses para resolver a questão.
A legislação prevê que o direito do consumidor de reclamar de um produto ou serviço 
não durável é de 30 dias, porém, quando o produto ou serviço for considerado durável, esse 
Direito Empresarial2
Legislação empresarial32
período sobe para 90 dias, começando esse tempo, nas duas hipóteses, na entrega do produ-
to ou na realização do serviço.
Conforme o Código do Consumidor, o fornecedor não pode fazer publicidade simula-
da, enganosa ou, ainda, abusiva (BRASIL, 2002a). Publicidade simulada contempla os anún-
cios feitos de forma a ocultar seu caráter de propaganda. Exemplos disso são as reportagens 
que, na verdade, tem intuito de fazer propaganda.
A publicidade enganosa é aquela que leva o consumidor ao erro, ou seja, são publicida-
des que não têm todas as informações, ou estas são falsas. Por exemplo, as propagandas do 
castelo da Barbie que não informam que os bonecos não estão inclusos no briquedo. Muitas 
mães, ao irem à loja, verificam que o produto é vendido separadamente, gerando assim 
muitos transtornos.
A publicidade abusiva é aquela que agride os valores sociais, como é o caso das propa-
gandas de cigarro que não tenham nenhum tipo de alerta de que o cigarro faz mal à saúde. 
Também são considerados abusivos os anúncios racistas, sexistas, discriminatórios e lesivos 
ao meio ambiente.
Os empresários que promoverem publicidade enganosa ou abusiva podem ser respon-
sabilizados civil e penalmente, bem como deverão indenizar o consumidor. No caso das 
propagandas enganosas, o consumidor poderá solicitar a aquisição dos produtos e serviços 
nas condições apresentadas.
Em suma, o Código do Consumidor tem como objetivo coibir ações dos fabricantes que 
sejam danosas aos consumidores, bem como responsabilizar a pessoa do empresário pelo for-
necimento de produtos ou serviços que coloquem em risco a vida da pessoa ou a sua saúde. 
Um dos dispositivos legais que essa lei prevê é a desconsideração da personalidade 
jurídica, no seu artigo 28, nos casos em que o empresário fraudar ou abusar do seu direito 
para satisfazer seu interesse econômico em detrimento do consumidor.
 Ampliando seus conhecimentos
Desconsideração da personalidade jurídica 
da sociedade limitada e a responsabilidade 
civil dos sócios administradores
(SOUZA, 2017)
[...]
A desconsideração da personalidade jurídica é instituto essencial para 
combater as fraudes praticadas por meio de pessoas jurídicas afastando 
a autonomia patrimonial entre sócios e sociedade; dessa forma o caráter 
absoluto da autonomia patrimonial restou superado diante da constatação 
Direito Empresarial
Legislação empresarial
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33
de que ela poderia ser utilizada para fins ilícitos. Assim, a desconsidera-
ção da personalidade jurídica contribui para o aperfeiçoamento da pessoa 
jurídica, pois permite afastar os efeitos da personificação para um caso 
específico, sem extingui-la.
O resultado da pesquisa reforçou que a separação patrimonial estabele-
cida entre a sociedade empresária e seus sócios constitui um incentivo 
essencial para a iniciativa privada e, consequentemente, para a propulsão 
da atividade econômica. Portanto, assim como não visa extinguir a pessoa 
jurídica, a desconsideração também não visa extinguir a autonomia patri-
monial, muito pelo contrário, o objetivo é assegurar que a pessoa jurídica 
seja utilizada para atender ao seu objeto social, em toda sua plenitude, 
sem que haja deturpação da sua finalidade por meio de fraudes.
Entretanto, ao mesmo tempo em que não se pode permitir que a auto-
nomia patrimonial decorrente da personalização seja usada de escudo 
para a prática de atos ilícitos, também, não se deve permitir a aplicação 
desenfreada e abusiva da desconsideração, desvinculada dos seus fun-
damentos, o que provocaria o desvirtuamento da teoria e do próprio 
instituto da pessoa jurídica, motivo pelo qual no âmbito do Direito Civil 
se aplica a teoria onde para desconsiderar a personalidade jurídica é 
indispensável a provade fraude, desvio de finalidade e confusão patri-
monial, ou seja, a ausência de patrimônio da sociedade, por si só, não é 
motivo suficiente para ensejar a aplicação da superação da autonomia 
patrimonial da pessoa jurídica e a consequente responsabilização dos 
seus sócios ou administradores.
O art. 50 do Código Civil fixou expressamente a necessidade de existência 
do abuso do direito para a declaração de desconsideração, e elegeu como 
circunstâncias caracterizadoras deste abuso o desvio de finalidade ou a 
confusão patrimonial.
Contudo, a utilização do instituto é possível quando presentes os pressu-
postos previstos em lei, ou seja, devendo ser observado se o caso concreto 
é passível de desconsideração da personalidade jurídica, pois quando não 
estão presentes os pressupostos para desconsideração ou quando for pos-
sível a responsabilização direta do sócio administrador por ato praticado, 
não é cabível a desconsideração da personalidade jurídica.
Destaca-se ainda a importância de o instituto estar devidamente forma-
lizado processualmente, diminuindo os riscos de ser aplicado de forma 
errônea e consequentemente trazendo prejuízos, seja para o credor, seja 
Direito Empresarial2
Legislação empresarial34
para o sócio administrador atingido pela desconsideração da personali-
dade jurídica, e ainda, baseado no contraditório e ampla defesa obser-
vando o devido processo legal.
Por meio do presente estudo, se infere que o estudo da desconsideração 
da personalidade jurídica aplicada à sociedade limitada é extremamente 
relevante, pois este tipo societário é o mais comumente adotado, prin-
cipalmente pela responsabilidade limitada dos sócios, porém conforme 
observado nas doutrinas estudadas, mesmo nas sociedades limitadas 
podem os sócios responder ilimitadamente em casos de prática de atos 
ilícitos mobilizados por meio da pessoa jurídica.
[...]
 Atividades
1. Sobre o empresário, assinale a alternativa correta:
a. É aquele que executa atividade por um lapso de tempo.
b. É o empregado que realiza as atividades em nome do dono da empresa.
c. É quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produ-
ção ou circulação de bens ou serviços.
d. É aquele que possui mais votos na Assembleia Geral de Cotistas.
2. Os empresários devem manter, obrigatoriamente, dois livros empresariais, em boa 
ordem e guarda, que são:
a. Livro Diário e Livro Razão.
b. Livro Diário e Livro-Caixa.
c. Livro-Caixa e Livro Razão.
d. Livro-Caixa e Livro de Inventário.
3. Quando o empresário expõe o consumidor a risco, devido ao produto ou serviço 
sofrer por falta ou inconformidade das informações prestadas pelo fornecedor, esta-
mos diante de:
a. fornecimento perigoso.
b. fornecimento defeituoso.
c. fornecimento viciado.
d. propaganda enganosa.
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Legislação empresarial
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 Referências 
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PALAIA, Nelson. Noções essenciais de Direito. São Paulo: Saraiva, 2008.
REALE, Miguel. Lições preliminares de Direito. São Paulo: Saraiva, 2005.
SOUZA, Adriana Caroline de. Desconsideração da personalidade jurídica da sociedade limitada e a 
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VENOSA, Silvio de Salvo. Introdução ao estudo do Direito. São Paulo: Atlas, 2008.
 Resolução 
1. C – Empresário é quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada 
para a produção ou circulação de bens ou serviços.
2. A – Uma obrigação pertinente ao empresário é a escrituração dos livros obrigatórios, 
que compreendem os livros empresariais Diário e Razão, bem como o levantamento 
anual de balanço.
Direito Empresarial2
Legislação empresarial36
3. A – Fornecimento perigoso é aquele que expõe o consumidor a risco, devido ao pro-
duto ou serviço sofrer por falta ou inconformidade das informações prestadas pelo 
fornecedor. Logo, pode-se entender que o fornecimento é perigoso, não porque o pro-
duto ou o serviço está com defeito, mas porque, por falta de informação, o consumidor 
gerou o dano e, por consequência, colocou sua vida, sua saúde ou sua integridade fí-
sica em risco. Exemplo de fornecimento perigoso é o produto de limpeza que não tem 
nenhum defeito e nenhum vício, porém não há nenhuma informação, na embalagem 
ou no rótulo, sobre sua composição química e/ou possíveis efeitos nocivos.
Legislação empresarial 37
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Direito Societário
Introdução 
Neste capítulo, o objetivo é proporcionar a compreensão dos conceitos oriundos 
da sociedade empresarial, demonstrando, assim, os principais temas relacionados ao 
conjunto de agentes cuja finalidade é exercer a função de empresário.
Os conhecimentos são importantes para que se desenvolva o entendimento prático 
da legislação empresarial, visto que no Brasil há mais de 16 milhões de empresas, que 
se diferem por seu escopo, bem como pela sua formação societária, conforme dados da 
Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviço e Turismo (2017).
Direito Societário3
Legislação empresarial38
3.1 Sociedades empresárias: conceito e elementos
O conceito de empresário, elencado no artigo 966 do Código Civil (BRASIL, 2002), refere-
-se a uma pessoa física ou jurídica. Logo, pode-se entender que a pessoa física é o empresá-
rio. Entretanto, a pessoa jurídica diz respeito à sociedade empresarial. É oportuno observar 
que, conforme o artigo 980-A do Código Civil, existe uma nova estrutura de empresário, que 
é a EIRELI – Empresa Individual de Responsabilidade Limitada.
No panorama empresarial, verifica-se que 73% do PIB (Produto Interno Bruto), no ano 
de 2011, em contrapartida ao empresário individual, movimentaram 599 bilhões de reais do 
mesmo período, em conformidade com os dados do Sebrae (2014). Logo, pode-se entender 
que as sociedades empresariais têm um desempenho muito

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