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Síntese Objetivos Aula 7

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Introdução ao Estudo do Direito
Aula 7 – Teoria da relação jurídica.
I - Distinguir o campo das relações sociais e das jurídicas.
Fatos e atos humanos podem se apresentar como relações sociais e, mais especificamente, como relações jurídicas. Há uma série de laços que prendem os serem humanos entre si, mas nem todos são de natureza jurídica. Podem ter fins morais, religiosos, econômicos, estéticos, artísticos, etc.
Assim, uma primeira conclusão que podemos tirar é que a relação jurídica é uma espécie de relação social.
Contudo, saber que uma relação jurídica é uma espécie de relação social, por si, não é suficiente para nos auxiliar no seu reconhecimento. Para tanto, existem dois enfoques: 
1. TRADICIONAL - baseado numa concepção individualista do Direito, as relações jurídicas são relações sociais postas por si mesmas, sendo apenas reconhecidas pelo Estado para o fim de protegê-las;
2. ATUAL - baseado numa concepção operacional do Direito, não atribuindo ao Estado a mera função de reconhecer e amparar algo já estabelecido no jogo dos interesses individuais. O Estado vai além. Estabelece, também, modelos jurídicos que condicionam e orientam o constituir-se das relações jurídicas.
Inexiste relação jurídica se inexiste um fato correspondente às normas jurídicas. 
Fundamento básico : os fatos e as relações sociais só têm significado jurídico se forem inseridos numa relação normativa. Significa dizer: a norma jurídica nasce do fato social e ao fato social se destina. Só enquanto as relações sociais passam sob a luz irradiada das normas jurídicas é que são relações jurídicas.
Definição: relação jurídica é a realidade concreta (fruto de uma relação entre seres humanos) que se adapta ao modelo normativo instaurado pelo legislador.
Requisitos: Intersubjetividade (vínculo entre duas ou mais pessoas); Correspondência normativa (que o vínculo entre pessoas corresponda a uma hipótese normativa, de tal modo que daí derivem conseqüências obrigatórias). Não há relação jurídica sem norma jurídica, implícita ou explícita, que como tal a qualifique.
II - Alcançar o entendimento do conceito de relação jurídica e dos seus elementos constitutivos essenciais.
Sujeito ativo: titular ou beneficiário principal da relação jurídica.
Sujeito passivo: devedor da prestação principal (no sentido de que nada impede de o devedor ter o direito de exigir do sujeito ativo algo como prestação complementar).
Vínculo de atributividade: vínculo que une uma pessoa a outra, de modo recíproco ou complementar, mas sempre de maneira objetiva. Ele surge com a ocorrência do fato gerador, que funciona como iniciador da relação jurídica. Desta forma, a relação jurídica colocada na lei abstratamente, materializa-se com a ocorrência do fato jurídico (fato gerador), ligando os sujeitos em torno de um objeto e respaldando (garantia) o direito subjetivo como uma garantia para a efetivação daquele dever jurídico descrito na Lei.<br>Ex. Na batida entre dois veículos o título legitimador é a lei, em razão do ato ilícito praticado (art. 186 e 927 NCC).
Objeto: razão de ser do vínculo constituído entre sujeito ativo e sujeito passivo. Pode ser uma pessoa (direito pessoal), coisa (direito real), prestação (direito obrigacional). É o próprio objeto do direito subjetivo, são as coisas ou utilidades sobre que incide o interesse legítimo do sujeito ativo a que se refere o dever do sujeito passivo. Pode ser uma coisa (um imóvel, um carro, etc..), como pode ser uma pessoa (um filho, uma criança) ou um certo bem imaterial (a liberdade, a honra, a integridade moral etc..), podendo ainda constituir-se numa prestação.
Fato jurígeno ou gerador
É um fato a que a lei atribui um especial efeito (fato gerador ou fato jurídico). Os fatos jurígenos são os fatos que dão origem à constituição duma relação jurídica (fatos constitutivos), à modificação duma relação jurídica (fatos modificativos) ou à extinção de uma relação jurídica (fatos extintivos).
Garantia 
O nome dado a este elemento da relação jurídica revela o propósito primacial de análise das relações de direito privado. O direito caracteriza-se pela coercibilidade que acompanha os seus preceitos. À infração dos deveres que as normas jurídicas impõem, segue-se um procedimento sancionatório, a aplicação de sanções jurídicas. A sanção em matéria de direito privado não atua geralmente por iniciativa direta do Estado, mas a solicitação dos titulares dos correspondentes direitos subjetivos. E toma sobretudo a forma de uma reparação, da garantia de obter coativamente à realização do interesse reconhecido por lei, ou indenização equivalente.
III - Conhecer as diversas espécies de relações jurídicas e a classificação de relação jurídica quanto ao sujeito, ao objeto, ao fato jurígeno e ao vínculo.
De acordo com a norma aplicável ao caso e a natureza do fato social em si, juntamente com o fim que se tem em vista com a prática do ato, podemos ter várias espécies de relação jurídicas. Vejamos:
Quanto ao tipo do fato social e do fim almejado: - relações jurídicas de direito público (subordinação); - relações jurídicas de direito privado (coordenação).
Quanto ao objeto: - pessoais; - reais; - obrigacionais.
ESPÉCIES DE RELAÇÕES JURÍDICAS
Considerando existir diversos critérios para determinar as espécies de uma relação jurídica, elas podem ser:
Quanto à Abrangência:
Abstratas: quando a lei estabelece um comando geral e abstrato.
Concretas: relação jurídica existente na realidade, entre pessoas determinadas, sobre um objeto determinado, e procedendo a um fato jurídico determinado.
Quanto ao Número:
Simples - quando se forma de um só vínculo, unindo duas partes.
Complexas - quando contiver vários direitos subjetivos, caso em que as pessoas ocupam, simultaneamente, as duas posições, figurando, ao mesmo tempo, como sujeito ativo e passivo.
Quanto à Natureza:
Principais - quando é autônoma.
Acessórias - quando depende de uma principal, na sua existência ou na sua eficácia.
Quanto à Eficácia:
Absolutas - quando vinculam aos seus efeitos todas e quaisquer pessoas e não apenas as pessoas diretamente envolvidas; operam erga omnes (para com todos). Compreendem as relações de direitos personalíssimos e as de direitos reais.
Relativas - quando vinculam aos seus efeitos apenas as pessoas diretamente envolvidas. Somente envolvem as partes relacionadas entre si. São também chamadas: relações pessoais.
Quanto ao objeto:
Reais - quando os seus efeitos incidem sobre bens. Existindo um poder de utilização direta das coisas.
Obrigacionais - quando visa prestações específicas e geralmente economicamente apreciáveis. Aqui o objeto denomina-se prestação o que pode ser um dar, um fazer ou um não fazer.
Quanto à forma:
Públicas - aquela em que participa o Estado com predomínio de seu interesse ou com poder de autoridade.
Privadas - quando as pessoas, inclusive o Estado, participam em condições de igualdade.
Quanto à abrangência:
1. RELAÇÕES JURÍDICAS ABSTRATAS – São aquelas onde não se individualizam os titulares dos direitos e obrigações. São as relações jurídicas tal como colocadas na lei. 
Obs: *antes do fato ocorrer é abstrato. É o que está na lei. Quando ocorre o fato se concretiza.
2. RELAÇÕES JURÍDICAS CONCRETAS – Os sujeitos aqui, são individualizados.
Ex: A bateu no carro de B. Sua conduta amoldou-se a regra do art.186CC, uma vez que causou prejuízo a outrem. Agora, está ele obrigado a reparar o dano a B.
*a lei aplicada ao caso concreto. É o abstrato tornando-se concreto pela ocorrência de um fato.
Quanto ao número:
3. RELAÇÕES JURÍDICAS SIMPLES – Quando os direitos são conferidos a uma das partes e somente deveres a outra parte. 
Ex: Testamento. Nele, o sujeito ativo é aquele que faz o testamento e o passivo é o testamenteiro (aquele que vai abrir o testamento e dizer quem é o beneficiário, e pode ser herdeiro- depende do tipo de testamento).
4.RELAÇÕES JURÍDICAS COMPLEXAS – São aquelas onde os direitos e as obrigações recaem sobre ambos os sujeitos da relação.
Ex: contrato de compra e venda.
O contrato de compra em venda é uma relação jurídica, mas não dá para saber quem é a pessoa ativa e quem é a passiva, pois todos os dois possuem direitos e obrigações. Só poderá ser realmente definido quando existir algum problema no contrato, como alguém não cumprir uma cláusula. O sujeito ativo, então, nesse caso, é quem entra com a ação.
Quanto à natureza:
5. RELAÇÕES JURÍDICAS PRINCIPAIS – Tem vida autônoma, não dependem de nenhuma outra relação jurídica para sobreviver.
6. RELAÇÕES JURÍDICAS ACESSÓRIAS – Dependem de uma outra relação jurídica, não tem autonomia.
Ex.: o contrato de sublocação gera uma relação jurídica acessória à da locação, que é a principal. Efeito disto é que, uma vez rescindido o contrato de locação, rescindido estará automaticamente o de sublocação, uma vez que a relação acessória sempre seguirá a principal, pois a relação acessória não tem vida autônoma.
Quanto a eficácia:
7. RELAÇÃO JURÍDICA ABSOLUTA – São aquelas que vinculam aos seus efeitos todas e quaisquer pessoas e não apenas as pessoas diretamente envolvidas (operam “erga omnes”). 
Ex: direitos personalíssimos e direitos reais (uso, habitação, propriedade).
*direitos personalíssimos - honra, liberdade. Ex: se eu mudo meu nome vale para todos, todos terão que aceitar meu novo nome não apenas eu.
8. RELAÇÕES JURÍDICAS RELATIVAS – quando dizem respeito e vinculam aos seus efeitos apenas as pessoas diretamente envolvidas. As pessoas estranhas à relação não são abrangidas. São também chamadas relações pessoais e obrigacionais. (interpartes)
Ex: direito de família, relações contratuais, relações sucessórias. (direito de família, sucessão- pessoal. Obrigacional seria a contratual).
Pode ser só uma relação ou até as duas. Ex: em uma separação posso ter relação pessoal ou obrigacional com relação aos alimentos. Posso pedir ou não, mas se pedir passo a ser obrigado a dar.
Quanto a forma:
9. RELAÇÕES JURÍDICAS PÚBLICAS – Onde o estado sempre atua em posição de superioridade.
Ex: os contratos administrativos onde o Estado goza de certos privilégios frente ao particular.
*em uma concessão tipo prefeitura com particular, o Estado tem privilégios. 
Como, p.ex., poder rescindir o contrato sem nenhuma pena. O interesse público supera o particular.
Ex. Empresa de ônibus
em caso de ações o Estado tem prazos maiores – jus imperium: direito do império.
10. RELAÇÕES JURÍDICAS PRIVADAS – As partes se encontram em posição de igualdade.
*só entre particulares. Ex: compra e venda.
11. RELAÇÕES JURÍDICAS PESSOAIS – Vinculam o titular do direito a um número determinado de pessoas
12. RELAÇÕES JURÍDICAS OBRIGACIONAIS – Vinculam pessoas determinadas, sabendo-se quem são os sujeitos da relação. A relação obrigacional é composta por três elementos fundamentais:
a) subjetivo ou pessoal: - sujeito ativo (credor) - sujeito passivo (devedor);
b) objetivo ou material: a prestação;
c) ideal, imaterial ou espiritual: o vínculo jurídico.
Dentre as formas de relações obrigacionais, destaco as de tipo negocial, ou, simplesmente, os negócios jurídicos (- declaração de vontade que instaura uma situação jurídica capaz de produzir efeitos externos ao seu autor; subordinação dos efeitos dessa situação às cláusulas e condições estabelecidas na declaração por ele feita). 
Definição de negócio jurídico: é o ato jurídico pelo qual se estabelece uma relação jurídica cujos efeitos se subordinam à vontade declarada, por uma ou mais pessoas, nos limites consentidos legalmente.
Produzem efeitos porque o agente (sujeito ativo) assim deseja.
Tipos de negócio jurídico:
- Unilaterais: pressupõem vontade de uma pessoa (ex.: doação).
- Bilaterais ou sinalagmáticos: é o encontro de duas ou mais vontades exteriorizadas.
- Solenes: a lei exige, para a validade do negócio jurídico, uma determinada formalidade. (ex.: testamento).
- Não solenes: desprovido de formalidade legal para a sua validade.
- Mortis causa: seus efeitos só ocorrerão após a morte do agente (ex.: testamento).
- Inter vivos: seus efeitos se operam em vida dos manifestantes.
- A título gratuito: não é exigida uma contraprestação (ex.: doação).
- A título oneroso: é exigida uma contraprestação (ex.: locação).
Nos direitos obrigacionais, o objeto da relação é sempre uma prestação, ou seja, um ato a que se obriga o sujeito passivo, e não a coisa necessária à execução do pactuado entre as partes. Ex.: no contrato de mútuo, o objeto imediato da relação jurídica é o empréstimo e o respectivo pagamento a que se compromete o sujeito passivo. Já a moeda é o objeto mediato (é só a coisa necessária para a execução do contrato).
Nos direitos reais, a relação tem como objeto imediato uma coisa. Ex.: no exercício do direito de propriedade, quando o proprietário age na defesa e manutenção de tal direito contra todo aquele que tentar ou quiser violá-lo.
13. RELAÇÕES JURÍDICAS REAIS – Vinculam o titular do direito a um número indeterminado de pessoas. Uma parte da relação é determinada e a outra indeterminada.
TITULAR DO DIREITO REAL relação jurídica real BEM/COISA
Direitos reais – ligados a bens materiais
RELAÇÕES JURÍDICAS DE DIREITO MATERIAL
RELAÇÕES JURÍDICAS CIVIS –Estabelecem-se entre pessoas consideradas em pé de igualdade. São as relativas à pessoa em si mesma ou no seio da família, bem como as decorrentes da sucessão ”mortis causa” (casamento, nascimento, óbito, inventário, adoção etc), além daquelas estabelecidas entre particulares de caráter patrimonial (contratos, propriedade etc) art. 1533 CC- Casamento, Contrato 481 CC.
RELAÇÃO JURÍDICA PENAL – É aquela onde o Estado (titular do direito de punir) trava contra o autor de uma conduta definida como crime na Lei.
RELAÇÃO JURÍDICA TRIBUTÁRIA – Estabelece-se entre o estado e o particular, com a finalidade de criar e cobrar tributos, visando prover recursos que se voltarão para benefício de toda sociedade.
RELAÇÃO JURÍDICA PROCESSUAL – Estabelecida entre o Estado e as partes envolvidas no processo, na qual são exigidos comportamentos atinentes ao bom andamento do processo, visando a uma decisão sobre um direito material questionado.

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