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6 APRESENTAÇÃO Caro (a) aluno (a), Você está iniciando seu curso de Português no Ensino Médio, seja bem-vindo ! Queremos caminhar ao seu lado para auxiliá-lo e juntos fazer descobertas e vencer novos desafios. Sabemos que a Língua Portuguesa está presente em nosso dia-a-dia, em nossa comunicação, portanto é importante que saibamos usá-la e interpretá-la corretamente para compreendermos melhor o mundo em que vivemos. Pensando nisso é que elaboramos 13 módulos contendo: ▪ Literatura Brasileira ▪ Leitura e Produção de Texto ▪ Estudo da Norma Padrão (gramática) Lembre-se: o seu esforço e a sua dedicação são os fatores mais importantes para o seu desenvolvimento e crescimento pessoal. Desejamos que você consiga vencer ainda mais facilmente o desafio desse mundo em constante evolução. Estamos aqui para colaborar com esse desafio. Então vamos começar ! Boa sorte ! Equipe de Português : Cristiane, Ilza, Ivânia e Sandra. 7 Como estudar Português INSTRUÇÕES 1. Leia atentamente todos os assuntos dos módulos; 2. Se houver necessidade, para assimilar melhor o assunto, faça as atividades em seu caderno. NÃO ESCREVA E NEM RASURE A APOSTILA, pois você a trocará e outro aluno irá usá-la; 3. Depois que você terminar as atividades, consulte o gabarito de respostas que está no final da apostila. Você que irá corrigir os exercícios; 4. Consulte o dicionário quando encontrar uma palavra desconhecida; 5. As redações devem ser feitas com capricho ! Não se esqueça de fazer um rascunho antes da redação final. 6. Para se submeter às avaliações, você deverá apresentar tudo o que foi solicitado, em seu caderno. 7. Sempre que houver dúvidas, procure esclarecê-las com o professor; 8. Freqüente a biblioteca da escola e utilize os recursos que nela estão disponíveis. Bom estudo ! Bom aproveitamento ! 8 MÓDULOS 05 E 06 ÍNDICE Literatura Brasileira � Romantismo – Poesia.....................................................mód. 05 Romantismo – Prosa.......................................................mód. 06 Leitura e interpretação de texto � Texto descritivo 1.............................................................mód. 05 Texto descritivo 2..............................................................mód. 06 Estudando a norma padrão � Termos integrantes da oração..........................................mód. 05 Termos acessórios da oração...........................................mód. 06 Termos independentes da oração.....................................mód. 06 � 9 ROMANTISMO Dá-se o nome de Romantismo ao período literário que durou desde 1836 a 1881 (séc. XIX). Mas, você saberia diferenciar o termo romantismo da escola literária Romantismo? Não!!! Então, antes de mais nada, é necessário fazer uma distinção entre essas palavras. A palavra romantismo é o comportamento caracterizado pelo sonho, pelo devaneio, por uma atitude emotiva diante das coisas, que pode ocorrer em qualquer época da história. É nesse sentido que se fala, hoje, em música, cinema e telenovela romântica. O movimento histórico Romantismo designa uma tendência geral da vida e da arte; é um estilo delimitado no tempo, um estilo de época do século XIX. Nesse período, mais que em qualquer outro, o artista procurou focalizar em suas obras um dos mais nobres sentimentos de ser humano que é o amor. Nunca antes, na história literária, o sentimento amoroso fora tão valorizado. São inúmeras as características do Romantismo, uma vez que a liberdade e a independência, que estão no fundamento da atitude romântica, tornam o período rico e variado. Influenciados por fatos sociais e políticos, o artista romântico volta-se para seu interior e, numa atitude individualista, retrata uma realidade criada pela sua imaginação e emoção. AS CARACTERÍSTICAS DO ROMANTISMO 10 Daí surgem algumas características do Romantismo brasileiro, que veremos a seguir. 1. Subjetivismo É o culto do “eu”, pois o artista expressa seus sentimentos, sonhos e emoções de forma individualista, contrapondo-se ao universalismo da era Clássica. “Acordo do meu sonho tormentoso E choro o meu sonhar! E fecho os meus olhos, e de novo intento O sonho reatar. (...)”. (Gonçalves Dias) 2. Sentimentalismo A razão cede lugar à emoção. Há a supervalorização do amor e aparece, às vezes, a religiosidade. “Lerás porém algum dia Meus versos d’alma arrancados D’amargo pranto banhados, Com sangue escritos...” (Gonçalves Dias) 3. Nacionalismo Retrata a supervalorização da terra, do índio (indianismo), a exaltação da natureza, o saudosismo (volta ao passado do Brasil-Colônia). Observe alguns desses traços nacionalistas presentes nessa estrofe do poema “Canção do Exílio”. “Minha terra tem palmeiras Onde canta o sabiá As aves que aqui gorjeiam Não gorjeiam como lá.” 11 (Gonçalves Dias) 4. Idealização Do herói - o índio brasileiro é dotado de valores e ações tais quais os heróis europeus medievais. A exaltação de valores, às vezes, está além das limitações humanas. “Valente na guerra Quem há como eu sou? (...) Quem golpes daria Fatais como eu dou?” (Gonçalves Dias) Do mundo – o artista busca refúgio num mundo imaginário, na morte. O desejo de evasão, de fuga da realidade se manifesta. “Por isso, é morte, eu amo-te e não temo. Por isso, é morte, eu quero-te comigo. Leva-me à região da paz horrenda Leva-me ao nada, leva-me contigo.” (Junqueira Freire) Da mulher – é retratada como sendo pura, angelical, carinhosa, inatingível, criada pela imaginação do artista. “Se uma lágrima as pálpebras me inunda, Se um suspiro nos seios treme ainda É pela virgem que sonhei... que nunca Aos lábios me encostou a face linda!” (Álvares de Azevedo) 5. Liberdade de expressão Os poetas abandonam valores, idéias de caráter universal e se expressam de acordo com as suas emoções e desejos. 12 Quanto à forma, a poesia abandona o rigor clássico da métrica, da rima e apresenta uma linguagem mais simples, coloquial. “Não sabes criança? Estou louco de amores... Prendi meus afetos, formosa Pepita. Mas, onde? No templo, no espaço, nas névoas Não rias, prendi-me Num laço de fita.” (Castro Alves) Essas características fundem-se em momentos e obras distintos durante o período romântico. Para facilitar o estudo do Romantismo, vamos dividi-lo em poesia e prosa. ROMANTISMO – POESIA O período românticodedicado à poesia é dividido em três momentos. São eles: � PRIMEIRA GERAÇÃO � SEGUNDA GERAÇÃO � TERCEIRA GERAÇÃO Vamos, agora, ver cada uma dessas gerações separadamente. Os escritores dessa geração dão preferência a temas nacionalistas, indianistas, religiosos. PRIMEIRA GERAÇÃO : NACIONALISTA OU INDIANISTA 13 Autor de destaque: Gonçalves Dias. Observe como Gonçalves Dias abordou a temática nacionalista, exaltando a pátria através de elogios à natureza e idealizando a figura indígena: “Nosso céu tem mais estrelas, Nossas várzeas têm mais flores, Nossos bosques têm mais vida, Nossa vida mais amores.” “Um dia vivemos! O homem que é forte Não tema da morte; Só teme fugir; No arco que entesa Tem certa uma presa, Quer seja tapuia, Condor ou tapir.” AUTOR E OBRA Gonçalves Dias (1823-1864) Antônio Gonçalves Dias nasceu em Caxias, Maranhão. Era filho de um comerciante português e de uma cafuza (mestiça de negro e índio). Fez seus primeiros estudos na sua cidade natal e depois foi para Coimbra cursar Direito. Lá, iniciou suas atividades literárias e escreveu, entre outros o poema “Canção do Exílio”. Em 1845, quando retornou ao Brasil, publicou sua primeira obra verdadeiramente romântica: “Primeiros Cantos”. Viveu uma grande paixão por Ana Amélia a quem lhe fora negado o casamento por preconceito racial; afinal, ele era um mestiço. Em 1862, retornou à Europa em busca de tratamento. De volta ao Brasil, morreu num naufrágio de navio, próximo ao Maranhão. 14 É chamada de ultra-romântica ou byroniana devido a influência de Lord Byron, poeta inglês que tinha o pessimismo como temática em suas obras. Marcada por profundo sentimentalismo, os escritores desta geração preferiam temas que abordassem a morte, a solidão, a tristeza o mistério e o sonho. Por isso, ficou conhecida, também, como geração “mal-do-século”. Autor de destaque: Álvares de Azevedo. Leia agora, um fragmento do poema “Adeus, meus sonhos!” de Álvares de Azevedo, onde o poeta, numa atitude pessimista, deseja a morte como solução para seus amores e sonhos não concretizados. ADEUS, MEUS SONHOS! “Adeus, meus sonhos, eu pranteio e morro! Não levo da existência uma saudade! E a tanta vida que meu peito enchia Morreu na minha triste mocidade! (...) Que resta, meu Deus? Morra comigo A estrela de meus cândidos amores Já que não levo no meu peito morto Um punhado sequer de murchas flores!” SEGUNDA GERAÇÃO: ULTRA-ROMÂNTICA OU BYRONIANA 15 Agora vamos ler e analisar um poema de Álvares de Azevedo. Se eu morresse amanhã Se eu morresse amanhã, viria ao menos Fechar meus olhos minha triste irmã ; Minha mãe de saudades morreria Se eu morresse amanhã ! AUTOR E OBRA Álvares de Azevedo (1831-1852) Manuel Antônio Álvares de Azevedo nasceu em São Paulo. Era o segundo filho de uma família de classe média. Aos três anos, deparou-se com a morte do irmão recém- nascido, restando-lhe apenas a irmã a quem se refere, muitas vezes, em seus poemas. Aos dezesseis anos, iniciou sua produção literária. Morreu antes de completar vinte e um anos, no Rio de Janeiro, vítima de tuberculose e de um tumor na fossa ilíaca por ter sofrido uma queda de cavalo. Como poeta da segunda geração, sua temática representa o verdadeiro mal-do-século na poesia, sobretudo em relação ao amor idealizado e à morte como fuga de suas insatisfações. ESTUDO DO TEXTO 16 Quanta glória pressinto em meu futuro! Que aurora de porvir e que manhã ! Eu perdera chorando essas coroas Se eu morresse amanhã! Que sol! Que céu azul! Que doce n’ alva Acorda a natureza mais louçã! Não me batera tanto amor no peito Se eu morresse amanhã! Mas essa dor da vida que devora A ânsia de glória, o dolorido afã... A dor no peito emudecera ao menos Se eu morresse amanhã! (Álvares de Azevedo) Vocabulário: Afã : trabalho, lida, cansaço, fadiga Louçã: fresca, vigorosa, graciosa Alva : a primeira luz da manhã Porvir: futuro Curiosidade: O poema “Seu eu morresse amanhã” foi escrito por Álvares de Azevedo poucos dias antes de sua morte. No dia do enterro do poeta, foi lido pelo escritor Joaquim Manuel de Macedo. � Agora, responda em seu caderno � : 1. Na 1ª estrofe, o eu-lírico mostra uma expectativa negativa em relação à atitude das pessoas no dia de sua morte. Copie o verso que confirma essa afirmativa. ATIVIDADE I 17 2. Observe: “Eu perdera chorando essas coroas”. O eu-lírico lamenta a perda de “coroas” caso morra. “Essas coroas”, na 2ª estofe, para ele são: a-( ) glória, futuro, céu, sol. b-( ) céu, doce n’alva, glória, aurora. c-( ) glória, manhã, porvir, céu azul. 3. No poema, os elementos da natureza que representam vida em oposição ao desejo de morte são: a- ( ) sol, irmã, doce n’alva, natureza louçã. b- ( ) sol, céu azul, doce n’alva, natureza louçã. c- ( ) glória, manhã, porvir, céu azul. 4. A morte aparece como solução para a angústia do eu- lírico. Que verso da 4ª estrofe conota essa idéia? ______________________________________________________ 5. “Se eu morresse amanhã” é um poema que fala do pessimismo e da morte. Como se chama a geração romântica que abordou essa temática? ______________________________________________________ 18 Essa geração ficou conhecida como condoreira por ter como símbolo o condor (ave de alto vôo). Assim como o condor, os escritores dessa geração, através da arte literária, alçaram vôos em busca da liberdade, denunciando injustiças e fazendo suas reivindicações sociais. Logo, a temática desse período está ligada às questões sociais e políticas, tais como a abolição da escravatura e o pensamento republicano. Autor de destaque: Castro Alves. TERCEIRA GERAÇÃO: CONDOREIRA O autor e a obra Castro Alves (1844 – 1871) Antonio Frederico de Castro Alves nasceu em Curralinho, Bahia. Era filho de médico. Iniciou o curso de Direito em Recife e o concluiu em São Paulo. Paralelamente aos estudos, iniciou sua carreira de poeta, destacando-se como excelente declamador e revolucionário. Castro Alves se destacou, principalmente, por suas poesias de caráter social. Voltado para a problemática da escravidão, ganhou o cognome de “Poeta dos Escravos”. O estilo condoreirode Castro Alves, sobretudo na poesia abolicionista, apresentou um vocabulário amplo, rico em figuras de linguagem(metáforas,hipérboles,comparações,etc.),numa sonoridade marcante. Nos poemas de Castro Alves, a temática amorosa é tratada de forma sensual e erótica. 19 Vamos, agora, ler partes de um dos poemas mais conhecidos de Castro Alves, “O Navio Negreiro”. O poema relata o sofrimento dos negros e as péssimas condições a que eram submetidos quando transportados da África para o Brasil. Procure conhecer todo o poema, pois revela muita beleza e emoção. O Navio Negreiro Era um sonho dantesco... O tombadilho Que das luzernas avermelha o brilho, Em sangue a se banhar. Tinir de ferros... estalar do açoite... Legiões de homens negros como a noite Horrendos a dançar... Negras mulheres, suspendendo às tetas Magras crianças, cujas bocas pretas Rega o sangue da mãe: Outras, moças... mas nuas, espantadas, No turbilhão de espectros arrastadas, Em ânsia e mágoa vãs. Senhor Deus dos desgraçados! Dizei-me vós, Senhor Deus! Se é loucura... se é verdade Tanto horror perante os céus... Ó mar! Por que não apagas Co’a esponja de tuas vagas De teu manto este borrão?... Astros! Noites! Tempestades! Rolai das imensidades! Varrei os mares, tufão!... 20 São os filhos do deserto Onde a terra esposa a luz. Onde vive em campo aberto A tribo dos homens nus... São os guerreiros ousados, Que com tigres mosqueados Combatem na solidão... Ontem simples, fortes, bravos... Hoje míseros escravos Sem ar, sem luz, sem razão... CURIOSIDADE SOBRE O POEMA “O NAVIO NEGREIRO” “O Navio Negreiro – tragédia no mar é o exemplo mais vibrante da poesia condoreira. Escrito em abril de 1868, esse poemeto épico refere-se a uma situação anterior a 1850, ano em que o tráfico negreiro foi proibido. O poema tornou-se o mais forte grito de indignação utilizado pela campanha abolicionista.” Emília Amaral Vocabulário: Dantesco: que lembra coisas terríveis descritas pelo escritor Dante Alighieri no “Inferno” de sua obra Divina Comédia. Tombadilho: parte do navio destinada a alojamentos. Luzerna: grande luz, clarão. Açoite: chicote, vergasta. Espectro: fantasma; figura imaterial, real ou imaginária, que povoa o pensamento. Tufão: vendaval, furacão. Mosqueado: que tem malhas ou manchas escuras. 21 REVISANDO A LITERATURA Agora, responda em seu caderno algumas questões sobre o que você aprendeu nesta unidade 05. 1) Qual o período literário que durou o Romantismo? 2) Cite as características do Romantismo? 3) O período romântico dedicado à poesia é dividido em três momentos. Quais são estes momentos? 4) Cada momento teve seu autor de destaque. Quem foram eles? Muito bem! Confira suas respostas no gabarito, no final da apostila. 22 23 Os textos que você vai ler e analisar, procuram retratar através de imagens criadas pela sensibilidade do descritor, lugares, pessoas, objetos, os seres em geral. É a atividade lingüística da descrição. Descrever é detalhar, individualizar, levando o leitor a sentir, a imaginar, a visualizar o objeto descrito. Por isso, o ato de descrever baseia-se na percepção, nos cinco sentidos. O texto que propomos, a seguir apresenta de forma belíssima esse processo de criação e construção de imagens pela linguagem. Leia-o com atenção. Minha terra tem encantos, Tem belezas naturais, Tem jardins, fluviais recantos E riquezas minerais... Nas indústrias tem potência; Tem igrejas para os fiéis, Tem escolas, luz da ciência, Nos esportes tem lauréis. Refrão O seu solo é um manancial Fonte de riquezas mil, TEXTO DESCRITIVO Visão – audição – tato – paladar – olfato Hino de Votorantim Letra e Música: Lecy de Campos 24 O seu clima é tropical É um pedaço do Brasil, E por isso com fervor Hei de amar até o fim Essa terra de esplendor Este meu Votorantim. Sons de máquinas, usinas E de águas a rolar, Em sussurros de surdinas Pelo espaço a reboar; São acordes de vitória Num arcano musical, Proclamando a sua glória E pujança sem igual Chaminés que, fumegantes Estão sempre a evidenciar As indústrias operantes Que engrandecem o lugar, Onde um povo exuberante Que labuta sem cessar, Construiu esse gigante Portentoso e singular. Vocabulário: Laurel: coroa de louros; láurea, lauréola. Manancial: nascente de água; olho-d'água; fonte. Reboar: fazer eco; repercutir, retumbar. Arcano: segredo, mistério. Pujança: grandeza, poderio, magnificência. Exuberante: animado, vivo. Portentoso: maravilhoso, prodigioso. 25 O texto que você leu é um hino feito para homenagear a cidade. Neste hino, o autor percorre os caminhos de sua memória emotiva e expressa toda a sua emoção e sensibilidade ao descrever um momento da cidade de Votorantim, em versos que nos levam a imaginar e a recriar uma época dessa cidade que tanto ele amou. 1. No poema predominam aspectos: a- ( ) narrativos. b- ( ) descritivos. c- ( ) argumentativos. 2. Justifique a questão anterior assinalando a alternativa correta. a- ( ) o poema narra os fatos acontecidos em Votorantim. b- ( ) o poema descreve e caracteriza de forma subjetiva a cidade de Votorantim. LECY DE CAMPOS Nascido em Sorocaba (SP), em 11 de outubro de 1913, Lecy de Campos, autor da letra e da música do Hino de Votorantim, viveu neste município desde 1929. Faleceu em 1991. O Hino de Votorantim, por ele composto, foi oficializado em 28 de junho de 1972, através da lei municipal nº 213. A Praça de Eventos leva o seu nome, em homenagem a quem soube amar e dignificar esta cidade. Atividade II 26 3. Releia o refrão e identifique o sentimento predominante que os versos expressam: a- ( ) Amor b- ( ) Saudade c- ( ) Tristeza d- ( ) Admiração 4. O autor descreve uma época da cidade, como se retratasse um momento instantâneo de Votorantim. Essa época refere- se: a- ( ) ao passado. b- ( ) à atualidade 5. Certamente você gostou do hino. Copie a estrofe que você considera a mais bonita, a de maior criatividade e inspiração. ______________________________________________________ ______________________________________________________ Descreva a rua onde você mora ou trabalha ou onde passou sua infância. Fale das casas, das pessoas, de partes que lhe trazem lembranças. Relate algo acontecido ali, alguma cena que ficou marcada em você. Lembre-se de como era há alguns anos e de como é agora. Enfim, transforme em emoções, o retrato de sua rua. Escreva de 15 a 20 linhas. No texto descritivo, o autor procura transmitir ao leitor suas impressões sobre o objeto descrito, através de imagens captadas pelos sentidos. Para isso, usa muita adjetivação e comparações expressivas. Redação - Produzindo seu próprio texto 2728 Nesta unidade, estudaremos também os termos integrantes da oração: o objeto direto, o objeto indireto, o complemento nominal. Sem eles, a informação não fica completa, com sentido. Para podermos entender mais sobre esse assunto, vamos ler o trecho a seguir: • O ar do avião é seco. Pingue soro fisiológico nas narinas a cada duas horas para evitar que as mucosas se ressequem, facilitando a entrada de micróbios. O mesmo vale para os olhos (use colírio). • Tomar água e outros líquidos deixa o organismo sempre hidratado. O recomendado é um copo a cada duas horas. Evite bebida alcoólica, que, entre outras coisas, contribuem para a desidratação. • Se o vizinho de poltrona tosse e espirra o tempo todo, não tenha vergonha de usar a máscara cirúrgica. É a melhor forma de se proteger de microorganismos transmitidos por via aérea. • Em vôos longos, é sempre aconselhável fazer caminhadas pelo corredor para evitar a formação de coágulos nas pernas, que poderão, no futuro, provocar problemas mais sérios. Revista Época On line , 17, maio, 1999. � Responda em seu caderno � : 1)Localize no texto os complementos das seguintes formas verbais: a. pingue ________________________________________________ b. tomar _________________________________________________ c. evite __________________________________________________ 29 d.contribuem ____________________________________________ c.proteger (-se) ___________________________________________ Os complementos verbais que foram localizados recebem o nome de objeto, que pode ser direto ou indireto. Vejamos, então, a sua classificação. É o termo da oração que completa um verbo transitivo direto sem o auxílio de uma preposição. Observe: Pingue soro fisiológico. � � V.T.D Obj. Direto Tomar água e outros líquidos. � � V.T.D Obj. Direto É o termo da oração que completa um verbo transitivo indireto, através de uma preposição. Observe: Contribuem para desidratação. � � � V.T.I (prep.) Obj. Indireto Proteger-se de microorganismos. � � � V. T. I (prep.) Obj. Indireto. OBJETO DIRETO OBJETO INDIRETO 30 Como você pode observar os verbos que foram completados acima, têm como complementos verbais, objetos diretos ou indiretos. NÃO SE ESQUEÇA! Principais preposições que acompanham um objeto indireto: com, por, ao, de, da, para, em, à, sobre, etc. O PRONOME OBLÍQUO NA FUNÇÃO DE OBJETO Os pronomes oblíquos o, a, os, as são utilizados para substituir o objeto direto, enquanto os pronomes oblíquos lhe, lhes são utilizados para substituir o objeto indireto. Os outros pronomes oblíquos me, te, se também podem exercer a função de objeto. Emprestei o livro. � � V. T. D Obj. Direto Emprestei- o. � Obj. Direto O assunto interessa ao aluno. � � � Sujeito V. T. I Obj. Indireto O assunto interessa-lhe. � Obj. Indireto 31 O texto seguinte trata da divisão do trabalho nas sociedades indígenas: As tarefas ligadas à produção dos alimentos, dos utensílios e à prestação dos serviços são definidas em função do sexo. Em antropologia, diz-se que, nessas sociedades, há uma divisão sexual do trabalho (em oposição àquelas em que há uma divisão social do trabalho, em que grupos ou classes sociais ocupam posições diferentes no processo de produção). Há, portanto, tarefas femininas e tarefas masculinas. Mesmo quando acontece de as atividades masculinas serem mais prestigiadas que as femininas, isso não chega a instaurar uma desigualdade entre homens e mulheres, pois não chega a haver, entre eles, relações de exploração. O que a divisão sexual do trabalho expressa é a complementaridade entre homens e mulheres no processo de produção. SILVA, Aracy Lopes da. A questão indígena na sala de aula. São Paulo, Brasiliense, 1987, p. 153-4. Veja: produção dos alimentos dos utensílios COMPLEMENTO NOMINAL 32 � Responda em seu caderno � : 2. O substantivo produção exige um complemento? Por quê? ______________________________________________________ O termo que completa o sentido do substantivo produção é um complemento nominal. O complemento nominal é um termo que completa o sentido de um nome e vem ligado a ele por meio de uma preposição. O complemento nominal completa o sentido de substantivos, adjetivos e advérbios. prep. Tenho amor ao trabalho. � � � verbo (nome) complemento nominal prep. Vivo satisfeito com a vida. � � � verbo (adjetivo) complemento nominal Estrutura do complemento nominal 1. 2. 3. Substantivo Adjetivo Advérbio Preposição Complemento nominal 1.Tenho 2.Estou 3.Votou respeito contente contrariamente para com com ao os mais velhos. os resultados. nosso candidato. → LEMBRE-SE: O complemento nominal, como o próprio nome indica, está completando um nome (substantivo, adjetivo ou advérbio). 33 Responda em seu caderno. � 1. Classifique as palavras sublinhadas abaixo usando este código: (D) objeto direto (I) objeto indireto a- ( ) Não preciso de sua ajuda. b- ( ) Vou tentar encontrar os culpados. c- ( ) Alguém o viu no teatro. d- ( ) Mandei-lhe um recado ontem. e- ( ) Vou rasgar este documento. 2. Com relação às palavras sublinhadas abaixo, coloque: (a) para complemento nominal (b) para objeto indireto 1- ( ) Ele era muito útil à comunidade. 2- ( ) Ela não respondeu às minhas cartas. 3. ( ) Nunca lhe pediram satisfações. 4. ( ) Ela não tem mais confiança em ninguém. 5. ( ) A notícia agradou ao estudante. 3. Nos exercícios abaixo, assinale a resposta correta para a função sintática do termo sublinhado. A) Ela me contou os pormenores da briga. a- ( ) objeto indiretob- ( ) objeto direto c- ( ) complemento nominal ATIVIDADE III 34 B) Agiu favoravelmente ao réu. a- ( ) objeto direto b- ( ) objeto indireto c- ( ) complemento nominal C) Sempre gostei de seus primos. a- ( ) objeto direto b- ( ) objeto indireto c- ( ) complemento nominal Agora, confira as suas respostas com o gabarito no final desta apostila.☺ PARABÉNS! VOCÊ TERMINOU ESTA UNIDADE! ☺☺☺☺ ☺☺☺☺ ☺☺☺☺ 35 36 JOAQUIM MANUEL DE MACEDO Na unidade anterior, você teve seus primeiros conhecimentos sobre o estilo literário Romantismo. Aprendeu sobre suas principais características e alguns autores da poesia. Vale lembrar que foi durante o Romantismo que a prosa literária ganhou expressividade. Gradualmente se desenvolviam os centros urbanos, principalmente o Rio de Janeiro, e o novo público se formando: jovens estudantes, mulheres da corte, aristocratas rurais, profissionais liberais, militares, funcionários públicos. Primeiramente surge o folhetim (histórias publicadas em capítulos nos jornais diários) que, depois, foi se modificando de acordo com as transformações culturais e as novas exigências do público. Em 1844, foi publicado o 1º romance brasileiro chamado “ A Moreninha”, de Joaquim Manuel de Macedo. Joaquim Manuel de Macedo inaugurou entre nós o chamado romance urbano, aquele que tem como cenário a cidade grande. No caso, o Rio de Janeiro, sede do Império. Essa categoria será cultivada por outros escritores do período. Conheçamos um pouco mais sobre o autor: Nasceu em Itaboraí (RJ). Diplomou-se em Medicina, mas nunca exerceu a profissão. Foi professor do Colégio Pedro II, a instituição de ensino mais conhecida daquele estado na época. Exerceu duas vezes o cargo de deputado, foi também poeta, jornalista, historiógrafo, além de professor e escritor de livros didáticos. Morreu no Rio de Janeiro, em 1882. Vamos, agora, ler o resumo da obra: ROMANTISMO - PROSA 37 José de Alencar, nosso mais importante prosador romântico, considerava Macedo “um mestre”. A convivência que se iniciou nessa época entre os escritores contribui para a formação de uma literatura nacional. Falando em José de Alencar, saberemos a seguir, um pouco mais sobre este autor. O enredo é simples: três estudantes de Medicina – Augusto, Filipe e Leopoldo – passam um feriado na casa da avó de Filipe, numa ilha. Augusto, que se considerava muito inconstante no terreno amoroso, faz uma aposta: se ficasse apaixonado por uma mulher durante mais de quinze dias, escreveria um romance contando a história dessa paixão. Conhece Carolina (a Moreninha), por quem se apaixona. O único obstáculo à união dos dois é uma promessa de fidelidade feita por Augusto a uma menina que conhecera tempos atrás e cujo paradeiro e identidade ignora. No final, ocorre a coincidência que resolve o conflito: a tal menina era a própria Moreninha. A MORENINHA � Joaquim Manuel de Macedo, além de A Moreninha, também escreveu O Moço Loiro (1845), Os dois amores (1848) e algumas peças de teatro. 38 JOSÉ DE ALENCAR José Martiniano de Alencar nasceu em Mecejana, Ceará. Era filho de uma união ilícita. O pai era padre, abandonou o celibato e ingressou na carreira política, mudando-se para o Rio de Janeiro onde José de Alencar iniciou seus estudos elementares. Mais tarde, foi para São Paulo cursar Direito, porém a maior parte de sua vida viveu no Rio de Janeiro. Assim como o pai, José de Alencar ingressou na carreira política chegando a ocupar o cargo de Ministro da Justiça (1868 – 1870). Foi também professor, crítico, advogado, teatrólogo, mas principalmente, um grande romancista. Morreu em 1877, vítima de tuberculose. José de Alencar em suas obras, procurou retratar a vida na corte, ambientes urbanos e regionais, o índio, a natureza tropical. Para compreendermos melhor as características indianistas de José de Alencar, leremos e analisaremos um fragmento da obra, “Iracema”. Iracema, nome da personagem, é anagrama de América e símbolo do Brasil. Conhecido também como “lenda do Ceará”, através desta história, José de Alencar quis nos fazer conhecer, poeticamente, as origens de sua terra natal. O AUTOR 39 Conheça um pouco da história lendo um trecho da obra, quando Iracema conhece Martim. Iracema José de Alencar Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema. Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna e mais longos que seu talhe de palmeira. O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque como seu hálito perfumado. Mais rápida que a ema selvagem, a morena virgem corria o sertão e as matas do Ipu, onde campeava sua guerreira tribo da grande nação tabajara, o pé grácil e nu, mal roçando alisava apenas a verde pelúcia que vestia a terra com as primeiras águas. Um dia, ao pino do sol, ela repousava em um claro da floresta. Banhava–lhe o corpo a sombra da oiticica, mais fresca do que o orvalho da noite. Os ramos da acácia silvestre esparziam flores sobre os úmidos cabelos. Escondidos na folhagem os pássaros ameigavam o canto. Rumor suspeito quebra a doce harmonia da sesta. Ergue a virgem os olhos, que o sol não deslumbra; sua vista perturba–se. Diante dela e todo a contemplá–la, está um guerreiro estranho, se é guerreiro e não algum mau espírito da floresta. Tem nas faces o branco das areias que bordam o mar; nos olhos o azul triste das águas profundas. Ignotas armas e tecidos ignotos cobrem–lhe o corpo. Foi rápido, como o olhar, o gesto de Iracema. A flecha embebida no arco partiu. Gotas de sangue borbulham na face do desconhecido. Porém a virgem lançou de si o arco e a uiraçaba, e correu para o guerreiro, sentida da mágoa que causara. A mão que rápida ferira, estancou mais rápida e compassiva o sangue que gotejava. Depois Iracema quebrou a flecha homicida: deu a haste ao desconhecido, guardando consigo a ponta farpada. O guerreiro falou: TEXTO I 40 — Quebras comigo a flecha da paz? — Quem te ensinou, guerreiro branco, a linguagem de meus irmãos? Donde vieste a estas matas, que nunca viram outro guerreiro como tu ? — Venho de bem longe, filha das florestas. Venho das terras que teus irmãos já possuíram, e hoje têm os meus. — Bem–vindo seja o estrangeiro aos campos dos tabajaras, senhores das aldeias, e à cabana de Araquém, pai de Iracema. ©2000 Enciclopédia Koogan-HouaisDigital Vocabulário Iracema (*): em guarani significa “lábios de mel” – de ira, “mel, e tembe,” lábios “. Tembe na composição altera-se em ceme; é também anagrama da palavra América”. Jati (*): pequena abelha que fabrica delicioso mel. Ipu (*): assim chamam aindahoje no Ceará a certa qualidade de terra muito fértil, que forma grandes coroas ou ilhas no meio dos tabuleiros e sertões, e é de preferência procurada para a cultura, Tabajara (*): senhor das aldeias; de taba, “aldeia”, e jará, “senhor”. Oiticica (*): árvore frondosa, apreciada pela deliciosa frescura que derrama sua sombra, Esparziam (*): espalhavam, derramavam, difundiam. Sesta (*): hora que se descansa ou dorme após o almoço. Ignotos (*): desconhecidos, ignorados. Lesta (*): rápida, ligeira, ágil. Uiraçaba (*): pequeno estojo para guardar as flechas. Quebrou a flecha (*): era entre os indígenas a maneira simbólica de estabelecerem a paz entre as diversas tribos, ou mesmo entre dois guerreiros inimigos. (*) Os verbetes assinalados são do próprio José de Alencar, nas notas ao romance Iracema. 41 � Responda em seu caderno: 1. Para caracterizar Iracema, José de Alencar utiliza-se dos elementos da natureza. Relacione os traços físicos da 2ª coluna aos elementos comparativos da 1ª coluna: (a) asa da graúna 1-( ) comprimento do cabelo (b) talhe da palmeira 2-( ) lábios (c) favo de jati 3-( ) agilidade (d) baunilha 4-( ) sorriso (e) de mel 5-( ) cor dos cabelos (f ) ema selvagem 6-( ) hálito 2. Quando Iracema avista o guerreiro branco pela 1ª vez, ela estava a- ( ) caçando b- ( ) tomando banho c- ( ) repousando 3. Que fato, no texto, perturba a paz de Iracema e dá início ao conflito? 4. Ao deparar-se com Iracema, o guerreiro branco é atingido por uma flecha atirada por ela. Por que ele não revidou? 5. O que o guerreiro branco disse à Iracema mostrando ter conhecimento de um costume indígena? ATIVIDADE I 42 6. Iracema, no fragmento lido, a-( ) é vista de forma preconceituosa pelo guerreiro branco. b-( ) é idealizada como mulher inacessível. c-( ) é retratada como elemento da natureza com a qual se integra. d-( ) é uma índia feroz de maus instintos, mas que o guerreiro branco tenta dominar. e-( ) é retratada objetivamente sem o sentimentalismo do escritor. 7. Que raças estão simbolizadas no encontro de Iracema e Martim? 8. Assinale as características do Romantismo que podemos perceber no fragmento lido: a-( ) indianismo b-( ) religiosidade c-( ) idealização do herói d-( ) saudosismo e-( ) exaltação à natureza 43 Você estudou um fragmento do romance indianista de Alencar. Agora, lerá um resumo da obra “Senhora”, romance urbano, e verá como o escritor retrata os costumes, os valores e os conflitos sociais da sociedade carioca da época. SENHORA “Aurélia Camargo é uma moça pobre e órfã de pai, noiva de Fernando Seixas. Seixas é um bom rapaz, porém tem o desejo de ascender rapidamente na escala social e, por isso troca Aurélia por outra moça de dote mais valioso. Aurélia passa a desprezar todos os homens, e eis que, com a morte de um avô, torna-se milionária e, por isso, uma das mulheres mais cortejadas dos cortes do Rio de Janeiro. Como vingança, manda oferecer a Seixas um dote de cem contos, mas sem que fosse revelado o nome da noiva, só conhecido no dia do casamento. Seixas aceita e se casam; porém na noite de núpcias, Aurélia revela-lhe seu desprezo. Seixas cai em si e percebe o quanto fora vil em sua ganância. Vivem como estranhos na mesma casa durante onze meses, mas socialmente formam o “casal perfeito”. Ao longo desse período, Seixas trabalha arduamente até conseguir obter a quantia que recebera como sinal pelo “acordo”. Devolve os cem mil-réis à esposa e se despede dela. Nesse momento, porém, Aurélia revela-lhe seu amor. Os dois, agora igualados no amor e na honra, podem desfrutar o casamento, que ainda não havia se consumado.” Cereja et alli, 1999:97 44 REVISANDO A LITERATURA Agora, responda em seu caderno as questões sobre o que você aprendeu nesta unidade 06. 1)Em que período a prosa literária ganhou mais expressividade? 2) Qual foi o primeiro romance brasileiro e, em que ano foi publicado? 3) José de Alencar, foi o nosso mais importante prosador romântico. O que ele retratava em suas obras? 4)Qual a principal obra de José de Alencar? E como ficou conhecida esta obra? Muito bem! Confira suas respostas no gabarito, no final da apostila. 45 46 Na unidade anterior, você leu e analisou um texto descritivo sobre a cidade. Nesta, leremos uma crônica jornalística. O ciclista audaz Nélida Piñon Deixo o hotel apressada. Da calçada observo o movimento dos carros. Os ruídos da cidade e a neurose coletiva extenuam- se. Olho os homens ao volante de seus ridículos carros. Eles avançam em direção ao túnel novo, abandonam a luminosidade de Copacabana antes de mergulhar no escuro da própria alma. Na rua, três ciclistas emergem do trafégo insensato. Sob intrépida direção, suas bicicletas celebram os rituais da vida e da velocidade. Presa àquele espetáculo de audácia, sigo-os atenta. Aqueles homens, grudados às respectivas, aparentam desprezar as regras intransigentes da existência. Um deles atraiu-me a atenção. Vestido de verde, com um tecido colado ao corpo, recorda-me um periquito perdido na densa e ingrata floresta. Parece-me de longe o mais afoito de todos. Sem demonstrar respeito pelos carros, ele arrisca a vida com gosto, saliva de puro gozo. Costura em meio ao tráfego como sua avó, no passado, decerto cerzira, meticulosa, a meia furada do marido. Observo, contudo, que a despeito do seu destemor, do seu espírito de aventura, algo lhe falta no corpo, na bicicleta. E o que podia ser, se de fato pedala com desenvoltura. É uma seta de prata disparada por um arqueiro ansioso. Ao analisar seu corpo, constato ausência da perna direita. Para onde terá ido essa perna, excursionando pela terra? Fascinada por semelhante desatino, que redime em parte a espécie humana, reverencio nele o herói há muito buscado por mim. Um herói de pedigree modesto, sem aura trágica, conspurcado apenas pelas agruras do cotidiano. E que embora seja filhado de uma brasilidade humilhada, não renuncia aos prazeres com os quais sonha a cada amanhecer, tão logo abandona o seu casebre. Sem dúvida um homem que, na ânsia de viver o melhor da sua biografia, enfrenta a morte como se a pudesse derrotar. Aflito e exaltado, ele ultrapassa os morros. Persegue a própria sombra projetada à frente, e que norteia os seus 47 devaneios. Neste esforço de exceder-se, o ciclista como que querendo alcançar o mar, instala-se no barco da sua imaginação, singra solitário em busca do velocino de ouro. Igual Jasão, herói grego, ele demonstra vocação de apreender os mitos que surgem sob forma do carros, velocidade, fantasia, o caos de uma cidade. Na condição de herói anônimo, cabe-lhe praticar atos miúdos, sem conseqüência. Gestos que importam a ele apenas, no seu destino sem glória. Desprovido de eloqüência, suas atitudes, porém quebram os grilhões da pobreza, do porvir sem água corrente, sem conforto, sem as moedas da estabilidade. Ajudam a trasladá-lo, por instantes, para o céu, até o reino da visão poética. Para que eu jamais o esqueça.’Gazeta do Povo. Curitiba, 5ª feira, 08/08/96 Vocabulário: Extenuar: enfraquecer, debilitar, gastar. Emergir: aparecer, surgir. Intrépida: corajosa, firme. Audácia: ousadia,atrevimento. Intransigente: intolerante, inflexível, rígido. Densa: escura,espessa, compacta. Afoito: corajoso,ousado. Cerzir: costurar. Meticulosa: cautelosa, cuidadosa, minuciosa. Arqueiro: combatente que luta com arco. Desatino: disparate, loucura. Reverenciar: acatar, respeitar. Aura: zona luminosa em torno de um corpo. Conspurcar: mancha, corromper, perverter. Agrura: obstáculos, dissabor, amargura, aflição. Devaneio: fantasia, sonho. Exceder: superar, ultrapassar. Singrar: navegar. Velocino: pele de carneiro. Eloqüência: capacidade de falar e exprimir-se com facilidade,comover por meio da palavra. Grilhão: corrente que prende, algema. Porvir: o futuro. Trasladar: transferir, transportar, mudar. 48 Releia o texto integralmente e consulte o vocabulário caso você desconheça o significado de alguma palavra ou não consiga inferir pelo contexto. (Não é necessário consultar o significado de toda palavra desconhecida, a não ser que esse desconhecimento esteja dificultando a sua compreensão ou que essa palavra esteja repetida várias vezes sendo, portanto, uma palavra-chave). Compreender o significado de palavras, expressões é essencial para a construção do sentido global dos textos que você lê. As questões 1 e 2 privilegiam esse tipo de conhecimento. Como foi escrito no início, o que você leu foi uma crônica jornalística. Na crônica, o autor comenta fatos do cotidiano, procurando transmitir esses fatos de modo bastante pessoal, refletindo sobre os mesmos através de sua visão de mundo, de seus valores. A autora da crônica, a escritora Nélida Piñon pertence à Academia Brasileira de Letras e escreve, regularmente, para jornais e revistas de grande circulação. Nesse texto, como você observou, um fato chama a atenção da cronista que, através de aspectos predominantemente descritivos, procura refletir sobre a realidade, sobre o dia-a-dia de nossa gente. ATIVIDADE II 49 Agora, responda em seu caderno: 1. A cronista descreve um momento de uma cidade. a) Que cidade está sendo descrita? Como você a identificou? b) Que particularidade da cidade ela observa e descreve? c) A que espetáculo de audácia ela se refere? d) Que constatação ela faz ao observar um dos três ciclistas? e) Dê as características físicas e psicológicas do ciclista. f) Explique o título. ♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥ 50 Não só saber o significado das palavras é importante para chegarmos à compreensão do que lemos. Também importante é conhecer, por exemplo, outros textos a que o autor faz referência, outros assuntos, fatos, conceitos, a que o texto remete. É o que chamamos de conhecimento do mundo. Ter esse conhecimento é essencial para a leitura compreensiva. No texto lido, a cronista faz referência a Jasão, herói grego e ao velocino de ouro. (velocino = pele de carneiro). 2. Agora, faça a associação dessa história com a descrição do ciclista audaz: a) A quem o ciclista é comparado? b) Que perigos do trânsito, enfrentados pelo ciclista são relacionados aos perigos do mar e aos obstáculos que Jasão enfrentou? c) Jasão é um herói grego, cantado em prosa e em verso. E o ciclista, que espécie de herói é? 3. No texto “O ciclista audaz” a intencionalidade é: a) ( ) descrever as peripécias dos ciclistas. b) ( ) descrever a agitação do trânsito. c) ( ) refletir sobre o trânsito perigoso, a audácia dos ciclistas e associar essas idéias à luta diária de um cidadão comum ao enfrentar as adversidades da vida. Vamos, resumidamente, ler a história de Jasão: Diz a mitologia grega que o velocino de ouro estava guardado por um dragão. Para recuperar a coroa de seu reino, Jasão tinha que ir em busca do velocino de ouro. Jasão saiu, então, em um barco, enfrentando os perigos do mar e todos os obstáculos que vinham pela frente, em busca da pele de ouro do carneiro. 51 4. Coerente com a resposta anterior, assinale o que você considera ser o tema do texto. a) ( ) A agitação do trânsito. b) ( ) A busca da felicidade. c) ( ) O heroísmo anônimo e cotidiano do cidadão comum. 5. E para você, o que é ser um herói? Comente, justificando a sua opinião. 52 53 Na unidade anterior estudamos, os termos integrantes da oração, tais como: objeto direto e indireto e outros. Agora, estudaremos os termos acessórios da oração: adjunto adverbial, aposto e o termo independente da oração: vocativo. Observe os exemplos abaixo: Os convidados chegaram tarde. verbo adjunto adverbial. Os alunos saíram da sala. verbo adjunto adverbial Compraram as frutas na feira. verbo adjunto adverbial As palavras destacadas são chamadas de adjunto adverbial. Saiba que, o adjunto adverbial é o termo da oração que se refere ao verbo, ligando-se a ele com ou sem preposição, e tem a função de indicar uma determinada circunstância. Veja. O adjunto adverbial, quando expresso por um advérbio, pode também se referir a adjetivo ou advérbio, como nos exemplos a seguir: Era uma aluna pouco expansiva. adj. adv adjetivo Falaram muito bem. adj. adv adjetivo ADJUNTO ADVERBIAL 54 Existem muitos tipos de advérbios, mas os mais comuns são: 1. de tempo (Quando?) Hoje, ontem, amanhã, agora, já, antes depois, tarde, cedo, logo, outrora sempre, nunca, jamais, etc. e as expressões que indiquem tempo. 2. de lugar (Onde?) Aqui, lá, cá, debaixo, dentro, fora, longe, perto, além, adiante, etc. e as expressões que indiquem lugar. 3. de modo (De que modo?) Bem, mal, assim, devagar, depressa, atentamente, propositalmente, tranqüilamente, amavelmente, etc. e as expressões que indiquem modo. 4. de intensidade (Quanto?) Muito, pouco, mais, menos, bastante, demasiado, demais, meio, assaz, etc. e as expressões que denotem quantidade ou intensidade. 5. de afirmação Sim, certamente, realmente, etc. 6. de negação Não 7. de dúvida Talvez, acaso, porventura, provavelmente,etc. TIPOS DE ADVÉRBIOS ATENÇÃO: Os advérbios exercem na frase, a função de adjuntos adverbiais. 55 LOCUÇÕES ADVERBIAIS As expressões que indicam circunstâncias de tempo, lugar, modo, intensidade, afirmação, negação, dúvida são também advérbios (adjuntos adverbiais). Observe: 1.Os jequitibás cresciam no solo do sertão. (Os jequitibás cresciam onde? “no solo do sertão” é umadjunto adverbial de lugar). 2. Ele saiu às oitos da manhã. (Ele saiu quando? “às oitos da manhã” é um adjunto adverbial de tempo). Observe os exemplos: 1.João Cardoso, bom velho, era amigo de novidades. 2.Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, é cidade populosa. A expressão “bom velho” está explicando (esclarecendo) um nome anterior João Cardoso. APOSTO 56 Assim também “a capital do Rio Grande do Sul” está explicando (esclarecendo) o nome anterior. As expressões “bom velho e capital do Rio Grande do Sul” são apostos. A palavra ou expressão que explica (esclarece) um termo, geralmente anterior, chama-se aposto. O aposto costuma vir depois de vírgulas ou travessões. VOCATIVO Agora observe as frases: Olá! Amigo! Espere, homem! Ora, Antônio ,espere! As palavras assinaladas são vocativos. Vocativo é a palavra ou expressão que usamos para chamar alguém. Há sempre a presença da vírgula separando os vocativos. ATIVIDADE III 1. Observe os termos em destaque e relacione as colunas. TERMO INDEPENDENTE DA ORAÇÃO 57 a) Hortência, a rainha do basquete, dribla os preconceitos b) “Meu amor que torta divina”! (c) Temos confiança em nossos jogadores. (d) Você sempre foi muito eficiente. (e) Carlos mostrou seu quarto ao amigo. 2. Nas frases abaixo, escreva a circunstância expressa pelo adjunto adverbial sublinhado. a. “Seis semanas depois, uniram eles seus destinos”. b. Compraram as frutas na feira. c. Eles não saíram de casa. d. Talvez ele faça o exercício corretamente. 3. Nos exercícios abaixo. Assinale a reposta correta para a função sintática do termo sublinhado. a) Vamos, garotos, entrem na sala de aula! a) ( ) aposto b) ( ) vocativo, c) ( ) adjunto adverbial b) Pedro II, Imperador do Brasil, morreu no exílio. a) ( ) vocativo b) ( ) aposto c) ( ) adjunto adverbial 1.( ) vocativo 2.( ) Adjunto adverbial 3 ( ) Objeto indireto 4. ( ) Aposto 5. ( )Complemento nominal 58 c) Alguns homens saíram às pressas do recinto. a) ( ) adjunto adverbial b) ( ) aposto c) ( ) vocativo PARABÉNS! VOCÊ TERMINOU ESTE MÓDULO. 59 ATIVIDADE I 1- Fechar meus olhos minha triste irmã, Minha mãe de saudade morreria. 2- c 3- b 4- A dor do peito emudecera ao menos. 5- Ultra-romântica ou byroniana. REVISANDO A LITERATURA 1- 1836 a 1881. 2- Subjetivismo, sentimentalismo, nacionalismo, idealização do mundo, da mulher e do herói. 3- 1ª Geração: Nacionalista ou indianista; 2ª Geração: Ultra-romântica ou byroniana; 3ª Geração: Condoreira. 4- 1ª Geração: Gonçalves Dias; 2ª Geração: Álvares de Azevedo; 3ª Geração: Castro Alves. LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO ATIVIDADE II 1-b 2-b 3-a 4-a 5-pessoal GABARITO – MÓDULO 05 60 ESTUDANDO A NORMA PADRÃO � Responda em seu caderno: 1. a) soro fisiológico b) água c) bebida alcoólica d) para a desidratação e) de microorganismo 2. Sim. Para completar o sentido da palavra. ATIVIDADE III 1. a) I b) D c) D d) I e) D 2. 1. a 2. b 3. b 4. a 5. b 3. a) b b) c c) b ATIVIDADE I 1) 1. b 2. e 3. f 4. c 5. a 6. d 2) c 3) Um rumor suspeito. GABARITO – MÓDULO 06 61 4) Porque o gesto de Iracema foi rápido. 5) “ – Quebras comigo a flecha da paz?” 6) c 7) Raça Indígena e raça branca. 8) a – c – e REVISANDO A LITERATURA 1) No período do Romantismo. 2) Em 1844, “A moreninha”. 3) A cidade grande, no caso, o Rio de Janeiro, sede do Império. 4) “Iracema”, conhecida como lenda do Ceará. LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO Atividade II 1) a) Rio de Janeiro, Copacabana. b) Os ruídos e a neurose coletiva. c) Suas bicicletas celebram os rituais da vida e da velocidade. d) Condição de herói anônimo, cabe-lhe praticar atos miúdos sem conseqüências. e) vestido de verde, com um tecido colado ao corpo, ele arrisca a vida com gosto de saliva de puro gozo. f) um ciclista que enfrentava a morte como se a pudesse derrotar. 2) a) a Jasão. b) herói, ele demonstrava vocação de apreender os mitos que surgem sob forma de carros, velocidade, fantasia, o caos de uma cidade. c) herói anônimo. 3) c 4) c 5) resposta pessoal. 62 ESTUDANDO A NORMA PADRÃO Atividade III 1) a) 4 b) 1 c) 5 d) 2 e) 3 2) a) tempo b) lugar c) negação d) dúvida - modo 3) a) b - vocativo b) b - aposto c) a - adjunto adverbial 63 Para você pensar ... " O Sucesso significa nunca parar, ou seja, sempre ir em busca de algo mais ." EQUIPE DE PORTUGUÊS / CEESVO CRISTIANE - ILZA - IVÂNIA - SANDRA 64 BIBLIOGRAFIA � Proposta Curricular para o Ensino de Português - Ensino Médio - Secretaria de Estado da Educação - Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas - São Paulo - 2. Ed. - 1992. � Parâmetros Curriculares Nacionais - Português e Apresentação dos Temas Transversais - Ministério da Educação e do Desporto - Secretaria da Educação - Brasília - 1997. ABDALA JÚNIOR, Benjamim; CAPEDELLI, Samira Youssef. Tempos da literatura brasileira. São Paulo, Ática, 1985. ALMANAQUE ABRIL. CD ROM, 8. ed. 2000. Apostila de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira. Educação de Jovens e Adultos. Maringá, CEEBJA, 2001. CINTRA, Lindley; CUNHA, Celso Ferreira da. Nova Gramática do português contemporâneo. 3. ed. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1985. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionário da língua portuguesa. Rio de Janeiro. JORNAIS: Folha de São Paulo, Estado de São Paulo, Cruzeiro do Sul. KURY, Adriano da Gama. Lições de análise sintática. 3. ed. Rio de Janeiro, Fundo de Cultura, 1984. 65 LEITE, Lígia Moraes. O foco narrativo. 4. ed. São Paulo. Ática, 1989. MACEDO, José Armando. A redação do vestibular. São Paulo, Moderna, 1977. MAIA, João Domingues. Língua, literatura e redação. 2. ed. São Paulo, Ática, 2002. NICOLA, José de; INFANTE, Ulisses. Gramática contemporânea da língua portuguesa. 11. ed. São Paulo, Scipione, 1993. ROCCO, Maria Thereza Fraga. A redação novestibular. São Paulo, Mestre Jou, 1981. SOARES, Magda; CAMPOS, Edson Nascimento. Técnica de redação. Rio de Janeiro, ao Livro Técnico, 1979. TELECURSO 2000, Língua Portuguesa, Ensino Médio. 2 ed. São Paulo, Editora Globo. TERRA, Ermani. Curso Prático de Gramática. 2. Ed. São Paulo, Scipione, 1991. _________. & NICOLA, José de. Guia prático de ortografia. São Paulo, Scipione, 1995. 66 esta apostila foi elaborada pela equipe de português do CCCCEESVOEESVOEESVOEESVO centro estadual de educação supletiva de votorantim professorasprofessorasprofessorasprofessoras: cristiane albiero ilza ribeiro da silva ivânia valente miranda sandra mara romano coordenaçãocoordenaçãocoordenaçãocoordenação : neiva aparecida ferraz nunes votorantim, agosto/ 2002. ObservaçãoObservaçãoObservaçãoObservação material elaborado para uso exclusivo de cees, sendo proibida a sua comercialização. APOIO: PREFEITURA APOIO: PREFEITURA APOIO: PREFEITURA APOIO: PREFEITURA MUNICIPAL DE MUNICIPAL DE MUNICIPAL DE MUNICIPAL DE VOTORANTIMVOTORANTIMVOTORANTIMVOTORANTIM
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