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Caderno Constitucional I - Geovane Peixoto

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Direito Constitucional I 
Aluno: Eric Carvalho de Andrade 
 
Professor Geovane Peixoto 
 
1 
 
Referencia bibliográfica 
● Constituição E Direito Na Modernidade Periférica - Uma Abordagem Teórica E Uma Interpretação Do 
Caso Brasileiro (Neves, Marcelo) 
● Teoria da constituição e dos direitos fundamentais (Sampaio, José Adércio Leite) - DelRey 
● Curso de direito Constitucional (Dirley da Cunha Júnior) – Juspodivm 
● Curso de direito Constitucional (Manoel Jorge Silva e Neto) - Saraiva 
● Curso de direito Constitucional (Bernardo Gonçalves Fernandes) – Juspodivm 
● Curso de direito Constitucional (Paulo Bonavides) – Malheiros 
● Curso de direito Constitucional (Gilmar Ferreira Mendes e Paulo Gustavao Gonet Branco) – Saraiva 
● Curso de direito Constitucional (Ingo Wolfgang Sarlet, Luís Guilherme Marinoni, Daniel Mitidiero) – 
Saraiva 
● Teoria da Constituição (Carlos Ayres de Brito) – Forense 
● Teoria do Conhecimento Constitucional (José Afonso da Silva) – Malheiros 
Para aprofundamento: 
● Direito Constitucional e Teoria da Constituição (J.J. Gomes Canotilho) – Editora Almedina 
Livros Complementares: 
● A essência da Constituição (Ferdinand Lassale) [O que é uma constituição] 
● A força normativa da constituição (Konrad Hesse) 
● A constituinte burguesa (Emmanuel Joseph Sieyes) 
● Hermenêutica Constitucional (Peter Häbele) 
Meu contato: 
E-mail: ericcarvalhoandrade@gmail.com 
 
Eric Carvalho de Andrade
 
2 
 
1. História do Constitucionalismo 
O movimento constitucionalista visa colocar todas as pessoas em uma mesma lei a fim de garantir 
equidade. A partir do renascimento e do iluminismo é que se desenvolve uma ideia de constituição 
como “contrato”. Essa noção de Contrato Social nasce de um direito natural e caminha para a sua 
positivação a partir da criação de uma Constituição formal. Esse processo permite a organização do 
Estado e dos seus poderes. Portanto, a história do constitucionalismo narra o declínio de um Estado 
absolutista e o nascimento de um Estado de direito. 
a) Constituição como movimento revolucionário 
O constitucionalismo demarca uma postura revolucionária, ou seja, quebra aquilo que já está firmado. A 
ideia de revolução traz uma ideia de quebra de uma ordem instituída para instituição de uma nova 
ordem com valores diversos da ordem anterior e, para que seja legítima, precisa de amparo da 
população. Possuía, portanto, três grandes objetivos: garantia dos direitos fundamentais, a democracia 
(Estado de direito) e a limitação do poder do Estado, já que, antes desse movimento, havia um Estado 
absolutista. 
Após as três grandes revoluções (revolução inglesa, com as revoluções liberais; francesa, com a 
revolução francesa; e americana, com a independência dos Estados Unidos), inaugura-se então a 
modernidade. Esta, por sua vez, se baseia em dois fatores: emancipação do ser humano (liberdade, 
igualdade e fraternidade) e regulação no sentido de legislação (passagem do jusnaturalismo para o jus 
positivismo). 
A positivação assegura uma liberdade limitada por lei. Apesar de parecer um paradoxo, a liberdade vem 
no sentido de que o indivíduo se emancipa de seu governante ao passo que ele pode fazer o que lhe 
achar adequado. Nesse contexto é que vem a lei, a fim de limitar essa liberdade entre os homens para 
que não haja o caos. 
I. Revolução Inglesa 
Ocorrida no século XVII, foi um dos principais acontecimentos da Idade Moderna. Foi considerada a 
primeira das grandes revoluções burguesas, isto é, as revoluções encabeçadas por lideranças da 
burguesia europeia, que havia se tornado expressivamente forte, do ponto de vista econômico, ao longo 
dos séculos XVI e XVII, e que precisava alcançar legitimidade política. Com o processo da revolução, a 
burguesia da Inglaterra, por meio de uma guerra civil e da atuação do Parlamento, conseguiu combater 
o Estado absolutista desse país e reformular a estrutura política, que culminaria na modelo 
da Monarquia Parlamentarista em 1688. 
O resultado de todo esse movimento foi a Declaração dos Direitos (Bill of Rights, em 1689), que 
assegurou e reiterou os direitos individuais e estabeleceu competências para o Estado. Nesse sentido, o 
Bill of Rights é o primeiro documento oficial que garante a participação popular, por meio de 
representantes parlamentares, na criação e cobrança de tributos, sob pena de ilegalidade e veda, ainda, 
a instituição de impostos excessivos, nem tampouco punições cruéis e incomuns. 
II. Revolução Norte Americana 
As treze colônias inglesas na América do Norte gozavam de relativa autonomia política e econômica. 
Entretanto, a Inglaterra, para cobrir seus gastos, passou impor tributos e medidas que restringiam as 
práticas econômicas nas colônias, gerando, mais tarde, a Guerra de Independência. Esta tinha como 
objetivo a “Declaração de Direitos”, o qual afirmava que todos os homens eram por natureza livres, 
independentes e titulares de certos direitos inatos. No dia 4 de julho de 1776 fora declarado por 
Thomas Jefferson, um documento justamente com esses princípios e, depois de muitas lutas, em 3 de 
Eric Carvalho de Andrade
 
3 
 
setembro de 1783 fora reconhecida a independência dos Estados Unidos, país este que surgiu por meio 
da primeira constituição escrita, criada em 17 de setembro de 1787. 
O texto normativo americano que dava origem ao país era basicamente escorado na segurança jurídica, 
ao passo que tal texto era a norma suprema do país. Tinha também como importante princípio a divisão 
dos três poderes de Montesquieu e o sistema presidencialista. 
III. Revolução Francesa 
Com o lema “liberdade, igualdade e fraternidade”, foi a mais representativa das revoluções modernas 
de ruptura do antigo regime absolutista. Nessa revolução foram consagrados os interesses da 
burguesia, como a separação dos poderes e a declaração dos direitos do homem e do cidadão. 
Em 26 de agosto 1789 foi aprovada a “Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão”, 
reconhecendo um governo limitado pela constituição, a separação de poderes e o direito de todos à 
liberdade, à propriedade, à igualdade perante a lei e o direito de resistência a opressão. 
Cabe salientar, como veremos mais adiante, que a Constituição é uma norma fundamental de um país, 
porém nem toda constituição é uma norma fundamental. Na França, por exemplo, a norma fundamental 
é a Declaração de Direitos Universais do Homem e do Cidadão e logo abaixo vem a constituição. Ser 
norma universal é estar no topo de um ordenamento jurídico. 
IV. Em resumo: 
Revolução inglesa: contribui para esse movimento com a consciência da necessidade de limitação do 
poder; 
Revolução norte-americana: traz a primeira constituição escrita que, ao mesmo tempo, cria um Estado; 
Revolução francesa: traz de garantia dos direitos humanos através de uma força pública, ou seja, o 
Estado. 
b) O Constitucionalismo liberal 
Essa fase tem início no final do séc. XVIII com as revoluções liberais burguesas que tratamos agora a 
pouco. Como já vimos, por influência do liberalismo iluminista, assim, criava-se a concepção do Estado 
mínimo como proteção às garantias individuais. O principal objetivo, portanto, era a liberdade. Para isso, 
a atuação do Estado deveria limitar-se à defesa da ordem e segurança pública, de onde nasce o 
princípio da legalidade administrativa como subordinação à lei (os particulares podem fazer tudo o que a 
lei não veda, mas a Administração só pode fazer o que a lei permite). O Estado liberal ganha, então, 
contornos bem definidos, seja no plano político (poder limitado pelo Direito), seja no plano econômico 
(Estado mínimo, não intervenção estatal). A instrumentalização desse Estado de Direito (Estado liberal) 
deu-se, então,a partir das primeiras Constituições escritas (constituições negativas), limitando a 
atuação estatal (abstencionismo). 
c) O constitucionalismo social 
Surgiu no período entre guerras, diante do resultado devastador da Primeira Guerra Mundial. Nesse 
contexto, explodiram novos movimentos revolucionários que exigiam que a constituição não só 
garantisse os direitos individuais, mas também os direitos sociais. Agrava ainda mais a situação – para 
os liberais – a deflagração da Revolução Russa de 1917, a qual era um alarme gritante que o 
liberalismo poderia estar em cheque. 
O Estado liberal, diante disso, não podia ficar inerte diante da insuficiência dos ideais liberais, surgindo, 
então, o constitucionalismo social. Esse constitucionalismo passa a positivar os direitos fundamentais, 
tendo como marco a Constituição Mexicana de 1917 e a Constituição Alemã de Weimar de 1919. 
Eric Carvalho de Andrade
 
4 
 
Por outro lado, considerando que agora a lei previa direitos individuais e sociais (império da lei), a partir 
do séc. XX já se consolida a visão positivista do direito, capitaneada por Hans Kelsen (substituindo a 
visão jus naturalista). 
A constituição dirigente: 
A nossa constituição é chamada de dirigente ou programática, pois ela estabelece várias diretrizes, ou 
seja, objetivos a serem alcançados sem, porém, estabelecer como isso será feito, a exemplo os Artigos 6 
e 193: 
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o 
lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos 
desamparados, na forma desta Constituição. 
Art. 193. A ordem social tem como base o primado do trabalho, e como objetivo o bem-estar e a justiça 
sociais. 
O constitucionalismo dirigente é desenvolvido dentro do constitucionalismo social. Os dois grandes 
desafios desse constitucionalismo é primeiro, o custo, que é alto para o Estado e, o segundo, a oposição 
daqueles que dominavam economicamente o Estado. Isso acontecia, pois o Estado Social defende a 
intervenção do Estado na economia, e quem detém esse poder econômico é prejudicado por tais 
medidas intervencionistas, pois, como a função do Estado não é produzir, ele arrecada recursos por 
meio dos tributos, para que se viabilizem medidas sociais, dentre essas, aqueles que fazem parte da 
dignidade humana. 
Como se pode perceber, portanto, o grande problema enfrentado pelo Constitucionalismo dirigente é a 
falta de efetividade dos programas constitucionais decorrentes da omissão do poder público para a 
efetivação desses objetivos. 
Nesse contexto, com a omissão do Estado, o poder judiciário passa a ser ativo (o chamado “ativismo 
judicial”), ou seja, ele passa a decidir em uma direção que julgue necessário para garantir os direitos 
sociais. Isso, entretanto, gera outro problema, que a violação do orçamento público. 
Fonte complementar: http://www.conteudojuridico.com.br/artigo,a-evolucao-da-teoria-constitucional-e-as-perspectivas-para-o-constitucionalismo-do-
futuro,46305.html 
 
Eric Carvalho de Andrade
 
5 
 
2. Neoconstitucionalismo 
O que é o neoconstitucionalismo 
O neoconstitucionalismo não representa uma corrente, e sim, vários tipos de “neoconstitucionalismos”, 
os quais se inserem em outro tipo de pensamento que não é unificado. Entretanto, é central nessas 
linhas, a tentativa de aproximar o direito da moral. Esse movimento pretende explicar um conjunto de 
textos e experiências constitucionais que surgem após a segunda guerra, especialmente a partir da Lei 
Fundamental de Bonn de 1949. Foi-se, então, feito dois diagnósticos acerca do modelo anterior: o 
modelo formalista mostrou-se ineficiente para se efetivar a justiça; e a supremacia do parlamento 
necessitava ser substituída pela supremacia judicial, nos moldes estadunidenses. A partir de então, o 
juiz “boca da lei” passa a ser o juiz “dos princípios”. 
A Constituição brasileira é resultado dessa linha de pensamento, ao passo que deixou de apenas 
estabelecer a formação do processo legislativo, e passou a constituir primordialmente a consagração de 
direitos fundamentais em seu texto, como ressalta Georges Abboud e Rafael Tomaz de Oliveira no livro 
“Neoconstitucionalismo – avanços e retrocessos”: 
“(...) as premissas do neoconstitucionalismo estão assentadas no entendimento de que as novas 
Constituições não se limitam mais a apenas estabelecer a separação de poderes e delimitar 
competências do Poder Público, na medida em que passam a positivar diversas garantias fundamentais 
estabelecendo, assim, maior espaço de atuação para o poder judiciário. (...) No Brasil, temos que o 
neoconstitucionalismo acabou sendo estabelecido como uma postura teórica antiformalista que aposta 
no protagonismo do poder judiciário para a concretização dos direitos; na fórmula da ponderação como 
alternativa ao dogma da subsunção; e no império moral dos princípios, entendidos como valores 
constitutivos da comunidade”. 
 
Eric Carvalho de Andrade
 
6 
 
3. O constitucionalismo latino-americano 
As constituições latino-americanas merecem destaque por conta do processo em que elas foram 
formadas. Têm como característica em comum o fato de buscarem instrumentos que reponham a 
perdida relação entre soberania popular e governo. Na busca de máxima efetividade dos direitos sociais, 
essas Constituições recepcionaram os documentos internacionais de direitos humanos e passaram a 
ser o topo do ordenamento jurídico desses países, surgindo um forte controle de constitucionalidade. 
Com esse modelo de Constituição no topo, foi adotado o modelo programático, baseado em princípios, 
que colocaram como objetivo a superação das desigualdades econômicas e sociais ao passo que o 
Estado passa a ter um novo papel na economia. Não só isso, esse novo constitucionalismo funda e 
legitima o poder político ao promover nova participação popular e materializar o fundamento do poder 
no povo. 
Por fim, essas novas constituições latino americanas representam uma quebra com o direito moderno 
estrangeiro ao passo que denuncia a pobreza, a dependência econômica, a destruição ambiental e os 
privilégios promovidos pelos direitos meramente individualistas. 
 
Eric Carvalho de Andrade
 
7 
 
4. Conceituação de Constituição 
A Constituição, via de regra, é a norma fundamental de um país, que ocupa o topo do ordenamento 
jurídico (segundo a concepção jurídica de Kelsen), que representa as forças reais de poder (segundo a 
concepção sociológica de Lassalle), e que representa o produto da decisão política (de acordo com a 
concepção política de Schmitt). Cabe salientar, entretanto, que o “via de regra” anteriormente dito 
ressalta uma exceção: na França, por exemplo, a norma fundamental é a declaração de direitos 
universais do homem e do cidadão e logo abaixo vem a constituição. 
Portanto, a constituição é, em regra, a norma mais alta de um país, que carrega os mais altos valores a 
serem defendidos, estabelece os objetivos de uma nação e organiza a estrutura do Estado. 
 
Eric Carvalho de Andrade
 
8 
 
5. Concepções de sobre as constituições 
a) Concepção sociológica de Ferdinand Lassalle 
Para o escritor, a gênese do ordenamento jurídico-constitucional positivo deve ser buscada na realidade 
social, nos fatos que se desenvolvem e se enformam no meio social. 
Em seu livro “A essência da constituição”, Lassalle vai analisar a lei fundamental como sendo um reflexo 
dos fatores reais de poder que imperam em determinada sociedade. Quando tais fatores reais de poder 
não estão refletidos na constituição, esta passa a ser apenas uma “folha de papel” e, portanto, ilegítima. 
Diante disso, portanto,Lassalle falava que dentro do Estado existem duas normas que são chamadas de 
Constituição: uma Constituição escrita (texto normativo) e uma Constituição real (forças reais de poder). 
b) Concepção política de Carl Schmitt 
A constituição é o produto da decisão política fundamental, a estabelecer a forma de Estado, de 
governo, os órgãos de poder e os direitos e garantias constitucionais. 
Lei constitucional, por outro lado, diz respeito a matérias que apenas formalmente são constitucionais, 
porquanto poderiam ser tratadas pelo legislador originário. 
c) Concepção jurídica de Hans Kelsen 
A constituição, para Kelsen, é o ponto de partida do processo de criação do Direito Positivo, ou seja, é o 
texto que ocupa a posição mais alta do ordenamento jurídico determinando como serão as normas 
inferiores. 
d) Concepção Jurídico-Normativa de Konrad Hesse 
A concepção jurídico-normativa não tem origem na sociológica do Lassalle. Muito pelo contrário, tal 
concepção se aproxima bem mais da concepção jurídica. Hesse fala que, para se garantir a chamada 
força normativa da constituição, não se pode afastar o direito da realidade social. Norma não é o texto, 
mas sim o texto concretizado. 
 
Eric Carvalho de Andrade
 
9 
 
6. Critérios De Classificação da Constituição 
6.1. – Classificação ontológica segundo Karl Loewenstein 
 Normativa – atua de forma efetiva; 
 Nominal – falta a ampla correspondência com a realidade, sendo parcialmente efetiva. É como 
um casaco grande demais para uma criança que, crescendo, algum dia ainda irá preencher 
todos os espaços restantes; 
 Semântica: chamada por Marcelo Neves de constituição instrumental - produzida para legitimar 
e instrumentalizar o poder, característico dos Estados totalitários. 
6.2. – Classificações deontológicas 
a) Conteúdo 
 Material (conteúdo): quando tão somente tem como papel normatizar o conteúdo denominado 
de “essencialmente constitucional” (a constituição dos elementos do Estado), ou seja, é o 
conjunto de regras, escritas ou não, que definem a estrutura das relações de poder de um país e 
o sistema de garantias dos seus cidadãos. Na Constituição de 1988, esse conteúdo material se 
encontra do Título I ao IV, que no caso, princípios fundamentais, direitos e garantias 
fundamentais, organização do Estado e organização dos poderes. 
 Formal (procedimento): aqui se admite que outras matérias sejam normativas, desde que sejam 
submetidas a um processo formal de inclusão na constituição. 
b) Forma 
 Escrita: toda a matéria constitucional está sistematizada em um texto escrito, ou seja, são 
codificadas; 
 Não escrita: formada por costumes ou por uma legislação esparsa, ou seja, existem várias leis 
falando de uma mesma matéria. 
Exemplo: o Código Civil é PARCIALMENTE codificado, pois possuem leis que regulam o direito civil 
fora do código. Assim também ocorre com o direito penal, por exemplo. 
Para finalidade didática, os concursos consideram a CF de 88 como sendo Escrita, apesar de os 
tratados internacionais poderem ter força constitucional (art. 5º §3). 
c) Origem 
 Democrática (promulgada): a legitimidade advém do povo. 
 Não democrática (outorgada): quando não há legitimidade não advém da vontade popular 
 Cesarista: é em origem outorgada, mas condiciona a aprovação popular (exemplo: constituição 
de Pinochet e a de 1937). 
d) Modo de elaboração 
 Histórica: fruto de um processo histórico. 
 Dogmática: projetada a partir de uma assembleia constituinte. 
e) Estabilidade 
Aqui se discute o rigor do processo de alteração do texto constitucional. 
 Flexível: o processo de alteração do texto constitucional é equivalente ao processo de edição das 
leis ordinárias. 
Eric Carvalho de Andrade
 
10 
 
 Rígida: quando esse processo de alteração do texto constitucional é mais rígida, ela se classifica 
como rígida, como é o caso da Constituição de 1988. 
 Semirrígida: aqui algumas matérias tem menos rigor para serem alteradas enquanto outras 
maior rigor, ou seja, as constituições semirrígidas são hibridas. 
 Superrígida: é quando a constituição possui um núcleo imutável. As cláusulas pétreas, 
entretendo, não configuram a Constituição brasileira como superrígida, por não serem o núcleo 
da constituição. 
f) Extensão 
Aqui é analisado o alcance da constituição. 
 Sintética: se limita a estabelecer normas gerais, como, por exemplo, os princípios. 
 Analítica: vai além dessas normas gerais e vai tratar de aspectos minuciosos. 
g) Ideologia 
Aqui se procura entender se o texto constitucional foi construído a partir de uma ou várias ideologias. 
 Ortodoxa: uma ideologia. 
 Eclética: várias ideologias. 
A constituição brasileira possui três partes 
1. O preâmbulo – apresentar o texto constitucional definindo os princípios os valores que permearam a 
construção do texto constitucional. 
2. Parte dogmática – é a parte em que a constituição vai definir suas regras e princípios com força 
normativa. 
3. Disposições transitórias – estabelecem as normas de transição necessárias para a adaptação da 
nova ordem constitucional. 
CF de 88: Formal, escrita, democrática, dogmática, rígida, analítica e eclética. 
 
Eric Carvalho de Andrade
 
11 
 
7. Poder constituinte 
O poder constituinte é a máxima expressão de poder de um grupo ou do povo, a qual se transforma no 
ápice de um sistema jurídico. 
Para Emmanuel Joseph Sieyés, em “A constituinte burguesa”, essa expressão máxima advém da nação. 
Ele pregava que os votos deveriam ser “por cabeça”, e não por classe; que o terceiro Estado – a parte 
produtiva da sociedade – tivesse políticos que os representassem e em número igual ao da nobreza e 
do clero. 
No pensamento jurídico contemporâneo, o Poder Constituinte é o poder que cria e organiza o Estado 
através da constituição. Esta é a primeira e suprema norma jurídica de um sistema. Pelo fato de o poder 
constituinte, em vezes, preceder o direito e não se basear em normas jurídicas pré-existentes, se trata 
de um poder de fato, ou seja, um poder advindo de um grupo de grande influência social, tendo caráter 
histórico e político. 
O poder constituinte é também um movimento revolucionário, ou seja, de ruptura com a ordem 
anteriormente instituída, não dialogando com esta. Desenvolve-se em duas etapas: a primeira, 
denominada “poder constituinte material” – que é justamente a ruptura em si – e a segunda, que é a 
tentativa de formalizar / judicializar, denominando-se “poder constituinte formal”. A constituição, 
portanto, por ser advinda do poder constituinte, é o resultado dessa revolução e, consequentemente, 
sua autoliquidação. 
O poder constituinte se caracteriza, portanto, por ser originário, inicial, incondicional e ilimitado, pois ele 
é criador e nada o antecede. A constituição escrita é desta forma, apenas o fruto gerado por esse 
exercício de poder constituinte, sendo ela limitada e condicionada ao interesse do povo, o qual é o 
responsável pela quebra da ordem anteriormente instituída. 
Por fim, nesse compasso de definir o que é poder constituinte, cabe salientar a sua titularidade. 
Distingue-se entre titular, que é de quem emana esse poder, e de exercente, que é de fato quem exerce 
esse poder por concessão do titular. Em uma democracia, o titular é justamente o povo, e o exercente 
são seus representantes. 
7.1 - Espécies de poder constituinte 
a) Poder constituinte originário (constituinte) 
Esfera política e histórica, pois advém da vontade da população ou grupo revolucionário; 
 Inicial, pois inaugura uma nova ordem jurídica; 
 Autônomo, pois cabe a seu exercente fixar os termos da nova constituição; 
 Ilimitado, pois não sofre nenhuma limitação do Direito; Incondicionado, pois não se sujeita a nenhum processo pré-fixado; 
 Permanente, pois não se exaure com a elaboração da constituição, ou seja, pode ser ativado 
pela vontade soberana de seu titular (na democracia, o povo). 
Canotilho, entretanto, faz uma ressalva: apesar de o poder constituinte ser inicial, autônomo, 
incondicionado e onipotente, considera o autor que esse sofre limitações em face de certos princípios 
de justiça e os princípios de direito internacional (como os tratados internacionais, por exemplo). 
Este poder se manifesta através da Assembleia Constituinte ou Convenções, que promulgam os textos 
constitucionais. Quando há, entretanto, usurpação do Poder Constituinte do povo, esta é feita por via da 
outorga. 
Eric Carvalho de Andrade
 
12 
 
b) Poder constituinte derivado (constituído) 
Esfera jurídica, pois advém da constituição. Logra sua existência a partir do Poder Constituinte 
Originário, ou seja, é uma competência constitucional cedida por esse poder. Tem, portanto, como 
características: 
 Derivado (ou secundário); 
 Condicionado às regras instituídas pela Constituição; 
 Limitado (sendo elas temporais, circunstanciais, materiais ou procedimentais, explícitas ou 
implícitas). 
O Poder Constituinte derivado divide-se ainda em: poder constituinte reformador (destinado a alterar a 
constituição, podendo acrescentar, suprimir ou modificar o texto) e poder constituinte decorrente 
(elabora ou modifica as constituições dos Estados-Membros da Federação). 
Limitações: 
Alcança tanto o poder constituinte reformador (emendas e revisões) quanto o poder constituinte 
decorrente (Constituições Estaduais). São elas: 
 Temporais: são aquelas que vedam reformas constitucionais em determinados períodos de 
tempo; 
 Circunstanciais: são aquelas que proíbem as reformas constitucionais em determinadas 
situações do país, que no caso: intervenção federal, estado de defesa, estado de sítio (art. 60 
§1º). 
 Limitações materiais ou substanciais (normalmente chamados de cláusulas pétreas): proíbe a 
supressão ou total ou parcial de algumas matérias consideradas imutáveis. Não são elas, 
entretanto, imunes a reformas, mas protegidas em seu conteúdo mínimo. É possível, portanto, 
ampliar o conteúdo dessas matérias consideradas imutáveis (leia-se: direitos e garantias 
fundamentais), mas nunca esvaziá-lo. Tal tipo de limitação subdivide-se em: 
o Limitações materiais explícitas ou expressas: art. 60 §4º, que no caso, não se pode 
limitar: a forma federativa do Estado; o voto direto, secreto, universal e periódico; a 
separação dos Poderes; os direitos e garantias individuais. Cabe salientar, portanto, que 
como as garantias individuais estão espalhadas por toda a constituição, as limitações 
vão além do art. 60 §4º. 
o Limitações implícitas ou inerentes: não sã expressos, mas são inerentes aos regimes que 
ela adota. Exemplo: não se pode alterar o titular do poder constituinte originário por meio 
de um poder constituinte derivado; reformar o próprio processo da reforma; e outras 
situações que vão de encontro à própria lógica do poder constituinte derivado. O título I 
da CF possui princípios que estabelecem limitações implícitas à essa modalidade de 
poder. 
 Limitações procedimentais: referem-se a forma em que se faz a reforma. No art. 60 incisos I, II, 
III e §§2º e 3º) – que vedam a matéria a ser debatida; art. 60 §5º - que veda discutir aquelas 
emendas já rejeitadas. 
I. Poder Constituinte Reformador 
Destina-se à reforma da constituição e não tem limitações temporais. Manifesta-se por meio de: 
 Emendas à Constituição (previsto no artigo 60 da CF); 
 Revisão Constitucional (art. 3º do ADCT, sendo uma situação excepcional que não mais ocorre). 
O processo de reforma constitucional por meio das emendas tem as seguintes etapas: I. Apresentação 
da proposta (art. 60 incisos I a III); II. Tramitação e deliberação das propostas (art. 60 §2º) III. 
Promulgação da emenda Constitucional (art. 60 §3º), publicando-a. Vale salientar que a emenda 
Eric Carvalho de Andrade
 
13 
 
constitucional não depende de sanção do Presidente da República para ser aprovada, o que mostra a 
independência do Congresso Nacional quando se fala de reforma constitucional. 
Observação: casa originária: cria a emenda; casa revisora: revisa a emenda. 
 
Em resumo, diz o artigo 60: 
Pode ser proposto por (Incisos I, II e III): 
 1/3 dos deputados e senadores; 
 Presidente da República; 
 +1/2 das Assembleias Legislativas dos Estados 
Não pode ser emendada quando há (§1º): 
 Intervenção federal; 
 Estado de defesa; 
 Estado de sítio. 
Não se pode deliberar sobre (§4º): 
 A forma federativa do Estado; 
 O voto direto, secreto, universal e periódico; 
 A separação dos Poderes; 
 Os direitos e garantias individuais 
II. Poder constituinte decorrente (art. 11 ADCT) 
Não se destina a rever a constituição, mas sim criar novas constituições regionais – no Brasil, as 
estaduais. 
É fundamentado no art. 25 da CF, que permite os Estados-membros possuírem sua legislação 
Tem a função de criação constitucional limitado à uma ordem superior. Exemplo: constituição da Bahia, 
que é decorrente da Constituição Federal. 
Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta: 
I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal; 
II - do Presidente da República; 
III - de mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de 
seus membros. 
§ 1º A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio. 
§ 2º A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, 
três quintos dos votos dos respectivos membros. 
§ 3º A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de 
ordem. 
§ 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: 
I - a forma federativa de Estado; 
II - o voto direto, secreto, universal e periódico; 
III - a separação dos Poderes; 
IV - os direitos e garantias individuais. 
§ 5º A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão 
legislativa. 
 
Apresentação da 
proposta 
(art. 60, I a III). 
Tramitação e 
delberação 
(art. 60 §2º) 
Promulgação da 
emenda 
(art. 60 §3º) 
Eric Carvalho de Andrade
 
14 
 
8. Normas constitucionais 
A constituição é um sistema aberto de regras e princípios. 
Denomina-se assim, pois é dinâmica, capta as mudanças da 
realidade, é composto de normas que se revelam tanto em forma 
de princípios como de regras. 
As normas desdobram-se em dois tipos: 
 Normas materialmente constitucionais: tratam de 
assuntos constitucionais de organização do Estado e a sua 
forma. 
 Normas formalmente constitucionais: estão inseridas na Constituição independentemente de 
seu conteúdo, visando sublinhar a sua importância. 
Independentemente de tal distinção, ambos os tipos possuem igual hierarquia e os mesmos efeitos 
jurídicos. 
De acordo com a sua complementação, pode ser: 
 Norma auto executável: não depende de uma complementação, o texto tem força normativa 
própria; 
 Norma não auto executável: não pode ser aplicada diretamente, precisa de uma lei que a 
complemente. 
De acordo com a visão positivista, a norma tem o: plano da existência / vigência (a inserção da norma 
no mundo, ela passa a existir, ou seja, tem vigência), plano da validade (é uma analise de conformidadecom o sistema, ou seja, respeito com a norma superior e com da competência) e plano da eficácia 
(potencialidade da norma produzir efeitos jurídicos, ou seja, se ela pode produzir efeitos jurídicos). 
José Afonso da Silva: criou uma classificação que utiliza como critério a eficácia da norma. Dessa forma, 
o autor reconhece três classificações com base no plano da eficácia: normas de eficácia plena, limitada 
e contida. 
 Eficácia plena: é aquela que independe de outra norma para surtir seus efeitos (auto 
executável). 
 Eficácia limitada: é aquela que depende da edição de outra norma para surtir seus efeitos (não 
auto executável). 
 Eficácia contida: Maria Helena Diniz chama isso de norma de eficácia restringível, ou seja, a 
norma admite em seu bojo a limitação de seus efeitos. 
Outra classificação a ser considerada é a de Vézio Crisafulli, que em seu livro “Estado, governo e poder” 
trabalha com as chamadas “normas programáticas” presente no constitucionalismo social dirigente 
para a definição dos direitos sociais e econômicos. Estas estabelecem diretrizes, metas e programas a 
serem alcançados, como se vê no art. 196: 
Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e 
econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal 
e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. 
Aqui as diretrizes estão estabelecidas, cabendo ao Estado viabilizar a norma. 
Eric Carvalho de Andrade
 
15 
 
Os princípios e regras 
Funcionam em uma lógica de dupla centralidade, pois eles são o centro da constituição, esta que já é o 
centro do sistema jurídico. As regras, por sua vez, são estabelecedoras de conduta, já os princípios são 
os instituidores dos valores. Os princípios eram vistos como mera ferramenta auxiliadora de integração 
em caso de lacunas jurídicas. Entretanto, essa visão foi expandida e os princípios caracterizam-se por: 
 Possuir elevado grau de abstração; 
 Expressar ideias ou valores fundamentais; 
 Dependerem de medidas intermediárias para se concretizarem; 
 Suplementarem as demais fontes do direito; 
 Ordenar que algo seja realizado na maior medida possível. 
As regras, portanto, servem basicamente para concretizar os princípios, não sendo possível – de acordo 
com Eros Grau – haver antinomia entre regras e princípios. O que pode ocorrer é uma antinomia entre 
princípios e, consequentemente, entre regras. Neste caso pondera-se para decidir qual princípio tem 
maior peso naquele caso concreto. 
Dessa forma um princípio dá origem a uma regra a qual consagra outro princípio: 
Os princípios abrem e fecham o sistema, delimitando-o. O princípio da presunção de inocência 
dá origem à regra constitucional “ninguém será considerado culpado...” garantindo o princípio da 
dignidade humana. 
Para Eros Grau, os juízes, desembargadores e ministros têm fugido de um princípio básico — julgar com 
base na lei — para aplicar ponderação entre princípios. Para ele, “O Judiciário não está autorizado a dar 
interpretação diversa do texto normativo”. 
“A ponderação entre princípios traz insegurança jurídica. É perigoso. Quando um juiz decide com 
base nos princípios e não nas regras positivadas, acaba argumentando para não dizer 
claramente ‘vou decidir como eu quero’. Aí fugimos do campo da legalidade e vamos para o 
campo da discricionariedade”. 
 
Eric Carvalho de Andrade
 
16 
 
9. Interpretação constitucional 
A base da interpretação constitucional brasileira está fundamentada em doutrina alemã (Hesse e 
Böckenförde). 
Hesse descreveu uma serie de princípios de interpretação constitucional. Böckenförde, por sua vez, 
descreve seis. Canotilho compilou todos esses métodos. 
Métodos de Böckenförde: 
1. Hermenêutico clássico; 
Aqui se tem a interpretação literal gramatical (desenvolvido por Savigny). Foi incorporado no 
Brasil pela primeira vez por Maximiliano. Leva-se em conta o processo histórico, sociológico e, 
portanto, analisa a norma de forma ampla. 
2. Tópico problemático; 
Desenvolvido por Theodor Viewheg, o interprete analisa o problema e vai buscar em qual “topos” 
(“topoi” no plural) está a solução. Ou seja, diante de um problema, procura-se a lei mais 
adequada para o caso concreto. O problema dessa teoria está na arbitrariedade do intérprete ao 
escolher a norma (topos). 
3. Hermenêutico concretizador; 
Konrad Hesse, positivista, desenvolve esse método e diz que o texto da constituição muda a 
sociedade 
4. Científico espiritual; 
Desenvolvido por R. Smend. A palavra “espiritual” significa humanista, ou seja, a interpretação 
do direito deve sempre proteger o ser humano. Isso inclusive abre a possibilidade para afastar a 
norma positivada a favor do homem. 
5. Normativo estruturante; 
Friedrich Müller, com seu livro “Teoria normativo estruturante”, diz que a norma não é o texto. O 
texto jurídico não possui sentido por si só, pois ele só ganha significado quando inserido no 
âmbito normativo. Este pode ser entendido como sendo a realidade social, ou seja, a norma só 
tem sentido quando interpretada de acordo a realidade social. 
O texto, portanto, deve encontrar o seu contexto. 
6. Comparado. 
Desenvolvido por Haberle, interpreta-se a norma de forma comparada com outras legislações. 
 
Eric Carvalho de Andrade
 
17 
 
10. Controle de constitucionalidade 
a) Introdução 
Plano da existência (pressupostos); 
Plano da validade (requisitos) com as normas superiores; 
 Comissão de constituição e justiça: analisa a constitucionalidade da lei; 
 A consequência de algo ser inválido (inconstitucional), ele será declarado nulo (inválida); 
 O controle de constitucionalidade consiste no conjunto de mecanismo apto à identificação e 
declaração da inconstitucionalidade de uma norma. 
Plano da eficácia (condições). 
Ler: Uma teoria das nulidades aplicada ao processo – J. J. Calmon de Passos, Editora Forense (capítulo 
que faz a distinção entre existência, validade e eficácia); Teoria do controle de constitucionalidade – 
André Batista Neves; Controle de Constitucionalidade: teoria e prática – Dirley da Cunha Jr. 
b) Espécies de controle de constitucionalidade 
Total (toda a lei é inconstitucional) ou parcial (apenas alguns dispositivos da lei); 
Material (o conteúdo está incompatível) e formal (o procedimento estabelecido pela constituição para 
criação de uma norma não é obedecido); 
Originária (existe desde a origem, a norma já nasce inconstitucional) e superveniente (durante a sua 
vigência ela se tornou inconstitucional – ocorre quando há mudanças na constituição). Segundo o STF, 
NÃO EXISTE INCONSTITUCIONAL FORMAL e SUPERVENIENTE ao mesmo tempo; 
Comissiva (por ação, quando se faz algo inconstitucional) e omissiva (por omissão, quando a CF 
determina um agir e o poder público se omite); 
Diretas (quando o ato ofende diretamente a constituição – Ação Direta de Inconstitucionalidade ADI) e 
indiretas (ocorre de forma reflexa, ou seja, quando um ato atinge outro ato, e nisto, ocorre a 
inconstitucionalidade, o STF decidiu que não se julga as ações reflexas). 
c) Mecanismos de controle de constitucionalidade 
Político (Modelo francês como referencial; realizado pelos outros poderes); 
 Serve para evitar (natureza preventiva) que uma norma seja produzida; 
 Dirley e Manoel Jorge negam esse controle; Barroso reconhece vários mecanismos de controle 
político, neste caso: 
o Art. 66 da CF, que dá ao presidente da república o direito de vetar um projeto de lei; 
o Art. 49, inciso V, que dá ao congresso o poder de suspender os atos do presidente da 
república contrários à constituição; 
o Art. 62 §5º, que define que, depois de editadamedida provisória (chefe do executivo), o 
congresso nacional deverá fazer um juízo prévio de admissibilidade da medida. 
o Art. 52, inciso X, que diz que compete ao Senado Federal retirar a lei considera 
totalmente ou parcialmente pelo STF. (a concluir) 
Jurisdicional (Modelos norte americano e austríaco; controle realizado pelo judiciário, portanto 
repressivo as normas que já adentraram ao ordenamento); 
Eric Carvalho de Andrade
 
18 
 
 Controle difuso, incidental ou concreto (modelo norte americano): Difuso, pois qualquer juiz pode 
fazer; Incidental, pois não é algo principal em um processo; Concreto, pois é realizado em cima 
de um caso concreto. O controle difuso ocorre entre as partes, ou seja, não se estende aos 
demais. Ex tunc (retroativo); Ex nunc (não retroativo). 
 Controle de constitucionalidade concentrado (modelo austríaco – Kelsen): essa função deve 
estar concentrada em apenas uma corte ou tribunal constitucional, surgindo assim o controle 
concentrado ou abstrato de constitucionalidade. 
1. ADIN (Lei nº 9.868/99); Ação direta de inconstitucionalidade: declaração da 
inconstitucionalidade de uma lei ou ato normativo de âmbito federal ou estadual. 
2. ADC (Lei nº 9.868/99); Ação declaratória de constitucionalidade: declara-se que uma 
ação é constitucional. Presume-se que todos os atos do Estado são constitucionais até 
que se prove o contrário. Então por que é necessário para se declarar a 
constitucionalidade de uma ação? Isso é necessário, pois quando se tem juízes julgando 
de formas divergentes, na dúvida, se declara constitucional por meio desse instrumento. 
3. ADIO (Lei nº 9.868/99); ação direta de inconstitucionalidade por omissão: quando há 
uma omissão, ao exemplo no poder legislativo ou executivo. Neste pode ocorrer processo 
administrativo. 
4. ADPF (Lei nº 9.882/99); Arguição de descumprimento de preceito fundamental: é 
aplicado contra atos concretos da administração ou contra atos e leis de natureza 
estadual, federal e municipal. Abre-se, portanto a possibilidade de se contestar as leis 
municipais. 
5. Representação interventiva (Lei nº 12.562/2011). O único que pode propor esse tipo de 
ação é o procurador geral da república, quando houver violação, por parte dos Estados 
membros, dos princípios constitucionais sensíveis, ou seja, elencados no Art. 34, inciso 
VII. 
As ações de 1 a 4 só podem ser propostas pelos indicados pelo art. 103 da CF que, no caso: o 
presidente da república, mesa da câmara dos deputados e senados, governador do estado, 
assembleia legislativa estadual ou câmara legislativa distrital, procurador geral da república, 
conselho federam da OAB, partido político com representação no congresso nacional e entidade 
de classe ou confederação sindical de âmbito nacional. 
Eric Carvalho de Andrade

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