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CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

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CRIMES CONTRA A 
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
 
1. Conceito de Funcionário Público (intraneus): 
Art. 327 - Considera-se funcionário público, para 
os efeitos penais, quem, embora transitoriamente 
ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou 
função pública. 
Cargo – diz respeito ao funcionário público em 
sentido estrito (relação estatutária). 
Emprego – quando a relação funcional é regida 
pela CLT. 
Função – é a própria atividade, atribuição, tarefa 
objeto dos serviços prestados. 
Não confundir com o múnus público – encargo 
ou ônus conferido pela lei e imposto pelo Estado 
em algumas situações. Ex.: depositário, curador 
etc. 
 
 
Funcionário público por equiparação 
§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem 
exerce cargo, emprego ou função em 
entidade paraestatal, e quem trabalha para 
empresa prestadora de serviço contratada ou 
conveniada para a execução de atividade 
típica da Administração Pública. (Incluído 
pela Lei nº 9.983, de 2000) 
Paraestatal – autarquias, sociedades de 
economia mista, fundações públicas, 
serviços sociais autônomos (sistema “S”). 
Prestadora de serviço – empresa (sociedade 
empresária ou firma individual) contratada ou 
conveniada para exercer atividades típicas da 
administração pública. 
Ex.: diretor de hospital privado 
conveniado/contratado que presta serviços de 
atendimento a segurados da previdência 
social. 
 
2. Crimes funcionais – são os crimes 
praticados por funcionário público. A 
doutrina classifica-os em: 
Próprios – a qualidade de funcionário 
público é essencial à sua realização, não 
havendo outra figura típica semelhante para 
que não ostente tal condição. Ex.: 
prevaricação. 
Impróprios – podem ser praticados por 
outros agentes que não sejam funcionários 
públicos. 
 
 
3. Causa de aumento de pena 
§ 2º - A pena será aumentada da terça parte 
quando os autores dos crimes previstos 
neste Capítulo forem ocupantes de cargos 
em comissão ou de função de direção ou 
assessoramento de órgão da administração 
direta, sociedade de economia mista, 
empresa pública ou fundação instituída pelo 
poder público. (Incluído pela Lei nº 6.799, de 
1980) 
 
 
 PECULATO 
Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de 
dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, 
público ou particular, de que tem a posse em 
razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito 
próprio ou alheio: 
 Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. 
§ 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário 
público, embora não tendo a posse do dinheiro, 
valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que 
seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, 
valendo-se de facilidade que lhe proporciona a 
qualidade de funcionário. 
 
1. Conceito e Objetividade Jurídica: 
Tutela-se a Administração Pública. 
2. Sujeitos do Delito: 
Sujeito Ativo – funcionário público. 
Sujeito passivo é o Estado, bem como o 
particular eventualmente lesado. 
3. Elementos Objetivos do Tipo: 
No caput (PECULATO PRÓPRIO): 
PECULATO APROPRIAÇÃO - Apropriar-se 
significa apoderar-se indevidamente; invertendo 
o título da posse, agindo como se fosse dono 
(animus rem sibi habendi). 
 
 
PECULATO DESVIO – desviar significa dar 
destinação diversa à coisa, em proveito 
próprio ou alheio. Se o desvio for para 
benefício da administração, não há crime de 
peculato, mas conforme o caso, pode ser 
emprego irregular de rendas ou verbas 
públicas (art. 315, CP). 
 
POSSE DESVIGIADA - O sujeito tem a posse 
da coisa em razão do cargo (relação direta). 
O proveito pode ser material ou moral. Ex.: 
emprestar o dinheiro desviado sem juros 
para ganhar a simpatia de alguém. 
 
No §1º (PECULATO IMPRÓPRIO): 
PECULATO FURTO – Subtrair ou concorrer 
para que alguém subtraia. 
O sujeito não tem a posse da coisa, mas se 
aproveita da facilidade proporcionada pelo 
cargo. Se não houver essa facilidade, o crime 
é comum de furto. 
 
OBJETO MATERIAL - dinheiro, valor ou 
qualquer outro bem móvel, público ou 
particular. 
No § 2º PECULATO CULPOSO: 
Se o funcionário concorre culposamente 
para o crime de outrem: 
 Pena - detenção, de três meses a um 
ano. 
 
Trata-se de crime autônomo caracterizado 
pela participação culposa em delito doloso 
alheio. 
 
4. Elemento Subjetivo do Tipo: 
No caput e no §1º, o elemento subjetivo é o 
dolo. 
Vontade e consciência de apropriar-se, 
desviar ou subtrair o objeto material, 
valendo-se da condição de funcionário 
público. 
No § 2º PECULATO CULPOSO, a modalidade 
de culpa é a negligência. 
 
 
5. Consumação e Tentativa: 
Peculato Apropriação – Quando inverte o 
título da posse, agindo como se fosse dono 
(praticando ato de disposição) ou negando-se 
a restituir o dinheiro, valor ou qualquer outro 
bem móvel. 
Peculato desvio – quando dá destino diverso 
ao objeto material. 
Peculato furto – quando subtrai/retira da 
esfera de vigilância e disponibilidade da 
administração. 
As três hipóteses dolosas admitem tentativa, 
ressalvando-se o peculato apropriação na 
modalidade negativa de restituição. 
Peculato Culposo – Consuma-se quando 
ocorre o resultado (a prática de outro crime 
por terceiro). Não há tentativa. 
 
6. Pena e Ação Penal: 
Pena – caput e §1º - reclusão de 2 a 12 anos 
e multa. 
§2º - na modalidade culposa – detenção de 3 
meses a 1 ano. Competência do Juizado 
Especial Criminal. 
A ação penal é pública incondicionada. 
 
CAUSA DE EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE E 
REDUÇÃO DE PENA PELA REPARAÇÃO DO 
DANO NO PECULATO CULPOSO: 
§ 3º - No caso do parágrafo anterior, a 
reparação do dano, se precede à sentença 
irrecorrível, extingue a punibilidade; Se lhe é 
posterior, reduz de metade a pena imposta. 
Antes do trânsito em julgado da primeira 
decisão condenatória (em 1º grau ou no 
acórdão), a reparação do dano é causa de 
extinção da punibilidade. Após, há redução 
de pena pela metade. 
 
 
A reparação do dano em peculato doloso pode 
servir como arrependimento posterior (art. 16, 
CP), se realizada antes do recebimento da 
denúncia ou como atenuante (art. 65, III, b, CP), 
se realizada antes da sentença. 
Após a sentença transitada, funciona como 
requisito para a progressão de regime (art. 33, 
§4º, CP). 
 
PECULATO MEDIANTE ERRO DE OUTREM 
Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer 
utilidade que, no exercício do cargo, recebeu 
por erro de outrem: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
1. Objetividade Jurídica: 
Tutela-se a Administração Pública. 
2. Sujeitos do Delito: 
Sujeito Ativo – funcionário público no exercício 
do cargo. 
Sujeito passivo é o Estado, bem como a pessoa 
eventualmente prejudicada. 
 
 
3. Elementos Objetivos do Tipo: 
Núcleo – apropriar-se (apoderar-se) 
Objeto material - dinheiro (pecúnia, moeda) ou 
qualquer utilidade (com valor econômico). 
No exercício do cargo – implica efetivo 
exercício. 
Recebeu por erro de outrem – o erro é a falsa 
representação da realidade, sendo irrelevante a 
causa do erro. 
O erro pode incidir sobre a obrigação, sobre 
coisa entregue (qualidade ou quantidade) ou 
sobre o funcionário que a recebeu. 
 
ERRO ESPONTÂNEO OU PROVOCADO? 
1ª corrente (MAJORITÁRIA): O recebimento 
deve ser de boa fé, ou seja, o erro do terceiro 
deve ser espontâneo, não provocado pelo 
funcionário público, que num momento 
posterior apresenta dolo de apropriar-se do 
objeto material. Se, desde o início, havia dolo 
de ficarcom a coisa e o funcionário induz ou 
mantém em erro o terceiro, responde por 
estelionato (crime mais grave – pena de 
reclusão de 1 a 5 anos), dependendo do caso 
concreto, com o aumento de pena do §3º do 
artigo 171, CP. 
2ª corrente (Greco, Nucci): O erro pode ser 
espontâneo ou provocado pelo funcionário 
público, que induz ou mantém em erro o 
terceiro. Em ambas as hipóteses, responde pelo 
artigo 313, CP. 
4. Elemento Subjetivo do Tipo: 
É dolo de apropriar-se definitivamente da coisa 
(animus rem sibi habendi). 
Segundo o entendimento majoritário, o dolo 
deve ser posterior ao recebimento de boa fé. 
Se o funcionário recebe por erro, não há crime, 
em função do erro de tipo. 
 
5. Consumação e Tentativa: 
À semelhança do crime de apropriação, 
consuma-se com a inversão do título da posse, 
em duas situações: ato inequívoco como se 
fosse dono da coisa ou negativa de restituição. É 
crime material e instantâneo. 
Admite-se a tentativa, embora seja de difícil 
configuração. 
6. Pena e Ação Penal: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
Cabe SURSIS PROCESSUAL(art. 89, da Lei 
9099/95). A ação penal é pública incondicionada. 
INSERÇÃO DE DADOS FALSOS EM SISTEMA DE 
INFORMAÇÕES 
 Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, 
a inserção de dados falsos, alterar ou excluir 
indevidamente dados corretos nos sistemas 
informatizados ou bancos de dados da Administração 
Pública com o fim de obter vantagem indevida para si ou 
para outrem ou para causar dano: (Incluído pela Lei nº 
9.983, de 2000)). 
 Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. 
(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
 
1. Objetividade Jurídica: 
“peculato eletrônico” 
Tutela-se a Administração Pública no tocante à 
proteção das informações constantes de seus 
sistemas informatizados ou bancos de dados. 
2. Sujeitos do Delito: 
Sujeito Ativo – crime próprio, somente pode 
ser praticado pelo funcionário público 
autorizado. 
Sujeito passivo é o Estado, bem como o 
particular prejudicado. 
 
3. Elementos Objetivos do Tipo: 
Inserir (diretamente) ou facilitar a inserção 
(indiretamente) de dados falsos (objeto material). 
Alterar ou excluir indevidamente (elemento 
normativo) dados corretos (objeto material). 
Objeto Material - Dados são elementos de 
informação ou representação de fatos ou 
instruções de forma apropriada para 
armazenamento, transmissão ou processamento 
por meios automáticos. 
Banco de dados é o conjunto de elementos, 
materiais ou não, coordenados entre si, que 
funcionam como uma estrutura organizada com a 
finalidade de armazenar dados. Podem ser 
sistemas informatizados (em computadores) ou 
outros meios (papeis, fichas etc). 
 
4. Elemento Subjetivo do Tipo: 
É composto pelo dolo (vontade e consciência 
de inserir, facilitar a inserção, alterar ou 
excluir) associado ao especial fim de agir: 
obter vantagem indevida para si ou para 
outrem ou para causar dano. 
Não há previsão de modalidade culposa. 
Também não há o crime do artigo 313-A, CP, 
se o funcionário não atua com o intuito de 
obter vantagem indevida para si ou para 
outrem ou para causar dano. 
A vantagem tem que ser indevida e pode ser 
de qualquer natureza (patrimonial ou moral). 
O dano causado pode ser à administração ou 
ao particular que venha a ser prejudicado. 
5. Consumação e Tentativa: 
Crime formal e instantâneo, consuma-se com a 
prática das condutas, independente de ocorrência 
efetiva do resultado (obtenção da vantagem ou 
dano), que caracteriza mero exaurimento. 
Admite-se tentativa, por se tratar de crime 
plurissubsistente. 
6. Pena e Ação Penal: 
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e 
multa. 
Causa de aumento de pena do artigo 327, §2º, CP 
(função de confiança). 
 A ação penal é pública incondicionada. 
 
MODIFICAÇÃO OU ALTERAÇÃO NÃO 
AUTORIZADA DE SISTEMA DE INFORMAÇÕES 
Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário, 
sistema de informações ou programa de 
informática sem autorização ou solicitação de 
autoridade competente: 
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) 
anos, e multa. 
Parágrafo único. As penas são aumentadas de 
um terço até a metade se da modificação ou 
alteração resulta dano para a Administração 
Pública ou para o administrado. 
1. Objetividade Jurídica: 
Tutela-se a Administração Pública. 
2. Sujeitos do Delito: 
Sujeito Ativo é funcionário público. Basta 
que ostente essa qualidade, não havendo 
necessidade de ser funcionário autorizado, 
até porque o crime é cometido sem 
autorização da autoridade competente. 
Sujeito passivo é o Estado, além da pessoa 
prejudicada, conforme previsto no parágrafo 
único. 
 
 
3. Elementos Objetivos do Tipo: 
Núcleos: Modificar corresponde a uma 
transformação radical, já a alteração não 
chega a desnaturar o programa ou sistema. 
Objeto material: sistema de informações 
(sistema que manipula informação ou 
banco de dados) ou programa de 
informática (software). 
Elemento Normativo: Sem solicitação ou 
autorização da autoridade competente. 
 
4. Elemento Subjetivo do Tipo: 
É o dolo, vontade livre e consciente de alterar 
ou modificar o objeto material, sem autorização 
ou solicitação da autoridade. 
Não há previsão de modalidade culposa. 
Assim, a conduta descuidada (negligência, 
imprudência ou imperícia) do funcionário pode 
trazer efeitos civis e administrativos, mas é 
irrelevante penal. 
5. Consumação e Tentativa: 
O crime é material e instantâneo, consumando-
se com a efetiva alteração ou modificação do 
sistema ou programa. 
 Admite-se a tentativa. 
6. Pena e Ação Penal: 
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) 
anos, e multa. 
Causa de aumento de pena: 
Parágrafo único. As penas são aumentadas 
de um terço até a metade se da modificação 
ou alteração resulta dano para a 
Administração Pública ou para o 
administrado. 
A ação penal é pública incondicionada. 
 
EXTRAVIO, SONEGAÇÃO OU INUTILIZAÇÃO 
DE LIVRO OU DOCUMENTO 
Art. 314 - Extraviar livro oficial ou qualquer 
documento, de que tem a guarda em razão 
do cargo; sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou 
parcialmente: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, se o 
fato não constitui crime mais grave. 
1. Conceito e Objetividade Jurídica: 
Tutela-se a Administração Pública. 
2. Sujeitos do Delito: 
Sujeito Ativo é somente o funcionário 
público que tem a guarda do livro oficial ou 
documento em razão do cargo. Há violação 
de dever funcional. Se não for o funcionário 
público, o sujeito pode responder, conforme 
o caso, pelo crime previsto no artigo 305 
(contra a fé pública) ou 337 (particular) ou 
356 (advogado), todos do CP. 
Sujeito passivo é o Estado. 
 
3. Elementos Objetivos do Tipo: 
Núcleos: 
1) extraviar (desencaminhar, perder-se do 
destino), 
2) sonegar (ocultar, omitir, fazer 
desaparecer) ou 
3) inutilizar (tornar inútil, imprestável, 
destruir total ou parcialmente). 
 
Objeto material: livro oficial (criado por lei) 
ou qualquer documento. 
4. Elemento Subjetivo do Tipo: 
É o dolo, vontade livre e consciente de 
extraviar, sonegar ou inutilizar, total ou 
parcialmente, livro oficial ou qualquer 
documento, de que tem a guarda em razão do 
cargo. 
Não se exige especial fim de agir. Se o sujeito 
destruir, suprimir ou ocultar documento com a 
finalidade de obter vantagem, para si ou para 
outrem, responde pelo crime do artigo 305, CP. 
Nãohá previsão de modalidade culposa. 
 
5. Consumação e Tentativa: 
Crime material e instantâneo (que pode ter 
efeitos permanentes na conduta de extraviar 
ou inutilizar), consuma-se o delito com a 
ocorrência efetiva do resultado (extravio, 
sonegação ou inutilização). 
Admite-se tentativa nas condutas de 
extraviar e inutilizar. 
Não cabe tentativa na conduta de sonegar, 
pois se o funcionário tem o dever de 
apresentar o livro e não o faz (omissão), o 
crime já está consumado. 
 
6. Pena e Ação Penal: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, se o 
fato não constitui crime mais grave. 
Trata-se de crime expressamente 
subsidiário. 
A ação penal é pública incondicionada. 
 
EMPREGO IRREGULAR DE VERBAS OU 
RENDAS PÚBLICAS 
Art. 315 - Dar às verbas ou rendas públicas 
aplicação diversa da estabelecida em lei: 
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. 
1. Objetividade Jurídica: 
Tutela-se a Administração Pública. 
2. Sujeitos do Delito: 
Sujeito Ativo somente pode ser o funcionário 
público que tem competência para gerir ou 
administrar verbas ou rendas públicas. Sujeito 
passivo é o Estado. 
3. Elementos Objetivos do Tipo: 
Núcleo: dar significa canalizar, utilizar, 
empregar, aplicar. 
Objeto material: 
Verbas Públicas são fundos que a lei 
orçamentária destina aos serviços públicos 
ou de utilidade pública. 
Rendas públicas são quaisquer dinheiros 
recebidos pela fazenda pública. 
Elemento normativo: aplicação diversa da 
estabelecida em lei. Trata-se de norma penal 
em branco, que precisa ser complementada 
por lei em sentido material (lei ordinária, 
complementar ou Constituição). 
4. Elemento Subjetivo do Tipo: 
É o dolo, vontade livre de dar aplicação às 
verbas e rendas públicas com consciência de 
que o faz de maneira diversa daquela 
estabelecida na lei. 
Não há previsão de modalidade culposa, que 
pode caracterizar ilícito administrativo ou 
improbidade. 
É cabível a alegação de estado de 
necessidade, na hipótese de emergências 
(calamidades, desastres) ou situações 
extremas imprevisíveis, que levem o 
administrador a aplicar determinadas verbas 
a destinações diversas das previstas na lei. 
 
5. Consumação e Tentativa: 
Crime material e instantâneo consuma-se o 
delito com a efetiva destinação diversa da 
verba ou renda pública. 
Admite-se tentativa, pois é possível fracionar 
o iter criminis. 
6. Pena e Ação Penal: 
Pena - detenção, de um a três meses, ou 
multa. 
Competência do JECRIM, se não houver foro 
por prerrogativa de função. 
A ação penal é pública incondicionada. 
 
 CONCUSSÃO 
Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta 
ou indiretamente, ainda que fora da função ou 
antes de assumi-la, mas em razão dela, 
vantagem indevida: 
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. 
1. Conceito e Objetividade Jurídica: 
Tutela-se a Administração Pública, além da 
liberdade individual (constrangimento) e do 
patrimônio particular (vantagem 
indevida/prejuízo). 
2. Sujeitos do Delito: 
Sujeito Ativo é o funcionário público. 
Sujeito passivo é o Estado, bem como o 
prejudicado. 
3. Elementos Objetivos do Tipo: 
Núcleo: exigir significa impor, constranger, 
ordenar, determinar. 
A conduta de exigir é praticada antes de receber 
(exaurimento). 
Para si ou para outrem, mas não para a 
administração. Nesse último caso, há excesso 
de exação (§1º). 
Direta (de forma explícita, face a face) ou 
indiretamente (através de interposta pessoa). 
 
Em razão da função (violação de dever 
funcional/abuso de autoridade), não precisa 
ser necessariamente no exercício da função, 
pois o tipo afirma “ainda que fora da função ou 
antes de assumi-la”. 
Vantagem indevida é ilícita, injusta, ilegal. Para 
a maioria da doutrina, é de caráter patrimonial. 
Para Greco, Bitencourt e outros é qualquer 
vantagem (pessoal, moral, sexual etc) já que o 
bem jurídico é a administração pública. 
4. Elemento Subjetivo do Tipo: 
É composto pelo dolo (vontade e 
consciência) e pelo especial fim de agir (para 
si ou para outrem). 
Não há modalidade culposa. 
5. Consumação e Tentativa: 
É crime formal e instantâneo, que se 
consuma com a conduta de exigir a 
vantagem, independentemente sua efetiva 
obtenção. 
6. Pena e Ação Penal: 
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. 
A ação penal é pública incondicionada. 
 
 EXCESSO DE EXAÇÃO 
§ 1º - Se o funcionário exige tributo ou 
contribuição social que sabe ou deveria saber 
indevido, ou, quando devido, emprega na 
cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei 
não autoriza: 
 Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) 
anos, e multa. 
1. Conceito e Objetividade Jurídica: 
Tutela-se a Administração Pública, além da 
liberdade individual (constrangimento) e do 
patrimônio particular (tributo 
indevido/prejuízo). 
2. Sujeitos do Delito: 
Sujeito Ativo – funcionário público 
competente para a cobrança de tributos. 
Sujeito passivo é o Estado e o particular 
prejudicado. 
3. Elementos Objetivos do Tipo: 
Núcleos: exigir significa impor, constranger, 
ordenar, determinar a cobrança de tributo 
indevido. Empregar (utilizar) meio vexatório ou 
gravoso que a lei não autoriza na cobrança de 
tributo devido. 
 
 
Objeto material: Tributo ou contribuição social. 
Elemento normativo: tributo indevido (ilícito, 
injusto) ou meio vexatório ou gravoso que a lei 
não autoriza (norma penal em branco, a ser 
complementada por lei de natureza tributária). 
4. Elemento Subjetivo do Tipo: 
É o dolo direto de exigir tributo que sabe 
indevido ou indireto, quando deveria sabê-lo, 
ou de cobrar o tributo devido empregando 
meio vexatório ou gravoso não autorizado pela 
lei. Não se exige especial fim de agir. 
Não há modalidade culposa. 
 
 
5. Consumação e Tentativa: 
É crime formal e instantâneo, que se 
consuma com a conduta de exigir o tributo 
indevido ou de empregar o meio vexatório ou 
gravoso (sem autorização legal) na cobrança 
do tributo devido, independentemente sua 
efetiva arrecadação (mero exaurimento). 
6. Pena e Ação Penal: 
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e 
multa. 
A ação penal é pública incondicionada. 
 
 
FORMA QUALIFICADA DE EXCESSO DE 
EXAÇÃO 
§ 2º - Se o funcionário desvia, em proveito 
próprio ou de outrem, o que recebeu 
indevidamente para recolher aos cofres 
públicos: 
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. 
1. Conceito e Objetividade Jurídica: 
Se o funcionário pratica o excesso de exação 
e não recolhe o valor recebido aos cofres 
públicos, mas o desvia para si ou para 
outrem, responde pela forma qualificada. 
 
Tutela-se a Administração Pública, 
além do patrimônio particular (tributo 
indevido/prejuízo). 
2. Sujeitos do Delito: 
Sujeito Ativo é o funcionário público 
responsável pelo recebimento e 
recolhimento dos tributos. 
Sujeito passivo é o Estado e o particular 
lesado. 
 
3. Elementos Objetivos do Tipo: 
Núcleo: desviar em proveito próprio ou de 
outrem significa dar destinação diversa ao 
tributo recebido indevidamente em vez de 
recolhê-lo aos cofres públicos. 
Objeto material: Tributo ou contribuição social. 
Elemento normativo: recebidos indevidamente. 
4. Elemento Subjetivo do Tipo: 
É composto pelo dolo de desviar (vontade e 
consciência) e pelo especial fim de agir (em 
proveito próprio ou de outrem). 
Não há modalidade culposa. 
 
5. Consumação e Tentativa: 
É crime material e instantâneo, que se 
consuma com a conduta de desviar o tributo 
já recebido indevidamente em proveitopróprio ou de outrem. 
Admite-se, em tese, a tentativa. Entretanto, 
se o sujeito não conseguir efetivamente 
desviar, já está consumada a conduta 
anterior de excesso de exação. 
 
6. Pena e Ação Penal: 
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e 
multa. 
Note-se que, apesar de ser conduta 
abstratamente mais grave, a pena mínima é 
menor, o que soa desproporcional. 
A ação penal é pública incondicionada. 
 
CORRUPÇÃO PASSIVA 
Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para 
outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora 
da função ou antes de assumi-la, mas em 
razão dela, vantagem indevida, ou aceitar 
promessa de tal vantagem: 
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e 
multa. 
1. Conceito e Objetividade Jurídica: 
Tutela-se a Administração Pública, além da 
liberdade individual (constrangimento) e do 
patrimônio particular (vantagem 
indevida/prejuízo). 
2. Sujeitos do Delito: 
Sujeito Ativo somente pode ser o 
funcionário público, prevalecendo-se da 
função. 
Sujeito passivo é o Estado, bem como o 
particular prejudicado. 
3. Elementos Objetivos do Tipo: 
Núcleos: 
1) solicitar significa pedir. O particular que, 
premido pela circunstância, cede ao pedido 
(sem tomar a iniciativa de oferecer) não 
comete crime de corrupção ativa; 
 
2) receber significa tomar, entrar na posse da 
vantagem oferecida pelo particular, sem que 
tenha solicitado antes; 
3) aceitar promessa significa anuir, concordar, 
admitir o recebimento futuro da vantagem 
indevida oferecida pelo particular. 
Para si ou para outrem, mas não para a 
administração. 
Direta (de forma explícita, face a face) ou 
indiretamente (através de interposta 
pessoa). 
 
Em razão da função (violação de dever 
funcional), não precisa ser necessariamente no 
exercício da função, pois o tipo afirma “ainda 
que fora da função ou antes de assumi-la”. 
Vantagem indevida é ilícita, injusta, ilegal. Para 
a maioria da doutrina, é de caráter patrimonial. 
Para Greco, Bitencourt e outros é qualquer 
vantagem (pessoal, moral, sexual etc) já que o 
bem jurídico é a administração pública. 
4. Elemento Subjetivo do Tipo: 
É composto pelo dolo (vontade e consciência) 
e pelo especial fim de agir (para si ou para 
outrem). 
Não há modalidade culposa. 
 
5. Consumação e Tentativa: 
Nas condutas de solicitar vantagem indevida 
ou aceitar promessa de tal vantagem é crime 
formal e instantâneo, que se consuma 
independentemente sua efetiva obtenção. 
Na conduta de receber é crime material e 
instantâneo, que se consuma com a efetiva 
posse da vantagem indevida. 
Em tese, admite-se a tentativa, dependendo 
da forma de execução (por escrito, carta 
extraviada). 
6. Pena e Ação Penal: 
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, 
e multa. 
A ação penal é pública incondicionada. 
 
 
CAUSA DE AUMENTO DE PENA 
(“CORRUPÇÃO EXAURIDA”): 
§ 1º - A pena é aumentada de um terço, se, 
em consequência da vantagem ou 
promessa, o funcionário retarda ou deixa de 
praticar qualquer ato de ofício ou o pratica 
infringindo dever funcional. 
 
CORRUPÇÃO PRIVILEGIADA 
§ 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar 
ou retarda ato de ofício, com infração de dever 
funcional, cedendo a pedido ou influência de 
outrem: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou 
multa. 
1. Conceito e Objetividade Jurídica: 
Tutela-se a Administração Pública. 
2. Sujeitos do Delito: 
Sujeito Ativo é somente o funcionário público 
que tem o dever funcional de praticar o ato. 
 Sujeito passivo é o Estado. 
 
3. Elementos Objetivos do Tipo: 
Núcleos: praticar (executar com violação de 
dever funcional), deixar de praticar (omissão 
dolosa) ou retardar (postergar, atrasar 
indevidamente, praticar com excesso de 
prazo). 
Objeto material: ato de ofício é aquele que se 
encontra dentro das atribuições do agente. 
Elemento normativo: com infração de dever 
funcional. 
Motivo determinante: Cedendo a pedido 
(solicitação) ou influência de outrem . 
4. Elemento Subjetivo do Tipo: 
É dolo de praticar, deixar de praticar ou 
retardar ato de ofício, com a consciência da 
infração de dever funcional, cedendo a pedido 
ou influência de outrem. Não se exige especial 
fim de agir. 
Não há previsão de modalidade culposa. 
5. Consumação e Tentativa: 
Crime material e comissivo na primeira 
modalidade, consuma-se com a efetiva prática 
do ato com infração de dever funcional. 
 Admite-se tentativa. 
 
Nas demais, consuma-se com a abstenção 
(deixar de praticar) ou retardamento do ato de 
ofício, após o decurso do prazo. Quando não 
houver prazo definido, adota-se um critério de 
proporcionalidade. Não se admite tentativa. 
6. Pena e Ação Penal: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou 
multa. 
Competência do JECRIM, se não houver foro 
por prerrogativa de função. A ação penal é 
pública incondicionada. 
 
PREVARICAÇÃO 
Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, 
indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra 
disposição expressa de lei, para satisfazer 
interesse ou sentimento pessoal: 
 Pena - detenção, de três meses a um ano, e 
multa. 
1. Conceito e Objetividade Jurídica: 
Constitui o crime o fato de o funcionário retardar 
ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, 
ou praticá-lo contra disposição expressa de lei 
para satisfazer interesse ou sentimento pessoal. 
Tutela-se a Administração Pública, que deve 
pautar-se pelo Princípio da Impessoalidade. 
 
2. Sujeitos do Delito: 
Sujeito Ativo é somente o funcionário 
público que tem o dever de praticar o ato de 
ofício. 
Sujeito passivo é o Estado, bem como a 
pessoa eventualmente prejudicada. 
3. Elementos Objetivos do Tipo: 
Núcleos: praticar (executar contra disposição 
expressa de lei), deixar de praticar (omissão 
dolosa) ou retardar (postergar, atrasar 
indevidamente, praticar com excesso de 
prazo). 
 
 
 
Objeto material: ato de ofício é aquele que se 
encontra dentro das atribuições do agente. 
Elemento normativo: indevidamente 
(injustamente, com infração de dever funcional) 
ou contra disposição expressa de lei em 
sentido material (sendo óbvio que quando há 
violação de dever funcional, em última análise, 
também se contraria a lei). 
4. Elemento Subjetivo do Tipo: 
É dolo de praticar o ato de ofício contra 
disposição expressa de lei ou de deixar de 
praticá-lo ou retardá-lo, com a consciência da 
infração de dever funcional, 
Especial fim de agir “para satisfazer a 
interesse ou sentimento pessoal”. 
Interesse pessoal diz respeito ao aspecto 
patrimonial, material ou moral. 
Sentimento pessoal se relaciona com 
afetividade, ódio, benevolência. 
Ainda que seja nobre o sentimento (altruísmo), 
há crime, pois viola-se a impessoalidade da 
administração pública. 
Não há previsão de modalidade culposa. 
 
 
5. Consumação e Tentativa: 
Crime material e comissivo na primeira 
modalidade, consuma-se com a efetiva prática 
do ato com violação expressa de norma legal. 
Admite-se tentativa. 
Nas demais, consuma-se com a abstenção 
(deixar de praticar) ou retardamento do ato de 
ofício, após o decurso do prazo. Quando não 
houver prazo definido, adota-se um critério de 
proporcionalidade. Não se admite tentativa. 
6. Pena e Ação Penal: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, e 
multa. 
Competência do JECRIM, se não houver foro 
por prerrogativa de função. 
A ação penal é pública incondicionada. 
 
 “PREVARICAÇÃO IMPRÓPRIA” 
Art. 319-A. Deixaro Diretor de Penitenciária 
e/ou agente público, de cumprir seu dever de 
vedar ao preso o acesso a aparelho telefônico, 
de rádio ou similar, que permita a comunicação 
com outros presos ou com o ambiente externo: 
(Incluído pela Lei nº 11.466, de 2007). 
Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. 
1. Conceito e Objetividade Jurídica: 
Veda-se o acesso indevido ao meio de 
comunicação. 
Tutela-se a Administração Pública. 
2. Sujeitos do Delito: 
Sujeito Ativo é somente o Diretor de 
Penitenciária e/ou agente público que tem o 
dever funcional de vedar ao preso o acesso 
indevido a aparelho de comunicação. 
Sujeito passivo é o Estado. 
3. Elementos Objetivos do Tipo: 
Núcleos: deixar de cumprir o dever de vedar 
(omissão dolosa/violação funcional). 
Objeto material: aparelho telefônico, de 
rádio ou similar, que permita a comunicação 
com outros presos ou com o ambiente 
externo. 
4. Elemento Subjetivo do Tipo: 
É dolo de deixar de cumprir o dever 
funcional de vedar ao preso o acesso 
indevido a aparelho de comunicação. 
Não se exige especial fim de agir. 
Não há satisfação de interesse ou 
sentimento pessoal (prevaricação), 
tampouco intuito de obter vantagem 
indevida (corrupção passiva). 
Não há previsão de modalidade culposa. 
 
5. Consumação e Tentativa: 
Crime omissivo, consuma-se com a mera 
abstenção (deixar de cumprir o dever de vedar), 
ou seja, tendo conhecimento do acesso 
indevido, o agente deixa de vedá-lo. 
Não se admite tentativa. 
6. Pena e Ação Penal: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, e 
multa. 
Competência do JECRIM, se não houver foro por 
prerrogativa de função. 
A ação penal é pública incondicionada. 
O preso que utilizar indevidamente o aparelho de 
comunicação comete falta grave na execução 
(art. 50, VII, LEP). 
 
CONDESCENDÊNCIA CRIMINOSA 
Art. 320 - Deixar o funcionário, por 
indulgência, de responsabilizar subordinado 
que cometeu infração no exercício do cargo 
ou, quando lhe falte competência, não levar o 
fato ao conhecimento da autoridade 
competente: 
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou 
multa. 
1. Conceito e Objetividade Jurídica: 
Tutela-se a Administração Pública, sobretudo 
o seu poder disciplinar. 
2. Sujeitos do Delito: 
Sujeito Ativo – funcionário público que tenha 
atribuição de disciplinar (superior hierárquico) 
ou do mesmo nível ou hierarquia distinta (não 
tem competência). 
Sujeito passivo é o Estado. 
3. Elementos Objetivos do Tipo: 
Núcleo: deixar (abster-se – conduta omissiva) 
de responsabilizar (apurar e punir, caso 
necessário) o subordinado ou de levar o fato 
ao conhecimento da autoridade competente 
quando lhe faltar competência. 
Elemento normativo: Por indulgência 
(benevolência, tolerância), com violação da 
disciplina e hierarquia da administração 
pública. 
Infração (sentido amplo – administrativa ou 
penal) cometida no exercício do cargo. Não 
alcança fatos que não tenha relação com o 
efetivo exercício funcional. 
 
4. Elemento Subjetivo do Tipo: 
É o dolo, vontade e consciência de não 
responsabilizar o subordinado ou comunicar a 
infração à autoridade competente. 
Não se exige especial fim de agir. Se houver 
satisfação de interesse ou sentimento pessoal, 
o crime é de prevaricação. 
Se houver recebimento ou promessa de 
vantagem indevida, há corrupção passiva 
exaurida. 
5. Consumação e Tentativa: 
É crime omissivo próprio, consumando-se com a 
mera omissão. 
Não cabe tentativa. 
Não há previsão de um prazo específico, mas a 
lei 8112/90 dispõe que a apuração da infração 
deve ser imediata (art. 143). 
6. Pena e Ação Penal: 
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou 
multa. Competência do JECRIM. 
A ação penal é pública incondicionada. 
 
ADVOCACIA ADMINISTRATIVA 
 Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, 
interesse privado perante a administração pública, 
valendo-se da qualidade de funcionário: 
 Pena - detenção, de um a três meses, ou 
multa. 
 Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo: 
 Pena - detenção, de três meses a um ano, 
além da multa. 
1. Conceito e Objetividade Jurídica: 
Tutela-se a Administração Pública (moralidade, 
impessoalidade). 
3. Elementos Objetivos do Tipo: 
 Núcleo: Patrocinar significa defender, advogar 
(agir como advogado, procurador), assumir a 
causa. 
“Valendo-se da qualidade de funcionário”. O 
sujeito deve se prevalecer da condição de 
funcionário para ter acesso ao órgão público 
(“perante a administração pública”. 
Interesse privado – o interesse deve ser alheio. 
Não há crime, se o funcionário defende 
interesse público, próprio ou de familiares. 
Direta (pessoalmente) ou indiretamente (por 
interposta pessoa). 
 
5. Consumação e Tentativa: 
É crime comissivo, instantâneo e de mera 
conduta, consumando-se com a prática de 
qualquer ato que configure patrocínio de 
interesse privado. 
Admite-se a tentativa. 
6. Pena e Ação Penal: 
Pena - detenção, de um a três meses, ou 
multa. 
A ação penal é pública incondicionada. 
Forma qualificada 
Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, além 
da multa. 
ABANDONO DE FUNÇÃO 
Art. 323 - Abandonar cargo público, fora dos casos 
permitidos em lei: 
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou 
multa. 
§ 1º - Se do fato resulta prejuízo público: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. 
§ 2º - Se o fato ocorre em lugar compreendido na 
faixa de fronteira: 
Pena - detenção, de um a três anos, e multa. 
Sujeitos do Delito: 
Sujeito Ativo – funcionário público. É crime de mão 
própria. Sujeito passivo é o Estado. 
3. Elementos Objetivos do Tipo: 
Núcleo – Abandonar significa deixar ao 
desamparo, largar. Para caracterizar o 
abandono, é necessário que seja criada situação 
de risco para a administração pública. É crime 
de perigo concreto. 
Segundo Hungria, é necessária a acefalia do 
cargo público, a inexistência ou ocasional 
ausência de substituto legal do desertor. 
 
De acordo com a lei 8112/90, em seu art. 138, “Configura 
abandono de cargo a ausência intencional do servidor ao 
serviço por mais de trinta dias consecutivos. Trata-se de 
infração disciplinar, que não pode ser confundida com o 
crime de abandono de função. O decurso do prazo acima 
não é determinante para a existência do crime, desde que 
não exista efetivo perigo de dano à administração. 
Não há objeto material. Para Nucci, o objeto material é o 
Cargo público. 
Cargo público (conceito restrito) é o conjunto de 
atribuições e responsabilidades previstas na estrutura 
organizacional que devem ser cometidas a um servidor (art. 
3º, da lei 8112/90). 
Elemento normativo - “fora dos casos permitidos em lei” – 
norma penal em branco, a ser complementada pela lei em 
sentido material. Ex.: estado de necessidade, 
inexigibilidade de conduta diversa. 
 
4. Elemento Subjetivo do Tipo: 
É o dolo de abandonar o cargo público gerando 
perigo de dano para a administração. 
Não há modalidade culposa. 
5. Consumação e Tentativa: 
Consuma-se com o abandono, por lapso 
temporal juridicamente relevante, a ponto de 
levar à efetiva criação de perigo concreto para 
a administração (possibilidade de dano) em 
razão da acefalia do cargo. 
Em tese, admite-se tentativa, apesar de ser 
difícil a sua ocorrência e comprovação. 
6. Pena e Ação Penal: 
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou 
multa. 
FORMAS QUALIFICADAS 
§ 1º - Se do fato resulta prejuízopúblico: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, e 
multa. 
Trata-se de efetivo resultado de dano para a 
administração. 
 
§ 2º - Se o fato ocorre em lugar compreendido 
na faixa de fronteira: 
Pena - detenção, de um a três anos, e multa. 
Faixa de fronteira é faixa interna paralela à 
fronteira, com largura de 150 km (Art. 1º da Lei 
6634/79). 
A ação penal é pública incondicionada. 
 
EXERCÍCIO FUNCIONAL ILEGALMENTE 
ANTECIPADO OU PROLONGADO 
Art. 324 - Entrar no exercício de função pública 
antes de satisfeitas as exigências legais, ou 
continuar a exercê-la, sem autorização, depois 
de saber oficialmente que foi exonerado, 
removido, substituído ou suspenso: 
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou 
multa. 
Sujeitos do Delito: 
Sujeito Ativo é funcionário público. É crime de 
mão própria. Sujeito passivo é o Estado. 
 
 
 
Continuar a exercê-la é prosseguir realizando, 
sem autorização, depois de saber oficialmente 
que foi exonerado, removido, substituído ou 
suspenso. Exercício de função pública é o 
efetivo desempenho das atribuições do cargo 
público ou função de confiança. 
Elemento Normativo (norma penal em branco): 
“antes de satisfeitas as exigências legais, ou, 
sem autorização, depois de saber oficialmente 
que foi exonerado, removido, substituído ou 
suspenso. 
4. Elemento Subjetivo do Tipo: 
É o dolo de entrar no exercício antecipado ou de 
continuar (dolo direto “depois de saber”). Não 
há modalidade culposa. 
5. Consumação e Tentativa: 
Crime de mera conduta e instantâneo, consuma-
se com a prática de algum ato funcional, que 
caracterize que o sujeito entrou em exercício 
antes de satisfeitas as exigências legais ou 
permaneceu no exercício do cargo sem 
autorização. Não é necessária a existência de 
dano para a administração pública. 
Admite-se tentativa. 
6. Pena e Ação Penal: 
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou 
multa. 
A ação penal é pública incondicionada. 
 
 
VIOLAÇÃO DE SIGILO FUNCIONAL 
Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em razão do 
cargo e que deva permanecer em segredo, ou facilitar-
lhe a revelação: 
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, 
se o fato não constitui crime mais grave. 
§ 1o Nas mesmas penas deste artigo incorre quem: 
I – permite ou facilita, mediante atribuição, 
fornecimento e empréstimo de senha ou qualquer 
outra forma, o acesso de pessoas não autorizadas a 
sistemas de informações ou banco de dados da 
Administração Pública; 
II – se utiliza, indevidamente, do acesso restrito. § 
2o Se da ação ou omissão resulta dano à 
Administração Pública ou a outrem: 
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. 
1. Conceito e Objetividade Jurídica: 
Tutela-se a Administração Pública. Viola-se o 
dever de lealdade para com a administração 
pública. É crime de perigo concreto. 
2. Sujeitos do Delito: 
Sujeito Ativo é somente o funcionário público 
que, em razão do cargo (não 
necessariamente no exercício), revela ou 
facilita a revelação de fato sigiloso. 
Sujeito passivo é o Estado e a pessoa 
prejudicada com a revelação do segredo. 
 
3. Elementos Objetivos do Tipo: 
Núcleos: Revelar significa desvelar, divulgar 
diretamente; facilitar significa tornar fácil, 
retirar os obstáculos para a revelação (ex.: 
permitir passivamente o acesso ao segredo). 
É necessário que fato de que tem ciência em 
razão do cargo não seja de conhecimento do 
púbico e que deva permanecer em segredo. 
Formas equiparadas: permitir ou facilitar o 
acesso de pessoas não autorizadas a sistemas 
de informações ou banco de dados da 
Administração Pública (ver art. 313-A, CP), 
mediante atribuição, fornecimento e 
empréstimo de senha ou qualquer outra forma, 
bem como de utilizar, indevidamente, do acesso 
restrito. Ex.: Rede Infoseg, Receita. 
4. Elemento Subjetivo do Tipo: 
É o dolo (vontade e consciência) de revelar 
ou facilitar a revelação da informação 
sigilosa ou de permitir ou facilitar o acesso 
de pessoas não autorizadas a sistemas de 
informações ou de utilizar indevidamente o 
acesso restrito. 
Não se exige especial fim de agir, tampouco 
que seja causado algum prejuízo. 
Não há previsão de modalidade culposa. 
 
5. Consumação e Tentativa: 
Crime instantâneo e formal, consuma-se com a 
efetiva revelação do fato sigiloso ou com a 
facilitação da revelação a pelo menos uma 
pessoa ou com a permissão ou facilitação de 
acesso a pessoas não autorizadas a sistemas de 
informações ou com a utilização indevida do 
acesso restrito, não se exigindo a ocorrência de 
dano. Admite-se a tentativa. 
6. Pena e Ação Penal: 
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou 
multa. 
Crime subsidiário “se o fato não constitui crime 
mais grave”. A ação penal é pública 
incondicionada. 
 
RESISTÊNCIA 
 Art. 329 - Opor-se à execução de ato legal, 
mediante violência ou ameaça a funcionário 
competente para executá-lo ou a quem lhe 
esteja prestando auxílio: 
 Pena - detenção, de dois meses a dois 
anos. 
 § 1º - Se o ato, em razão da resistência, não 
se executa: 
 Pena - reclusão, de um a três anos. 
 § 2º - As penas deste artigo são aplicáveis 
sem prejuízo das correspondentes à violência. 
Núcleo: opor-se à execução - apresentar 
resistência ativa a fim de impedir a realização 
de ato que está em andamento (exige-se a 
atualidade da execução do ato). 
 
Ato legal - deve abranger o aspecto material (a 
ordem a ser executada) e o formal (a forma ou 
ao meio de sua execução). 
Ato ilegal é aquele que não tem fundamentação 
na lei ou que não cumpre as formalidades 
legais. Não há crime em resistir ao ato ilegal. 
Meios de execução: mediante violência (vis 
corporalis) ou ameaça (vis compulsiva), que 
não precisa ser grave. A violência deve ser 
dirigida à pessoa do funcionário ou quem o 
auxilie. 
Não caracteriza resistência a atitude 
passiva, contemplativa ou omissiva (ex.: 
deitar no chão, agarrar-se a um poste, 
não abrir a porta), que pode configurar 
crime de desobediência (art. 330, CP). 
 
 
Exige-se, além do dolo, o especial fim de impedir a 
execução do ato legal. Não há crime, pois, no ato instintivo 
de autodefesa, sem intenção positiva de ofender. 
STJ: a resistência oposta pelo assaltante para evitar a 
prisão, quando perseguido logo após a prática do crime de 
roubo não constitui crime autônomo, pois representa 
desdobramento da violência característica do crime 
patrimonial (RE 173466/PR). 
Crime formal, consuma-se com a prática de violência ou 
ameaça para impedir a realização do ato, não havendo 
necessidade de que se impeça efetivamente a sua 
execução. 
Forma qualificada (§1º): Exaurimento. Deve haver nexo 
causal entre a resistência e não execução do ato. 
Concurso com outro crime violento (violência física) (§ 
2º): Trata-se de concurso formal impróprio (soma de 
penas). 
 
DESOBEDIÊNCIA 
 Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de 
funcionário público: 
 Pena - detenção, de quinze dias a seis 
meses, e multa. 
Núcleo: desobedecer - descumprir, desatender. 
Ordem legal Não é mera solicitação ou pedido, 
mas de ordem (legalidade - mesmo comentário 
do crime de resistência). 
Não há crime em desobedecer à ordem ilegal. 
O funcionário deve ser competente para emitir a 
ordem, que deve se dirigida expressamente a 
quem tem o dever legal de cumpri-la. 
 
 
 
Não há crime de desobediência quando a 
lei ou a decisão judicial cominam para o 
ato penalidade administrativa ou civil, a 
menos que se ressalve expressamente a 
aplicação do artigo330, CP. 
Ex.: art. 219, CPP x art. 201, §1º, CPP. 
Crime formal e instantâneo, consuma-se 
com a prática ou abstenção de ato que 
corresponda ao não atendimento da 
ordem legal emanada por funcionário 
público. Na forma omissiva, consuma-se 
com o decurso do prazo para o 
cumprimento da ordem. 
Admite-se a tentativa na forma 
comissiva. 
 
 
DESACATO (art. 331 do CP) 
Art. 331 - Desacatar funcionário público no exercício 
da função ou em razão dela: 
 Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou 
multa. 
Controvérsia: o funcionário público no exercício de 
suas funções pode desacatar outro funcionário 
público? 
1ª Corrente – não, a não ser que se tenha despido da 
qualidade funcional ou o fato tenha sido cometido 
fora do exercício de suas funções. 
2ª Corrente - Sim, desde que o funcionário seja 
inferior hierárquico do ofendido. 
3ª Corrente (MAJORITÁRIA - STJ) - Sim, em qualquer 
caso, em razão do decoro da função pública que 
deve vigorar entre os funcionários. 
Núcleo: desacatar - ofender, humilhar, agredir, 
desprestigiar o funcionário público. 
Crime formal, independe de o funcionário 
sentir-se ofendido em sua honra, bastando que 
a conduta seja capaz de causar dano à sua 
honra profissional (objetiva). 
A censura ponderada ou a crítica sincera, ainda 
que feitas com veemência, não constituem o 
delito. 
Ofensa cometida no exercício da função - o 
funcionário, no momento do fato, está 
desempenhando um ato de seu ofício. 
Ofensa cometida em virtude da função - embora 
o sujeito passivo, no momento da conduta, não 
esteja realizando ato de ofício. 
É indispensável que o fato seja cometido na 
presença do sujeito passivo, que ele tome 
conhecimento imediato (direto) da ofensa. 
Se não for na presença, há crime contra a honra com 
causa de aumento de pena (CP, art. 141, II). 
O dolo é de ofender o prestígio da função pública, o 
que distingue o desacato cometido mediante 
violência física ou moral do crime de resistência. 
Controvérsia: O ânimo calmo é elemento subjetivo 
do crime? 
1ª Corrente (dominante na jurisprudência) exige 
ânimo calmo, sendo que o estado de exaltação 
exclui o elemento subjetivo do tipo. 
2ª Corrente - não exige ânimo calmo. O estado de 
exaltação não exclui o elemento subjetivo do tipo. 
 
 
 
 
Controvérsia: A embriaguez exclui o elemento 
subjetivo? 
1ª Corrente (majoritária) - O crime de desacato exige 
dolo específico, sendo que a embriaguez do agente é 
incompatível com esse elemento subjetivo, excluindo o 
delito. 
2ª Corrente (minoritária) - O desacato não exige dolo 
específico, assim, o estado de embriaguez do agente 
não exclui o crime. 
3ª Corrente (minoritária) - Não é qualquer estado de 
embriaguez que exclui o elemento subjetivo do crime de 
desacato. 
Delito formal, consuma-se no momento em que o 
sujeito realiza o ato ofensivo. Independe de o sujeito 
passivo sentir-se ofendido ou de restar abalado o 
prestígio ou a autoridade da função pública. 
Por exigir a presença do sujeito passivo, o crime é 
unissubsistente, não admitindo a tentativa. 
Concurso de Crimes: 
O desacato absorve, pelo princípio da 
consunção, as infrações de menor gravidade 
objetiva que o integram: vias de fato, a lesão 
corporal leve, a difamação e a injúria. 
Se a outra infração for mais grave, como a lesão 
corporal grave, haverá concurso formal (CP, art. 
70). 
Se o sujeito, com uma só conduta, ofende 
diversos funcionários, há um só crime. 
Pena e Ação Penal: 
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou 
multa. 
Competência do JECRIM. 
A ação penal é pública incondicionada. 
 
CORRUPÇÃO ATIVA (art. 333, do CP) 
 
Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a 
funcionário público, para determiná-lo a praticar, 
omitir ou retardar ato de ofício: 
 Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e 
multa. 
 Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, 
se, em razão da vantagem ou promessa, o 
funcionário retarda ou omite ato de ofício, ou o 
pratica infringindo dever funcional. 
Núcleos: Oferecer - expor à aceitação, apresentar 
no sentido de que seja aceito pelo funcionário. 
Prometer - obrigar-se, comprometer-se, garantir a 
entrega de alguma coisa. 
 
 
É indispensável que não exista exigência ou 
solicitação por parte do funcionário. 
O oferecimento ou a promessa por parte do 
particular devem ser espontâneos e anteriores 
a ação do funcionário. 
O tipo penal não apresenta a previsão do verbo 
dar. Assim, a conduta do particular que dá a 
vantagem, atendendo a pedido ou exigência do 
funcionário público é atípica. 
Elementos Subjetivos do Tipo: 
Exige-se, além do dolo, o especial fim de 
agir), contido na expressão "para determiná-
lo a praticar (corrupção imprópria), omitir ou 
retardar ato de ofício (corrupção própria)". 
O objeto material é a vantagem de qualquer 
natureza (material ou moral), que deve endereçar-se 
ao funcionário, não a terceiro (parente ou amigo), 
mas o delito pode ser realizado mediante interposta 
pessoa (intermediário). 
Não há corrupção ativa se a vantagem é oferecida 
ou prometida ao funcionário depois de sua regular 
conduta funcional (ativa ou omissiva). Dá-se a 
vantagem para determiná-lo a praticar, omitir ou 
retardar ato de ofício. 
Também não há crime na hipótese de o sujeito dar 
ao funcionário pequenas gratificações ou doações 
em agradecimento a comportamento funcional seu. 
Não há crime de corrupção ativa se o agente 
oferece ou promete vantagem para impedir que o 
funcionário realize um ato ilegal que o prejudica ou 
que não é de sua competência. 
 
 
Consumação e Tentativa: 
Crime formal ou de consumação antecipada, atinge 
o momento consumativo no instante em que o 
funcionário toma conhecimento da oferta ou da 
promessa. 
A recusa do funcionário é irrelevante à 
consumação. 
A tentativam depende da forma de execução. 
Causa de Aumento de Pena (corrupção exaurida): 
Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço), nos termos do 
parágrafo único do art. 333, "se, em razão da 
vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou 
omite ato de ofício, ou o pratica infringindo dever 
funcional“. 
Se o funcionário, em razão da vantagem ou 
promessa, pratica ato de ofício legal, sem infringir 
dever funcional, não se aplica a majorante. 
 
REINGRESSO DE ESTRANGEIRO EXPULSO 
Art. 338 - Reingressar no território nacional o 
estrangeiro que dele foi expulso: 
 Pena - reclusão, de um a quatro anos, sem 
prejuízo de nova expulsão após o cumprimento da 
pena. 
Reingressar significa voltar, entrar novamente. Crime 
instantâneo, consuma-se no momento em que o 
estrangeiro penetra no território. A tentativa é 
admissível. 
Pressuposto: o estrangeiro foi expulso legalmente, 
nos termos dos arts. 65 a 75 do Estatuto dos 
Estrangeiros (Lei n. 6815/80). 
Sujeito ativo só pode ser o estrangeiro, admitindo-se 
a participação de 3º, nacional ou não, ainda que não 
expulso. É crime próprio (Greco) e de mão-própria 
(Bitencourt). 
DA DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA 
Art. 339. Dar causa à instauração de 
investigação policial, de processo judicial, 
instauração de investigação administrativa, 
inquérito civil ou ação de improbidade 
administrativa contra alguém, imputando-lhe 
crime de que o sabe inocente: 
 Pena - reclusão, de dois a oito anos, e 
multa. 
 § 1º - A pena é aumentada de sexta 
parte, se o agente se serve de anonimato ou 
de nome suposto. 
 § 2º - A pena é diminuída de metade, se a 
imputação é de prática de contravenção. 
 
 
 Calúnia (CP, art. 138): o sujeito somente atribui, 
falsamente, ao sujeito passivo, a prática de um 
falo descrito como crime. 
Denunciaçãocaluniosa: não somente atribui à 
vítima, falsamente, a prática de um delito, como 
leva o fato ao conhecimento da autoridade, 
causando a instauração de inquérito policial ou 
de ação penal contra ela. 
Comunicação falsa de crime ou de 
contravenção" (CP, art. 340): não há acusação 
contra pessoa determinada, apenas a 
comunicação de um fato. 
Auto-acusação falsa (CP, art. 341): o denunciado 
não imputa o fato a terceiro, mas a si mesmo. 
 
Dar causa - provocar, originar, 
Diretamente - apresenta a notícia criminal à autoridade 
policial ou judiciária, verbalmente ou por escrito; 
Indiretamente - o sujeito dá causa à iniciativa da 
autoridade por qualquer outro meio (como carta e 
telefonema anônimos, gestos, rádio, telegrama, 
televisão, colocação de entorpecente ou objeto furtado 
na bolsa de alguém, recado à autoridade etc). 
A ação da autoridade pública deve ter sido causada por 
conduta espontânea do sujeito. 
Assim, não há denunciação caluniosa no caso de um 
réu ou uma testemunha acusar alguém da prática de 
infração penal durante o interrogatório ou o depoimento. 
Nessas hipóteses, subsiste a responsabilidade do réu a 
título de calúnia e da testemunha, a título de falso 
testemunho. 
 
 
Elemento Subjetivo do Tipo: 
É o dolo direto. Não há delito quando o sujeito 
apenas tem dúvida a respeito da existência do 
crime ou de sua autoria. 
Momento Consumativo e Tentativa: 
Consuma-se o delito com o início da 
investigação policial, administrativa etc ou o 
processo judicial. 
O entendimento majoritário é que basta 
qualquer ato investigatório. 
 
 
COMUNICAÇÃO FALSA DE CRIME OU DE 
CONTRAVENÇÃO (CP, art. 340) 
Art. 340 - Provocar a ação de autoridade, 
comunicando-lhe a ocorrência de crime ou de 
contravenção que sabe não se ter verificado: 
 Pena - detenção, de um a seis meses, ou 
multa. 
É necessário que a autoridade pública aja, 
iniciando diligências (ouvindo pessoas, 
colhendo dados etc). Não é preciso, 
entretanto, que seja instaurado inquérito 
policial. 
Refere-se o texto à autoridade pública (judicial, 
policial ou administrativa). 
 
A comunicação precisa ser falsa. A infração 
penal (crime ou contravenção) não deve ter 
ocorrido. 
 
Elementos Subjetivos do Tipo: 
É o dolo direto. Se houver dúvida sobre a sua 
ocorrência, inexiste delito. É preciso que ele 
tenha plena consciência de que realmente a 
comunicação é falsa. 
Momento Consumativo e Tentativa: 
Crime material, consuma-se com a ação da 
autoridade (audiência de pessoas, coleta de 
informações, diligências etc). A tentativa é 
admissível. 
 
AUTO-ACUSAÇÃO FALSA 
Art. 341 - Acusar-se, perante a autoridade, de crime 
inexistente ou praticado por outrem: 
 Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou 
multa. 
O objeto da auto-acusação deve ser crime inexistente 
ou cometido por terceiro. Se for atribuída a prática de 
contravenção, o fato será atípico. 
A conduta deve ser realizada perante a autoridade 
(judicial, policial ou administrativa), que tenha o dever 
de apurar o fato. Não haverá crime quando a auto-
acusação se fizer perante funcionário sem essa 
atribuição ou particular. 
O conhecimento da prática do delito pode ser levado à 
autoridade por escrito, verbalmente, por nome 
suposto. 
Elemento Subjetivo Do Tipo: 
É o dolo direto. 
Momento Consumativo e Tentativa: 
Crime instantâneo, consuma-se no momento em 
que a autoridade toma conhecimento da auto-
acusação. 
Crime formal ou de consumação antecipada, torna-
se irrelevante para a consumação eventual efeito da 
conduta (instauração de inquérito policial etc.). 
Quanto à tentativa, é admissível na forma realizada 
por escrito; na auto-acusação verbal, a tentativa é 
impossível (crime unissubsistente). 
A retratação não tem efeito de extinguir a 
punibilidade ou o delito, podendo funcionar como 
circunstância atenuante genérica. 
 
FALSO TESTEMUNHO OU FALSA PERÍCIA (art. 342 do CP) 
 Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a 
verdade como testemunha, perito, contador, tradutor 
ou intérprete em processo judicial, ou administrativo, 
inquérito policial, ou em juízo arbitral 
 Pena - reclusão, de dois a quatro anos, e multa. 
 § 1o As penas aumentam-se de um sexto a um 
terço, se o crime é praticado mediante suborno ou se 
cometido com o fim de obter prova destinada a 
produzir efeito em processo penal, ou em processo 
civil em que for parte entidade da administração 
pública direta ou indireta. 
 § 2o O fato deixa de ser punível se, antes da 
sentença no processo em que ocorreu o ilícito, o 
agente se retrata ou declara a verdade 
É necessário que essas pessoas, no momento do 
fato, se revistam da qualidade jurídica exigida pela 
figura típica. 
Controvérsia: A testemunha não compromissada 
comete crime de falso testemunho? 
1ª Corrente (Nucci, Bitencourt, Fragoso) - Não, pois 
nos termos do que dispõem os art. 206 e 208, do 
CPP, as pessoas ali referidas não prestam 
compromisso como testemunha (art. 203, CPP), não 
tendo a obrigação de dizer a verdade, porque por 
muito natural se tem que o parente não seja capaz 
de se libertar da influência afetiva decorrente dessa 
relação. 
2ª Corrente (majoritária) - Sim, pois todos têm o 
dever de dizer a verdade em juízo (Greco), o 
compromisso é somente de ordem processual para 
o juiz valorar a prova, não sendo elementar do crime 
(como ocorria no Código Penal de 1890). 
 
Controvérsia: possibilidade de participação se um 
terceiro induz ou instiga a testemunha a faltar com 
a verdade sem que lhe ofereça nada em troca: 
1ª Corrente - Não se admite participação. Sustenta-
se que o legislador, no tema do falso testemunho, 
criou uma exceção dualista ao princípio unitário do 
concurso de pessoas. Quando se trata de "suborno 
de testemunha", esta responde pelo crime do art. 
342, §1º,CP mas aquele que dá, oferece ou promete 
dinheiro ou qualquer outra vantagem à testemunha, 
a fim de que ela cometa o falso testemunho, sofre 
as penas do crime do art. 343, CP. 
2ª Corrente - O STF (RHC 81327 / SP) e o STJ, em 
diversos julgados, vêm entendendo que, apesar de 
existir o art. 343, admite-se a participação no art. 
342, se somente induzir e instigar se a testemunha 
realmente falte com a verdade (RHC 36287/SP) 
fazer afirmação falsa - a testemunha afirma uma inverdade a 
respeito de um fato. Ex.: diz que o réu agiu em legítima 
defesa (falsidade positiva). 
negar a verdade (falsidade negativa), o sujeito nega um fato 
real. Ex.: nega que o indiciado tenha reagido a uma agressão 
injusta, quando, na verdade, agiu em legítima defesa. 
calar a verdade (falsidade omissiva) - há a chamada 
"reticência", pois a testemunha esconde o que é de seu 
conhecimento ou se recusa a responder. 
É necessário que o depoimento falso verse sobre fato 
juridicamente relevante ao deslinde do processo e que 
possa ser apta, de algum modo, a influir na decisão judicial. 
Por ser crime de natureza formal, não integra o crime a 
exigência de o falso testemunho haver influído na decisão da 
causa (exaurimento), sendo suficiente que tenha incidido 
sobre fato juridicamente relevante (HC81951-SP, 1ª Turma, 
Rel. MIn. Ellen Grace, DJ 30/04/2004). 
 
Consumação e Tentativa: 
O falso testemunho se consuma com o encerramento do 
depoimento (art. 216, CPP). 
A tentativa, em tese, é admissível, embora de difícil 
configuração. Ex.: o depoimento, por qualquer 
circunstância, não se encerra (falta de energia elétrica). 
Consuma-se a falsa perícia com a entrega do laudo à 
autoridade. É admissível, em tese, a tentativa.Ex.: o 
laudo não chega às mãos da autoridade por 
circunstâncias alheias à vontade do perito (extravio). 
Retratação (§2º): "o fato deixa de ser punível se, antes 
da sentença no processo em que ocorreu o ilícito, o 
agente se retrata ou declara a verdade". 
Para os admitem a participação, alguns entendem 
cabível a extensão do benefício aos demais corréus, 
enquanto outros não aceitam a comunicabilidade. 
 
 
Causa Especial de Aumento de Pena (§1º): 
As penas aumentam-se de 1/6 a 1/3, se o crime é 
praticado: 
1) mediante suborno - nessa hipótese há quebra da 
teoria monista, pois o corruptor responde pelo crime 
do artigo 343, CP. 
2) com o fim de obter prova destinada a produzir 
efeito em processo penal - a expressão não inclui o 
inquérito policial, a uma, por não ser processo, mas 
procedimento administrativo, a duas, porque já está 
previsto no caput o falso testemunho em inquérito 
policial (Nucci e Greco). 
3) com o fim de obter prova destinada a produzir 
efeito em processo civil em que for parte entidade 
da administração pública direta ou indireta. 
Art. 343. Dar, oferecer ou prometer dinheiro 
ou qualquer outra vantagem a testemunha, 
perito, contador, tradutor ou intérprete, para 
fazer afirmação falsa, negar ou calar a 
verdade em depoimento, perícia, cálculos, 
tradução ou interpretação: 
 Pena - reclusão, de três a quatro anos, 
e multa. 
 Parágrafo único. As penas aumentam-
se de um sexto a um terço, se o crime é 
cometido com o fim de obter prova 
destinada a produzir efeito em processo 
penal ou em processo civil em que for parte 
entidade da administração pública direta ou 
indireta. 
 
 
 
 
 
 1. Conceito e Objetividade Jurídica: 
Constitui delito o fato de o sujeito "fazer justiça 
pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, 
embora legítima, salvo quando a lei o permite". 
O objeto da tutela penal é a administração da 
justiça. 
Pretende-se que alguém que tenha uma 
pretensão não a satisfaça pessoalmente, 
incumbindo à justiça a sua realização. 
Ninguém deve ser juiz e parte ao mesmo tempo. 
Neste crime, o agente despreza a justiça e toma 
para si a tarefa de realizar o seu direito. 
 
2. Sujeitos Do Delito: 
Crime comum, pode ser realizado por 
qualquer pessoa. Tratando-se de 
funcionário público, entretanto, pode 
surgir outro delito, como abuso de 
autoridade, abuso de poder etc. 
Sujeitos passivos: o Estado e a pessoa 
diretamente lesada. 
3. Elementos Objetivos do Tipo: 
A conduta consiste em fazer justiça pelas 
próprias mãos, realizando uma ação 
tendente a satisfazer uma pretensão. 
Crime de forma livre, admite qualquer 
meio de execução, direto ou indireto: 
fraude, violência física, violência moral 
(grave ameaça), subtração etc. 
4. Elementos Subjetivos Do Tipo: 
O primeiro é o dolo, vontade livre e 
consciente de fazer justiça pelas próprias 
mãos. 
O tipo reclama um segundo elemento 
subjetivo (especial fim de agir), contido na 
expressão "para satisfazer pretensão, 
embora legítima". Exige-se que o sujeito 
realize a conduta para a concretização de 
um fim determinado: satisfazer a sua 
pretensão. 
A pretensão deve referir-se a um direito que 
o sujeito realmente tem ou supõe possuir. 
Assim, pode ocorrer hipótese de pretensão 
legítima ou ilegítima. 
 
Como a lei fala em pretensão "embora 
legítima", de rigor admitir-se a ilegítima, 
necessitando, contudo, que o agente, por 
fundadas razões a suponha lícita. 
Se o sujeito tem plena consciência da 
ilegitimidade de sua pretensão não comete 
exercício arbitrário das próprias razões, 
por atipicidade do fato, podendo 
responder por outro crime, de acordo com 
o meio executório empregado (furto, 
estelionato, lesão corporal, violação de 
domicílio, ameaça etc). 
O elemento subjetivo é endereçado à 
satisfação da pretensão legítima ou 
supostamente legítima. 
A pretensão pode incidir sobre qualquer 
direito: real (propriedade, posse etc.), pessoal 
(contratos) ou de família (guarda de filhos). 
É necessário que a pretensão, em sua 
essência, possa ser satisfeita perante o 
Judiciário. 
Assim, não há exercício arbitrário das 
próprias razões nas hipóteses em que o 
sujeito não poderia levar sua pretensão ao 
conhecimento da autoridade judiciária. Ex.: 
dívida prescrita, preço carnal etc. 
A pretensão pode ser do próprio agente ou de 
terceiro, nos casos em que age como 
mandatário etc. 
5. Elemento Normativo Do Tipo: 
Está contido na expressão "salvo 
quando a lei o permite". 
Não há delito, por atipicidade do fato, 
quando a conduta do sujeito está 
autorizada pela lei, ou seja, quando a lei 
admite a justiça particular. 
Ex.: direito de retenção, desforço 
imediato (art. 319, 1210, §1º, 1219, 1283, 
todos do CC/2002). Legítima defesa, 
exercício regular de direito. 
 
FAVORECIMENTO PESSOAL (art. 348) 
 
1.Conceito e objetividade jurídica: É o fato de 
auxiliar autor de crime a subtrair-se à ação de 
autoridade pública (art. 348 do CP). 
Bem Jurídico: a administração da justiça 
criminal. Impõe-se o dever de o sujeito não 
colocar obstáculos à ação judiciária na luta 
contra a criminalidade. 
2. Sujeitos do delito 
Sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, desde 
que não seja o co-autor ou partícipe do delito 
anterior. Entende-se que o advogado também 
pode ser sujeito ativo desse crime, desde que 
no fato estejam presentes as elementares da 
definição legal. 
Sujeito passivo é o Estado. 
 
3. Tipo Objetivo: 
A conduta consiste em prestar auxílio a autor de 
crime com o fim de subtraí-lo à ação da 
autoridade pública. 
Quanto às figuras típicas, há dois tipos penais: 
Simples: quando ao delito anterior é cominada 
pena de reclusão (art. 348. caput). 
Privilegiado: quando imposta abstratamente 
ao crime antecedente pena de detenção (§ lº). 
Se o auxílio é para subtrair autor de contravenção 
penal, o fato é atípico. 
Crime de forma livre, o auxílio admite qualquer 
modo de realização (material ou moral), como o 
emprego de meios para a fuga, engano da 
autoridade, ocultação do autor do delito etc. 
A expressão "autor de crime" é empregada em 
sentido amplo, abrangendo o autor propriamente 
dito, os co-autores e partícipes. 
 
O auxílio deve ser prestado após a consumação do 
delito. Se antes dele ou durante sua prática, haverá 
co-autoria ou participação no delito antecedente e 
não favorecimento pessoal. 
O delito antecedente pode ser doloso, culposo ou 
preterdoloso, consumado ou tentado. 
Não há favorecimento pessoal nos seguintes 
casos (fundamento: não há crime ou inexiste 
pretensão punitiva ou executória): 
 se, em relação ao fato anterior, ocorreu causa 
excludente da ilicitude; 
 se incide, no tocante ao fato antecedente, causa 
excludente da culpabilidade; 
 se houve extinção da punibilidade; 
 se ocorreu escusa absolutória (ex.: art. 181, CP). 
Se o crime anterior for de ação penal privada ou pública 
condicionada não se pode falar em favorecimento 
pessoal enquanto não for oferecida a queixa ou 
exercida a representação ou apresentada a requisição 
ministerial. 
 
Autoridade pública é a judiciária, policial ou 
administrativa. 
Não é necessário que no momento do auxílio 
o criminoso esteja sob perseguição da 
autoridade pública. 
4. Consumação e Tentativa: 
Crime material e instantâneo, consuma-se no 
momento em que o beneficiado, em razão do 
auxílio do sujeito, consegue subtrair-se, ainda 
que por breves instantes, da ação da 
autoridade pública. É necessário o sucesso. 
Tentativa: se, prestado o auxílio, o beneficiado 
não se livra da ação da autoridade pública. 
5. Tipo Subjetivoé o dolo de subtrair o autor 
de crime à ação da autoridade. Não há 
modalidade culposa. 
 
6. Escusa Absolutória (§ 2.°) - causa pessoal 
de isenção de pena (Nucci, Bitencourt, 
Damásio e outros) - O legislador isenta de 
pena o ascendente, descendente, cônjuge ou 
irmão do criminoso que presta auxílio a este. 
Preservam-se as relações familiares em 
detrimento da administração da justiça. Para 
Greco é hipótese de inexigibilidade de 
conduta diversa. 
Para alguns, a enumeração legal é taxativa, 
não podendo ser ampliada, não abrangendo 
os afins, nem a relação de adoção. Neste 
caso, porém, nada impediria que o sujeito 
fosse absolvido por inexigibilidade de 
conduta diversa, excludente da culpabilidade. 
Em sentido contrário, sustenta-se a aplicação 
da analogia in bonam partem a fim de alcançar 
o companheiro e os laços de adoção. 
7. Pena e Ação Penal: 
Caput (simples) - detenção de 1 a 6 meses e 
multa. 
§1º (Privilegiado) - detenção de 15 dias a 3 
meses e multa. 
Competência do JECRIM (cabe transação 
penal e suspensão condicional). 
Ação penal pública incondicionada. 
FAVORECIMENTO REAL (art. 349, CP) 
 
 1. Conceito e Objetividade jurídica: pune-se a conduta 
de "prestar a criminoso, fora dos casos de co-autoria 
ou de receptação, auxílio destinado a tornar seguro o 
proveito do crime" (CP, art. 349). 
Na receptação, o sujeito recebe a coisa para si ou para 
terceiro com o intuito de tirar proveito econômico, 
enquanto que no favorecimento real a intenção é 
somente de ajudar o criminoso. 
Bem jurídico: é a administração da justiça. Procura-se 
evitar que se preste colaboração a criminoso após a 
prática do crime no sentido de tornar seguro o proveito 
obtido, dificultando a ação da justiça. 
 2. Sujeitos do delito 
Sujeito Ativo - crime comum, pode ser cometido por 
qualquer pessoa, com exceção do concorrente no 
delito antecedente ou do receptador. 
Sujeito passivo é o Estado. 
 
3. Tipo Objetivo 
O legislador empregou a expressão "co-autoria" no 
sentido amplo, abrangendo a co-autoria propriamente dita 
e a participação. É necessário que o sujeito que presta o 
auxílio não tenha sido co-autor ou partícipe do delito 
anterior. 
Se prometeu auxílio antes ou durante a anterior prática 
delituosa, responde como partícipe do crime antecedente 
e não por favorecimento real. 
A conduta consiste em prestar auxílio a criminoso com o 
fim de tornar seguro o proveito do crime. 
Crime de forma livre, a prestação de auxílio admite 
qualquer forma de execução: direta ou indireta, material 
ou moral. 
Proveito é toda utilidade, material ou não, abrangendo o 
objeto material do delito, o preço do delito e as coisas 
obtidas com a prática criminosa (ex.: o dinheiro obtido 
com a venda do objeto material). Ficam excluídos os 
instrumentos do crime, pois caracterizaria participação. 
 
O tipo pressupõe a prática anterior de um crime, 
patrimonial ou não, tentado ou consumado. 
Se a infração anterior é contravenção penal, o fato é 
atípico. 
Não há favorecimento real nos seguintes casos 
(fundamento: não há crime): 
se, em relação ao fato anterior, ocorreu causa 
excludente da ilicitude; 
se incide, no tocante ao fato antecedente, causa 
excludente da culpabilidade; 
Subsiste o favorecimento real, mesmo se houver 
extinção da punibilidade, ressalvando-se as hipóteses 
de abolitio criminis e anistia. 
Também há crime nas hipóteses de escusas 
absolutórias (ex.: art. 181, CP). 
 4. Tipo Subjetivo é o dolo - vontade livre e consciente 
de prestar colaboração a criminoso. É necessário que o 
sujeito tenha consciência de que, por intermédio do 
auxílio, tornará seguro o proveito do crime. Assim, além 
do dolo, o tipo reclama outro elemento subjetivo 
(especial fim de agir): o fim de tornar seguro o proveito 
do delito. 
Se o comportamento do sujeito visa à obtenção de 
lucro, haverá crime de receptação. 
Não há forma culposa. 
 5. Consumação e tentativa 
 Trata-se de Crime formal, portanto, consuma-se com a 
idônea prestação do auxílio, ainda que a pessoa 
beneficiada não tenha conseguido tornar seguro o 
proveito do crime anterior. A tentativa é admissível, se 
fracionável o iter criminis. 
 6. Pena e Ação Penal 
Pena - detenção de 1 a 6 meses e multa. 
Competência do JECRIM (cabe transação penal e 
suspensão condicional). 
Ação Penal é pública incondicionada.

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