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Enfermagem Obstétrica: Condutas no Processo de Abortamento Introdução Abortamento é a interrupção da gravidez até a 20° ou 22° semana e com produto da concepção pesando menos que 500g. Aborto é o produto da concepção eliminado no abortamento( Ministério da Saúde, 2005); No Brasil, em 2017, ocorreram aproximadamente 10 a 15% abortamentos espontâneos e outros 10% são provocados pelas mais diferentes formas, assim como associado as desigualdades sociais brasileiras(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2011); É um direito da mulher, a atenção de qualidade, principalmente quando esta se encontra em situação de vulnerabilidade física e emocional, independente de que seja um parto, um aborto espontâneo ou provocado (NINA, 2017); As complicações do aborto são importantes fatores de riscos de morbimortalidade, todavia, as mulheres em sua maioria, apresentam complicações e, em alguns casos, necessitando de hospitalização e, consequentemente, de assistência humanizada e de qualidade por parte da equipe de enfermagem( NERY et.al, 2006). Ameaça de abortamento: O sangramento genital de pequena a moderada intensidade Pode existir dores, tipo cólicas, geralmente pouco intensas e o colo uterino (orifício interno) encontra-se fechado Volume uterino é compatível com o esperado para a idade gestacional Não existem sinais de infecção Exame de ultrassom mostra-se normal, com feto vivo podendo encontrar pequena área de descolamento ovular. Abortamento completo: A perda sanguínea e as dores diminuem ou cessam após a expulsão do material ovular O colo uterino (orifício interno) pode estar aberto Tamanho uterino mostra-se menor que o esperado para a idade gestacional Exame de ultrassom encontra-se cavidade uterina vazia ou com imagens sugestivas de coágulos. Abortamento infectado: São casos graves e devem ser tratados, independentemente da vitalidade do feto. elevação da temperatura, sangramento genital com odor fétido acompanhado de dores abdominais ou eliminação de secreção purulenta através do colo uterino. Na manipulação dos órgãos pélvicos, através do toque vaginal, a mulher pode referir bastante dor, e deve-se sempre pensar na possibilidade de perfuração uterina (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2011) Classificação / Sinais e Sintomas Abortamento inevitável/incompleto: O sangramento é maior que na ameaça de abortamento, que diminui com a saída de coágulos ou de restos ovulares, as dores costumam ser de maior intensidade que na ameaça, o orifício cervical interno encontra-se aberto O exame de ultrassom confirma a hipótese diagnóstica, embora não seja imprescindível. Abortamento retido: Em geral, o abortamento retido cursa com regressão dos sintomas e sinais da gestação, o colo uterino encontra-se fechado e não há perda sanguínea. O exame de ultrassom revela ausência de sinais de vitalidade ou a presença de saco gestacional sem embrião (ovo anembrionado). Pode ocorrer o abortamento retido sem os sinais de ameaça. Abortamento habitual Caracteriza-se pela perda espontânea e consecutiva de três ou mais gestações antes da 22a semana. É primário quando a mulher jamais conseguiu levar a termo qualquer gestação, e secundário quando houve uma gravidez a termo. Estas mulheres devem ser encaminhadas para tratamento especializado, onde seja possível identificar as causas e realizados tratamentos específicos. Abortamento eletivo previsto em lei Nos casos em que exista indicação de interrupção da gestação, obedecida a legislação vigente e, por solicitação da mulher ou de seu representante, deve ser oferecida à mulher a opção de escolha da técnica a ser empregada - abortamento farmacológico, procedimento aspirativo (Amiu) ou a dilatação e curetagem. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2011) CUIDADOS DE ENFERMAGEM AO ABORTO Estabelecer comunicação efetiva, estando atento à comunicação não-verbal. Informar sobre os procedimentos e como serão realizados e sobre as condições clínicas da usuária; Garantir a privacidade e confidencialidade; Realizar os procedimentos técnicos de forma Manter a paciente em repouso e aquecida; Verificar e registrar os sinais vitais; Observar e registrar o sangramento vaginal; (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2005) FONTE:https://www.google.com.br/url?sa=i&source=images&cd=&cad=rja&uact=8&ved=2ahUKEwiTwZSl04vfAhVLEJAKHSytAvoQjRx6BAgBEAU&url=http%3A%2F%2Famazonascristao.com.br%2Fbebes-mortos-na-china-336-milhoes-de-abortos-e-voce-nao-vai-acreditar-no-motivo%2F&psig=AOvVaw2F4I4WFAzJI_3wFc36SdFR&ust=1544200988829874 CUIDADOS DE ENFERMAGEM (GERAIS) Observar e comunicar equipe, caso a paciente apresente sinais de choque; Administrar medicação prescrita; Encaminhar e orientar a paciente quanto aos exames complementares; Realizar tricotomia pubiana; Nos casos de abortamento provocado, esclarecer a paciente quanto aos seus riscos; Nos casos de ameaça de abortamento e abortamento iminente, evitáveis, orientar e incentivar quanto às consultas pré-natais; Nos casos de abortamento habitual, orientar a paciente quanto à importância de um acompanhamento médico antes de engravidar-se novamente. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2005) FONTE:https://www.google.com.br/url?sa=i&source=images&cd=&cad=rja&uact=8&ved=2ahUKEwjs5YOr1IvfAhUGlJAKHZA3DZ8QjRx6BAgBEAU&url=https%3A%2F%2Fwww.reproduccionasistida.org%2Famenaza-de-aborto%2F&psig=AOvVaw34i9zifTxxxtNDIFCKjZZQ&ust=1544201292226357 ORIENTAÇÕES GERAIS a) Informar sobre a rotina de higiene pessoal, reinício da atividade sexual, voltada menstruação e planejamento reprodutivo. O retorno da atividade sexual pós-abortamento não complicado pode ocorrer tão logo a mulher assim o desejar; b) A fertilidade retornará logo após o procedimento, de forma que são necessários a orientação de planejamento reprodutivo e o acesso a métodos contraceptivos; c) Agendar retorno para no máximo 15 dias para revisão pós-abortamento; d) Orientar sobre o que fazer e onde encontrar assistência de emergência; e) Orientar sobre complicações. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2005) RISCOS E COMPLICAÇÕES Tétano Lesões vaginais Perfuração uterina Intoxicação Septicemia Óbito SEQUELAS Esterilidade Gravidez ectópica Distúrbios menstruais Incompetência istmo-cervical Psicose (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2005) CUIDADO DA ENFERMAGEM NO APOIO PSICOLOGICO AO ABORTO Questões legais, éticas, e religiosas, que geram medo, culpa e vergonha. Isolamento das mulheres de possíveis redes de apoio: saúde. Atenção humanizada às mulheres em abortamento, tendo como princípios norteadores a igualdade, a liberdade e a dignidade da pessoa humana, sem qualquer discriminação ou restrição do acesso à assistência à saúde (COLAS et al., 2007). Na enfermagem, o exercício profissional inclui a atuação do enfermeiro na promoção, proteção, recuperação da saúde e reabilitação das pessoas, tendo como base preceitos éticos e legais. Além desses, os princípios básicos de justiça, autonomia, beneficência e a não maleficência, contemplados numa perspectiva bioética, devem permear todas as ações de enfermagem (SOARES et al., 2010). ÉTICA DE ENFERMAGEM AO ABORTO Código de Ética do Enfermeiro O código de Ética dos profissionais de enfermagem está organizado por assunto e inclui princípios, direitos, responsabilidades, deveres e proibições pertinentes à conduta ética dos profissionais de enfermagem. De acordo com o Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem: CAPITULO III – Das proibições: Art. 73 É proibido: “Provocar aborto, ou cooperar em prática destinada a interromper a gestação, exceto nos casos permitidos pela legislação vigente.” (COFEN Nº, 2007). Parágrafo único. Nos casos permitidos pela legislação, o profissional deverá decidir de acordo com a sua consciência sobre sua participação, desde que seja garantida a continuidade da assistência. REFERÊNCIAS Colas O, Aquino NMR, Mattar R. Ainda sobre o abortamento legal no Brasil e o conhecimento dos profissionais de saúde. Rev Bras Ginecol Obstet. 2007; 29(9):443-5. CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM. Resolução COFENNº 564/2017. Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem. Disponível em: http://www.cofen.gov.br/resolucao-cofen-no-5642017_59145.html. Acesso em: 04 de agosto 2018. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Atenção à Saúde. ATENÇÃO HUMANIZADA AO ABORTAMENTO: Série A. Normas e Manuais Técnicos Série Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos. 1º. ed. Brasília, DF: Editora MS, 2005. 22 a 28 p. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/atencao_humanizada_abortamento.pdf>. Acesso em: 06 dez. 2018. NERY, INES SAMPAIO et. al. VIVÊNCIAS DE MULHERES EM SITUAÇÃO DE ABORTO ESPONTÂNEO. R Enferm UERJ, Rio de Janeiro, 2006 jan/ma. NINA, CURINTINA BEATRIZ. A ATUAÇÃO DA EQUIPE DE ENFERMAGEM FRENTE À MULHER EM PROCESSO DE ABORTAMENTO EM UMA MATERNIDADE PÚBLICA DE RORAIMA. BOA VISTA, RORAIMA, 2017. Soares MCS, Gonçalves CC, Santos Junior HP, Garcia AMS, Silveira MFA. A proposta de humanização através do toque: percepção dos acadêmicos de Enfermagem. Enferm Atual. 2010; 1(1):1-5.
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