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Fichamento Cap.5

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Sarah Elizabeth Andrade – Direito diurno, 1ª fase, 2014.2 
BOBBIO, Norberto. A Teoria das Formas de Governo. 10. ed. UnB. 
 
Capítulo 5 – Intervalo 
 
 Nos vários séculos da Idade Média, nada se teve de significativo para o âmbito 
das teorias de governo. Porém, é necessário observar que os textos históricos, como 
“A república” de Cícero e “A Política” de Aristóteles permaneceram perdidos e 
desconhecidos durante muito tempo nesses séculos. No fim do séc XIII, quando esta 
ultima foi encontrada, houve uma grande repercussão e muitos seguidores da mesma, 
mesmo a realidade sendo bem diferente da que escreveram os filósofos gregos. 
Podemos observar isso na obra “o Defensor Pacis”, de Marcílio de Pádua (1324), onde 
ele cita Aristóteles e sua fala dos 3 governos “bons” (governam pelo bem comum) e 
dos “ruins” (onde governam pelo interesse próprio), como já vimos. 
 Bobbio faz uma generalização consciente, dizendo que no período medieval o 
Estado era visto com sentimento negativista, como “governo da espada”, repressivo, 
cujo objetivo era controlar a “natureza má” do homem. Nessa época, esse papel não é 
do Estado, mas da Igreja. Isidoro de Sevilha exemplifica essa idéia, legitimando o 
poder dos senhores sobre os escravos, dizendo que Deus é que, em sua infinita 
sabedoria, criou servos e senhores, estes com o papel de fazer aqueles andarem 
retamente. O homem não é naturalmente bom, e a coerção apenas é possível pelo 
terror por parte do governante. Esse é o seu dever. Essa idéia de Isidoro é a mesma 
da monarquia despótica descrita por Aristóteles no capítulo anterior. 
 Podemos chegar à conclusão de que, segundo Isidoro, não há como dividir e 
classificar formas de governo nesse período, sendo que toda forma é naturalmente 
despótica. A relação que existe não é de um tipo de governo para outro, bom ou ruim, 
melhor ou pior, mas entre Estado-Igreja. Um texto lembrado por Bobbio para 
exemplificar esse contraste é “Sobre a Autoridade Secular” (1523), de Lutero. Vale 
transcreve-lo: 
"Pertencem ao reino da Terra - quer dizer, estão sujeitos às leis - 
todos os que não são cristãos (isto é, que não combatem o mal, porém, ao 
contrário, o praticam). De fato, são poucos os verdadeiros cristãos, e 
menos numerosos ainda os que se conduzem de acordo com o espírito de 
cristandade. Aos demais, que não têm condição cristã nem pertencem ao 
reino de Deus, o Senhor impôs outro regulamento, submetendo-os com a 
espada, de modo a não poderem exercer sua maldade, o que fariam de 
bom grado; forçando-os a praticá-la medrosamente, sem contentamento 
e serenidade - do mesmo modo como se prende com cordas e cadeias 
uma fera selvagem e perigosa, para impedi-la de atacar e morder, como 
lhe ordena o instinto, o que faria de boa vontade. Não é necessário tratar 
da mesma maneira um animal dócil e doméstico, inofensivo mesmo sem 
cordas e cadeias que o prendam." 
 
 Outro pensador com uma visão negativa é Marx. Ele defendia que a classe 
dominante (o Estado) tinha necessidade de reprimir, e o que leva o homem a ser mau 
não é o mesmo motivo da concepção católica, mas o fato de que a desigualdade é 
perpetuada pela falta de propriedade por parte da classe trabalhadora, enquanto a 
classe que possui propriedade permanece em uma classe mais elevada. Chamava de 
“Ditadura da burguesia” o Estado onde a classe dominante era burguesia, e a dos 
proletários era “Ditadura do proletário”, sendo que a força e o terror são necessário 
para manter a unidade do Estado, já que há tanta desigualdade. Ao que se refere à 
teoria dos governos, não há, pois ele considera todo Estado uma ditadura por si só, 
que necessariamente tem um poder absoluto. Quanto há história, também não há. O 
Estado deve se dissolver quando não houverem mais classes antagônicas. 
 
 
 
 
 As soluções para esses Estados tão negativos seriam as seguintes: 
Cristãos: a igreja (antiestado) 
Marx: o não-estado 
Platão: o Estado ideal (como já vimos) 
 O tema mais tratado no âmbito das formas de governo da Idade Média talvez 
seja a tirania, como um problema moral e político. Talvez por isso não era tão 
discutido, frente ao poder da Igreja. “Dos comentários medievais sobre a tirania, o 
mais célebre é o de Bartolo (1314-1357); no De Regimine Civtatis, que introduz a 
distinção (destinada ao êxito) entre o tirano que exerce abusivamente o poder - 
"tyrannus ex parte exercitii" — e o que conquistou o poder sem ter direito - "tyrannus 
ex defectu tituli". Possivelmente o mais completo dos tratados sobre a tirania é o de 
Coluccio Salutati, e Tratado sobre o Tirano, escrito no fim do século XV, com o qual o 
autor pretende responder à pergunta sobre se César deveria ser considerado um 
tirano - e portanto se Dante tinha razão para colocar seus assassinos no último círculo 
do inferno.” (pg 81) 
 Idéia do príncipe usurpador e príncipe legítimo – ver na apresentação.

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