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métodos físicos de separação

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Actividades Envolvendo os pais no Ensino da Química: Uma experiência no 7º Ano. 
Mestrado em Química para o Ensino 55 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3.Métodos Físicos de Separação 
 
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3.Métodos Físicos de Separação 
 
3.1. Substâncias e Misturas de Substâncias 
 
 
A classificação da matéria é uma primeira etapa para se perceber em que medida o 
tipo de matéria vai condicionar a sua aplicação e utilização no quotidiano, inclusivamente 
nos processos físicos de separação. Para os químicos, a classificação dos materiais tendo 
em conta a sua composição é muito importante. O esquema representado na figura 3.1 
resume, de modo geral, a classificação da matéria de acordo com a composição química. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig 3. 1-Classificação da matéria 
 (adaptado de: Reger Daniel et. al, Química: Princípios e Aplicações; 1997) 
 
 
Sim 
Matéria 
É uniforme 
Pode ser separada 
por processos 
físicos? 
Substância pura 
Mistura homogénea 
Não 
Substância 
Composta 
Mistura 
heterogénea 
Pode ser decomposta 
em componentes mais 
simples por processos 
químicos? 
Não Sim 
Substância 
Elementar 
Sim Não 
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Tal como se observa na Figura 2.5, a matéria divide-se em substâncias puras e 
misturas. A grande maioria dos materiais que nos rodeiam são misturas de substâncias. 
Uma mistura é então a matéria que é constituída por duas ou mais substâncias em 
proporções que podem variar e sem que entre essas substâncias exista qualquer tipo de 
interacção química. As misturas são constituídas por componentes com propriedades 
físicas distintas, podendo, deste modo, proceder-se à sua separação. É frequente que 
quando duas substâncias entram em contacto possam reagir quimicamente. Quando tal 
acontece, o resultado não é uma mistura, mas uma nova substância que se formou por 
reacção química, que apresentará novas características, perdendo as suas características 
iniciais. 
Um outro conceito que surge em oposição às misturas é substância. Habitualmente 
designa-se por substância uma amostra que não pode ser separada nos seus diversos 
constituintes por processos físicos. Em química a utilização do conceito substância está 
associado a pureza. 
 Em determinados casos é fácil identificar e classificar uma amostra como sendo 
uma mistura. No entanto, em outros casos é necessário recorrer a equipamentos por 
vezes “complexos” e a um “exame” cuidadoso de modo a classificar a amostra em 
substância. (Reger; Goode; Mercer; 1997) 
 
3.1.1. Classificação de misturas 
 
A maior parte da matéria que encontramos no nosso dia-a-dia é composta por uma 
mistura de substâncias. É importante referir que os componentes das misturas assumem 
uma variedade de dimensões e como tal é possível efectuar a distinção entre misturas 
homogéneas e heterogéneas, figura 2.6, de acordo com a uniformidade ou não, em toda a 
sua extensão. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig 3. 2- Classificação das misturas 
 
Misturas de substâncias 
Heterogéneas Homogéneas 
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Uma mistura homogénea é aquela que apresenta o mesmo aspecto (“homo” = 
“igual”) não sendo possível efectuar a distinção dos seus componentes existindo uma 
única fase. Uma mistura heterogénea é uma mistura que apresenta aspecto diferente ao 
longo da sua extensão (“hetero” = “diferente”) sendo possível distinguir alguns ou até 
mesmo todos os componentes de uma mistura à vista desarmada. Os componentes 
encontram-se em pelo menos duas fases. É possível identificar ainda um outro tipo de 
mistura que se designa por mistura coloidal. Esta mistura é por vezes confundida com as 
misturas homogéneas, no entanto a sua observação detalhada ao microscópio permite 
inseri-la mais proximamente das misturas heterogéneas. São misturas que estão no limite 
entre o homogéneo e o heterogéneo. 
Por vezes não é fácil determinar se uma amostra é ou não uma mistura e como tal 
a identificação e análise é uma sequência de testes baseados nas propriedades que as 
substâncias apresentam. Estas propriedades são divididas em três grandes grupos: 
propriedades organolépticas, físicas e químicas. 
 
 Propriedades organolépticas – são aquelas que impressionam os sentidos, 
como a cor, odor, sabor, aspecto sentido pelo tacto e timbre (estas duas 
últimas propriedades são pouco significativas para a identificação). 
 
 Propriedades físicas – são aquelas que envolvem interacções da matéria 
com a energia, sendo específicas (características de um único tipo de 
matéria) desde que o material seja puro. As propriedades físicas podem ser: 
ponto de fusão, ponto de ebulição, densidade, calor especifico e dureza. 
 
 Propriedades químicas – relativas às transformações da matéria: 
neutralização, fotólise, solubilidade, pirólise, oxidação-redução, acção sobre 
indicadores. 
 
A observação dos componentes de uma mistura pode ser efectuada de maneiras 
distintas tais como a observação ao microscópio ou à vista desarmada. A utilização de 
processos indirectos é também muitas vezes utilizada, através de vários procedimentos 
experimentais. Estes procedimentos permitem distinguir misturas de substâncias puras. 
Um procedimento comum diz respeito às substâncias puras, que apresentam pontos de 
fusão e de ebulição constantes. No entanto, é necessário cuidado pois existem casos de 
misturas em que os mesmos também se verificam, como é o caso das misturas eutéticas 
(ponto de fusão constante) ou misturas azeotrópicas (ponto de ebulição constante). 
 
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3.1.2. Classificação de substâncias. 
 
 
As substâncias puras podem ainda dividir-se em substâncias compostas e 
elementares. As substâncias compostas são constituídas por mais do que uma espécie 
química como é o caso da água, cuja constituição é o hidrogénio e o oxigénio. As 
substâncias elementares têm na sua constituição uma única espécie química, tal como o 
caso do oxigénio. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig 3. 3- Classificação de substâncias 
 
 
Substâncias 
Elementares Compostas 
 Apresentam unidades estruturais: 
átomos ou moléculas que em conjunto com 
outras iguais formam a substância. 
 
 Compostos moleculares: unidade 
estrutural é a molécula, e resulta da 
combinação química de elementos 
diferentes, e em conjunto com outras 
formam a substância 
 Compostos iónicos: a unidade estrutural é 
o menor conjunto de iões, electricamente 
neutro. 
 
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3.2. Técnicas de Separação e Purificação 
 
Muitas das substâncias puras que existem na natureza só se encontram sob a 
forma de misturas e como tal é necessário proceder à sua separação, pois a obtenção de 
substâncias com grau de pureza elevado é muito importante. Existe uma grande variedade 
de métodos que permitem realizar a separação dos componentesde uma mistura 
homogénea e heterogénea. A seguir apresentam-se os métodos de separação mais 
utilizados e de que modo são aplicados a misturas. 
A utilização de cada uma destas técnicas envolve a manutenção das propriedades 
que caracterizam as substâncias. A escolha da técnica depende das características e do 
estado físico dos constituintes que fazem parte da mistura (Reger; Goode; Mercer; 1997). 
Relativamente às separações de misturas heterogéneas deve-se ter em atenção 
que estas misturas têm várias fases que podem estar em diferentes estados físicos. Se a 
mistura que se pretende separar for constituída por uma ou mais fases sólidas as técnicas 
devem estar de acordo com as características dos componentes. É importante ter em 
atenção também a finalidade da separação. 
 
 
3.2.1. Misturas heterogéneas 
 
Para estas misturas as técnicas de separação são específicas e como tal 
descrevem-se seguidamente: 
 
I – Separação de componentes sólidos de uma mistura sólida 
 
Caso o componente que constitui a mistura tenha propriedades magnéticas pode 
utilizar-se para efectuar uma separação magnética (Fig 3.4). Esta técnica permite separar 
materiais que são atraídos por ímanes. 
Este tipo de técnica é frequentemente utilizado na indústria química para separar o 
ferro de outros metais. 
 
 
 
 
 
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Fig 3. 4- Separação magnética 
(Extraído de Nunes; Cruz; Acção (Re) Acção; 2006) 
 
 
Uma outra técnica que permite separar componentes sólidos é a peneiração. Este 
procedimento tem em consideração as dimensões do material sólido. É possível utilizando 
peneiras cuja estrutura é uma rede fina com malhas que variam de acordo com o tamanho 
do produto a separar. Uma das aplicações desta técnica ressalta no dia-a-dia na 
construção civil e na indústria da panificação. 
 
 
Uma outra técnica frequentemente utilizada é a sublimação que apenas é possível 
quando um dos componentes da mistura sublima facilmente como é o caso do iodo, gelo 
seco ou naftaleno. 
 
II – Separação de um sólido insolúvel de uma mistura sólido – líquido 
 
Decantação é a técnica frequentemente utilizada para se separar um sólido 
depositado no fundo de um recipiente que contém um líquido. O sólido é denominado 
sedimento. O líquido é cuidadosa e lentamente transferido para um outro copo com a 
ajuda de uma vareta, tal como é possível observar na figura 3.5. 
 
 
 
 
 
 
 
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Fig 3. 5- Decantação 
(Extraído de Nunes, N.; Cruz.A.C.; Acção (Re) Acção; 2006) 
 
III – Separação de partículas sólidas insolúveis num líquido ou numa solução 
 
 
A separação de partículas em suspensão pode ser efectuada recorrendo a uma 
filtração. Das várias técnicas de filtração é de referir a filtração por gravidade e a filtração 
a pressão reduzida. 
 
Filtração por gravidade 
 
Este tipo de filtração ocorre devido ao efeito da gravidade sobre a mistura que se 
pretende separar. A mistura deve ser constituída por uma fase sólida e uma fase líquida. 
Deve fazer-se passar a mistura por uma “barreira porosa” que habitualmente é o papel de 
filtro (mas também podendo ser utilizados outros materiais que permitam reter as 
partículas sólidas). O filtro servirá para reter as partículas sólidas. Estas partículas 
adquirem o nome de resíduo, enquanto que a mistura líquida que contém partículas de 
menor dimensão atravessa o papel de filtro formando o filtrado. Um dos problemas desta 
técnica é a obstrução do filtro pelas pequenas partículas bem como a elevada viscosidade 
(Reger; Goode; Mercer; 1997). 
Nesta técnica é importante a preparação do papel de filtro. O tamanho do filtro deve 
ser o mais adequado à quantidade de sólido que se pretende separar, não devendo ocupar 
mais de 1/3 da capacidade do papel de filtro, para que seja possível efectuar a lavagem do 
mesmo posteriormente. 
Os filtros preparados podem ser de pregas ou lisos. Os filtros de pregas são os 
mais indicados quando se pretende recolher o líquido, pois têm maior área e maior 
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velocidade de filtração. Os filtros lisos são mais utilizados quando pretendemos recolher o 
resíduo sólido. Após a preparação o papel deve adaptar-se ao funil, devendo molhar-se 
com o solvente. Este procedimento permite a minimização das perdas e maior aderência 
do papel ao funil. 
 
Filtração a pressão reduzida 
 
Este tipo de filtração é utilizada quando se pretende efectuar uma filtração mais 
rápida que a anterior ou então quando as partículas sólidas da mistura apresentam 
dimensões muito pequenas. Para a realização desta filtração é necessário utilizar um 
Kitasato, um funil de Büchner e uma bomba de vácuo. Deverá colocar-se entre a trompa 
de vácuo e o recipiente de recolha de filtrado um segundo Kitasato como segurança, 
evitando a entrada de água no filtrado caso ocorram variações de pressão. Após efectuado 
o vácuo no sistema, o sistema aspira a mistura, “obrigando” o líquido a passar através do 
filtro. As partículas sólidas ficam retidas no papel de filtro. Deve ter-se o cuidado de só 
desligar o sistema de vácuo quando se fizer entrar ar no sistema através do Kitasato de 
segurança. 
 
 
 
 
Centrifugação 
 
Tal como foi dito anteriormente, depois de se efectuar uma filtração ficam partículas 
de pequenas dimensões em solução, que devem ser separadas utilizando para tal uma 
outra técnica que se denomina centrifugação. 
O processo baseia-se na utilização de uma centrifugadora (manual ou mais 
sofisticada) onde se colocam vários tubos de ensaio, que rodam a alta velocidade (Fig 
3.6). A separação é efectuada entre partículas de massa diferente. Formam-se depósitos 
de sólidos no fundo dos tubos de ensaio, separando-se o líquido por decantação. Este 
processo pode também ser utilizado para separar componentes de misturas coloidais. 
 
 
 
 
 
 
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Fig 3. 6- Centrifugação 
(Extraído de Nunes; Cruz; Acção (Re) Acção; 2006) 
 
 
IV – Separação de líquidos imiscíveis 
 
 A técnica que permite a separação de dois ou mais líquidos imiscíveis designa-se 
decantação em funil. A mistura é colocada num funil de decantação, de modo que as 
diferentes camadas se separem. Inicialmente é recolhido o líquido que apresenta maior 
densidade (que é o líquido da camada inferior) para um gobelé. Um exemplo comum em 
que pode ser utilizado este tipo de separação é a mistura água / azeite (Fig 3.7). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig 3. 7- Decantação em funil 
(Extraído de Nunes; Cruz; Acção (Re) Acção; 2006) 
 
 
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3.2.2. Misturas homogéneas 
 
I – Separação de um soluto de uma solução 
 
 Para a recuperação de um sólido (soluto) que se encontra dissolvido numa solução 
pode recorrer-se à ebulição do solvente, que consiste em levar à ebulição o solvente, 
passando este para o estado gasoso. A sua utilização pode ser por exemplo para separar 
o cloreto de sódio de uma solução aquosa de cloreto de sódio. 
 
Uma outratécnica de separação de um sólido dissolvido numa solução saturada é 
a cristalização. Esta técnica consiste em deixar evaporar lentamente o solvente à 
temperatura ambiente, obtendo-se os cristais do sólido que se pretende recuperar. É uma 
técnica habitualmente utilizada nas salinas para obtenção do sal a partir da água do mar. 
 
 
 
II – Separação de diferentes solutos de uma solução 
 
Existem técnicas que se baseiam nas diferenças de afinidade para outros materiais, 
essas diferenças manifestam-se no dia-a-dia por exemplo nas manchas na roupa 
provocadas pelos diversos alimentos (Reger, D., Goode, S., Mercer, E.; 1997). Estas 
manchas são removíveis com níveis de dificuldade diferentes, dependendo da constituição 
do alimento. O princípio de remoção assenta na técnica de separação designada por 
cromatografia. A cromatografia surge no mundo da química como uma poderosa técnica 
e é frequentemente utilizada. Esta técnica utiliza dois materiais: um estacionário e o outro 
em movimento, designados respectivamente por fase estacionária e fase móvel. A 
fundamentação da técnica assenta na migração diferencial dos componentes de uma 
mistura, como consequência da interacção das duas fases imiscíveis. A cromatografia 
pode ser utilizada na identificação de compostos, efectuando comparação com outros 
padrões, ou para purificação de compostos, separando os componentes de misturas. 
 
Existem diversos tipos de cromatografia, podendo esta ser em papel, cromatografia 
em camada fina (CCD), cromatografia gasosa (CG) e cromatografia líquida de alta 
eficiência (HPLC). A escolha do tipo de cromatografia depende do material que se 
pretende separar. 
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De entre todos os tipos de cromatografia o mais simples é a cromatografia em 
papel. O papel representará a fase estacionária (aquosa, uma vez que o papel apresenta 
na sua constituição moléculas de celulose) e a fase móvel é o solvente orgânico. A mistura 
é colocada na zona inferior do pedaço de papel e a extremidade por sua vez imersa na 
fase líquida móvel. À medida que a fase móvel se desloca sobre a fase estacionária os 
componentes serão arrastados de acordo com a afinidade, tal como se observa na figura 
3.8, ou seja, os componentes que não são fortemente atraídos para o papel são arrastados 
com o líquido enquanto que os que são fortemente atraídos pelo papel movem-se mais 
lentamente o que provocará a separação (Ibid, 1997, p.27). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig 3. 8- Cromatografia em papel 
(Extraído de Reger Daniel et. al, Química: Princípios e Aplicações; 1997) 
 
III – Separação de componentes de uma mistura de dois ou mais líquidos ou 
de um sólido dissolvido num líquido 
 
A destilação é utilizada para separar soluções de líquidos com pontos de ebulição 
diferentes (com pelo menos 25 ºC de diferença) ou soluções líquidas em que um dos 
componentes é volátil. 
A operação decorre quando a solução é submetida a um aumento de temperatura 
ou diminuição da pressão. É a combinação destes dois factores que facilita a ocorrência da 
destilação. Reconhecem-se dois tipos de destilação: a destilação simples e a destilação 
fraccionada. 
 
 
 
 
 
 
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Fig 3. 9-Destilação simples 
(Extraído de Reger Daniel et. al, Química: Princípios e Aplicações, 1997) 
 
Destilação Simples 
 
É sabido que as substâncias puras apresentam pontos de ebulição bem definidos, 
mas o mesmo não se pode dizer das substâncias impuras. Com base neste conhecimento 
é possível separar e caracterizar determinados componentes de uma mistura, que 
apresentem diferentes volatilidades. A separação dos vários componentes de uma mistura 
líquida (ou mistura de um sólido dissolvido num liquido), pode ser efectuada utilizando a 
montagem apresentada na figura 3.9. Na destilação simples de uma mistura de dois ou 
mais líquidos com pontos de ebulição diferentes, o primeiro líquido recolhido será mais rico 
no componente que apresenta menor ponto de ebulição (ou seja o mais volátil). Este é 
arrefecido no condensador, que é percorrido externamente por água, condensando. No 
entanto, o vapor irá conter uma certa quantidade dos restantes componentes da mistura. O 
líquido recolhido pode ser novamente destilado caso se pretenda, obtendo-se nesse caso 
um líquido mais enriquecido no componente mais volátil (ibid, 1997, p.25). 
 
Destilação Fraccionada 
 
Após a destilação simples de uma mistura líquida o destilado irá conter sempre 
uma percentagem dos outros componentes mesmo que em pequena quantidade. Para que 
se obtenham substâncias puras pode recorrer-se à destilação fraccionada. 
A destilação fraccionada é relativamente diferente da destilação simples, neste 
caso o vapor proveniente do balão de destilação é encaminhado para uma coluna de 
grande comprimento, entre o balão de destilação e o condensador, denominada coluna de 
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fraccionamento, onde em ciclos sucessivos condensa e evapora (refluxo). Os vapores que 
atingem o topo da coluna são enriquecidos no componente mais volátil, que por 
arrefecimento da coluna vão condensar. (ibid, 1997, p.25) 
Uma vez que o trajecto percorrido é maior que na destilação simples, verifica-se 
uma sucessão de estados de equilíbrio condensação /vaporização. Tal permite aumentar a 
eficácia da separação. Numa primeira etapa o vapor do líquido mais volátil atinge o topo da 
coluna de fraccionamento, predominando nas primeiras fracções de destilado que se 
recolhe. Durante esta etapa a temperatura permanece constante. Após a destilação 
completa do componente a temperatura deverá subir e quando se mantiver constante de 
novo, verificar-se-á a destilação do segundo componente. Este procedimento repete-se até 
que todos os componentes sejam extraídos da mistura. 
 
 
Cuidados a ter antes de iniciar a destilação 
 
Antes de iniciar qualquer destilação, seja ela simples ou fraccionada, é necessário tomar 
algumas precauções tais como: 
 
 Verificar o ajuste de todos os esmerilados das ligações. 
 
 Verificar o sentido de circulação da água no condensador, que deve ser 
contrário ao sentido de circulação do destilado. 
 
 Adicionar reguladores de ebulição, podendo ser pedaços de porcelana ou 
esferas de vidro, de modo a evitar uma ebulição tumultuosa ou o 
sobreaquecimento da mistura. 
 
 Confirmar a quantidade de liquido que se colocou no balão, não devendo 
ultrapassar metade da capacidade do balão evitando-se assim a projecção 
de líquido. 
 
 A velocidade do aquecimento deverá ser lenta, uma vez que só se 
consegue um bom equilíbrio entre o líquido e o vapor quando existe um 
contacto prolongado entre as duas fases. 
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A tabela 3.1 resume todos os processos físicos mais utilizados para realizar as 
separações. 
 
 
Misturas homogéneas 
 
Misturas heterogéneas 
Métodos 
Cristalização Separação magnética 
Ebulição do solvente Sublimação 
Destilação simples Peneiração 
Destilação fraccionada Extracção por solvente 
Evaporação Decantação 
 
Cromatografia 
Filtração 
Centrifugação 
Decantação em ampola 
Tabela3. 1-Processos físicos de separação 
 
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3.3. Separações de Substâncias e a Integração nos Currículos 
 
3.3.1. Princípios orientadores do ensino básico 
 
 
Os princípios orientadores da disciplina de Ciências Físico-Químicas para o ensino 
básico surgem como a “integração no projecto educativo de cada escola” previsto pelo 
Ministério da Educação em 2001. A proposta destas orientações curriculares prende-se 
com a intenção de criar novas formas de dinamizar as aulas, implementando novas 
experiências educativas. Segundo as recomendações do Conselho Nacional de Educação 
(CNE) (parecer nº2/2000) “A autonomia pedagógica, nomeadamente através de projectos 
educativos é também condição de flexibilização curricular, para que os professores ajam 
mais como produtores do que como consumidores de currículo”. Com estes novos 
currículos pretende-se sensibilizar os alunos para questões do mundo actual, estimulando 
o interesse dos alunos para o estudo das ciências. 
As orientações curriculares surgem como proposta que engloba duas disciplinas: as 
Ciências Físico-Químicas e as Ciências Naturais, existindo entre ambas uma 
interdisciplinaridade de saberes. 
Considera-se importante a implementação de um currículo que pretende 
desenvolver competências específicas para a literacia científica. Ao nível do ensino básico 
sugere-se as seguintes competências: 
 
1. Conhecimento (substantivo, processual ou metodológico, epistemológico) 
2. Raciocínio 
3. Comunicação 
4. Atitudes 
 
 
Organização Geral do Programa 
 
De acordo com o sugerido pelo Ministério da Educação (adiante M.E.) os princípios 
orientadores do ensino básico englobam todos os níveis de ensino, 7º, 8º e 9º ano. Nas 
orientações curriculares para os três ciclos do Ensino Básico propõe-se a organização em 
temas gerais tais como: 
 
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Mestrado em Química para o Ensino 72 
 Terra no Espaço 
 Terra em transformação 
 Sustentabilidade na Terra 
 Viver melhor na Terra. 
 
A visão e abordagem destes temas incide sobretudo numa perspectiva Ciência-
Tecnologia-Sociedade-Ambiente (adiante CTS-A) e tal como mencionado nas orientações 
curriculares “possibilita alargar os horizontes da aprendizagem, proporcionando aos alunos 
não só o acesso aos produtos da ciência mas também aos seus processos, através das 
potencialidades e limites da ciência e das suas aplicações Tecnológicas na Sociedade”. 
 Os temas apresentam seguimento. Embora incidindo sobre aspectos diferentes, 
todos promovem a aplicação das ciências e em particular das Ciências Físico-Químicas a 
situações concretas do quotidiano, na resolução de questões que só são devidamente 
explicadas com conteúdos científicos. 
A abordagem do tema Separações Físicas surge inserido no tema “Terra em 
Transformação”, mais especificamente na “constituição do mundo material”, tal como se 
verifica na figura 3.10. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Mestrado em Química para o Ensino 73 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig 3. 10- Organização dos temas gerais do Ensino Básico 
(adaptado do ministério da Educação, 2001) 
 
A abordagem do estudo das separações de substâncias de uma mistura, centra-se 
na questão ”Como é constituído o mundo material?”. 
Associado a este tema de separações físicas, encontram-se outros conceitos tais 
como: substâncias, mistura de substâncias e propriedades físicas das substâncias cujo 
estudo é necessário para a compreensão do processo de separações. Destacam-se para 
este tema objectivos específicos tais como (M.E; 2001): 
 Compreensão da existência de diferentes materiais, propriedades distintas e de 
diferentes utilizações; 
 Distinção entre substância e mistura de substâncias; 
 Utilização das diferentes técnicas de separação a casos concretos de misturas. 
 
 
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3.3.2. Princípios orientadores do ensino secundário. 
 
 O tema “Processos Físicos de Separação” é aplicado especificamente ao nível do 
ensino básico. No entanto, os processos físicos de separação são abordados novamente 
no 10º ano de escolaridade. Esta TIPS (ou uma adaptação mais exigente) também pode 
ser aplicada ao nível do ensino secundário no intuito de efectuar uma breve revisão de 
conceitos e, como tal, explicita-se seguidamente como se poderia enquadrar no programa 
do Ensino Secundário. 
 Como resultado da “Revisão Curricular do Ensino Secundário” surge a 
homologação do programa de Física e Química A em 2001. No Ensino Secundário o tema 
em questão enquadra-se no módulo inicial: “Materiais: diversidade e constituição”, 
pretendendo-se a “explicação do mundo material e artificialmente construído” (M.E, 2001), 
reforçando a ideia que se estabeleceu no ensino básico de que o mundo à nossa volta é 
constituído por substâncias. O principal objectivo deste módulo é a consolidação de 
conhecimentos que, embora adquiridos no ensino básico, são fundamentais para a 
aprendizagem de posteriores conceitos 
 Os objectivos de aprendizagem para este tema, iniciado com as questões: 
“Materiais: Qual a origem?; Que constituição e composição?; Como se separam 
constituintes?”, são (M.E.; 2001): 
 
 Utilização do conceito de substância para descrever o mundo material, 
podendo existir isoladamente ou com a formação de misturas; 
 Caracterização de misturas e de substâncias; 
 Explicitação dos diversos passos de modo a dar resposta a questões 
resolúveis experimentalmente; 
 Relacionar a técnica com o princípio subjacente; 
 Aplicar técnicas adequadas à separação de misturas e princípios 
subjacentes; 
 Percepção das limitações das técnicas, enquanto processos de 
componentes de misturas; 
Ao nível do ensino secundário é fundamentalmente privilegiado o trabalho laboratorial. O 
seguinte esquema permite identificar de que modo os processos físicos de separação 
estão integrados na reestruturação dos novos temas. 
 
 
 
Actividades Envolvendo os pais no Ensino da Química: Uma experiência no 7º Ano. 
Mestrado em Química para o Ensino 75 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig3. 1- Contextualização dos conceitos relacionados com os processos físicos de 
separação (adaptado do Ministério da Educação, 2001). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig 3. 11-Organização dos temas gerais Fisica-Química A 
(adaptado do ministério da Educação, 2001) 
Actividades Envolvendo os pais no Ensino da Química: Uma experiência no 7º Ano. 
Mestrado em Química para o Ensino 76

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