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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CAMPUS PROF. ALBERTO CARVALHO NÚCLEO DE QUÍMICA LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS (LIBRAS) Componentes: Amanda Vasconcelos de Gois Angélica Tavares dos Santos Diego Andrade Vasconcelos Edna da Silva Machado Jonas da Silva Santos Luzia Rejane Lisboa Santos Tácia Moema Professora: Mônica de Goes Silva Barbosa Assunto: Entrevista com um surdo(a) ITABAIANA Dezembro/2010 I. Introdução A nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação do Brasil (Lei nº 9394/96) preceitua que as crianças “portadoras de necessidades educativas especiais”, devem ter sua escolaridade atendida, fundamentalmente, pela escola regular, de modo a promover a integração/inclusão. Porém, o que é visto no encadeamento escolar, é uma fuga da implantação desse processo integração/inclusão, no entanto com grandes expectativas desta implantação não só para o surdo, como também para sua família ou até pela sociedade ouvinte. Uma das maiores conquistas dos surdos é sua entrada na universidade. Esse número cresce a cada ano, segundo dados do Ministério da Educação, em 2003, apenas 665 surdos frequentavam a universidade. Em 2005, esse número aumentou para 2.428, entre instituições públicas e privadas (BISOL et al apud Brasil, 2006). O contexto universitário é desafiador para todos os jovens. Problemas de adaptação à vida acadêmica e às obrigações que ela impõe conduzem muitas vezes ao fracasso e ao abandono. Para conseguir assimilar as novas informações e os novos conhecimentos, eles precisam contornar as falhas da trajetória escolar anterior, como deficiências de linguagem, inadequação das condições de estudo falta de habilidades lógicas, problemas de compreensão em leitura e dificuldade de produção de textos (BISOL et al apud Sampaio, Santos, 2002). O trabalho consiste na aplicação de um questionário em caráter descritivo relatando os obstáculos enfrentados e a importância da LIBRAS ao longo do processo de ensino/aprendizagem. A entrevistada, Lívia Marita Oliveira, reside em Aracaju-SE, cursa o primeiro período de Sistema de Informação na Universidade Federal de Sergipe – Campus Itabaiana. II. OBJETIVOS Compreender a vivência do surdo diante de uma sociedade majoritária ouvinte; Avaliar sua trajetória escolar (inclusão nas escolas); III. METODOLOGIA Neste trabalho foi realizada uma entrevista com uma aluna surda do curso de Sistemas de Informação, matriculada regularmente no 1º período, da Universidade Federal de Sergipe - Campus Prof. Alberto Carvalho. IV. ENTREVISTA A entrevista foi realizada na biblioteca do campus de Itabaiana, com a aluna Lívia Marita Oliveira, 20 anos de idade que reside na cidade de Aracaju. Atualmente é aluna da Universidade Federal de Sergipe – Campus Prof. Alberto Carvalho, no Curso de Sistema de Informação, onde está cursando o primeiro período. Segundo a entrevistada, sua surdez se deu por conta da combinação dos genes dos seus avós, pois eles são primos, [...], seu problema auditivo não foi descoberto a tempo para que fosse tratado. Os pais percebiam alguns sinais da sua perda auditiva, mas não levaram em conta esses indícios, o que acabou culminando com a sua perda de audição. Em relação ao dialogo com seus familiares, a entrevistada diz ser bastante complicado, pois, sua mãe fala pouco a língua de sinais e o seu pai não sabe, se comunicando através da digitalização das palavras. Já os outros familiares, como seus avós não sabem libras, apenas a sua irmã que também está perdendo a audição sabe se comunicar bem com ela, pois logo que foi descoberto seu problema auditivo ela estuda libras. Podemos perceber que este é um caso que é vivenciado por grande parte da comunidade surda, pois muito comumente os familiares fazer uso de sinais próprios para comunicar-se com os surdos, sendo que, na maioria das vezes estes não tem conhecimento da língua brasileira de sinais, para que possam se comunicar melhor. Desde a 6ª série a entrevistada é acompanhada por um interprete, e sempre estudou com colegas ouvintes, o que lhe ajudou a aprender a ler os lábios – “[...] sempre estudei com ouvintes. Por isso aprende a ler lábios e consigo entender algumas coisas”. Diz a entrevistada: “Tive meu primeiro intérprete na 6ª série, aqui é o meu segundo [...]”. Pode-se perceber que esta é uma iniciativa do governo para que a inclusão do surdo possa acontecer na sociedade majoritariamente ouvinte, pois sabe-se que é importante a presença de um interprete para que o surdo possa se comunicar melhor com a comunidade ouvinte e vice-e-versa. Assim pode-se perceber que a surdez como muitos podem pensar não é um problema para o surdo e sim uma forma de comunicação diferenciada. A maior dificuldade relatada pela entrevistada, com relação ao curso, ela diz que tem muita dificuldade com a disciplina de programação e também em alguns momentos quando não entende o que seu interprete fala, mas seus colegas a ajudam bastante quando ela tem dúvidas. Ela diz ainda: “o curso é bom, as matérias que não são tão boas assim”. Como foi citado acima a entrevistada tem um bom relacionamento com seus colegas de curso. Lívia diz que: “Meu relacionamento com os colegas é ÓTIMO pq todos me respeitam [...]”. Seu interprete é um profissional formado. Mas ela diz que muitas vezes tem dificuldade em entender o que ele diz, então pede pra que ele repita e as palavras seguintes do professor são perdidas, pois ela ainda está tentando entender a frase anterior. No dia da sua prova de vestibular Lívia teve ao seu dispor um interprete, para auxiliar os ficais da sua sala. V. CONSIDERAÇÕES FINAIS Pode-se perceber que a surdez não é um problema para o surdo, pois foi relatado pela entrevistada, seu bom relacionamento com seus colegas ouvintes. Muitas crenças e preconceitos permanecem muito vivos e fortes na nossa sociedade, porém Segundo Gesser há um sentimento de mudança pairando no ar. A obrigatoriedade de formação nas áreas de licenciatura no ensino superior para surdos, a inclusão da libras em alguns currículos...Sem dúvida, o momento é do surdo e para o surdo. Mas nas ondas das boas novas também se infiltram as velhas praticas e os velhos discursos. Apesar de observarmos que a inclusão é uma realidade, existe ainda empecilhos a serem melhor discutidos, como a grande dificuldade que tem, o ouvinte, em comunicar-se com o surdo. A nosso ver para tentar solucionar o problema relatado anteriormente, pode ser a implementação de sala de recursos nas quais estarão monitores capacitados para melhor explicar os conteúdos que são de difícil compreensão. ANEXO A Questionário Nome: Lívia Marita Oliveira Idade: 19 anos Onde mora: Aracaju Estado civil: Solteira Surdo de Nascença? Como se dá sua comunicação com seus familiares? Algum de seus professores sabe LIBRAS? Foi oralizada, faz leitura labial ou o que? Qual sua maior dificuldade no curso? Qual sua relação com seus colegas ouvintes? Qual o grau de dependência, na comunicação, que você tem do seu interprete? Em algum momento você poderia ficar sem o seu interprete e conseguir ter o mesmo rendimento nas aulas? Houve algum tratamento diferenciado por parte da universidade com relação ao seu vestibular?
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