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1 GPON uma breve abordagem da tecnologia1 Waldirley Lopes SILVA Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora, Juiz de Fora, MG Almir Gonçalves PEREIRA RESUMO Desde que Basil Isaac Hirschowitz conseguiu transmitir informações complexas utilizando fibras ópticas o grande desafio tem sido aumentar cada vez mais a capacidade de transmissão de dados neste meio. Juntando-se à crescente necessidade de largura de banda para disponibilizar serviços como vídeo HD (High Definition), Cloud Computing e jogos online desenvolveu-se a filosofia FTTx (Fiber-To-The-x) e o conceito PON (Passive Optical Network), tendo como tecnologia mais recente o GPON (Gigabit-Capable Passive Optical Network). Estes conceitos veem para suprir o crescente aumento da demanda por serviços de alta capacidade, não só por parte das grandes corporações, mas também pelas pequenas e médias empresas e pelos clientes residenciais. Este trabalho tem como objetivo mostrar que as redes ópticas passivas são uma realidade na solução para as redes de acesso e que a sua implantação é viável mesmo em redes ópticas legadas. Palavras-chave: FTTx; PON; GPON; Redes ópticas. ABSTRACT Since Basil Isaac Hirschowitz managed to transmit complex information using optical fibers, the challenge has been increasing significantly the capacity of data transmission in this way. Joining the raise need for bandwidth to provide services such as HD video, cloud computing and online games, was developed FTTx (Fiber - To-The - x) philosophy, the concept PON (Passive Optical Network) with the latest technology GPON (Gigabit - Capable Passive Optical Network). These concepts come to meet with the growing demand for high-capacity services, not only by large corporations but also for small and medium businesses and residential customers. This work aims to show that passive optical networks are a real solution for access networks and its implementation is viable even in legacy optical networks. Keywords: FTTx; PON; GPON; Optical networks. 1 Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora, como requisito parcial para a conclusão do Curso de Graduação em Engenharia de Telecomunicações. 2 1 INTRODUÇÃO O grande desafio das operadoras de telefonia, provedores de internet e fabricantes de equipamentos de telecomunicações, tem sido prover ao usuário final, seja ele corporativo ou residencial, banda suficiente para utilização de aplicações triple play, que é o serviço que entrega voz, dados e imagens em um único acesso. As tecnologias atuais que utilizam par de fios de cobre trançado (xDSL – Digital Subscriber Line) ou cabo coaxial (cable modem, baseado no DOCSIS – Data Over Cable Service Interface Specification) estão limitadas tanto pela taxa de transmissão, quanto pela distância. Estas redes já não se mostram capazes de atender a esta demanda cada vez maior por largura de banda (GREEN, 2006). Uma solução para esta demanda por banda de transmissão é a fibra óptica, que possui uma capacidade, teoricamente infinita, para transmissão de dados. Porém, a utilização da fibra óptica em uma topologia ponto a ponto nas redes de acesso, para atender ao conceito do FTTH (Fiber To The Home), ainda é uma alternativa financeiramente inviável. Nos anos 90, começou-se a estudar as redes ópticas passivas, surgindo então a tecnologia PON (Passive Optical Network). Com esta nova tecnologia a utilização da fibra óptica até o cliente passa a ser vista com mais interesse pelas operadoras e provedores, pois a tecnologia é baseada em uma topologia ponto multiponto, com divisores ópticos passivos, dispensando os amplificadores ativos existentes no HFC (hybrid fiber–coax). Este artigo tem como objetivo fazer uma breve apresentação da última tecnologia baseada em redes ópticas passivas, o GPON (Gigabit capable Passive Optical Network). Este trabalho está organizado da seguinte forma: no capítulo 2 é apresentada a aplicação da fibra ótica em diferentes setores; no capítulo 3 é feita uma breve abordagem do conceito FTTx (Fiber To The x); no capítulo 4 é apresentada a definição e a evolução das redes ópticas passivas; o capítulo 5 traz os detalhes da tecnologia GPON e no capítulo 6 é feita uma comparação entre algumas tecnologias que antecederam o GPON. 2 APLICAÇÕES DAS FIBRAS ÓPTICAS A fibra óptica está presente em diversos setores da sociedade como, por exemplo, na medicina onde se usa a fibra em aparelhos que captam imagens do interior do corpo humano, sensores de temperatura, pressão, pH e de vazão sanguínea, entre outros. No setor industrial as fibras ópticas são utilizadas em sistemas de telemetria e na supervisão 3 e controle de processos. Na indústria automobilística as fibras são utilizadas desde o controle do motor e do sistema de transmissão até nos acessórios secundários, como controle de portas e janelas, aquecimento e refrigeração de ar. Na área militar as fibras ópticas são muito utilizadas nos links de comunicação, no guiamento de mísseis e nos veículos aéreos, terrestres ou submarinos controlados remotamente. Nos sistemas de TV a cabo a utilização da fibra óptica iniciou na primeira milha, da provedora até perto do usuário, garantindo melhor qualidade ao sistema (PEREIRA, 2008). Nas telecomunicações as fibras ópticas foram utilizadas inicialmente no sistema telefônico, com a função de interligar as centrais de tráfego urbano, interurbano e intercontinental. Com o aumento da demanda, foi necessária a multiplexação do sinal óptico. Então, nos anos 80, foi desenvolvido o sistema de multiplexação por divisão de comprimento de onda, o WDM (Wavelength-Division Multiplexing), com capacidade para transmitir 4 canais simultaneamente, possibilitando quadruplicar a capacidade de uma única fibra óptica. Em meados dos anos 90 foi desenvolvido o CWDM (Coarse Wavelength-Division Multiplexing) tornando possível a utilização de 4 a 8 canais por fibra, e, em seguida, o DWDM (Dense Wavelength-Division Multiplexing), aumentando ainda mais, podendo-se utilizar de 16 a 128 canais numa única fibra óptica (AGRAWAL, 2002). O contínuo aumento da demanda por largura de banda gerou a necessidade de se utilizar a fibra óptica também na última milha em atendimento ao cliente final, corporativo ou residencial, motivando novas tecnologias de acesso, como por exemplo, o FTTx. 3 FTTx: FIBER–TO–THE–X Em razão do aprimoramento das redes ópticas ao longo dos anos obteve-se um aumento considerável da banda de transmissão, tendo como consequência o desenvolvimento do conceito FTTx e do PON. Estes conceitos vieram para suprir o crescente aumento da demanda por serviços de alta capacidade, não só por parte das grandes corporações, mas também pelas pequenas e médias empresas e pelos clientes residenciais. FTTx é um termo genérico para qualquer arquitetura de rede de banda larga através de fibra óptica, que permite substituir toda ou parte da rede de cabos metálicos que são utilizadas para a última milha (STOBER, 2005). O FTTx pode utilizar como arquitetura de rede as redes ópticas passivas - PON, que é uma rede que não utiliza componentes ativos para realizar a distribuição do sinal. A letra x é substituída de acordo com o conceito técnico utilizado em função do ponto de aplicação, conforme as definições a seguir baseadas em (JANSSEN, 2012). 4 3.1 FTTN Fiber To The Node ou fibra até o nó, também pode ser chamado de fibra até o bairro. Nesta topologia a rede óptica é utilizada desde a central ou estação de telecomunicações até um ponto chamado de nó, que ficaa uma distância maior que 300 m do assinante. O sistema FTTN geralmente utiliza cabo coaxial ou par trançado na última milha. 3.2 FTTC Fiber To The Curb ou fibra até o armário é a utilização de rede óptica até um ponto mais próximo do assinante. Normalmente a distância entre o assinante e o gabinete ou armário é inferior a 300 m. O FTTC é muito utilizado como backhaul (interligação entre o núcleo da rede e a rede de acesso) para tecnologia Wi-Fi ou Wireless. Assim como no FTTN, a última milha utiliza cabo coaxial ou par trançado. As taxas de dados são diferentes de acordo com o protocolo utilizado e a distância entre o cliente e o gabinete ou armário. 3.3 FTTB Fiber To The Building ou fibra até o edifício é a utilização de rede óptica até uma construção de grande porte como, por exemplo, um prédio. A partir deste ponto a conexão com o cliente final pode ser feita por cabo metálico ou fibra óptica com sistemas ativos ou passivos. 3.4 FTTH Fiber To The Home, ou fibra até o lar. Nesta topologia a interligação entre a operadora ou o provedor e o cliente é feita totalmente por fibra óptica. O principal benefício na utilização de fibra óptica até o cliente é o fornecimento de conexões de alta velocidade. Em contrapartida, a principal desvantagem é o elevado custo de implantação de redes ópticas, principalmente nas redes ponto a ponto. Com o intuito de diminuir os custos com a implantação de redes ópticas foram desenvolvidas as redes ópticas passivas, a serem tratadas a seguir. 5 4 REDES ÓPTICAS PASSIVAS – PON A rede óptica passiva é o mais novo e crescente sistema de fibra óptica para rede de acesso metropolitana. Este método tem sido adotado por operadoras de telecomunicações como solução de acesso para entrega de serviços, seja em banda larga ou de modo dedicado, em altíssima velocidade (FRENZEL, 2013). A tecnologia PON é composta por uma rede óptica geralmente ponto-multiponto, utilizando uma topologia em árvore, e divisores ópticos para ramificar a rede. Os elementos ativos da rede são responsáveis por realizar a transmissão e o controle do sinal óptico. A PON é composta pelos seguintes equipamentos e rede externa de fibra óptica: ONU ou ONT (Optical Network Unit /Terminal): equipamento de acesso do usuário. OLT (Optical Line Terminal): equipamento que concentra e distribui o tráfego proveniente das ONUs ou ONTs. Este equipamento fica na estação da operadora. ODN (Optical Distribution Network): formada basicamente pela rede externa de fibras ópticas e divisores ópticos passivos (ITU-T Rec. G.984.1, 2003). Na Figura 1 é apresentada uma estrutura típica de uma PON. Figura 1 Estrutura típica de uma rede óptica passiva Fonte: FORUM, 2012 Existem diferentes aplicações em que as redes PONs podem ser utilizadas. A seguir são apresentadas algumas delas. 6 4.1 ATM – PON (APON) O APON foi o primeiro padrão de redes passivas, tendo como foco a tecnologia ATM (Asynchronous Transfer Mode) que, em 1996, era o único sistema de transporte que possibilitava a transmissão de voz, dados e vídeo simultaneamente. Neste padrão, a distância entre a OLT e a ONT é de no máximo 20 km e a quantidade de ONTs por ramo é limitada em 32. No downstream, a transmissão é feita em taxas de 155 Mbps e 622 Mbps; no upstream, a 155 Mbps (GREEN, 2006). 4.2 BROADBAND – PON (BPON) Como o termo APON levava ao entendimento de que somente serviços ATM poderiam ser atendidos, então o grupo FSAN (Full Service Access Network) lançou o nome BPON (Broadband PON), tendo como objetivo oferecer serviços de banda larga incluindo acesso Ethernet e distribuição de vídeo. Este padrão é baseado no APON sendo acrescentado suporte para WDM, maior alocação de largura de banda upstream e interface de gerenciamento entre OLT e ONU, chamado OMCI (ONU Management and Control Interface). No downstream a transmissão pode chegar a 1250 Mbps e no upstream a 622 Mbps (GREEN, 2006). 4.3 ETHERNET – PON (EPON) Em 2000 foi formado pelo IEEE (Institute of Electrical and Electronics Engineers) o grupo de estudos EFM (Ethernet in the First Mile), com o objetivo de estudar a utilização de ethernet nos links de fibra óptica. Os estudos, concluídos em 2004, estabeleceram a padronização IEEE 802.3, onde o EFM introduz o conceito de EPON onde uma topologia de rede ponto-multiponto é implementada com divisores ópticos passivos. A transmissão no EPON é simétrica (mesma taxa de transmissão em ambas as direções), com taxa de 1250 Mbps, adequada para serviços de dados (HERNÁNDEZ, 2013). 4.4 GIGABIT PON (GPON) O GPON foi projetado para volumosos tráfegos IP, descrito como combinação dos melhores atributos Gigabit, permite o transporte IP puro sem exigir pontos ativos na rede de acesso, a ser melhor visto a seguir. 7 5 GPON – REDE ÓPTICA PASSIVA COM CAPACIDADE DE GIGABIT As definições do GPON começaram em 2001, com o consórcio FSAN, que tinha como objetivo padronizar as redes ópticas passivas operando em 1 Gbps, sendo que a conclusão do trabalho ocorreu em 2004. A padronização elaborada pela FSAN foi aprovada e publicada pela ITU-T em 2003, como recomendação G.984, sendo que a série de recomendações está dividida em 6 partes, de G.984.1 a G984.6. A capacidade de transmissão do GPON é superior às versões anteriores, sendo totalmente compatível com elas. Transporta não somente Ethernet, mas também ATM e TDM, incluindo PSTN, ISDN, E1 e E3. Suporta várias taxas de transmissão tanto em upstream quanto em downstream (ITU-T Rec. G.984.1, 2003). 5.1 CARACTERÍSTICAS GERAIS DO GPON Assim como nas outras tecnologias baseadas em redes ópticas passivas, os sistemas GPON são caracterizados, em geral, por um OLT e uma ONU ou ONT com uma ODN interligando-os. Há, em geral, uma relação ponto-multiponto entre o OLT e as ONU/ONTs. Além dos elementos principais, fazem parte do sistema GPON, a SNI (Service Node Interfaces) que são as interfaces disponibilizadas pelas operadoras para conexão com sua rede de agregação, que consiste na rede de serviços da operadora como transporte, internet, telefonia, etc. O R/S e S/R, que é a Interface entre OLT e a ODN, e entre ONU e ODN, ou seja, os conectores ópticos. O AF (Adaptation Function) equipamento adicional para alterar a interface da ONU/ONT de acordo com a necessidade do assinante, este equipamento é utilizado somente se as interfaces presentes na ONU/ONT não atenderem a necessidade do assinante. A UNI (User Network Interface) que é a interface solicitada pelo cliente. A IFPON que é uma interface específica do PON que suporta todos os elementos e protocolo necessários para permitir a transmissão entre OLT e ONU. O NE (Network Element), que são equipamentos que utilizam comprimento de onda diferente do OLT e ONU/ONT (ITU-T Rec. G.984.1, 2003), conforme se pode verificar na estrutura apresentada na Figura 2. 8 Figura 2 Estrutura de uma GPON. Fonte: Adaptado de ITU-T Rec. G.984.1, 2003, p.05 5.2 COMPONENTES DO GPON OLT é o equipamento responsável por multiplexar o tráfego oriundo das ONU/ONTs para entregar à rede de agregação, e distribuir o conteúdo agregado recebido da rede de agregação aos respectivos terminais ligados à interface pela rede óptica. Este equipamento é composto por: - Portas com interface óptica para conexão com a ODN e ONU/ONT: portas PON; - Portas de serviço, para conexão à rede de agregação da operadora: portas de uplink; - Função cross-connect. Na Figura 3 é apresentadoum OLT do fabricante ZTE como exemplo. 9 Figura 3 OLT fabricante ZTE modelo C220. Fonte: Foto do autor De acordo com a recomendação da ITU-T G.984.2 o OLT deve ser projetada com capacidade para receber 128 ONU/ONTs por porta PON, que são as portas ópticas que têm conexão com a ODN. Cada porta PON tem as seguintes características, de acordo com ITU-T Rec. G.984.2: - Taxa de transmissão (downstream / upstream), conforme Tabela 1 abaixo: Tabela 1 Relação de taxa de transmissão do GPON de acordo com ITU-T G.984.2 Downstream (Mbps) Upstream (Mbps) 1244,16 155,52 1244,16 622,08 1244,16 1244,16 2488,32 155,52 2488,32 622,08 2488,32 1244,16 2488,32 2488,32 Fonte: Criado pelo autor com dados extraídos de ITU-T Rec. G.984.2, 2003, p. 4 10 - Alcance: é dividido em dois tipos, sendo o primeiro o lógico, que é aquele que não depende dos recursos da camada física, ou seja, da fibra óptica, fusões e splitters, e é limitado em 60 km. E o segundo, o alcance físico, que é aquele que depende dos recursos da camada física, e está limitado em 20 km. - Split ratio: que é a relação de divisões feitas no sinal original que sai de uma porta PON. Para as operadoras quanto maior for esta divisão melhor, pois poderá inserir uma quantidade maior de clientes em uma única porta PON, porém, o aumento do split ratio implica na necessidade de aumento da potência de transmissão para que o alcance físico não seja prejudicado. Dada a tecnologia atual o split ratio está limitada em 1:64, no entanto, antecipando a evolução contínua dos módulos ópticos, a camada GTC (Gpon Transmission Convergence) deve considerar split ratio de até 1:128. - Meio de transmissão: deve ser fibra standard ITU-T Rec. G.652. - Direção de transmissão: deve ser full duplex, sendo utilizados os termos downstream para designar o tráfego de dados no sentido OLT para ONU/ONT, e upstream para designar o tráfego de dados no sentido ONU/ONT para OLT. - Método de transmissão: pode ser unidirecional, ou seja, utilizando 2 fibras ópticas ou bidirecional utilizando apenas 1 fibra óptica. No método unidirecional é utilizado o comprimento de onda de 1260 – 1360 nm para downstream e para upstream. No método bidirecional, que é o mais usual, é utilizado o comprimento de onda de 1480 – 1500 nm para downstream e de 1260 – 1360 nm para upstream. Na Tabela 2 são apresentados os níveis de potência óptica de um OLT do fabricante ZTE, que está em conformidade com a série de recomendações ITU-T G.984. Tabela 2 Níveis de potência óptica de um OLT Itens Und Fibra bidirecional e unidirecional OLT Potência mínima de transmissão dBm +1,5 Potência máxima de transmissão dBm +5 Sensibilidade mínima dBm -28 Potência de saturação dBm -8 Atenuação da interface no downstream dB 0,5 Sistemas com taxas de 2,4Gbps em downstream e 1,2 Gbps em upstream. Fonte: Criado pelo autor com dados extraídos de ZTE, 2011, p.68 11 ONU/ONT é uma nomenclatura genérica do terminal instalado no cliente. Este equipamento recebe e transmite sinais ópticos de acordo com o método de transmissão adotado pela rede (unidirecional ou bidirecional), convertendo os sinais ópticos de acordo com as portas disponíveis no equipamento, que podem ser 10/100baseT, 10/100/1000baseT, E1, RF coaxial para TV, etc. Na Figura 4 são exibidas duas ONUs utilizadas para comunicar com o OLT, como mostrado na Figura 3. Figura 4 ONU/ONT do fabricante ZTE Fonte: Fotos do autor Em concordância com a recomendação da ITU-T G.984.2, segue abaixo na Tabela 3 os níveis de potência óptica obtidos por uma ONU/ONT do fabricante ZTE, trabalhando em sistemas com taxas de 2,4 Gbps em downstream e 1,2 Gbps em upstream. Tabela 3 Níveis de potência óptica em uma ONU/ONT Itens Und Fibra bidirecional e unidirecional ONU/ONT Potência mínima de transmissão dBm +0,5 Potência máxima de transmissão dBm +5 Sensibilidade mínima dBm -27 Potência de saturação dBm -8 Atenuação da interface no downstream dB 0,5 Sistemas com taxas de 2,4Gbps em downstream e 1,2 Gbps em upstream. Fonte: Criado pelo autor com dados extraídos da ZTE, 2011, p.68 12 A ODN é composta por todos os elementos passivos que estão entre a OLT e a ONU/ONT. São estes componentes os responsáveis pela maior parte da atenuação do sinal óptico. Dentre estes componentes estão os cabos ópticos, cordões ópticos, conectores ópticos, atenuadores ópticos fixos, passantes ópticos em DGOs (Distribuidor Geral Óptico), emendas por fusão ou mecânicas e divisores ópticos, também conhecidos como Splitter. Splitters ópticos são componentes passivos que realizam a divisão do sinal óptico em uma rede PON. Quanto à divisão de potência os splitters são classificados em balanceados e desbalanceados. Os splitters balanceados dividem o sinal da entrada de forma simétrica nas saídas. A relação entre entrada e saída pode ser de 1:2, 1:4, 1:8, 1:16, 1:32, 1:64 e 1:128 conforme padronização da ITU-T G.984.2. Por outro lado, os desbalanceados, dividem a potência de entrada de forma assimétrica nas saídas, sendo que a relação entre entrada e saída é de 1:2 e a divisão de potência entre as portas de saída ocorre em passos de 10% (60/40, 70/30, 80/20, 90/10) ou de 5% (65/35, 75/25, 85/15, 95/5), visando a atender ramos com atenuação diferenciada. Quanto ao método de fabricação, os splitters são classificados em FBT (Fused Biconical Taper) e PLC (Planar Lightwave Circuit). No método FBT o splitter é produzido por meio de fusão de duas fibras. Este processo é indicado apenas para divisores 1:2 assimétricos, pois possuem uma perda de inserção alta, porém o custo de fabricação é baixo se comparado ao PLC. No método PLC são utilizados circuitos de guia de onda de sílica alinhados com os pigtails (cabinho para emenda) das fibras. Este processo é mais complexo, a perda por inserção é baixa, porém, o custo de fabricação é maior que o FBT (FURUKAWA, 2014). A Figura 5 mostra um splitter óptico balanceado do tipo PLC com relação 1:8, é possível observar o tamanho reduzido deste componente quando comparado com uma tampa de caneta. Figura 5 Splitter óptico balanceado tipo PLC com relação 1:8 Comparando o tamanho do splitter com uma tampa de caneta. Fonte: Foto do autor 13 Com a utilização de splitters a potência do sinal óptico pode ser divida em proporções diferentes de acordo com a necessidade de cada projeto. O splitter é o componente da ODN que insere a maior atenuação na rede. A Tabela 4 mostra alguns modelos deste componente com suas atenuações típicas. Tabela 4 Relação de splitters com sua atenuação típica e tecnologia de fabricação Modelos de Spliter 1:2 Assimétricos mais utilizados Simétricos 10/90 20/80 30/70 35/65 40/60 1:2 1:4 1:8 1:16 1:32 1:64 Perda de inserção máxima (dB) 11/0,7 7,9/1,4 6/1,9 5,35/2,3 4,7 / 2,7 3,7 7,1 10,5 13,7 17,1 20,5 Tecnologia de fabricação FBT FBT FBT FBT FBT PLC PLC PLC PLC PLC PLC Fonte: Criado pelo autor com dados extraídos de FURUKAWA, 2014 5.3 ESTRUTURA DE COMUNICAÇÃO DO GPON Como informado anteriormente, o método de transmissão mais usual é o bidirecional (em uma única fibra), utilizando os comprimentos de onda de 1480 – 1500 nm para downstream e de 1260 – 1360 nm para upstream. No sentido de downstream os dados são enviados em broadcast (envio não direcionado). As informações de cada ONU são divididas no tempo (TDM – TimeDivision Multiplexing). Desta forma, toda informação provida pelo OLT é repassada a todas ONUs da rede, mas cada ONU filtra as informações que lhe são destinadas(ZTE, 2011), a Figura 6 ilustra esta forma de comunicação. Uma forma para se garantir a segurança dos dados transmitidos na rede é a utilização de criptografia, sendo utilizado o algoritmo Advanced Encryption Standard (AES). 14 Figura 6 Representação do tráfego GPON no sentido downstream Fonte: HUAWEI, 2011, p.09 No sentido upstream a transmissão é feita a partir de um arranjo TDMA (Time Division Multiple Access ou Acesso Múltiplo por Divisão no Tempo). Cada ONU tem seu tempo predefinido para realizar a transmissão de seus dados para o OLT. Para evitar colisões, o OLT fica responsável por administrar o momento em que cada ONU deve realizar a transmissão, sendo que cada frame (quadro) em upstream possui um tempo de (ZTE, 2011). A Figura 7 ilustra esta forma de comunicação. Figura 7 Representação do tráfego GPON no sentido upstream Fonte: HUAWEI, 2011, p.10 15 5.4 CAMADAS DO GPON Como mostrado na Figura 8, a estrutura de camada de um GPON, tanto no OLT como na ONU, consiste, basicamente, em duas camadas: PMD (physical-medium- dependent), camada física dependente do meio padronizada pela recomendação ITU-T G.984.2, e a GTC, camada de convergência de transmissão padronizada pela recomendação ITU-T G.984.3. Elas correspondem à camada física e à camada de enlace do modelo de referência OSI, respectivamente (ITU-T Rec. G.984.3, 2004). Figura 8 Representação em camadas do GPON Fonte: Adaptado de ITU-T Rec. G.984.3, 2008, p.16 16 5.4.1 Camada GPON physical-medium-dependent (PMD) A PMD é composta por hardware, sendo este definido pela recomendação ITU-T G.984.2, conforme parâmetros descritos no item 5.2 referentes à taxa de transmissão, método de transmissão, comprimento de onda, tipo de tráfego, split ratio, alcance lógico e físico, etc. 5.4.2 Camada GPON Transmission Convergence (GTC) A camada GTC é dividida em duas subcamadas, como segue: a) Subcamada Framing GTC De acordo com as especificações do ITU-T Rec. G.984.3(2004), a subcamada framing GTC é responsável por realizar a multiplexação e a demultiplexação do PLOAM (Physical Layer OAM ou Operação, Administração e Manutenção da Camada Física), ATM e GEM (G-PON Encapsulation Method ou Método de Encapsulamento G-PON), criação do cabeçalho do GTC no downstream e decodificação no upstream, e roteamento com base no Alloc-ID dos dados em ATM e GEM. b) Subcamada de Adaptação A subcamada de adaptação fornece três adaptadores de convergência de transmissão (TC): - Adaptador de convergência de transmissão ATM, que em conjunto com a subcamada framing (subcamada de quadros) do GTC fornece a interface ATM conforme padrão especificado na recomendação ITU-T I.432.1; - Adaptador TC GEM que pode ser configurado para diversas interfaces de transporte como TDM, Ethernet, SDH e IP; - Adaptador OMCI (ONU Management and Control Interface) que, na ONU é responsável por filtrar e desencapsular os frames no downstream e encapsular os PDUs (Protocol Data Unit) no upstream; no OLT é realizado o mesmo processo no sentido contrário, ou seja, filtrar e desencapsular os frames no upstream e encapsular os PDUs no downstream. 5.5 ESTRUTURA DO FRAME GTC A Figura 9 mostra a estrutura do frame GTC para downstream e upstream. O quadro downstream do GTC consiste do PCBd (Physical Control Block downstream), que 17 é o bloco responsável pelo controle físico, provendo a localização do frame, sincronização e funções de alocação de largura de banda, e a seção de Payload do GTC, usado para carregar os dados de downstream. O quadro de GTC upstream contém vários bursts ou rajadas de transmissão. Cada burst resulta em uma sessão PLOu (Physical Layer Overhead upstream) e em um ou mais intervalos de alocação de banda associados com ALLOC_IDs (ITU-T Rec. G.984.3, 2004). Figura 9 Estrutura do frame GTC para downstream e upstream Fonte: ITU-T Rec. G.984.3, 2008, p.30 6 COMPARATIVO ENTRE TECNOLOGIAS Paul E. Green, em seu livro Fiber to the Home: The New Empowerment, comparou a taxa de transmissão e alcance de algumas tecnologias baseadas em cabo metálico com tecnologias que utilização redes ópticas passivas. Na Tabela 5 é possível observar a superioridade do GPON com relação à taxa de transmissão sobre algumas tecnologias de acesso que o antecedeu. 18 Tabela 5 Comparação entre DSL, cable modem (HFC) e redes ópticas passivas. Serviço Meio de Transmissão Down (Mbps) Up (Mbps) Alcance Físico Recomendação ADSL Par trançado 8 0,64 2,4 Série ITU G.992 VDSL Par trançado 40 6,4 0,4 ANSI T1E1 ADSL2+ Par trançado 16 1,0 1,5 ITU G.992.5 HFC Coaxial 57 9,2 25 DOCSIS 2.0 BPON Fibra óptica 155 ou 622 155 20 Série ITU G.983 EPON Fibra óptica 1250 1250 20 IEEE 802.3ah GPON Fibra óptica 1244/2488 155/2488 20 Série ITU G. 984 As Taxas de transmissão no DSL e HFC são por assinante e na PON são compartilhadas entre assinantes. Fonte: GREEN, 2006, p.19 Com os novos materiais desenvolvidos especialmente para rede de acesso utilizando tecnologia GPON, como o cabo Low Friction, com apenas 1 fibra, conectores para montagem em campo, emendas mecânicas e caixas de emendas especiais, o custo de implantação de redes ópticas de acesso reduziu bastante. Levando-se em conta a taxa de transmissão expressivamente maior do GPON, deduz-se que este apresenta, de forma indubitável, uma maior atratividade para o cliente e para as operadoras. A utilização da tecnologia GPON está crescente em todo o mundo. No Brasil, algumas operadoras como a Embratel, Telefônica, OI, e GVT já implementaram esta solução na rede de acesso. Segundo a revista Tele Time, a operadora Telefônica foi a primeira no Brasil a apostar na tecnologia, realizando atendimento FTTH desde 2009 (MACHADO, 2012). De acordo com o Anuário Telecom de 2013, o fabricante de equipamentos para telecomunicações Alcatel está aumentando o investimento na fabricação de equipamentos ópticos GPON e a CEMIGtelecom, que tem como foco principal a venda de acesso em fibra óptica, descontinuou tecnologias de redes mais antigas para concentrar em tecnologias mais atuais, entre elas o GPON aproveitando redes legadas (ANUÁRIO, 2013). 7 CONCLUSÃO Neste artigo foi possível verificar que a fibra óptica é aplicável em diferentes áreas, sendo que nas telecomunicações tem se mostrado extremamente eficiente nas redes de 19 transporte, principalmente pelas características de baixa atenuação e alta capacidade de transmissão. Com a implementação das redes PON, torna-se viável a utilização de fibra óptica na dita última milha, ou seja, na rede de acesso, principalmente pelo fato de se poder utilizar a rede óptica legada, e a não utilização de elementos ativos na rede externa (ODN). A tecnologia GPON permite altas taxas de transmissão para entrega ao usuário final, podendo atingir taxas de 2,4 Gbps. Um grande diferencial do GPON é o transporte de outras tecnologias, como Ethernet, ATM e TDM, incluindo PSTN, ISDN, E1 e E3, por meio do protocolo GEM. A facilidade na instalação, manutenção e gerenciamento das ONUs, também é um atrativo da tecnologia, pois dispensa mão de obra especializada visto que estes equipamentos se auto-anunciam narede. E uma vez autenticadas na rede as configurações, inclusive de upgrade de velocidade, são realizadas remotamente pela gerência. Como pesquisa para futuros trabalhos, sugere-se o estudo do método de encapsulamento GPON (GEM), que é o responsável pelo encapsulamento de outras tecnologias para transporte dentro do sistema GPON. Outro tema sugerido é a alocação dinâmica de banda (DBA), que é o processo pelo qual o OLT distribui de maneira rápida, a capacidade de upstream da rede com base em seus contratos de tráfego configurados. Com a utilização do DBA há uma maior eficiência na utilização de banda, possibilitando um maior número de usuários na rede. 8 REFERÊNCIAS AGRAWAL, Govind P. Fiber-Optic Communication Systems. 3.ed. New York: John Wiley & Sons, 2002. 563 p. ANUÁRIO TELECOM. São Paulo: Fórum editorial, 2013. Anual. Disponível em: < http://www.forumeditorial.com.br/wp-content/uploads/2012/12/AnuarioTelecom2013.pdf>. Acesso em 22 de jun. 2014. FORUM adrenaline.Vamos falar de Fibra? Estrutura de rede de fibras, Equipamentos, Tecnologias. 16 jun. 2012. Disponível em: <http://adrenaline.uol.com.br/forum/internet- redes/403044-vamos-falar-de-fibra-estrutura-de-rede-de-fibras-equipamentos- tecnologias.html>. Acesso em: 03 mar. 2014 FRENZEL, LOUIS E. Fundamentos de Comunicação Eletrônica: linhas, microondas e antenas. Tradução: José Lucimar do Nascimento; Revisão técnica: Antonio Pertence Júnior. - 3.ed. Porto Alegre: AMGH, 2013. 241p. 20 FURUKAWA. Produtos da família FBS. 2014. 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