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Mariana Magalhães – Odonto UFMG 4° Período 1 PATOLOGIA, ESTOMATOLOGIA E RADIOLOGIA I Prof.: Felipe Paiva Fonseca INFECÇÕES FÚNGICAS CANDIDÍASE: - Lesão fúngica mais comum na cavidade oral, causada pelo fungo dimórfico cândida albicans. - Na forma de levedura, é considera inócuo, as hifas são a forma patológica da doença e está associada a invasão tecidual - Próteses dentárias causam muita candidía- se em pacientes idosos - Quando a pessoa dorme com a prótese, cria uma película entre a prótese e o palato, e essa película propicia o desenvolvimento da cândida - O tratamento deve ser feito com antifún- gicos, independente do tipo de cândida - A cândida albicans é um componente normal da flora bucal - Todas as pessoas possuem cândida na boca só que de maneira controlada, de maneira comensal. Em raspagens que fazemos na mucosa da boca, encontramos o fungo só que em pequenas quantidades, não se manifes- tando como uma doença - A candidíase, é a manifestação patológica dessa inflamação. Algum fator que ocorre com o paciente, desenvolve a proliferação do fungo da cândida como uma doença - A presença do fungo na cavidade oral aumenta com a idade (adultos ou idosos) Fatores predisponentes para o surgimento de lesões: Estado imunológico do hospedeiro Meio ambiente da mucosa bucal alte- rado (Uso crônico de próteses) Resistência da C. albicans (mais rara) - É muito importante saber o porquê de o paciente estar desenvolvendo a doença - Muitas vezes a perda de dimensão vertical de oclusão, faz com que a saliva acumule nos cantos da boca (comissura) e o fungo proli- fera chamamos de queilite angular - Próteses muito antigas, perdem altura e podem levar ao acúmulo de saliva nos cantos da boca - A cândida pode ocorrer também em pessoas saudáveis, mas é mais raro. Geralmente ocorre na forma de queilite angular, e são infecções leves, que não vão causar um problema de saúde mais grave para o paciente (queimação, ardência, gosto ruim na boca). Muitas vezes o paciente nem sabe que está com a candidose, e quem faz esse diagnóstico é o dentista - Varia de um leve envolvimento da mucosa a doença disseminada em indivíduos imuno- comprometidos (oncológicos, transplantados, HIV positivos, diabetes descompensada - a cândida pode causar problemas a esses pacientes) Características clínicas: Candidíase pseudomembranosa: - Afeta geralmente pacientes imunossu- primidos - Popularmente chamada de “sapinho” - Sua forma de infecção por C. albicans é a mais comum - É uma manifestação muito frequente na clínica - Membrana (placa branca) que destaca, se solta com a raspagem - Há presença de placas esbranquiçadas na mucosa bucal (grande quantidade de fungo) - Mucosa jugal, palato e dorso da língua são os locais mais afetados - Hifas emaranhadas, leveduras, células epiteliais descamadas e tecido necrótico Mariana Magalhães – Odonto UFMG 4° Período 2 - As placas são removidas pelas raspagem – Mucosa subjacente pode estar normal ou eritematosa - Pode ser iniciada pelo uso crônico de antibióticos de amplo espectro ou por imu- nossupressão (Leucemia, HIV, uso crônico de corticóides...) - Recém nascidos também podem ser afe- tados - Usualmente assintomática - Sensação de queimação na mucosa e gosto desagradável (disgeusia) pode ocorrer Candidíase Eritematosa - Não há nenhum componente branco como aspecto relevante, é geralmente vermelha - É a que encontramos com mais frequente na clínica - Pode revelar diferentes apresentações: . Candidíase atrófica aguda: Palato - Caracteristicamente associada com o uso de antibióticos de amplo espectro - Candidíase vermelha, que afeta a mucosa da boca - Afeta mais pacientes imunossuprimidos - Sensação de queimação na boca - Quando se manifesta na língua, há uma perda difusa de papilas filiformes, formando uma lesão avermelhada de contorno irregular . Atrofia papilar central (glossite romboidal mediana): - No passado acreditava-se tratar de um defeito de desenvolvimento - Área eritematosa bem demarcada (lesão bem delimitada) - A perda das papilas filiformes origina o eritema - Acomete geralmente a linha média da superfície dorsal da língua, e é assintomática - É uma lesão simétrica, com a superfície plana a lobulada - Pode causar uma ardência - Pode afetar também o palato (pelo contato da língua com o palato – Lesão “beijada”, em espelho) - Tratamento é feito com bochecho com nista- tina (resolução completa ou parcial pelo uso de antifúngicos) . Queilite angular: - Popularmente chamada de “boqueira” - Envolvimento do ângulo da boca - É causada pelo acúmulo de saliva na comissura labial - Causa eritema, fissuração e descamação - Afeta geralmente pessoas idosas com dimensão vertical reduzida e sulcos acen- tuados nos cantos da boca - Causa dor e dificuldade em abrir a boca - Raramente observa-se também candidíase nos lábios (queilocandidose) Mariana Magalhães – Odonto UFMG 4° Período 3 . Estomatite por dentadura (protética): - É a mais frequente de todas. - Ocorre em pacientes que ficam muito tempo sem retirar a prótese, dormem com ela. - Possui coloração vermelha. - Durante a hora de dormir a prótese deve ser removida e colocada dentro de um recipiente com água e bicarbonato de sódio, para fazer a correta limpeza e eliminar as chances de desenvolver a candidose eritematosa. - Muitos pacientes são resistentes em retirar as próteses por estética/vaidade - É preciso convencer o paciente que ele não pode dormir com a prótese Candidíase crônica hiperplásica: - É menos comum - Representa uma reação crônica desenvol- vida contra a cândida - Afeta a comissura labial - É caracterizada por uma placa branca que não é removida com raspagem, pode ser confundida com uma leocoplasia - Para se ter um diagnóstico correto é preciso fazer uma biópsia Candidíase mucocutânea: - É muito rara - Tipo mais agressivo da doença - Pode estar associada a alterações hormo- nais e desordens imunológicas - Normalmente acomete além da boca, unhas, pele e outras superfícies mucosas - Pacientes mais jovens * Infecção por cândida em ambiente hospi- talar é muito grave, e causa uma grande morbidade!! Características Histopatológicas: - Afeta a superfície da mucosa, não afeta tecido conjuntivo - Para exame diagnóstico é feita a citologia exfoliativa ou biópsia - BOCHECHO com Nistatina (contato direto com a parede do fungo). Não é preciso engolir - Coloração especial PAS Diagnóstico: - Manifestação clínica da doença - Em caso de dúvida no diagnóstico se faz a citologia exfoliativa ou biópsia Tratamento: - Correção da doença de base - Instrução quanto ao uso das próteses - Antifúngicos locais: Nistatina: Bochecho Miconazol: Pomada - Uma boa higiene diminui o risco de desenvolver o fungo Mariana Magalhães – Odonto UFMG 4° Período 4 PARACOCCIDIODOMICOSE (Blastomicose sul americana) - Infecção fúngica profunda causada pelo Paracoccidioides brasiliensis - Mais encontrada na América do Sul e Central - Minas Gerais e São Paulo, são regiões endêmicas - Tatu-de-nove-listras é reservatório do fungo - Predileção por homens (25:1) -> Efeito protetor dos hormônios femininos. O Beta- estradiol inibe a transformação da forma de levedura para hifa(patogênica). Características clínicas: - Afeta principalmente adultos e agricultores - Ocorre infecção pulmonar após exposição a esporos - Pode haver disseminação por via linfática ou hematogênica para vários tecidos incluindo linfonodos, pele e glândulas supra-renais - Na maioria dos casos, o pulmão é afetado Lesões orais: - Ulcerações moriformes (em forma de amora, morango), pontos vermelhos - Lábios, orofaringe e mucosa jugal - Mais de um local pode estar afetado - É uma inflamação granulomatosa - Pode ser confundida com câncer de boca, o que as difere é a quantidade de focos de lesão. - Infecção: Múltiplas lesões - Neoplasias: Lesões únicas - A mucosa jugal fica bem endurecida e com pontos avermelhados Características histopatológicas: - Hiperplasia pseudo-epiteliomatosa e ulce- ração - Presença de microabscessos (neutrófilos) - Inflamação granulomatosa (macrófagos epite- lioides e células gigantes multinucleadas) - Leveduras grandes e dispersas (coloração Grocott-gomori e PAS) - Múltiplos brotamentos (“orelha de Mickey” ou “leme de marinheiro”) Diagnóstico: - Características clínicas, exame histopa- tológico, exame citológico, biópsia, cultura Tratamento: - Longo e complexo - Antifúngico sistêmico. Depende da gravi- dade da doença: Anfotericina B I.V. (casos mais graves) Itraconazol oral (casos menos graves) - Pacientes são curados quando utilizam a terapia correta - Tratamento feito por pneumologistas ou infectologistas!! Mariana Magalhães – Odonto UFMG 4° Período 5 ZIGOMICOSE - É uma lesão fúngica profunda, agressiva e oportunista, que afeta principalmente imuno- ssuprimidos - Pode levar à morte fulminante - É causada por microorganismos da classe dos zigomicetos - Crescem em matéria orgânica em decompo- sição - Esporos são liberados para o ar e inalados pelo homem - Pode envolver qualquer área do corpo (Rino- cerebral) - Observada em pacientes diabéticos descon- trolados e com cetoacidose (facilita a proli- feração do fungo), além de pacientes imuno- comprometidos - Raramente é relatada em pacientes imunocompetentes Características clínicas e radiográficas Zicomicose rinocerebral - Obstrução nasal, dor facial ou cefaléia - Destroi nariz e seios - Tumefação ou celulite facial - Distúrbios visuais com proptose associada - Paralisia facial - Progressão para a abóbada craniana: cegueira e letargia seguidas de morte - Envolvimento do seio maxilar: Tumefação intra-oral do processo alveolar, do palato ou ambos Ulceração do palato com superfície negra e necrótica Destruição maciça do tecido - Áreas enegrecidas: fungo infiltrado no vaso sanguíneo - Dificuldade de tratamento pela área necrosada: parte para a cirurgia - Inflamação crônica sem acúmulo de macro- fagos Características histopatológicas: - Necrose extensa - Hifas grandes, não-septadas, ramificando-se na periferia - As hifas tendem a formar ramificações em ângulos retos - Invasão de pequenos vasos sanguíneos: Rompimento do fluxo sanguíneo Infarto e necrose Grande destruição tecidual - Infiltrado neutrofílico variável no tecido viável Diagnóstico: - Caracaterísticas clínicas - Achados histopatológicos Tratamento e prognóstico: - Debridamento cirúrgico radical do tecido infectado - Altas doses de anfotericina B - Tratar a doença de base - Prognóstico ruim (a maioria dos pacientes morre)
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