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Direito Processual Penal I

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DIREITO PROCESSUAL PENAL I – Caderno Geovanna Santos Página 1 
 
Direito Processual Penal I 
Primeiro Semestre de 2015 Turma 2 Manhã 
Professor: Leonardo Bandeira 
Bibliografias: Processo Penal (04 Volumes)* e Curso de Processo Penal (01 Volume) – Fernando 
da Costa Tourinho Filho; Processo Penal – Júlio Fabrini Mirabeth; Instituições de Processo 
Penal – Aury Lopes Junior*; Curso de Processo Penal – Eugênio Pacelli de Oliveira**; Paulo 
Rangel; De preferência, todos de 2011 pra frente. Obs.: Devem ter a Lei 12.403. Livro: As 
Misérias do Processo Penal. 
INTRODUÇÃO 
Nosso Código de Processo Penal é de 1941 = Estado autoritário, Era Vargas. Então, nosso 
código veio de uma inspiração autoritária e, por isso, vários dispositivos não foram 
recepcionados em nossa atual Constituição, todavia, como tais dispositivos não foram 
revogados, continuamos aplicando cegamente esse CPP. O que deve ser feito é uma leitura 
constitucional antes de aplicá-lo. Obs.: Há um projeto de reforma – Projeto de Lei PLS 156. 
Obs.: Se a Lei nada falar, o crime é de ação pública incondicionada. Obs.: Fiança somente se o 
crime tiver uma pena determinada. Obs.: Não precisa ser policial para prender em flagrante. 
FINALIDADE DO PROCESSO PENAL: 
Deve-se ter em mente que o Processo Penal não é um instrumento de se fazer justiça. 
Carregamos, hoje, esse conceito errôneo sobre o Processo Penal. O estado-juiz é detentor do 
monopólio da aplicação das penas, e o Processo Penal é a estrutura normativa que regula a 
manifestação do poder do estado. 
Quando há prática de um crime – Inquérito Policial (> número de prisões provisórias) >> 
Prisões – Liberdade Provisória – Medidas Cautelares. // Ação Penal – É o início da fase judicial. 
PRINCIPIOS DO PROCESSO PENAL: 
 Verdade real; imparcialidade; juiz natural; livre convencimento motivado; publicidade; 
ampla defesa; isonomia; iniciativa das partes. 
 
Verdade real, art. 197 do CPP - O valor da confissão se aferirá pelos critérios adotados para os 
outros elementos de prova, e para a sua apreciação o juiz deverá confrontá-la com as demais 
provas do processo, verificando se entre ela e estas existe compatibilidade ou concordância. 
Obs.: Toda verdade processual é necessariamente formal, ela tem que estar nos autos. No 
Processo Penal há bens indisponíveis (inclusive, em regra a ação é pública), diferentemente do 
Processo Civil, sendo assim, a confissão por si só não é suficiente para o juiz proferir uma 
sentença condenatória, ao contrário do que acontece no Processo Civil. No Processo Penal 
deve-se buscar aquilo que realmente aconteceu, ou seja, o juiz tem que tentar retratar na 
sentença aquilo que efetivamente aconteceu, independentemente da vontade das partes. 
Diferentemente do Processo Civil que diante de uma conciliação o sujeito que tinha razão 
resolve ceder e o juiz aceita e não busca saber o que realmente aconteceu (ex.: batida do carro 
novo com o Fiat). Por isso é que se diz que no processo penal vigora a verdade real, ou seja, o 
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juiz não deve se contentar apenas com aquilo que as partes alegam e aceitam. Por isso, a 
confissão por si só não autoriza o juiz a proferir uma sentença condenatória – art. 197, já que a 
confissão pode não representar aquela verdade, todavia, o juiz não pode suprir a deficiência 
do MP, ele não pode, então, se tornar parte no processo. O juiz não pode ter a iniciativa 
probatória, ele pode ter é a iniciativa de esclarecer as provas que são elevadas até ele. No 
processo civil, por sua vez, vigora a verdade formal. 
 
Imparcialidade – art. 95, CF. – o exercício da jurisdição pressupõe a equidistância das partes, o 
juiz não pode ter interesse e não pode tender para um lado: ele deve ser imparcial; art. 95 = 
por isso são lhe dadas garantias para que ele possa decidir tranquilamente e efetivamente ser 
imparcial (ex.: estabilidade). Obs.: Júri: No Tribunal do Júri “o juiz que julga” são os jurados, e 
eles não têm essas garantias (do art. 95), portanto, muitas vezes, eles não têm a 
imparcialidade necessária para julgar (estão comprometidos, têm medo, etc.). 
Desaforamento: Medida que só acontece no Júri e que tem por finalidade exatamente 
preservar a imparcialidade. No Tribunal do Júri, os jurados não possuem tais garantias e sob 
eles não pode recair impedimento ou suspeição, mas desaforamento (tirar do foro), cuja 
finalidade é garantir a imparcialidade. 
 
Juiz Natural – art. 5º, LIII e XXXVII, da CF. – duas faces de uma mesma moeda: vedação da 
existência do tribunal de exceção. – garantia de que será julgado pelo juízo que a legislação 
previamente determinou. 
 
É uma garantia da vedação da existência de tribunal de exceção, ou seja, o tribunal deve ser o 
mesmo para todos, além de que não se pode criar um juízo pós fato. 
 
Livre Convencimento motivado – art. 157, CPP. – não existe hierarquia de provas e o 
convencimento do juiz não é resultado de processo aritmético; o juiz forma o seu 
convencimento de forma livre, desde que ele motive (decida de acordo com o que está nos 
autos). Obs.: Tribunal do Júri: No BR, os jurados não conversam para deliberar. Cada jurado dá 
a sua sentença e a sentença final é o resultado dessas pequenas sentenças juntadas. A CF 
garante o sigilo da votação, isso significa por si só que o jurado não precisa dizer se votou sim, 
se votou não e, ainda, quais foram os motivos de seu voto. O jurado decide, então, por íntima 
convicção, e não livre convencimento motivado, portanto, no tribunal do júri vigora o princípio 
da íntima convicção. Assim sendo, podemos afirmar que não é todo o processo penal que é 
regulado pelo princípio do livre convencimento motivado, já que no tribunal do júri esse 
princípio não vigora. 
 
Publicidade – art. 93, IX, da CF. O processo penal se dá através de um órgão público, além 
disso, o processo penal é público, ou seja, qualquer pessoa pode assistir à audiência. O juiz 
pode restringir a publicidade por algum motivo, mas as partes nunca poderão ser restritas ao 
processo. A regra, então, é sempre a publicidade, podendo haver exceções, mas as exceções 
não podem chegar até as partes. 
 
Qualquer conflito que envolva matéria penal fará parte de um processo que necessariamente 
se desenvolve em um órgão público (Estado-juiz). Não se pode exercer a jurisdição às escuras, 
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pois esse exercício se dá de forma pública, ou seja, a audiência é realizada a portas abertas. 
Entretanto, é possível que haja uma publicidade restrita / mitigada, não aberta a terceiros, 
mas que não pode atingir as partes, pois estas sempre deverão ter acesso ao processo, em 
cumprimento da ampla defesa. Essa publicidade é restrita somente a terceiros, como por 
exemplo, quando o caso tem alta repercussão. 
 
Art. 93, IX - todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e 
fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em 
determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos 
quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse 
público à informação. 
 
Ampla Defesa – art. 5º, LV, da CF. É o princípio mais caro do processo penal. Quando se fala 
em ampla defesa deve-se entender que é no sentido amplo de atingir a defesa das partes. 
Deve-se ter em mente que a liberdade de defesa não é ilimitada, visto que as partes não 
podem produzir provas ilícitas. A defesa tem que ser uma defesa efetiva, ou seja, o advogado 
não deve estar presente apenas formalmente. Ele deve participar de forma efetiva, caso 
contrário o réu estaráindefeso e será nomeado novo advogado, independente da vontade do 
réu, já que o direito de defesa é irrenunciável. Só que a ampla defesa não se completa apenas 
com o exercício técnico, ela se completa também com o exercício da autodefesa. 
 
A ampla defesa como está disposta na CF é composta por dois direitos de defesa: - defesa 
técnica: desdobramento do principio da isonomia, necessidade de um advogado para exercer 
o direito de defesa para que não exista disparidade entre acusação e defesa – por isso o art. 
261 do CP é taxativo – o direito de defesa técnica é indisponível, é direito público, é 
irrenunciável; - autodefesa: é a possibilidade do próprio réu exercer o seu direito de defesa, 
não se exige do réu o compromisso com a verdade e a apuração dos fatos (ele não é obrigado 
a produzir provas contra si). Obs.: É a testemunha quem tem o compromisso com a verdade, 
sob pena de falso testemunho. A autodefesa, ao contrário da defesa técnica, é renunciável, o 
réu pode, então, abrir mão da autodefesa. Ele pode confessar o crime e pode participar da 
reconstrução do crime, por exemplo. 
 
Art. 5º, LV, da CF - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em 
geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes. 
 
Isonomia – art. 5º, caput, da CF. - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer 
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade 
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade. 
 
O Estado tem um aparato enorme de instrumentos para investigar o crime contra o réu. Assim, 
o CPP possui vários instrumentos que podem garantir ao réu certa igualdade entre ele e o 
autor como o In dubil pro réu, por exemplo. 
 
No processo penal, se o réu é absolvido, a sentença transita em julgado e o promotor não 
recorre, posteriormente, adquirindo novas provas, o promotor não pode pedir revisão criminal 
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para rescindir a sentença, já que a revisão criminal só pode ser obtida em favor do réu. Isso 
para não colocar em risco a segurança jurídica. A isonomia, portanto, é sempre uma isonomia 
formal, porque do ponto de vista material a acusação tem uma atuação que sempre prevalece 
no processo penal em detrimento do réu. Já do ponto de vista formal, o legislador buscou, 
através dos mecanismos criados, estabelecer maior isonomia entre as partes. 
 
O processo penal cria mecanismos para que a isonomia possa prevalecer, pois o MP possui 
muito mais recursos que o réu. Essa isonomia é sempre formal, pois a acusação é sempre 
prevalente no processo penal. 
 
Iniciativa das partes. Hoje, no processo penal, o juiz não pode ter a iniciativa da ação penal 
como era antigamente. Nosso CPP tem dispositivos que ainda contrariam essa regra, em 
descompasso, então, com nossa Constituição Federal de 88. Quem deve provocar é o titular da 
ação penal, o juiz é inerte. Ele precisa ser provocado. O nosso CPP, por sua vez, apresenta 
dispositivos que falam que o juiz ainda tem poder para dar inicio à ação penal. 
 
Art. 129, I, da CF. 
 
O DP é resultado de valoração, pois é a partir daí que se define o que é crime e o que não é 
crime. Para que o Estado juiz atue ele precisa ser provocado, pois ele é inerte. E essa 
provocação deve ser qualificada. O promotor, para acusar, deve ter os elementos que são 
dados a ele pelo delegado de polícia que instaura o inquérito policial para apurar o caso e 
investigar, depois o promotor poderá provocar o juiz e iniciar o processo penal. Obs.: Processo 
Penal I – Persecução administrativa. Processo Penal II – Depois da denúncia = Persecução 
judicial, que é o processo penal propriamente dito. 
 
APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL NO TEMPO E NO ESPAÇO: art. 1º e 2º do CPP. 
 
NO ESPAÇO: Art. 1º - O processo penal reger-se-á, em todo o território brasileiro, por 
este Código, ressalvado: I - os tratados, as convenções e regras de direito internacional; II - as 
prerrogativas constitucionais do Presidente da República, dos ministros de Estado, nos crimes 
conexos com os do Presidente da República, e dos ministros do Supremo Tribunal Federal, nos 
crimes de responsabilidade (Constituição, arts. 86, 89, § 2º, e 100); III - os processos da 
competência da Justiça Militar; IV - os processos da competência do tribunal especial 
(Constituição, art. 122, nº 17); V - os processos por crimes de imprensa. Vide ADPF nº 130 
Parágrafo único - Aplicar-se-á, entretanto, este Código aos processos referidos nos números IV 
e V, quando as leis especiais que os regulam não dispuserem de modo diverso. 
 
O Processo Penal no Brasil tem como lei geral o CPP. No CPP também temos leis especiais, e 
havendo conflito entre elas e as leis gerais, prevalecerão as normas especiais. 
 
Obs.: “ressalvados...”, a exceção (disposta nos incisos) não é em relação ao p. da 
territorialidade, a ressalva é em relação à aplicação do CPP. Portanto, será aplicada nossa 
legislação, mas será uma legislação especial. Obs.: IV – Não admitimos tribunal de exceção, o 
inciso IV não foi recepcionado pela nossa Constituição. V – Nós tínhamos uma lei de imprensa, 
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mas ela foi declarada inteiramente inconstitucional pelo Supremo. Aplica-se, então, o CPP e 
não uma lei específica. Obs.: Esse rol não é taxativo, dessa forma todo processo que estiver 
previsto em lei especial seguirá a regra prevista de que toda legislação especial prevalecerá em 
relação à lei geral. 
 
NO TEMPO: art. 2º - A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da 
validade dos atos realizados sob a vigência da lei anterior. 
 
O ato é regido pela lei que está em vigor no momento. E os efeitos da lei nova nos atos já 
praticados e nos atos que serão praticados: O nosso legislador optou pelo princípio da 
imediatidade (a lei processual penal aplicar-se-á desde logo, ou seja, imediatamente). 
Ultratividade (atos anteriores regidos segundo a legislação daquela época) + atos futuros que 
serão realizados segundo a lei nova: Essa foi a opção adotada pelo legislador. Exemplo: Caso 
Nardoni e o “Protesto por Novo Júri” não aceito porque foi aplicado o p. da imediatidade. 
 
Obs.: Dependendo do conteúdo da lei (se penal ou processual) o princípio muda; se for penal = 
Irretroatividade da lei penal. A lei penal não retroage, salvo em beneficio do réu. Se for 
processual aplicar-se-á dali para frente... 
 
Distinção entre norma de conteúdo penal e conteúdo processual: toda vez que o dispositivo 
interferir no direito de punir do Estado esse dispositivo é de conteúdo material, quando não 
interferir é processual. Exemplo: A representação (ação penal pública condicionada à 
representação), por exemplo, interfere no direito de punir do Estado. Obs.: Relembrando – 
Ação Penal Pública Incondicionada: O MP pode agir sem a manifestação de vontade do 
ofendido x Ação Penal Pública Condicionada: O MP não pode denunciar se não tiver a 
autorização (o que se denomina representação do ofendido). 
 
MODELOS PROCESSUAIS: 
Segundo a doutrina, temos três modelos processuais. Modelo processual de natureza 
inquisitiva, acusatória e modelo processual misto ou híbrido. Inquisitivo: É um modelo 
processual típico dos estados autoritários. Características: o investigado (ou acusado) é mero 
objeto do processo (é destituído de qualquer garantia constitucional); as funções desse 
processo (acusar, defender e julgar) são concentradas na mesma figura, há, portanto, uma 
concentração de atribuições, é, então, um procedimento falho, em que a segurança jurídica é 
mínima. Nesse modelo,o indivíduo é, portanto, destituído das garantias típicas 
constitucionais. Acusatório: Modelo processual típico dos estados de direito, nele o indivíduo 
tem suas garantias; o processo é público; existe divisão de atribuições, portanto, as atuações 
no processo são distintas (o que fornece maior segurança), como consequência tem-se 
asseguradas as garantidas típicas do devido processo legal. Misto: Modelo processual em que 
se tem a junção dos dois modelos anteriores, nele convive o modelo acusatório e o modelo 
inquisitivo. Num primeiro momento tem-se o processo tramitando com características do 
modelo inquisitivo (fase inquisitorial), e, posteriormente, uma segunda fase desse mesmo 
processo se dá sob o modelo acusatório. Segundo a doutrina, a França e alguns estados 
americanos utilizam esse procedimento. O nosso modelo, por sua vez, é o modelo acusatório. 
Não é o modelo acusatório puro, é chamado de formalmente acusatório. Isso porque existe no 
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nosso sistema o inquérito, e o inquérito se dá segundo as características do sistema inquisitivo, 
mas isso não retira do nosso processo a característica de sermos acusatórios. 
 
INQUÉRITO POLICIAL: 
Procedimento que antecede a fase judicial e que tem por atribuição investigar. Instauração: a 
instauração de inquérito policial está prevista no art. 5º (Crime). Os crimes, em regra, são de 
ação pública incondicionada. Do ponto de vista ontológico, existe essa distinção de ação 
privada e pública condicionada ou incondicionada por razões de políticas criminais, o Estado, 
na hora que traz para si a proteção do bem jurídico, fica responsável pela tutela daquele bem, 
ocorre que em determinados bens jurídicos o interesse particular se sobrepõe ao interesse 
público. 
 
O inquérito policial pode ser instaurado de ofício pela autoridade policial, isso se dá 
formalmente através de uma peça chamada Portaria. O delegado, portanto, baixa uma 
Portaria, que é o início da investigação. Para ser instaurado de ofício, o delegado deve ter 
conhecimento do crime, ou seja, a instauração do inquérito policial pressupõe o chamado 
notícia-crime (o delegado pode ter notícia do crime ao ver o crime, ao assistir às reportagens 
de jornal, televisão, etc.). Ainda, existe a possibilidade de a vítima do crime dar a notícia 
diretamente ao delegado, e a partir daí o delegado de polícia irá instaurar o inquérito, mas, 
nesse caso, não será mais instaurado de ofício, será mediante requerimento do ofendido: é a 
manifestação de vontade do ofendido. 
 
Obs.: Em ação penal pública condicionada a manifestação se chama representação. Em ação 
penal pública incondicionada, por sua vez, a manifestação do ofendido se chama 
requerimento. O juiz e o promotor podem requisitar a instauração do inquérito policial, 
segundo nossa legislação atual – art. 5º, II do CPP. Quando essa manifestação vem do juiz ou 
do promotor, a lei diz que isso é uma requisição (não é pedido, é comando, é ordem). Alguns 
doutrinadores criticam o fato de o juiz poder requisitar a instauração do inquérito policial, 
segundo eles essa situação não foi recepcionado na CF/88, a jurisprudência, por sua vez, aceita 
perfeitamente. Um dos fundamentos para a crítica é o fato de que o juiz é inerte (ou seja, não 
pode dar início ao processo), e se contrário for ele perde sua imparcialidade. Essa mesma 
lógica, segundo a doutrina, se aplica na fase de inquérito. É por isso que no projeto de reforma 
do CPP só o promotor poderá requisitar a instauração do inquérito policial. Como juiz, o juiz 
poderia dar notícia do crime, mas não poderia requisitar, já que o juiz é suspeito para julgar o 
caso. É essa a crítica, no caso de requerimento ele não poderia julgar por ser suspeito, mas 
podendo requisitar ele poderia, também, julgar. E julgaria mesmo sendo suspeito para julgar o 
caso. Ainda, quando o juiz requer, o delegado pode indeferir. Por outro lado, quando o juiz 
requisita, o delegado não pode indeferir (já que é um comando, uma ordem). 
 
Ainda, se o crime for de ação pública incondicionada qualquer um poderá dar a notícia crime. 
Então, em resumo: o delegado pode instaurar de ofício; o ofendido pode requerer; o juiz 
requisitar; o promotor requisitar; qualquer um do povo pode dar a notícia crime (“Notitis 
Criminis”), que recebe o nome de “delatio criminis” pela doutrina e, ainda, a partir da cognição 
coercitiva (através do APFD). Obs.: O auto de prisão em flagrante delito (APFD) é uma forma de 
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se noticiar o crime. Alias a notícia crime por excelência é a prisão em flagrante delito. O 
inquérito se inicia com o APFD. 
 
Obs.: Notícia crime é o gênero, qualquer forma de se noticiar o crime é notícia crime. A 
“delatio criminis”, segundo alguns doutrinadores, é a denominação da notícia crime quando 
ela é feita por qualquer um do povo. Obs.: O interesse na apuração, investigação e finalmente 
na punição é primeiramente do estado, é o que se chama de poder-dever. 
Art. 5º - Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado: I - de ofício; II - mediante 
requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público, ou a requerimento do ofendido 
ou de quem tiver qualidade para representá-lo. § 1º - O requerimento a que se refere o nº II 
conterá sempre que possível: a) a narração do fato, com todas as circunstâncias; b) a 
individualização do indiciado ou seus sinais característicos e as razões de convicção ou de 
presunção de ser ele o autor da infração, ou os motivos de impossibilidade de o fazer; c) a 
nomeação das testemunhas, com indicação de sua profissão e residência. § 2º - Do despacho 
que indeferir o requerimento de abertura de inquérito caberá recurso para o chefe de Polícia. 
§ 3º - Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da existência de infração penal em 
que caiba ação pública poderá, verbalmente ou por escrito, comunicá-la à autoridade policial, 
e esta, verificada a procedência das informações, mandará instaurar inquérito. §4º e §5º. 
OBS.: O ROL DESTE ART. NÃO É TAXATIVO, DESSA FORMA PODEM EXISTIR OUTRAS 
POSSIBILIDADES DE SE INSTAURAR O INQUÉRITO POLICIAL. 
 
Na ação penal de natureza privada e na ação penal de natureza pública condicionada à 
representação a situação se modifica: art. 5º, § 4º - O inquérito, nos crimes em que a ação 
pública depender de representação, não poderá sem ela ser iniciado. § 5º - Nos crimes de ação 
privada, a autoridade policial somente poderá proceder a inquérito a requerimento de quem 
tenha qualidade para intentá-la. Então, a instauração do inquérito policial nos crimes de ação 
penal pública condicionada sempre irá depender da representação, e nos crimes de ação penal 
privada sempre irá depender do requerimento do ofendido. Obs.: Como fica o APFD nesses 
casos? 
 
Ler: Art. 28. Art. 8º do CPP. Art. 144. 
 
Diligências IPL. Art. 6º e art. 7º. 
 
No inquérito policial não existe um rigor a respeito da sequência das diligencias, e nem sempre 
todas serão realizadas: fica a critério da autoridade policial. O art. 6º não é exaustivo e a falta 
de uma diligencia não anula o procedimento. 
 
Art. 6º - Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial 
deverá: I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação 
das coisas, até a chegada dos peritos criminais (Redação dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994) 
(Vide Lei nº 5.970, de 1973); II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após 
liberados pelos peritos criminais (Redação dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994); III - colher 
todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suascircunstâncias; IV - ouvir o 
ofendido; V - ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, do disposto no Capítulo 
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III do Título Vll, deste Livro, devendo o respectivo termo ser assinado por duas testemunhas 
que Ihe tenham ouvido a leitura; VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a 
acareações; VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a 
quaisquer outras perícias; VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo processo 
datiloscópico, se possível, e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes; IX - averiguar a 
vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual, familiar e social, sua condição 
econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e depois do crime e durante ele, e quaisquer 
outros elementos que contribuírem para a apreciação do seu temperamento e caráter. 
 
Obs.: I – Tudo aquilo que é apreendido no lugar do crime acompanha o processo. A arma 
utilizada ou qualquer outra prova. Obs.: Crimes que deixam vestígios precisam de perícia. É por 
isso que dizem que o inquérito policial busca indícios de autoria e materialidade. Obs.: Existe 
auto de corpo de delito indireto. 
 
Art. 7º - Para verificar a possibilidade de haver a infração sido praticada de determinado 
modo, a autoridade policial poderá proceder à reprodução simulada dos fatos, desde que esta 
não contrarie a moralidade ou a ordem pública. 
 
Obs.: O art. 7º trata de duas situações: Reconstituição do crime (= reprodução simulada dos 
fatos). 
Obs.: O réu não é obrigado a participar da reconstituição do crime, assim como no 
interrogatório que o réu pode mentir e pode não participar. A recíproca é verdadeira para a 
participação na reconstrução do crime, ou seja, o réu pode mentir. Obs.: É inconcebível ao 
delegado fazer, por ex., reconstrução de um estupro, pois existem dois limites que ele deve 
respeitar: são os crimes contra a moralidade e os crimes contra a ordem pública (que são 
crimes de perigo – exemplos: desabamento, incêndio, rompimento de barragem, explosão – 
que são exemplos que se reproduzidos novamente colocariam em risco a vida de muitas 
pessoas). 
 
Assim que o inquérito é instaurado ele irá se compor de uma séria de diligências da autoridade 
policial. O inquérito não trás consigo um rigor em relação às diligencias que serão feitas, ao 
contrário do processo. A investigação, muitas vezes, exige essa “desorganização”, essa falta de 
rigor com relação a uma sequência de diligências. O CPP diz que o inquérito será finalizado 
com uma peça chamada relatório. O relatório nada mais é do que relatar aquilo que foi objeto 
da investigação, aquilo que foi investigado, é uma síntese de tudo o que aconteceu. 
Teoricamente, o relatório é a peça em que o delegado encerra a investigação, e a lei impõe um 
prazo para o delegado fazer isso (ou seja, um prazo para ele terminar o inquérito policia). 
Prazo do IPL. Art. 10 CPP. Quando o indiciado está solto = 30 dias. E quando o indiciado está 
preso = 10 dias. 
 
Ocorre que nem sempre esses prazos são cumpridos. Isso porque nosso Código é do século de 
40 e lá o fenômeno da criminalidade era outro e a demande era muito menor. Hoje, portanto, 
se não há um motivo ou um interesse muito especial, o inquérito NÃO termina em 30 dias. A 
verdade é que atualmente não se tem condições, em regra, de se terminar um inquérito em 30 
dias. 
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E se não terminar em 30 dias? Pode-se prorrogar, então, esse prazo. E se o indiciado estiver 
preso? Se não termina em 30, irá terminar em 10? Se não tiver, também, uma particularidade 
ou um interesse não será possível terminar em 10 dias. 
 
Hipótese com indiciado solto: Correu o prazo de 30 dias e não foi possível terminar o inquérito 
no prazo estabelecido pela lei, prorroga-se, então, o prazo. O inquérito tem que ser remetido 
para a justiça (obs.: essa é a maior prova de que o destinatário do inquérito não é o delegado) 
para se pedir maior prazo. A justiça (o Juiz - Vara de Inquéritos Policiais) abre vista para o MP, 
que irá dar o seu parecer. E o juiz devolve para o delegado de polícia. Obs.: Isso mostra que 
eles exercem um controle sobre a atividade policial. Obs.: Quantas vezes isso pode acontecer? 
Não existe prazo fixado para o número de pedidos de prorrogação do inquérito policia. E 
durante quanto isso pode acontecer? Enquanto não houver a prescrição da pretensão punitiva 
(= aquela regulada pela pena máxima em abstrato do ilícito penal). 
 
No pedido de prorrogação que o delegado fez, o juiz irá dar mais 30 dias de prazo. E a justiça 
começou a perceber que não bastava ela dar só 30 dias, pois passado novamente os 30 dias 
outro pedido chegava lá. Então, o judiciário passou a dar 60... 90... 120... 180 dias; 180 dias 
para evitar essa perda de energia e de tempo, então, hoje, a júris já avançou no sentido de que 
o prazo que o juiz fixa não há uma determinação legal, por isso cabe à autoridade fixar o prazo 
diante das necessidades do inquérito. Então, não há uma limitação quanto ao prazo de 
finalização do inquérito, salvo em caso de prescrição. 
 
Obs.: Na JF (para a JE ocorre da forma como vimos acima) a tramitação do inquérito, em 
virtude de uma portaria, é entre delegado e MP, ou seja, não usa o Juiz. 
 
Art. 10 - O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver sido preso em 
flagrante, ou estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia 
em que se executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante 
fiança ou sem ela. § 1º - A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido apurado e 
enviará autos ao juiz competente. § 2º - No relatório poderá a autoridade indicar testemunhas 
que não tiverem sido inquiridas, mencionando o lugar onde possam ser encontradas. § 3º - 
Quando o fato for de difícil elucidação, e o indiciado estiver solto, a autoridade poderá 
requerer ao juiz a devolução dos autos, para ulteriores diligências, que serão realizadas no 
prazo marcado pelo juiz. 
 
Obs.: O próprio dispositivo reconhece que às vezes cumprir o prazo é inviável (§3º), mas o 
legislador só falou em prorrogação quando o indiciado está solto. Em relação a isso está claro. 
A questão é em relação ao indiciado preso, em que o processo tem que ser mais célere. 
 
Pode haver pedido de dilação de prazo para indiciado preso? Pode. O grande debate é na 
consequência desse pedido. A jurisprudência construiu o entendimento de que se em 10 dias 
não terminou, prorroga-se. E a justificativa é baseada no fato de que o prazo que a lei 
determina não é o prazo do inquérito, é o prazo do processo. Ou seja, é o prazo global. Pode-
se, portanto, usar mais tempo no inquérito e compensar, posteriormente, esse prazo no 
processo (esse é o entendimento majoritário). 
DIREITO PROCESSUAL PENAL I – Caderno Geovanna Santos Página 10 
 
Obs.: Art. 648, II, do CPP trata do HC. Estiver preso por mais tempo do que determina a lei... 
Obs.: Entende-se, ainda, que pode-se estourar o prazo para o término da instrução judicial (= o 
prazo global) desde que o processo seja complexo, complicado. 
 
Outro entendimento: ao prorrogar você tem que necessariamente colocar o sujeito em 
liberdade, já que o sujeito não pode suportar o ônus de uma ineficiência ou de uma 
incompetência do Estado. 
 
Pode-se ter, portanto, prorrogação de inquérito tanto com indiciado solto quanto com 
indiciado preso. 
 
Obs.: Crítica: Utilização abusiva das penas provisórias. Ocorre que muitas pessoas ficam presas 
durante o inquérito (por conta da prorrogação dada para o inquérito)e no final das contas ele 
é inocentado ou é condenado, mas sua condenação não gera prisão. 
 
Art. 13, III e art. 16. 
O delegado terminou o inquérito >> terminada, então, a investigação, ele elabora o relatório 
>> manda o relatório para a Justiça, que abre vista para o Promotor (que precisa de autoria e 
materialidade para oferecer a denúncia). O Promotor, por sua vez, pode constatar que precisa 
de mais provas (mesmo o delegado já tendo concluído o inquérito) >> pede, então, mais 
diligências ao delegado, assim, o promotor não irá denunciar ele irá requisitar que esse 
inquérito volte para o delegado para que ele faça mais diligências. É o art. 16 que autoriza o 
promotor para que ele peça novas diligências quando forem imprescindíveis para sua 
denúncia. Conclusão: O relatório da autoridade policia, não vincula o promotor de Justiça. 
 
Se o que já existe no inquérito é suficiente para denunciar, o Promotor de Justiça pode 
denunciar mesmo que o delegado tenha pedido mais prazo ou não tenha terminado ainda o 
relatório, isso porque quem faz esse juízo de valor não é o delegado e nem o juiz, é quem 
constitucionalmente tem a titularidade da ação penal, que é o MP. É por isso que se diz que o 
MP é o destinatário do inquérito. Isso mostra que o inquérito policial é uma peça informativa 
(é a manifestação do delegado de policia, mas essa manifestação não tem poder de vincular 
nem o MP e nem o juiz). Obs.: A atribuição de investigar é da autoridade policial. 
 
Então, numa primeira situação, o delegado pede a dilação de prazo, o MP concorda volta para 
o juiz fixar prazo. Quem fixa o prazo de dilação do inquérito é o juiz, e esse prazo não tem um 
limite e pode ser pedido inúmeras vezes, tantas vezes quantas forem necessárias. E quem vai 
definir quantas vezes é o MP. 
 
Segunda situação: MP entende que é desnecessária aquela diligência que o delegado acha (art. 
16) e oferece a denuncia. E isso por si só mostra que a atuação do delegado é sugestiva. É o 
MP que irá determinar o que fazer. 
 
Arquivamento do Inquérito Policial: nessa terceira situação, o delegado de polícia não pode 
JAMAIS arquivar o inquérito, isso porque a opinião do delegado não vincula o MP. E o art. 17 é 
taxativo em relação a isso. O inquérito pode ser arquivado quando o titular da ação penal não 
DIREITO PROCESSUAL PENAL I – Caderno Geovanna Santos Página 11 
 
vislumbrar a materialidade do crime ou não tiver indícios suficientes para denunciar a pessoa. 
Então, o inquérito será arquivado quando o MP não tiver condições de oferecer a denúncia, 
quando falta autoria, quando falta materialidade, quando faltam indícios. 
 
Como se dá o procedimento do inquérito policial: o delegado não pode arquivar, mas pode 
relatar o inquérito tanto indiciando alguém como também relatar avisando que investigou e 
não encontrou indícios de quem é autor, mas lembrando que a manifestação da autoridade 
policial não vincula o MP. Então esse inquérito foi relatado com sugestão de arquivamento >>> 
o promotor pode pedir mais diligências/o promotor pode oferecer denuncia (mesmo com a 
sugestão de arquivamento). E como o MP tem que ser ouvido (ele é o titular da ação penal) o 
juiz não pode arquivar. 
 
O juiz é quem dará o despacho determinando o arquivamento ou não do inquérito. Não é sob 
o aspecto formal que o promotor arquiva, mas sua opinião é fundamental para o 
arquivamento do inquérito pelo juiz. Então, não é o MP que arquiva formalmente, ele opina 
pelo arquivamento. 
 
Obs.: A hipótese de arquivamento também não está vinculada à manifestação da autoridade 
policial. 
Obs.: Antes de pedir arquivamento, deve-se esgotar todas as possibilidades de diligências, isso 
porque estamos falando de um interesse público. 
Obs.: O sucesso da depende de uma investigação bem feita, portanto, deve-se ter em mente 
que a ação da autoridade policial é de supraimportância. 
 
Obs.: O MP opinar pelo arquivamento significa que ele não vai denunciar (e é ele o titular da, 
art. 129, I, CF – MP é o titular da ação penal de natureza pública), mas e se o juiz achar que não 
é caso de arquivamento? Hoje, o art. 28 do CPP fala que é possível o juiz arquivar (Obs.: não é 
possível o juiz denunciar!). Na hipótese de o MP pedir o arquivamento e o juiz discorda, a lei 
diz para o juiz mandar para o chefe desse Promotor (Procurador Geral), e lá podem acontecer 
três situações: - constatar que realmente a hipótese não é de arquivamento é de denuncia. E 
ele, Procurador Geral, oferece denúncia; - designar para outro promotor de justiça oferecer a 
ação penal e ele acompanhar; nessas duas primeiras hipóteses a procuradoria discordou do 
promotor e concordou com o juiz; - Procurador Geral concorda com o promotor de justiça e 
determina o arquivamento, e agora o juiz não pode fazer mais nada já que, agora, o órgão de 
cúpula disse que não irá denunciar. OBS.: ISSO É O QUE ESTÁ PREVISTO HOJE EM NOSSA 
LEGISLAÇÃO. OBS.: NOVO CÓDIGO: No Projeto do Novo Código o Juiz não terá que se 
manifestar sobre isso. Quem tem que decidir se vai arquivar ou não é o MP. Isso porque ao 
manifestar, indiretamente o juiz está deixando de ser inerte, ele está tendo uma posição ativa. 
Por isso, o projeto vai dizer então que toda vez que um promotor de justiça opinar pelo 
arquivamento, esse posicionamento será obrigatoriamente enviado diretamente ao 
Procurador Geral (sem passar pelo juiz). Assim, retira-se do juiz a possibilidade de intervir, isso 
é consagrar nosso sistema acusatório. Obs.: Terá que mandar para o Procurador Geral para ter 
um controle, por isso esse envio ao Procurador Geral será mantido. 
 
DIREITO PROCESSUAL PENAL I – Caderno Geovanna Santos Página 12 
 
Art. 17 do CPP - A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de inquérito. – a 
autoridade pode sugerir, mas não mandar. 
 
Art. 18 do CPC - Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade judiciária, 
por falta de base para a denúncia, a autoridade policial poderá proceder a novas pesquisas, se 
de outras provas tiver notícia. 
 
Parte da seguinte premissa: a decisão de arquivamento é uma decisão que não faz coisa 
julgada material (isso porque não foi julgado o mérito), ou seja, o arquivamento não significa 
que o sujeito foi absolvido, mas sim que naquele momento foram esgotadas todas as 
diligências possíveis. 
 
E por não fazer coisa julgada material o art. 18 autoriza o desarquivamento do inquérito 
policial, para tanto é necessário que se tenha fato novo, portanto, não pode ser com 
fundamento em fato pré-existente ou que já existia no inquérito policial. OBS.: É diferente de 
quando o réu é julgado, absolvido, a sentença transita em julgado e surge uma prova nova 
(nesse caso, essa sentença não pode ser desconstituída!). Obs.: Revisão Criminal (nunca pode 
ser contra o réu, apenas quando a prova que fundamentou a absolvição for prova falsa) e 
Ação rescisória (em Civil). 
 
Pela redação da legislação, só se pede o arquivamento quando não se tem base para 
denunciar. 
Estado de necessidade e legitima defesa cometeu ato típico, mas que não é ilícito (já que esta 
acobertada por um estado de ilicitude). Existe uma discussão muito grande se nesses casos em 
que se tem um inquérito policial que demonstra que o sujeito ..., nesse caso o promotor deve 
denunciar ou pode arquivar? Majoritariamente, hoje, tem se entendido que o MP deve 
denunciar. É com base na segurança jurídica: o inquérito policial é um procedimento 
inquisitivo, se desenvolve sem as garantidas do processo penal. Significa que a autoridade 
pode conduzir a busca pelas provas da forma que bem entender. Prova produzida 
unilateralmente pelo delegado, então, a doutrina afirma que essa é uma provamuito precária. 
Por isso recomenda-se denunciar para se confirmar ou não se aquela prova é verdade e não foi 
manipulada, para isso submete-se a prova ao contraditório: o que garante maior segurança 
jurídica. Produção de provas sem a garantia do contraditório, por isso a prova que tem que 
autorizar a decisão final é a de juízo. Outro argumento é o de que a decisão que manda 
arquivar é uma decisão que pode ser revista. 
 
Art. 15 - Se o indiciado for menor, ser-lhe-á nomeado curador pela autoridade policial. 
Esse menor não é menor de 18 (menor de 18 comete ato infracional, não é condenado a 
cumprir pena, ele cumpre medida sócio-educativa), é o menor de 21 e maior de 18. O curador 
é aquele sujeito que esclarece e dá assistência ao menor. OBS.: Capacidade penal plena x 
capacidade civil plena. Com a vigência do novo Código Civil, a capacidade civil plena passou a 
ser 18. Portanto, a essência desse dispositivo, art. 15, deixou de existir. Então, hoje, no 
processo penal, sendo maior de 18 ou menor de 21 não há mais necessidade de nomear 
curador. O dispositivo não foi formalmente revogado, mas não tem sido mais utilizado. OBS.: 
No CP, por sua vez, ainda existem artigos que se referem a esses menores, ocorre que os arts. 
DIREITO PROCESSUAL PENAL I – Caderno Geovanna Santos Página 13 
 
do CP são de política criminal (ex.: prescrição pela metade). Portanto, não têm a ver com 
responsabilidade criminal, como se vislumbra no art. 15 do CPP. 
 
Artigo 19, CPP: Como nas ações públicas o MP é o autor, o juiz, ao receber o inquérito, já abre 
vista ao mesmo. No caso da ação privada, o autor é o próprio ofendido, e para a instauração 
do inquérito, é necessário requerimento. Assim, ao instaurar o inquérito, ocorre a queixa (é 
como a denúncia na ação pública), sendo o titular da ação o ofendido. Ao chegar na justiça, o 
juiz não abre vista para o MP, mas novamente para o ofendido para que, em seis meses, 
ofereça ou não a ação penal. Aqui, o MP é só fiscal da lei, não tendo a titularidade da ação 
penal, pois a iniciativa é do ofendido. Não há obrigação legal de o juiz intimar o ofendido para 
oferecer a ação, pois ele é que deve acompanhar o inquérito. 
 
Art. 19 - Nos crimes em que não couber ação pública, os autos do inquérito serão remetidos 
ao juízo competente, onde aguardarão a iniciativa do ofendido ou de seu representante legal, 
ou serão entregues ao requerente, se o pedir, mediante traslado. 
 
Valor Probatório do IPL: Art. 12 - O inquérito policial acompanhará a denúncia ou queixa, 
sempre que servir de base a uma ou outra. Art. 155 - O juiz formará sua convicção pela livre 
apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua 
decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as 
provas cautelares, não repetíveis e antecipadas. Parágrafo único - Somente quanto ao estado 
das pessoas serão observadas as restrições estabelecidas na lei civil. Art. 14 - O ofendido, ou 
seu representante legal, e o indiciado poderão requerer qualquer diligência, que será 
realizada, ou não, a juízo da autoridade. + Art. 13 - Incumbirá ainda à autoridade policial: II - 
realizar as diligências requisitadas pelo juiz ou pelo Ministério Público. 
 
Segundo o art. 14, o delegado pode, então, indeferir o pedido do ofendido, essa é mais uma 
prova de que o IPL é inquisitivo. Obs.: Do promotor ele não pode indeferir. 
Isso mostra que o valor probatório do IPL tem que ser relativo. A prova que autoriza o juiz a 
fundamentar o seu convencimento é a prova do JUÍZO. O juiz não pode fundamentar sua 
decisão apenas na prova do inquérito. 
 
Vícios do IPL: Determinados atos são realizados na faze de inquérito, e como o inquérito 
integra o processo (art. 12) o vício que eventualmente aconteceu na faze de inquérito, em 
regra, não contamina o processo, não tem capacidade de tornar o processo nulo. São 
instâncias distintas (adm e policial). Essa é a regra. Às vezes, dependendo da natureza desse 
vício, pode sim contaminar: a prova obtida por meio ilícito (tortura, por ex.). Se o único 
fundamento que sustentava a denúncia era a confissão, confissão, no caso, sob tortura, a 
denúncia cai, pois a denúncia está com base no inquérito e essa única prova cai: nesse caso irá 
contaminar o processo. Esse é um assunto totalmente controvertido. Isso porque 
determinadas provas ilícitas, às vezes, são aceitas (já que uma prova pode ser ilícita – 
interceptação telefônica – mas pode ser a única que comprove sua inocência, e o juiz poderá 
aceitá-la = teoria da proporcionalidade). 
 
DIREITO PROCESSUAL PENAL I – Caderno Geovanna Santos Página 14 
 
P. da instrumentalidade das formas: conseguindo-se alcançar o ato as formalidades (mesmo 
que incorretas) não irão importar. Obs.: Determinados vícios são de tal ordem que geram 
nulidade absoluta. 
 
Prisões Provisórias: Há uma crítica em relação a essa expressão: dizem que a expressão não é 
mais adequada, já que no BR toda prisão é provisória (dura no máximo 30 anos), não temos, 
aqui, prisão perpetua. Prisão Processual, prisão cautelar. 
 
Conceito de Prisão: privação de liberdade mediante clausula, cárcere. Nem toda privação de 
liberdade é prisão. Privativa de liberdade = preceito secular, art. 171. Essa prisão é uma prisão 
que tem cunho retributivo, tem cunho de sansão, de pena. Para que o sujeito receba pena, 
seja preso com finalidade retributiva, essa prisão deve estar apoiada em culpa. É uma prisão 
que pressupõe culpa, tem caráter de sansão penal. Necessita-se, portanto, de uma dilação 
processual (inquérito, processo, sentença, recorrer STJ, recorrer STF). E para a culpa aparecer 
deve-se ter uma sentença penal condenatória transitada em julgado. A CF/88 fala que o sujeito 
só será considerado culpado quando existir uma sentença penal condenatória transitada em 
julgado. Antes disso o sujeito deve ser tratado como inocente. E enquanto não existir uma 
sentença penal condenatória transitada em julgado não pode ser preso com uma prisão que 
tenha cunho de retribuição (finalidade de punir). Ele pode ser preso por razões cautelares, 
pode ser preso com uma prisão que não tenha como fundamento a culpa. Por isso existem 
outras modalidades de prisão: são as prisões cautelares/ prisões provisórias, são elas: prisão 
em flagrante, temporária e preventiva. Essas não podem ter como fundam responsabilidade 
penal formada, o fundamento aqui é exclusivamente formal. 
 
Proteção do bem jurídico? 
 
Tipos: - Prisão em flagrante; - Prisão temporária; e - Prisão preventiva. 
 
Prisão em Flagrante – APFD 
Prisão em flagrante delito é uma prisão administrativa. E as prisões temporária e a preventiva 
somente o juiz pode decretar. 
Art. 5º, LXI, CF 
Art. 301 até art. 310 CPP 
 
Art. 302 - Considera-se em flagrante delito quem: I - está cometendo a infração penal; II - 
acaba de cometê-la; III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por 
qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração; IV - é encontrado, logo 
depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da 
infração. 
 
INCISO III - FATO – LOGO APÓS – PERSEGUIÇÃO (DEVE SER LOGO APÓS...) – E AS 
CIRCUNSTANCIAS TEM QUE AUTORIZAR UMA PRESUNÇÃO DE QUE O SUJEITO PRATICOU O 
CRIME. LOGO APÓS = Não existe uma definição no código para o lapso temporal logo após, as 
circunstâncias é que irão determinar. A jurisprudência e a doutrina falam que o lapso temporal 
do logo após para iniciar da persegui é aquele tempo que viabiliza para se iniciar a perseguição 
DIREITO PROCESSUAL PENAL I – Caderno Geovanna Santos Página 15 
 
ou dar a noticia para que se inicie a perseguição.OBS.: Não pode prisão em flagrante daquele 
se entrega/se apresenta. Isso porque o flagrante pressupõe que o ilícito seja percebido por 
terceiro. 
 
INCISO IV - É ENCONTRADO LOGO DEPOIS = NÃO TEM PERSEGUIÇÃO. Encontrado logo depois 
com instrumentos e objetos que façam presumir que o sujeito praticou o crime. Aqui ele é 
encontrado, ele não se apresenta! LOGO DEPOIS = diz a doutrina que a lei não tem palavras 
inúteis, então logo depois não é logo após. Logo após é um lapso temporal menor do que o 
logo depois. A verdade é que não dá para definir o que seja logo depois. 
 
Art. 303 - Nas infrações permanentes, entende-se o agente em flagrante delito enquanto não 
cessar a permanência. CRIME PERMANENTE = aquele cuja consumação se prolonga no tempo 
(extorsão mediante sequestro). Nesse caso pode-se prender em flagrante, já que o crime é 
permanente. Enquanto a pessoa está com sua liberdade privada o crime está se consumando. 
Por isso o professor entende o art. 303 desnecessário, já que o legislador veio com esse art. 
apenas ressaltar algo que já aconteceria mesmo sem a existência desse dispositivo. 
 
OBS.: Crimes virtuais e prisão em flagrante: o entendimento é que é crime instantâneo de 
efeito permanente (exposição de imagem, crime contra a honra). 
Prisão: Consiste na privação da liberdade de locomoção, ou seja, é a perda do direito de 
deambular (ir, vir, permanecer; perda da liberdade) por ter praticado um ilícito penal (indícios 
de autoria + prova do crime). É exceção, conforme consta na CR/88. 
 
Espécies: a. Prisão Penal – ocorre após o trânsito em julgado da sentença condenatória, 
impondo à pessoa uma pena privativa de liberdade; b. Prisão Processual – caráter de 
provisoriedade / temporariedade. Também chamada de provisória ou cautelar, podendo ser: 
Flagrante; Preventiva (caráter determinado, podendo ser revogada a qualquer tempo); 
Temporária; Decorrente de sentença condenatória recorrível, etc.; Prisão Civil (art. 5º, LXVII), 
CR/88; Prisão disciplinar – transgressões militares (art. 5º, LXI, CR/88); c. Mandado de Prisão – 
ordem judicial em que o juiz determina a privação da liberdade a determinada pessoa. 
Requisitos: Lavratura por autoridade competente; Qualificação de quem deverá ser preso; 
Infração que motivou a prisão; Valor da fiança arbitrada. 
 
Prisão em Flagrante (art. 302, CPP): 01. Flagrante Próprio ou Real – caracteriza-se quando o 
agente está praticando a infração ou acabou de praticá-la (art. 302, I e II, CPP). 02. Flagrante 
Impróprio ou Quase Flagrante – quando o agente é perseguido pela autoridade policial, pelo 
ofendido, ou por outra pessoa LOGO APÓS a prática do crime ou em situação que faça 
presumir ser ele o autor da infração (art. 302, III, CPP). 03. Flagrante Presumido ou Ficto – é 
aquele em que o autor do ilícito é encontrado logo depois da prática do crime, com 
instrumentos, armas, objetos ou papeis que façam presumir ser ele o autor da infração (art. 
302, IV, CPP). 04. Flagrante Preparado – Súmula 145, STF; é inválido. 05. Flagrante Esperado – 
quando o crime se consuma sem a interferência do policial. 06. Flagrante Forjado – criam-se 
provas de um crime inexistente (é vedado). 
 
DIREITO PROCESSUAL PENAL I – Caderno Geovanna Santos Página 16 
 
Lavratura do APFD. Art. 304. // Nota de Culpa art. 306. // Autoridade Policial art. 302: 
Condutor; Testemunhas; e Conduzido = Prestam depoimento. 
 
A lavratura do APFD é de responsabilidade da autoridade policial. O art. 304 descreve como 
deve ser feita tal lavratura, e é o que lhe dará legalidade. Ela se compõe: a. Do depoimento 
condutor (sujeito ativo da prisão em flagrante); b. Do depoimento de testemunhas (plural); c. 
Do depoimento do conduzido (sujeito passivo da prisão em flagrante). 
 
Condutor: Condutor é quem executa a prisão em flagrante, e é quem conduz o indivíduo à 
autoridade policial. A avaliação da situação de flagrante passa, necessariamente, pela oitiva do 
condutor, pela qual poder-se-á formar juízo de valor sobre a tipicidade do flagrante delito. 
Testemunhas: A característica do flagrante não depende de testemunhas, mas, sempre que 
possível, a autoridade policial deve acolher a possibilidade de testemunhas presenciais. O 
APFD deve acautelar algumas provas, como o depoimento do condutor. A autoridade policial 
deve privilegiar as testemunhas presenciais. Essas duas testemunhas podem não o ser do fato, 
mas de apresentação, as quais testemunham apenas que o indivíduo flagrado está sendo 
apresentado perante a autoridade policial. O condutor não pode funcionar como testemunha. 
A testemunha de apresentação deve simplesmente confirmar a apresentação do indivíduo 
perante si, a fim de evitar eventual abuso da autoridade policial. Seu papel é mais formal 
acerca da legalidade do fato apresentado, que de julgar mérito. Conduzido: O conduzido não 
tem que prestar depoimento, e nem mesmo tem compromisso com a verdade, podendo se 
calar, e tendo direito a advogado. Nota de culpa (art. 306). 
 
Art. 302. Autoridade Policial. Testemunhas de leitura = Quando o sujeito se recusa a assinar; 
quando o sujeito não sabe ler; etc. x Testemunhas oculares ou de representação. O CPP exige 
depoimento de testemunhas. A caracterização do ADPF não está condicionada à existência ou 
não de testemunhas presenciais. É necessário, porém, a oitiva de “testemunhas de 
apresentação” (art. 304). 
 
Obs.: Eventualidade de outras duas testemunhas, conhecidas como “testemunhas de leitura”: 
Elas devem ter presenciado a leitura do ADPF (ex.: quando o conduzido não assina o flagrante; 
quando o conduzido é analfabeto). Elas preservam o aspecto legal do processo administrativo. 
Devem ser diferentes das testemunhas de apresentação. Obs.: Depoimento do conduzido: o 
conduzido pode mentir e pode não falar nada, ele não é obrigado a prestar depoimento. 
 
Nota de Culpa art. 306: Lavrando-se o auto de prisão em flagrante delito uma cópia do mesmo 
tem que ser imediatamente enviada ao juiz. A CF fala imediatamente, mas não havia um prazo 
certo determinado, dessa forma, vem o art. 306 para dizer que o prazo deve ser dentro de 24 
horas. Ainda, deve-se enviar uma cópia também para o MP e uma cópia para a defensoria 
pública (se o indivíduo não tiver advogado constituído). Inclui-se a defensoria pública para que 
o sujeito não fique absolutamente abandonado, agora ele terá alguém que peça por ele. 
 
Existe um controle judicial sobre o APFD. Ele não é prévio, é postergado (acontece em um 
segundo momento, mas ele acontece). Acontece porque quando o juiz recebe o APFD ele faz 
dois juízos: um juízo de legalidade e um juízo de necessidade. Assim que o juiz recebe o auto 
DIREITO PROCESSUAL PENAL I – Caderno Geovanna Santos Página 17 
 
ele faz um juízo de legalidade: é a verificação dos arts. 302 e 304. O juiz olha, portanto, se o 
sujeito foi realmente preso num estado de flagrante delito. Faz, portanto, um juízo de 
tipicidade (se a prisão não estiver de acordo com o art. 302 será uma prisão ilegal e a CF diz 
que se a prisão for ilegal ela deve ser relaxada, ou seja, deve-se colocar o sujeito em liberdade 
– e constatada a ilegalidade o juiz nem chega ao juízo de necessidade) e verificada a prisão 
legal, o juiz faz um segundo juízo: juízo de necessidade. 
 
O art. 310 do CPP é o ponto nuclear para se compreender que de fato a prisão em flagrante é 
uma prisão cautelar. Ou seja, não tem cunho punitivo, é uma prisão provisória. O que justifica 
manter um indivíduo preso é o perigo que sua liberdade gera, nada mais. O fato de o sujeito 
ter sido preso em flagrante delito (isso quer dizer que já foi instaurado o inquérito) não 
significa que ele ficará preso até o final, exatamente porque a prisão provisória sóse justifica 
se houver necessidade. 
 
A necessidade que se avalia é processual e não se há necessidade de punição, ou seja, o que é 
avaliado nesse momento é se a liberdade do sujeito traz algum risco. Não havendo risco ele 
deve ser liberado, já que a regra do nosso ordenamento é a liberdade. 
 
A necessidade se traduz, portanto, dessa forma: o juiz avalia a legalidade, se estiver legal ele 
avaliará se é ou não necessário manter o sujeito preso e a lei diz, no art. 310, que se a prisão 
continuar sendo necessária essa prisão terá que mudar, ou seja, não será mais a título de 
flagrante, será, agora, preventiva (art. 312). E se a prisão não for mais necessária ele terá sua 
liberdade, mas não será uma liberdade total, plena e irrestrita. Precisa-se, portanto, de um 
meio termo. Nossa legislação diz, então, que pode ser concedida a ele a liberdade provisória. 
Ocorre que em 2011 houve uma mudança no art. 310 (antes: ou o sujeito ficava preso ou tinha 
liberdade provisória), o legislador ampliou as necessidades e criou outras medidas cautelares 
(cautelares diversas da prisão: tornozeleira eletrônica, obrigatoriedade de retenção do 
passaporte, etc.). 
 
Então, para o sujeito permanecer preso obrigatoriamente deve-se ter uma necessidade de 
cautela (juízo de legalidade) e se essa obrigatoriedade não existisse a prisão em flagrante iria 
perdurar independentemente de necessidade. A prisão em flagrante tem que ter, portanto, 
razão cautelar. Do ponto de vista processual a prisão em flagrante acautelou (preservou) a 
autoria, as testemunhas, a materialidade. Assim, quando se comunica ao juiz (quando o juiz 
recebe o APFD) o auto de flagrante delito se esgota, e aquela razão de cautela do flagrante se 
exaure, ou seja, o flagrante cumpriu sua missão. Por isso, para que o sujeito permaneça preso 
deve surgir outra razão de cautela (agora, só se surgirem as razões de cautela da prisão 
preventiva). É por isso que o fato de alguém ter sido preso em flagrante delito não significa 
que ele permanecerá preso. A redação do art. 310 comprova que o APFD é cautelar, cumpre 
seu papel, mas se exaure assim que o juízo recebe o auto de prisão. 
 
Obs.: Flagrante Forjado é o outro extremo do flagrante esperado. O flagrante esperado é 
absolutamente lítico, nele não ocorre interferência. É aquele que se espera acontecer para 
prender em flagrante. O flagrante forjado, por sua vez, não acontece na realidade, nele ocorre 
DIREITO PROCESSUAL PENAL I – Caderno Geovanna Santos Página 18 
 
interferência da polícia com o intuito de prender o sujeito. Súmula 145 do Supremo. Ocorre, 
portanto, um preparo para que o crime aconteça. 
 
Art. 301 - Qualquer do povo poderá e as autoridades policiais e seus agentes deverão prender 
quem quer que seja encontrado em flagrante delito. Art. 302 - Considera-se em flagrante 
delito quem: I - está cometendo a infração penal; II - acaba de cometê-la; III - é perseguido, 
logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça 
presumir ser autor da infração; IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, 
objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da infração. Art. 303 - Nas infrações 
permanentes, entende-se o agente em flagrante delito enquanto não cessar a permanência. 
 
Art. 304 - Apresentado o preso à autoridade competente, ouvirá esta o condutor e colherá, 
desde logo, sua assinatura, entregando a este cópia do termo e recibo de entrega do preso. 
Em seguida, procederá à oitiva das testemunhas que o acompanharem e ao interrogatório do 
acusado sobre a imputação que lhe é feita, colhendo, após cada oitiva suas respectivas 
assinaturas, lavrando, a autoridade, afinal, o auto. § 1º - Resultando das respostas fundada a 
suspeita contra o conduzido, a autoridade mandará recolhê-lo à prisão, exceto no caso de 
livrar-se solto ou de prestar fiança, e prosseguirá nos atos do inquérito ou processo, se para 
isso for competente; se não o for, enviará os autos à autoridade que o seja. § 2º - A falta de 
testemunhas da infração não impedirá o auto de prisão em flagrante; mas, nesse caso, com o 
condutor, deverão assiná-lo pelo menos duas pessoas que hajam testemunhado a 
apresentação do preso à autoridade. § 3º - Quando o acusado se recusar a assinar, não souber 
ou não puder fazê-lo, o auto de prisão em flagrante será assinado por duas testemunhas, que 
tenham ouvido sua leitura na presença deste. 
 
Art. 306 - A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados 
imediatamente ao juiz competente, ao Ministério Público e à família do preso ou à pessoa por 
ele indicada. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). § 1º - Em até 24 horas após a 
realização da prisão, será encaminhado ao juiz competente o auto de prisão em flagrante e, 
caso o autuado não informe o nome de seu advogado, cópia integral para a Defensoria 
Pública. 2º - No mesmo prazo, será entregue ao preso, mediante recibo, a nota de culpa, 
assinada pela autoridade, com o motivo da prisão, o nome do condutor e os das testemunhas. 
 
Art. 310 - Ao receber o auto de prisão em flagrante, o juiz deverá fundamentadamente: 
(Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). I - relaxar a prisão ilegal; ou II - converter a prisão 
em flagrante em preventiva, quando presentes os requisitos constantes do art. 312 deste 
Código, e se revelarem inadequadas ou insuficientes as medidas cautelares diversas da prisão; 
ou III - conceder liberdade provisória, com ou sem fiança. Parágrafo único - Se o juiz verificar, 
pelo auto de prisão em flagrante, que o agente praticou o fato nas condições constantes dos 
incisos I a III do caput do art. 23 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código 
Penal, poderá, fundamentadamente, conceder ao acusado liberdade provisória, mediante 
termo de comparecimento a todos os atos processuais, sob pena de revogação. 
 
Prisão Preventiva: art. 311 até art. 316. 
DIREITO PROCESSUAL PENAL I – Caderno Geovanna Santos Página 19 
 
Todas as prisões acabam lançando mão da prisão preventiva. Então, ela é a verdadeira prisão 
cautelar (prisão que vem antes de uma decisão definitiva). Ela decorre de decisão judicial, o 
seu caráter é necessariamente judicial (ao contrário da prisão em flagrante). Ela pode ser 
decretada tanto na fase de inquérito como na fase judicial. A prisão sempre surge mediante 
provocação, mas o juiz pode decretá-la de ofício somente na fase judicial. Obs.: Na fase do 
inquérito policial o juiz não pode decretar a prisão preventiva de ofício. 
 
Na fase de inquérito quem decreta a prisão preventiva é o juiz. Na fase de inquérito o juiz não 
pode decretar de ofício, será sempre mediante provocação: da autoridade policial, do MP ou 
do ofendido. Na fase judicial, por sua vez, quem decreta é o juiz. E ele pode decretar de ofício 
ou a requerimento: do MP ou do ofendido. ATENÇÃO: ISSO FOI ALTERADO EM 2011! ANTES O 
JUIZ PODERIA DECRETAR A PRISÃO EX OFFICIO TAMBÉM NA FASE DE INQUÉRITO. 
 
Art. 311 - Em qualquer fase da investigação policial ou do processo penal, caberá a prisão 
preventiva decretada pelo juiz, de ofício, se no curso da ação penal, ou a requerimento do 
Ministério Público, do querelante ou do assistente, ou por representação da autoridade 
policial. OBS.: Art. 311: o Código simplesmente reconhece algo que a CF/88 já fala (art. 5º, 
inciso 61). 
 
Tipicidade: art. 312 e art. 313: definem as hipóteses em que é possível a decretação de uma 
prisão preventiva. O que é preciso para se decretar prisão preventiva: deve-se atentar para a 
incidência (a tipicidade) dos seguintes requisitos: - Presença de todos os pressupostos; - Os 
fundamentos; - As hipóteses de admissibilidade. Obs.: Pressupostos de uma prisãopreventiva 
(e qualquer prisão): - indícios de autoria; e - indícios de materialidade do crime (a prática, em 
tese, de um ilícito penal). Ou seja, autoria + crime. E apenas a presença desses pressupostos, 
apesar de necessários, não são suficientes para se decretar a prisão, caso contrário a prisão 
preventiva seria algo automático para aquele que está respondendo por... Toda pessoa 
processada deveria estar presa. O que é absolutamente inadmissível, já que se é uma medida 
cautelar para que exista deve existir a necessidade (periculo libertales). Os fundamentos e hip 
de adm. também devem ser analisados. 
 
Os fundamentos é que indicam a necessidade da prisão. Sem isso não tem prisão preventiva, 
não tem cautela. Pelos fundamentos é que se extrai o perigo que o sujeito apresenta. São 
quatro fundamentos (não precisam ser cumulativos, basta a presença de um deles): nos 
termos do Art. 312 - A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem 
pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a 
aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de 
autoria. Parágrafo único - A prisão preventiva também poderá ser decretada em caso de 
descumprimento de qualquer das obrigações impostas por força de outras medidas cautelares 
(art. 282, § 4º). 
OBS.: VOTO DO MIN. CELSO DE MELO – JURISPRUDÊNCIA SOBRE PIMENTA NEVES. 
 
Os fundamentos são: a prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem 
pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a 
aplicação da lei penal: 
DIREITO PROCESSUAL PENAL I – Caderno Geovanna Santos Página 20 
 
 
Por conveniência da instrução criminal: Instruir processo é sinônimo de produção de prova. 
Quando se instrui, leva-se ao processo informações que ajudaram o juiz a decidir. Criminal: a 
instrução criminal será tanto no inquérito quanto do processo: pois a prisão preventiva pode 
ser decretada em qualquer uma das duas fases. Conveniência: Casos em que o indivíduo está 
atrapalhando, impedindo que a prova seja efetuada de maneira regular: ex. clássico: coagir 
testemunha; indivíduo destrói provas; altera a cena do crime: se isso vier acontecer o juiz 
poderá decretar sua prisão, já que ele, nesse caso, é preso não por ser culpado, mas sim por 
impedir que o juiz apure os fatos regularmente, então, a sua liberdade gera perigo. Isso para 
que se preserve a continuidade regular da apuração dos fatos. Obs.: Isso não significa que o 
réu tem a obrigação de contribuir para a produção das provas. Não produzir como instrumento 
de defesa. OBS.: RÉUS PODEM, POR EX., COMBINAR DEPOIMENTOS, AJA VISTA A 
POSSIBILIDADE DE O RÉU MENTIR COMO FORMA DE DEFESA. O QUE NÃO PODE OCORRER É 
COAÇÃO DE TESTEMUNHA. E ESSE FATO (ENTRE RÉUS) NÃO SERÁ CONSIDERADO COMO 
TENTATIVA DE IMPEDIMENTO DE QUE OS FATOS SEJAM APURADOS REGULAMENTE. 
(ATENÇÃO: INDEPENDENTE DE SER IMORAL, ISSO É LEGÍTIMO DO PONTO DE VISTA JURÍDICO). 
 
Para assegurar a aplicação da lei penal: O sujeito que frustra a aplicação da lei penal pode ter 
sua prisão decretada: o sujeito que foge; o sujeito que nega a se apresentar. Situações em que 
se aja necessidade de garantir a aplicação da lei penal. Novamente, não se prende por ele ser 
culpa, mas sim porque o sujeito tem que ficar atrelado ao processo, portanto, se foragir estará 
autorizando que seja pego e trazido ao processo: sua liberdade é um perigo para a eficácia da 
aplicação da lei penal. Por isso é muito comum o sujeito se apresentar para o delegado de 
polícia para evitar a decretação de prisão. 
 
Como garantia da ordem pública: Problema: tudo cabe dentro de ordem pública. Não existe 
uma definição objetiva do que seja ordem pública. 
 
Como garantia da ordem econômica: Necessidade que se tem de preservar o nosso sistema 
financeiro, o nosso sistema econômico. O âmbito de existência desses casos são mais restritos 
(crimes financeiros etc.). 
 
Existe, aqui, uma crítica muito forte em relação aos motivos pelos quais a garantia da ordem 
econômica vem a ser um dos fundamentos, isso porque podem existir medidas melhores e 
mais eficazes. Ex: X é preso, mas continua comandando a instituição financeira. É muito 
melhor o afastar, o impedir de adm o sistema financeiro. 
 
Detectados os requisitos para a prisão preventiva (autoria e materialidade), é exigida 
fundamentação (perigo libertatis), que consiste na (1) garantia da ordem pública, (2) garantia 
da ordem econômica, (3) conveniência da instrução criminal, e (4) assegurar a aplicação da lei 
penal. 
 
O art. 313 elenca as hipóteses de admissibilidade para as prisões preventivas. Tendo sido 
alterado em 2011, ainda há divergência quanto à sua interpretação. Assim, preenchidos os 
pressupostos e fundamentos, será admitida a prisão preventiva: I – no caso de crime doloso 
DIREITO PROCESSUAL PENAL I – Caderno Geovanna Santos Página 21 
 
(não pode ser contravenção / crime culposo). A pena máxima deve ser superior a quatro anos 
(a pena é delimitada na tentativa de harmonizar o CP com o CPP, pois a pena de prisão 
privativa de liberdade de até 4 anos é substituída por restritiva de direitos, nos termos do art. 
44, CP). Ex.: se o sujeito pratica mais de um furto, ainda assim, não pode ser preso 
preventivamente. II – reincidente em crime dolos pode ser preso preventivamente a fim de 
garantir a ordem pública. 
Obs.: art. 312, § único: visa evitar o decreto da prisão provisória. Ao sujeito que pratica crime 
reiteradamente (mas não é reincidente), caberá não prisão preventiva, mas medida cautelar 
(ex.: uso de tornozeleira eletrônica). Se o sujeito incorrer em novo crime, aí sim, caberá 
preventiva (descumprimento da medida cautelar). 
 
III – violência doméstica/familiar (Lei Maria da Penha). Primeiramente, é decretada medida 
protetiva e, caso não suficiente, decreta-se a prisão. Parágrafo único – vinculado à garantia da 
aplicação da lei penal, é hipótese de quando não se tem certeza da identidade da pessoa. 
Acautela-se o sujeito até que se tenha certeza de quem ele é. 
 
... Pena até 04 anos, a pena privativa de liberdade dele é substituída por pena restritiva de 
direito (a partir do art. 44 do CC). A lógica do nosso legislador... 
O culpado com sentença transitada em julgado não ficaria preso, e o inocente vai ficar preso? 
Seria algo absolutamente desproporcional, em virtude disso nosso legislador limitou a 
possibilidade de prisão preventiva para penas superiores a 04 anos. Crítica: Furto, o sujeito 
pode cometer x furtos que sua pena preventiva não poderá ser decretada (ele não é 
reincidente!). Exceto: reincidente em crime doloso pode ter sua pena preventiva decretada 
(sempre com a ressalva de 05 anos quando o sujeito readquire a condição primária) 313, II = 
garantia de ordem pública. Ocorre que esse inciso II não resolve o problema daquele que 
furtou e foi colocado em liberdade. A solução para esse sujeito está no art. 312, p. único, será 
imposto a ele uma medida restritiva cautelar (por ex: obrigação de se reconhecer em casa e 
etc.). OBS.: ISSO NÃO QUER DIZER QUE PARA ESSES CASOS A PRISÃO PROVISÓRIA NUNCA SERÁ 
DECRETADA! ELA APENAS NÃO SERÁ DECRETADA ORIGINARIAMENTE! 
 
OBS.: REINCIDENTE: Sentença penal condenatória transitada em julgado cometendo-se outro 
crime dentro do prazo de 05 anos. 
 
Art. 302. Ou 312? Para evitar a decretação de prisão provisória. Agora, somente quando ela for 
absolutamente necessária. 
 
Art. 313 - Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a decretação da prisão 
preventiva: I - nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima superior a 
4 anos; II - se tiver sido condenado por outro crimedoloso, em sentença transitada em 
julgado, ressalvado o disposto no inciso I do caput do art. 64 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de 
dezembro de 1940 - Código Penal; III - se o crime envolver violência doméstica e familiar 
contra a mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir 
a execução das medidas protetivas de urgência; IV – Revogado. Parágrafo único - Também 
será admitida a prisão preventiva quando houver dúvida sobre a identidade civil da pessoa 
ou quando esta não fornecer elementos suficientes para esclarecê-la **, devendo o preso ser 
DIREITO PROCESSUAL PENAL I – Caderno Geovanna Santos Página 22 
 
colocado imediatamente em liberdade após a identificação, salvo se outra hipótese 
recomendar a manutenção da medida. 
 
** OBS.: IDENTIFICADO O SUJEITO A RAZÃO DE CAUTELA ACABA E, PORTANTO, O SUJEITO 
DEVE SER POSTO EM LIBERDADE. 
 
Art. 314 - A prisão preventiva em nenhum caso será decretada se o juiz verificar pelas provas 
constantes dos autos ter o agente praticado o fato nas condições previstas nos incisos I, II e III 
do caput do art. 23 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal. 
 
O art. 314 trata de hipótese de impossibilidade de aplicação: Toda vez que existir um inquérito 
ou processo penal onde há um indicativo claro de que o suj. agiu amparado por uma 
excludente de ilicitude (art. 23 CC), o juiz não deve decretar a prisão desse sujeito. Claro, 
sempre dependerá do caso concreto. Não adianta apenas o sujeito alegar. Sempre dependerá 
do convencimento do juiz a respeito disso, das provas, depoimento do sujeito e testemunhas. 
 
Art. 315 - A decisão que decretar, substituir ou denegar a prisão preventiva será sempre 
motivada. 
 
Dispositivo que indica ao juiz que ele deverá FUNDAMENTAR sua decisão, alias, toda decisão 
do juiz deve ser fundamentada (art. 93, inciso 9, 10 ou 11 da CF/88). A decisão que decreta a 
prisão é uma decisão judicial, portanto já haveria uma obrigação do juiz perante a CF/88 de 
fundamentar, mas nosso legislador constituinte não se contentou com a Constituição e 
procurou ser explicito. Aqui, no art., é a decisão judicial que decretar prisão! Exige-se essa 
fundamentação, pois fundamentar é indicar concretamente os fundamentos da prisão. O juiz 
não pode fazer suposição, ele tem que dizer porque aquela prisão é necessária, ele deve 
explicitar os motivos que o levaram a decretar aquela prisão. Detalhe: Fundamentar de forma 
concreta! O que não está nos autos, não está no mundo. 
Fundamentação pressupõe razões concretas, fáticas. Ainda, fundamentar não é transcrever os 
dispositivos da lei. Ele deve recorrer àquilo que está no processo. 
Isso, ainda, é uma garantia ao direito à defesa, já que é necessário saber porque a prisão foi 
decretada para poder se defender. 
 
A jurisprudência tem aceito que o juiz incorpore em sua decisão aquilo que o promotor e/ou o 
delegado disse, mas isso deve ser colocado, mesmo se copiado, na decisão do juiz, ou seja, no 
decreto prisional. 
 
Art. 316 - O juiz poderá revogar a prisão preventiva se, no correr do processo, verificar a falta 
de motivo para que subsista, bem como de novo decretá-la, se sobrevierem razões que a 
justifiquem. 
 
É a maior prova de que a prisão provisória só se justifica se estiverem presentes as razões que 
a justifiquem. Para decretar a prisão deve existir uma razão de cautela. E se essa razão de 
cautela desaparecer essa prisão não pode continuar, já que aquilo que a fundamentava deixou 
de existir. Nesse caso a prisão deverá ser revogada. E tendo razão de cautela ela poderá ser 
DIREITO PROCESSUAL PENAL I – Caderno Geovanna Santos Página 23 
 
decretada novamente quantas vezes for necessário (leia-se: quantas vezes estiverem 
presentes razões de cautela). 
 
Prisão Temporária – Lei 7.960/90: Devemos entender em que contexto essa lei entrou em 
vigor para entender suas finalidades e os absurdos contidos na lei. Contexto Histórico da 
época: Aumento de criminalidade e criminalidade qualificada: A criminalidade passou a atingir 
uma camada da sociedade que, anteriormente, era protegida e não era molestada pelo D. 
Penal. Exemplo: Sequestro de Abílio Diniz: movimento muito forte para um tratamento da 
legislação penal. E é exatamente nesse período que entra em vigor a lei dos crimes hediondos 
e a lei dos crimes organizados. E é nesse contexto, também, que entra em vigor a lei 7.960/90. 
 
Somente o congresso pode legislar sobre matéria penal. Por absurdo, a prisão temporária foi 
decretada por medida provisória (que é ato executivo!), depois ela foi convertida em lei. Ela 
deveria ter sido criada pelo Congresso, mas diante da urgência o Supremo julgou a medida 
provisória constitucional e ela acabou sendo transformada em lei. Agora, veremos que ela é 
algo absolutamente desnecessário (professor). Vem da época do D. Penal simbólico 
(necessidade de se mostrar que há algo sendo feito). 
 
A prisão temporária tem uma característica: Prazo certo de duração. Quem pode decretar é só 
o juiz, ela exige decisão judicial. O prazo determinado em lei é de 05 dias, podendo ser 
prorrogada uma única vez por mais até 05 dias. Dando um total de 10 dias. O juiz não pode 
numa canetada só decretar por 10 dias, ele deve decretar em 05 e prorrogar se necessário. 
Sendo crime hediondo ou equiparado = deixa de ser 05 e passa a ser 30, podendo ser 
prorrogada por uma única vez por mais 30 dias. 
 
Necessidade de fundamentação = Na prisão preventiva! CF/88 + Dispositivo expresso na lei. 
 
Tipicidade da prisão temporária: Quando a prisão pode ser decretada e como: art. 1º da lei. 
Quando imprescindível para as investigações do inquérito policial; Quando o indiciado não 
tiver residência fixa ou não fornecer elementos necessários ao esclarecimento de sua 
identidade; Quando houver fundadas razões, de acordo com qualquer prova admitida, de 
autoria ou participação do indiciado nos seguintes crimes: rol de crimes. 
 
Posicionamentos: Para decretar a prisão temporária bastaria apenas a presença de um dos 
incisos. A grande crítica feita a essa interpretação: o inciso II e o inciso III falam do indiciado e o 
inciso primeiro não fala: se admitir a presença de apenas um inciso e esse for o I será admitida 
a decretação de prisão temporária de testemunha, o que seria um absurdo. E esse absurdo, 
infelizmente, ocorreu em alguns casos. Dessa forma, essa interpretação não se manteve. Já 
que ela dava margem a uma arbitrariedade absurda. 
 
Por outro lado, existiam aqueles que defendiam que para a prisão era necessário a presença 
dos três requisitos: Praticamente tornaria a prisão temporária uma medida inutilizada, já que 
necessitar-se-ia sempre de dúvida em relação à identidade. E a mesma nunca seria decretada. 
Portanto, essa segunda interpretação tornava a medida praticamente ineficaz. 
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Surgiu uma terceira interpretação: interpretação também afastada. Por essa interpretação, a 
condição primeira seria ter o inciso I configurado (para resolver a questão da testemunha). 
Ainda, teria uma combinação do inciso I e deveria ter o inciso II ou o III. E não vingou porque o 
inciso II não fala em que modalidade de crimes. Admitiria prisão temporária em crime culposo. 
 
Por fim, a INTERPRETAÇÃO QUE ESTÁ EM VIGOR: Com a decretação da prisão temporária 
deve-se combinar o inciso terceiro (que tem um rol de crimes) quando for imprescindível o 
inquérito policial II ou quando houver dúvida quando a identidade do indivíduo. ESSA É A 
TIPICIDADE PARA SE DECRETAR A PRISÃO TEMPORÁRIA. ELA SÓ PODE ACONTECER NO ROL, 
QUE É TAXATIVO, DO INCISO III. ENTÃO, O INCISO III SEMPRE DEVERÁ

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