10. Sociologia da aplicação do direito (item 4)

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Lição 10 de SABADELL – Sociologia da aplicação do direito (item 4 – Opinião pública e direito)
Conhece a população as normas jurídicas em vigor? – requer conhecimento
Qual é a opinião das pessoas sobre o funcionamento do sistema jurídico e sobre os conteúdos do direito? – requer comparação
KOL – knowledge and opinion about Law
SABADELL defende que se não conhecemos a maior parte das ciências e das disciplianas técnicas, não há problema para a vida cotidiana. Mas não conhecermos o direito vigente pode prejudicar nossos interesses. Ex. motor de um carro e impostos.
“Igualmente importante é a opinião da população sobre o sistema jurídico. A desconsideração dos sistemas de solução de conflitos e a rejeição da legislação em vigor indicam uma crise de legitimidade do direito e também do poder público que o cria e o administra.”
Métodos: questionários e pesquisas.
Temas das Pesquisas:
Conhecimento da legislação e das sanções
Postura da opinião pública diante de determinadas leis e do direito em geral
Opinião sobre os operadores do direito e o funcionamento do sistema judiciário.
Conclusões das pesquisas: população não conhece, não confia e tem imagem negativa de seus atores.
Sobre o conhecimento do direito por parte da população:
A opinião pública é bem informada sobre a legislação penal. O desconhecimento aumento no campo do direito civil e trabalhista. Desconhecimento total em campos do direito público. O nível de conhecimento varia de acordo com a idade, gênero, grau de educação, ambiente urbano ou rural e a posição do indivíduo na hierarquia social. Conclusão: enorme distância entre a população e o sistema jurídico. Segundo Weber e Luhmann, o destino do direito é ser cada mais complexo, expropriando os seus destinatários da resolução dos conflitos de forma autônoma.
Sobre a aceitação do direito por parte da população:
Podem ser pesquisas preparatórias às reformas (sondagem legislativa)
Sobre o funcionamento do sistema jurídico:
O conhecimento é muito limitado por parte da população. “Acredita-se que a Justiça trabalha de forma seletiva em detrimento das classes inferiores, há grandes dúvidas sobre a probidade e a imparcialidade dos magistrados e sobre a capacidade da Justiça para combater a criminalidade e para atender às necessidades da população. Ex. França, Espírito Santos.
CRÍTICA: “A realização de pesquisas de tipo KOL (…) foi criticada por vários cientistas sociais.” Os dois principais problemas apontados por Sabadell são a instabilidade da opinião pública sobre o direito, (por exemplo, após um escândalo político multiplicam apenas por uma política repressiva, mas se essas pessoas fossem convidadas a legislar, não agiriam com tanta versatilidade (ímpeto de mudança). Ex. pena de morte.) e a imagem parcial e incompleta que a população tem do sistema jurídico, de forma que as opiniões não refletem a realidade, mas uma opinião confusa e ideológica. Assim, os questionários de pesquisa reproduzem o “senso comum”.
Uma outra crítica é quanto à utilidade limitada das pesquisas, pois “se as normas jurídicas são aplicadas, na maioria dos casos, por órgãos do Estado e pelos operadores jurídicos, o maior ou menor grau de conhecimento das normas por parte da população não mantém uma relação causal com a eficácia do direito.
Exceção feita às pesquisas sobre o sentimento de medo da criminalidade e as soluções sociais. “neste caso, as pesquisas não são conduzidas para constatar a opinião da população sobre o sistema jurídico, nem para conhecer a realidade da aplicação do direito. A finalidade principal é de organizar intervenções políticas sobre o tema da criminalidade. E tais intervenções objetivam, muitas vezes, instrumentalizar o medo do crime que sente a população, para impor políticas de controle social autoritárias, antidemocráticas e violentas, legitimando a repressão das camadas populares e garantindo os privilégios sociais dos poderosos.”
PERGUNTAS.
No que consistem as pesquisas do tipo KOL?
Qual a crítica que é possível fazer às pesquisas do tipo KOL?
Utilizando as conclusões da autora, é possível afirmar ou negar a utilidade da opinião pública para o Direito?