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Resumo - Livro 1 - Cap. 4

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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO CIENCIA E TECNOLOGIA CATARINENSE – Campus Rio do Sul
Curso: Licenciatura em Física
Disciplina: História da ciência
Prof.: Otavio Bocheco
Acadêmico: Peterson Dirksen
Rio do Sul, 26 de Abril de 2013.
PEDUZZI, Luiz O. Q. Força e movimento: de Thales a Galileu. UFSC, Florianópolis, SC, Cap. 4, p. 68-90, 2008.
AS NOVAS CONCEPÇÕES DO MUNDO 
No fim da Idade média surge uma nova concepção de mundo, explicada por Nicolau de Cusa, seus pensamentos o levam a crer que o universo é infinito, e extremamente vasto, sem limites de confinamento. Segundo Cusa o universo não é infinito por não ter fim, mas sim por ser indeterminado, nunca atingindo o seu limite, motivo pelo qual não pode ser estudado como algo certo e preciso. Para ele cada elemento é constituinte de um universo finito, porém é reservado a Deus o infinito, pois só a Deus cabe a verdade absoluta que é inacessível ao homem.
Outro pensamento de Cusa é que para ele não existe corpo imóvel no universo e todo movimento é relativo ao local onde se encontra, pois na terra parece que os outros astros são móveis, porém da lua pareceria que até a Terra esta em movimento e ele estaria parada, chegando à conclusão de que não existe ponto central no universo, deixando assim a Terra de um planeta perfeito, mas sim igual a todos os outros, pois Cusa diz ainda que todos os planetas são compostos dos mesmos elementos. Sendo todos os planetas iguais em constituição, ainda pensa na situação da luz, que segundo ele todos os planetas têm luz própria, para explicar isso diz que se alguém estivesse no sol não perceberia seu brilho, porém veria ao dos outros astros, assim como acontece na Terra.
No século XV chega a astronomia sua principal obra, o Almagesto, que é traduzida do grego para o latim inicialmente por George Peurbach, astrônomo renomado da época, que ao desenvolver um trabalho percebe a dificuldade de entender as versões não completas das traduções, é então que decide traduzir por conta própria, mas não o termina, por morrer prematuramente, é então que surge outro nome, Johann Müller conhecido como Regiomontano, discípulo de Peurbach, que termina a tradução iniciada pelo mestre, ao fim é entregue uma obra que trona a astronomia ptolomaica mais clara e compreensível, é então que os críticos encontram furos nas teorias de Ptolomeu podendo contestar, um desses críticos é conhecido como Nicolau Copérnico.
Em 1543 , ano de sua morte, Copérnico publica sua obra revolucionaria, na qual apresenta um sistema astronômico em que a Terra estaria em órbita e em seu lugar no centro do universo estaria o sol, sendo esse o sistema conhecido hoje por heliocentrismo. Por ser tão revolucionaria e contrariar os sistema ptolomaico, é que Copérnico demorou tanto para divulgar sua obra, com medo de ser ridicularizado, motivo pelo qual pensou inúmeras vezes em reportar de forma oral essa obra. Para estruturar seu sistema Copérnico fez uso de muitas das técnicas e dispositivos matemáticos que Ptolomeu utilizou, porém rejeitou o equante da astronomia ptolomaica, que segundo ele estava errado. Em seu sistema, utilizou dos mesmos princípios de antigos trabalhos gregos, com relação ao movimento circular dos planetas, que mais a frente é contestado por Kepler. O sistema proposto por Copérnico colocava o Sol imóvel no centro do universo, e movimentando-se circularmente ao seu redor os planetas afastados entre si, na ordem de Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter e Saturno.
O universo proposto por Copérnico é finito e limitado, encontrando-se no fim a esfera das estrelas fixas que permaneceria imóvel, enquanto a Terra é que se moveria ao redor de seu próprio eixo diariamente, movimento conhecido como rotação, enquanto a translação explicaria o afastamento e aproximação dos planetas e a Terra. 
É dado aos planetas diferentes velocidades de órbita planetária o que explica as acelerações, desacelerações e inversões de sentido dos mesmos, percebe-se que Copérnico se manteve ao sistema de Ptolomeu quanto a esfera das estrelas fixas, exceto por algumas observações próprias, vendo-se então que ele se prendia muito aos conhecimentos dos antigos, isso é explicado por Copérnico como legado, e mesmo sendo tão conservador ele rompe com a tradição ao apresentar seu sistema astronômico. Ele explica que o equante de Ptolomeu que iniciou seus estudos, pois não gozava das mesmas ideias que o autor quanto ao assunto. Pesquisando e estudando o assunto Copérnico pode ver muitos textos onde filósofos discordavam nesse assunto, tais como Hiketas e Heráclitos, que diziam haver um movimento giratório sobre a Terra sobre um eixo fixo, outro foi Filolau para quem a Terra girava em torno do fogo central e para Aristarco, além do movimento giratório em torno de si a Terra também orbitava ao redor do sol, porém não se sabe se Copérnico partiu de seus conhecimentos para contrariar o equante ou se analisando o equante começou a pesquisar. Outro ponto que ele deixou vago foi os predecessores a sua pesquisa.
A parte importante do trabalho de Copérnico é o seu trabalho, que por ser formulado matematicamente, concebido sobre novas bases e compatível com o sistema anterior é considerado um marco para o desenvolvimento da ciência. Porém com toda inovação, há tensão entre os inovadores e os conservadores, os problemas que ele encontrou foram referentes ao movimento que ele disse haver sobre a Terra, primeiramente ele considerando que todos os planetas tinha o mesmo tipo de movimento, todos seriam iguais, assim sendo em constituição também, indo ao contrário daquilo que todos pensavam de os planetas possuírem naturezas diferentes. Outro detalhe que os defensores viam era de que tendo a Terra um movimento, há uma força centrífuga nela e que jogaria tudo e todos para fora. Copérnico então explica que a força centrífuga só aparece em movimentos violentos e tendo a terra um movimento natural é impossível haver a força centrífuga. Outro impasse encontrado é que segundo os aristotélicos todos os corpos pesados tendem a ir para o centro do universo, então não sendo a Terra este, tudo estaria solto no universo. Mais uma vez Copérnico encontra uma explicação para os argumentos, mantendo a explicação da teoria de Aristóteles porém com diferenças mínimas, diz ele que não é ao centro do universo que es coisas tendem, mas sim ao centro dos planetas. Quando questionado sobre como um objeto cai sempre no mesmo ponte de onde foi lançado, se o lançamento for vertical, ele responde de forma vaga que o objeto participa do movimento da Terra, não tendo atraso. Entretanto um questionamento ele não pode responder, que foi referente à órbita da lua, pois seria necessário um desligamento da física aristotélica.
Outro grande problema na aceitação do sistema astronômico de Copérnico esta na aceitação de que o homem não é o centro do universo, por este motivo Martinho Lutero critica Copérnico, antes mesmo da publicação de sua obra De revolutionibus. Neste cenário aparece uma obra de Boécio onde ele diz que o homem é ínfimo em relação ao universo, dizendo ainda que se tirar tudo o que há de vida no planeta o homem é infinitesimamente pequeno, em relação a tudo.
A igreja católica incentivou Copérnico a publicar seus estudos, onde um cardeal ao trocar cartas com ele pede que ao publicar sua obra mantenha-o informado, entendendo-se então que não foi à igreja que reprimiu a publicação da obra por ele. Na realidade o que ele temia era ser julgado e ridicularizado pela sociedade da época. Contudo os medos de Copérnico foram amenizados com o prefácio que Andreas Osiander escreveu à sua obra, nesse prefácio o pastor luterano apresenta o sistema de Copérnico com uma hipótese matemática, que vem ao publico como nova estrutura planetário sendo um instrumento de cálculo e previsões para serem utilizadas por astrônomos.
Com o prefácio de Osiander o sistema de Copérnico foi mais bem aceito, na época, sendo proibido pela igreja católica anos mais tarde, quando Galileu Escreve uma carta à Duquesa Cristinade Médici, onde defende o copernicanismo. Por ter feito o prefácio muitos acreditam que Osiander foi um aproveitador e que esse contradiz obra original de Copérnico. Ele ainda dirige uma carta ao autor da obra sugerindo-lhe que rejeita-se a interpretação real de sua obra. Não se sabe qual a reação de Copérnico, somente há registros de que não acatou a sugestão, pois acreditava que deveria expor ao publico o que pensava abertamente, mesmo que fosse contra a ciência da época. Porém, mesmo Copérnico indo contra sugestão de Osiander, o prefácio foi agregado ao livro, não chegando ao conhecimento publico a reação do autor ao ver isso, pois este se encontrava a beira da morte.
Para analisar sobre a teoria como sendo realista ou apenas instrumentalista, deve-se analisar quando ele especula e calcula.
Copérnico realmente acreditava que era impossível aos planetas orbitarem de forma descrita no seu sistema de epiciclos e deferentes, que segundo ele eram meras ficções geométricas.
A obra de Copérnico por ser de grande complexibilidade é pouco procurada e entendida à época, sendo que o autor escreve sua obra no formato do Almagesto, dirigindo-se então a um grupo seleto de astrônomos, sendo estes os principais motivos da pouca aceitação das ideias. Mesmo assim, ainda ouve algum prestígio a obra, pois sua teoria planetária foi utilizada como base para novas tabelas astronômicas, elaboradas por Erasmo Reinhold, dando a obra um ponto de vista instrumentalista.
A obra se concretiza com Copérnico se prendendo a mais uma forte herança que são os círculos, considerados pelos gregos como perfeitos,
Giordano Bruno defensor do heliocentrismo vai além deste afirmando que existiria um universo infinitamente maior com muitos mais sistemas solares parecidos, tornando o universo infinito, ao invés de indefinido, assim como é proposto por Cusa. Sendo então o universo infinito não é possível haver um ponto central absoluto, considerando que cada astro e planeta tem um ponto central próprio.
É através da percepção que o ser humano interage com o mundo que o circunda, porém não pode ser considerada um fundamento do conhecimento, sendo que é na interação entre o juízo do intelecto e a razão factual que é possível gerar novos conceitos. Mesmo assim ninguém pode negar a existência de algo pelo fato de não detecta-lo.
Bruno considera a existência do espaço muito vasto, infinito e uniforme, no qual ele situa o nosso mundo em algum ponto, considerado uma região ínfima. Considerando que o universo tão grande, Bruno considera que a vida inteligente se espalha, havendo outros planetas semelhantes a Terra. É possível perceber traços dos pensamentos de Cusa nas ideias de Bruno, mas é com ele que o universo passa a ser considerado definitivamente infinito. Alexandre Koyré comenta que o universo descrito por Bruno é tão poderoso e profético, racial e poético que não pode deixar de ser admirado.
A teoria de Aristóteles continua a ser muito forte, até por que este tem uma aliada forte, a igreja católica. E dentro deste cenário onde se deparam o novo e o revolucionário com o antigo e tradicional aparece o dinamarquês Tycho Brahe que reunia fatos para contradizer Aristóteles, tais como a observação de um cometa e uma estrela nova que se encontravam além da órbita da lua, que só poderia aparecer com um paralaxe imensurável, encontrando-se então estes corpos muito além da esfera dita por Aristóteles. É então que Brahe percebe que só observando os astros é impossível obter-se dados suficientes para elaborar tabelas planetárias precisas, desenvolvendo assim um sistema de observação sistemático. No sistema planetário que ele estabelece, faz uso do modelo de Copérnico e com suas conclusões evita problemas de uma Terra não estacionária, mas ainda se atem ao modelo geocêntrico, onde a Terra se encontra imóvel, com a lua em sua órbita, assim como o sol, e os outros planetas orbitando em torno do sol. Quanto a ordem de afastamento dos planetas ele faz uso do modele copernicano.
Palavras-chave 
Nicolau Copérnico. Geocentrismo. Heliocentrismo. Aristóteles. Ptolomeu. Nicolau de Cusa. Universo. Deus. Sistema solar. Terra. Idade média. Almagesto. Corpos celestes.

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