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RFAEPFResumoDireito AdministrativoAula1

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Direito Administrativo 
 
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários 
e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
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SUMÁRIO 
Introdução ............................................................................................................. 2 
Contatos com a Professora Ana Cláudia Campos para fazer revisões e tirar dúvidas 
sobre a matéria de Direito Administrativo ............................................................................. 2 
Assuntos a serem tratados nas oito aulas de Direito Administrativo......................... 2 
Bibliografia Sugerida ................................................................................................... 2 
Metodologia ................................................................................................................ 3 
1 Regime Jurídico Administrativo (Princípios).......................................................... 3 
1.1 Princípio da Supremacia do Interesse Público sobre o Privado ............................ 5 
1.2 Princípio da Indisponibilidade do Interesse Público ............................................. 6 
1.3 Princípios Constitucionais do artigo 37 ................................................................. 7 
1.3.1 Princípio da Legalidade................................................................................... 8 
1.3.2 Princípio da Impessoalidade ......................................................................... 10 
 
 
 
 
 Direito Administrativo 
 
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ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários 
e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
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Introdução 
 
Contatos com a Professora Ana Cláudia Campos para fazer revisões e tirar dúvidas 
sobre a matéria de Direito Administrativo 
 
➢ Facebook: /prof.anaclaudiacampos 
➢ Instagram: @profanaclaudiacampos 
➢ Periscope: @anaclaudiacampos 
 
Assuntos a serem tratados nas oito aulas de Direito Administrativo 
 
1. Regime Jurídico Administrativo (Princípios); 
2. Poderes Administrativos (Poder Hierárquico, Poder Disciplinar, Poder Regulamentar e 
Poder de Polícia); 
3. Organização Administrativa (Administração Direta, Administração Indireta, 
Desconcentração, Descentralização, Autarquias, Fundações, Empresas Públicas 
Sociedades de Economia Mista); 
4. Atos Administrativos (Conceitos, Requisitos, Atributos, Formas de Extinção, 
Classificação); 
5. Controle da Administração Pública (Controle de Legalidade, Controle de Mérito, 
Controle Hierárquico, Controle Finalístico, Tutela, Autotutela); 
6. Responsabilidade Civil do Estado (Responsabilidade por ação, por omissão, objetiva, 
subjetiva); 
7. Licitação (Lei nº 8.666/1993); 
8. Regime Jurídico dos Servidores Públicos da União, das Autarquias e das Fundações 
Públicas Federais (Lei nº 8.112/1990). 
 
Bibliografia Sugerida 
 
✓ Manual de Direito Administrativo, do Alexandre Mazza (Bastante completo, trata dos 
principais tópicos, mediante uma linguagem clara, objetiva e simples, com resumo ao 
final de cada capítulo, esquemas sobre como foi abordado em provas anteriores, 
questões que já foram cobradas em prova); 
 Direito Administrativo 
 
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✓ Direito Administrativo Descomplicado, de Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo (Fez 
uma revolução no mercado, pois antes só existiam os livros acadêmicos, como Celso 
Antônio Bandeira de Melo, Hely Lopes Meireles, José dos Santos Carvalho Filho e Maria 
Silva Di Pietro, tem uma linguagem mais didática, com uso da técnica da repetição, 
para otimizar a fixação da matéria; advertindo-se também para a opção de estudo por 
meio do resumo elaborado pelos mesmos autores, desde que seja incrementado pelo 
estudo de questões gerais das provas mais atualizadas da respectiva banca - CESPE); 
✓ Qconcursos.com (Há uma seleção de questões por matéria, por assunto, por banca, 
além dos comentários às questões, cabendo ao candidato apenas ler e marcar, 
facilitando o estudo); e 
✓ Tecconcursos (Também seleciona as questões por banca, por ano, mas a professora 
acredita que o Qconcursos.com seja mais fácil de utilizar). 
 
Metodologia 
 
Serão oito horas de aula, uma hora para cada assunto, mais uma hora extra de 
resolução de questões. Dica: malhar, fazer exercício físico e cuidar da alimentação, para poder 
se preparar para o teste físico. Segundo a Professora, não adianta nada fechar a prova objetiva 
e ser reprovado no teste físico. 
 
1 Regime Jurídico Administrativo (Princípios) 
 
O Regime Jurídico Administrativo corresponde ao conjunto formado por todos os 
princípios e normas pertencentes ao Direito Administrativo. 
A palavra “regime” está associada a “conjunto”; a palavra “jurídico” está associada a 
“normas”, que é aquilo que está disciplinado em uma lei, com destaque para a Lei de Licitações 
e a Lei do Regime Jurídico dos Servidores Públicos da União, das Autarquias e das Fundações 
Públicas Federais. 
Considerando-se que o estudo das leis específicas é feito à parte, chega-se à conclusão 
de que quando se fala em “Regime Jurídico Administrativo” estar-se a tratar enfaticamente 
acerca dos Princípios. 
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Por sua vez, os princípios podem ser expressos ou implícitos: em uma linguagem 
extremamente simples, pode-se dizer que um princípio é expresso quando ele se encontra 
escrito; e um princípio é implícito quando ele não se encontra escrito. 
A título de exemplo, tem-se o artigo 37 da Constituição Federal: 
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos 
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, 
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (Redação 
dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) [...] 
A partir da leitura do referido dispositivo legal, pergunta-se: o princípio da legalidade 
é um princípio expresso ou implícito? Responde-se: é expresso, porque ele está escrito no 
texto constitucional. 
Em contrapartida, ouve-se falar bastante no princípio da proporcionalidade e no 
princípio da razoabilidade. Em que pese a doutrina fazer questão de distingui-los, as questões 
de prova não costumam diferenciá-los. Eles consistem, simplesmente, em averiguar a 
adequação e a necessidade de determinada medida, a agir dentro dos limites do necessário. 
Exemplo: uma mãe busca o boletim do seu filho no colégio e constata que a maior nota 
é 1,2 em Religião, hipótese na qual seria proporcional e razoável retirar o vídeo game e a 
internet até ele melhorar as notas, por ser uma medida adequada e necessária à eventual 
melhora; mas não seria proporcional e razoável espancar a criança, por sair dos limites do 
necessário. 
Mais um exemplo: um servidor público vem chegando atrasado em seu local de 
trabalho, hipótese na qual é proporcionale razoável aplicar uma advertência; mas se essa é 
uma das primeiras vezes em que isso acontece, não seria proporcional e razoável uma 
demissão. 
Logo, é preciso sempre analisar se a medida a ser aplicada é adequada e necessária. 
Por sua vez, cumpre destacar que os princípios da proporcionalidade e da 
razoabilidade são implícitos no texto constitucional, não são expressos, pois a Constituição 
Federal não trata expressamente desses princípios. 
Chama-se atenção para uma questão de prova, não da banca do CESPE, mas da banca 
da FCC, a qual dizia que os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade se encontram 
implícitos em todo o ordenamento jurídico brasileiro. Quando se faz essa afirmação, é o 
mesmo que dizer que eles não se encontram explícitos em nenhuma lei. Essa afirmação não é 
verdadeira, pois eles se encontram explícitos na Lei nº 9.784/1999, que corresponde à Lei do 
Processo Administrativo Federal, a qual prevê expressamente que a Administração Pública 
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deve respeitar alguns princípios, dentre eles o princípio da proporcionalidade e o princípio da 
razoabilidade, razão pela qual nessa lei os princípios são do tipo expressos, de modo que os 
princípios podem ser expressos em um determinado diploma e implícitos em outro. 
Nessas circunstâncias, é preciso focar quais são os princípios que estão previstos na 
Constituição Federal, para só então depois fazer um paralelo com os demais princípios 
previstos nas demais leis que aparecerem. Por exemplo, ao estudar a Lei de Licitações, será 
analisado o princípio da vinculação ao instrumento convocatório, que é um princípio expresso 
na Lei de Licitação, mas na Constituição Federal é um princípio implícito. Então, quando se 
tem um princípio expresso, ele está escrito; quando se tem um princípio implícito, ele não 
está escrito. 
Atenção para a pergunta: “o princípio da legalidade encontra-se expresso no texto 
constitucional? ” Sim, está correto, porque o princípio está escrito na Constituição Federal. 
E se a pergunta for “o princípio da legalidade encontra-se positivado no texto da carta 
maior? ” Sim, também está correto, algo que está positivado, está posto, se está posto, está 
escrito, se está escrito, está expresso. Logo, na questão pode constar: expresso, escrito ou 
positivado como sinônimos. 
Segue-se com o estudo dos dois princípios que são a sustentação do Regime Jurídico 
Administrativo, que são tidos como supraprincípios: o princípio da supremacia do interesse 
público sobre o privado e o princípio da indisponibilidade do interesse público. 
 
1.1 Princípio da Supremacia do Interesse Público sobre o Privado 
 
Corresponde às prerrogativas dadas ao Administrador para atingir o interesse público, 
a fim de que ele consiga alcançar o que é melhor para a coletividade. 
 
Quando o Administrador atua, ele atua em busca do bem-estar coletivo, cujo interesse 
coletivo é superior ao interesse particular. 
Por via de consequência, o Administrador tem benefícios a mais que o particular, tem 
direitos e deveres a mais que o particular, razão pela qual o Administrador recebe diversas 
prerrogativas para que ele consiga alcançar o bem-estar coletivo, que se revelam verdadeiros 
benefícios. 
Exemplo: se existe um barzinho que está com o som muito alto, o indivíduo pode fazer 
um requerimento para que a Administração Pública possa exercer uma fiscalização em relação 
 Direito Administrativo 
 
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àquele bar, para que se ordene a diminuir o som, construir uma acústica ou até mesmo 
interditar e apreender os equipamentos. Nessa hipótese, não se quer dizer que o fiscal valha 
mais que o dono do bar. Contudo, naquele momento, o fiscal representa a coletividade, a qual 
esta sim vale mais que o interesse particular, podendo-se agir em posição de supremacia e 
ordenar que se baixe o volume do som (essa medida é um reflexo do poder de polícia, que 
consiste em limitar o poder do particular em prol do interesse coletivo). 
Contudo, caso se deem muitas prerrogativas ao Administrador, há a tendência de ele 
cometer excessos. Logo, é preciso frear o poder do Administrador. É por isso que junto do 
princípio da supremacia do interesse público sobre o privado vai vir também o princípio da 
indisponibilidade do interesse público. 
 
1.2 Princípio da Indisponibilidade do Interesse Público 
 
Corresponde às restrições impostas à atuação administrativa, a fim de que o 
Administrador não incorra em excessos no exercício do seu poder, pois ele é um mero gestor 
da coisa pública, não possuindo liberdade ampla e irrestrita para agir da forma como preferir. 
Pergunta-se: o governador do Estado pode utilizar o dinheiro do Estado? Responde-se: 
pode sim, em verdade ele tem o dever de utilizar o dinheiro do Estado para pagar os 
servidores, investir em educação, saúde, etc., mas ele não pode utilizar da forma como 
preferir, sendo necessário agir em prol do interesse público. 
São esses dois princípios, o princípio da supremacia do interesse público sobre o 
interesse particular e o princípio da indisponibilidade do interesse público, que formam a base 
do regime jurídico administrativo, são os seus pilares, suas pedras de toque, sem 
necessariamente com isso valerem mais que os demais princípios, pois não existe hierarquia 
entre princípios, eles se encontram em posição de igualdade. 
A única ressalva é que esses dois princípios dão origem aos outros princípios. 
E, apesar de toda a importância desses dois princípios, cumpre registrar que eles são 
princípios implícitos, não se encontram expressos na Constituição Federal, nem na Lei de 
Improbidade Administrativa, nem na Lei de Licitações, revelando-se princípios implícitos no 
ordenamento jurídico brasileiro. 
 
Em suma, é o que se pode observar na ilustração abaixo reproduzida: 
 
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Regime Jurídico Administrativo: 
Administrador Interesse Coletivo 
 
1) SUPREMACIA 
Prerrogativas 
2) INDISPONIBILIDADE Base do Regime 
Restrições Jurídico Administrativo 
 Interesse Particular 
 
1.3 Princípios Constitucionais do artigo 37 
 
Segue-se com a análise do artigo 37 da Constituição Federal: 
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos 
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, 
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (Redação 
dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) [...] – Sem grifos no original1. 
 
Cumpre registrar rapidamente que aqueles que fazem parte da Administração Pública 
direta são os entes políticos, que correspondem aos entes federados, notadamente a União, 
os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. Para auxiliar a Administração Direta, há aqueles 
que fazem parte da Administração Pública indireta, chamadade Administração 
Descentralizada, que são as Autarquias, as Fundações Públicas, as Empresas Públicas e as 
Sociedades de Economia Mista. Por sua vez, estes últimos podem existir em qualquer um dos 
Poderes, quer seja o Legislativo, quer seja o Executivo, quer seja o Judiciário. 
Já houve questão de prova no seguinte sentido: quando uma Empresa Pública ou uma 
Sociedade de Economia Mista desempenham atividade econômica, elas não precisam 
 
1 A própria professora sugeriu um “macete” para facilitar a memorização dos Princípios Constitucionais, é a 
palavra “LIMPE”, sendo “L” de Legalidade, “I” de Impessoalidade, “M” de Moralidade, “P” de Publicidade, e “E” 
de Eficiência, chamando-os de “Princípios do LIMPE”. 
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P
LÍ
C
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O
S 
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obedecer aos princípios constitucionais expressos. Ocorre que essa assertiva está errada. 
QUALQUER questão de prova, que coloque QUALQUER exceção dizendo que QUALQUER um 
dos sujeitos abrangidos pelo artigo 37 da Constituição Federal não deva obedecer aos 
princípios do LIMPE é FALSA. TODOS da Administração Pública Direita e TODOS da 
Administração Pública Indireta, TODOS, necessariamente, sempre terão de obedecer aos 
princípios do LIMPE. 
Segue-se com a análise de cada um deles: 
 
Princípios do ART. 37, CF/88: 
 
Legalidade; 
Impessoalidade; 
Moralidade; 
Publicidade; 
Eficiência. 
 
1.3.1 Princípio da Legalidade 
 
Legalidade é o dever que o Administrador tem de obedecer à lei, o que não se restringe 
à lei em sentido estrito, mas sim compreende todo o Regime Jurídico Administrativo, que é o 
conjunto de normas e princípios; bem como todo o Bloco de Legalidade, que corresponde 
àquelas espécies normativas previstas no artigo 59 da Constituição Federal: 
Art. 59. O processo legislativo compreende a elaboração de: 
I - Emendas à Constituição; 
II - Leis complementares; 
III - Leis ordinárias; 
IV - Leis delegadas; 
V - Medidas provisórias; 
VI - Decretos legislativos; 
VII - Resoluções. 
Exemplo: 
A Lei nº 8.112/90, que corresponde à Lei do Estatuto do Servidor Público Federal, prevê 
que o servidor que cometer uma irregularidade pode receber uma pena de suspensão, a qual 
pela lei pode ser de até 90 dias. Supondo-se que um servidor tenha cometido uma 
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irregularidade e a Administração tenha aplicado uma pena de 90 dias de suspensão, respeitou-
se o texto da lei, mas não necessariamente essa aplicação foi válida. Afinal, caso tenha sido a 
primeira vez que o servidor tenha praticado uma irregularidade, relativamente simples e sem 
qualquer reincidência, não se revela proporcional aplicar a punição no prazo máximo previsto 
em lei. Logo, em que pese se tenha respeitado o texto da lei, como os princípios da 
proporcionalidade e da razoabilidade foram violados, feriu-se a própria legalidade. 
Não é à toa que o Poder Judiciário pode fazer um controle de legalidade dos atos 
administrativos, verificando não apenas o respeito ao texto da lei, mas também aos princípios, 
sem com isso invadir o mérito do ato administrativo, já que o controle de mérito não é 
permitido. 
Cumpre advertir que o princípio da legalidade não tem o mesmo significado para o 
Administrador e para o Particular, mas sim significados completamente diferentes: enquanto 
o particular tem preservada a sua autonomia da vontade, prevista no artigo 5º, inciso II, da 
CF/88; o Administrador é subordinado aos termos da lei: 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se 
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à 
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: 
[...] 
II - Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de 
lei; - Sem grifos no original. 
Como é de se perceber, o particular tem preservada a sua autonomia da vontade, pode 
praticar seus atos independentemente da lei, salvo aqueles atos vedados por lei. Já o 
Administrador só pode fazer o que a lei permite, o que a lei autoriza, o que a lei manda, de 
modo que primeiro vem a lei, para depois vir o ato do Administrador, cuja função é colocar 
em prática os termos da lei, é como se a lei fosse o chefe e o Administrador fosse o empregado, 
mas como no Direito Público não se fala em chefe/empregado, diz-se que a lei é superior e o 
Administrador é subordinado, atuando de maneira infralegal, abaixo da lei. Em suma: o 
particular preserva sua liberdade, a legalidade é negativa, ele pode fazer tudo, menos o que 
a lei o proíbe, de modo que a lei só vem para proibi-lo de fazer algo; o Administrador não 
tem essa liberdade, a legalidade é positiva, ele só pode fazer aquilo que a lei permite, de 
modo que a lei vem para permiti-lo a fazer algo. 
Por fim, cumpre destacar que dentro da legalidade existe o conceito do Estado de 
Direito. Estado é formado por três elementos: povo, situado em território e sujeito a um 
governo soberano, mas aqui ele será resumido como sendo um local; e Estado de Direito é 
um local submetido a normas a serem obedecidas tanto pelo povo quanto pelo Estado, como 
 Direito Administrativo 
 
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o é a vedação à tortura. De modo que quando se tem um local em que tanto a população 
respeita as normas quanto o Estado respeita também, tem-se um Estado de Direito. 
 
Segue abaixo um esquema a título ilustrativo: 
 
Princípio da Legalidade: 
 
 Bloco de Legalidade: Art. 59, CF/88 
❖ Administrador: Lei 
 Regime Jurídico Administrativo: Normas e Princípios 
 
❖ Administrador Particular 
 
Subordinado à Lei Autonomia da vontade 
 
❖ Estado de Direito 
Povo 
Local Normas 
 Estado 
 
1.3.2 Princípio da Impessoalidade 
 
O princípio da impessoalidade é o mais cobrado em prova, o qual pode ser analisado 
sob duas perspectivas: do administrador em relação ao povo; e do administrador em relação 
a ele mesmo. 
Numa primeira perspectiva, no que se refere ao princípio da impessoalidade do 
administrador em relação ao povo, determina-se que o administrador deve agir de maneira 
neutra, imparcial, sem privilegiar e sem discriminar, ele atuará sem agir por amizades ou 
inimizades, sempre pensando no bem da coletividade. Pela impessoalidade, o administrador 
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deve tratar as pessoas de maneira igual. Contudo, pela impessoalidade, o administrador não 
deve tratar TODAS as pessoas de maneira igual, devendo tratar os iguais de maneira iguale 
os desiguais na medida da sua desigualdade, buscando-se a IGUALDADE MATERIAL. 
Exemplo: em um hospital, o médico deve atender os pacientes por ordem de chegada, 
sem favorecer um amigo e sem prejudicar um inimigo. No mesmo sentido, caso surja um caso 
mais urgente, deve atende-lo de forma prioritária e não o fazer aguardar sua vez na fila. Afinal, 
isso é que é tratar os iguais de maneira igual (aqueles que estão na fila, sendo atendidos por 
ordem de chegada) e os desiguais na medida da sua desigualdade (priorizando os mais 
urgentes, para evitar um desrespeito ao direito à vida). 
São medidas que garantem a impessoalidade: concurso público (garantindo que se 
chame o melhor candidato), licitação (garantindo a contratação da melhor proposta), etc. 
Na visão de Hely Lopes Meirelles, o princípio da impessoalidade está relacionado 
diretamente ao princípio da finalidade. A finalidade busca alcançar a satisfação do interesse 
público, a qual se revela um ponto em comum com a impessoalidade. Se se age em busca do 
interesse público, age-se sem privilegiar e sem discriminar pessoas determinadas, o que 
implica em agir de forma impessoal. 
Por fim, faz-se necessária a leitura da Súmula Vinculante nº 13 do STF, que trata da 
prática do Nepotismo, que corresponde à nomeação de parentes para cargos em comissão: 
Súmula Vinculante 13 
A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por 
afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma 
pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício 
de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na administração 
pública direta e indireta em qualquer dos poderes da União, dos Estados, do Distrito 
Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola 
a Constituição Federal. – Sem grifos no original. 
Cônjuge é quando se casa no papel; companheiro é quando se vive em união estável; 
parentes até terceiro grau compreendem os ascendentes (pais, avós, bisavós) e os 
descendentes (filhos, netos, bisnetos) e os colaterais (irmãos, que são parentes de segundo 
grau; tios e sobrinhos, que são parentes de terceiro grau; não estando incluídos os primos, 
pois estes são parentes de quarto grau). 
A violação à Constituição Federal se verifica justamente pela violação ao princípio da 
impessoalidade, por efetuar uma contratação e privilegiar pessoas determinadas tão somente 
pela relação de parentesco. 
Além disso, a violação se verifica ainda pela violação ao princípio da moralidade. 
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Por fim, cumpre destacar que é proibido tanto o nepotismo direto, quanto o 
nepotismo cruzado. Nepotismo direto é quando se chama o próprio parente para assumir o 
cargo em comissão a ele subordinado (chamo o meu parente para ser o meu assessor). 
Nepotismo cruzado é tentar dar um jeitinho de burlar o sistema, é quando se chama o parente 
para assumir o cargo em comissão subordinado a outro setor, mediante uma troca de favores 
(chamo o meu parente para ser o assessor de outro servidor; e o parente dele para ser o meu 
assessor). 
 
Segue abaixo mais um esquema a título ilustrativo: 
 
Princípio da Impessoalidade: 
 
a) Administrador  Povo 
 
 Neutra/Imparcial 
 
 = = / = = (Igualdade Material) 
 
 Hely Lopes Meirelles: Impessoalidade Finalidade 
 
Súmula Vinculante nº 13, STF (Nepotismo) 
 
 
Finalizou-se o bloco com a seguinte pergunta: “Se o Governador dá a sua irmã o cargo 
de Secretária de Estado, há nepotismo? ” 
 
A resposta ficou de ser dada no bloco seguinte.

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