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PANCREATITE AGUDA “Inflamação do pâncreas, causando dor abdominal e elevação de enzimas pancreáticas no sangue.” (Enzimas pancreáticas: amilase e lipase) + Alterações nos exames e imagem (RM, TC) - alterações da textura, necrose, peripancreáticas. Em quadros de pancreatite aguda observamos: dor abdominal, alterações nas enzimas pancreáticas e alterações nos exames de imagem. Para confirmação, devo ter pelo ao menos duas dessas três características. Existem pancreatites sem dor, mas com as duas outras características. Ou então pancreatites sem alterações nos exames de imagem, porém com as duas outras características positivas. ETIOLOGIA 75% dos casos são devidos à Litíase Biliar (40-45%) e Álcool. Pacientes com pancreatite aguda sempre procurar etiologia biliar. Como diferenciar para saber se é devido à litíase? USG de abdome. Pancreatite associada ao álcool pensamos em quadros mais crônicos, com os efeitos do álcool sobre a glândula. Ex.: PCC – Pancreatite Crônica Calcificada. Então pacientes com ingesta alcoólica importante apresentando sinais de pancreatite aguda, suspeitar de agudização de um quadro de pancreatite crônica. Pancreatite metabólica: Alguns pacientes com triglicerídeo acima de 1000 mg/dl OBSTRUÇÃO MECÂNICA DA AMPOLA DE VATER ▪ Cálculo biliar – 3 a 7% dos portadores de cálculo biliar terão P.A. São causas de 35 a 40% dos casos de P.A (<5mm). Pacientes podem ter história prévia de cólica biliar (dor em HD que irradia para o dorso) TGP (ALT) é maior que 3xLSN (>150U). Mecanismo - Possível refluxo de bile para a via pancreática – Teoria do Canal Comum Colédoco em contato com o ducto de Wirsung – Uma obstrução no canal comum causa refluxo de bile do colédoco para o ducto de Wirsung ▪ Lama biliar – Microlitíase (<5mm) está associada à lama biliar: Lama biliar ocorre em: - Jejum prolongado; - Nutrição Parenteral Total (sem estímulo da colecistoquinina para contrair a vesícula, então a vesícula está em estase) - Ceftriaxona + bile = lama biliar. ▪ Outras causas de obstrução da Ampola de Vater: – Áscaris lumbricoides; Verme acha a papila e entra, não tem como voltar, obstruindo a papila duodenal. - Divertículo periampular; - Tumor periampular; - Tumor de pâncreas ÁLCOOL ▪ 10% dos alcoolistas terão P.A. ▪ 30% dos casos de P.A são causados pelo álcool. ▪ Mecanismo (desconhecido) – Teoricamente, álcool aumenta síntese de enzimas digestivas e lisossomais destruindo a própria glândula. Efeito tóxico do acetaldeído e ésteres etil- ácidograxos. ▪ P.A Alcoólica seria uma agudização de uma P. Crônica Alcoólica?? – Investigar! FUMO Fator de risco para P.A e P. C --- Mecanismo desconhecido HIPERTRIGLICERIDEMIA ▪ Acima de 1.000mg/dl ▪ Lipase age sobre triglicerídeos > Ácidos Graxos livres em grande quantidade tóxica nos capilares pancreáticos levando a pancreatite aguda. Em todos os pacientes com pancreatite aguda, investigamos através do lipidograma. PÓS C.P.R.E (COLANGIOPANCREATOGRAFIA RETRÓGRADA ENDOSCÓPICA) ▪ Ocorre em 5% dos casos de CPRE terapêutica. ▪ Geralmente se deve ao aumento da pressão canalicular ▪ 30 a 70% dos casos ocorre hiperamilasemia, sem dor (quando tem dor é porque já tem pancreatite) ▪ Na P.A tem dor e vômitos. HIPERCALCEMIA ▪ É rara ▪ Depósito de Ca nos ductos pancreáticos. ▪ Ativação do tripsinogênio dentro do pâncreas. ▪ Ex.: Pacientes com hiperparatireoidismo podem ter pancreatite aguda. PANCREATITE HEREDITÁRIA ▪ Mutação do gene CFTR (Cystic Fibrosis Transmembrane Condutance Regulator). – Gene da Fibrose Cística ▪ Produção de suco pancreático mais concentrado > Obstrução canalicular. ▪ Não ocorre a autólise da tripsina prematuramente ativada no pâncreas. ▪ São surtos recorrentes de P. A. No geral principal etiologia: Hipertensão Canalicular DROGAS ▪ São raras – 0,3 a 1,4%. ▪ Bom prognóstico: Baixa mortalidade. INFECÇÕES e TOXINAS TRAUMA ▪ Pode causar transecção da glândula. – Rompe o pâncreas – Induz fibrose – Pancreatite DISFUNÇÃO DO ODDI (ESFÍNCTER DO COLÉDOCO) ▪ Pode ser devido mutação CFTR PÂNCREAS DIVISUM Desenvolvimento embrionário: folhetos dorsal e ventral. Um dos folhetos tem menos parênquima pancreático – Ducto de Santorini. Folheto pancreático maior – Ducto de Wirsung. Folhetos não de dividem causando pancreatite aguda. Anomalia congênita comum – 7% nas autópsias. Ocorre hipertensão canalicular. DOENÇA VASCULAR ▪ Choque hemorrágico. ▪ Hipotensão intra-operatória. ▪ Vasculite – PAN e L.E.S. ▪ Falta de irrigação na parede pancreática = pancreatite. GRAVIDEZ ▪ Rara – Pode estar associada à Litíase Biliar e P.A Idiopática. IDIOPÁTICA ▪ 15 a 25% dos casos. OUTRAS ▪ Autoimune. ▪ Doença Celíaca. PATOGÊNESE Não totalmente esclarecida. Ativação de enzimas proteolíticas intra-acinares, levando à auto-digestão da glândula. Ou seja, auto-destruição do pâncreas. “Bomba na iminência de estourar” – quando ativa uma dessas enzimas. Enzimas digestivas e Catepsina B, são armazenadas no complexo de Golgi Cadeia de enzimas ativas Catepsina B ativa Tripsinogênio > Tripsina dentro dos vacúolos acinares > Ativação da tripsina com ruptura dos vacúolos acinares > Liberação de tripsina ativa > mecanismo de defesa (anti- tripsina) são vencidos>tripsina ativa mais tripsina e outras enzimas como fosfolipase, quimiotripsina, elastase, calicreína-cinina complemento (característica de choque), coagulação e fibrinólise (normalmente armazenadas no vacúolo como pró-enzimas que quando ativadas se tornam enzimas ativas). Auto-digestão do pâncreas > liberação de mais enzimas ativadas > destruição de tecidos peri-pancreáticos. 80% das P.A são edematosas (intersticial). – Sem necrose 20% são necrotizantes - 50% destas levam à falência múltipla de órgãos e óbito (necrose + hemorragia). Síndrome da Resposta Inflamatória Sistêmica (SIRS), devido a: Liberação de Tripsina, Fosfolipase, Elastase (destrói os vasos e dá hemorragia); Liberação de citocinas: TNF, Fator ativador de plaquetas. ▪ Febre, ▪ SARA (ARDS)- Síndrome da Angústia Respiratória Aguda – Trombose microvascular devido fosfolipase-A (lecetinase) que destrói a lecitina Lecetina (componente do surfactante): menos lecitina significa colapso pulmonar por falta de surfactante. ▪ Derrame pleural, Choque, Insuf. Renal, Depressão do miocárdio. – Falência dos órgãos. Primeira, segunda semana de pancreatite aguda: Tempestade das Leucinas – Quadro de choque e pré-choque (agudo) TRANSLOCAÇÃO BACTERIANA – A partir da segunda semana ▪ Isquemia do epitélio intestinal > quebra da barreira intestinal > translocação bacteriana > infecção local (pâncreas) ou sistêmica. (Bactérias vão do intestino para o pâncreas) ▪ Infecção da necrose pancreática ocorre em 30% nos pacientes com P.A Grave, levando à falência múltipla de órgãos. ▪ Ex.: Abscesso pancreático ou sepse. QUADRO CLÍNICO Classificar a Gravidade do Quadro de Pancreatite (CLASSIFICAÇÃO DE ATLANTA) ▪ P.A LEVE– Ausência de falência de órgãos ou complicações local/sistêmicas ▪ P.A MODERADAMENTE SEVERA – Transitória falência de órgãos (<48h). - reversível Complicação local/sistêmica(<48h). ▪ P.A GRAVE – Falência persistente de um ou múltiplos órgãos. ▪ DOR – Epigástrica / H.D ou só no H.E, intensa com irradia p/dorso. Melhora na posição sentada ou genupeitoral (se deitar o peso das vísceras comprime o pâncreas) ▪ P.A biliar – Início rápido e intenso. ▪ P. A alcoolica, metabólica e hereditária – Início insidioso. ▪ NAUSEAS e VÔMITOS. ▪ DISPNÉIA – “SARA”. 5 a 10% pode não ter dor – P.A pós-operatório, organofosforados. EXAME FÍSICO ▪ P. A Leve - Discreta dor no epigástrio. ▪ P.A Grave – Dolorimento difuso, peritonite com íleo paralítico (clássico da peritonite aguda) Icterícia – na P.A biliar ou por edema da cabeça do pâncreas. Febre. Taquipnéia. Sinais de desconforto respiratório Hipoxemia. Hipotensão arterial. Sinal de Cullen e Grey-Turner. – Hemorragia retroperitoneal (pancreatite aguda hemorrágica) Cullen: Periumbilical Grey-Turner: Flancos Nódulos sub-cutâneos e paniculite (necrose gordurosa). Hepatomegalia – na P. A Alcoólica. Xantomas (nódulos de gordura na pele) – P.A por dislipidemia. Edema de parótidas – Caxumba. EXAMES LABORATORIAIS ▪ Leucocitose ▪ Elevação de ureia e creatinina, glicemia, DHL, TGO, TGP, B.D, PCR (PCR muito aumentado significa pancreatite grave, indicador de prognóstico). ▪ Diminuição de cálcio, glicemia, albumina. ▪ Elevação de IL-6, IL-8, IL-10, TNF (Tempestade). ▪ Peptídeo de ativação do tripsinogênio – TAP – é o primeiro a ser detectado. ▪ Amilase - > 3xLSN – Aumenta em 6 a 12h e volta ao normal em 3 a 5 dias. • Pode ser < 3xLSN em: P. A Alcoólica (pouca secreção de amilase). P.A por triglicerídeos (interfere no exame). ▪ Lipase – Aumenta em 4 a 8h e normaliza em 8 a 14 dias. ▪ PCR de > 150mg/dl em 48h de evolução da P.A – É P.A GRAVE. DIAGNÓSTICO POR IMAGEM ▪ Rx de Tórax - Derrame pleural – Esq. e Infiltrado pulmonar. ▪ Rx. Simples de Abdômen – Íleo localizado (alça sentinela). Sinal do cólon “cut-off” ▪ U.S.G – Pâncreas aumentado hipoecóico – Presença de litíase biliar. ▪ T. C do Abdômen – Evidência P. A edematose ou necrose pancreática. ▪ R. M do Abdômen – É mais sensível que a T. C nas fases iniciais da P. A. DIAGNÓSTICO CLÍNICO Presença de pelo menos 2 dos seguintes 3 critérios: ▪ Dor ▪ Amilase ou Lipase séricas 3xLSN ▪ T.C, R. M ou U.S.G compatível com P. A DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL ▪ Úlcera péptica ▪ Coledocolitíase – tem TGO, TGP muito aumentadas, f.a e b.d ▪ Colecistite – amilase e lipase < 3xlsn, TGO, TGP elevadas ▪ Perfuração de víscera oca – abdômen em tábua, amilase <3xlsn. ▪ Obstrução intestinal ▪ Isquemia mesentérica CRITÉRIOS DE GRAVIDADE RANSON, 1974 ▪ Menos de 3 critérios -- mortalidade 0 a 3%. ▪ 3 a 5 critérios -- mortalidade 11 a 15%. ▪ 6 ou mais critérios --- mortalidade 40%. ▪ OUTROS CRITÉRIOS: APACHE (Acute Physiologic And Chronic Health Evaluation) SOFA (Sequential organ failure assessment). CLASSIFICAÇÃO DE BALTHAZAR TRATAMENTO ▪ Reposição hídrica – R. L ou S.F 0,9% - 5 A 10ml/kg/h – cuidado c/ICC e IRA. ▪ Tratar a dor – Fentanil ou Meperedina. ▪ O2 nasal – se tiver SARA > intubação. ▪ Sonda vesical – observar débito urinário. ▪ Tratar a hiperglicemia – > 180mg/dl, predispõem à infecção da necrose. ▪ Nutrição – P.A Leve – V.O assim que a dor ceder. • P.A Moderada ou Grave – Parenteral ou enteral precoce (24 a 48h) por sonda naso/enteral. ▪ Antibióticos – Profilático (??). Tratar ITU, Pneumonia, Infecção corrente sanguínea. ▪ Anti-fúngico – Fluconazol, só se tiver infecção – 9% dos casos. ▪ Coleção líquida peri-pancreática aguda – Resolve espontaneamente. ▪ Pseudocisto – conduta expectante, drenagem endoscópica/cirúrgica. ▪ Necrose infectada – Ocorre após 10 dias – Imipenem ou Quinolona + Metronidazol + Necrosectomia.
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