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1 SÍNTESE DE BIODIESEL DE SOJA UTILIZANDO A HIDROTALCITA COMO CATALISADOR HETEROGÊNEO 1 Pedro Henrique Aires de Sousa 2 Ramon Santos da Silva 3 Luzia Patrícia F. de C. Galvão 4 RESUMO O biodiesel são ésteres de ácidos graxos (mono – alquil. ésteres) derivados de óleos vegetais e gorduras naturais obtidas através de um processo de transesterificação, no qual ocorre a transformação de triglicerídeos em moléculas de ésteres de ácidos graxos. Diante deste contexto, a busca por catalisadores alternativos vem sendo de grande escala no mercado, para que possa ser aprimorado o processo de produção, diminuindo os custos e facilitando a produção. A obtenção do biodiesel originou-se a partir do óleo de soja, o sistema manteve-se a 60°C sob refluxo em diferentes concentrações dos catalisadores, entre 3 % e 5 % em um processo que variou entre 4 a 8 horas de reação, com agitação magnética constante. Posteriormente, as amostras foram para um funil de decantação para a separação das fases (biodiesel e glicerina) e remoção do catalisador. Em seguida foi purificado para remoção de contaminantes presente no mesmo. O objetivo é avaliar a síntese e caracterização do biodiesel utilizando catalisadores heterogêneos, com razão molar de 1:15 (óleo: álcool metílico), razão (Mg; Al) 2:1 e 3:1. O biodiesel foi caracterizado de acordo com as normas adequadas para os testes, através da ANP, ABNT e ASTM, por onde apresentou também uma maior eficiência de conversão de óleo vegetal em biodiesel e analisando alguns parâmetros pode ter apresentado o melhor rendimento nas amostras 3 e 4, com uma conversão de 81% e 85% Palavras-chave: Biodiesel. Hidrotalcita. Transesterificação. 1 Artigo apresentado à Universidade Potiguar - UnP, como parte dos requisitos para obtenção do título de Bacharel em Engenharia de Petróleo e Gás. 2 Graduando em Engenharia de Petróleo e Gás pela Universidade Potiguar - jamesairesa7x@gmail.com 3 Graduando em Engenharia de Petróleo e Gás pela Universidade Potiguar - ramonsantoss91@gmail.com 4 Orientador. Doutora em Química. Professora da Universidade Potiguar - patriciagalvao.ufrn@gmail.com 2 1. INTRODUÇÃO A importância do petróleo no mundo vem sendo de grande escala especifica, em razões da necessidade do óleo pela população. Segundo Mariano (2005, apud ALBURQUERQUE e PAIVA, 2015 p. 2), o petróleo não é apenas uma das principais fontes de energia, além de sua importância como fornecedor de energia, os seus derivados são a matéria-prima para a manufatura de inúmeros meios de consumo, e, deste modo, assumindo um papel cada vez mais presente e relevante para a humanidade. Sendo que do ponto de vista ambiental, ocasiona impactos ambientais, como, as emissões atmosféricas, efluentes hídricos ou águas residuais, resíduos sólidos e poluição sonora. O biodiesel é considerado um combustível alternativo potencial, apresentando propriedades similares ou até superiores às do óleo diesel convencional. Assim, é crescente o interesse em um desenvolvimento tecnológico baseado na sustentabilidade. Dentro do cenário de energia limpa, o biodiesel é uma alternativa atrativa que pode ser obtida através de fontes renováveis. Segundo a resolução 42 de 24/11/2004 da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis – ANP, onde poderá ser adicionado ao óleo diesel em proporção de 2% em volume, comercializado pelos diversos agentes econômicos autorizados em todo território nacional. (KUSDIANA e SAKA, 2001ª; DEMIRBAS, 2002; He et al., 2007; SANTOS, 2010, apud ALLES, 2010 p.4). Diante de um histórico de tantos anos, trata-se de um processo já consolidado industrialmente, que possui balanços mássicos e energéticos bem conhecidos, bem como equipamentos e operações bem adaptadas, permitindo produzir biodiesel com qualidade especificada por qualquer uma das normas hoje vigentes ao redor do mundo. Além da viabilidade técnica, a viabilidade econômica deste processo também sem mantém em posição de destaque ainda hoje (ZHANG et al, 2010; HELWANI et al, 2009 apud Domingos, 2010 p.1). Conforme Knothe (2006 apud ALBURQUERQUE e PAIVA, 2015 p. 2), o biodiesel pode ser produzido de uma grande variedade de matérias-primas. Estas matérias incluem a maioria dos óleos vegetais, por exemplo, óleos de soja, caroço 3 de algodão, palma, amendoim, colza/canola, girassol, açafrão, coco e gorduras de origem animal, usualmente sebo, bem como também óleos de descarte, como, óleos usados em frituras. Atualmente, o governo brasileiro implementou o uso comercial de biocombustíveis na matriz energética através da lei nº 11.097, de 13/01/2005. Esta lei regulamenta a introdução do biodiesel como combustível, além de prever o uso opcional de blendas (biodiesel/diesel fóssil). A comercialização opcional teve início com a mistura de 2% de biodiesel ao óleo diesel (B2, Biodiesel a 2%) no final de 2007. Os percentuais foram aumentando gradativamente, sempre em datas anteriores às previstas em lei, chegando-se à adição obrigatória de 5% (B5, Biodiesel a 5%) a partir de janeiro de 2010.)) Certificando a qualidade da mistura biodiesel/diesel através de análises laboratoriais evitando que o produto seja adulterado, como acontece com a gasolina e o álcool (RESOLUÇÃO ANP nº 15). O biodiesel pode ser obtido através de reações químicas, no qual a reação de transesterificação, é a majoritamente utilizada em escala industrial. Também chamada de alcoólise, consiste na reação entre um álcool, geralmente de cadeia curta, e um triglicerídeo, que pode ser oriundo de matriz vegetal ou animal. Dentre os processos para a produção de biodiesel, o mais comum é a reação de transesterificação em modo batelada empregando catalisadores homogêneos com caráter básico. A produção de biodiesel pela rota convencional, embora seja simples, rápida e com altos rendimentos, apresenta vários inconvenientes, tais como custos com catalisador, saponificação de ácidos graxos livres e dificuldade de purificação e separação dos produtos da reação, o que implica em altos custos de produção e energia (KUSDIANA e SAKA, 2001ª apud ALLES, 2010 p. 2). Diante da necessidade de reduzir os custos de produção oriundos de etapas subsequentes de separação e purificação do biodiesel em relação ao meio reacional, tem se buscado constantemente o desenvolvimento de técnicas alternativas para a produção deste biocombustível empregando diferentes tipos de catalisadores heterogêneos químicos com caráter ácido ou básico ou, ainda, catalisadores heterogêneos bioquímicos – enzimas (MACLEOD et al., 2008; CHEN et al., 2009; LI et al., 2009; LUKIC et al., 2009; MACARIO et al., 2010. apud ALLES, 2010 p. 2). 4 Com este tipo de catalisador é possível conduzir reações de transesterificação tanto com óleo vegetal refinado quanto com óleos utilizados em frituras com alto índice de acidez, ocasionado pela presença de ácidos graxos livres e água. Além disto, a separação dos produtos da reação é bastante simples (DI SERIO et al., 2007 apud ALLES, 2010 p.2) Porém, as temperaturas reacionais empregando este tipo de catalisador são altas, da ordem de 200ºC, além de longos tempos de reação que podem chagar até várias horas (ZABETI et al., 2009 apud ALLES, 2010 p.2). Este trabalho tem o objetivode sintetizar e caracterizar o biodiesel utilizando como catalisador a hidrotalcita calcinada, variando a razão (Mg:Al), com o intuito de posteriormente aplicá-los na reação de transesterificação do óleo de soja, visando à produção de biodiesel em maior qualidade a fim de observar um melhor comportamento mediante os catalisadores utilizado no processo de transesterificação. 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 Catalisadores Heterogêneos As catálises heterogêneas são possíveis diversas combinações de fases e processos de obtenção, sendo a impregnação de um composto ativo a um sólido insolúvel em dois mais utilizados. A dispersão da fase ativa em um suporte sólido além de aumentar a performance em termos de atividade e/ou seletividade, tem como principal objetivo facilitar a separação, remoção e reutilização do catalisador, permitindo ainda, que o mesmo seja mais facilmente manuseado e tenha menor toxicidade quando comparado com o catalisador homogêneo (SHAIKH, 2014 apud BORGES, 2015 p.12). Na catálise heterogênea, a reação se desenvolve sobre pontos específicos do catalisador, nomeados de sítios catalíticos. Em situações ideais, a velocidade da reação é diretamente proporcional a área específica ou total do catalisador heterogêneo (KNOTHE et al., 2007 apud BORGES, 2015 p. 13). Os catalisadores heterogêneos podem ser divididos em catalisadores mássicos ou catalisadores suportados, sendo os catalisadores mássicos constituídos 5 de aglomerados formados por grãos da fase ativa pura, ou quase pura, com dimensões maiores que alguns milímetros, onde a superfície e o interior das partículas possuem natureza química semelhante, enquanto os catalisadores suportados possuem natureza da superfície ativa diferentes do interior ou suporte; de maneira geral, este suporte não apresenta atividade catalítica sozinho, não podendo realizar assim a transformação química desejada (CIOLA,1981; FIGUEIREDO el al., 1989 apud BORGES, 2015 p. 13). Figura 1: Classificação dos catalisadores heterogêneos ácidos e básicos usados na produção de biodiesel Fonte: Ullah et al. (2015) Os catalisadores heterogêneos dividem-se em dois grupos: os ácidos e os básicos, onde eles apresentam elevada atividade catalítica na reação de transesterificação produzindo os óxidos metálicos, Hidrotalcitas, Zeolitas básicas quando comparados com os catalisadores heterogêneos ácidos, sendo mais adequados para óleos com baixo teor de ácidos graxos livres (EIJIKEME et al., 2008 apud BORGES, 2015 p. 15). Entre os catalisadores heterogêneos básicos, os óxidos metálicos têm se destacando devido a sua elevada eficiência na reação de transesterificação de óleos. (Segundo Romero e colaboradores (2011 apud BORGES, 2015 p. 16)), para produzir 8000 toneladas de biodiesel, são necessárias 88 toneladas de NaOH, no 6 entanto, se o catalisador reduz para 5,6 toneladas para a produção de 1 milhão de toneladas de biodiesel. A estrutura dos óxidos metálicos é constituída por íons de metais positivos (cátions) que possuem acidez de Lewis, ou seja, eles se comportam como receptores de elétrons, e os íons de oxigênio negativos (ânions), que se comportam como receptores de prótons sendo, portanto, bases de Bronsted, implicando assim a adsorção das espécies (REFAAT, 2011 apud BORGES, 2015 p. 16). Sendo assim, torna-se interessante a busca de catalisadores básicos sólidos de óxidos metálicos que apresentem alta atividade para a reação de transesterificação e que sejam estáveis no meio reacional. 2.2 Hidrotalcitas A hidrotalcita (HT) pertence a uma ampla classe de argilas aniônicas que ocorrem naturalmente e tem sido usada como referência para muitos compostos isomorfos e politipos. Foi descoberta em 1842 na Suécia. Sua fórmula exata, Mg6Al2(OH)16CO3.4H2O, foi proposta inicialmente por E. Manasse (CAVANI et al., 1991, apud ALLES, 2010 p. 15). A hidrotalcita consiste em camadas positivamente carregadas de óxido de metal (ou hidróxido de metal) com intercamadas de ânions, como o carbonato. A troca dos cátions de metal, como também a intercalação das camadas aniônicas, podem conduzir a uma gama extensiva de propriedades catalíticas e adsorptivas, com particular estabilidade a gases úmidos e condições de altas temperaturas (SHEN et al., 1994 apud ALLES, 2010 p. 16). Esses materiais têm sido utilizados como catalisadores e precursores de suportes catalíticos. Também apresentam outras aplicações como trocadores de íons, filtros, agentes descolorizantes, adsorventes industriais, estabilizadores poliméricos, aparelhos óticos e precursores cerâmicos (SHEN et al., 1994; OOKUBO et al., 1994 apud ALLES, 2010 p. 16). Em relação à produção de biodiesel, CANTRELL et al. (2005 apud ALLES, 2010 p. 16) testaram catalisadores heterogêneos do tipo hidrotalcitas, com diferentes razões molares Al/ (Mg+Al). A reação foi conduzida a 60°C usando 0,05g de hidrotalcita calcinada a 450°C, com 0,01 mol de gliceril tributirato e 0,3036 mol de 7 metanol em 3 horas de reação, tendo conversão entre 42,4 a 74,8%. Esses resultados foram obtidos nas mesmas condições reacionais, mudando apenas a razão Mg\Al. 2.1.1.1 Aspectos estruturais Os compostos sintéticos do tipo hidrotalcita são semelhantes na estrutura ao mineral hidrotalcita, que por sua vez tem camadas com estruturas do tipo da brucita Mg (OH)2. Figura 2: Esquema das estruturas de (a) Brucita, (b) material do tipo hidrotalcita Fonte: (KAMATH et al., 1997). As hidrotalcitas são geralmente representadas pela fórmula geral: (M2+ 1-X M3+ x (OH)) X+ (An- x/n mH2 O)x- Onde: M 2+ = Mg2+, Ni2+, Zn2+, Cu 2+, Mn 2+; M 3+ = Al3+, Fe3+, Cr3+; An - = CO3 2- , SO4 2 - , NO3 -, Cl- , OH- ; A obtenção da hidrotalcita pode ser influenciada por vários fatores, tais como pH, método de precipitação, concentração de reagentes, temperatura de 8 envelhecimento e secagem, as quais podem influenciar diretamente na sua porosidade e consequentemente nas suas aplicações (OBALOVÁ et al., 2006 apud ALLES, 2010 p.18). 3 MATERIAIS E MÉTODOS 3.1.1 Reagentes • Óleo de soja (100g) • Álcool metílico PA – 70 mL • Catalisadores 2:1 ( Mg; Al) e 3:1 (Mg;Al) A reação de transesterificação teve como a obtenção do biodiesel a partir dos materiais apresentados no texto acima, que por sua vez as análises foram realizadas e estudadas no laboratório 1, de Química da Universidade Potiguar (UnP). 3.1.2 Equipamentos utilizados em laboratório • Viscosímetro Saybolt – (Second Saybolt Universal) • Estufa para esterilização e secagem • Agitador magnético • Balança Analítica de precisão • Vidrarias • Densímetro 25 Ml 3.1.3 Planejamento Fatorial O planejamento fatorial foi realizado com intuito de organização, em relação desde o número de ensaios feitos, até concentrações e razões utilizadas junto com o tempo, para uma avaliação das condições operacionais adequadas, realizou-se um planejamento fatorial, variando a razão molar (óleo: álcool), razão (magnésio: 9 alumínio) do catalisador, a concentração do catalisador (%) e tempo reacional, segundo a Tabela 1. Tabela 1 – Planejamento fatorial das condições operacionais no processo de produção de biodiesel Ensaios Concentrações do Razão Razão Tempo Catalisador (%) (óleo:Álcool Metílico) (Mg : Al) de reação (h) 1 3% 1:15 2:1 4 horas 2 3% 1:15 3:1 4 horas 3 5% 1:15 2:1 4 horas 4 5% 1:15 3:1 4 horas 5 3% 1:15 2:1 8 horas 6 3% 1:15 3:1 8 horas 7 5% 1:15 2:1 8 horas 8 5% 1:15 3:1 8 horas Fonte: Autores 3.1.4 Reação de Transesterificação A reação de transesterificação do óleo de soja através da rota metílica, seguiu as condições operacionais apresentadas no planejamento fatorial. A obtenção do biodiesel originou-se a partir do óleo de soja, o sistema manteve-se a 60°C sob refluxo em diferentes concentrações dos catalisadores, entre 3 % e 5 % (Figura 3). Em um processo que variou entre 4 a 8 horas de reação, com agitação magnética constante. Posteriormente, as amostras foram para um funil de decantação para a separação das fases (biodiesel e glicerina) e remoção do catalisador. Em seguida, o biodiesel foi purificado para remoção de contaminantes presente no mesmo. 10 Figura 3 – Sistema utilizado para a reação de transesterificação. 1 – Entrada de água, 2 – saída de água, 3 – balão de fundo redondo, 4 – solução (óleo, álcool, catalisador), 5 - agitador magnético com aquecimento, 6 – termômetro. Fonte: Alves (2009, p. 75) 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES 4.1.1 Viscosidade cinemática Os resultados obtidos referentes a viscosidade cinemática foram realizados a partir do (Viscosímetro saybolt – SSU (Second Saybolt Universal)). Onde foi retirado 60 mL de amostra a fins de se testar a qualidade de viscosidade do biodiesel. Os testes foram feitos nas amostras a partir de uma temperatura de 40º C e de 100º C, pela medição do tempo de escoamento do determinado volume de líquido que flui sob a ação da força de gravidade através do viscosímetro capilar de vidro calibrado Para valores de SSU (Second Saybolt Universal) inferiores a 100 cSt (centiStokes) = 0,226 × SSU – (195 ÷ SSU) Para valores de SSU (Second Saybolt Universal) superiores a 100 cSt (centiSotkes) = 0,220 × SSU – (135 ÷ SSU). 11 Tabela 2 – Resultado da viscosidade através do Saybolt – SSU (Second Saybolt Universal) Ensaios Tempo em Tempo em Resultado a Resultado (s) a 40º C (s) a 100º C 40º C a 100º C 1 53,9 s 43,1 s 10,71958924 6,302255072 2 48,6 s 37,8 s 8,915254321 4,896069841 3 46 s 33,8 s 7,996869569 3,221569231 4 45 s 34,8 s 7,636666667 3,567761854 5 44,7 s 35,2 s 7,527783893 3,823427273 6 45,6 s 35,6 s 7,853284211 3,992071912 7 44 s 34,6 s 7,272181818 3,567761852 8 43,3 s 34,5 s 7,014335797 3,524826087 Fonte: Autores As viscosidades das amostras foram verificadas no laboratório de química 1 da Universidade Potiguar (UnP), através do viscosímetro (Saybolt – SSU (Second Saybolt Universal) em todos os ensaios, variando na temperatura de 40º C e 100º C, estando de acordo com as normas da ABNT NBR 10441:2014 dentro dos parâmetros requisitados. A Norma estabelece um procedimento específico para a determinação da viscosidade cinemática, de produtos líquidos de petróleo, tanto transparentes quanto opacos. Verifica - se que nas amostras 7 e 8, a 40º C e 3 e 8 a 100º C, especificado na tabela 2, elas apresentam uma baixa viscosidade, demonstrando que essas amostras, a essas temperaturas são de boa qualidade pois sua viscosidade se mantém a baixo da média especificada pela norma ABNT NBR 10441:2014, tornando o biodiesel sua produção mais barata do que a do petróleo, levando em consideração, os gastos com desenvolvimento de tecnologia e perfuração de poços. 12 4.1.2 Teor de umidade O teor de umidade é determinado de acordo com AOCS (American Oil Chemists Society), pesou-se 5 gramas da amostra em uma cápsula de porcelana de 25 mL previamente aquecida por uma hora na estufa a 105º c, resfriada em um dessecador com cloreto de cálcio anidro e pesada. Aquecida em estufa a 105º C por uma hora. Resfriou em dessecador até temperatura ambiente. Pesou-se. Repetiu-se as operações de aquecimento e resfriamento até o peso constante. Cálculo com base na (Eq.1), onde: Em que: N = número de gramas de umidade P = número de gramas da amostra Tabela 3 – Representação dos valores finais de Teor de umidade Ensaios Cápsula vazia 1ª hora na estufa 2ª hora na estufa 3ª hora na estufa Resultado (Peso) com amostra com amostra com amostra Final 1 75,3913 80, 4066 80,4040 80,4046 0,260% 2 69,4791 73,4281 73,4269 73,4245 1,381% 3 74,2702 79,2661 79,2640 79,2645 0,215% 4 59,7987 64,8107 64,8095 64,8090 0,312% 5 70,3565 75,3722 75,3730 75,3701 0,210% 6 71,4538 76,4649 76,4425 76,4429 0,641% 7 71,7500 76,7693 76,7705 76,7708 0,123% 8 66,9608 71,9760 71,9765 71,9760 0,191% Fonte: Autores Através dos resultados obtidos na tabela 3, feitos em relação ao teor de umidade no laboratório de química 1 da Universidade Potiguar (UnP), pode-se notar que os resultados finais se encontram fora da norma. ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), órgão regulador da qualidade do biodiesel 13 no Brasil, não estipula valores para essa propriedade, entretanto, a Norma ASTM D6751 estipula um valor máximo de 0,05%, ou seja, o índice de umidade apresentado em seus resultados finais, não estão de acordo com a norma, devido terabsorvido umidade do meio ou o tempo de reação no laboratório, não foi o suficiente para apresentar resultados mediantes os parâmetros requisitados. 4.1.3 Índice de Acidez Para a determinação do índice de acidez, colocou-se 2 g da amostra em um erlenmeyer de 125mL e adicionou-se 25 mL de solução de éter-álcool (2:1) no mesmo, previamente neutralizada com uma solução de hidróxido de sódio 0,1N. Em seguida, foram adicionadas 2 gotas do indicador fenolftaleína e titulou-se com a solução de NaOH 0,1N, até atingir a coloração rosa. O índice de acidez (IA) é calculado com base na (Eq. 2), Onde: V = Volume de solução de NaOH gasto na titulação, em mililitros P = Normalidade da solução padronizada 4,0 = Fator de correlação 4.1.4 Densidade A Densidade das amostras foi determinada através de um densímetro de 25 mL. Uma vez que é possível encontrar a densidade observando o densímetro em contato com o biodiesel. 4.1.5 Análise de Rendimento O rendimento do biodiesel foi calculado como sendo a massa de biodiesel pesada depois da reação em função da massa de óleo empregada na transesterificação, (Eq. 3), onde: R = m1 = massa do biodiesel obtido pela reação de transesterificação (g) m2 = massa do óleo de soja antes de reagir (g) 14 Tabela 4 – Características físico – químicas do óleo de soja e dos biodieseis obtidos com diferentes catalisadores Ensaios Acidez Densidade Rendimento (mgKOH/g) g/cm³ (%) Óleo de Soja 0,5 0,891 g/cm³ - 1 0,7534 0,895 g/cm³ 82 2 0,3775 0,895 g/cm³ 78 3 0,5680 0,880 g/cm3 81 4 0,1893 0,881 g/cm³ 85 5 0,1892 0,880 g/cm³ 73 6 0,1860 0,876 g/cm³ 65 7 0,1893 0,880 g/cm³ 80 8 0,1885 0,875 g/cm³ 63 Fonte: Autores Pode-se observar que o óleo de soja possui boas condições para a utilização na reação de transesterificação, sendo o valor do índice de acidez do óleo de soja de 0,5 mgKOH/g, estando assim, compatível a norma. Em relação ao biodiesel obtido, constatou-se que os resultados referentes ao índice de acidez encontraram-se superior ao permitido conforme a norma ABNT NBR 14448:2013, no qual o limite máximo permitido é de 0,5 mgKOH/g. Isto pode ter influenciado no rendimento obtido da reação de transesterificação. Exceto no ensaio 1, seu índice de acidez se encontra fora dos padrões devido ter apresentado uma variação na sua viscosidade diferente e uma umidade alta, ocasionando uma oxidação da amostra. Mesmo possuindo um alto rendimento, a sua acidez uma vez que tenha alto valor torna a reação lenta e inviabiliza a transesterificação. Conforme os dados experimentais de densidade, apresentou-se dentro dos limites estabelecidos pelas especificações, Resolução ANP 45/2014 que trata da especificação do biodiesel e as obrigações quanto ao controle de qualidade a serem 15 atendidas pelos diversos agentes econômicos que comercializam o produto em todo o território nacional. Tendo em vista que o melhor rendimento acontece no ensaio 4 da tabela 4, devido ao aumento da concentração do catalisador para 5%, a sua proporção da razão de (Mg; Al) 3:1 e o tempo de 4 horas, influenciaram para o rendimento ser maior em relação as outras amostras, . 5 CONCLUSÃO Com base nos resultados das pesquisas feitas em laboratório, as razões 2:1 e 3:1 composto de (Mg; Al), apresentaram uma boa otimização na reação de síntese de biodiesel, aumentando o seu rendimento na reação de transesterificação. Sendo necessária uma análise mais detalhada, no caso, uma cromatografia ou termogravimetria para determinar a eficiência da reação. Nas análises do catalisador 2:1 a única desvantagem observada, se encontra no ensaio 1 na Tabela 4, a sua acidez uma vez que tenha alto valor torna a reação lenta e inviabiliza a transesterificação. E o teor de umidade onde devido ter absorvido do meio ou o tempo de reação não foi o suficiente para apresentar resultados mediantes aos parâmetros requisitados na norma. Já em relação ao catalisador 3:1, ele apresenta um rendimento elevado devido a sua concentração do catalisador com aumento para 5%, sua razão de (Mg; Al) 3:1 e em relação ao tempo dos ensaios, entretanto ambos os catalisadores 3:1 e 2:1, obtiveram uma resposta satisfatória possuindo um melhor rendimento na maioria das amostras, apresentando uma boa otimização na produção do biodiesel em relação aplicação na reação de transesterificação do óleo de soja, visando à produção de biodiesel em maior qualidade a fim de observar um melhor comportamento mediante os catalisadores utilizado no processo de transesterificação. . 16 SYNTHESIS OF BIODIESEL OF SOYBEAN USING HYDROTALCITE AS NA HETEROGENEOUS CATALYST ABSTRACT Biodiesel is the esters of fatty acids (mono - alkyl. Esters) derived from vegetable oils and natural fats obtained through a transesterification process, in which happens the transformation of triglycerides into fatty acid molecules. In this context, the search for alternative catalysts has been large-scale in the market, so that the production process can be improved, reducing costs and facilitating the production. The aim of this project is to evaluate the synthesis and characterization of the biodiesel using heterogeneous catalysts, with a molar ratio of 1:15 (oil: methyl alcohol), ratio (Mg; Al) 2: 1 and 3: 1, during a process around 4 and 8 hours with concentrations of 3% and 5% by mass of catalyst. From this production scale the analysis of the biofuel produced is started. The physico-chemical characterization of the soybean oil and of the biodiesel will be performed to determine the acidity, density, viscosity or moisture content index. Keywords: Biodiesel. Hydrotalcite. Transesterification. REFERÊNCIAS ALVES, Aline Araújo. 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