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Apostila Economia e Finan as em Sa de

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ECONOMIA E FINANÇAS EM SAÚDE 1 
Apresentação ......................................................................................................................... 6 
Aula 1: Economia e saúde ..................................................................................................... 8 
Introdução .......................................................................................................................... 8 
Conteúdo ............................................................................................................................ 9 
O contexto: economia e saúde ..........................................Erro! Indicador não definido. 
Sociedade e Estado ......................................................................................................... 10 
Funções do Estado .......................................................................................................... 10 
Governo ............................................................................................................................. 11 
Políticas públicas .............................................................................................................. 12 
As ciências econômicas ................................................................................................. 13 
Elementos de um sistema econômico ........................................................................ 15 
A Economia aplicada ao setor da saúde ..................................................................... 17 
Custo de oportunidade ................................................................................................... 19 
A curva de possibilidades de produção ....................................................................... 20 
Crescimento econômico ............................................................................................... 22 
Como funciona a economia? ........................................................................................ 23 
Economias de mercado.................................................................................................. 24 
Economias centralmente planificadas......................................................................... 26 
Economia mista ............................................................................................................... 26 
Atividade proposta 01 ..................................................................................................... 27 
Atividade proposta 02 ..................................................................................................... 27 
Referências ....................................................................................................................... 28 
Exercícios de fixação ..................................................................................................... 29 
Chaves de resposta .............................................................................................................. 34 
Aula 2: O consumidor e a demanda .................................................................................... 36 
Introdução ........................................................................................................................ 36 
Conteúdo .......................................................................................................................... 37 
A oferta e a demanda ...................................................................................................... 37 
A demanda individual ..................................................................................................... 41 
Preço de um bem e preço de outros bens ................................................................. 43 
A preferência do consumidor ....................................................................................... 44 
Renda e demanda ............................................................................................................ 44 
Deslocamento da curva de demanda .......................................................................... 45 
 
 ECONOMIA E FINANÇAS EM SAÚDE 2 
A curva de demanda de mercado ................................................................................ 48 
Entendendo a demanda real ......................................................................................... 48 
Aplicação da POF ............................................................................................................. 49 
Atividade proposta 01 ..................................................................................................... 52 
Atividade proposta 02 ..................................................................................................... 52 
Referências ....................................................................................................................... 53 
Exercícios de fixação ..................................................................................................... 54 
Chaves de resposta .............................................................................................................. 59 
Aula 3: A oferta e o equilíbrio de mercado ......................................................................... 61 
Introdução ........................................................................................................................ 61 
Conteúdo .......................................................................................................................... 62 
Oferta e a demanda ......................................................................................................... 62 
Definição de oferta .......................................................................................................... 64 
O que determina a oferta ............................................................................................... 65 
O equilíbrio do mercado ................................................................................................ 68 
Os deslocamentos nas curvas de demanda e oferta ................................................ 72 
Atividade proposta 01 ..................................................................................................... 77 
Atividade proposta 02 ..................................................................................................... 77 
Referências ....................................................................................................................... 78 
Exercícios de fixação ..................................................................................................... 79 
Chaves de resposta .............................................................................................................. 85 
Aula 4: Macroeconomia - O que matem a economia funcionando? .................................. 87 
Introdução ........................................................................................................................ 87 
Conteúdo .......................................................................................................................... 88 
Macroeconomia ............................................................................................................... 88 
Objetivo da macroeconomia ........................................................................................ 88 
Políticas públicas .............................................................................................................. 89 
Funções da moeda .......................................................................................................... 90 
O equilíbrio da renda ......................................................................................................90 
A oferta agregada ............................................................................................................ 91 
A demanda agregada ...................................................................................................... 93 
A demanda agregada: medidas da economia ........................................................... 93 
O modelo macroeconômico ......................................................................................... 94 
O modelo macroeconômico: efeito multiplicador ................................................... 94 
Gastos do Governo e Tributos ...................................................................................... 95 
Relação entre os gastos do governo e os tributos .................................................... 96 
 
 ECONOMIA E FINANÇAS EM SAÚDE 3 
Governo, déficit e inflação ............................................................................................. 97 
Governo, déficit e inflação: atuação dos órgãos ....................................................... 97 
Política fiscal em caso de déficit ................................................................................... 98 
Atividade proposta 01 ..................................................................................................... 99 
Obtenção dos recursos necessários junto ao Banco Central ................................. 99 
Obtenção dos recursos com o setor privado ........................................................... 100 
Atividade proposta 02 ................................................................................................... 101 
Aprenda Mais ................................................................................................................. 102 
Referências ..................................................................................................................... 103 
Exercícios de fixação ................................................................................................... 104 
Notas ................................................................................................................................. 108 
Chaves de resposta ............................................................................................................ 109 
Aula 5: Estado e orçamento público.................................................................................. 111 
Introdução ...................................................................................................................... 111 
Conteúdo ........................................................................................................................ 112 
Ótimo de Pareto ............................................................................................................. 112 
Monopólios naturais ..................................................................................................... 113 
Externalidades ................................................................................................................ 114 
Mercados incompletos ................................................................................................. 115 
Falhas de mercado e governo: ação sobre a economia ........................................ 117 
Receitas públicas ............................................................................................................ 121 
Receitas públicas: classificação dos impostos ......................................................... 123 
Programas de governo ................................................................................................. 125 
Financiamento na área de saúde privada ................................................................. 127 
Aprenda Mais ................................................................................................................. 130 
Referências ..................................................................................................................... 131 
Exercícios de fixação ................................................................................................... 132 
Chaves de resposta ............................................................................................................ 136 
Aula 6: Planejamento empresarial .................................................................................... 138 
Introdução ...................................................................................................................... 138 
Conteúdo ........................................................................................................................ 139 
As empresas privadas da área da saúde .................................................................... 139 
Objetivos organizacionais e planejamento .............................................................. 140 
O planejamento estratégico: Etapas .......................................................................... 142 
O planejamento estratégico: ambientes externos e internos ............................... 143 
O planejamento estratégico: estratégia e implementação ................................... 143 
 
 ECONOMIA E FINANÇAS EM SAÚDE 4 
O planejamento estratégico: orçamento .................................................................. 144 
Processo de planejamento, orçamento e contabilidade ....................................... 145 
Orçamento empresarial versus orçamento público .............................................. 146 
Atividade Proposta 01 ................................................................................................... 147 
O orçamento e o processo orçamentário ................................................................ 148 
Orçamento e seus benefícios ...................................................................................... 149 
A estrutura do orçamento-mestre: orçamento operacional ................................ 154 
A estrutura do orçamento-mestre: orçamento operacional ................................ 155 
Atividade Proposta 02 ................................................................................................... 156 
Referências ..................................................................................................................... 156 
Exercícios de fixação ................................................................................................... 159 
Notas ................................................................................................................................. 164 
Chaves de resposta ............................................................................................................ 165 
Aula 7: Contabilidade financeira e contabilidade gerencial .............................................. 167 
Introdução ...................................................................................................................... 167 
Conteúdo ........................................................................................................................ 167 
Contabilidade e orçamento ......................................................................................... 167 
Contabilidade e orçamento ......................................................................................... 168 
Orçamento, inflação e juros ........................................................................................ 169 
Inflação ............................................................................................................................ 170 
Atividade proposta 01 ................................................................................................... 171 
O efeito da inflação .......................................................................................................171 
Atividade proposta 02 ................................................................................................... 171 
A poupança ..................................................................................................................... 175 
Atividade proposta 03 ................................................................................................... 176 
Aplicação dos conceitos .............................................................................................. 177 
O cálculo do dinheiro ................................................................................................... 183 
Atividade proposta 04 ................................................................................................... 184 
Aprenda Mais ................................................................................................................. 184 
Referências ..................................................................................................................... 186 
Exercícios de fixação ................................................................................................... 187 
Chaves de resposta ......................................................................................................... 191 
Aula 8: A estrutura de um orçamento ............................................................................... 193 
Introdução ...................................................................................................................... 193 
Conteúdo ........................................................................................................................ 193 
O modelo integrado de orçamento ........................................................................... 193 
 
 ECONOMIA E FINANÇAS EM SAÚDE 5 
Custos gerenciais ........................................................................................................... 196 
O processo de apuração .............................................................................................. 198 
Tomando decisões ........................................................................................................ 199 
A análise dos benefícios ou resultado/investimentos ............................................ 200 
Comparação da receita com o custo total ............................................................... 203 
Resolução algébrica ...................................................................................................... 205 
Resolução algébrica - Margem de Contribuição (Mg) ............................................ 205 
Atividade proposta 01 ................................................................................................... 207 
Atividade proposta 02 ................................................................................................... 209 
Referências ..................................................................................................................... 210 
Exercícios de fixação ................................................................................................... 211 
Chaves de resposta ............................................................................................................ 216 
Conteudista ....................................................................................................................... 218 
 
 
 
 ECONOMIA E FINANÇAS EM SAÚDE 6 
Olá! Bem-vindo (a) à disciplina Economia e Finanças em Saúde! O 
administrador da área da saúde certamente é consciente da importância da sua 
atividade para o bem estar e a vida da população. Uma característica marcante 
da área da saúde é seu caráter essencial e fundamental à manutenção da vida. 
 
Por isso, o atendimento médico à população como um todo é garantido pela 
Constituição Federal e recebe boa parcela da atenção dos governos, que 
respondem pela garantia de acesso a todos. Mas o Estado, atualmente, por 
questões orçamentárias e doutrinárias não oferece cobertura a todas as 
necessidades da população nas condições compatíveis com todas as 
expectativas. Decorre daí a participação da empresa privada, complementado a 
atuação estatal. 
 
A área de saúde constitui, então, um mercado que demanda serviços dos mais 
básicos aos mais sofisticados e complexos que, por sua essencialidade e 
especialidade, exigem das organizações que os prestam comprometimento com 
a qualidade e o preço desses serviços. 
 
A administração da área da saúde exige, então, eficiência no fornecimento dos 
serviços, tanto na área privada como na pública, pois os recursos empregados 
têm custo alto e necessário compromisso com a qualidade, devido à natureza 
vital do atendimento médico e dos serviços acessórios. 
 
 ECONOMIA E FINANÇAS EM SAÚDE 7 
Para tal, o administrador da saúde deve ter um conhecimento abrangente e 
multidisciplinar para lidar com a complexidade natural dessa área, incorporando 
conhecimentos técnicos que lhe permitam atuar de modo consciente dos custos 
e das necessidades dos pacientes. 
 
A disciplina Economia e Finanças na Saúde tem por objetivo dotar o 
administrador de instrumentos que lhe permitam uma visão abrangente da 
área, no seu contexto social e econômico, para tratar de forma eficiente e 
eficaz os escassos recursos, diante das necessidades crescentes da população. 
 
Sendo assim, essa disciplina tem como objetivos: 
1. Conhecer o instrumental analítico das Ciências Econômicas e os princípios da 
organização econômica da sociedade; 
2. Analisar a formação da demanda e da oferta na área da saúde; 
3. Analisar os fundamentos e as formas da participação do Estado na 
economia; 
4. Aplicar as principais ferramentas da administração financeira na gestão de 
organizações de saúde. 
 
 
 ECONOMIA E FINANÇAS EM SAÚDE 8 
Introdução 
 
Quando falamos de economia e finanças estamos falando de duas disciplinas 
estreitamente relacionadas, uma vez que a administração financeira se insere, 
tanto do ponto de vista conceitual quanto do ponto de vista da sua aplicação, 
no campo econômico, podendo ser vista como uma forma de Economia 
Aplicada. Mas não apenas isso, a administração financeira se utiliza dos dados 
fornecidos pela contabilidade empresarial, pois esta é responsável pelo 
sistemático registro e organização das informações financeiras das organizações 
na forma de orçamentos. A forte ligação entre essas três áreas de 
conhecimento justifica articulá-las em uma disciplina que visa instrumentalizar o 
profissional da saúde para o desempenho das funções de Administrador. 
O Profissional da Saúde, responsável pela promoção da saúde humana e pelo 
tratamento de doenças, através da aplicação dos princípios definidos pela 
ciência, deve buscar em outras áreas de conhecimento instrumentos que o 
auxiliem na compreensão global dos fenômenos que condicionam a vida 
saudável. Assim, a sociologia, a antropologia e a psicologia, por exemplo, 
fornecem um quadro conceitual que permite entender as forças que moldam os 
hábitos dos indivíduos e a própria sociedade. 
 
Objetivo: 
1. Contextualizar as relações entre a economia e o setor da saúde; 
2. Analisar as questões fundamentais da economia. 
 
 
 
 
 ECONOMIA E FINANÇAS EM SAÚDE 9 
Conteúdo 
O contexto: economia e saúde 
 
A produção e o acesso aos bens necessários à vida são aspectos importantes a 
serem compreendidos para dar efetividade às prescrições que permitem a cura 
e a manutenção de uma vida saudável, no contexto das organizações voltadas 
para a prática dos profissionais da saúde, sejam médicos, enfermeiros, 
auxiliares ou envolvidos com a administração das unidades de atendimentomédico. 
 
Como resultado, a compreensão do funcionamento das unidades de 
atendimento ao indivíduo, sejam postos de atendimento, clínicas ou hospitais, e 
o que o condiciona do ponto de vista político, social e econômico é a função 
essencial do Administrador da Saúde. 
 
Para atingir os objetivos inerentes à sua função, o Administrador da Saúde deve 
dispor de um conjunto de conhecimentos que lhe permita articular as diversas 
dimensões que se conjugam em toda organização humana e, é claro, a 
organização voltada para o atendimento das necessidades da saúde humanas. 
 
Devemos compreender, então, as duas esferas da existência humana 
fundadoras do atendimento a essas necessidades: a Sociedade e o Estado na 
sua interação com a Economia. 
 
A Economia é a ciência social que trata exatamente da produção e da 
distribuição dos bens na Sociedade, podendo auxiliar o Profissional da Saúde a 
compreender os condicionantes das escolhas sociais e individuais e a natureza 
dos desequilíbrios na distribuição da renda e, por extensão, do acesso aos bens 
e serviços que atendem às suas necessidades de prevenção e tratamento de 
doenças. 
Examinemos, agora, o contexto das atividades econômicas, a partir de uma 
breve conceituação da Sociedade e do Estado. 
 
 ECONOMIA E FINANÇAS EM SAÚDE 10 
Sociedade e Estado 
 
Podemos definir o Estado como a nação politicamente organizada, constituindo-
se em um organismo político-administrativo cuja existência se justifica a partir 
de três elementos essenciais: 
 Povo; 
 Território; 
 Poder político. 
 
Ao examinarmos as concepções podemos notar que a relação entre Estado e 
Sociedade consiste na questão central de uma discussão bastante atual: qual o 
papel e o grau de intervenção do Estado na sociedade civil? (LIMA, 
1937). 
 
Funções do Estado 
 
Essas funções incluem uma ampla gama de atividades e dizem respeito a 
diversos aspectos da proteção ao indivíduo e à sociedade, como, por exemplo, 
a segurança das fronteiras, os direitos do consumidor, o policiamento, entre 
outros. Para atingir os objetivos de desenvolvimento nacional, poderíamos 
acrescentar, de acordo com Stiglitz apud Matias-Pereira (2010): 
 
 Promover a educação; 
 Fomentar a tecnologia; 
 Oferecer suporte ao setor financeiro; 
 Investir em infraestrutura; 
 Promover a concorrência; 
 Promover o desenvolvimento sustentável; 
 Manter uma rede de seguridade social. 
 
 
 ECONOMIA E FINANÇAS EM SAÚDE 11 
Manter uma rede de seguridade social é a função que interessa diretamente 
ao Profissional da Saúde, pois uma boa parte do atendimento à população é 
feito através de instituições públicas, conforme determina o Artigo 194 da 
Constituição do Brasil. Esse artigo define a seguridade social como: 
 
“Um conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes públicos e da 
sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e 
à assistência social. Em especial, a saúde é segmento autônomo da Seguridade 
Social e se diz que ela tem a finalidade mais ampla de todos os ramos 
protetivos porque não possui restrição de beneficiários e o seu acesso também 
não exige contribuição dos beneficiários” (TORRES, 2012). 
 
Algumas dessas funções eventualmente são cumpridas por empresas privadas. 
Depende, na verdade, das características de cada país a distribuição das 
atividades entre os setores público e privado. 
 
Isso nos traz uma função de crescente importância para o Estado 
contemporâneo: a sua função reguladora, estabelecendo os parâmetros de 
atuação da iniciativa privada. 
 
Governo 
 
O exercício do poder ou da autoridade do Estado constitui-se o Governo. A 
distinção entre Políticas de Estado e Políticas de Governo é importante para 
entendermos o caráter das ações governamentais quanto à vontade do 
governante e sua obrigação como chefe de Estado. 
 
Políticas de Estado 
 
São aquelas definidas por leis que estabelecem premissas e objetivos do 
Estado, possuindo por isso um sentido de permanência e estabilidade resultante 
 
 ECONOMIA E FINANÇAS EM SAÚDE 12 
de um diálogo da sociedade através das instituições políticas nacionais, em 
dado momento histórico. Assim, por exemplo, a Constituição de 1988 
estabeleceu uma série de princípios de defesa do cidadão e da cidadania que se 
tornaram a própria doutrina do Estado brasileiro. 
 
Políticas de Governo 
 
Por seu turno, correspondem às orientações e ações concretas do governante 
no cumprimento do seu programa de governo, submetendo-se, naturalmente, 
às Políticas de Estado. 
 
 
Atenção 
 A Constituição Federal brasileira separa claramente as funções 
de Estado e as funções de governo, quando, por exemplo, 
estabelece como obrigação do Estado brasileiro a promoção da 
saúde e da educação, tornando mandatório aos Governos 
orientarem suas ações para o atendimento dessas áreas. 
 
Políticas públicas 
 
As políticas públicas correspondem àquelas ações “estabelecidas no espaço 
governamental, conjugando os objetivos e princípios das políticas de Estado 
(...) com as metas e orientações de políticas governamentais” (MATIAS-
PEREIRA, 2010, p. 89). Buscam estabelecer diretrizes, através de metas, 
programas, princípios e objetivos, estabelecidos politicamente, que orientem, 
articulem e coordenem a atuação dos agentes públicos e privados e a 
correspondente alocação dos recursos. 
 
 
 ECONOMIA E FINANÇAS EM SAÚDE 13 
Essas considerações introdutórias abordam o contexto institucional em que se 
dará a atuação do Profissional de Saúde, a serem consideradas para a atuação 
do Administrador: 
 
 O conhecimento das políticas públicas que afetam diretamente o setor 
da saúde; 
 As condicionantes ao desempenho das unidades de atendimento ao 
público. 
 Ao longo desta apostila vamos entender como se estabelecem as 
relações entre esses dois campos de conhecimento – a Economia e a 
Administração da Saúde. 
 
As ciências econômicas 
 
Estudar a forma específica de organização da sociedade para a produção e para 
o atendimento de toda a gama de necessidades humanas, consubstanciada em 
um sistema que coordena as atividades produtivas, é o objeto central da 
Economia. Esse objeto se define no problema da escassez: 
 
Como atender às necessidades humanas ilimitadas com uma 
quantidade limitada de recursos? 
 
 
Atenção 
 Podemos definir a Economia como “uma ciência social que 
estuda como o indivíduo e a sociedade decidem (escolhem) 
empregar recursos produtivos escassos na produção de bens e 
serviços, de modo a distribuí-los entre as várias pessoas e 
grupos da sociedade, a fim de satisfazer as necessidades 
humanas da melhor maneira possível” (BRAGA; VASCONCELLOS, 
2011). 
 
 ECONOMIA E FINANÇAS EM SAÚDE 14 
 
Surgem daí as três questões econômicas fundamentais: o que e quanto 
produzir, como produzir e para quem produzir (BRAGA; VASCONCELLOS, 2011, 
p. 4-5). 
 
O que e quanto produzir? 
 
Referem-se às escolhas a serem feitas pela sociedade, considerando a escassez 
dos recursos de produção, sobre os bens e as quantidades a serem produzidos. 
A forma como essas escolhas são feitas dependem da organização do sistema 
econômico. 
 
Como produzir? 
 
Implica na definição de como os recursos de produção serão combinados para 
a produção do que se escolhe, de acordo com os tipos de tecnologias de 
produção disponíveis. 
 
Para quem produzir? 
 
Diz respeito à questão mais aparente da economia: de que forma se dará a 
distribuição do produto pelos membros da sociedade. Essa questão não se 
refere apenas aos níveisde salários, das rendas, dos juros e dos lucros, quer 
dizer, à distribuição da renda que permitiria o acesso aos bens e serviços 
oferecidos, mas diz respeito à própria repartição inicial da propriedade e de sua 
transmissão por herança. 
 
A produção econômica é o resultado da combinação de recursos naturais, 
equipamentos e trabalho humano que, por serem necessários à produção, 
recebem o nome de fatores de produção (SILVA; SINCLAYR, 2010). 
 
 
 ECONOMIA E FINANÇAS EM SAÚDE 15 
 Recursos naturais : Elementos da natureza usados na produção de 
bens - a terra, os minerais, os animais etc. 
 
 Trabalho: A atividade humana física ou mental dispendida na produção. 
 
 Capital: Equipamentos, máquinas e ferramentas que aumentam a 
eficiência do trabalho. 
 
 Bens : Correspondem ao resultado da produção que atende às 
necessidades humanas. Podem ser materiais ou tangíveis (alimentos, 
vestimentas, transportes etc.) ou imateriais, nesse caso designados 
como serviços prestados (aula, hospedagem, consultas profissionais etc.) 
 
As decisões estudadas pela economia envolvem a alocação desses fatores e o 
seu uso pelos agentes econômicos, que são pessoas ou organizações que 
desempenham os diferentes papéis na economia. 
 
Por exemplo, os consumidores, que somos todos nós, tomam decisões sobre o 
que consumir e quanto. Ao mesmo tempo algumas dessas pessoas tomam 
decisões sobre a organização da produção, são os empresários, enquanto 
outras vendem sua força de trabalho, os trabalhadores. 
 
Elementos de um sistema econômico 
 
Seguem-se algumas definições visando sistematizar alguns conceitos 
importantes. 
 
Capital 
 
É definido como o conjunto de ativos, máquinas, equipamentos, instalações, 
instrumentos e estoques de insumos (KRUGMAN; WELLS; OLNEY, 2010, p. 
430), sendo entendido, nesse sentido, como um meio de produção. Os ativos 
 
 ECONOMIA E FINANÇAS EM SAÚDE 16 
financeiros, em um sentido mais amplo da definição, também são entendidos 
como capital. Na sua forma física é chamado de capital tangível, mas quando se 
apresenta como um título, um documento de propriedade, uma patente ou 
equivalente, é chamado de capital intangível (BOTTOMORE, 1993, p. 299). 
 
Propriedade privada 
 
O termo capitalismo define uma economia onde o capital é uma propriedade 
privada do capitalista e, através dessa propriedade, o capitalista se apropria de 
parte da renda gerada nas atividades econômicas. 
 
Divisão do trabalho 
 
Definida em duas esferas. 
A divisão social do trabalho constituindo-se no conjunto de atividades de 
uma sociedade onde parcelas da população dedicam-se a atividades 
específicas, como agricultura, artesanato, serviços e assim por diante. 
 
A divisão de trabalho na produção diz respeito à decomposição dos 
processos de produção em seus elementos constitutivos, buscando sua maior 
eficiência. 
 
Equilíbrio 
 
Os mercados tendem a estabilizar-se em situações de equilíbrio, isto é, em 
situações em que nenhum dos participantes melhoraria sua situação se fizesse 
algo diferente. A imagem que bem explica é a das filas em um supermercado: 
cada cliente que se aproxima do caixa escolhe a menor fila, de tal forma que 
teremos sempre filas mais ou menos iguais. A condição de equilíbrio se daria 
quando todas as filas tivessem o mesmo tamanho. Os mercados concorrenciais, 
como veremos, caminham nessa direção. 
 
 
 ECONOMIA E FINANÇAS EM SAÚDE 17 
Eficiência 
 
Exatamente por caminharem em direção a situações de equilíbrio os mercados 
tendem a usar os recursos de forma mais eficiente, pois os recursos sempre 
serão empregados onde eles podem obter maiores retornos, como quando 
procuramos a fila menor (KRUGMAN; WELLS; OLNEY, 2010, p. 11-13). 
 
Eficiência, equidade e objetivos sociais 
 
Nem sempre, no entanto, os mercados por si alcançam a melhor distribuição do 
produto (ou da renda), nem os objetivos que a sociedade pretende alcançar. 
Continuando com a imagem das filas no supermercado, teríamos situações em 
que pessoas com um ou dois itens estariam na mesma fila que pessoas com 
seus carrinhos cheios. Nesse caso uma medida não econômica seria necessária 
para manter uma equidade, no caso o tempo de espera na fila, entre os 
clientes, que poderia ser a criação de um caixa para clientes com poucos itens 
(como é na prática). Nas economias nacionais é o Estado que desempenha esse 
papel, corrigindo distorções ou dirigindo a economia na direção pretendida pela 
sociedade. 
A Economia aplicada ao setor da saúde 
 
No contexto da organização social para a produção de bens e das escolhas do 
consumidor, cabe discutirmos o papel desempenhado por este campo de 
conhecimento, pois nos interessa aqui entender as inter-relações entre as 
necessidades de saúde humanas, conforme definidas pela disciplina, e as 
possibilidades de seu atendimento. 
É nesse ponto que os caminhos das duas disciplinas se cruzam. O Profissional 
da Saúde deve compreender os condicionantes básicos das escolhas que são 
socialmente feitas para a produção e a distribuição dos bens, no caso 
medicamentos e serviços de saúde. 
 
 
 ECONOMIA E FINANÇAS EM SAÚDE 18 
Ao mesmo tempo, para ser efetivo nas suas prescrições e na organização do 
atendimento, deve compreender como as escolhas individuais são feitas de 
uma perspectiva econômica, combinada com outras influências de natureza 
psicológica, social e cultural, as quais, aqui, apenas transversalmente serão 
abordadas. 
Ao longo desta apostila vamos estudar as questões decorrentes desse enfoque 
agrupadas nas seguintes unidades: 
 
 Aspectos econômicos. 
 Aspectos administrativos. 
 
Aspectos econômicos, que emergem diretamente da teoria econômica, isto 
é, do estudo de como os agentes econômicos combinam os recursos escassos 
para a satisfação de suas necessidades. As análises serão feitas sob duas 
perspectivas, correspondentes aos dois principais ramos da Economia: 
 Da perspectiva dos indivíduos e das firmas, ramo da economia chamado 
de microeconomia, cujo foco é a ação administrativa das organizações 
de saúde e o comportamento do consumidor (aulas 2 a 4); 
 Dos agregados econômicos e de seus efeitos sobre a sociedade, ramo 
chamado de macroeconomia, onde o foco é a atuação governamental 
(aulas 2 a 4). 
 
Aspectos Administrativos, que se referem a como as unidades de saúde, 
públicas ou privadas, a partir da compreensão do papel do Estado, 
sistematizam sua atuação. Essa organização, que podemos simplificadamente 
chamar de empresarial, se dá através de diversos instrumentos de gestão 
disponibilizados por dois outros campos de saberes: a Administração e as 
Ciências Contábeis (aulas 6 a 8): 
 Os aspectos econômico-sociais da administração pública da saúde; 
 Aspectos da administração financeira e orçamentária de unidades clínicas 
e hospitalares. 
 
 
 ECONOMIA E FINANÇAS EM SAÚDE 19 
Custo de oportunidade 
 
A Economia é uma ciência que lida com escolhas, pois devemos decidir quais 
desejos serão atendidos com a utilização de quais recursos. Sempre que 
escolhemos produzir determinado bem devemos abrir mão de recursos que 
poderiam ser empregados na produção de outros bens, o que se chama custo 
de oportunidade (trade-off) na produção de um bem. Este é um dos 
conceitos mais importantes da economia, se aplicando tanto à alocação de 
recursos como às decisões entre investimentos alternativos. 
 
O custo de oportunidade não é o ganho relativo a uma escolha, nem o custo da 
produção do que foi escolhido, mas corresponde ao ganho que se deixou de ter 
ou o sacrifício do que se deixou de produzirao se fazer uma escolha. 
 
Por exemplo, suponha que um indivíduo possua uma determinada quantia em 
dinheiro que lhe permite viajar ou comprar um carro. O custo de oportunidade 
de escolher viajar é deixar de comprar um carro, e vice-versa. Em termos mais 
próximos a uma realidade administrativa, esse custo pode ser expresso entre as 
alternativas de comprar um novo equipamento de raio x ou fazer uma reforma 
no centro cirúrgico. 
 
 
Atenção 
 Daí decorre a expressão “não existe almoço grátis”, muito ouvida 
em discussões sobre a economia: tudo o que se escolhe fazer 
implica em deixar-se de fazer outra coisa. Isso porque os bens 
são sempre escassos em relação às necessidades e desejos, 
impondo escolher em que serão aplicados os recursos de 
produção. 
 
 
 ECONOMIA E FINANÇAS EM SAÚDE 20 
A curva de possibilidades de produção 
 
Esse dilema nas escolhas é representado pela Curva de Possibilidades de 
Produção – CPP (ou Curva de Transformação da Produção). A CPP é um bom 
exemplo de um modelo utilizado para de forma simplificada representar a 
realidade. Para sua construção consideramos uma economia onde temos como 
alternativa de produção dois bens, antibióticos e anti-inflamatórios, e 
compõe-se de: 
 
Fator trabalho: Uma dada população. 
 
Fator capital: Uma dada técnica e uma quantidade de instrumentos de 
produção (ferramentas, equipamentos, máquinas etc.). 
 
Fator terra: Ou fator recurso natural, é uma dada porção de terra agricultável. 
 
Consideraremos a disponibilidade de todos esses fatores constante (em 
economês, “coeteris paribus”) e que estão em pleno emprego, isto é, todos os 
recursos estão empregados na produção. 
 
Qualquer decisão sobre a quantidade produzida de um bem implicará então na 
redução da quantidade produzida do outro bem. Assim, poderíamos supor que 
se alocássemos os fatores apenas para a produção de antibióticos, obteríamos 
1.500 quilos e, fazendo o mesmo para a de anti-inflamatórios teríamos 2.000 
quilos. As diversas combinações de produção possíveis poderiam ser agrupadas 
da seguinte forma (PINHO; VASCONCELLOS; TONETO Jr., 2011, p. 12): 
 
 
 
 
 ECONOMIA E FINANÇAS EM SAÚDE 21 
O gráfico a seguir mostra as diversas combinações possíveis de produção de 
soja e cana-de-açúcar. No ponto B, por exemplo, temos a produção de 750 Kg 
de antibióticos e de 1.000 kg de anti-inflamatórios. Se nos deslocássemos para 
o ponto C, significaria que sacrificaríamos 250 kg de antibióticos e 
produziríamos mais 500 kg de anti-inflamatórios, totalizando 1.000 Kg. O custo 
de oportunidade, neste caso, seria o de deixar de produzir 250 kg de 
antibióticos. 
 
 
 
Gráfico adaptados de SILVA; SINCLAYR, 2010, p. 21-23. 
 
Nessa condição em que existem custos de oportunidade estamos considerando 
uma situação de pleno emprego, todos os recursos estão sendo utilizados na 
produção. As situações em que não existe o pleno emprego encontram-se na 
área formada pela curva e pelos eixos do gráfico, por exemplo, o ponto F, 
assinalado no gráfico anterior. 
Nesse ponto, representando a produção de cerca de 350 kg de antibióticos e 
algo com 600 kg de anti-inflamatórios, não há custos de oportunidade 
 
 ECONOMIA E FINANÇAS EM SAÚDE 22 
envolvidos: como há recursos ociosos o aumento da produção de qualquer um 
dos bens não implicaria em sacrificar a produção do outro. 
 
Essa situação caracteriza uma ineficiência na produção, isto é, existem recursos 
ociosos na economia. A eficiência em economia se define, então, pelo uso de 
todos os recursos na produção, de tal forma que não se pode aumentar a 
produção de um bem sem diminuir a de outro. A Curva de Possibilidade de 
Produção define exatamente as combinações eficientes na utilização dos 
recursos. (KRUGMAN; WELLS; OLNEY, 2010, p. 20). 
 
O ponto G corresponderia a uma situação impossível, onde a produção seria 
maior do que permitiria a quantidade de recursos disponíveis. 
 
Crescimento econômico 
 
O crescimento econômico pode ser definido como “a capacidade crescente da 
economia de produzir bens e serviços”. A curva de possibilidades de produção 
nos mostra o que significa efetivamente esse crescimento: uma expansão da 
capacidade máxima de produção de uma economia resultante do aumento da 
disponibilidade dos fatores de produção. 
 
Isso ocorre, por exemplo, com a introdução de uma nova tecnologia ou o 
aumento da população em condições de trabalhar. Teremos, então, um 
aumento da capacidade produção da economia como um todo, o que se 
expressa no deslocamento da curva para a direita, como no gráfico. Para cada 
ponto da nova curva teremos uma maior possibilidade de produção (KRUGMAN; 
WELLS; OLNEY, 2010, p. 3). 
 
Naturalmente, uma situação inversa, resultante da diminuição da capacidade 
produtiva, levaria a um deslocamento para a esquerda da curva. 
 
 
 ECONOMIA E FINANÇAS EM SAÚDE 23 
 
 
Esse modelo se aplica a quaisquer dos bens, considerando-se a economia como 
um todo, mesmo que eles não sejam aparentemente concorrentes em termos 
de recursos utilizados. Em última análise, por exemplo, disputarão mão de obra, 
mesmo que a um alto custo de realocação e treinamento. 
 
Contudo, deve-se ter em mente que é uma simplificação, não existe uma 
economia que produza apenas dois bens, mas que nos serve para explicar o 
conceito de custo de oportunidade, ou trade off, importante para entendermos 
a natureza das escolhas econômicas. Além disso, nos dá uma explicação para a 
noção de eficiência econômica e de crescimento econômico. 
 
Como funciona a economia? 
 
O Estado e o Mercado são, na sociedade contemporânea, as duas esferas que 
fazem a alocação dos fatores e a distribuição do produto, bem como buscam 
estimular o desenvolvimento econômico. 
 
 
 
 ECONOMIA E FINANÇAS EM SAÚDE 24 
Economias de mercado 
 
Vamos supor uma economia em que não exista governo. Nessa economia 
existem apenas as famílias, que são as únicas ofertantes dos fatores de 
produção – recursos naturais, trabalho e capital – e as empresas (firmas), as 
únicas demandantes dos fatores de produção. O quadro ao lado representa a 
relação circular que se estabelece entre as famílias e as empresas através de 
dois mercados: o mercado de fatores e o mercado de bens. 
 
 
 
Esse ciclo, onde circulam fatores que produzem bens, é o chamado fluxo real 
da economia. Em contrapartida, em sentido inverso, as famílias recebem a 
remuneração pelos fatores empregados na produção em dinheiro que será 
utilizado para comprar os bens no mercado, que por sua vez retornarão às 
empresas e assim por diante. Esse fluxo é chamado de fluxo nominal, ou fluxo 
circular da renda. 
O total do fluxo nominal é equivalente ao total de bens que circulam na 
economia. Algumas igualdades básicas decorrem daí: a renda de uma economia 
 
 ECONOMIA E FINANÇAS EM SAÚDE 25 
é igual ao valor dos produtos produzidos, por sua vez, nesse modelo 
simplificado, o total gasto, ou o dispêndio, também é igual à renda e à 
produção. 
 
Essas igualdades, veremos adiante, são medidas do nível da atividade 
econômica e expressam a mesma riqueza sob diversas formas. É por essa razão 
que você ouve economistas falando tanto em PIB - Produto Interno Bruto (tudo 
o que é produzido na economia) quanto em Renda Nacional como grandezas 
equivalentes. 
 
O sistema de preços que regula esses fluxos funciona exatamente pela 
conjugação das forças, ou interesses, da demanda e da oferta, determinando 
dessa forma os preços relativos de todas as mercadorias. 
 
Os bens mais desejados ou menos disponíveis tendem a ter um preçomaior e 
os bens poucos procurados ou muito disponíveis um preço menor. 
 
 
Atenção 
 Define-se renda como a remuneração paga pelas empresas pelo 
uso dos fatores de produção (VICECONTI; NEVES, 2012, p. 6) e 
é composta por: 
• Salário: é a remuneração do fator trabalho, incluindo-se 
comissões, honorários de profissionais liberais, ordenados de 
executivos ou toda remuneração relativa ao trabalho, mesmo 
que não assalariado. 
• Juros e lucro: remuneração do fator de produção capital. 
• Aluguéis: remuneração dos proprietários dos recursos 
naturais e dos bens de capitais arrendados a terceiros. 
 
 
 ECONOMIA E FINANÇAS EM SAÚDE 26 
Economias centralmente planificadas 
 
Embora poucos países, na atualidade, sejam economias centralizadas, isto é, 
onde o Estado responde quase integralmente pela alocação dos recursos 
econômicos, vamos examinar rapidamente seu funcionamento, para 
entendermos alguns dos seus aspectos básicos. 
 
O que caracteriza uma economia centralizada, ou socialista, é a propriedade 
pública dos meios de produção, normalmente organizados em empresas 
estatais. Os meios de produção referentes às atividades dos artesãos e dos 
pequenos camponeses mantêm-se privados. As unidades produtivas, fábricas e 
fazendas, submetem-se em termos organizacionais ao Estado. 
 
Como não existe um sistema de preços que regule os níveis de produção e de 
distribuição do produto, o Estado, através de órgãos centrais de planejamento, 
cumpre essa função. 
 
Economia mista 
 
Cabe, por fim, mencionar que alguns países, como a Suécia e a Noruega são 
considerados de economia mista, isto é, embora exista uma forte participação 
do Estado na economia através de empresas estatais, existe um mercado livre 
de bens e fatores de produção. 
 
Se compararmos os dois sistemas básicos parece bem evidente, pelo que a 
história recente nos mostrou, que o sistema de mercado é mais eficiente e 
dinâmico em termos de crescimento econômico. 
 
Por outro lado, nas economias centralizadas teríamos uma distribuição do 
produto mais igualitária. Atualmente, é mais amplamente adotado o sistema de 
mercado, porém com uma forte participação do Estado na economia, 
especialmente após a crise desencadeada em 2008, quando retornou ao centro 
 
 ECONOMIA E FINANÇAS EM SAÚDE 27 
das atenções a doutrina do Estado como ordenador da economia e estimulador 
do crescimento. 
 
Atividade proposta 01 
Acesse o link: https://www.youtube.com/watch?v=WnZs9xrDM0k Encontro do 
século - Smith e Marx (EJA), que mostra um encontro hipotético entre 
Adam Smith (1723-1790), fundador da escola de pensamento liberal, e Karl 
Marx (1818-1883), teórico que sistematizou em bases científicas as correntes 
socialistas do século XIX. Reflita e discuta sobre esse tema em relação ao 
atendimento das necessidades de saúde da população, considerando os 
atendimentos público e privado. 
 
Chave de resposta: você deverá fazer uma correlação direta entre os 
sistemas econômicos e o atendimento privado e público das necessidades de 
saúde, assim como exemplificar com casos concretos, como os da Suécia, do 
Brasil ou dos Estados Unidos. 
 
Atividade proposta 02 
 
Leia a notícia Unidades Básicas de Saúde Fluviais (UBSF), acessando o 
link: http://dab.saude.gov.br/portaldab/ape_ubsf.php e analise o investimento 
feito em termos de custo de oportunidade. 
Qual a vantagem efetiva que esse investimento tem sobre outras formas de 
atendimento ambulatorial? 
 
Chave de resposta: você deverá avaliar a vantagem desse tipo de 
investimento, por permitir o atendimento de uma área geográfica muito maior 
do que faria uma unidade fixa. A construção de uma unidade fixa representa 
um custo de oportunidade maior, já que imobiliza recursos em uma mesma 
área. 
 
 
 ECONOMIA E FINANÇAS EM SAÚDE 28 
Referências
 
BRAGA, M. B.; VASCONCELLOS, M. S. Introdução à economia. In: PINHO, D. 
B.; VASCONCELLOS, M. S.; TONETO Jr., R. Introdução à economia. São 
Paulo: Saraiva, 2011. 
LIMA, E. Q. Theoria do Estado. 3. ed. J. R. Santos (Ed.). Rio de Janeiro: 
Jacintho, 1937. 
MATIAS-PEREIRA, J. Finanças públicas: a política orçamentária no Brasil. São 
Paulo: Atlas, 2010. 
SILVA, C. L.; SINCLAYR, L. Economia e mercados: introdução à economia. 
19. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. 
TORRES, F. C. Seguridade social: conceito constitucional e aspectos gerais. 
Disponível em: < href="http://www.ambito-
juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=11212" 
http://www.ambitojuridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_ar
tigos_leitura&artigo_id=11212>. Acesso em: 17 fev. 2015. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 ECONOMIA E FINANÇAS EM SAÚDE 29 
Exercícios de fixação 
Questão 1 
São definidos como fatores de produção – recursos naturais, trabalho e capital 
necessários à produção de medicamento: 
a) Florestas, vestimentas especiais e centrifugador 
b) Drogas, farmacêutico e centrifugador 
c) Sementes, farmacêutico e energia 
d) Energia, farmacêutico e geradores de eletricidade 
e) Sementes, farmacêutico e linhas de financiamento 
 
Questão 2 
O Artigo 194 da Constituição do Brasil define a seguridade social como um 
“conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes públicos e da sociedade, 
destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à 
assistência social”. Desse artigo decorre que a saúde: 
a) Deve ser fornecida apenas a quem contribui para a previdência social. 
b) Deve ser fornecida pelo Estado apenas à população carente. 
c) Deve ser universal e gratuita. 
d) Deve ser universal, mas não gratuita. 
e) Deve ser fornecida pelas instituições privadas. 
 
Questão 3 
Assinale o par que representa uma Política de Estado e uma Política de 
Governo: 
a) Garantir acesso à saúde a todos – Instituir um programa de pesquisa em 
tecnologia. 
 
 ECONOMIA E FINANÇAS EM SAÚDE 30 
b) Instituir um programa de pesquisa em tecnologia – Garantir acesso à 
saúde a todos. 
c) Fixar a taxa de juros Selic – Gerir o sistema de previdência social 
d) Fazer campanha para incentivar a prática de esportes pela população – 
Fazer campanha contra o fumo. 
e) Criar linhas de financiamento de apoio à exportação – Fixar a taxa de 
juros Selic. 
Questão 4 
Assinale o par que exemplifica a divisão social do trabalho e a divisão técnica 
do trabalho: 
a) Médico - Enfermeiro. 
b) Funções desempenhadas em um hospital – Funções em um centro 
cirúrgico. 
c) Funções em um centro cirúrgico - Médico. 
d) Enfermeiro – Funções em um centro cirúrgico. 
e) Enfermeiro – Auxiliar de enfermagem. 
Questão 5 
O administrador da saúde, na sua atuação profissional, deve conjugar 
conhecimentos de diversas áreas, visando a um atendimento integral das 
necessidades do paciente e da sociedade. Do ponto de vista econômico, 
assinale três das principais áreas econômicas e suas respectivas possíveis 
aplicações: 
a) Economia: conhecimento do ambiente econômico; administração 
financeira: gestão dos recursos; contabilidade empresarial: fornecimento 
de informações. 
 
 ECONOMIA E FINANÇAS EM SAÚDE 31 
b) Economia: conhecimento dos princípios econômicos; administração 
financeira: gestão operacional; contabilidade empresarial: controle de 
material. 
c) Administração: atuação integral na gestão; administração financeira: 
gestão de recursos; contabilidade financeira: pagamento de impostos. 
d) Administração: gestão ambiental; economia: gestão financeira; 
contabilidade financeira: conhecimento do ambiente empresarial. 
e) Administração: gestão ambiental; administração financeira:gestão 
econômica; contabilidade financeira: contabilidade gerencial. 
Questão 6 
Vemos frequentemente na imprensa a discussão sobre o nosso 
desenvolvimento tecnológico e a necessidade do país investir mais em 
pesquisa. Em função disso, discute-se sobre o acesso da população à educação 
como um dos requisitos ao desenvolvimento econômico. Tais temas referem-se 
a que questões econômicas fundamentais? 
a) O que e para quem produzir 
b) O que produzir 
c) Como produzir 
d) Porque produzir 
e) O que e quanto produzir 
Questão 7 
Considerando uma economia em equilíbrio, qual seria a relação entre os 
indicadores da Renda Nacional - RN e do Produto Interno Bruto - PIB? 
a) RN > PIB 
b) RN < PIB 
c) Não há relação entre os dois indicadores 
 
 ECONOMIA E FINANÇAS EM SAÚDE 32 
d) RN = PIB 
e) Impossível determinar 
Questão 8 
Considerando o gráfico abaixo, representando a utilização de recursos em uma 
economia hipotética, o que significaria se o nível de produção fosse definido 
pelo ponto F? 
 
 
 
 
 
 
a) Essa economia estaria utilizando os recursos da forma mais eficiente 
possível. 
b) Estaria sendo eficiente na produção dos dois bens considerados. 
c) Estaria utilizando os recursos disponíveis na economia de modo 
ineficiente. 
d) A produção neste ponto é impossível. 
e) Estaria sendo eficiente apenas na produção de soja. 
Questão 9 
A Curva de Possibilidades de Produção, ao mostrar as combinações possíveis de 
recursos empregados, considerando uma quantidade dada de fatores de 
produção, mostra em relação a cada bem: 
a) O custo de capital 
b) A receita total 
 
 ECONOMIA E FINANÇAS EM SAÚDE 33 
c) O custo da mão de obra 
d) A limitação dos recursos naturais 
e) O custo de oportunidade 
Questão 10 
Define-se renda como a remuneração paga pelas empresas pelo uso dos 
fatores de produção e é composta por: 
a) Salários e lucro 
b) Lucro, aluguéis e juros 
c) Recursos naturais, trabalho e capital 
d) Salários, honorários, aluguéis e lucro 
e) Salários, aluguéis e juros e lucro 
 
 
 
 ECONOMIA E FINANÇAS EM SAÚDE 34 
 
Questão 1 - B 
Justificativa: Droga: produto que pode ser de origem natural empregado na 
preparação de medicamentos. Farmacêutico: elabora o medicamento. 
Centrifugador: equipamento utilizado na fabricação de medicamentos. 
 
Questão 2 - C 
Justificativa: De acordo com Torres (2012) “a saúde é segmento autônomo da 
Seguridade Social e se diz que ela tem a finalidade mais ampla de todos os 
ramos protetivos porque não possui restrição de beneficiários e o seu acesso 
também não exige contribuição dos beneficiários”. 
 
Questão 3 - A 
Justificativa: Política de Estado refere-se às obrigações do Estado, logo, de todo 
governante, de acordo com a lei. É o caso de garantia do ensino fundamental. 
Política de Governo refere-se à implementação dos programas de governo, 
como a instituição de um programa de pesquisa específico. 
 
Questão 4 - D 
Justificativa: O Enfermeiro cumpre uma função que atende uma necessidade da 
sociedade como um todo, assim como o médico, o carpinteiro ou o economista. 
Em um centro cirúrgico as funções desempenhadas referem-se à organização 
para desempenhar uma tarefa determinada. 
 
Questão 5 - A 
Justificativa: A Economia serve ao administrador para entender o ambiente 
econômico e sua influência na organização. A administração financeira, como o 
nome diz, administra os recursos financeiros da organização que afetam a 
todos os seus recursos tangíveis e intangíveis. A contabilidade empresarial 
serve à organização das informações da organização. 
 
 ECONOMIA E FINANÇAS EM SAÚDE 35 
 
Questão 6 - C 
Justificativa: A tecnologia e a qualidade da mão de obra, obtidas com a 
pesquisa e a educação, resultam em maior produtividade da economia como 
um todo. Referem-se, então, à questão de como produzir. 
 
Questão 7 - D 
Justificativa: Em uma economia, toda a produção deverá ser absorvida pelo 
mercado, resultando na igualdade da relação entre RN e PIB. 
 
Questão 8 - C 
Justificativa: Considerando que as combinações possíveis de recursos e os 
níveis máximos de produção (no exemplo, pontos A, B, C e D), o ponto F 
mostra que estão sendo empregados menos recursos do que seria possível, 
logo, a economia está sendo ineficiente. 
 
Questão 9 - E 
Justificativa: A curva de produção mostra, entre outras coisas, quanto se tem 
que deixar de produzir de um bem para produzir outro, que é a definição de 
custo de oportunidade. 
 
Questão 10 - E 
Justificativa: Salário: é a remuneração do fator trabalho, incluindo-se 
comissões, honorários de profissionais liberais, ordenados de executivos ou 
toda remuneração relativas ao trabalho, mesmo que não assalariado. Aluguéis: 
remuneração dos proprietários dos recursos naturais e dos bens de capitais 
arrendados a terceiros. Juros e lucro: remuneração do fator de produção 
capital. 
 
 
 
 
 ECONOMIA E FINANÇAS EM SAÚDE 36 
Introdução 
 
Vimos que o sistema de preços livres caracteriza uma economia de mercado. 
A interação entre os desejos dos indivíduos e a produção das empresas 
determinará o preço das mercadorias. Podemos entender essa interação como 
se vivêssemos em um permanente leilão: os consumidores fariam lances para 
comprar os bens que desejam e as empresas avaliariam quanto estariam 
dispostas a aceitar em troca de suas mercadorias. No ponto em que ambos os 
valores coincidissem seria o preço de equilíbrio do mercado. Esse ajustamento 
quase automático da economia é o que Adam Smith chamou de “a mão 
invisível”. 
No entanto, a saúde é um bem cujo valor é inestimável, uma vez que diz 
respeito à nossa própria vida. Assim, o comportamento do consumidor frente 
ao jogo de mercado pode não ocorrer de forma tão automática como pressupõe 
o modelo de demanda. 
 
Objetivo: 
1. Relacionar a formação da demanda e o comportamento do consumidor; 
2. Analisar o comportamento do consumidor dos serviços da área da saúde. 
 
 
 
 
 
 
 
 ECONOMIA E FINANÇAS EM SAÚDE 37 
Conteúdo 
A oferta e a demanda 
Vejamos na prática cada caso. Analisando as colunas assinaladas que 
demonstram o efeito dos eventos descritos sobre o preço dos bens: 
 
 
 
O gráfico abaixo mostra a interação entre a oferta e a demanda. 
 
 
 
O ponto A representa o preço máximo que os consumidores estriam dispostos 
a pagar pelo bem. O ponto onde a curva intercepta o eixo vertical 
corresponderia ao preço em que os consumidores não comprariam nem uma 
 
 ECONOMIA E FINANÇAS EM SAÚDE 38 
unidade. A partir desse ponto, quanto menor o preço, maiores as quantidades 
que os consumidores estariam dispostos a adquirir, por isso a declividade da 
curva. 
 
O ponto C corresponde ao preço mínimo que as empresas estariam dispostas a 
receber pelas mercadorias vendidas. Na interseção com o eixo vertical o preço 
seria tão baixo que os produtores não estariam dispostos a oferecer nenhuma 
mercadoria. Ao inverso da curva da demanda, a partir do preço mínimo, quanto 
maior o preço que os consumidores estivessem dispostos a pagar pelos bens, 
maiores seriam as quantidades ofertadas, daí a inclinação positiva da curva da 
oferta. 
 
O ponto B indica o preço onde a quantidade que os consumidores estariam 
dispostos a adquirir seria exatamente igual à que as empresas estariam 
dispostas a ofertar. Este é o ponto de equilíbrio do mercado. O triângulo 
formado pelos vértices ABC corresponde à área de negociação do preço e da 
quantidade, entre o preço mínimo da oferta, o máximo da demanda e o preço 
de equilíbrio(PINHO, VASCONCELLOS; TONETO Jr., 2011, p. 16-19). 
 
Em termos gerais este modelo nos mostra o comportamento básico dos preços 
e nos permite explicar como o sistema de preços funciona como alocador de 
recursos, respondendo às três questões básicas da economia: o que e quanto 
produzir, como produzir e para quem (PINHO, VASCONCELLOS; TONETO Jr., 
2011, p. 16-19). 
 
O que produzir? 
 
O quê produzir será definido pelos consumidores, que no mercado procurarão 
maximizar sua satisfação, buscando os bens que atendam seus desejos e 
necessidades. 
 
 
 
 ECONOMIA E FINANÇAS EM SAÚDE 39 
Quanto produzir? 
 
O quanto produzir será definido pelo sistema de ajustamento de preços que por 
aproximações sucessivas tende a igualar, via preço, a quantidade ofertada e a 
demandada. 
 
Como produzir? 
 
Como produzir é resultado da concorrência entre os produtores, pois como o 
objetivo das empresas é maximizar os lucros, sempre buscarão os métodos de 
produção com menores custos, deslocando, isto é, tirando do mercado, os mais 
ineficientes. 
 
Para quem produzir? 
 
Para quem produzir será determinado pelo jogo da oferta e da demanda no 
mercado de fatores de produção que redistribui o dinheiro arrecadado no 
mercado de bens através dos salários, juros, aluguéis e lucros. A distribuição da 
renda resultante define o quanto da produção será absorvido pelos detentores 
dos fatores de produção. “A produção destina-se a quem tem renda para pagar, 
e o preço é o instrumento de exclusão”. 
 
“Os bens produzidos podem ser assim classificados:” 
 
Bens de consumo 
São aqueles que servem diretamente à satisfação das necessidades humanas. 
Confundem-se com os bens finais, aqueles vendidos para consumo ou utilização 
final. Podem ser ainda classificados como: 
• Não duráveis, isto é, que se esgotam no seu uso, como alimentos, 
vestuários, produtos de limpeza etc.). 
• Duráveis, aqueles que tem um uso continuado ao longo de um período de 
tempo, como automóveis, geladeiras etc. 
 
 ECONOMIA E FINANÇAS EM SAÚDE 40 
 
Bens intermediários 
São bens que entrarão na composição dos bens de consumo como chapas de 
aço, plásticos etc. 
 
Bens de capital 
São empregados na fabricação de outros bens, mas não se desgastam 
inteiramente no processo produtivo, servindo para aumentar a eficiência do 
trabalho humano. São as máquinas, equipamentos, ferramentas etc. 
 
Insumos 
O termo designa todos os elementos que concorrem para a produção de bens, 
as matérias-primas, os bens intermediários e os de capital, incluindo o trabalho 
humano. 
 
Serviços 
Atividades que compõem um bem que se esgota no próprio processo de 
produção, como consertar uma máquina ou encerar um piso. Pode ser voltado 
para o consumo final ou para o uso intermediário. 
 
O modelo apresentado mostra o funcionamento de um sistema impessoal – os 
efeitos descritos valem para todos – designando assim um sistema econômico. 
No entanto, na prática, inúmeras imperfeições impedem que os objetivos 
esperados sejam alcançados: 
 
As distorções na concorrência, que ocorrem em mercados com um ou poucos 
produtores, tornando possível a manipulação dos preços. 
 
As externalidades ou os efeitos externos que não são computados entre os 
custos ou benefícios que as empresas geram ou incorrem. Por exemplo: os 
custos da poluição gerados por um determinado processo produtivo ou o uso 
 
 ECONOMIA E FINANÇAS EM SAÚDE 41 
de estradas públicas que são pagas por todos, via tributos (PINHO et al., 2011, 
p. 19). 
 
 
Atenção 
 A correção dessas e outras consequências do funcionamento real 
das economias de mercado justificam a intervenção do Estado 
para ajustar as economias aos objetivos da sociedade como um 
todo. “Estudaremos, mais à frente, o papel que o Estado 
desempenha na condução dos negócios econômicos, não só 
corrigindo as distorções provocadas pelo mercado, como 
estimulando o crescimento da economia, função fundamental 
especialmente nos países em desenvolvimento”. Não existe, na 
verdade, nenhuma economia que funcione e tenha toda a 
alocação e distribuição de recursos feita pelo mercado, sem a 
participação do Estado. 
 
A demanda individual 
 
Define-se a demanda como “a quantidade de um determinado bem ou serviço 
que o consumidor deseja adquirir em certo período” (PINHO et al., 2011, p. 
115). A demanda é, então, o desejo de comprar, expressa como uma 
quantidade desejada em dado período de tempo. Assim, ao fazermos nossas 
compras de mantimentos, por exemplo, estabelecemos uma quantidade 
desejada de 4 quilos de arroz por mês. Essa seria nossa demanda por arroz. 
 
Vejamos como se forma a demanda de uma pessoa examinando como faz suas 
escolhas de alimentos. Vamos supor que ela sempre use folhetos do 
supermercado, com os preços das mercadorias à venda, para fazer suas 
escolhas. 
 
 
 ECONOMIA E FINANÇAS EM SAÚDE 42 
Primeiro, em função da sua renda, estabelecerá um montante a ser gasto nas 
compras. Depois avaliará o preço dos bens que deseja comprar, por exemplo, 
arroz, feijão, carne e legumes. Se algum deles estiver muito alto poderá 
substituí-lo por outro. 
 
Digamos que a carne bovina tenha experimentado um aumento de preço. O 
consumidor poderá decidir trocá-la por carne de frango, de modo a manter-se 
dentro do seu limite de gasto. Como não comprou carne bovina, resolveu não 
fazer churrasco e não comprou carvão. Verificou que a carne de carneiro baixou 
de preço, mas ele não gosta dessa carne e decide comprar mesmo frango. 
 
Constatamos dessa forma que a demanda do consumidor foi determinada por 
quatro variáveis: 
Vamos utilizar a hipótese do cœteris paribus, ou “tudo o mais permanece 
constante”, para avaliarmos o efeito de cada uma dessas variáveis sobre a 
demanda, já que seria muito difícil examinarmos o efeito conjunto de todas 
elas. 
 
Preço e quantidade demandada 
 
Já examinamos esse aspecto na aula passada. Quanto menor o preço maior a 
quantidade que estamos dispostos a comprar de um bem, cteris paribus. No 
nosso exemplo, o aumento do preço da carne fez que o consumidor diminuísse 
a quantidade adquirida. A tabela de demanda e a curva de demanda mostram 
esse efeito. 
 
 
 
 ECONOMIA E FINANÇAS EM SAÚDE 43 
 
 
 
Preço de um bem e preço de outros bens 
 
Vimos em nosso exemplo que por não comprar carne bovina o nosso 
consumidor tomou duas decisões associadas: comprou carne de frango e não 
comprou carvão. Isso demonstra os efeitos que os bens exercem uns sobre os 
outros. 
 
O frango em relação à carne funciona como bem substituto ou bem 
concorrente, isto é, o aumento no preço da carne bovina conduz a um 
aumento no consumo de frango. Inversamente, o aumento no preço do frango 
aumenta o consumo da carne bovina. É claro que esse efeito substituição não 
se dá, como em nosso exemplo, com a completa substituição de um bem pelo 
outro, pode-se, que é o habitual, comprar menos de um e mais do outro 
(PINHO, VASCONCELLOS; TONETO Jr., 2011, p. 118). 
 
Já o carvão não foi comprado por outra razão, porque se decidiu não fazer 
churrasco. Bens que tem sua demanda atrelada à demanda de outro bem são 
chamados de bens complementares, como o pão e a manteiga, tinta e pincel 
etc. 
Nesse caso, existe uma relação entre o consumo de carne e de carvão, embora 
se possa fazer churrasco com outros tipos de carne e de outros usos que se 
 
 ECONOMIA E FINANÇAS EM SAÚDE 44 
possa dar ao carvão, predominantemente uma elevação do preço da carne 
deve diminuir a demanda por carvão. 
 
A preferência do consumidor 
 
Emborao preço da carne de carneiro tenha caído, o consumidor não optou por 
seu uso. Isso pode ser atribuído ao gosto pessoal e ao fato de que, de modo 
geral, essa carne não faz parte do cardápio do brasileiro (muitos na realidade 
nem sabem se o preço do carneiro subiu ou desceu, enquanto sabemos 
exatamente o que acontece com o preço da carne bovina ou do frango). 
 
Eventualmente o governo ou associações de empresas fazem campanhas para 
estimular o consumo de um produto, como leite ou produtos que contém 
ômega 3, pelos benefícios que trazem à saúde. O resultado esperado dessas 
campanhas é que aumente o consumo desses produtos, alterando as 
preferências do consumidor que buscará consumir alimentos mais saudáveis. 
 
Renda e demanda 
 
A renda é, na verdade, o primeiro condicionante do consumo. Podemos supor, 
com razoável certeza, que quando a renda cresce a demanda de um bem deve 
aumentar e isso parece se confirmar na maioria dos casos, porém não em 
todos. Os bens podem ser classificados em três tipos quando examinados em 
relação à renda do consumidor: 
 
Bens normais 
Os bens normais têm esse comportamento esperado de aumentar o consumo 
conforme aumente a renda, o que é perfeitamente compreensível quando 
pensamos em quase todos os bens, alimentos, roupas, sapatos, automóveis 
etc. 
 
 
 ECONOMIA E FINANÇAS EM SAÚDE 45 
 
Bens de consumo saciado 
No entanto, mesmo que a renda cresça bastante alguns bens não terão 
aumento no consumo, na realidade, a um determinado ponto o consumo de 
bens não crescerá mais, são os bens de consumo saciado. É evidente que 
existe um limite para o consumo individual. 
 
Bens inferiores 
Os bens inferiores são aqueles cuja demanda reduz-se quando aumenta a 
renda. De modo geral tal caso se aplica aos bens de consumo populares que 
são substituídos por bens mais sofisticados quando a renda aumenta. 
 
Deslocamento da curva de demanda 
A curva de demanda, então, expressa a intenção de consumo em um dado 
período de tempo, assumindo uma inclinação negativa, por conta da propensão 
a se consumir mais conforme o preço se reduza, como podemos recapitular no 
gráfico 1. 
 
 
 
 
 ECONOMIA E FINANÇAS EM SAÚDE 46 
Vimos que alguns fatores podem modificar essa curva de demanda. Por 
exemplo, se há um aumento na preferência do consumidor por determinado 
bem, os consumidores estarão dispostos a pagar mais pela mesma quantidade 
daquele bem. 
 
Isso fará que a curva se desloque para a direita, como podemos ver no gráfico 
2. Esse deslocamento da curva de demanda para a direita significa um aumento 
generalizado da demanda, isto é, para cada preço verificado anteriormente, o 
consumidor estará disposto a consumir uma maior quantidade. 
 
 
 
Inversamente, quando, por exemplo, há uma redução na renda verificamos 
uma diminuição da demanda por qualquer bem, ocorrendo um deslocamento 
da curva para a esquerda. Significa que para o mesmo nível de preços o 
consumidor estará demandando menos unidades do produto, conforme mostra 
o gráfico 3. 
 
 ECONOMIA E FINANÇAS EM SAÚDE 47 
 
 
Vimos que alguns fatores podem modificar essa curva de demanda. Por 
exemplo, se há um aumento na preferência do consumidor por determinado 
bem, os consumidores estarão dispostos a pagar mais pela mesma quantidade 
daquele bem. 
 
 Demanda por manteiga quando diminui o consumo de pão – bens 
complementares; 
 Demanda de carne bovina quando aumenta o consumo de carne de 
frango – bens substitutos; 
 Demanda de legumes após uma campanha de incentivo ao consumo de 
alimentos saudáveis – preferência do consumidor; 
 Demanda da carne de segunda com o aumento da renda – bens 
inferiores; 
 Demanda de frutas depois de sucessivos aumentos da renda – bens de 
consumo saciado; 
 Demanda de roupas de moda após aumento da renda; 
 Demanda de carne suína após aumento do preço da carne bovina – bens 
substitutos. 
 
 
 ECONOMIA E FINANÇAS EM SAÚDE 48 
A curva de demanda de mercado 
 
A demanda de mercado é a soma das demandas individuais. As quantidades 
individuais demandadas pelos consumidores são somadas, formando a 
demanda total do mercado, conforme exemplificado na tabela de demanda 
abaixo e no gráfico 4 (PINHO, VASCONCELLOS; TONETO Jr., 2011, p. 121). 
 
 
 
Entendendo a demanda real 
Conhecer o comportamento da demanda é um aspecto crucial do processo de 
tomada de decisões dos governos e das empresas. O que e quanto as famílias 
estão dispostas a consumir e a que preço são informações que requerem 
pesquisas extensas e muitas vezes bastante sofisticadas do ponto de vista 
metodológico. 
 
As empresas, com essas informações, procuram atender o consumidor da 
melhor forma possível e, com isso, aumentar suas vendas. Os governos buscam 
medir o nível de qualidade de vida da população, de forma a orientar suas 
políticas econômicas e sociais. 
 
O Governo brasileiro efetua diversas pesquisas com o objetivo de traçar, entre 
outros, os perfis econômico, social, demográfico e comportamental do 
brasileiro. 
 
 
 ECONOMIA E FINANÇAS EM SAÚDE 49 
Por exemplo, a Pesquisa de Orçamentos Familiares - POF mede as 
estruturas de consumo, dos gastos, dos rendimentos e parte da variação 
patrimonial das famílias, possibilitando traçar um perfil das condições de vida 
da população brasileira a partir da análise de seus orçamentos domésticos 
(IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2010, p. Introdução). 
 
Aplicação da POF 
 
Conhecer o comportamento da demanda é um aspecto crucial do processo de 
tomada de decisões dos governos e das empresas. O que e quanto as famílias 
estão dispostas a consumir e a que preço são informações que requerem 
pesquisas extensas e muitas vezes bastante sofisticadas do ponto de vista 
metodológico. 
 
Vejamos uma aplicação imediata da microeconomia à interpretação das 
informações obtidas na POF. 
A figura 1, extraída da POF 2008-2009 (IBGE, 2011) mostra o consumo, em 
gramas por dia, de alguns itens alimentares por classe de renda. O 1º quarto 
corresponde ao grupo de renda mais baixa, crescendo até o 4º quarto, a 
parcela da população de renda mais alta. 
 
 
 ECONOMIA E FINANÇAS EM SAÚDE 50 
 
Ao analisarmos a tabela, extraída da mesma pesquisa, vemos que existe 
relação semelhante entre a renda e o tipo de gastos que são feitos com a 
saúde. Quando associamos os gastos com planos de saúde e medicamentos 
com a classe de renda, constata-se que há uma relação diferenciada desses 
dois itens. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Nota-se no quadro, contudo, que medicamentos e planos de saúde têm um 
comportamento diferenciado quanto ao consumo por classe de renda. Os 
remédios tem sua participação nas despesas menor em classes de renda mais 
alta e, maior em classes de renda mais baixa. Isso poderia classificá-lo como 
bem inferior, isto é, redução no seu consumo conforme se eleve a renda. 
 
Primeiro, fatores como a melhora na alimentação e das condições de vida 
devem contribuir para essa mudança. 
 
 ECONOMIA E FINANÇAS EM SAÚDE 51 
 
Segundo, a redução relativa do consumo de medicamentos acompanha a 
redução da participação dos gastos em consumo na renda. 
 
Assim, a participação do consumo total na renda cai de 93,9% para 67,6%, 
enquanto a participação dos gastos em remédio cai de 4,2% para 1,9%, isto é, 
a queda da participação dos gastos em medicamentos é menor do que a 
redução no consumo. 
 
O comportamento dos planos de saúde é inverso, o que o incluiria na categoria 
dos bens normais, isto

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