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Visão do Estado por autores da idade moderna - ROUSSEAU E KANT -


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FICHAMENTO 
A CONCEPÇÃO DO ESTADO POR AUTORES DA IDADE MODERNA DE CIÊNCIA 
POLÍTICA 
O ILUMINISMO 
No século XVIII, o momento em que o absolutismo chegou ao seu ápice foi também a 
ocasião que os conflitos entre os monarcas, a nobreza e a burguesia também encontrou o seu ponto 
máximo, levando ao período pré-revolucionário da Europa. Que foi o momento em que as lutas 
sociais do período da Idade Moderna, o desenvolvimento da burguesia e da sua crença na 
racionalidade levou à disseminação dos ideais iluministas. Os iluministas tinham idéias que 
questionavam o poder absoluto dos monarcas, justificava a revolução e propunha uma nova ordem 
política. 
Um dos grandes nomes do iluminismo do século XVIII foi Jean- Jacques Rousseau 
(1712- 1778). 
Nasceu em Genebra, na Suíça, no ano de 1712. Jean- Jacques Rousseau foi um grande 
filósofo, escritor e teórico político. Participou do grupo dos Enciclopedistas, que influenciou a 
Revolução Francesa, escrevendo o Discurso sobre a Igualdade. Estudou o Espírito das leis, de 
Montesquieu, mas como era filósofo preocupou-se com a natureza e a felicidade dos homens e com 
isso logo chegou à política. 
Segundo Rousseau em seu livro Do Contrato Social (1712- 1778): 
A sociedade mais antiga e a natural é a família, onde esta seria o primeiro modelo de 
sociedade política, onde o pai é o chefe e os filhos são os povos. (pag. 19) 
Quando o homem utiliza da força para vencer os obstáculos que impede a sua permanência 
no estado de natureza, ele corre o risco de acabar com o próprio estado e com os que vivem nele. 
Logo, ao invés de gerar novas forças, os homens devem unir as forças que já existem e dirigi-las de 
modo que se crie um único “motivo” e fazer com que os homens ajam de acordo com ele. (pag. 29) 
Esse motivo seria o contrato social, que protegeria e defenderia as pessoas e os bens dos 
associados, onde todos se uniriam e obedeceriam, sem, contudo, perder a sua liberdade. (pag. 29) 
Da união de todas as pessoas, passa a existir um corpo moral e coletivo, que antes tinha o 
nome de Cidade, e agora se chama República e é chamada pelas pessoas que vivem nela de Estado. 
E essas pessoas são chamadas de povos, que se reconhecem por cidadãos. (pag.30-31) 
O soberano é constituído por indivíduos particulares que o compõem. (pag. 34) 
Quando o homem faz parte do contrato social, ele troca a liberdade natural, que antes tinha, e 
passa agora a ter a liberdade civil e a propriedade de tudo que tem. (pag. 36) 
A sociedade deve ser governada de forma a buscar o bem comum da população. (pag. 43) 
Como a soberania é a prática da vontade coletiva, a partir do momento em que existe um 
senhor, não pode mais existir um soberano, consequentemente o corpo político é destruído. (pag. 43) 
Toda ação soberana vem da vontade geral, que trata a todos de forma igual, seja obrigando ou 
favorecendo. O soberano conhece o corpo da nação sem diferenciá-los. (pag. 51) 
Todo governo é dirigido pela vontade geral, que é a lei. A qual decorre da vontade do povo. 
(pag. 57) 
O sistema legislativo tem dois objetivos principais: a liberdade e a igualdade. (pag.71) 
Não existe democracia verdadeira. Vai contra a ordem um grupo maior governar um menor. 
O governo democrático tende à constante mudança, o que não é bom, pois isso causa guerras e 
desordens internas. (pag. 92) 
Na aristocracia tem-se o governo e o soberano, o governo é quem regula a política interna, 
que é governada por uma minoria, mas o governante só pode falar ao povo em nome do soberano, ou 
seja, em nome do próprio povo. (pag93) 
Existem três tipos de aristocracia: a natural, a eletiva e a hereditária. A primeira é conveniente 
a povos simples; a segunda é melhor, a aristocracia no sentido literal; a terceira é considerada o pior 
tipo de governo. (pag. 93) 
Na monarquia é o príncipe que detém dos poderes do Estado, ele é a pessoa moral e coletiva. 
(pag. 95) 
É difícil governar um Estado, o que se torna ainda mais difícil, se governado por apenas um 
homem. (pag. 97) 
Vários homens se juntam e formam um só corpo, onde este é regido de acordo a vontade 
geral, para que este corpo, o Estado, se mantenha. (pag. 135) 
COMENTÁRIO: 
Para Rousseau o Estado civil é uma pessoa moral, que provém da junção de seus membros, 
como estes se uniram para poderem se conservar, logo, o Estado precisa de uma força única que 
governe a todos. Assim sendo, tem-se o corpo político, o qual tem poder absoluto sobre os seus 
membros, poder que é dirigido pela vontade geral. Essa vontade geral é a lei, que vem da vontade do 
povo. 
Rousseau defende a idéia de democracia direta, que é quando a maioria dos cidadãos governa. 
„Todo governo é dirigido pela vontade geral‟, como ele mesmo diz. Contudo, na contemporaneidade 
é difícil por em prática esse tipo de democracia direta, por conta disso criou-se a democracia indireta 
ou representativa, que é quando o povo elege, através do voto, os seus representantes. O poder vem 
do povo e é representado pelos cidadãos eleitos. 
Outro grande nome do iluminismo do século XVIII foi Immanuel Kant (1724-1804). 
 
Nasceu em Konigsberg, na Prússia, em 1724. Filósofo e professor da Universidade local. Ele 
sempre morou lá, onde morreu solteiro, aos 79 anos. Kant foi um espectador do episódio 
revolucionário europeu. Ficou animado com a Revolução Francesa. Ele não era aristocrata e nem 
revolucionário, era um professor, o qual tinha uma grande reputação intelectual. Suas principais 
obras foram as Críticas – da Razão Pura; da Razão Prática e do Juízo – que eram obras da 
maturidade. 
Segundo Kant em seu livro A Doutrina do Direito (1724-1804): 
Quando muitos povos se organizam de certo modo em que as pessoas se relacionam umas 
com as outras e as mesmas exercem influências entre elas, tem se o Estado civil. (pag. 149) 
O Estado civil, para reunir esses povos sobre um só controle criou o direito público, e este é 
um conjunto de leis para o povo, objetivando que todos compartilhem do direito. (pag. 149) 
Para fazer parte do Estado civil, tem-se que antes deixar o estado natural, onde se fazia o que 
bem quiser, ou seja, tem que se submeter às limitações externas, as quais foram concordadas 
abertamente. (pag. 150) 
A cidade é formada por uma quantidade grande ou pequena de pessoas sob as leis de direito. 
Essa cidade é constituída de acordo os ideários do direito puro. (pag.150) 
Em cada cidade há três poderes: o poder soberano, exercido pelo legislador; o poder 
executivo, exercido pelo governador e o poder judiciário, exercido pelo juiz. (pag. 150) 
O poder legislativo diz respeito à vontade coletiva do povo (pag. 150) 
A capacidade de poder de votar, já funda o cidadão (pag. 152) 
O governador do Estado é o administrador que designa o magistrado e apresenta ao povo 
regras feitas de acordo com a lei, essas regas são decretos, pois podem ser decidas em casos 
particulares e ser mudadas. (pag.156) 
Não pode ao mesmo tempo legislar, governar e julgar, ou seja, não se pode acumular os 
poderes na mão de um só. (pag. 157) 
O poder soberano é indiscutível, não se deve ir contra o ele, na constituição não pode haver 
nenhuma lei que dê ao Estado poder para se contrapor ao soberano, mesmo que este tenha violado a 
constituição. (pag. 159-160) 
Na cidade não existe resistência, por parte do povo, ao poder legislativo, pois o Estado só é 
possível através da submissão à total vontade legislativa. (pag. 161) 
Somente o soberano pode reformar a constituição, contudo, não pode o soberano reparar a 
constituição de tal modo que ela mude de uma forma para outra. (pag. 162) 
Os três poderes do Estado, que vêm de uma idéia mais ampla de constituição, têm ligação 
com a vontade coletivado povo. (pag. 185) 
O soberano representa todo o povo. (pag. 186) 
Há três tipos de governo: a autocracia (adotada aqui como monarquia), que é quando um 
manda em todos; a aristocracia é quando uma minoria, semelhante, manda em todos; e a democracia 
é quando todos juntos mandam em cada um. (pag. 186) 
As formas de governos são apenas a letra da legislação inicial no Estado civil. A única 
constituição justa é a república. As outras formas de constituição devem ser transformadas na forma 
original, que é a única que faz a liberdade o seu princípio e a condição para usar a coerção. (pag. 
188) 
A verdadeira república é um sistema representativo do povo, para defender os seus direitos. 
Essa defesa se faz em nome do próprio, por meio da união de todos os cidadãos, através dos seus 
representantes eleitos. (pag. 189) 
COMENTÁRIO: 
Segundo Bobbio (2000): na linguagem política há dois meios de liberdade. Que são: a 
doutrina liberal e a doutrina democrática. A primeira vem da idéia de “ser livre” significa tirar 
proveito de uma ação que não é controlada por órgãos do poder do Estado; e na segunda, “ser livre” 
não significa que não há leis, mas sim criar leis para si mesmo. 
Então, apesar de Kant usar a forma rousseauniana, o seu contrato é usado mais como forma 
reguladora, Kant não é completamente democrático. Ele defende o Estado liberal, onde se tenha a 
liberdade, que é garantida pelo direito. Onde as pessoas, quando passam a fazer parte do contrato 
social, deixam sua liberdade privada, para adotarem uma liberdade de acordo com a lei, e com isso 
todos teriam acesso a uma liberdade de forma igualitária. Onde para tanto, poderia ser usado o poder 
de punir (o Estado usar da força), quando o individuo violasse a lei. 
Quando Kant, falando das formas de governo, diz que a república é a melhor forma de 
governo, exprime que deve se tratar os povos segundo as leis, e não que o governo deva ser 
democrático. Um exemplo é quando Kant diz que os monarcas devem governar de forma 
republicana, mesmo sendo autocráticos, ele não diz que eles têm que deixar de ser autocráticos e 
mudar para a forma de república, mas diz apenas para governarem segundo a lei. 
 
 
 
 
 
 
 
Referências 
ROUSSEAU, Jean-Jacques (1712- 1778). Do contrato social. 2 ed. São Paulo: Editora Revista dos 
Tribunais, 2008. 
QUINZO, Maria D‟Alva Gil; ANDRADE, Regis de Castro; BRANDÃO, Gildo Marçal. et al. 
WEFFORT, Francisco C. (org.). Os clássicos da política. V. 2. São Paulo: Editora Ática, 2003 
BOBBIO, Norberto. Teoria geral da política: a filosofia política e a lição dos clássicos. Rio de 
Janeiro: Elsevier, 2000. 
KANT, Immanuel (1724-1804). A doutrina do direito. São Paulo: Ícone, 1993. 
DE CICCO, Claudio; GONZAGA, Álvaro de. Teoria Geral do Estado e ciência política. 5. ed. 
São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013 
 VINCENTINO, Claudio; DORIGO, Gianpaolo. Historia para o ensino médio: historia geral e do 
Brasil. São Paulo: Editora Scipione, 2002. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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