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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Zamignani, Denis Roberto A pesquisa de processo em psicoterapia: o desenvolvimento do SiMCCIT (Sistema Multidimensional para a Categorização de Comportamento na Interação Terapêutica), volume 1/ Denis Roberto Zamignani, Sonia Beatriz Meyer. - 1. ed. São Paulo: Paradigma Núcleo de Análise do Comportamento, 2014. ISBN 978-85-62550-06-5 1. Análise comportamental 2. Psicologia 3. Psicoterapia 4. Terapia do comportamento I. Meyer, Sonia Beatriz. II.Título. CDD-616.8914 NLM-WM 420 14-10825 índices para catálogo sistemático: 1. Psicoterapia: Medicina 616.8914 Editor | Coeditora ] Projeto gráfico e diagramação | Revisão ortográfica | Adequação às normas da APA | Paradigma Núcleo de Análise do Comportamento FAPESP - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo * Mila Santoro Francisco Carlos Peixoto Dante Marino Malavazzi * “As opiniões, hipóteses e conclusões ou recomendações expressas neste material são de responsabilidade do(s) autor(es) e não necessariamente refletem a visão da FAPESP.” INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! O desenvolvimento do SiMCCIT Sistema Multidimensional para a Categorizaçõo de Comportamentos na Interação Terapêutica Denis Roberto Zamignani e Sonio Beatriz Meyer A PESQUISA DE PROCESSO EM PSICOTERAPIA Apresentação 7 Denis Roberto Zamignani e Sonia Beatriz Meyer Prefácio 11 Sérgio Vasconcelos de Luna SEÇÃO Origem e desenvolvimento do SiMCCIT Capítulo 1 Avaliação sistemática da literatura sobre categorização de comportamentos Denis Roberto Zamignani e Sonia Beatriz Meyer 19 Capítulo 2 Desenvolvimento e avaliação de concordância do SiMCCIT Denis Roberto Zamignani e Sonia Beatriz Meyer 45 Capítulo 3 Um exercício de descrição do processo terapêutico analítico-comportamental com base nas categorias de comportamento do SiMCCIT Denis Roberto Zamignani Capítulo 4 Aplicação do SiMCCIT em um conjunto de sessões de terapia analítico-comportamental Denis Roberto Zamignani e Sonia Beatriz Meyer 61 83 Capítulo 5 Possibilidades de sistematização dos dados (10) Denis Roberto Zamignani, Roberto Alves Banacoe Sonia Beatriz Meyer 107 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ _ I-- --- --- --- --- --- --- 2 Discussões para o desenvolvimento e aprimoramento do SiMCCIT Capítulo 6 127 Ajustes no SiMCCIT com criação de banco de dados de comportamentos de terapeutas comportamentais Sonia Beatriz Meyer Capítulo 7 149 Algumas considerações sobre as categorias do SiMCCIT sob a perspectiva de uma terapeuta-pesquisadora-participante Patrícia Rivoli Rossi e Sônia Beatriz Meyer SEÇÃO | ---------- 3 Apêndices Apêndice I 161 Manual revisado para categorização do Sistema Multidimensional de Categorização de Comportamentos da Interação Terapêutica - SiMCCIT Denis Roberto Zamignani e Sonia Beatriz Meyer Apêndice II 291 Apresentação do treino sistemático Denis Roberto Zamignani e Sonia Beatriz Meyer Apêndice III contracapa da publicação Categorias resumidas Denis Roberto Zamignani e Sonia Beatriz Meyer SEÇ Ã O Referências 301 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! SOBRE OS AUTORES Denis Roberto Zamignani Doutor em Psicologia Clínica pela Universidade de Scão Paulo (2008), psicólogo (1996) e mestre em Psicologia Experimental: Análise do Comportamento (2001) pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo; Coordenador e docente do Programa de Mestrado Profissional em Análise do Comportamento Aplicada, além de supervisor e docente no Curso de Especialização em Clínica Analítico-Comportamental do Núcleo Paradigma de Análise do Comportamento. Foi vice-presidente da Associação Brasileira de Psicologia e Medicina Comportamental na gestão 2010-2011, da qual é membro desde 1994 e presidente eleito para a gestão 2015-2016. Membro eleito da Comissão de Acreditaçào de Analistas do Comportamento da Associação Brasileira de Psicologia e Medicina Comportamental, gestão 2014. É coordenador do grupo de pesquisa processo-resultado do Núcleo Paradigma de Análise do Comportamento. Membro do corpo editorial das Revistas Perspectivas em Análise do Comportamento e Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva. Patrícia Rivoli Rossi Graduada em Psicologia (2007) pela Universidade de Taubaté, possui mestrado (2012) em Psicologia Clínica pela Universidade de São Paulo, especialização em Terapia Cognitivo- Comportamental pela Universidade de São Paulo (2008) e especialização em Educação pela Universidade de Taubaté (2007). Atualmente é professora auxiliar I da Universidade de Taubaté (desde 2012), professora do Curso de Aperfeiçoamento em Clínica Comportamental do INTERAC (desde 2013) e psicóloga clínica (desde 2008). Roberto Alves Banaco Psicólogo, doutor em Ciências (área de concentração: Psicologia Experimental) pelo Instituto de Psicologia da USP. Professor da PUC-SP, onde ministra cursos na graduação em Psicologia e no Programa de Pós-Graduação em Psicologia Experimental: Análise do Comportamento. Foi presidente da ABPMC (gestão 1996/1997), e editor da Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva. É coordenador pedagógico; coordenador e docente do Programa de Mestrado Profissional em Análise do Comportamento Aplicada; terapeuta (adultos, casal, família e grupo); Coautor do projeto do Curso de Especialização em Terapia Analítico-Comportamental, do qual é também coordenador, professor e supervisor no Núcleo Paradigma de Análise do Comportamento. INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! Sérgio Vasconcelos de Luna Doutor em Psicologia (Psicologia Experimental) pela Universidade de São Paulo (1983). Professor titular da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, filiado aos programas de Pós-Graduação em Educação: Psicologia da Educação, e Psicologia Experimental: Análise do Comportamento. Publicou livros, capítulos de livros e artigos em periódicos especializados. Orientou dissertações de mestrado e de doutorado nas áreas de educação e psicologia. Participou de inúmeros projetos, um dos quais em nível internacional. Atua na área de psicologia, com ênfase em psicologia experimental. Sonia Beatriz Meyer Livre-docente no Departamento de Psicologia Clínica do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo. Mestra pela Western Michigan University e doutora pela Psicologia Experimental da USP. Professora na graduação e na pós-graduação, orientadora de mestrado e de doutorado e supervisora clínica em serviços à comunidade no Serviço de Terapia Analítico-Comportamental do Laboratório de Terapia Comportamental do Instituto de Psicologia da USP. Coordena um projeto de pesquisa intitulado Análises Comportamentais de Sessões de Psicoterapia. INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! APRESENTAÇAO Denis Roberto Zamignani Sonia Beatriz Meyer E tudo começou com uma provocação... O ano era 1952. Uma publicação do psicólogo britânico Hans Eysenck caiu como um a bom ba na com unidade de psicoterapeutas. Em um estudo científico, Eysenck não encontrou diferença significativa quando com parou os dados de m elhora dos sintomas cie pacientes que haviam sido subm etidos à psicoterapia com os daqueles que estavam em fila de espera para atendim ento ou que foram “tratados” por clínicos gerais. Em outras palavras, o estudo de Eysenck dizia que a psicoterapianão passava de um procedim ento inócuo e que seus resultados não eram mais efetivos do que “tocar a vida” e não fazer tratam ento algum. O estudo de Eysenck (1952) desencadeou muitas críticas da com unidade profissional, mas seu efeito mais benéfico foi dar impulso ao nascim ento de um a ampla linha de pesquisa que até hoje produz frutos. Desde então, um a enorm e quantidade de pesquisas - denom inadas p esq u isa s de resu ltado - foi desenvolvida para dem onstrar a efetividade da psicoterapia. Estudos desenvolvidos por terapeutas das mais diferentes abordagens, em todo o m undo, produziram evidências para a refutação da hipótese de Eysenck. Graças a essa linha de pesquisa, sabe-se hoje que a psicoterapia é um serviço que funciona e tam bém que algumas m odalidades de psicoterapia são mais efetivas que outras para alguns tipos de problemas. À m edida que os pesquisadores foram encontrando respostas para sua pergunta inicial, ainda persistia certa insatisfação. Sabia-se que a psicoterapia funcionava, mas restava com preender o que exatamente ocorre dentro da psicoterapia que faz com que ela seja ou não efetiva. Era o m om ento de se voltar para o interior do processo terapêutico e investigar, m om ento a m om ento, os processos de m udança que 7apresentação INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! nele ocorriam . Assim, no início dos anos 60, sessões de psicoterapia com eçaram a ser registradas em áudio ou vídeo e analisadas em busca de identificar padrões de interação relacionados à m udança terapêutica. Nesses estudos, denom inados p esq u isa de processo, os pesquisadores desenvolviam categorias para identificar classes de com portam ento que ocorriam na interação terapêutica. Nessa linha de pesquisa, tam bém desenvolvida por pesquisadores de todo o m undo nas mais diferentes abordagens, trabalhos im portantes foram desenvolvidos e lançaram luz sobre m uitos dos processos envolvidos na m udança terapêutica. No Brasil, W ielenska (1989) foi a prim eira analista do com portam ento a investigar o processo de interação na psicoterapia, mais especificamente na supervisão de terapeutas. A pesquisadora lançou mão de um procedim ento de análise da interação pesquisador-sujeito, desenvolvido por Simão (1982). O procedim ento consistia em atividades form alm ente planejadas pelo pesquisador para que o participante fizesse relatos sobre um fenôm eno-terna em um a série de sessões. Nas entrevistas conduzidas por W ielenska, com base no relato prévio do terapeuta, eram selecionados fenômenos- terna para aprofundam ento do relato que, por sua vez, dava origem a novos tem as para posteriores entrevistas. A autora identificou, com o uso do procedim ento, m udanças na atuação do terapeuta-participante. O estudo de W ielenska é im portante por ter voltado a atenção para o processo de m udança durante a intervenção, mas ainda tinha como interesse o relato do terapeuta sobre o processo. Foi no trabalho de M argotto (1998), sob a orientação da Dr.a Rachel Rodrigues Kerbauy na Universidade de São Paulo, que o prim eiro estudo de processo envolvendo a filmagem e categorização de com portam entos na interação terapêutica analítico- com portam ental foi desenvolvido no Brasil. Paralelam ente ao estudo desenvolvido pelas autoras, Roberto Banaco dava início, na PUC-SP, a um a linha de pesquisa sobre a tom ada de decisão do terapeuta ao longo do processo terapêutico, inicialmente orientando dois trabalhos: o prim eiro de Iniciação científica (Zam ignani, 1995) e o segundo de Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação em Psicologia (Kovac, 1995). Banaco partia das sessões registradas em vídeo para conduzir entrevistas (procedim ento sem elhante ao de Wielenska, 1986) com os terapeutas-participantes sobre episódios ocorridos na interação. Os trabalhos desenvolvidos por Kerbauy e Banaco deram o pontapé inicial em um a profícua linha de pesquisas voltada ao estudo sobre o processo terapêutico em terapias de base analítico-com portam ental, que envolveu pesquisadores de todo o país. Têm sido significativos os trabalhos 8 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! desenvolvidos em Belém do Pará, sob a orientação do Prof. Dr. Emmanuel Zagury Tourinho; em Curitiba, sob a orientação da Prof> D r/’ Yara Kuperstein Ingberm an e mais recentem ente da Prof.” Dr.a Jocelaine M artins da Silveira; em Bauru, sob a orientação da Prof> Dr.a Alessandra Turini Bolsoni-Silva, além de outros im portantes centros de pesquisa que têm contribuído para o m apeam ento de im portantes variáveis do interior do processo terapêutico analítico-com portam ental. Na Universidade de São Paulo, desde a década de 1990, estudos sobre o processo terapêutico analítico-com portam ental têm sido conduzidos no D epartam ento de Psicologia Clínica, sob a orientação da Prof.a Dr.a Sonia Beatriz Meyer. As pesquisas tinham por objetivos desenvolver e avaliar m étodos de coleta de dados de sessões psicoterapêuticas que identificassem os efeitos que os com portam entos de um m em bro da díade terapeuta-cliente produzem sobre o outro. Uma das principais preocupações foi a obtenção de m edidas repetidas ao longo do processo, por perm itirem estimativas sobre o grau de variabilidade no com portam ento de interesse, seu nível de ocorrência c tendências aparentes. D entre os diversos delineam entos empregados, destacam -se os estudos descritivos (Barbosa, 2001; Brandão, 2003; Del Prette, 2006 e 2011; Kameyama, 2012; Nardi, 2004; Rocha, 2008; Sadi, 2011; Silveira, 2009; Starling, 2010; Xavier, 2011; Yano, 2003; Zam ignani, 2007), delineam ento quase experim ental (Taccola, 2007), delineam ento experim ental de caso único (Geremias, 2013; Ireno, 2007; M angabeira, 2013; Novaki, 2003; Oshiro, 2011; Villas Boas, 2011) e estudos descritivos com com paração de grupos (Donadone, 2004 e 2009; Meyer, 2009; Rossi, 2012). Diversas m edidas das variáveis dependentes e independentes foram utilizadas. Essas m edidas eram de categorias que, em alguns casos, foram predefinidas e, em outros, pós-definidas, ou ainda houve sistemas de categorias predefinidas que perm itiam individualização. As m edidas foram expressas em frequência, duração, porcentagens, análises sequenciais com cálculo de probabilidade de transição. O principal cuidado nas medidas foi que elas não interferissem no processo terapêutico, de form a a torná-lo artificial. A proposta de desenvolvimento do Sistema M ultidim ensional para a Categorização de C om portam entos na Interação Terapêutica (SiMCCIT) decorreu da constatação de que, apesar do crescente núm ero de pesquisas conduzidas em diferentes centros nacionais e internacionais, era muito difícil sistematizar os achados encontrados, devido à grande dispersão dos sistemas de categorização utilizados pelos pesquisadores. Apesar das im portantes contribuições que essas pesquisas traziam para o entendim ento apresentação 9 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! da psicoterapia, elas apresentavam dados que dificilmente poderiam ser com parados, já que cada um a utilizava diferentes instrum entos para a sistematização dos dados clínicos. Seria possível, então, propor a unificação das pesquisas de processo em torno de um dos sistemas já existentes para a categorização da interação terapêutica analítico- com portam ental? Alguns instrum entos de categorização de com portam ento para o estudo do processo terapêutico haviam sido desenvolvidos até então. Restava verificar se, entre os instrum entos existentes, havia algum maisapropriado para esse fim. Tendo essa questão em vista, Zam ignani (2007) realizou um amplo levantam ento na literatura1, considerando-se a possibilidade de adoção de alguns dentre eles para 0 estudo da interação terapêutica. Uma vez que nenhum dos sistemas selecionados atendia plenam ente a todos os critérios de inclusão, tais sistemas foram analisados categoria a categoria, a fim de se obter o m aior núm ero possível de elementos para a caracterização dos com portam entos típicos da interação terapêutica e para o desenvolvimento de um sistema suficientemente abrangente. Com base nessa análise e tam bém em estudos prelim inares e consulta à literatura voltada à formação de terapeutas, foram desenvolvidas as categorias do Sistema M ultidim ensional de Categorização de C om portam entos na Interação Terapêutica para o com portam ento verbal vocal do terapeuta e do cliente. Desde 2007, quando do desenvolvimento do SiMCCIT, até o presente m om ento, m uitos projetos de pesquisa têm sido desenvolvidos utilizando esse sistema. Aparentem ente, está sendo atingido o objetivo inicial, o de contribuir para o desenvolvimento da área, perm itindo a com paração entre dados de diferentes pesquisas a partir de um a m assa de dados mais robusta. Em pouco tem po de existência do sistema, já existe um a massa de dados bastante rica, os quais podem ser com parados e relacionados com m aior facilidade, devido à sistematização mais homogênea. O presente livro apresenta o processo envolvido no desenvolvimento do SiMCCIT, incluindo um exercício de aplicação das categorias às diferentes etapas do processo terapêutico analítico-com portam ental. Traz tam bém o m anual para a utilização do instrum ento por pesquisadores e a apresentação do treino de observadores desenvolvido para o SiMCCIT. Esperamos com esta obra contribuir para que a psicoterapia seja um a prática cada vez mais consistente, na qual as evidências científicas sejam a sustentação para a condução de um processo terapêutico efetivo. 1 A descrição completa do processo de seleção e sistematização da literatura existente consta no capítulo 1. 10 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! PREFÁCIO Sérgio Vasconcelos de Luna Aceitando o convite (e um desafio) do Prof. Hélio Guilhardi, dispus-m e um dia a responder a sua pergunta - O terapeuta é um cientista? (Luna, 1997) - e a apresentar m inhas considerações em conferência durante a ABPMC. Dez anos depois, a convite da Prof.a M aria M artha Hübner, então presidente da ABPMC. O Prof. Denis Zam ignani e eu aceitam os voltar a d iscutir a questão em um m inicurso durante a Reunião Anual de 2008. Esses dois m om entos levaram -m e a duas constatações im portantes para esta apresentação. A prim eira delas, mas certam ente não a mais im portante, foi perceber que, pelo m enos no que diz respeito à captação, interpretação e análise do com portam ento verbal, o terapeuta dispõe de um a condição invejável e raram ente disponível a pesquisadores “não clínicos”: a existência de um “sujeito” cativo por um longo período de tempo, o que lhe confere a possibilidade de ir com pondo contextos para interpretação da fala do cliente e realizar verdadeiros “testes de hipóteses” a respeito dela; esta é um a condição raram ente disponível ao pesquisador não clínico. Mas entendi tam bém que era fundam ental que isso fosse feito de form a sistemática e com partilhada, sob pena de cada terapeuta conversar apenas consigo. A segunda constatação foi que o terapeuta precisa, por essa razão e por outras que incluem um com prom isso ético com o cliente, ser um cientista, mesmo reconhecendo as dificuldades im portantes que se in terpõem a uma tal atividade. Ao longo dos anos, tive algumas oportunidades de participar de atividades (sobretudo bancas de defesa) que m e deram a oportunidade de acom panhar os frutos de um a linha de pesquisa com a qual comecei a tom ar contato com estudos desenvolvidos na PUC pelo Prof. Roberto Banaco, bem com o ecos que chegavam a m im de trabalho semelhante desenvolvido na USP pela Prof.3 Sonia Meyer. Em ambos prefácio 11 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! os casos, o procedim ento terapêutico estava sendo posto sob a lupa do pesquisador, e o tem po dava sinais de que finalmente a proposta da Prof> Carolina Bori - estudar interação, e não apenas falas consecutivas, - começava a tom ar forma. A díade terapeuta-cliente era agora um sujeito de pesquisa. Não familiarizado com a literatura na área, eu via tudo isso com um m isto de surpresa - por ter clareza das dificuldades metodológicas aí envolvidas - e de esperança: que nós pesquisadores não clínicos fôssemos brindados com procedim entos melhores para o estudo da inform ação verbal na pesquisa em análise do com portam ento. A história que apenas esbocei aqui o leitor encontrará detalhadam ente descrita na introdução deste livro, razão pela qual não acho necessário prolongar-m e nela. M inha participação na trajetória dessa linha de pesquisa culm inou com a oportunidade que tive de ser arguidor na defesa da tese de doutorado do Prof. Denis Zam ignani. Mais um a vez, a Prof.a Sonia Meyer teve papel atuante neste produto na qualidade de orientadora da tese, resgatando sua experiência acum ulada em pesquisas no assunto. As atividades de am bos concorreram decisivam ente para a com posição deste livro. Antes de passar a falar do conteúdo do livro propriam ente dito, quero fechar estes com entários preliminares e justificá-los. O conjunto de trabalhos que m encionei (a m aioria dos quais tem seus resultados apresentados neste livro) com partilha uma característica marcante, a qual vem atendendo às expectativas que mencionei aqui: cada capítulo, aqui, põe mais um a peça no intrincado quebra-cabeças que constitui a atividade de pesquisa no se ttin g clínico. Terminei meus dois trabalhos há pouco m encionados defendendo a possibilidade/necessidade de que o terapeuta seja um cientista, reconhecendo, porém , que essa tarefa dependeria sem pre do desenvolvimento de m etodologia e tecnologia própria. O conteúdo deste livro m ostra que isso vem se tornando cada vez mais um a realidade. Desde os prim eiros trabalhos no am biente clínico, reconhecia-se a necessidade de um instrum ento capaz de perm itir, de m odo confiável e generalizável, as trocas verbais entre terapeuta e cliente. A literatura sobre pesquisa de processo m ostra que vários sistemas foram desenvolvidos nessa direção, evidenciando o reconhecim ento da necessidade de instrum entos que perm itissem colocar o processo terapêutico à luz da pesquisa. 1? INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! O foco do livro é um sistema desenvolvido no Brasil - o Sistema M ultidim ensional de Categorização dos Com portam entos na Interação Terapêutica. No Volume I, o capítulo inicial - Avaliação sistemática da literatura sobre categorização de com portam entos-, escrito por Zam ignani e Meyer, faz um a excelente revisão da literatura disponível sobre categorização de eventos verbais da interação terapêutica e constitui um roteiro im portante para que alguém se inicie neste tópico. Apresentada essa revisão de literatura, são relatados dois conjuntos de textos: As Seções I e II trazem pesquisas e reflexões com propósitos metodológicos em relação ao SiMCCIT. São dem onstrações disso os capítulos 2- Desenvolvimento e avaliação de concordância do Sistema M ultidim ensional de Categorização de Com portam entos da Interação Terapêutica; 3- Um exercício de descriçãodo processo terapêutico analítico-com portam ental a partir das categorias de com portam ento do SiMCCIT; 4- Aplicação do SiMCCIT em um conjunto de sessões de terapia analítico-com portam ental; 5- Possibilidades de sistematização dos dados; 6- Ajustes no SiMCCIT com criação de banco de dados de com portam entos de terapeutas com portam entais; e 7- Algumas considerações sobre as categorias do SiMCCIT sob a perspectiva de um a terapeuta- pesquisadora- participante. Os Apêndices I e II tratam , respectivamente, das Categorias de Registro do SiMCCIT e do Treino sistemático para observadores. Elaborado o instrum ento, um a série de pesquisadores contribuiu para o seu aprim oram ento, e é disso que trata o Volume II, aliás, quase inteiram ente voltado para o relato de pesquisas conduzidas para testar questões de procedim ento ligadas ao SiMCCIT ou para am pliar sua generalidade por meio da sua aplicação em situações diagnósticas diferentes. A generalidade do SiMCCIT como um sistema de categorias é relatada e discutida nos capítulos 1- Categorização em terapia analítico-com portam ental infantil: questões m etodológicas e resultados de pesquisa; 2- Intervenção analítico-com portam ental de grupo: descrevendo categorias de com portam ento dos participantes; 3- Classificação dos com portam entos verbais vocais do terapeuta de casal a partir do SiMCCIT: um a aplicação possível?; 4- Análise de contingências envolvidas na orientação; 5- Desafios metodológicos na pesquisa clínica: terapia com clientes difíceis; 6- Efeitos de intervenções reflexivas sobre o repertório do cliente no processo terapêutico analítico-com portam ental; 7- Alguns apontam entos sobre psicoterapia analítico-com portam ental com jovens em conllilo com a lei; 8- Um estudo de intervenção psicoterapêutica com m ãe de adolescente com problem a de com portam ento; 9- Categorização e sequências com portam entais em terapia analítico-com portam ental infantil; 10- Análise da interação terapêutica em um } prefácio 13 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! caso de transtorno de personalidade borderline-, 11- Analisando sessões de terapeutas com portam entais: dois estudos a partir da aplicação das categorias do SiMCCIT. Dar publicidade a esse conjunto de estudos, bem como ao instrum ento em torno do qual eles gravitam, constitui um im portante passo no desenvolvimento de meios para consolidar o que é entendido por pesquisa de processo em psicoterapia. G anham os terapeutas, os pesquisadores e os clientes. Ganha a análise do com portam ento. 14 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! SEÇAO I INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! capítulo 1 AVALIAÇÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA SOBRE CATEGORIZAÇÃO DE COMPORTAMENTOS Denis Roberto Zomignoni Sonia Beatriz Meyer Este capítulo apresenta a avaliação sistemática da literatura sobre categorização de eventos verbais da interação terapêutica, realizada por Zam ignani (2007), em busca de identificar elementos para o estudo da interação terapêutica na terapia analítico- com portam ental. MÉTODO PROCEDIMENTO BUSCA DE LITERATURA REFERENTE À CATEGORIZAÇÃO DO COMPORTAMENTO VERBAL OU NÃO VERBAL HUMANO A busca pela literatura foi iniciada por meio de consulta ao banco de dados P sych in fos, na biblioteca da Faculdade de Psicologia da Universidade de São Paulo. As expressões clin icai research, code sys tem , th era p ist-c lien t rela tionship , th era p eu tic rela tionship , ca tegoriza tion , cod ifica tion , b eh a v io r code, o b serva tion , n o n verb a l behavior, kinesics, para lin g u istic , voice tone, tone o fvo ice , fac ia l exp ressio n 1 foram com binadas de diferentes formas. A m esm a busca foi realizada no acervo local da m esm a biblioteca e na internet por meio da ferram enta de busca G oogle®, utilizando-se o sistema de busca avançada. Na busca na internet, os temas acima listados foram procurados em inglês, português e espanhol, em páginas ou em docum entos nos formatos PDF e D OC, 1 Pesquisa clínica, sistema de categorização, relação terapeuta-cliente, relação terapêutica, categorização, codificação, categorias de comportamento, observação, comportamento não verbal, cinestésico, paralinguístico, tom de voz, expressão facial. 1 ) capítulo 19 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! característicos dos program as de texto M icro so ft W ord" e A d o b e A cro b a t R ea d er®, uma vez que eles são os form atos de arquivo mais com uns para a publicação de docum entos de texto na W eb. Por último, foi consultada tam bém a biblioteca virtual Q u estia ®. Os textos encontrados eram selecionados desde que apresentassem (1) algum tipo de classificação, categorização e/ou catalogação de com portam entos em situações de psicoterapia ou outro tipo de interação hum ana; (2) revisão de literatura sobre classificação, categorização e/ou catalogação de com portam ento; (3) tem a sobre m etodologia de pesquisa em clínica ou ainda (4) tem a sobre m étodos de m edida e categorização do com portam ento verbal ou não verbal. As referências bibliográficas desses textos foram tam bém exam inadas em busca de artigos relevantes que ainda não haviam sido localizados. Por fim, os textos selecionados foram analisados em busca de (1) sistemas para categorização de com portam ento social nas diferentes dim ensões de ocorrência de respostas vocais e m otoras e (2) critérios para desenvolvimento, avaliação e validação de instrum entos para observação de com portam ento. ANÁLISE DOS SISTEMAS DE CATEGORIZAÇÃO SELECIONADOS NA LITERATURA COM BASE EM CRITÉRIOS DE INCLUSÃO Na análise da literatura, foram encontrados sistemas de categorização contem plando diferentes dim ensões dos com portam entos de interesse para o estudo da interação terapêutica. Uma parte dos sistemas apresentava definições m inuciosas, alguns dos quais com m anuais ou m étodos padronizados para treinam ento de observadores, tendo sido utilizados em um núm ero razoável de pesquisas. Tendo em vista a existência de sistemas mais detalhados, foi considerada a possibilidade de adoção de alguns deles para o estudo da interação terapêutica. Inicialmente, tinha-se por objetivo analisar sistem aticam ente os sistemas de categorização disponíveis para cada um a das dim ensões de interesse no estudo da interação terapêutica (com portam ento verbal vocal, variáveis paralinguísticas, expressão facial, respostas m otoras e com portam ento gestual). Uma vez que o m aterial disponível se m ostrou bastante volumoso, optou-se por uma avaliação sistemática apenas dos sistemas de categorização de com portam ento verbal vocal. 20 seção 1 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! Assim, para proceder à análise sistemática dos sistemas de categorização de com portam ento verbal vocal, foram elaborados cinco critérios de inclusão, sendo selecionados, na prim eira etapa, os sistemas que atendessem ao menos a um dos critérios. a. ca tegorias e definições: este critério analisa a clareza na definição das categorias de cada sistema, a construção delas por meio de eventos que sejam diretam ente observáveis ou exijam um m ínim o de inferência e a consistênciaentre a descrição e a denom inação das categorias; b. coerência do con jun to : este critério analisa a coerência interna do sistema, especialm ente no que se refere à natureza (topográfica e/ou funcional) dos eventos contem plados em cada um a das categorias e ao grau de especificidade das diferentes categorias; c. tre ino sistem ático: este critério verifica a existência ou não de m anual ou treino sistemático de observadores; d. u tiliza çã o p ré v ia em pesqu isas: este critério verifica se o sistema foi adotado por outros pesquisadores ou em outros estudos do mesmo grupo de pesquisa; e. com p a tib ilid a d e: este critério verifica se as categorias do sistema foram desenvolvidas para o estudo de terapia analítico-com portam ental ou se suas definições são compatíveis ou adaptáveis para o estudo da interação nessa abordagem. Q uanto aos critérios de exclusão, foram elim inados sistemas: a. idênticos ou m uito semelhantes (no caso de diferentes versões do mesmo instrum ento, foi selecionada a mais recente); b. com foco em padrões m uito específicos de interação (por exemplo, sistemas de categorização do com portam ento do cliente que continham exclusivamente categorias para a análise do atendim ento ao transtorno do pânico); c. com categorias m uito específicas de um a determ inada área ou abordagem (exceto a com portam ental), cujos term os não poderiam ser facilmente transpostos. Os resultados encontrados nessa etapa do estudo foram pré-requisitos para a elaboração da próxim a etapa do procedim ento. capítulo 21 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! SISTEMATIZAÇÃO DE CATEGORIAS DE COMPORTAMENTOS DO TERAPEUTA ENCONTRADAS NA LITERATURA Com base no resultado de que nenhum dos sistemas selecionados atendia plenam ente a todos os critérios de inclusão, foi elaborada a segunda etapa do procedim ento. Os sistemas selecionados pelo procedim ento anterior foram agora analisados categoria a categoria. Categorias provenientes de outros trabalhos (além dos selecionados pelo procedim ento anterior) foram incluídas, neste m om ento, para que se obtivesse o m aior núm ero possível de elementos, para desenvolver um sistema suficientemente abrangente. Os sistemas de categorização selecionados foram então agrupados em torno da sem elhança entre os com portam entos neles contemplados. Assim, a divisão em torno de grupos foi realizada com base no estudo dos com portam entos contidos nas próprias categorias. RESULTADOS ANÁLISE DOS SISTEMAS DE CATEGORIZAÇÃO DE COMPORTAMENTO VERBALVOCAL A análise dos sistemas de categorização será apresentada em etapas, conform e definidas no procedim ento deste estudo. Assim, inicialm ente serão apresentados os resultados referentes à adequação ou não dos sistemas encontrados segundo os critérios de inclusão. No segundo m om ento, serão apresentados os resultados referentes ao agrupam ento de categorias dos diferentes sistemas segundo suas similaridades. ANÁLISE DOS SISTEMAS DE CATEGORIZAÇÃO DO COMPORTAMENTO VERBAL VOCAL DO TERAPEUTA SELECIONADOS NA LITERATURA Sete sistemas para a categorização e catálogos de com portam ento verbal vocal do terapeuta foram selecionados e analisados pelos critérios de inclusão definidos no item 2 dos procedim entos deste estudo. Os sistemas serão apresentados em ordem alfabética dos prim eiros autores: (a) T herapy Process C ode (Cham berlain & Ray 1988); (b) T h erap ist B eh a v io r C ode (Ford, 1978); (c) H ill C o u n se lo r Verbal R esponse M o d es INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! (Hill, 1978); (d) C ategory S ystem f o r C o d in g In tera c tio n in P sycho therapy (Schindler, Hohenberger-Sieber & Hahlweg, 1989); (e) Verbal R esponse M o d es C o d in g S ystem (Stiles, 1992); (f) C ategorias R e la tivas às Funções B ásicas das V erbalizações de Terapeutas (Tourinho, Garcia & Souza, 2003); (g) C ategorias de Registro do C o m p o r ta m e n to do T erapeu ta (Zam ignani, 2001). Uma breve descrição desses sistemas, de acordo com as categorias que os com põem , é apresentada a seguir: (a) C ódigo do Processo T erapêutico (Cham berlain 8c Ray, 1988) Cham berlain e Ray (1988) elaboraram um sistema com oito categorias m utuam ente exclusivas: Busca inform ações/questiona; Ensina; Estrutura; Apoia; Discorda; Interpreta/reform ula; Facilita; Fala. (b) C ódigo de C o m p o r ta m e n to s do T erapeuta (Ford, 1978) O C ódigo de C o m p o r ta m e n to s do T erapeuta (Ford, 1978) contém 26 categorias não exclusivas: Risada (durante fala do cliente); Afirmação informativa; Solicita informação; Solicita ação; Com unicação sem conteúdo; Fala simultânea; Im plem enta técnica; Dá m odelo de pensam entos assertivos; Espelha sentim entos/m edos do cliente; Pergunta ou afirmação implícita; Reiteração; Concordância; Discordância; Forças do cliente enfatizadas; Fraquezas do cliente enfatizadas; M udança de tópico; Interpretação baseada no ponto de vista do cliente; Interpretação baseada no ponto de vista do terapeuta; Reasseguramento; Clarificação; Disfluência; Pausa preenchida; Pausa silenciosa; P rim eira pessoa do singular (afirmação “eu”); Prim eira pessoa do plural (afirmação “nós”). (c) M o d o s de R espostas Verbais do C onselheiro de H ill (Hill, 1978) O sistema elaborado por Hill (1978) contém quatorze categorias m utuam ente exclusivas: Questões fechadas; Questões abertas; Informação; O rientação direta; Aprovação - reasseguram ento; Reiteração; Espelhamento; Interpretação; Confrontação; Silêncio; Referente não verbal; Encorajam ento m ínim o; Autorrevelação; Outros. 1 ) capítulo 23 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! (d) S is tem a d e C ategorias p ara C o d ificar a In teração em P sicoterapia (Schindler et a l , 1989) Esse sistema contém seis categorias m utuam ente exclusivas: Empatia; Apoio; Exploração; Explanação; Diretividade; Classificação. (e) S is tem a de C odificação de M o d o s de R espostas Verbais (Stiles, 1992) Tal sistema contém nove categorias m utuam ente exclusivas: Questão; Edificação; Aconselhamento; Confirm ação; Revelação; Interpretação; Validação; Espelhamento; Não codificável. (f) C ategorias R ela tivas às F unções Básicas das V erbalizações de Terapeutas (Tourinho et al., 2003) O sistema de Tourinho et al. (2003), de publicação mais recente, contém sete categorias m utuam ente exclusivas: Inform ar; Investigar; Dar fe ed b a c k ; Confrontar; D ar conselho; Verbalizações m ínim as; O utras verbalizações. (g) C ategorias de Registro do C o m p o r ta m e n to do T erapeu ta (Zam ignani, 2001) O sistema de Zam ignani (2001) descreve doze categorias m utuam ente exclusivas: Descreve eventos relacionados à queixa; Descreve eventos diversos; Descreve relações explicativas ou causais; Pergunta sobre eventos relacionados à queixa; Pergunta sobre eventos diversos; Aconselha cliente ou sugere atividades; Aprova; Reprova; Verbalizações m ínim as; Infere; O utras verbalizações; Registro insuficiente. Os critérios de sistematização da literatura (descritos no item 2 do procedim ento deste estudo) foram utilizados para a avaliação dos sete sistemas selecionados. A Tabela 1 foi então construída com o intuito de representar quais critérios foram satisteitos por cada sistema. 24 seção 1 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! TABELA 1 AVALIAÇÃO DOS SETE SISTEM AS DE CATEGORIZAÇÃO SELEC IONAD OS, SEG U N D O OS CRITÉRIOS DE INCLUSÃO D EFIN ID OS NO PROCED IM ENTO DESTEESTUDO Q uanto ao prim eiro critério, Categorias e definições, com exceção de Ford (1978), todos os sistemas analisados apresentaram um conjunto de categorias definidas operacionalm ente de form a razoavelmente precisa. Embora houvesse diferenças na form a com que cada autor organizava os eventos relevantes da sessão terapêutica, todos eles destacaram eventos im portantes para a análise da interação, segundo a literatura clínica (por exemplo, Fiorini, 1995; Meyer & Vermes, 2001; Sturmey, 1996). Os sistemas desenvolvidos por Hill (1978) e Ford (1978), entretanto, continham categorias de diferentes dim ensões em um único nível de categorização. O sistema de Ford (1978) contém , no mesm o nível, categorias de interação verbal (por exemplo, Solicita inform ação) e categorias temáticas (por exemplo, Fraquezas do cliente enfatizadas), e o sistema de Hill (1978) agrupa, em um mesm o nível, eventos de natureza estritam ente topográfica (por exemplo, Questões abertas, Questões fechadas) e eventos que envolvem relações com portam entais mais complexas (tais como Exploração da relação terapeuta-cliente), o que não responde ao segundo critério, de Coerência do conjunto. capítulo 23 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! Q uanto ao terceiro critério, Treino sistemático, os sistemas de Cham berlain e Ray (1988), Hill (1978) e Stiles (1992) apresentaram um m anual bastante detalhado, em bora apenas os sistemas de Hill (1978) e Stiles (1992) apresentassem materiais para treino sistemático de observadores. Alguns dos sistemas de categorização localizados foram utilizados por um núm ero reduzido de pesquisas da área (critério de utilização prévia em pesquisas), o que lim itaria a com paração dos dados analisados com os dados apresentados pela literatura, com exceção dos trabalhos de Cham berlain e Ray (1988), Hill (1978), Stiles (1992) e Tourinho et al. (2003). Por último, segundo o critério de Com patibilidade, os sistemas de Ford (1978), Schindler et al. (1989), Tourinho et al. (2003) e Zam ignani (2001) foram desenvolvidos para análise de sessões de terapia com portam ental, enquanto os outros sistemas contem plaram outras abordagens de psicoterapia ou não especificaram essa informação. As categorias apresentadas nos sistemas de Cham berlain e Ray (1988), Hill (1978) e Stiles (1992) contem plaram eventos que dificilmente poderiam ser operacionalizados para seu uso em estudos de terapia analítico-com portam ental ou, m esm o que houvesse essa possibilidade, os eventos destacados pelas respectivas categorias não pareceram apontar fenôm enos relevantes para o estudo dessa abordagem de psicoterapia. Em suma, nenhum dos sistemas analisados correspondeu, de form a satisfatória, a todos os critérios propostos. M ediante esse resultado, foi elaborada a segunda etapa de análise, que investigou m inuciosam ente o conteúdo das categorias de cada sistema, agrupando-as segundo sim ilaridades em suas definições e incluindo categorias de outros sistemas que foram excluídos da análise inicial. SISTEMATIZAÇÃO DE CATEGORIAS DE COMPORTAMENTOS DO TERAPEUTA ENCONTRADAS NA LITERATURA C onstatando-se a im possibilidade de utilizar um sistema de categorização existente na literatura, já que os sistemas analisados não atenderam plenam ente aos critérios de inclusão da prim eira etapa deste estudo, dem onstrou-se assim a necessidade de elaborar um novo sistema de categorias. Para esse fim, nesta etapa, as categorias dos diferentes sistemas analisados foram descritas e agrupadas segundo suas similaridades. Outros conjuntos de categorias acrescentados na análise foram extraídos de textos destinados à formação de terapeutas, que apresentam um conjunto de classes de com portam entos 26 seção 1 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! a serem desenvolvidos, ou de relatos de pesquisa cujos sistemas de categorização não preencheram os requisitos m ínim os para serem inseridos na análise inicial. Assim, foram incluídos três novos sistemas: (a) Tipos d e In terven çã o Verbal do T erapeuta (Fiorini, 1995) De base psicanalítica, o texto propõe doze categorias de com portam entos a serem desenvolvidos pelo terapeuta: Interrogar, Proporcionar inform ação, Confirm ar ou retificar, Clarificar, Recapitular, Assinalar, Interpretar, Sugerir, Indicar, Dar enquadram ento, M etaintervenções, O utras intervenções. (b) C ategorias do T erapeuta (Margotto, 1998) Este estudo exploratório visa à identificação de variáveis envolvidas no processo de m udança observado no curso da sessão terapêutica. A autora propõe seis categorias para a sistematização dos dados: Investigação, Inform ação, Sinalização, Aconselhamento, Regras, Estabelecimento de relação. (c) C o m p o r ta m e n to s do Terapeuta (Meyer & Vermes, 2001) Este texto de base analítico-com portam ental apresenta um a revisão de literatura sobre a relação terapêutica. Identifica doze categorias de com portam entos do terapeuta: Solicitação de inform ação; Fornecim ento de informações; Empatia, Calor hum ano, Com preensão, Concordância; Sinalização; Aprovação; Orientação; Interpretação; Confrontação; Silêncio. Ao todo, foram analisados dez sistemas de categorização (sete provenientes da prim eira etapa do estudo e três incluídos nesta segunda etapa). A divisão em torno de grupos, realizada com base em estudo dos com portam entos contidos nas próprias categorias, contem plou dezoito ações do terapeuta: Solicitação de inform ação; Verbalizações m ínim as; Empatia; Autorrevelação de sentim entos do terapeuta; Sumarização, Síntese e paráfrase; Descrição e fornecim ento de informações; Estruturação e enquadre; Aconselhamento, Instruções ou orientações; Interpretações e inferências; Aprovação, Apoio, Asseguram ento e encorajam ento; Reprovação, Confrontação e crítica; Categorias residuais e Silêncio. A Tabela 2 apresenta um a síntese dos agrupam entos elaborados nessa etapa do estudo. A tabela completa, contendo as definições de cada categoria, consta na Tese de Zam ignani (2007). 27 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! TABELA 2 SISTEMATIZAÇÃO DAS CATEGORIAS DE COMPORTAMENTO DO TERAPEUTA COM BASE NOS SISTEMAS DE CHAMBERLAIN E RAY (1988), FORD (1978), FIORINI (1995), HILL (1978), MARGOTTO (1998), MEYER E VERMES (2001 ), SCHINDLER ET AL (1989), STILES (1992), TOURINHO ET AL (2003) E ZAMIGN ANI (2001 ). 2.1 CATEGORIAS REFERENTES A SOLICITAÇÃO DE INFORMAÇÃO AUTOR CATEGORIA Chamberlain e Ray (1988) 16. Perguntas/ solicitação de informação 16(a) Perguntas 16(b) Solicitação de informação 16 (c) C. Clarificação Fiorini (1995) Interrogar o paciente Hill (1978) Perguntas fechadas Perguntas abertas Margotto (1998) Investigação Meyer e Vermes (2001) Solicitar informações Schindler etal. (1989) Buscar informação Lidar com emoções Stiles (1992) Pergunta Tourinho etal. (2003) Investigar Zamignani (2001) Pergunta 2.2. CATEGORIAS DO TERAPEUTA REFERENTES A VERBALIZAÇÕES MÍNIMAS AUTOR CATEGORIA Chamberlain e Ray (1988) 62. Facilitação Stiles (1992) Reconhecimento Schindler etal. (1989) Encorajamento mínimo Tourinho et al. (2003) Verbalizações mínimas Zamignani (2001) Verbalizações mínimas Tabela 2 continua na próxima página 2 No sistema desenvolvido por Chamberlain c Ray (1988), as categorias principais são identificadas por números, enquanto as subcategorias são identificadas por letras minúsculas. 28 seção 1 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! 2.3. C A T EG O R IA S D O T ER A PEU TA R EFER EN T ES A EM PA T IA AUTOR CATEGORIA Cnamberlain e Ray (1988) 14. Apoio/empatia 14(d) Humor 14(e) Empatia 14(h) Aproximação 14(í) Complementação 14(j) Desculpas Meyer e Vermes (2001) Empatia, calor humano, compreensão, concordância Hill (1978) Reflexão de sentimentos Schindler etal. (1989) Reformulação Entendimento Stiles (1992) Confirmação Stiles (1992) Espelhamento Zamignani (2001) Aprova 2.4. CATEGORIAS DO TERAPEUTA REFERENTES A AUTORREVELAÇÃO E SENTIMENTOS DO TERAPEUTA AUTOR CATEGORIA Chamberlain e Ray (1988) Autorrevelação Hill (1978) Autorrevelação Mediação Schindler et al. (1989) Autorrevelação Stiles (1992) Revelação Tabela 2 continua na próxima página capítulo 29 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! 2.5. C A T EG O R IA S D O T ER A PEU T A R EFER EN T ES A S U M A R IZ A Ç Ã O , S ÍN T ESE E P A R Á FR A SE AUTOR CATEGORIA Chamberlain e Ray (1988) 16. Busca de informações / perguntas, (b) Sumarizar 14. Apoio/empatia. (a) Paráfrase Fiorini (1995) Clarificar Recapitular Hill (1978) Redeclaração Margotto (1998) Informação Sinalização Meyer e Vermes (2001) Sinalização Schindler et al. (1989) Sumariza Zamignani (2001) Explica 2.6. CATEGORIAS DO TERAPEUTA REFERENTES A DESCRIÇÃO E FORNECIMENTO DE INFORMAÇÕES AUTOR CATEGORIA Chamberlain e Ray (1988) 15. Orientação, (d) Provê racional Fiorini (1995) Proporcionar informação Metaintervenções Hill (1978) Informação Margotto (1998) Informação Meyer e Vermes (2001) Fornecimento de informações Schindler etal. (1989) Explicação Afirmações neutras Stiles (1992) Revelação Edificação Tourinhoetal. (2003) Informar Zamignani (2001) Descreve Tabela 2 continua na próxima página 30 seção 1 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! 2.7. C A T EG O R IA S D O T ER A P E U T A R EFE R E N T E S A ES T R U T U R A Ç Ã O E E N Q U A D R E AUTOR CATEGORIA Chamberlain e Ray (1988) 17. Estrutura 17(a). Estrutura Fiorini (1995) Dar enquadramento à tarefa Margotto (1998) Informação Meyer e Vermes (2001) Fornecimento de informações Schindler et al. (1989) Estruturação Tourinho et al. (2003) Informar 2.8. CATEGORIAS DO TERAPEUTA REFERENTES A ACONSELHAMENTOS, INSTRUÇÕES OU ORIENTAÇÕES AUTOR CATEGORIA Chamberlain e Ray (1988) 15. Orientação 15(a) Instrução 15(b) Comandos 15(c) Sugestões 15(e) Resolução de problema 15(f) Revisão de tarefas Fiorini (1995) Sugerir atitudes determinadas Indicar Hill (1978) Orientação direta Margotto (1998) Aconselhamento Regras Meyer e Vermes (2001) Orientação Schindler etal. (1989) Orientação diretiva Stiles (1992) Conselho Tourinho et al. (2003) Dar conselho Zamignani (2001) Aconselha Tabela 2 continua na próxima página 1 ■ capítulo 3 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! 2.9. C A T EG O R IA S D O T ER A PEU T A R EFE R E N T E S A IN T ER PR ET A Ç Õ ES E IN F ER Ê N C IA S AUTOR CATEGORIA Chamberlain e Ray (1988) 19. Interpretação/ reestruturação 19 (b) Interpretação 19 (a) Reestruturação 19 (c) Leitura da mente 19 (d) Especulação 19 (e) Normalização 19 (f) Metáforas Fiorini (1995) Assinalar Interpretar Hill (1978) Interpretação Margotto (1998) Estabelecimento de relação Margotto (1998) Sinalização Meyer e Vermes (2001) Interpretação Sinalização Schindler et al. (1989) Interpretação Lidar com emoções Stiles (1992) Interpretação Tourinho et al. (2003) Recuperar Inferir Zamignani (2001) Explica Infere Tabela 2 continua na próxima página 32 seção 1 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! 2.10. CATEGORIAS DO TERAPEUTA REFERENTES A APROVAÇÃO, APOIO, ASSEGURAMENTO E ENCORAJAMENTO AUTOR CATEGORIA Chamberlain e Ray (1988) (b) Reforço (c) Concordância (g) Encorajamento (k) Elogios/cortesia (l) Discordância encorajadora Fiorini (1995) Confirmar ou retificar Hill (1978) Aprovação e asseguramento Meyer e Vermes (2001) Aprovação Schindler et al. (1989) Dar confiança Feedbock positivo Stiles (1992) Interpretação Confirmação Tourinho et al. (2003) Dar feedback Zamignani (2001) Aprova 2.11. CATEGORIAS DO TERAPEUTA REFERENTES A REPROVAÇÃO, CONFRONTAÇÃO, CRÍTICA AUTOR CATEGORIA Chamberlain e Ray (1988) 18. Discordância, confronto, desafio 18(a) Discordância 18(b) Descrença 18(c) Desaprovação 18(d) Confrontação direta 18(e) Desafio 18(f) Sarcasmo 18(g) Desafio indireto ou confrontação Fiorini (1995) Confirmar ou retificar Hill (1978) Desafio Tabela 2 continua na próxima página 1 ; capítulo 33 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! 2.11. CATEGORIAS DO TERAPEUTA REFERENTES A REPROVAÇÃO, CONFRONTAÇÃO, CRÍTICA AUTOR CATEGORIA Meyer e Vermes (2001) Confrontação Schindler et al. (1989) Crítica Stiles (1992) Interpretação Stiles (1992) Confirmação Tourinho et al. (2003) Dar feedback Zamignani (2001) Reprova 2.12. CATEGORIAS RESIDUAIS AUTOR CATEGORIA Chamberlain e Ray (1988) 10. Conversa Fiorini (1995) Outras intervenções Hill (1978) Outro Schindler et al. (1989) Categoria remanescente Stiles (1992) Incodifãcável Tourinho et al. (2003) Outras verbalizações Zamignani (2001) Outras verbalizações do terapeuta Zamignani (2001) Registro insuficiente 2.13. CATEGORIAS DO TERAPEUTA REFERENTES A SILÊNCIO AUTOR CATEGORIA Meyer e Vermes (2001) Silêncio Schindler et al. (1989) Silêncio 34 seção 1 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! ANÁLISE DOS SISTEMAS DE CATEGORIZAÇÃO DO COMPORTAMENTO VERBAL VOCAL DO CLIENTE SELECIONADOS NA LITERATURA Cinco sistemas para a categorização do com portam ento verbal vocal do cliente foram tam bém selecionados e analisados: C lien t T herapy C ode (Cham berlain e Ray, 1988); H ills C lien t B eh a v io r S ystem (Hill, Corbett, Kanitz, Rios, Lightsey & Gomez, 1992); C ategorias do clien te (Margotto, 1988); C ategory S ystem for C o d in g ln tera c tio n in P sych o th era p y (Schindler, Hohenberger-Sieber & Hahlweg, 1989) e C ategorias de Registro do C o m p o r ta m e n to do C lien te (Zamignani, 2001). Uma breve descrição desses sistemas, de acordo com as categorias que os com põem , é apresentada a seguir: (a) C ódigo do C lien te na Terapia (Cham berlain & Ray, 1988) O código contém nove categorias do cliente, m utuam ente exclusivas: C onfrontação/ desafio/discordância; D esesperança/culpar/queixar-se; D efendendo a si/outros; Conflito familiar; Desvio/agenda própria; Responder por; Não resposta; Desqualificar; Não resistente. (b) S is tem a de C ategorias p a ra as R espostas Verbais do C lien te (Hill et al., 1992) Para a categorização de com portam entos do cliente, o sistema apresenta sete categorias m utuam ente exclusivas: Resistência; Concordância; Pedido; Narrar; Exploração cognitivo-com portam ental; Exploração afetiva; Insight; M udanças. (c) C ategorias do C lien te (Margotto, 1998) Este sistema é com posto de sete categorias do cliente, m utuam ente exclusivas: Investigação; Informação; Relação causal ou imprecisa; Relação com portam ento- ambiente; Regras; F eedback positivo; F eedback negativo. (d) S is tem a de C ategorias p a ra a C odificação da In teração em P sicoterapia (Schindler et al., 1989) Schindler et al. (1989) elaboraram sete categorias do cliente, m utuam ente exclusivas: Autorrevelação; Descrição de problemas; Respostas curtas; Relatos de mudança; Cooperação; Clarificação; C om portam ento resistente.35 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! (e) C ategorias de Registro do C o m p o r ta m e n to do C lien te (Zam ignani, 2001) Este sistema contém quatorze categorias do cliente, m utuam ente exclusivas: Descreve eventos relacionados à queixa; Descreve eventos diversos; Descreve relações explicativas ou causais; Descreve m elhora com relação à queixa; Pergunta sobre eventos relacionados à queixa; Pergunta sobre eventos diversos; Pergunta - pede conselhos; Aprova; Reprova; Expressa dúvida; Verbalizações mínimas; O utras verbalizações; Registro insuficiente; Engaja-se em com portam ento obsessivo-compulsivo. Os mesmos critérios adotados para a avaliação dos sistemas de categorização para o com portam ento verbal vocal do terapeuta foram então utilizados para a avaliação desses sistemas. A avaliação de cada sistema segundo a adequação ou não aos critérios propostos é apresentada na Tabela 3. TABELA 3 CRITÉRIOS DE SELEÇÃO DOS SISTEMAS DE CATEGORIZAÇÃO DO COMPORTAMENTO VERBAL VOCAL DO CLIENTE 36 seção 1 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! Q uanto ao prim eiro critério, C ategorias e d e fin ições, todos os sistemas analisados apresentaram um conjunto de categorias definidas operacionalm ente de forma razoavelmente precisa. Já com relação ao critério C oerência do co n ju n to , os sistemas desenvolvidos por Cham berlain e Ray (1988) e Hill et al. (1992) continham categorias específicas para o estudo da resistência do cliente, enquanto outras classes de resposta verbal foram condensadas na categoria “não resistente”, o que dificulta o seu uso para estudos em outras questões de pesquisa. A respeito do critério U tilização p rév ia em p esqu isas, os sistemas utilizados em um m aior núm ero de pesquisas da área foram os de Cham berlain e Ray (1988) e Hill et al. (1992). O sistema de M argotto (1988) foi tam bém adaptado para o uso em vários estudos nacionais, enquanto os de Schindler et al. (1989) e Zam ignani (2001) foram utilizados, cada qual, em um a única pesquisa. Com relação ao últim o critério, C o m p a tib ilid a d e , as categorias disponíveis para a classificação do com portam ento do cliente são, em boa parte, advindas de pesquisa com fundam entação psicodinâm ica. Isso talvez explique o grande núm ero de pesquisas voltadas para o estudo de com portam entos do cliente, conhecidos sob a denom inação de resistência. Dos sistemas localizados, dois tinham esse caráter (Cham berlain & Ray, 1988; Hill et al., 1992), apresentando algumas incom patibilidades com os pressupostos da análise do com portam ento. Os trabalhos de M argotto (1988), Schindler et al. (1989) e Zam ignani (2001), por sua vez, foram desenvolvidos para o estudo de terapia com portam ental e, em bora os sistemas de Zam ignani (2001) e M argotto (1988) apresentassem algumas categorias específicas aos focos de seus trabalhos, a m aioria das categorias que os com punham tinha um caráter generalista. Q uanto ao critério Treino s is tem á tico , os três trabalhos, entretanto, não apresentam um m anual detalhado do sistema nem um m étodo para treinam ento sistemático de observadores, em bora apresentem definições precisas das categorias e exemplos de trechos de sessão categorizados dentro de cada um a delas. N enhum dos sistemas analisados preencheu, portanto, todos os critérios propostos para a adoção do conjunto de categorias. Em vista disso, a análise seguinte transcorreu de m aneira sem elhante à do estudo das categorias de com portam entos do terapeuta, já descritas. ( 1 ) capítulo 37 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! Assim como as categorias referentes ao terapeuta, as categorias dos clientes que com põem os cinco sistemas estudados foram analisadas e agrupadas a partir da sem elhança de conteúdo, em busca de classes de respostas típicas da interação terapêutica. A Tabela 4 apresenta um a síntese dos agrupam entos elaborados nessa etapa do estudo. A tabela completa, que contém as definições de cada categoria, consta na tese de doutorado de Zam ignani (2007). TABELA 4 SISTEMATIZAÇÃO DAS CATEGORIAS DE COMPORTAMENTO DO CLIENTE A PARTIR DOS SISTEMAS DE CHAMBERLAIN E RAY (1988), HILL ET AL. (1992), MARGOTTO (1998), SCHINDLER ET AL. (1989) E ZAMIGNANI (2001). S IS T E M A T IZ A Ç Ã O D E C A T E G O R IA S D E C O M P O R T A M E N T O S D O C L IE N T E E N C O N T R A D A S N A L IT E R A T U R A 4.1. CATEGORIAS DO CLIENTE REFERENTES A SOLICITAÇÃO DE INFORMAÇÃO AUTOR CATEGORIA Hill et al. (1992) Pedido apropriado Margotto (1998) Classe C2 - Investigação Schindler et al. (1989) Solicita informação Zamignani (2001) Cliente pergunta Zamignani (2001) Cliente pergunta sobre eventos relacionados à queixa Zamignani (2001) Cliente pergunta sobre eventos diversos Zamignani (2001) Cliente pede conselhos 4.2. CATEGORIAS DO CLIENTE REFERENTES A DESCRIÇÃO AUTOR CATEGORIA Hill et al. (1992) Narrativa Hill et al. (1992) Exploração cognitivo-comportamental Hill et al. (1992) Exploração afetiva a Tabela 4 continua na próxima página 38 seção 1 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! 4.2. C A T EG O R IA S D O C L IEN T E R E FER EN T ES A D ESC R IÇ Ã O Margotto (1998) Informação Schindler et al. (1989) Descrição de problemas Schindler et al. (1989) Situação devida Schindler et al. (1989) Expressão de sentimentos positivos Schindler et al. (1989) Expressão de sentimentos negativos Schindler et al. (1989) Respostas curtas Schindler et al. (1989) Refere-se à relação terapêutica Zamignani (2001) Cliente descreve Zamignani (2001) Cliente queixa-se ou descreve eventos relacionados à queixa Zamignani (2001) Cliente descreve eventos diversos 4.3. CATEGORIAS DO CLIENTE REFERENTES A EXPLICAÇÕES, RELAÇÕES OU INSIGHT AUTOR CATEGORIA Hill et al. (1992) Insight Margotto (1998) Relação causal ou imprecisa Margotto (1998) Relação comportamento-ambiente Margotto (1998) Regras Zamignani (2001) Cliente descreve relações explicativas ou "causais" 4.4. CATEGORIAS DO CLIENTE REFERENTES A MELHORA OU PROGRESSO TERAPÊUTICO AUTOR CATEGORIA Hill et al. (1992) Mudanças terapêuticas Schindler et al. (1989) Tentativa de autocontrole Schindler et al. (1989) Relatos de sucesso Schindler et al. (1989) Insight Schindler et al. (1989) Formulação de metas a Tabela 4 continua na próxima página 1 ; capítulo 39 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! 4.4. CATEGORIAS DO CLIENTE REFERENTES A MELHORA OU PROGRESSO TERAPÊUTICO Schindler et al. (1989) Expressão de confiança Schindler et al. (1989) Propostas para mudança Zamignani (2001) Cliente descreve melhora 4.5. CATEGORIAS DO CLIENTE REFERENTES A VERBALIZAÇÕES MÍNIMAS AUTOR CATEGORIA Chamberlain e Ray (1988) Facilitativo Zamignani (2001) Verbalizações mínimas 4.6. CATEGORIAS DO CLIENTE REFERENTES A APROVAÇÃO E/OU FEEDBACK POSITIVO AUTOR CATEGORIA Chamberlain e Ray (1988) 12. Não resistência Hill et al. (1992) Concordância Margotto (1998) Feedback positivo Zamignani (2001) Cliente dá feedback, cliente aprova 4.7. CATEGORIAS DO CLIENTE REFERENTES A REPROVAÇÃO, CONFRONTO, DESAFIO, RECLAMAÇÃO, DISCORDÂNCIA AUTOR CATEGORIA Chamberlain e Ray (1988) 25. Confronto, desafio, reclamação, discordância Chamberlain e Ray (1988) 35. Desesperançado, culpado, reclamando (eu não posso...) Duas subcategorias: (a) Desesperança e (b) Culpa e reclamação Chamberlain e Ray (1988) 35 (a) Desesperança Chamberlain e Ray (1988) 35 (b).Culpa/reclamação Chamberlain e Ray (1988) 36. Defesa de outro ou autodefesa Chamberlain e Ray (1988) Interrupção/falar ao mesmo tempo a Fabela 4 continua na próxima página 40 seção 1 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! 4.7. C A T EG O R IA S D O C L IEN T E R EFER EN T ES A REPR O V A Ç Ã O , C O N FR O N T O , D ESA F IO , R EC LA M A Ç Ã O , D IS C O R D Â N C IA Chamberlain e Ray (1988) Atitude negativa Chamberlain e Ray (1988) Desafio/confronto Chamberlain e Ray (1988) 07 - Conflito interfamiliar (Quem ataca quern...) Chamberlain e Ray (1988) 45(a) Agenda própria Chamberlain e Ray (1988) 45(b) Desvio Chamberlain e Ray (1988) 46. Responder por Chamberlain e Ray (1988) 55. Não responder Chamberlain e Ray (1988) 56. Desqualificação Hill etal. (1992) Resistência Schindler etal. (1989) Evitação/recusa Schindler etal. (1989) Crítica/provocação Schindler etal. (1989) Resignação Schindler et al. (1989) Silêncio Zamignani (2001) Cliente dá feedback; cliente expressa dúvida Zamignani (2001) Cliente reprova ............. . . ....... 4.8. CATEGORIAS REMANESCENTES AUTOR CATEGORIA Chamberlain e Ray (1988) Ininteligível Schindler etal. (1989) Categoria remanescente Zamignani (2001) Outras verbalizações do cliente Zamignani (2001) Registro insuficiente de falas do cliente Zamignani (2001) Cliente se engaja em comportamento obsessivo- compulsivo 1 ) capítulo 41 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! CONSIDERAÇÕES SOBRE AS CATEGORIAS ESTUDADAS Os diferentes sistemas de categorização apresentavam várias categorias similares, o que perm itiu o seu agrupam ento. As categorias de cada um dos agrupam entos contemplavam eventos bastante semelhantes, mas com diferentes denom inações e ênfases em diferentes aspectos dos fenômenos de interesse. Em linhas gerais, cada agrupam ento pôde conter categorias diversas, algumas com definições de caráter mais topográfico, outras com descrições gramaticais, outras ainda com destaque para a funcionalidade cia verbalização e outras que especificam temas. Por exemplo, o agrupam ento de categorias referentes à solicitação de inform ações contém Terapeuta pergunta, de Zam ignani (2001), e Pergunta, de Stiles (1992), que enfatizam a form a gramatical; Perguntas fechadas e Perguntas abertas, de Hill (1978), com ênfase na forma de elaboração da pergunta pelo terapeuta; Busca de inform ação, de Schindler et al. (1989); Investigação, de M argotto (1998), de caráter funcional, e Lidar com emoções, de Schindler et al. (1989), a qual especifica o tem a a que a solicitação do terapeuta se refere. As diferentes ênfases podem ser encontradas em todos os grupos de categorias e refletem provavelmente diferenças na questão de pesquisa ou mesmo na finalidade para a qual cada instrum ento foi desenvolvido. Cabe, nesse m om ento, a retom ada de alguns dos critérios apresentados no início deste estudo: C a teg o ria s D efin içã o clara; c o n stru íd a s a p a r t ir de even to s d ire ta m e n te observáveis; ró tu los consisten tes com a defin ição; co m p a tíve is com o referencia l a n a lítico -co m p o rta m en ta i. entre os conjuntos de categorias localizados, são muitas as formas de definição adotadas pelos autores. Alguns deles, tais como o de Ford (1978), apresentam grande núm ero de categorias, cuja definição é pouco detalhada. Nesse caso, há risco de que os observadores, ao utilizarem o sistema, estabeleçam critérios idiossincráticos para os elementos que não foram contem plados na descrição das categorias de interesse. O utros sistemas de categorização oferecem definições bastante detalhadas e precisas - é o caso, por exemplo, do sistema de categorização de com portam ento de Cham berlain e Ray (1988). Essa opção de definição, em bora implique m aior dificuldade e dem ora em sua apreensão pelos observadores, especifica detalhadam ente os critérios e 42 seção 1 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! exemplos para os diferentes aspectos envolvidos na categorização de cada unidade proposta. Vale ainda destacar, em tal sistema, a form a de apresentação dos elementos que com põem cada categoria, com cada subitem identificado por meio de um rótulo que com preende o essencial desse subitem. Essa estratégia é interessante, seja porque seu caráter é de fácil memorização, seja porque ela favorece que pesquisadores interessados em fazer um estudo mais aprofundado de um a ou mais das categorias possam derivar subcategorias ou categorias de análise com base nesses subitens. O grau de inferência exigido em cada sistema de categorização é tam bém bastante variado em todas as dim ensões estudadas. Podem-se localizar desde categorizações que são essencialmente inferenciais (por exemplo, a categoria M udanças terapêuticas, de Hill, 1992), passando por sistemas que exigem certo grau de inferência, mas que consideram tam bém aspectos observáveis da interação (p. ex., Zam ignani, 2001, e Cham berlain & Ray, 1988), até categorias que são preferencialm ente topográficas (é o caso da categoria Perguntas abertas, de Hill, 1978). Pode-se notar tam bém que muitos dos sistemas (se não todos) de outras abordagens (por exemplo, Cham berlain & Ray, 1988, Fiorini, 1995, e Hill, 1978) apresentam em seu conjunto de categorias m uitos elementos que podem ser identificados dentro de um referencial analítico- com portam ental. A análise desses elementos pode contribuir para a elaboração de categorias sob a perspectiva da análise do com portam ento. C o erên c ia in te rn a d o s is te m a É possível notar que alguns dos sistemas analisados apresentam diferentes dim ensões ou níveis de especificidade (p. ex., Hill, 1978) em suas categorias, ou ainda eventos estritam ente topográficos e eventos inferenciais em um m esm o nível de categorização (p. ex., Ford, 1978). Entretanto, a m aioria dos sistemas analisados m antém boa coerência entre as categorias. P a d ro n iza ç ã o do tre in o E sta foi a m aior dificuldade encontrada em boa parte da literatura pesquisada: ou não apresentava um m anual ou treino padronizado, ou não era possível ter acesso a esse material. 1 ) capítulo 43 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! Levando em consideração todas as exigências para o desenvolvimento de um sistema de categorização, apontadas na introdução deste trabalho, foi possível selecionar diferentes aspectos de cada um dos sistemas estudados para a construção de um novo sistema. O capítulo 2 apresenta um a proposta de categorização m ultidim ensional de com portam entos que leva em consideração os elementos destacados nos estudos previam ente desenvolvidos para o estudo da interação terapêutica. 44 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! capítulo 2 DESENVOLVIMENTO E AVALIAÇÃO DE CONCORDÂNCIA DO Sistema Multidimensional de Categorização de Comportamentos da InteraçãoTerapêutica - SiMCCIT Denis Roberto Zamignoni Sonia Beatriz Meyer O capítulo 1 apresenta o estudo dos diversos sistemas de categorização de com portam entos desenvolvidos para o estudo da interação terapêutica. A sistematização das categorias estudadas contem plou dezoito classes de com portam ento do terapeuta: Solicitação de in fo rm a çã o ; V erbalizações m ín im a s; E m p a tia ; A u to rreve la çã o de se n tim e n to s do terapeuta; S u m a riza çã o , sín tese e pará frase; D escrição e fo r n e c im e n to de in form ações; E stru tu ra çã o e enq u a d re ; A co n se lh a m en to , in s truções ou orientações; In terpretações e in ferências; A provação , apoio, a sseg u ra m en lo e encora ja m en to ; R eprovação, con fro n ta çã o e crítica; C ategorias residuais; Silêncio . Processo sem elhante foi conduzido para a análise das categorias de com portam ento verbal vocal do cliente, resultando em oito grupos de categorias: so licitação de in form ação; descrição; relações ou insight; m e lhora ou progresso terapêutico; verba lizações m ín im a s; aprovação e /o u fe e d b a c k p o sitivo ; R eprovação, con fron to , desafio, reclam ação ou d iscordância e rem anescen tes. Com base na análise desses grupos de categorias de com portam entos e em consideração a todas as exigências para o desenvolvimento de um sistema de categorização, apontadas no capítulo 1, foi possível selecionar diferentes aspectos de cada um dos sistemas estudados para a construção do Sistema M ultidim ensional de Categorização de Com portam entos na Interação Terapêutica (SiMCCIT). O presente capítulo apresenta o processo de desenvolvimento e aperfeiçoam ento do SiMCCIT, bem como o estudo de concordância entre observadores realizado para avaliar a fidedignidade do instrum ento. capítulo 45 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! MÉTODO PARTICIPANTES Foram participantes desta pesquisa duas observadoras para o cálculo de concordância entre observadores. As observadoras eram graduadas em Psicologia, com formação clínica em análise do com portam ento, experiência como terapeutas analítico-com portam entais há pelo m enos dois anos e participantes de atividades do grupo de pesquisa sob a coordenação da segunda autora. ASPECTOS ÉTICOS As observadoras assinaram um term o de responsabilidade no qual garantiram o sigilo das inform ações às quais tiveram acesso. O desenvolvimento do trabalho foi aprovado pelo comitê de ética da Universidade de São Paulo. MATERIAL E EQUIPAMENTO Para este estudo, foram utilizados os seguintes materiais e equipamentos: 1. duas filmadoras digitais da m arca Sony; 2. um Kit O bserver V ideo-Pro Complete, Set-up, Noldus Inform ation Technologies. Trata-se de um sistema inform atizado para análise com portam ental, com posto pelo V ideo-pro So ftw a re , um d ecoder MPEG2 H igh Q u a lity E n co d er e um com putador DELL. MM01 Dell PC com m onitor 17; 3. so ftw a re C lic® para elaborar atividades de ensino program ado. Trata-se de um so ftw a re de uso livre, desenvolvido pelo D epartam ento de Educación da Generalitat de Cataluna, disponível no endereço http://clic.xtec.net/; 4. um m ixer, fornecido pela em presa N o ld u s Techno logy®; 5. dezessete sessões de terapia registradas por meio de gravação em vídeo (a coleta de dados foi interrom pida na Sessão 17 devido ao final da gravidez da cliente); 6. transcrições de sessões terapêuticas utilizadas em estudos previam ente conduzidos pelo pesquisador em outras instituições e por outros pesquisadores do Laboratório de Terapia Com portam ental da Universidade de São Paulo. INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! AMBIENTE Os dados referentes às sessões filmadas foram coletados no consultório particular do participante terapeuta. As sessões foram registradas em áudio e vídeo, por meio de duas filmadoras: um a posicionada em direção ao terapeuta e outra em direção à cliente. Um esquema que representa o am biente de coleta encontra-se na Figura 1. As câmeras foram posicionadas para captar a imagem de corpo inteiro do terapeuta e da cliente, a fim de possibilitar o registro de gestos e postura corporal. FIGURA 1 ESQUEMA REPRESENTATIVO DO AMBIENTE DE COLETA DE DADOS, COM A IDENTIFICAÇÃO DO POSICIONAMENTO DAS CÂMERAS Uma vez registrados os dados de terapeuta e cliente separadam ente, foi necessária a mixagem das imagens, posicionando lado a lado os dois participantes, para inserção no so ftw a re The O b serverK. Para isso, foi utilizado o m ix e r fornecido pela em presa N o ld u s Technology. 2 j capítulo 47 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! PROCEDIMENTO PARA ELABORAÇÃO DO SISTEMA DE CATEGORIAS O desenvolvimento de um s is tem a m u ltid im e n s io n a l de ca tegorização de c o m p o r ta m e n to s da in teração tera p êu tica ocorreu por meio da análise das categorias e definições que com põem os instrum entos e catálogos de com portam entos analisados no capítulo 1. Foram tam bém consultados textos de revisão bibliográfica sobre interação terapêutica (p. ex., Meyer & Vermes, 2001) e textos para a formação de terapeutas (p. ex., Fiorini, 1995). Além da leitura dessas publicações, foram estudadas transcrições de sessões de terapia analítico-com portam ental que haviam sido utilizadas em trabalhos prévios. O desenvolvimento dos qualificadores referentes a variáveis paralinguísticas baseou-se nos trabalhos de Cham berlaim e Ray (1988) e Rice e Kerr (1986), que tiveram com o referência as definições de respostas m otoras de Vieira (1975) e de term os linguísticos de Crystal (1980). As categorias desenvolvidas para o registro de com portam entos verbais não vocais, incluídas no Eixo I e no Eixo III, basearam -se nos trabalhos de Caballo (1993), Hill, Siegelman, Gronsky, Sturniolo & Fretz. (1981), Hill e Stephany (1990), Keeley (2005), Kim, Liang e Li (2003), M ahl (1968), Mahl (1987), M onti, Kolko, Fingeret & Zwick, (1984), Vieira (1975), Rodrigues (1997), Tepper e Haase (1978). As categorias desenvolvidas para o Eixo I I (Tema) foram baseadas nos trabalhos de Barbosa (2006), Eells, Kendjelic e Lucas (1998), Goldberg, Hobson, Maguire, M argison, O sborn e Moss (1984) e Yano (2003). Uma prim eira versão de um sistema de categorias foi elaborada e aplicada a sessões de terapia. Realizaram-se sucessivos testes de concordância entre observadores, com ajustes no sistema, até produzir um índice de concordância satisfatório, conform e descrito detalhadam ente na tese de Zam ignani (2007). Com base nos dados de observação de diferentes sessões, de estudos desenvolvidos por diferentes pesquisadores e dos estudos de concordância entre observadores, foi proposta a versão final do S is tem a M u ltid im e n s io n a l de C ategorização de C o m p o r ta m e n to s d a In teração T erapêutica . Uma vez que, da forma como a terapia é conduzida na atualidade, grande parte da interação que nela ocorre é verbal (Pérez- Álvarez, 1996), optou-se por assum ir como eixo principal de categorização o eixo verbal vocal, a partir do qual as outras dim ensões de interesse do com portam ento são categorizadas. 48 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! Para propiciar a padronização no uso do instrum ento, um treino sistemático de observadores foi desenvolvido (a descrição do treino consta no Apêndice II deste livro). A observadora (denom inada O bservadora 2) que ainda não havia participado do processo prévio de elaboração e avaliação das categorias foi a ele submetido. Após o treino padronizado, a O bservadora 2 foi orientada para o m anuseio do so ftw a re The O bserver. Nesse m om ento, não foi apresentada nenhum a instrução adicional sobre o sistema de categorização propriam ente dito, além do treino padronizado. A aplicação da categorização pela O bservadora 2 ocorreu na residência do pesquisador. A O bservadora 2 categorizou o Eixo I - Respostas verbais do terapeuta e do cliente - com os respectivos Qualificadores, em 30 m inutos de um a sessão terapêutica (Sessão
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