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EDITORA ATLAS S.A. Rua Conselheiro Nébias, 1384 (Campos Elísios) 01203-904 São Paulo (SP) Tel.: CO__ 11) 3357-9144 (PABX) www.atlasnet.com.br http://www.atlasnet.com.br Paul C. Cozby Métodos de Pesquisa em Ciências do Comportamento Tradução Paula Inez Cunha Gomide Professora da Universidade Federal do Paraná Faculdade de Psicologia Emma Otta Professora da Universidade de São Paulo Instituto de Psicologia Revisão Técnica José de Oliveira Siqueira Professor da Universidade de São Paulo Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade SÃO PAULO EDITORA AUAS S.A. - 2003 © 2001 by EDITORA ATLAS S.A. 1. ed. 2003; 2a tiragem Traduzido para o português de Methods in behavioral research, sétima edição, publicada pela Mayfield Publishing Company, Mountain View, Califórnia Copyright © 2001 ,1997 ,1993 ,1989,1985,1981 by Mayfield Publishing Company Copyright © 1977 by Paul C. Cozby Capa: Leonardo Hermano Composição: Set-up Time Artes Gráficas Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Cozby, Paul C. Métodos de pesquisa em ciências do comportamento / Paul C. Cozby; tradu ção Paula Inez Cunha Gomide, Emma Otta ; revisão técnica José de Oliveira Siqueira. -- São Paulo : Atlas, 2003. Título original: Methods in behavioral research Bibliografia. ISBN 85-224*3363-1 1. Ciências sociais - Pesquisa - Metodologia 2. Pesquisa psicológica - Metodologia I. Título. 02-6160 C D D -150.72 índices para catálogo sistemático: 1. Ciências do comportamento : Pesquisa : Metodologia : Psicologia 150.72 2. Pesquisa : Ciências do comportamento : Metodologia : Psicologia 150.72 TODOS OS DIREITOS RESERVADOS - É proibida a reprodução total ou parcial, de qualquer forma ou por qualquer meio. A violação dos direitos de autor (Lei n2 9.610/98) é crime estabelecido pelo artigo 184 do Código Penal. Depósito legal na Biblioteca Nacional conforme Decreto n® 1.825, de 20 de dezembro de 1907. Impresso no Brasü/Printed in Brazil Sumário Prefácio, 11 1 ESTUDO CIENTÍFICO DO COMPORTAMENTO, 15 Usos de métodos de pesquisa, 16 Abordagem científica, 17 Objetivos da ciência, 21 Pesquisa básica e aplicada, 23 Termos estudados, 27 Questões de revisão, TJ Atividades, 27 2 PONTO DE PARTIDA, 29 Hipóteses e predições, 30 Participantes de um estudo: uma nota sobre terminologia, 31 Fontes de idéias, 31 Pesquisa bibliográfica, 37 Anatomia de um artigo de pesquisa, 45 Termos estudados, 48 Questões de revisão, 48 Atividades, 48 6 M étodos de P esquisa em C iências do C omportamento 3 ÉTICA NA PESQUISA, 51 Experimento de Mílgram sobre obediência, 52 Custos e benefícios da pesquisa, 53 Principais questões éticas na pesquisa, 54 Outras questões éticas na pesquisa, 62 Formulação de princípios éticos, 64 Pesquisa com participantes humanos, 65 Ética e pesquisa animal, 71 Custos e benefícios revisitados, 73 Fraude, 74 Termos estudados, 77 Questões de revisão, 77 Atividades, 78 4 ESTUDO DO COMPORTAMENTO, 81 Variáveis, 82 Definições operacionais de variáveis, 83 Relações entre variáveis, 85 Método não experimental versus método experimental, 88 Variável independente e variável dependente, 94 Causalidade, 95 Escolha de um método: vantagens e desvantagens de diferentes métodos, 97 Avaliação de pesquisas: três validades, 101 Termos estudados, 103 Questões de revisão, 104 Atividades, 104 5 CONCEITOS DE MENSURAÇÃO, 107 Fidedignidade das medidas, 108 Medidas da validade de construto, 112 Reatividade de medidas, 116 Variáveis e escalas de mensuração, 117 Termos estudados, 120 Questões de revisão, 121 Atividades, 121 6 OBSERVAÇÃO DO COMPORTAMENTO, 123 Abordagem quantitativa e abordagem qualitativa, 124 S um ário 7 Observação naturalística, 125 Observação sistemática, 130 Estudos de caso, 133 Pesquisa em arquivo, 134 Descrição de diferenças individuais e de personalidade, 138 Termos estu dados, 139 Q uestões de revisão, 140 A tiv idades, 140 7 PESQUISA DE LEVANTAMENTO: UMA METODOLOGIA PARA ESTIMULAR PESSOAS A FALAR SOBRE SI MESMAS, 141 Por que fazer levantamentos?, 143 Amostragem de uma população, 145 Técnicas de amostragem, 148 Avaliação das amostras, 152 Elaboração das perguntas, 155 Respostas às questões, 158 Finalização do questionário, 162 Aplicação de levantamentos, 163 Levantamentos planejados para estudar mudanças ao longo do tempo, 166 Termos estudados, 167 Q uestões de revisão, 168 A tiv idades, 169 8 DELINEAMENTO EXPERIMENTAL: OBJETIVOS E CILADAS, 171 Variáveis confundidas e validade interna, 172 Experimentos mal planejados, 173 Experimentos bem planejados, 178 Distribuição dos participantes pelas condições experimentais, 182 Delineamentos com grupos independentes, 182 Delineamentos com medidas repetidas, 184 Termos estudados, 190 Q uestões de revisão , 191 A tiv id a d es , 192 9 REALIZAÇÃO DE EXPERIMENTOS, 195 Seleção dos participantes de uma pesquisa, 197 Manipulação da variável independente, 198 8 M é to d o s df. P e s q u is a em C iên c ia s d o C o m p o rta m e n to Medida da variável dependente, 203 Controles adicionais, 207 Eliminação de defeitos do estudo, 212 Entrevista de esclarecimento, 214 Uso de computadores para realização de uma pesquisa, 215 Análise e interpretação de resultados, 215 Comunicação da pesquisa, 215 Termos estudados, 216 Questões de revisão, 217 Atividades, 218 10 DELINEAMENTOS EXPERIMENTAIS COMPLEXOS, 219 Aumento do número de níveis de uma variável independente, 220 Aumento do número de variáveis independentes: delineamentos fatoriais, 222 Termos estudados, 234 Questões de revisão, 234 Atividades, 235 11 DELINEAMENTOS QUASE-EXPERIMENTA1S, DELINEAMENTOS COM SUJEITO ÚNICO E DELINEAMENTOS DE PESQUISAS SOBRE DESENVOLVIMENTO, 237 Delineamentos quase-experimentais, 238 Experimentos com sujeito único, 245 Delineamentos de pesquisas sobre desenvolvimento, 250 Termos estudados, 253 Questões de revisão, 254 Atividades, 254 12 COMPREENDENDO OS RESULTADOS DE UMA PESQUISA: DESCRIÇÃO E CORRELAÇÃO, 257 Escalas de mensuração, 258 Análise dos resultados de pesquisas, 259 Distribuições de freqüência, 261 Estatística descritiva, 264 Representação gráfica de relações, 265 Coeficientes de correlação: descrição da força de relações, 267 Magnitude do efeito, 272 Significância estatística, 273 S um ário 9 Equações de regressão, 273 Correlação múltipla, 274 Correlação parcial e o problema da terceira variável, 276 Modelos estruturais, 277 Termos estu dados , 278 Questões de revisão, 279 A tiv id a d es , 280 13 COMPREENDENDO OS RESULTADOS DE UMA PESQUISA: INFERÊNCIA ESTATÍSTICA, 283 Amostras e populações, 285 Estatística inferencial, 286 Hipótese nula e hipótese de pesquisa, 286 Probabilidade e distribuições amostrais, 287 Exemplo: os testes te F , 290 Erro Tipo I e erro Tipo II, 296 Escolha do nível de significância, 300 Interpretação de resultados não significativos, 301 Escolha do tamanho de uma amostra: análise do poder, 303 Importância de replicações, 304 Significância de um coeficiente de correlação r de Pearson, 304 Análise de dados por computador, 305 Escolha do teste de significância apropriado, 307 Termos estu dados, 309 Q uestões de revisão, 309 A tiv idades, 310 14 GENERALIZAÇÃO DOS RESULTADOS, 313 Generalização para outras populações de participantes de pesquisas, 314 Considerações relativas à cultura, 318 Generalização para outros experimentadores, 320 Pré-testes e generalização, 321 Generalização de acordo com o laboratório, 321 Importância das replicações, 323 Avaliação de generalizações por meio de revisões de literatura e de meta- nálises, 325 Uso da pesquisa para melhorar a qualidade de vida das pessoas, 327 1 0 M étodos de P esquisa em C iências do C omportamento Termos estudados, 328 Questões de revisão, 328 Atividades, 329 Apêndice A: Elaboração de um relatório de pesquisa, 331 Introdução, 331 Estilo de redação, 332 Organização do relatório, 336 Uso de títulos, 347 Citações e outras fontes de referência, 348 Abreviações,355 Algumas considerações gramaticais, 356 Menção a número e estatística, 357 Conclusão, 359 Artigo-exemplo, 359 Apêndice B: Testes estatísticos, 381 Estatísticas descritivas, 382 Testes de significância estatística, 385 Correlação e magnitude do efeito, 402 Apêndice C: Tabelas estatísticas, 407 Tabela de números aleatórios, 409 Apêndice D: Construção de um quadrado latino, 419 Glossário, 421 Bibliografia, 429 índice remissivo, 449 Prefácio Ensinar e aprender métodos de pesquisa é desafiador e divertido, ao mesmo tempo. Esta nova edição de Métodos de pesquisa em ciências do comportamento mantém as características de edições anteriores apreciadas por professores e alunos. Priorizei a comunicação clara de conceitos. Procurei apresentar o mate rial claramente e usar exemplos interessantes. Também tentei facilitar a apren dizagem, por meio da descrição de muitos conceitos significativos, em vários contextos ao longo do livro. Há pesquisas que mostram que a redundância favo rece a compreensão. Também enfatizei a necessidade de estudar comportamen to por diferentes abordagens de pesquisa. Antes de cada capítulo o leitor encon tra informações gerais sobre o conteúdo tratado e, no final, uma lista de termos estudados, além dé questões de revisão e atividades. Termos importantes em negrito estão definidos no Glossário. RECURSOS O leitor interessado em métodos de pesquisa pode consultar também o en dereço www.mayfieldpub.com/cozby. Assim, pode obter mais informações so bre os assuntos apresentados no texto, usando recursos disponíveis na World Wide Web. http://www.mayfieldpub.com/cozby 12 M étodos de P esquisa em C iências do C ompoh.tamf.nto ORGANIZAÇÃO A organização em geral segue a seqüência de planejamento e realização de uma pesquisa. No entanto, os capítulos são relativamente independentes, o que permite flexibilidade em sua ordenação pelos professores. Por exemplo, os capí tulos sobre ética na pesquisa e sobre métodos de pesquisa não experimental aparecem no início do livro, mas os professores que queiram tratar desses as suntos no final de um curso podem fazê-lo com facilidade. O Capítulo 1 apresenta uma visão geral da abordagem científica do conhe cimento e diferencia pesquisa básica de pesquisa aplicada. 0 Capítulo 2 discute fontes de idéias para pesquisa e a importância da pesquisa bibliográfica. O Capí tulo 3 focaliza a ética na pesquisa. Questões éticas são tratadas em profundida de neste capítulo e enfatizadas em todo o livro. O Capítulo 4 examina variáveis psicológicas e a distinção entre a abordagem experimental e a abordagem não experimental para estudar relações entre variáveis. O Capítulo 5 é um capítulo novo, que trata de questões de mensuração, incluindo fidedignidade e validade, O Capítulo 6 descreve abordagens não experimentais, incluindo observação naturalística, estudos de caso c análises de conteúdo. O Capítulo 7 é um capítulo novo que trata de amostragem, além da elaboração de questionários e entrevis tas. Os Capítulos 8 e 9 apresentam noções básicas sobre planejamento e realiza ção de experimentos. O Capítulo 10 é dedicadn a delineamentos fatoriais. O Capítulo 11 discute as vantagens e desvantagens de delineamentos quase-expe- rimentais, com sujeito único, e de pesquisas sobre desenvolvimento. Os Capítu los 12 e 13 tratam do uso da Estatística para compreender resultados de pesqui sa. Finalmente, o Capítulo 14 discute questões relativas a generalização, meta- análise e importância de replicações. 0 livro também inclui Apêndices sobre a redação de relatórios de pesquisa, realização de análises estatísticas e constru ção de quadrados latinos. NOVIDADES DESTA EDIÇÃO Esta edição incorporou muitas mudanças sugeridas por leitores das edições anteriores. Há um capítulo sobre questionários e medidas de auto-relato e mais material com informações específicas que os estudantes podem utilizar na ela boração das próprias medidas. Conceitos de mensuração são discutidos num capítulo à parte, o que reflete a importância deste assunto e atende às expecta tivas de professores, dando-lhes opção sobre quando introduzir essa informação para a classe. Refiro-me ao método correlacionai como método não experimen tal para avaliar relações entre variáveis. Há também material novo sobre cons trução de gráficos e sobre estimativas da magnitude do efeito na discussão esta P refAcio 13 tística. Também introduzi questões relativas ao uso de computadores e da Internet - por exemplo, controle de estímulos experimentais por computador, pesquisa bibliográfica pelo computador e citação de endereços da Web em artigos de pes quisa. AGRADECIMENTOS Muitas pessoas ajudaram a produzir esta edição do livro, assim como as edições anteriores. Franklin Graham, da Editora Mayfield, foi um grande ami go, além de editor. Agradeço a Helen Walden pela edição do manuscrito e a Melanie Field pela gerência da produção. Mitch Okada fez um maravilhoso trabalho de atualização do Manual do Professor. Sou muito grato aos comen tários feitos por numerosos estudantes e professores e, em particular, às revi sões detalhadas feitas para esta edição por: Bernardo J. Garducci, Indiana University Southeast; Monica J. Harris, University of Kentucky; Constance Jones, California State University, Fresno; Kristen J. Klaaren, Randolph-Macon College; Charles S. Reichardt, University of Denver; Jeffrey N. Swartwood, State University of New York-Cortland; e Stephen W. Tuholski, Southern Illinois University-Edwardsville. Quero agradecer às pessoas mais próximas que ajudaram de muitas ma neiras a produzir este livro: Jeanne King, Josh Cozby, Brisco Cozby, David Coolidge, Tracy Murphy, David Perkins, Greg Robinson, Claire Palmerino, Dan Kee, Kathy Brown, Frank Bagrash, William Smith, Stan Woll, Penny Fidler, Dennis Berg, Kim Shattuck, Roy McDonald, Ronnie Barnett e Lisa Marr. Finalmente, dedico esta edição à memória de Alden Paine, uma pessoa maravilhosa que me encora jou, há muitos anos, a escrever um livro sobre métodos de pesquisa para a edito ra Mayfield. Alden faleceu em 1997 e é lembrado com carinho pelas muitas pessoas cuja vida influenciou. Sempre tenho interesse em receber comentários e sugestões de estudantes e professores. Peço que enviem e-mail para cozby@fullerton.edu, ou utilizem meu endereço postal: Department of Psychology, Box 6834, California State University, Fullerton, CA 92834-6834. mailto:cozby@fullerton.edu 1 Estudo Científico do Comportamento m t 1 Uso de Métodos de Pesquisa t' A Abordagem Científica Limitações da Intuição e da Auto ridade Autoridade Ceticismo, Ciência e Abordagem Empírica Integrando Intuição, Ceticismo e Autoridade t 1 Objetivos da Ciência Descrição do Comportamento Predição do Comportamento Determinação das Causas do Com portamento Explicação do Comportamento #* Pesquisa Básica e Aplicada Pesquisa Básica Pesquisa Aplicada Comparação entre Pesquisa Bási ca e Aplicada Term os E studados Q uestões de Revisão A tiv id a d es Q uais são as causas da agressão e da violência? Quais são os determinantes da lembrança e do esquecimento? De que forma podemos melhorar nossa memória? Quais são os efeitos de ambientes estressantes sobre a saúde e as interações sociais? Como experiências vividas na primeira infância afetam o desenvolvimento posterior? Qual a melhor maneira de tratar a depres são? Como reduzir o preconceito e os conflitos entre grupos? A curiosidade em relação a questões como essas provavelmente é a razão mais importante que leva estudantes a procurarem disciplinas das ciências do comportamento. A pes quisa científica fornece meios de analisar essas questões e fornece-nos respostas sobre elas. Neste livro, examinaremos os métodos da pesquisa científica nas ciências do comportamento. Neste capítulo introdutório discutiremos como o conheci mento de métodos de pesquisa pode ser útil para compreender o mundo a nosso redor. Além disso, serão revistas as característicasda abordagem científica para o estudo do comportamento e os tipos gerais de questões de pesquisa que preo- . cupam os cientistas do comportamento. USOS DE MÉTODOS DE PESQUISA O conhecimento de métodos de pesquisa torna-se cada vez mais necessário para os cidadãos bem informados em nossa sociedade. Os jornais diários, as revistas de interesse geral e outros meios de comunicação estão continuamente relatando resultados de pesquisas: “Personalidades do Tipo A Têm Maior Proba bilidade de Sofrer Ataque Cardíaco” ou “Fumar Está Relacionado com Notas Baixas”. Artigos e livros fazem afirmações a respeito dos efeitos benéficos ou nocivos de uma dieta particular ou de vitaminas sobre a vida sexual, a persona lidade ou a saúde das pessoas. Freqüentemente, são divulgados resultados de levantamentos de opinião, com conclusões sobre como nos sentimos a respeito de uma variedade de assuntos. Como avaliar tais relatos? Devemos aceitar tais descobertas apenas porque são supostamente científicas? Conhecer métodos de pesquisa ajuda a ler esses relatos criticamente, a avaliar a metodologia empre gada e a decidir se as conclusões são razoáveis. Muitos trabalhos requerem o uso de descobertas científicas. Por exemplo, profissionais da área de saúde mental precisam tomar decisões sobre métodos de tratamento, designação de pacientes para diferentes recursos, medicamentos ou teste de procedimentos. Tais decisões são feitas com base em pesquisas; para tomar boas decisões o profissional da área de saúde mental precisa ser capaz de ler uma pesquisa realizada por outros e julgar sua adequação e relevância para sua situação particular de trabalho. Da mesma forma, pessoas que trabalham em ambiente empresarial freqüentemente baseiam-se em pesquisas para tomar decisões sobre estratégias de propaganda, maneiras de aumentar a produtivida- E studo C jentíkico do C om portam ento 1 7 de e a disposição dos empregados e métodos de seleção e treinamento de novos empregados. Educadores precisam manter-se atualizados a respeito de pesqui sas realizadas sobre temas como efetividade de diferentes estratégias de ensino ou programas voltados aos problemas de estudantes especiais. O conhecimento de métodos de pesquisa e a habilidade para avaliar relatos de pesquisa são úteis em muitos campos. Também é importante reconhecer que a pesquisa científica tornou-se cada vez mais importante em decisões de políticas públicas. Legisladores e líderes políti cos de todos os níveis do govemo freqüentemente tomam decisões políticas e pro põem leis baseadas em resultados de pesquisas. A pesquisa pode também influen ciar decisões judiciais. Um bom exemplo é a Súmula de Razões da Ciência Social (Social Science Brief), preparada por psicólogos e aceita como evidência pela Su prema Corte norte-americana no caso, considerado um marco, Brown versus Con selho de Educação, em 1954, que resultou no fim da segregação escolar nos Esta dos Unidos. Um dos estudos citados na súmula foi realizado por Clark e Clark (1947). O estudo verificou que, tendo escolha entre bonecas negras e brancas, tanto crianças brancas quanto negras preferem brincar com as bonecas brancas. (Uma discussão adicional das implicações desse estudo pode ser encontrada em Stephan, 1983.) A legislação e a opinião pública a respeito da divulgação de mate rial pornográfico foram orientadas por pesquisas comportamentais sobre esse as sunto (veja, por exemplo, Koop, 1987; Linz; Donnerstein; Penrod, 1987). Pesqui sas psicológicas sobre estereotipia sexual influenciaram fortemente decisões to madas pela Suprema Corte em casos de discriminação sexual por empregadores (Físke; Bersoff; Borgida; Deaux; Heilman, 1991). A pesquisa também é importan te para o desenvolvimento e a avaliação da eficácia de programas planejados para atingir certos objetivos - por exemplo, aumentar a permanência de estudantes na escola ou influenciar pessoas a se engajar em comportamentos que reduzam os riscos de contrair Aids. Se obtiverem sucesso, tais programas podem ser aplicados em larga escala. O fato de muitas decisões e posições políticas estarem baseadas em pesquisas torna o conhecimento de métodos de pesquisa particularmente im portante para todos nós que, como cidadãos informados, devemos, em última análise, avaliar a política nas umas. ABORDAGEM CIENTÍFICA Iniciamos este capítulo com várias questões sobre o comportamento huma no e sugerimos que a pesquisa científica é um meio valioso de respondê-las. O que toma a abordagem científica diferente de outras formas de conhecer o com portamento? As pessoas sempre observaram o mundo a seu redor e procuraram explicações para o que viam e viviam. No entanto, em lugar de usar a aborda 1 8 M étodos de P esquisa em C iências do C omportamento gem científica, muitas pessoas confiam na autoridade e na intuição como for mas de conhecimento. Limitações da Intuição e da Autoridade A maioria de nós conhece ou ouviu falar de algum casal que tentou ter filhos durante vários anos, sem sucesso, e acabou adotando uma criança. En tão, num período muito curto de tempo, a mulher engravidou. Essa observação leva à crença comum de que a adoção aumenta a chance de gravidez em casais que têm esse tipo de dificuldade. Tal conclusão parece intuitivamente razoável e as pessoas em geral têm uma explicação para este efeito. Por exemplo, a adoção diminuiu uma fonte importante de estresse do casal e a redução do estresse, por sua vez, aumentou a probabilidade de concepção (Gilovich, 1991). Esse exemplo ilustra o uso da intuição e da evidência anedótica para tirar conclusões gerais sobre o mundo a nosso redor. Ao basear-se em sua intuição, a pessoa aceita sem questionar o que seu próprio julgamento ou um único relato da experiência de alguém ensinam sobre o mundo. A abordagem intui tiva assume muitas formas. Freqüentemente, envolve o desenvolvimento de uma explicação para o próprio comportamento e para o comportamento dos outros. Por exemplo, uma pessoa pode desenvolver uma explicação para seus constantes conflitos com um colega de trabalho, como “essa pessoa quer meu posto” ou “ter de compartilhar um telefone coloca-nos em situação de confli to”. Em outras ocasiões, a intuição é usada para explicar eventos intrigantes observados, como no caso da conclusão de que adotar uma criança aumenta a chance de concepção, no caso de casais em que a mulher tem dificuldade para engravidar. Um problema com a intuição é que numerosos vieses cognitivos e motiva- cíonais afetam nossa percepção, levando-nos a extrair conclusões errôneas sobre causa e efeito (Fiske; Taylor, 1984; Gilovich, 1991; Nisbett; Ross, 1980; Nisbett; Wilson, 1977). Gilovich salienta que, de acordo com pesquisas científi cas, não há, de fato, relação entre adoção e gravidez subseqüente. Por que então nos apegamos a essa crença? Isso provavelmente ocorre em virtude de um viés cognitivo chamado correlação ilusória e que acontece quando focali zamos dois eventos que se sobressaem e ocorrem juntos. Quando uma gravi dez ocorre logo após uma adoção, nossa atenção é direcionada para a situa ção e somos levados a concluir erroneamente que deve existir uma relação causal. Tais correlações ilusórias também tendem a ocorrer quando estamos altamente motivados a acreditar na relação causal. Embora fazer isso seja natural, não é científico. Uma abordagem científica requer que uma conclu são seja fundamentada em mais provas. E studo C ientífico d o C om portamento 1 9 Autoridade O filósofo Aristóteles interessou-se pelos fatores associados à persuasão ou mudança de atitude. Na Retórica, Aristóteles descreve a relação entre persuasão e credibilidade: “A persuasão é obtida pelo caráter do orador, quando seu discur so é proferido de tal forma que lhe atribuímos credibilidade. Acreditamos nos homens bons mais completa e prontamente do que nos demais.” Aristóteles ar gumentaria, então, que tendemos a ser mais persuadidos pelo orador que pare ce terprestígio, digno de confiança e respeitável do que por alguém que não tem tais qualidades. Muitos de nós poderíamos aceitar os argumentos de Aristóteles simples mente porque ele é considerado uma “autoridade" de prestígio, cujas obras con tinuam sendo importantes. Da mesma forma, muitas pessoas estão prontas para aceitar qualquer coisa vinda dos jornais, dos livros, dos governantes ou de figu ras religiosas. Acreditam que as declarações de tais autoridades devem ser ver dadeiras. 0 problema, naturalmente, é que as declarações podem não ser verda deiras. A abordagem científica rejeita a noção de que se pode aceitar, na base da fé, as declarações de qualquer autoridade; novamente, mais provas são necessá rias para que se tire uma conclusão científica. Ceticismo, Ciência e Abordagem Empírica A abordagem científica ao conhecimento reconhece que tanto a autoridade quanto a intuição são fontes de idéias sobre o comportamento. No entanto, os cientistas não aceitam sem questionar a intuição de alguém, nem mesmo a de les próprios. Eles reconhecem que suas idéias podem estar erradas, assim como as de outra pessoa qualquer. Também não aceitam, com base em crença, os pronunciamentos de uma pessoa, independentemente do prestígio e da autori dade que ela tenha. Portanto, são muito céticos em relação ao que vêem ou ouvem. Insistem na utilização de métodos científicos para avaliar afirmações sobre a natureza do comportamento. A essência do método científico consiste na insistência de que todas as pro posições sejam submetidas a um teste empírico, ou seja, que as proposições sejam testadas pelos métodos científicos da observação e da experimentação. Essa abordagem empírica do conhecimento tem dois componentes básicos. Pri meiro, uma idéia precisa ser estudada sob condições que admitam confirmação ou refutação. O teste empírico permite que a falsidade de uma proposição possa ser mostrada. Segundo, a pesquisa é realizada de maneira que possa ser obser vada, avaliada e replicada por outros. Portanto, o método científico, em contraste com a autoridade e a intuição, não confia nas afirmações feitas por alguém ou na própria percepção do mün- 20 M é io d o s de P esquisa em C iências do C omportamento do. Engloba várias regras para testar idéias por meio de pesquisas - ou seja, regras que orientam a maneira pela qual as observações são feitas e os experi mentos são elaborados e realizados. Essas regras serão minuciosamente exami nadas no decorrer deste livro. Integrando Intuição, Ceticismo e Autoridade A vantagem do método científico sobre as demais formas de conhecimento do mundo consiste na apresentação de um conjunto objetivo de regras para coletar, avaliar e relatar informações, de tal forma que nossas idéias possam ser refutadas ou replicadas por outras pessoas. No entanto, isso não significa que intuição e autoridade não sejam importantes. Como vimos anteriormente, os cientistas freqüentemente utilizam a intuição e as afirmações de autoridades como fontes de idéias para suas pesquisas. Além disso, não há nada de errado em aceitar as afirmações de uma autoridade, desde que estas não sejam aceitas como evidências científicas. Freqüentemente, não é possível obter evidências científicas em relação a algumas questões, como ocorre, por exemplo, quando as religiões nos pedem que aceitemos certos princípios com base em fé. Algumas crenças não podem ser testadas e, assim, estão além do domínio da ciência. Em contraste, as idéias científicas devem ser passíveis de teste - é preciso que haja algum modo de verificá-las ou refutá-las. Também não é errado ter opiniões ou crenças, desde que elas sejam apre sentadas simplesmente como opiniões ou crenças. No entanto, sempre devería mos perguntar se uma opinião pode ser testada cientificamente ou se está fun damentada em evidências científicas. Por exemplo, opiniões a respeito do au mento da agressão como decorrência da exposição à violência na televisão são apenas opiniões até que se obtenham evidências científicas sobre o assunto. Quanto mais o leitor aprender sobre o método científico, mais cético se tornará quanto às afirmações dos cientistas. Os cientistas freqüentemente tor- nam-se autoridades ao expressar suas idéias. Será que devemos estar mais dispostos a aceitar o que uma pessoa tem a dizer se ela reivindicar a condição de cientista? A resposta depende da apresentação de dados científicos pelo cientista para sustentar suas afirmações. Na ausência dessas evidências, o cientista não se distingue das demais autoridades; se apresentar evidências científicas, iremos avaliar o método usado para obtê-las. Também existem mui tos “pseudocientistas”, que usam termos científicos para substanciar suas afir mações (por exemplo, astrólogos ou divulgadores da Nova Era). Uma regra geral a ser seguida é ser extremamente céptico sempre que alguém, que se diz cientista, fizer afirmações que são sustentadas apenas por evidências vagas ou improváveis. E studo C ientífico do C om po rtam ento 2 1 OBJETIVOS DA CIÊNCIA O método científico tem quatro objetivos gerais: (1) descrever, (2) predizer, (3) determinar as causas e (4) compreender ou explicar o comportamento. Descrição do Comportamento O cientista começa fazendo uma observação cuidadosa, porque o primeiro objetivo da ciência é descrever eventos. Cunningham e seus colaboradores exa minaram julgamentos de atratividade física ao longo do tempo (Cunningham; Druen; Barbee, 1997). Em 1976, estudantes universitários do sexo masculino avaliaram a atratividade de um grande número de mulheres por meio de foto grafias. Em 1993, outro grupo de estudantes avaliou as mesmas fotografias. Os julgamentos de atratividade foram praticamente idênticos; os padrões de atratividade mudaram muito pouco ao longo do período de tempo considerado. Em outro estudo, Cunningham comparou as características faciais de estrelas de cinema nas décadas de 1930 e 1940 com as de estrelas de cinema na década de 1990. As medidas tomadas incluíam características como altura e largura dos olhos, comprimento do nariz, proeminência do osso malar e amplitude do sorriso. Essas características faciais apresentaram-se muito semelhantes nos dois períodos de tempo considerados, novamente indicando constância dos padrões de atratividade no tempo. Os pesquisadores freqüentemente estão interessados em descrever a ma neira pela qual os eventos estão sistematicamente relacionados uns aos outros. Jurados julgam réus atraentes com menor severidade do que réus pouco atraen tes? As pessoas são mais facilmente persuadidas por locutores de alta credibili dade? Estudantes que estudam com a televisão ligada têm notas mais baixas em comparação com os que estudam em ambiente calmo? Predição do Comportamento Outro objetivo da ciência é prever o comportamento. Tendo observado com alguma regularidade que dois eventos estão sistematicamente relacionados (por exemplo, maior credibilidade está associada com maior mudança de atitude), torna-se possível fazer previsões. Uma implicação daí decorrente é a possibilida de de antecipar eventos. Se soubermos que um candidato numa eleição é consi derado mais crível que outro, seremos capazes de prever o resultado da eleição. Além disso, a capacidade para prever ajuda-nos a tomar decisões melhores. Por exemplo, muitos estudantes universitários respondem a inventários de interesse ocupacional, como por exemplo o Inventário de Interesse Strong-Campbell, no 22 M étodos de P esquisa em C iências d o C omportamento serviço de aconselhamento da universidade, porque se acredita que possam to mar decisões melhores, sobre possíveis objetivos de carreira e escolha de uma área de interesse principal, com base nos escores obtidos. Determinação das Causas do Comportamento Um terceiro objetivo da ciência é determinar as causas do comportamento. Embora possamos predizer acuradamente a ocorrência de um comportamento, talvez não consigamos identificar corretamentesuas causas. Por exemplo, esco res em testes de aptidão não causam notas escolares. O teste de aptidão é um indicador de outros fatores que são as verdadeiras causas; podem ser realizadas pesquisas para estudar esses fatores. Da mesma forma, pesquisas tem mostrado que é possível prever o comportamento agressivo de uma criança conhecendo-se o grau de violência a que ela está exposta diante da televisão. Infelizmente, a menos que saibamos que a exposição a essa violência seja uma causa do com portamento, não poderemos afirmar que o comportamento agressivo será redu zido limitando-se a exposição de cenas de violência na televisão. Portanto, para saber como modificar o comportamento precisamos conhecer suas causas* Explicação do Comportamento A ciência tem como objetivo último explicar os eventos que foram descri tos. O cientista procura entender por que o comportamento ocorre. Considere a relação entre violência na televisão e agressão; mesmo sabendo que a violência na TV é uma causa da agressividade, precisamos explicar essa relação. Ela é devida a imitação ou “modelação” da violência vista na TV? Resulta de uma dessensibilização psicológica em relação à violência e a seus efeitos ou ver vio lência na TV gera a crença de que a agressão é uma resposta normal à frustra ção e ao conflito? Pesquisas adicionais são necessárias para esclarecer as expli cações possíveis sobre o que foi observado. Em geral, pesquisas adicionais são realizadas para testar teorias desenvolvidas para explicar comportamentos par ticulares. Descrição, predição, determinação da causa e explicação estão fortemente interligadas. Determinação da causa e explicação do comportamento estão par ticularmente imbricadas porque é difícil conhecer a verdadeira causa ou todas as causas de qualquer comportamento. Uma explicação que parece satisfatória pode tornar-se inadequada quando outras causas são identificadas em pesqui sas subseqüentes. Por exemplo, quando a pesquisa inicial mostrou que a credibi lidade do orador estava relacionada com mudança de atitude, os pesquisadores explicaram a descoberta afirmando que as pessoas estão mais dispostas a acre E studo C ientífico do C o m portam ento 2 3 ditar no que é dito por pessoas de alta credibilidade do que por pessoas de baixa credibilidade. No entanto, essa explicação deu lugar a uma teoria mais comple xa sobre mudança de atitude, levando em conta muitos outros fatores relacio nados à persuasão (Petty; Cacioppo, 1986). Em resumo, há certa ambigüidade no empreendimento da investigação científica. Novas descobertas de pesquisa quase sempre suscitam novas questões, que, por sua vez, demandam mais pes quisa; explicações do comportamento freqüentemente precisam ser descartadas ou revistas diante de evidências adicionais. Tal ambigüidade é parte do prazer e do entusiasmo em se fazer ciência. PESQUISA BÁSICA E APLICADA Pesquisa Básica A pesquisa básica visa responder a questões fundamentais sobre a nature za do comportamento. Os estudos são freqüentemente planejados para exami nar questões teóricas relativas a fenômenos como cognição, emoção, aprendi zagem, motivação, psicobiologia, desenvolvimento da personalidade e compor tamento social. O leitor encontrará a seguir as citações de alguns artigos de periódicos que ilustram algumas questões de pesquisa básica: GOFFMAN, L.; SMITH, A. (1999). Development and phonetic differentiation of speech movement pattems. Journal of Experimental Psychology: human perception and performance, 25, p. 649-660,1999. Os pesquisadores mediram cuidadosamente os movimentos de fala feitos por crianças de quatro anos, de sete anos e de adultos durante as mesmas emis sões orais. Constataram que os movimentos tomaram-se mais estáveis com a maturidade. JQNES, J. R.; MOORE, J. Some effects of intertrial - interval duration on discrete - trial choice. Journal of Experimental Analysis ofBehavior, 71, p. 375-394, 1999. Num experimento de escolha, pombos estolhiam uma de duas respostas possíveis em cada tentativa, sendo as escolhas corretas reforçadas. O intervalo de tempo entre as tentativas foi sistematicamente manipulado, variando de 0 a 120 segundos. Intervalos maiores entre tentativas reduziram a probabilidade de acontecerem escolhas reforçadas. McBRIDE, D. M.; DOSHER, B. A. Forgetting rates are comparable in conscious and auto- matic memory: a process - dissociation study. Journal of Experimental Psychology: leaming, memory, and cognirion, 25, p. 583-607,1999. _____________________ 2 4 M étodos de P esquisa em C iências do C omportamento Os pesquisadores estudaram a memória que é processada conscientemente com esforço e a memória que é usada automaticamente sem consciência. Os dois tipos de memória apresentaram taxas similares de esquecimento. O’BRIEN, M. ; CHIN, C. The relationship between children’s reported exposure to interparental conflict and memory biases in the recognition of aggressive and constructive conflict words. Personality and Social Psychology Bulletin, 24, p. 657-666, 1998. Crianças de sete a doze anos ouviram uma fita em que havia pais discutin do. Num teste subseqüente de memória sobre o que havia sido dito durante a discussão, crianças mais velhas expostas a muito conflito entre os próprios pais apresentaram muitas respostas “positivas falsas” - recordaram muitas coisas ditas na discussão que de fato não estavam lá. Pesquisa Aplicada Os artigos de pesquisa citados anteriormente referiam-se a processos bási cos de comportamento e cognição mais do que a implicações práticas imediatas. Em contraste, a pesquisa aplicada é realizada com o objetivo de examinar ques tões relativas a problemas práticos e suas potenciais soluções. Como ilustração, segue uma listagem de títulos de artigos publicados em periódicos científicos: DUGAN, S.; LLOYD, B.; LUCAS, K. Stress and coping as determinants of adolescent smoking behavior. Journal of Applied Social Psychology, 29, p. 870-888, 1999. Entre adolescentes, o consumo de cigarro está associado à percepção de que a vida é repleta de estresse e de que fumar ajuda a enfrentá-lo. KOVERA, M. B.; McAULIFF, B. D.; HEBERT, K. S. Reasoning about scientific evidence: effects of juror gender and evidence quality on juror decisions in a hostile work environment case. Journal of Applied Psychology, 84, p. 362-375,1999- Jurados de sexo masculino que ouviram o testemunho de um perito apre sentaram maior tendência a considerar o réu responsável em comparação com homens que não ouviram o testemunho do perito. Mulheres não foram influen ciadas pelo testemunho do perito. A qualidade da evidência apresentada não teve influência sobre os jurados. McGUIRE, M. T.; WING, R. R.; KLEM, M. L., LANG, W.; HILL, J. O. What predicts weight regain in a group of successful weight losers? Journal of Consulting and Clinical Psychology, p. 67,177-185,1999. Os participantes eram pessoas que completaram, com sucesso, um progra ma de perda de peso; alguns mantiveram a perda de peso e outros ganharam E studo C ientífico do C om portam ento 2 5 peso. Neste último grupo havia pessoas mais propensas a ter perda inicial de maior porcentagem de peso corporal e um histórico de depressão e bulimia. Scott, D. Equal opportunity, unequal results: determinants of house hold recyding intensity. Environment and Behavior, 31, p. 267-290,1999. Examinou-se a participação de mais de 600 moradores de quatro comuni dades em programas idênticos de reciclagem de lixo. Indivíduos comprometidos, em comparação com indivíduos menos ativos, acreditavam fortemente que o lixo constituía um problema ambiental e que a reciclagem era uma solução efetiva. Uma área importante de pesquisa aplicada denomina-se avaliação de progra mas. Pesquisas de avaliação de programas avaliam reformas sociais e inovações introduzidas no governo, na educação, no sistema judiciário, na indústria, na assistência à saúde e em instituições de saúde mental. Num artigo influente sobre“reformas como experimentos”, Campbell (1969) salientou que os programas so ciais são de fato experimentos planejados para atingir certos resultados. Argu mentou de forma persuasiva que os cientistas sociais deveriam avaliar cada pro grama, para determinar se obteve os efeitos pretendidos. Se não, programas alter nativos deveriam ser implantados. Esse é um ponto importante, freqüentemente esquecido por pessoas em diferentes organizações quando novas idéias são colo cadas em prática; a abordagem científica determina que novos programas devem ser avaliados. Como exemplo apresentamos dois títulos de artigos publicados em periódicos especializados e que tratam da avaliação de programas: GROSSMAN, J. B.; TIERNEY, J. P. Does mentoring work? An impact study of the Big Brothers Big sisters program. Evaluation Review, 22, p. 403-426, 1998. Os pesquisadores compararam jovens que haviam sido randomicamente designados para participar do programa Grandes Irmãos Grandes Irmãs com jovens que não foram designados. Durante um período de 18 meses, os partici pantes do programa apresentaram menor probabilidade de usar drogas e álcool, comportar-se agressivamente e fugir da escola. SANDERS, L. M.; TRINH, C.; SIIERMAN, B. R,; BANKS, S. M. Assessment of client satisfaction in a peer counseling substance abuse treatment program for pregnani and postpartum women. Evaluation and Program Planning, 21, p. 287-296, 1998. Avaliou-se a satisfação das participantes de um programa voltado para usuárias de drogas por meio de medidas quantitativas e qualitativas. A satisfa ção foi mais alta entre os participantes mais velhos, que haviam utilizado maior número de serviços e que permaneceram mais tempo no programa. Muitas pesquisas aplicadas são realizadas por grandes empresas, compa nhias de pesquisa de mercado, agências governamentais e agências que reálí- 2 6 M é to d o s de P e s q u isa em C iên c ia s d o C o m p o r t a m e n to zam pesquisas de opinião pública, e seus resultados não são publicados, sendo utilizados internamente na empresa ou por seus clientes. Independentemente de os resultados serem ou não publicados, no entanto, eles são usados para ajudar pessoas a tomar decisões melhores com relação a problemas que reque rem ação imediata. Comparação entre Pesquisa Básica e Aplicada Tanto a pesquisa básica quanto a pesquisa aplicada são importantes e ne nhuma delas pode ser considerada superior à outra. De fato, o progresso da ciência depende de sinergia entre pesquisa básica e aplicada. Muitas pesquisas aplicadas são orientadas por teorias e descobertas de pesquisas básicas. Por exem plo, a pesquisa aplicada sobre depoimento de peritos durante julgamentos é guia da por pesquisas básicas de percepção e cognição. Por sua vez, as descobertas obtidas em contextos de aplicação freqüentemente requerem modificações das teorias existentes e estimulam o desenvolvimento da pesquisa básica. Assim, o estudo do depoimento de testemunhas oculares reais leva a conhecimentos mais ricos e acurados sobre processos básicos de percepção e cognição. Recentemente, muitas pessoas, incluindo legisladores que controlam os or çamentos de agências governamentais de fomento a pesquisa, têm exigido a realização de pesquisas diretamente relevantes para questões sociais específicas. O problema com essa atitude em relação à pesquisa é que não conseguimos prever totalmente as aplicações da pesquisa básica. O psicólogo B. F. Skinner, por exemplo, realizou pesquisas básicas, na década de 1930, a respeito de condicio namento operante, em que descreveu cuidadosamente os efeitos do reforçamento sobre comportamentos como o de pressão à barra em ratos. Anos mais tarde, essas pesquisas permitiram muitas aplicações práticas em terapia, educação e psicologia aplicada à indústria. Pesquisas sem valor aparente de aplicação práti ca podem, em última análise, revelar-se úteis. O fato de ninguém conseguir prever o impacto último da pesquisa básica leva-nos à conclusão de que o finan ciamento para a pesquisa básica é necessário, tanto para o avanço da ciência como para o benefício da sociedade. A pesquisa comportamental é importante em muitos campos e tem aplica ções relevantes para políticas públicas. Este capítulo introdutório colocou o lei tor em contato com os principais objetivos e tipos gerais de pesquisas. Todos os pesquisadores, independentemente de estarem interessados em pesquisa básica, aplicada ou de avaliação de programas, usam o método científico. Os temas e conceitos deste capítulo serão desenvolvidos no decorrer deste livro. Eles forne cerão a base que lhe permitirá avaliar as pesquisas de outras pessoas e também planejar seus próprios projetos de pesquisa. E s tu d o C ie n tíf ic o d o C o m p o rta m e n to 2 7 Este capítulo enfatizou o ceticismo dos cientistas em relação ao que existe de verdadeiro no mundo e sua insistência no teste empírico das proposições. Nos dois capítulos seguintes, focalizaremos duas outras características dos cientis tas. Primeiro, eles têm uma intensa curiosidade em relação ao mundo e encon tram inspiração para suas idéias em muitos lugares. Segundo, eles têm princí pios éticos sólidos; estão comprometidos a tratar com respeito e dignidade aque les que participam de investigações científicas, Termos Estudados__ __ ________ ______________________ Autoridade Ceticism o Intuição Objetivos da Ciência Pesquisa Aplicada Pesquisa Básica Teste Empírico Questões de Revisão ______ ___________________________ 1. Por que é importante para qualquer pessoa conhecer métodos de pesquisa? 2. Por que o ceticism o científico prom ove nosso conhecim ento sobre o com portam ento? Em que a abordagem científica difere de outras form as de conhecer com portam ento? 3. Diferencie descrição, predição, determinação causal e explicação como ob jetivos da pesquisa científica. 4. Diferencie pesquisa básica de pesquisa aplicada. Atividades ___________________________________________________ :__ ____________ ______ ______ _ 1. Leia alguns editoriais em seu jornal diário e identifique as fontes usadas como suporte às afirmativas e conclusões. Os jornalistas utilizaram intui ção, apelo à autoridade, evidência científica ou uma combinação de todos esses recursos? Dê exemplos específicos. 2. Suponha que você esteja interessado em estudar depressão. O que deveria fazer para atingir seu objetivo de descrever, predizer, compreender as cau sas e explicar a depressão? 2 8 M étodos de P esquisa em C iências do C omportamento 3. Imagine um debate a respeito da seguinte afirmação: Cientistas compor- tamentais só deveriam realizar pesquisas que tenham aplicação prática imediata. Desenvolva argumentos favoráveis (pró) e contrários (contra) a essa afirmação. 4. Imagine um debate a respeito da seguinte afirmação: O conhecimento de metodologia de pesquisa é desnecessário para estudantes que pretendem ser psicólogos clínicos. Desenvolva argumentos favoráveis (pró) e contrá rios (contra) a essa afirmação. 2 Ponto de Partida / ? Hipóteses e Predições C Participantes: Uma Nota sobre Terminologia e Fontes de Idéias Senso Comum f Observação do Mundo a Nosso Re dor Teorias Pesquisas Anteriores Problemas Práticos f Pesquisa Bibliográfica Natureza dos Periódicos Resumos em Psicologia Pesquisa no PsycINFO índice de Citações em Ciências So ciais Revisões de Literatura Outras Fontes de Busca Eletrônica Anatomia de um Artigo de Pes quisa Resumo Introdução Método Resultados Discussão Termos E studados Questões de Revisão Atividades A motivação para realizar pesquisas científicas deriva de uma curiosidade natural a respeito do mundo. Muitas pessoas têm sua primeira experiência com pesquisa quando sua curiosidade as leva a perguntar “Eu gostaria de saber o que aconteceria se...” ou “Eu gostaria de saber por que...” seguida de uma tentativa de responder à pergunta. Quais são as fontes de inspiração para essas perguntas e de que forma podemosdescobrir o que outras pessoas já pen saram a respeito? Este capítulo trata de algumas fontes de idéias científicas. Considera também a natureza dos relatos de pesquisa publicados em periódicos profissionais. HIPÓTESES E PREDIÇÕES A maioria das pesquisas procura testar uma hipótese formulada pelo pes quisador. Uma hipótese na realidade é um tipo de idéia ou pergunta. Ela afirma algo que pode ser verdadeiro. Uma hipótese, no entanto, é somente uma pergun ta ou idéia preliminar, à espera de evidências favoráveis ou contrárias. Algumas vezes, as perguntas são muito gerais ou informais. Por exemplo, Geller, Russ e Altomari (1986) tinham perguntas gerais sobre o consumo de cerveja entre es tudantes universitários: Quanta cerveja eles consomem num período médio de permanência num bar da universidade? Qual é o tempo de permanência? Há diferenças sexuais no comportamento de beber? Os pesquisadores desenvolve ram um procedimento para coletar dados que respondessem às perguntas que tinham em mente. Problemas de pesquisa formulados dessa forma são hipóteses informais ou simplesmente perguntas sobre o comportamento. As hipóteses são freqüentemente formuladas em termos mais específicos e formais. Em geral, essas hipóteses formais afirmam a existência de relação entre duas ou mais variáveis. Assim, os pesquisadores poderiam formular hipóteses tais como “aglomeração resulta em baixo desempenho em tarefas cognitivas” ou “prestar atenção a um número maior de características de algo a ser apren dido resultará em maior memorização”. A formulação dessas hipóteses baseia- se nos resultados de pesquisas anteriores e em considerações teóricas. O pesqui sador irá, então, planejar um estudo para testar as hipóteses. No exemplo da aglomeração, ele pode colocar um grupo de participantes da pesquisa numa sala com muitas pessoas e outro grupo numa sala com poucas pessoas, para realizar uma série de tarefas e, então, observar seu desempenho. Nesse ponto, ele pode fazer uma predição específica sobre o resultado des se experimento. No caso do exemplo, pode predizer que “os participantes testa dos na condição de não-aglomeração terão melhor desempenho do que aqueles testados na condição de aglomeração”. Se os resultados do estudo confirmarem essa predição, a hipótese ganhará apoio. Se não confirmarem, o pesquisador irá P onto de P artida 3 1 rejeitar a hipótese (e acreditar que aglomeração não causa baixo desempenho) ou realizar uma pesquisa adicional usando métodos diferentes para testar a hipótese. É importante notar que a confirmação de uma predição pelos resulta dos de um estudo constitui suporte para a hipótese, mas não constitui prova . A mesma hipótese pode ser testada por diferentes métodos, e cada vez que os resul tados de uma pesquisa apóiam uma hipótese aumenta nossa confiança de que ela seja correta. PARTICIPANTES DE UM ESTUDO: UMA NOTA SOBRE TERMINOLOGIA Usamos o termo p a r tic ip a n te s para referir-nos aos indivíduos que parti cipam de projetos de pesquisa. Um termo equivalente utilizado na pesquisa psicológica é su je ito s . O Manuai de P u blicação da Associação Psicológica Ame ricana (APA, 1994) recomenda o termo p a r tic ip a n te s quando a pesquisa em psicologia é realizada com seres humanos. O leitor encontrará ambos os ter mos ao 1er relatos de pesquisas e também no decorrer de sua leitura deste livro. Poderá ainda encontrar os termos respon den tes e in form an tes. No caso de levantamentos fala-se em geral em respon den tes. In form an tes são as pes soas que ajudam os pesquisadores a compreender a dinâmica de ambientes culturais ou organizacionais particulares - esse termo originou-se em pes quisas antropológicas e sociológicas e agora está sendo usado também por psicólogos. FONTES DE IDÉIAS Não é fácil dizer de onde vêm as boas idéias. Muitas pessoas têm idéias valiosas, embora tenham dificuldade em descrever o processo pelo qual chega ram a elas. Os cartunistas sabem disso: costumam representar uma idéia bri lhante por uma lâmpada que acende sobre a cabeça de uma pessoa -, mas de onde vem a eletricidade? Vamos considerar cinco fontes de idéias: o senso co mum, a observação do mundo a nosso redor, as teorias, as pesquisas anteriores e os problemas práticos. Senso Comum Uma fonte de idéias que podem ser testadas é o corpo de conhecimento denominado senso comum - as coisas que consideramos verdadeiras. E verdade que “os opostos se atraem” ou “são as pessoas parecidas que se atraem?” “Os pais que não batem estragam as crianças”? “Uma imagem vale mais que mil 3 2 M étodos de P esquisa em C iências do C omportamento palavras?” A busca de respostas a perguntas como essas pode levar à criação de programas de pesquisa para estudar atração interpessoal, efeitos de punição e papel de imagens visuais na aprendizagem e na memória. Testar uma idéia de senso comum pode ser útil porque essas noções nem sempre são corretas ou a pesquisa pode mostrar que o mundo real é muito mais complicado do que as idéias do senso comum levam a supor. Por exemplo, ima gens podem favorecer a memorização em certas circunstâncias, mas algumas vezes atrapalham a aprendizagem (veja Levin, 1983). A realização de pesquisas para testar idéias do senso comum freqüentemente nos força a ir além de uma teoria do comportamento de senso comum. Observação do Mundo a Nosso Redor Observações de eventos pessoais e sociais podem fornecer muitas idéias para pesquisa. A curiosidade despertada por suas observações e experiências pode levar você a formular perguntas sobre fenômenos de todo tipo. De fato, essa curiosidade motiva muitos estudantes a engajar-se em seu primeiro projeto de pesquisa. Você já teve a experiência de guardar alguma coisa num “lugar especial” (onde ninguém iria mexer) e descobrir depois que não consegue lembrar o lo cal? Uma experiência desse tipo poderia sugerir uma pesquisa sistemática para verificar se é uma boa idéia guardar coisas em lugares especiais. De fato, Winograd e Soloway (1986) realizaram uma série de experimentos exatamente sobre esse assunto. Sua pesquisa demonstrou que as pessoas tendem a esquecer onde colo caram alguma coisa em duas condições: (1) consideram o local pouco provável para o objeto em questão e (2) consideram óbvia a memorização do local. Assim guardar coisas em lugares incomuns geralmente é má idéia, embora num dado momento possa parecer o contrário. Um exemplo mais recente demonstra a diversidade de idéias possíveis gera das pela curiosidade a respeito das coisas que acontecem a nossa volta. De al guns anos para cá, tem havido muita controvérsia em relação aos efeitos das letras de certas músicas de rock e rap, temendo-se que possam promover pro miscuidade sexual, uso de drogas e violência. Alguns grupos, como o Centro de Pais para Avaliação Musical (Parent’s Music Resource Center, PMRC), gostariam de censurar as letras de músicas e persuadir as gravadoras a colocar rótulos de alerta em CDs de rock. Em congressos tem havido apresentações de trabalhos sobre esse assunto. Alguns pesquisadores decidiram realizar pesquisas para exa minar questões colocadas por essa controvérsia. Fried (1999) sugeriu que a rea ção negativa ao rap em particular pode surgir em virtude de sua associação com a música negra. Para testar essa idéia, Fried pediu aos participantes que lessem P on to dk P artida 3 3 a letra de uma música popular intitulada “Engano de um homem perverso”, que tem um tema violento. Descreveu a música ora como rap, ora como country para os participantes. Embora evidentemente não se tratasse de rap, os partici pantes tiveram uma reação mais negativa à letra quando esta havia sido descri ta como rap do que quando havia sido descrita como música country. O mundo a nossa volta é uma rica fonte de material para a investigação científica. Durante o período em que ministrou aulas no Brasil, há alguns anos, o psicólogo Robert Levine observou que os estudantes brasileiros erammuito mais displicentes em relação a horário que seus colegas norte-americanos, che gando após o início da aula e saindo mais cedo. Essa observação levou-o a ini ciar um estudo sobre o ritmo de vida em diferentes cidades dos EUA e em dife rentes países (Levine, 1990). Pesquisas como essas ilustram um aspecto enfatizado no Capítulo 1: Opiniões e experiências pessoais fornecem idéias sobre o compor tamento, mas o pensamento científico requer que as idéias sejam testadas por meio de pesquisas. Finalmente, é preciso mencionar o papel da descoberta acidental - algumas vezes as descobertas mais importantes são feitas sem planejamento ou por pura sorte. Ivan Pavlov é muito conhecido por sua descoberta do que é chamado con dicionamento clássico - se um estímulo neutro (como um som) for repetida mente emparelhado com um estímulo incondicionado (alimento), que produz uma resposta reflexa (salivação), irá finalmente produzir a resposta, quando apresentado sozinho. Pavlov não tinha a intenção de descobrir o reflexo condi cionado. Na verdade, estava estudando o sistema digestivo de cães, medindo sua salivação quando recebiam alimento. Descobriu acidentalmente que os cães sa livavam antes da alimentação real e, então, passou a estudar como os estímulos que antecediam a alimentação podiam produzir uma resposta salivar. Só é pos sível fazer descobertas acidentais desse tipo quando se vê o mundo com olhos curiosos.1 Teorias Muitas pesquisas nas ciências do comportamento testam teorias compor- tamentais. As teorias têm duas funções importantes para aumentar nossa com 1 No Capítulo 10 de Salomon (2000), intitulado Problema e serendipidade: a aventura da aleatoriedade em busca de outra resposta, a expressão descoberta acidenlal é definida tecnicamente como serendipidade (serendipity) . Salomon, D. V A maravilhosa incerteza: pensar, pesquisar e criar. São Paulo; Martins Fontes, 2000. No Capítulo 9 de Rosenberg (1976), serendipity foi traduzida como achado casual. Rosenberg, M. A lógica da análise do levantamento de dados. São Paulo: Cultrix; Edusp. 1976 (NT). 3 4 M étodos df. P esquisa em C iências do C om portam ento preensão do comportamento. Em primeiro lugar, organizam e explicam uma di versidade de fatos específicos ou descrições comportamentais. Esses fatos ou descrições não são significativos em si e há necessidade de um referencial teóri co para estruturá-los. Esse referencial teórico toma o mundo mais compreensí vel, fornecendo alguns conceitos abstratos em tomo dos quais podemos organi zar e explicar uma diversidade de comportamentos. A título de exemplo, consi dere como a Teoria da Evolução de Charles Darwin organizou e explicou uma variedade de fatos sobre as características de espécies animais. Da mesma for ma, em psicologia, uma teoria de memória afirma que há sistemas separados para a memória de curto prazo e para a memória de longo prazo. Essa teoria explica várias observações específicas sobre aprendizagem e memória, incluin do fenômenos como os diferentes tipos de deficiências de memória resultantes de uma pancada na cabeça versus lesão da área cerebral do hipocampo e a taxa de esquecimento de um material que a pessoa acabou de ler. Em segundo lugar, as teorias geram conhecimentos novos, dirigindo nosso pensamento para aspectos novos do comportamento - as teorias guiam nossas observações do mundo. A teoria gera hipóteses sobre o comportamento e o pes quisador realiza estudos para verificar se elas são corretas. Se os estudos con firmarem a hipótese, a teoria ganha suporte. À medida que se acumulam evidências consistentes com a teoria, aumenta nossa confiança de que a teoria é correta. No entanto, a pesquisa também pode revelar fraquezas numa teoria e forçar os pesquisadores a modificá-la ou desenvolver uma teoria nova, mais abrangente. A teoria evolucionária continua ajudando os psicólogos a gerar hipóteses (por exemplo, Buss; Schmitt, 1993; Simpson; Kenrick, 1997). Por exemplo, a teoria evolucionária afirma que homens e mulheres têm estratégias reprodutivas diferentes. Todos os indivíduos têm interesse evolucionário em transmitir seus genes para as gerações futuras. No entanto, as mulheres têm relativamente poucas oportunidades de reproduzir, pois seu período reprodutivo é limitado pela idade, e elas precisam dedicar enorme quantidade de tempo e energia a cuidar dos filhos. Os homens, por sua vez, podem reproduzir a qualquer tempo e têm uma vantagem reprodutiva em relação à mulher, produzindo tantos filhos quanto possível. Em função dessas diferenças, a teoria prediz que homens e mulheres usarão critérios diferentes para selecionar parceiros. Mulheres estarão mais in teressadas em homens que forneçam apoio no cuidado das crianças - aqueles superiores em sta tu s, recursos econômicos e dominância. Homens escolherão mulheres mais jovens, saudáveis e atraentes fisicamente. Pesquisas realizadas com diferentes culturas dão suporte a essas predições (Buss, 1989). Embora as pesquisas apóiem a teoria evolucionária, é possível que sejam desenvolvidas teo rias alternativas que expliquem melhor os mesmos resultados - as teorias são vivas e dinâmicas. Eagly e Wood (1999) interpretaram a pesquisa de Buss em termos de estrutura social. Eles argumentaram que diferenças de gênero resul P on to de P artida 3 5 tam da existência de diferenças na divisão de trabalho entre homens e mulheres na maioria das culturas - os homens são responsáveis pelo bem-estar econômi co da família e as mulheres, pelo cuidado das crianças - e essas diferenças expli cam as diferenças de gênero existentes na seleção de parceiros sexuais. As pes quisas sobre esse excitante assunto continuam. As teorias costumam ser modificadas à medida que novas pesquisas defi nem seu alcance. A teoria da memória de curto prazo versus memória de longo prazo, mencionada anteriormente, ilustra a necessidade de modificar as teorias. A concepção original do sistema dc memória de longo prazo descreveu essa memória como um depósito de memórias permanentes fixas. No entanto, as pesquisas dos psicólogos cognitivistas, como Loftus (1979), mostraram que as memórias são facilmente reconstruídas e rcinterpretadas. Num estudo, os parti cipantes assistiram a um filme sobre um acidente automobilístico e, mais tarde, deviam relatar o que viram. Loftus verificou que a memória dos participantes foi influenciada pela maneira com que foram questionados. Por exemplo, a proba bilidade de respostas afirmativas foi maior quando se perguntava se o partici pante havia visto “o” farol dianteiro quebrado em vez de se havia visto “um” farol dianteiro quebrado. Resultados como esse têm requerido uma teoria mais com plexa sobre a forma de operação da memória de longo prazo. Pesquisas Anteriores Uma quarta fonte de idéias são as pesquisas anteriores. A familiarização com um corpo de pesquisa sobre um assunto talvez seja a melhor forma de gerar idéias para novas pesquisas. Praticamente qualquer estudo coloca ques tões para pesquisas subseqüentes. A pesquisa pode suscitar uma tentativa de aplicação dos resultados numa situação diferente, estudando-se o assunto com um grupo de outra faixa etária ou aplicando outra metodologia para replicar os resultados. O estudo de Geller et al. (1986) sobre consumo de cerveja mos trou que os estudantes bebem mais se compram canecas do que se compram garrafas. Mostrou também que homens bebem mais que mulheres, que estu dantes em grupo bebem mais que estudantes sozinhos e que mulheres ficam mais tempo no bar que homens. Os resultados desse estudo podem, por exem plo, gerar pesquisas sobre formas de reduzir o consumo excessivo de álcool por estudantes universitários. Além disso, à medida que você se familiarizar com a literatura de pesquisa sobre um assunto, poderá identificar inconsistências nos resultados que preci sam ser investigadas ou desejar estudar explicações alternativas para os resulta dos. Além disso, o que você sabe sobreuma área de pesquisa muitas vezes pode ser aplicado com sucesso em outra área. 3 6 M étodos de P esquisa em C iências do C omportamento Vamos examinar um exemplo concreto de pesquisa que foi planejada para estudar falhas metodológicas em pesquisas anteriores. O estudo dizia respeito a métodos para ajudar crianças diagnosticadas como autistas. O autismo in fantil caracteriza-se por vários sintomas, incluindo graves prejuízos da lingua gem e da capacidade de comunicação. Recentemente, pais e responsáveis pelo cuidado de crianças autistas depositaram esperança numa técnica denomina da comunicação facilitada que aparentemente permite a uma criança autista comunicar-se com outras pessoas pressionando teclas num teclado com letras e outros símbolos. Uma pessoa, denominada facilitador, segura a mão da cri ança para auxiliar o desenvolvimento da habilidade de realizar a tarefa. Com essa técnica, muitas crianças autistas começam a comunicar seus pensamen tos e sentimentos e a responder a perguntas que lhes são feitas. A maioria das pessoas que vê a comunicação facilitada em ação considera a técnica um avan ço milagroso. A conclusão de que a comunicação facilitada é efetiva baseia-se numa com paração da capacidade de comunicação da criança autista na presença e na ausência do facilitador. A diferença é notável para a maioria dos observadores. Lembre, no entanto, que os cientistas são céticos por natureza. Examinam todas as evidências cuidadosamente e questionam se as afirmações feitas são justificadas. No caso da comunicação facilitada, Montee, Miltenberger e Wittrock (1995) notaram que o facilitador pode guiar, não intencionalmente, os dedos da criança para digitar uma sentença significativa. Em outras palavras, o facilitador, e não o indivíduo autista, está controlando a comunicação. Montee et al. reali zaram um estudo para testar essa idéia. Numa condição, mostravam uma figu ra tanto para o facilitador quanto para a criança autista, pedindo a ela que indicasse o que a figura mostrava, digitando sua resposta com o facilitador. Isso foi feito durante várias tentativas. Em outra condição, somente a criança via as figuras. Numa terceira condição, a criança e o facilitador viam figuras diferen tes (mas o facilitador não sabia disso). Consistentemente com a hipótese de que o facilitador controlava as respostas da criança, as figuras só foram correta mente identificadas na condição em que ambos viram as mesmas figuras. No entanto, quando a criança e o facilitador viam figuras diferentes, a criança nun ca dava a resposta correta e em geral identificava a figura vista pelo facilitador. Problemas Práticos Problemas práticos com aplicações imediatas também estimulam pesqui sas. Grupos de planejamento urbano podem fazer um levantamento com ciclis tas para determinar a localização mais adequada para uma ciclovia, por exem plo. Numa escala maior, pesquisadores têm orientado políticas públicas reali zando pesquisas sobre os efeitos de exposição a materiais pornográficos, além P o n to df. P a r t i d a 3 7 de outros temas sociais e de saúde. Grande parte da pesquisa aplicada e de ava liação, descrita no Capítulo 1, aborda temas como esses. PESQUISA BIBLIOGRÁFICA Antes de dar início a qualquer projeto, o pesquisador precisa conhecer bem os resultados de pesquisas anteriores. Mesmo que a idéia básica já tenha sido formulada, uma revisão de estudos já realizados o ajudará a tornar a idéia mais clara e a planejar o estudo. Assim, é importante fazer uma revisão bibliográfica sobre um assunto e ler relatos de pesquisas em periódicos especializados. Nesta seção discutiremos somente o que é fundamental para a realização de uma pes quisa bibliográfica. Você poderá obter informações adicionais nas excelentes obras de referência de Reed e Baxter (1991) e Rosnow e Rosnow (1998) sobre realização de levantamentos bibliográficos em psicologia e preparação de arti gos de revisão, respectivamente. Natureza dos Periódicos Percorrendo o setor de periódicos de sua biblioteca, você deve ter encontra do enorme número de periódicos especializados. Neles os pesquisadores publi cam os resultados de suas investigações. Ao finalizar um projeto de pesquisa, é preciso redigir um relatório de pesquisa e submetê-lo ao editor de um periódico cientítico apropriado. O editor convida outros cientistas da mesma área para fazer a revisão e decide se irá aceitar o manuscrito para publicação. Como cada periódico tem um espaço limitado e recebe um número de artigos superior ao espaço disponível, a maioria dos trabalhos submetidos é rejeitada. Aqueles que são aceitos são publicados cerca de um ano depois. A maioria dos periódicos em Psicologia especializa-se em uma ou duas áreas de comportamento humano ou animal. Mesmo assim, o número de periódicos em muitas áreas é tão grande que é praticamente impossível ler todos. A Tabela 2.1 relaciona alguns dos principais periódicos em várias áreas da Psicologia.2 Evidentemente, seria difícil ler todos eles, mesmo numa única área de pesquisa em Psicologia, como aprendizagem e memória. Se você estiver procurando pes quisas sobre um assunto específico, pode ser impraticável examinar todos os números de todos os periódicos em que poderiam ser publicadas pesquisas rele vantes. Felizmente, não há necessidade de fazer isso. 2 A tabela relaciona principalmente periódicos norte-americanos, mas também alguns canadenses e ingleses. Em nosso meio, entre os periódicos especializados destacam-se (ver QUALIS da CAPES) Psicologia: Reflexão e Crítica, Psicologia: Teoria e Pesquisa e Estudos de Psicologia. (NT). 3 8 M é to d o s de P e s q u is a em C iên c ia s do C o m p o rta m e n to Tabela 2.1 Alguns dos principais periódicos em Psicologia. Gerais American Psychologist* (artigos gerais sobre diferentes assuntos) Contemporary Psychology* (resenhas de livros) Psychological Bulletin* (revisões de literatura) Psychological Review* (artigos leóricos) Psychological Science Psychological Methods* Current Directions in Psychological Science Áreas experimentais da Psicologia Journal of Experimental Psychology: General* Journal of Experimental Psychology: Applied* Journal of Experimental Psychology: Learning, Memory, and Cognition* Journal of Experimental Psychology: Human Perception and Performance* Journal of Experimental Psychology: Animal Behavior Processes* Journal of Comparative Psychology * Behavioral Neuroscience* Bulletin of the Psychonomic Society Learning and Motivation Memory and Cognition Cognitive Psychology Cognition Cognitive Science Discourse Processes Journal o f the Experimental Analysis of Behavior Animal Learning and Behavior Neuropsychology* Psicologia clínica e aconselhamento Journal o f Abnormal Psychology* Journal of Consulting and Clinical Psychology* Journal of Counseling Psychology* Behaviour Research and Therapy Journal of Clinical Psychology Behavior Therapy Journal of Abnormal Child Psychology Journal of Social and Clinical Psychology (Continuação) Tabela 2.1 Alguns dos principais periódicos em Psicologia, (continuação) Psicologia do desenvolvimento Developmental Psychology* Psychology and Aging* Child Development Journal of Experimental Child Psychology Journal of Applied Developmental Psychology Developmental Review Infant Behavior and Development Experimental Aging Research Merril-Palmer Quarterly Personalidade e Psicologia social Journal of Personality and Social Psychology* Personality and Social Psychology Bulletin Journal of Experimental Social Psychology Journal of Research in Personality Journal o f Social Issues Social Psychology Quarterly Journal o f Applied Social Psychology Basic and Applied Social Psychology Journal of Social and Personal Relationships Áreas aplicadas da Psicologia Journal o f Applied Psychology * Journal of Educational Psychology * Journal of Applied Behavior Analysis Health Psychology * Psychological Assessment* Psychology, Public Policy, and Law* Law and Human BehaviorEducational and Psychological Measurement American Education Research Journal Evaluation Review Evaluation and Program Planning Environment and Behavior Journal of Environmental Psychology Journal of Consumer Research Journal of Marketing Research 4 0 M étodos de P esquisa em C iências do C omportamento Tabela 2.1 Alguns dos principais periódicos em Psicologia. (continuação) Estudos sobre família e comportamento sexual Journal of Family Psychology* Journal of Marriage and the Family Journal of Marital and Family Therapy Journal of Sex Research Journal of Sex Behavior Journal of Homosexuality Etnia, gênero e questões interculturais Hispanic Journal of Behavioral Sciences Journal of Black Psychology Sex Roles Psychology of Women Quarterly Journal of Cross-Cultural Psychology Cultural Diversity and Ethnic Minority Psychology* Alguns periódicos canadenses e ingleses Canadian Journal of Psychology Canadian Journal of Behavioral Science British Journal of Psychology British Journal of Social and Clinical Psychology * Publicado pela Associação Psicológica Americana. Resumos em Psicologia A Associação Psicológica Americana (APA) começou a publicar resumos - Psychological Abstracts ou Psych Abstracts - em 1927. Até recentemente, os estu dantes faziam suas pesquisas bibliográficas manualmente, localizando os resu mos - breves sumários - dos artigos em psicologia e disciplinas afins que eram publicados mensalmente no Psych Abstracts. A APA ainda publica a versão im pressa do Psych Abstracts. No entanto, hoje as pessoas tendem a fazer suas pes quisas bibliográficas pelo computador, usando bases de dados que contêm os resumos. A base de dados da APA é chamada PsycINFO. Sua biblioteca provavel mente usa um de três sistemas de busca da base de dados PsycINFO. PsycLIT é uma versão em CD-ROM da base de dados que o leitor acessa num computador de sua biblioteca. Esse banco de dados é atualizado quatro vezes por ano. Em geral, utiliza-se World Wide Web para acessar PsycINFO e PsycFIRST, cuja atua lização é mensal. PsycFIRST contém resumos dos últimos três anos, enquanto a cobertura do PsycINFO retrocede em geral até 1966, podendo incluir até anos anteriores. Os procedimentos exatos que você deverá seguir para utilizar os siste- P on to de P artida 4 1 mas do PsycINFO dependerão da forma de acesso ao banco de dados da sua biblioteca. Em todos os casos, obterá uma lista de resumos relacionados a seu tema de interesse. A partir dessa lista, poderá localizar e ler os artigos em sua biblioteca. Se não encontrar um artigo importante em sua biblioteca, consulte uma bibliotecária sobre serviços existentes para obtenção de artigos em outras bibliotecas ou sobre recursos on Une.3 Realização de uma busca no PsycINFO A forma exata do sistema de busca no PsycINFO dependerá do sistema utilizado por sua biblioteca. A Figura 2.1 ilustra um sistema baseado na WEB (WebSPIRS de Silver Platter). Essa tela mostra as três partes principais da busca: você deve digitar o assunto da pesquisa, examinar os resultados e avaliar as opções de ajuda para realização da busca. Figura 2.1 Tela do PSycINFO para o usuário. 3 As bibliotecas de todas as universidades públicas brasileiras permitem acesso a estas bases de dados. Permitem também a obtenção de textos completos de artigos publicados num grande número de periódicos assinados eletronicamente (ex.: Evolutin and Human Behavior, American Psychologist, Child Development, Animal Behavior etc.), disponíveis no Portal de Periódicos da CAPES. O endereço eletrônico de acesso é www.capes.gov.br. http://www.capes.gov.br 4 2 M étodos de P esquisa em C iências do C omportamento A tarefa mais importante á especificar as palavras-chaves para a busca. Elas são digitadas numa caixa de entrada (na Figura 2.1, ela é denominada FIND). Como você pode saber que palavras deve digitar na caixa de entrada? Em geral, usará termos padrão em psicologia. O “índice de Termos Técnicos em Psicologia” (Thesaurus of Psychological Index Terms) arrola todos os termos- padrão que são usados para indexar os resumos e pode ser acessado direta mente na maioria dos sistemas PsycINFO. Suponhamos que você esteja inte ressado em “ansiedade em relação a teste”. Nesse caso, tanto teste quanto an siedade são descritores principais no thesaurus. Procurando ansiedade, encon trará sob esse descritor termos como ansiedade em relação a separação, ansie dade social e ansiedade em relação a teste. Enquanto estiver usando o thesaurus, poderá verificar qualquer termo e, então, solicitar a busca com esse termo. No entanto, vamos supor que você esteja usando uma janela de busca-padrão, como a da Figura 2.1. Se der o comando para iniciar a busca, terá acesso aos resultados. A seguir encontra-se a saída de um dos artigos localizados numa busca sobre ansiedade em relação a teste.4Optou-se por apresentar uma grande quan tidade de informações sobre o artigo para ilustrar a forma de organização das informações na base de dados. Em geral, optamos pela exibição de menor nú mero de informações, TIPO DE DOCUMENTO: Artigo - Periódico TITULO: Diferenças individuais na retenção de conhecimento e estruturas conceituais aprendidas por estudantes em cursos universitários e durante o ensino médio. O caso da ansiedade em relação a teste. AUTOR: Naveh-Benjamin, -Moshe; Lavi, -Hagit; McKeachie, -Wilbert- J.; lin , -Yi- Ouang INSTITUIÇÃO DE ORIGEM DO PRIMEIRO AUTOR: U Ben-Gurion, do Negev Depto. de Ciências do Comportamnto, Beer-Sheva, Israel FONTE: Applied-Cognitive-Psychology. 1997 Dec; Vol 11(6): 507-526 ISSN: 0888-4080 ANO DE PUBLICAÇÃO: 1997 RESUMO: Foram examinadas diferenças individuais na retenção de conhecimento por estudantes, vários anos após o estudo do material acadêmico. Avaliando a retenção de materiais em função da ansiedade de teste podemos determinar se as deficiências no 4 Aqui a saída foi traduzida, mas, se o leitor fizer uma pesquisa desse tipo no PsycINFO, deverá usar descritores em inglês (por exemplo, test anxiety), e obterá uma saída em inglês (NT). P onto de P artida 4 3 desempenho acadêmico original e na organização dos materiais de estudantes com elevada ansiedade em relação a testes são devidas a uma deficiência de recuperação ou a uma deficiência na aprendizagem e na organização do conhecimento. Em dois estudos, 210 estudantes norte-americanos (Estudo 1) e 258 estudantes israelenses (17- 27 anos) (Estudo 2), com diferentes níveis de ansiedade em relação a teste, completa ram tarefas que nos permitiram avaliar tanto seus níveis de conhecimento quanto a organização cognitiva dos materiais. As tarefas foram aplicadas no final do curso ou em diferentes intervalos de retenção até sete anos após a aprendizagem. Os estudantes com elevada ansiedade em relação a teste tiveram pior desempenho no final dos cursos em comparação com outros estudantes em testes de conhecimento e organização cognitiva. No entanto, os estudantes com elevada ansiedade em relação a teste tiveram desempenho equivalente em comparação com os outros estudantes, quando testados em diferentes intervalos de retenção após os cursos. As implicações teóricas e práticas desses resultados são discutidas. (© 1998 direitos autorais da APA/PsycINFO) FRASE-CHAVE: ansiedade em relação a teste e diferenças individuais na retenção de conhecimento e estruturas conceituais aprendidas em cursos universitários e no curso colegial. Estudantes norte-americanos e israelenses. DESCRITORES PRINCIPAIS: *Diferenças Individuais;*Retenção;*Ansiedade-Teste DESCRITORES SECUNDÁRIOS: Idade Adulta; Estudantes universitários; Estudantes- Colegial GRUPO ETÁRIO: Adultos POPULAÇÃO: Humanos; Masculino; Feminino LOCALIZAÇÃO: Israel; EUA TIPO DE PUBLICAÇÃO: Estudo Empírico Observe que a saída é organizada em “campos” de informação. Incluímos aqui o nome completo de cada campo, embora muitos sistemas permitam abre viações. Quase sempre encontra-se título (abreviado como TI), autor (AU),
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